30 de dezembro de 2024

O Natal e o Jubileu: tempo de esperança e reconciliação

Um chamado à esperança e reconciliação

O Natal oferece à humanidade a límpida e inesgotável fonte do amor de Deus. E a humanidade precisa ser banhada por esse amor maior – necessidade tão forte e evidente, que a liturgia da Igreja celebra, anualmente, o Natal de Jesus, celebração vivida fortemente por vários dias, com seus ritos, silêncios, proclamações e interpelações, capazes de contribuir para que todos alcancem o sentido da salvação: o Filho de Deus se dignou a vir e a tornar-se o Emanuel, Deus Conosco.

O ato de amor de Deus é desconcertante. O Verbo Eterno, Jesus Cristo, filho amado de Deus-Pai, entra na carne humana para alargar e iluminar o horizonte novo da humanidade. Garante, assim, a salvação do mundo, ameaçada pelos limites do próprio ser humano. Santo Agostinho diz com sabedoria: "Ele vem a nós pelo que assumiu de nós e nos salva pelo que manteve de si mesmo".

O Natal e o Jubileu: tempo de esperança e reconciliação

Ridofranz / GettyImages

Há de se reconhecer o lastro destrutivo da fraqueza humana, desarrumando vidas, estreitando horizontes, adoecendo e dizimando, conforme mostram os cenários de pobreza, de guerras e exclusões. O Natal anuncia a graça da indispensável renovação da vida de cada um, por uma humanidade restaurada nos parâmetros do amor maior. Celebrar o Natal é convite-convocação para superar a fraqueza humana diante da missão de se fazer o bem.

Construindo um mundo melhor com esperança

Essa fraqueza descompassa a vida com escolhas que estão na contramão do equilíbrio ecológico, humano, social, econômico e político. O Natal é a experiência renovada para que os cristãos retomem o caminho da salvação, com suas dinâmicas próprias, renovando e fortalecendo a identidade daqueles que acolhem a missão insubstituível de seguir o Salvador do mundo, Jesus Cristo, o Menino-Deus que vem ao encontro de todos.

E seguir Jesus pede o abandono de tudo o que, internamente, gera incapacidade para amar, fixando o olhar em Cristo, deixando-se impactar pela simplicidade de Jesus – o modo como Deus entra nas condições humanas. O exercício desse desapego alarga horizontes, dissipa sombras que envolvem a existência humana, possibilitando um caminho luminoso, livre de estreitamentos doentios.

Faz prevalecer a força do amor, capaz de transbordar solidariedade e fraternidade, essenciais às mudanças que todo ser humano deve almejar. Ensina bem a mística oriental o quanto importa o esforço para cumprir os mandamentos de Deus, o amor maior, Aquele que primeiro amou. Aqueles que verdadeiramente se esforçam e cumprem os mandamentos recebem de Cristo o verdadeiro troféu.

Esperança no Natal, a mensagem central do ano jubilar

Por isso mesmo Natal é tempo de pedir, insistentemente, a sabedoria essencial ao exercício da misericórdia e ao
reconhecimento da verdade, para não ceder espaço à maldade ou ao domínio do maligno. É tempo de bater às portas de Deus, com constância, para garantir que sejam escancarados os caminhos para o céu. Assim, a celebração e vivência do Natal constituem leitura atenta e imersão na força do Evangelho, abrindo rico itinerário, reorientando os rumos da vida, a redefinição de propósitos, cultivando a disposição profética de se buscar a justiça e a paz.

Natal é, pois, o exercício da consciência a respeito da própria dignidade de filho e filha de Deus, irmãos e irmãs uns dos outros, livrando os corações de intrigas, maldades e ressentimentos. A dignidade maior – todos filhos e filhas de Deus – é resgatada com a encarnação do Verbo, Sua Paixão, Morte e Ressurreição.


Nesta celebração do Natal de Jesus, é inaugurado, a partir da convocação do Papa Francisco, o Ano Jubilar 2025 – todos chamados ao exercício espiritual de ser peregrinos de esperança, buscando a reconciliação com Deus, consigo mesmo, com os semelhantes e com a natureza. A vivência dos Anos Jubilares é tradição da Igreja Católica, instituída, em 1300, pelo Papa Bonifácio VIII, para favorecer a experiência de se buscar a graça de Deus, trilhando o caminho da reconciliação com o Criador.

Ano jubilar, um chamado à esperança verdadeira

Em 2025, o convite é para que todos cultivem esperança, reconciliando-se e reconquistando a inteireza perdida, no horizonte da afirmação de São Paulo apóstolo, escrevendo aos Romanos: "A esperança não decepciona". Há de se viver os dias do ano jubilar, buscando participar das peregrinações, das celebrações e das vivências zelosamente preparadas pela Igreja – indo a Roma ou às igrejas jubilares mais próximas, para qualificar ainda mais o próprio tecido interior.

Uma qualificação imprescindível para conquistar a força essencial às grandes mudanças na própria vida, na sociedade e no mundo. É tempo de curar os desânimos, superar os medos, ceticismos e pessimismos, firmando os passos na confiança, na serenidade e na certeza da graça de Deus, redentora e salvífica. Uma ocasião para reavivar a esperança, alicerçada em Cristo – a esperança fidedigna – e assim ajudar a arquitetar um futuro mais harmonioso para a humanidade.

Todos aceitem o convite para viver o Ano Jubilar 2025 buscando se encontrar, qualificadamente, com a esperança, com Jesus Cristo. Cada pessoa se torne qualificado peregrino de esperança, especialmente neste tempo de Jubileu, oportunidade singular para nutrir a vida com o amor de Deus – a esperança que não decepciona.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/192419/

O coração, a casa e a Igreja: promessas de Deus para um novo tempo!

A encarnação do verbo: celebrando a presença de Deus

Celebramos, com alegria, o Natal do Senhor, contando o tempo e nossos dias pela plenitude dos tempos, marcada pela Encarnação do Verbo Eterno de Deus. Que maravilha saber que não vivemos girando em torno de nós mesmos, mas voltados para aquele que dá sentido à nossa existência, o Senhor de nossas vidas, mergulhados, através do Batismo, na vida da Santíssima Trindade, Pai e Filho e Espírito Santo! A Deus toda honra e toda glória, neste ano que termina, no ano novo que vai começar e até os confins do mundo e da eternidade!

Alguns espaços nos são propostos para recolher os frutos do Natal e fazê-los multiplicados no ano novo: o coração, o mais íntimo de nós mesmos, onde só Deus pode penetrar e se joga o confronto entre seu plano de amor e nossa liberdade, é lá dentro que desejamos plantar a forças da graça recebida de Deus e a resposta da fé. É do tamanho da eternidade o que Deus faz conosco e o Natal tornou patente! Deus nos ama com um amor infinito e sério.

O coração, a casa e a igreja: promessas de Deus para um novo tempo!

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Não fomos jogados ao léu no mundo ou em nossos relacionamentos com a vida e as pessoas. Fomos criados para nos realizarmos e sermos felizes nesta vida e na outra, depois de nossa Páscoa pessoal na morte! Não nos resignamos a permanecer fechados ou nos acostumarmos com os problemas e sofrimentos! Não fomos destinados ao acomodamento e à preguiça, mas feitos com um dinamismo nascido da imagem e semelhança com as quais foram criados os homens e as mulheres!

O amor renovador diante da vontade de Deus

Consequências? Assumir com fé e grande responsabilidade o dia a dia, vivendo bem cada momento presente, acolhendo com amor todos os acontecimentos passados, sendo capazes de agradecer, reconhecer as próprias falhas, acolher o perdão de Deus, perdoar, começando de dentro de nós mesmos, todas as ofensas recebidas, dispostos à reconciliação que nos for possível com os outros.

Vale a recomendação de São Paulo: "É assim que eu conheço Cristo, a força da sua Ressurreição e a comunhão com os seus sofrimentos, tornando- me semelhante a ele na sua morte, para ver se chego até a Ressurreição dentre os mortos.  Não que eu já tenha recebido tudo isso, ou já me tenha tornado perfeito. Mas continuo correndo para alcançá-lo, visto que eu mesmo fui alcançado pelo Cristo Jesus. Irmãos, eu não julgo já tê-lo alcançado. Uma coisa, porém, faço: esquecendo o que fica para trás, lanço-me para o que está à frente. Lanço-me em direção à meta, para conquistar o prêmio que, do alto, Deus me chama a receber, no Cristo Jesus" (Fl 3,10-13).

Para tanto, uma boa dose de criatividade e liberdade interior contribuirá para a vivência do tempo novo que se abre, um verdadeiro dom de Deus. A casa e os relacionamentos próximos podem ser um espaço de verdadeiro treinamento. Com certa frequência podemos projetar os conflitos pessoais e familiares nos demais espaços de vida e convivência. Desejamos fazer a proposta de um amor maior pela casa/família e também pela casa/espaço familiar. Nossas casas podem ser mais harmônicas, acolhedoras para nós mesmos e os outros!

Família, o templo do amor de Deus na terra

Um pouco mais de tempo à mesa de uma refeição, sem formalidade, a ajuda recíproca nas dificuldades de estudo dos irmãos, e daí por diante! Consideremos como tarefa possível, exigente, sem dúvida, mas essencial, dar mais tempo e qualidade de vida junto dos familiares. Sempre impressiona o fato de que Deus, que é Todo-poderoso, tenha planejado a vinda de seu filho ao mundo numa família, sem dúvida excepcional, mas família, com moradia, trabalho, dificuldades materiais, viagens, alegrias e angústias. A casa é o espaço do amor de caridade para todos nós!

E, neste final de semana, celebramos justamente a Festa da Sagrada Família! Em nossas Paróquias, pode ser o ano que vai começar o tempo de um grande mutirão de valorização do Sacramento do Matrimônio. É tempo de fazer crescer o número e qualidade das famílias marcadas pela graça sacramental! Cresça e apareça mais a pastoral familiar, que tem feito tanto bem por toda parte, nas várias dimensões de sua atividade! E desejamos chamar este trabalho de "Pastoral Vocacional para o Matrimônio".

A Igreja se abre para um tempo especial, o Jubileu convocado pelo Papa Francisco, "Peregrinos de Esperança". Um desafio de nossos tempos, com todas as guerras e os problemas sociais e econômicos existentes, é justamente a falta de perspectivas para tantas pessoas. A Igreja tem como tarefa para o ano do Jubileu oferecer uma verdadeira injeção de esperança ao mundo.

Transformando o mundo por meio da esperança em Deus

E para nós cristãos, a esperança é uma virtude teologal, um dos presentes recebidos no Batismo. Vejamos o que diz o Papa, na Bula de convocação do Jubileu (n.3): "Com efeito, a esperança nasce do amor e funda-se no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na cruz: 'Se de fato, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida"(Rm 5, 10).


E a sua vida manifesta-se na nossa vida de fé, que começa com o Batismo, desenvolve-se na docilidade à graça de Deus e é por isso animada pela esperança, sempre renovada e tornada inabalável pela ação do Espírito Santo. Na verdade, é o Espírito Santo, com a sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nas pessoas de fé a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida.

O amor de Deus como fundamento de um novo tempo

Com efeito, a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino: "Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores graças àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Senhor nosso"(Rm 8, 35.37-39).

Por isso mesmo essa esperança não cede nas dificuldades: funda-se na fé e é alimentada pela caridade, permitindo assim avançar na vida. A propósito escreve Santo Agostinho: "Em qualquer modo de vida, não se pode passar sem estas três propensões da alma: crer, esperar, amar".

Com simplicidade, propomos ao coração o crer, à família o amar, e à missão da Igreja no mundo o esperar!

Feliz, verdadeiro, abençoado e santo ano novo!

Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/ano-novo/o-coracao-casa-e-igreja-promessas-de-deus-para-um-tempo-novo/

18 de dezembro de 2024

Anjos querubins: guardiões da adoração

"Fez ainda um querubim numa extremidade e o segundo na outra, formando uma peça só com o propiciatório. Os Querubins tinham asas estendidas para cima, cobrindo com elas o propiciatório. Estavam com as faces voltadas uma para a outra, com o rosto voltado para o propiciatório" (Ex 37,8-9).

A palavra querubim vem do hebraico כְּרוּב (keruv), que significa "aquele que é propício" ou "abençoador". De fato, a tradição bíblica sempre ligou esses seres celestiais à dimensão da adoração em relação direta ao trono de Deus e da Sua presença gloriosa. A primeira citação desses nossos irmãos se encontra em Gn 3,24, onde o Senhor os coloca na entrada do paraíso, com uma espada de fogo que gira, impedindo o homem caído de entrar.

O que podemos falar desses seres angelicais é que eles possuem a dimensão da adoração em forma comunitária e, estando em comunhão uns com os outros, ao adorarem, trazem em si a presença do fogo da glória de Deus. Então, se os serafins queimam na presença do Senhor e tornam-se abrasadores, os querubins, por sua vez, carregam a presença de Deus no meio deles (Ez 10,6-9). Esse fogo que eles guardam em si mesmo nada mais é do que a presença do Senhor, que se manifesta em forma de fogo, que ilumina e purifica a noite e o dia.

Anjos querubins guardiões da adoração

Crédito: pamela_d_mcadams / GettyImages

Referências sobre os querubins

A referência mais conhecida que temos dos Keruvim é a imagem dos dois sobre a tampa da arca da Aliança. Vejamos os detalhes do texto sagrado:

Estão ajoelhados um de frente para outro, e formam uma só peça unidos pelos joelhos

Ao construir a arca, o Senhor ordenou a Moisés que erigisse sobre a tampa desta (propiciatório) dois querubins feito de ouro maciço. Estar um de frente para o outro demonstra a dimensão da comunhão na adoração. Por isso, Nosso Senhor ensina que "onde dois ou três estão reunidos no meu nome eu estou no meio dele" (Mt 10,20), dando a cumprir a realidade de dois corações, unidos em comum acordo, ao entrar em relacionamento com o seu Deus. Eles adoram unidos, fazendo que se tornem pelos joelhos uma "peça" só, isto é, uma única oração.

Esses nossos irmãos do segundo coro da primeira hierarquia celeste estão profundamente em comunhão com o Senhor. Por tê-lo em meio a si, em forma de fogo devorador, estes entram em relação com Deus e este se faz conhecer, ensinando-os os mistérios e segredos mais íntimos. Por isso, a tradição teológica entende que os "abençoadores" são capazes de ter a ciência de Deus e de seus segredos e, por esse motivo, podem ensinar aos outros anjos e homens sobre os segredos da revelação divina. A este propósito nos ensina o grande Pseuso-Dionisio:

«Os Querubins designam aptidões a conhecerem e a contemplarem a Deus, a receberem os mais altos dons da Sua Luz, a contemplarem na sua potência primordial o esplendor divino, a acolherem em si a plenitude dos dons que transmitem sabedoria e a comunicá-los em seguida às essências inferiores graças a expansão da própria sabedoria que lhes foi transmitida»1.

Conhecimento elevado e místico de Deus

A sabedoria que os envolve, e o conhecimento próximo que estes possuem da visão beatifica faz sim que estes seres maravilhosos conheçam a profundidade de Deus e o seu Amor.

Se os serafins ardem de amor, os querubins por sua vez são abrasados pelo conhecimento elevado e místico de Deus2. Não é por nada que, em todas as referências em que se faz dos querubins, veremos sempre que estão em dois ou mais, e no meio deles está a presença do Senhor.

A esse respeito, a liturgia católica nos ensina que, ao celebrarmos os santos mistérios, fazemos a experiência pessoal e comunitária de ter em nosso meio aquele que se dá totalmente em seu corpo e em seu sangue. Logo, o que vivemos enquanto corpo místico de Cristo nada mais é que a experiência de adorar a Deus em um louvor que une muitas vozes e corações, e ao subir ao trono divino como um incenso, chega a Deus como uma única oração de tantos santos (Ap 8,3).


As asas estendidas para cima cobrindo o propiciatório

Um segundo elemento importante, que temos na mensagem simbólica da arca da aliança, são as asas dos querubins. Tais asas estão voltadas para cima e, ao mesmo tempo, a sombra destas protegem a tampa do propiciatório. Aqui, podemos aprender duas lições: a primeira é que as asas apontadas para o alto representam toda a elevação espiritual dos keruvins, que tem a sua liberdade voltada inteiramente para Deus; a segunda é o "cobrir" o propiciatório. Este nos ensina que as asas dos querubins, além de os elevarem a Deus, fazem deles anjos protetores de quem está embaixo deles. Logo, querubim também é guarda não somente do paraíso, mas de cada adorador.

As asas, na linguagem bíblica e no mundo antigo, representam a proteção e, ao mesmo tempo, a liberdade3. É debaixo das asas do Altíssimo que o fiel encontra o seu refúgio nos tempos de tribulação (Sl 90/91). Jesus chorou sobre Jerusalém por causa da sua rejeição de não ter aceitado a proteção de suas asas que como uma galinha acolhe os seus pintinhos (Lc 13,34).

Interessante é o comentário de São João Crisóstomo a respeito dos querubins. Em sua homilia sobre os dois ladrões, ele nos ensina que, ao prometer o paraíso celeste ao ladrão na cruz, Nosso Senhor tirou a espada da condenação da entrada do Éden e abriu para nós a porta que antes tinha sido fechada. Os mesmos querubins que impediam a nossa entrada no céu, hoje são nossos irmãos que conosco adoram e louvam a Deus para sempre4.

Seja Querubim!

Concluindo, podemos dizer que hoje é possível entrar em comunhão com estes irmãos, uma vez que a sua natureza está voltada completamente para os mistérios divinos. A beleza em tudo isso é que, se os querubins entram no mistério do conhecimento e ciência de Deus através das brasas e do fogo que queima no meio deles, nós, por excelência, na liturgia eucarística, temos em nosso meio o fogo devorador da Eucaristia, e ali encontramos prostrados os querubins que, junto conosco, adoram ao Cordeiro Santo que se dá no altar.

Seja querubim! Seja guardião da adoração onde você estiver. Busque ir além e verás que o paraíso, outrora fechado, agora, em Cristo, foi por nós aberto, e junto com nossos irmãos celestes, em comunhão com toda a Igreja podemos com eles cantar:

"Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, Aquele que era, que é e que há de vir!" (Ap 4,8).

Referências:

1 PSEUDO-DIONISIO, Hierarcha celeste,BIBLIOTHECA PATRISTICA, VII, p. 14-15.
2 Cfr. SÃO TOMÁS DE AQUINO, Summa Theologica II, Edições Loyola, São Paulo 2005, Q. 108, Art. 5, p.776.
3 Cfr. DICIONÁRIO DE FIGURAS E SÍMBOLOS BÍBLICOS, Paulus 2º edição, São Paulo 2006, p.18-19.
4 Cfr. SÃO JOÃO CRISOSTOMO, De cruce et latrone, hom. I, 1-2. PG 49,399-401.

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/anjos-querubins-guardioes-da-adoracao/

16 de dezembro de 2024

Moral e representação: o dever moral da representação política

A responsabilidade moral dos representantes

Aqueles que assumem o compromisso de representar os cidadãos nas instâncias de poder precisam reconhecer: o exercício dessa responsabilidade requer irrenunciável dever moral, pois não se pode negligenciar o cumprimento da "palavra dada". Trata-se de responsabilidade que deve emoldurar a conduta de cada cidadão, e, principalmente, das figuras públicas governamentais.

Moral e representação o dever moral da representação política

Crédito: Jupiterimages / GettyImages

Deve-se cumprir as promessas e os protocolos assinados, os acordos estabelecidos em cúpulas, congressos, reuniões de grupos majoritários, sobretudo quando contemplam metas de preservação ambiental e promoção da justiça social. Ao se assumir um compromisso, não bastam os discursos bem arquitetados. Ora, tem razão a sabedoria popular quando aponta que "falar é fácil, cumprir é que são elas". Ou ainda quando se diz que o "papel aceita tudo".

Governantes e servidores públicos, contracenando com demais cidadãos – a quem devem servir – são chamados, permanentemente, a respeitar o primado da sociedade civil – cláusula inegociável e intocável.

O descaso com a sociedade: inaceitável na função pública

Preciosamente ensina a Doutrina Social da Igreja Católica que a comunidade política está a serviço da sociedade civil, isto é, a serviço das pessoas. Quando são ocupados cargos nas instâncias do poder, torna-se ainda maior a obrigação de fielmente cumprir as metas e os compromissos assumidos.

A comunidade civil não pode ser tratada com o descaso que se expressa a partir do desrespeito às tarefas que são intrínsecas à função pública. Isso significa que são injustificáveis atitudes que buscam apenas contemplar interesses cartoriais e oligárquicos. A comunidade política nasce do coração da sociedade civil, a quem deve servir.

Distanciar-se dessa verdade é grave, pois inviabiliza o cumprimento do dever moral de efetivar e promover o bem comum, essencial a todos. Esse dever moral dos governantes precisa incidir, especialmente, no campo econômico, onde não são válidas, simplesmente, as regras do mercado – a economia deve reger-se por princípios inegociáveis.

Economia a serviço do desenvolvimento humano

A ordem econômica não pode ser considerada esfera autônoma em relação ao campo moral. A dimensão moral da economia deve ser prioridade dos governantes, para que seja alcançada uma eficiência econômica capaz de levar a humanidade ao desenvolvimento solidário. São interligadas, pois, intrinsecamente, a moral e a economia.

A Doutrina Social da Igreja, nesta direção, ensina que a moral constitutiva da vida econômica não é nem opositiva nem neutra, inspira-se na justiça e na solidariedade. Uma inspiração que se desdobra no compromisso de promover uma economia eficaz e inclusiva, na contramão de um crescimento que desconsidera o bem dos seres humanos, condenando muitas pessoas à indigência e à exclusão.

Torna-se evidente, portanto, a exigência moral de se respeitar propósitos assumidos, sem desvirtuamentos, sem se descuidar do que está documentado em acordos e declarações. A meta a ser alcançada é a promoção do bem comum, que contempla todos os cidadãos e precisa ser garantido a partir da dedicação da comunidade política.

O papel da comunidade política na promoção do bem comum

Compreende-se a importância determinante dos desempenhos governamentais para consolidar a autoridade política. Somente conquistam a autoridade política, obtendo o reconhecimento da população, aqueles que se pautam no horizonte do dever moral, sem negociações espúrias ou conivências mesquinhas.

Iluminados pelo dever moral de buscar garantir à comunidade uma vida balizada pela ordem e retidão, líderes políticos hão de cumprir suas promessas, para não cair em descrédito, gerando atrasos que inviabilizam respostas urgentes.


A autoridade política pertence ao povo que a confia a governantes para que possam bem exercer a representação pública. Assim, aqueles que estão no exercício do poder precisam buscar merecer, sempre mais, a confiança da população, que verdadeiramente detém a autoridade política.

Fundamento da credibilidade política

Esse merecimento se conquista buscando servir com qualidade, a partir da promoção de valores humanos essenciais, que garantam o desenvolvimento sustentável. O respeito às leis deve ser o horizonte comum a todos, a ser vivido a partir do dever moral de propor e cumprir metas. Caso contrário, prevalecerão somente a ostentação de aparatos, os discursos vazios, demagógicos, que apenas concretizam frustrações.

Aparatos e discursos que, distantes de parâmetros morais, contribuem para normalizar uma economia perversa e excludente, onde ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, sempre mais pobres.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/moral-e-representacao-o-dever-moral-da-representacao-politica/

15 de dezembro de 2024

Imaculada e imaculados: Maria nos leva ao encontro do Cristo

Imaculada Conceição no Advento: um tempo de esperança e preparação

A Solenidade da Imaculada Conceição, neste ano celebrada no Segundo Domingo do Advento, remete-nos com alegria às palavras sábias e precisas de São Paulo VI, na Exortação Apostólica "Marialis Cultus" (cf. Números 3 e 4): "No tempo do Advento a Liturgia, não apenas na Solenidade de 8 de dezembro, celebração, a um tempo, da Imaculada Conceição de Maria, da preparação radical (cf. Is 11,1.10) para a vinda do Salvador e para o feliz exórdio da Igreja sem mancha e sem ruga, recorda com frequência a bem-aventurada Virgem Maria, sobretudo nos dias 17 a 24 de dezembro; e, mais particularmente, no domingo que precede o Natal, quando faz ecoar antigas palavras proféticas acerca da Virgem Mãe e acerca do Messias e lê episódios evangélicos relativos ao iminente nascimento de Cristo e do seu Precursor.

Imaculada e imaculados Maria nos leva ao encontro do Cristo

Crédito: ilbusca / GettyImages

Desta maneira, os fiéis que procuram viver com a Liturgia o espírito do Advento, ao considerarem o amor inefável com que a Virgem Mãe esperou o Filho, serão levados a tomá-la como modelo e a prepararem-se, também eles, para irem ao encontro do Salvador que vem, bem vigilantes na oração e celebrando os seus divinos louvores.

A Liturgia do Advento, conjugando a expectativa messiânica e a outra expectativa da segunda vinda gloriosa de Cristo, com a admirável memória da Mãe, apresenta um equilíbrio cultual muito acertado, que bem pode ser tomado como norma a fim de impedir quaisquer tendências para separar, como algumas vezes sucedeu em certas formas de piedade popular, o culto da Virgem Maria do seu necessário ponto de referência: Cristo.

Além disso, faz com que este período, como têm vindo a observar os cultores da Liturgia, deva ser considerado como um tempo particularmente adequado para o culto da Mãe do Senhor: orientação essa, que nós confirmamos e auspiciamos ver aceita e seguida por toda a parte".

Maria Imaculada: modelo de fé e discípulo para o Advento

Assim predispostos, tomamos de nosso cancioneiro religioso, uma preciosidade: "Imaculada, Maria de Deus, coração pobre acolhendo Jesus. Imaculada, Maria do povo, mãe dos aflitos que estão junto à cruz. Um coração que era sim para a vida, um coração que era sim para o irmão, um coração que era sim para Deus, Reino de Deus renovando este chão.

Olhos abertos para a sede do povo, passo bem firme que o medo desterra, mãos estendidas que os tronos renegam, Reino de Deus que renova esta terra. Faça-se, ó Pai, vossa plena vontade, que os nossos passos se tornem memória do amor fiel que Maria gerou, Reino de Deus atuando na história!" (Letra e Música: Frei Fabreti).

O plano de Deus: a Imaculada Conceição como preparação para a encarnação

O plano de Deus: Imaculada! Desde toda a eternidade, o amor de Deus preparou a participação humana na Encarnação do Verbo, preservando a Virgem Maria de toda a mancha do pecado original, justamente em previsão dos méritos de Cristo. Escolha livre na eternidade dos desígnios da Trindade Santíssima, para acolher o mistério da liberdade humana de uma apenas adolescente na realização da Salvação.

Tudo começa no alto, nos planos de Deus. E aquela que foi feita Imaculada, acolhe Jesus, com seu coração pobre e simples, tão sem pretensões que se declarou escrava!

Imaculada Maria: coração pobre acolhendo a Palavra de Deus

Maria Imaculada! Se Jesus Cristo é o Verbo de Deus encarnado, podemos olhar para Maria como a toda revestida da Palavra de Deus, aquela que escolheu radicalmente fazer a vontade de Deus, tornando-se Mãe antes em sua alma e depois no corpo, um coração que era sim para a vida, um coração que era sim para o irmão, um coração que era sim para Deus, Reino de Deus renovando este chão!

O fato de ser Mãe Imaculada acompanhou toda a sua existência nesta terra. Por onde passou, fez o bem, visitando e servindo sua prima Isabel, enfrentando com serenidade todos os eventuais infortúnios e perdas que experimentou com valentia e convivendo com Jesus e José na Casa de Nazaré! Uma casa e uma oficina de trabalho, um espaço certamente harmônico e belo, iluminado pelo gênio feminino de Nossa Senhora!

Mãe Imaculada sempre de olhos abertos para a sede do povo

Mãe, serva, Nossa Senhora! Olhos abertos para a sede do povo, passo bem firme que o medo desterra, mãos estendidas que os tronos renegam, Reino de Deus que renova esta terra. Aquela que foi Mãe se fez discípula e modelo para os discípulos de todos os tempos.


Caná é o sinal de seu zelo, com o qual continua, pelos séculos afora, a levar a Jesus tudo o que significa aquele "Eles não têm mais vinho"! Testemunham esta verdade a quantidade de títulos, correspondentes a todas as necessidades humanas, a ela atribuídos em todas as partes do mundo. Lá do Céu, assim acompanha a peregrinação da fé de todos os filhos acolhidos aos pés da Cruz.

Imaculada Conceição: um chamado à imaculatização em nossa vida

Imaculada! Ela passa na frente, mas todos nós somos chamados à imaculatização! "Em Cristo, Deus nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos santos e imaculados diante d'Ele no amor. Conforme o desígnio benevolente de sua vontade, ele nos predestinou à adoção como filhos, por obra de Jesus Cristo, para o louvor de sua graça gloriosa, com que nos agraciou no seu bem-amado" (cf. Ef 1,4-6).

Se podemos considerar a Virgem Maria como a "humanidade passada a limpo", ela antecipa o que todos nós somos chamados a viver, sem nivelar nossa vida pelo rodapé do pecado e da maldade. Com ela e contemplando-a com alegria, todos somos convidados a olhar para o alto e para frente.

Quando recebeu a visita do Anjo, os padres da Igreja dizem que Maria só poderia caminhar para as alturas, simbolizadas pelas montanhas em que moravam Isabel e Zacarias! Podemos pedir confiantes, a esta altura do Advento: Faça-se, ó Pai, vossa plena vontade, que os nossos passos se tornem memória do amor fiel que Maria gerou, Reino de Deus atuando na história!

Para colocar em prática o que meditamos, seja nosso propósito de Advento arrumar e limpar a casa de nosso coração, para que seja parecido com Maria, e o Natal aconteça de verdade no meio de nós!


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/imaculada-e-imaculados-maria-nos-leva-ao-encontro-do-cristo/

É preciso seguir as normas existentes nos diretórios litúrgicos

Entendendo melhor sobre os diretórios litúrgicos

Quando se fala de "escolha" da Missa, não se trata de uma escolha arbitrária ou ao bel-prazer do sacerdote presidente. Embora seja ele quem presidirá a Eucaristia, o padre precisa seguir as normas e orientações existentes nos diretórios litúrgicos como, por exemplo, a Introdução Geral do Missal Romano (IGMR) que será o livro que nos orientará durante este artigo.

É preciso seguir as normas existentes nos diretórios litúrgicos

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

O sacerdote precisa conformar-se com o calendário da Igreja em que ele está situado. Existem algumas datas que em certos tempos litúrgicos são obrigatórias de serem seguidas. São elas: os domingos, os dias feriais do Advento, o Natal, a Quaresma e o Tempo Pascal, as festas e memórias obrigatórias. Contudo, nas memórias facultativas da Virgem Maria e de Santos venerados pelos fiéis, o padre pode celebrá-las em função da piedade do povo de Deus.

A Introdução Geral ao Missal Romano (IGMR), no n° 29, deixa estritamente claro a importância das leituras bíblicas: "Quando, na Igreja, se lê a Sagrada Escritura, é o próprio Deus quem fala ao seu povo, é Cristo, presente na sua Palavra, quem anuncia o Evangelho". Na liturgia da Palavra, é Deus quem comunica aos fiéis, por isso a leitura das Sagradas Escrituras jamais podem ser substituídas por outras leituras que não estejam no Cânon Romano, por mais nobre que sejam.

O que dizem os diretórios litúrgicos?

Durante os domingos e solenidades, as leituras são três: do Profeta, do Apóstolo e do Evangelho, a fim de fazer com que o povo de Deus conheça a obra de salvação. Durante as festas, são feitas duas leituras e nos dias de semana o Lecionário Ferial traz as devidas leituras. Já, nas Missas rituais, nas quais se incluem alguns Sacramentos ou Missas por várias necessidades, faz-se uma escolha especial dos textos da Sagrada Escritura (IGMR, 359).

A Oração Eucarística faz parte das orações presidenciais, ela é o ponto central de toda a celebração da Santa Missa. Pode-se encontrar também, no Missal Romano, inúmeros Prefácios que servem para evidenciar os aspectos do mistério da salvação.

Dessa forma, a orientação é a seguinte: "a Oração Eucarística I, também conhecida como Cânone Romano, pode-se usar sempre, mas é mais indicado nos dias que têm um Communicantes (Em comunhão com toda a Igreja) próprio, ou nas Missas com Hanc igitur (Aceitai benignamente, Senhor) próprio, bem como nas celebrações dos Apóstolos e dos Santos mencionados nessa Oração". Contudo, por motivos pastorais, nesses dias pode-se usar a Oração Eucarística III (IGMR, 365).

A Oração Eucarística II é mais indicada nos dias feriais e em circunstâncias específicas, mesmo contendo Prefácio próprio, pode-se utilizar outros Prefácios. A Oração Eucarística III pode-se usar em qualquer Prefácio; ela é normalmente usada nos domingos e festas. Já, a Oração Eucarística IV tem Prefácio fixo e é a que mais contempla a história da salvação, podendo ser empregada sempre que a Missa não tem Prefácio próprio ou nos domingos (IGMR, 365).

Missas e orações para cada circunstância

A exemplo da vida de Jesus, a Liturgia Sacramental proporciona ao fiel a possibilidade de santificar quase todos os acontecimentos da sua vida, por meio do mistério pascal que envolve todos os sacramentos. Dessa forma, existindo a possibilidade de escolher leituras e orações, o ministro ordenado deve agir com prudência e fazer as escolhas devidas somente quando forem realmente convincente pastoralmente.


Dentro de necessidades especiais e com a autorização do bispo, pode-se celebrar alguma particularidade por necessidade pastoral, exceto nas solenidades, nos domingos do Advento, Quaresma e Páscoa, nos dias dentro das Oitavas da Páscoa, na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, na Quarta-Feira de Cinzas e nos dias feriais da Semana Santa.

Liturgia em dias específicos, segundo os diretórios litúrgicos

As celebrações em honra da bem-aventurada Virgem Maria, dos Anjos ou de algum Santo podem acontecer para satisfazer os fiéis dentro dos dias feriais do Tempo Comum, mesmo existindo memórias facultativas. Contudo, quando acontecer de haver memórias obrigatórias ou uma féria do Advento, até 16 de dezembro; do Tempo do Natal, de 2 de janeiro em diante; ou do Tempo Pascal, depois da Oitava da Páscoa; não é permitido Missas votivas ou em diversas necessidades. Ainda existe uma recomendação de celebrar-se a memória da Virgem Maria no sábado.

A Igreja também oferece, pelos fiéis defuntos, o sacrifício Eucarístico, para que, por meio desse mistério, alcance auxílio espiritual, e, para os vivos, consolo e esperança. Em primeiro lugar, está a Missa exequial, em que é permitido celebrar todos os dias com exceção nas solenidades de preceitos, nos domingos do Advento, no Tríduo Pascal, Quaresma e Tempo Pascal.

É permitido alguma adaptação aos diretórios litúrgicos?

É do bispo diocesano a responsabilidade por aquele rebanho localizado na sua diocese. Ele é, ali, o sumo sacerdote de quem depende a vida dos seus fiéis em Cristo, ele deve ordenar, promover e zelar pela Liturgia dentro da sua diocese. Dessa forma, o Bispo tem competência para realizar adaptações litúrgicas. Uma das funções importantes do Bispo é alimentar o espírito da Sagrada Liturgia nos sacerdotes, diáconos e fiéis.

A Conferência Episcopal também tem a incumbência de realizar algumas adaptações. Esses ajustes estão contidos na Introdução Geral do Missal Romano, por exemplo: gestos e atitudes corporais, gestos de veneração do altar e do Evangeliário, alterações nos textos dos cânticos de entrada, ofertório e comunhão, as leituras das Sagradas Escrituras que serão utilizadas em determinadas circunstâncias, a maneira de dar a paz, o modo de receber a Sagrada Comunhão, o material do altar, as alfaias sagradas, realizar traduções dos textos bíblicos utilizados nas celebrações.

O notório, para cada fiel, é que a Igreja, em suas mais variadas "áreas", assim como na Liturgia, vive dentro de um organismo vivo e organizado. Por isso também afirmamos que o Espírito Santo é quem assiste a Igreja, pois Ele é gerador de ordem. O amor que cada um deve ter pela Igreja é de igual forma o amor que Cristo tem por Ela, pois os dois compõem um mesmo corpo.

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/catequese-liturgica/e-preciso-seguir-as-normas-existentes-nos-diretorios-liturgicos/

14 de dezembro de 2024

Como se relacionar com Nossa Senhora no dia a dia?

Cada paróquia no Brasil tem um título de Nossa Senhora que ganha destaque na comunidade local. Quando se aproxima a festa relacionada a esse título mariano, a paróquia se mobiliza, faz novena, quermesse e celebra muito a festividade.

Nossa Senhora só está presente em nossa vida nesses momentos particulares? Somos fiéis devotos dela, mas só pedimos sua intercessão nas Missas celebrativas ou quando estamos com problemas a resolver? Não é esse o desejo de Deus ao nos dar Maria como Mãe, nem é o desejo dela ao nos assumir como filhos. Ela quer participar do nosso dia a dia, auxiliando-nos e fortalecendo-nos na caminhada até Deus.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Trazer Nossa Senhora para perto

São Bernardo nos ensina que "nos perigos, nas angústias e dúvidas, devemos pensar em Maria, invocando-a". São Boaventura afirma: "Jamais li que algum santo não tivesse sido devoto especial da Santíssima Virgem". Na oração da Ladainha de Nossa Senhora, nós a chamamos de "auxílio dos cristãos". Sim, ela o é! Nossa Senhora é Auxiliadora!

No Evangelho de João 19,26-27, vemos que "Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse a ela: 'Mulher, eis o teu filho!'. Depois, disse ao discípulo: 'Eis a tua mãe!'. A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu'".

Papa Francisco, ao meditar essa leitura, fala-nos: "Temos uma Mãe que está conosco, que nos protege, acompanha e ajuda também nos tempos difíceis, nos maus momentos".

A maternidade de Maria

Podemos encontrar um vasto conteúdo nos escritos dos Papas e Santos da Igreja mostrando-nos a real maternidade de Maria. A resposta de João às Palavras do Cristo na cruz nos mostra qual deve ser nossa postura ao acolher a Virgem Santa como Mãe: "A partir daquela hora, o discípulo a acolhe no que era seu". Esse é o centro do relacionamento materno entre Maria e seus filhos, não somente crer na maternidade, mas trazer Nossa Senhora para perto, colocá-la a par dos acontecimentos e sentimentos que, diariamente, compõem nossa vida, e para isso há um caminho eficaz: a oração.

Seja o Rosário, o Ofício, a Ladainha ou uma jaculatória que invoca a proteção da Santíssima Virgem, seja um momento longo ou um breve elevar da alma até o colo sublime da Mãe de Deus, o certo é que devemos seguir o exemplo de João e trazer Maria para tudo o que nos pertence. Apresentar a ela nossos conflitos e medos, nossas vitórias e projetos, e tê-la como Mãe é encontrar nela uma companheira para o dia a dia.

Muitas vezes, durante o meu dia, elevo meu coração a Maria. Além de rezar o Santo Terço, vou colocando-me nas mãos dela no decorrer das horas e dos fatos ocorridos. Quando estou realizando algum trabalho, para o qual não tenho muito domínio, vou pedindo a Maria que venha em meu auxílio. Quando vivo uma situação difícil, busco nela um apoio.


Mostra-te, Mãe

Na Carta Encíclica Adiutricem Populi, Papa Leão XIII fala de uma jaculatória simples, mas eficaz: "Mostra-te, Mãe". Ele convida os cristãos a invocarem Maria nos acontecimentos do dia e pedir sua presença ou seu conselho.

Maria não somente quer nos acolher como filhos, como deseja nos acompanhar por toda nossa peregrinação aqui na Terra rumo à morada eterna.

Nos acontecimentos duros da vida, nos momentos de solidão e dor, alegria e realização, clamemos essa simples oração que nos ensina o Santo Padre: "Mostra-te, Mãe". Confiemos: aquela que acompanhou Jesus até o Calvário também nos acompanhará por todos os caminhos.

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/como-se-relacionar-com-nossa-senhora-no-dia-a-dia/