29 de junho de 2022

Os passos para ir a um lugar deserto


Mar da Galileia, Mar de Tiberíades ou Lago de Genesaré… Um lugar significativo de tantos milagres e narrativas do Evangelho. Ao longo dessas margens, Jesus multiplicou os pães e peixes, acalmou a tempestade e também interpelou Pedro por três vezes: "Pedro, tu me amas?". Fato esse recordado no Santuário da Custódia da Terra Santa dedicado ao primado petrino.

Os passos para ir a um lugar deserto
Mar da Galileia. Foto: Arquivo pessoal.
greja do Primado de São Pedro. Foto: Arquivo pessoal.
greja do Primado de São Pedro. Foto: Arquivo pessoal.
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Uma região da Galileia em Israel, que leva peregrinos e visitantes de tantas nações ao recolhimento e oração, conforme descrito no Evangelho de Marcos:

"Os apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que haviam feito e ensinado. Ele disse-lhes: 'Vinde à parte, para algum lugar deserto e descansai um pouco'. Porque eram muitos os que iam e vinham e nem tinham tempo para comer. Partiram na barca para um lugar solitário, à parte. Mas viram-nos partir. Por isso, muitos deles perceberam para onde iam, e de todas as cidades acorreram a pé para o lugar aonde se dirigiam, e chegaram primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas" (Mc 6, 30-34).

Jesus identificou o cansaço dos discípulos, assim como o povo que parecia com ovelhas sem pastor. Os discípulos de Jesus, juntos a Ele, precisavam cuidar desse povo e dar-lhe o conforto e o consolo do coração de Deus. Um texto que ensina também aos servos de Deus dos tempos atuais que, antes, precisam silenciar, a fim de comunicarem ao outro o amor que experimentaram.

Como chegar a esse lugar deserto?

Num mundo atual de tantos barulhos, agitações e ocupações, o silêncio e o recolhimento tornam-se um grande desafio. Um silêncio que não significa ausência de palavras, mas um voltar-se para si, um controle das emoções e, sobretudo, um encontro com o Deus que habita cada coração humano.

Os passos para ir a um lugar deserto

Foto: Arquivo pessoal.

Conforme o convite de Jesus para que os discípulos fossem sozinhos a um lugar deserto para descansar, a primeira atitude deve ser a de responder a esse convite. Quando uma pessoa nos ama e quer a nossa companhia, ela nos escolhe! É assim que Cristo faz e nos chama. Um convite irrecusável.

O segundo passo desse deserto, seja diante do Sacrário, nos momentos de oração pessoal em casa, em locais retirados, é o de esvaziar o nosso coração e a nossa mente. Hoje, o que você traz no coração? Quais as angústias, preocupações e ansiedade? Ou quais as alegrias vividas?

O terceiro momento é o de colocar tudo isso sob o senhorio de Jesus. Ele é o Deus que tudo pode e nos acolhe em Seus braços. Ele sabe de tudo, sonda os nossos corações, mas é preciso verbalizar, colocar para fora o que sentimos, pensamos e sofremos. Trata-se de um diálogo: eu falo, Ele escuta. Depois, damos um bom tempo para o Senhor falar. Por fim, nos colocamos em atitude de escuta e contemplação a fim de colhermos d'Ele os direcionamentos, consolo, conforto e as inspirações.

A oração nos leva à nossa essência

Não dedicar-se ao silêncio e à vida interior é colocar em perigo a própria vida espiritual, ou seja, a nossa existência em Deus. Em um mundo utilitarista e frenético, em que muitos estão agitados até mesmo nos momentos de oração, "perder" tempo com a oração é voltar à nossa essência.


A oração nos leva a tocar em nossa filiação divina, ao conhecimento de Deus e de nós mesmos; nos conduz a contemplar o belo e o bom; restabelece as nossas forças até mesmo as físicas; nos impele a crescer nas virtudes e no amor a Deus e ao próximo.

Está na hora, portanto, de darmos este passo: tocar nessas águas profundas e contemplar o Senhor, por meio da oração!



Gracielle Reis

Gracielle Reis é missionária da Comunidade Canção Nova, sendo segundo elo, na missão de Portugal.

Carioca, jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF): Bacharel e Licenciada em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ): e pós-graduação em Logoterapia, pela Associação de Logoterapia Viktor Emil Frankl (ALVEF).

Atualmente, jornalista na TV Canção Nova, em Portugal.

Em trabalhos com mulheres e famílias, também é instrutora do Método de Ovulação Billings e Consultora de Imagem, Estilo e Coloração Pessoal.

E-mail: graciellereis@gmail.com

Instagram: @gracielledasilvareis [https://www.instagram.com/gracielledasilvareis/]

Facebook: Gracielle Reis


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/os-passos-para-ir-a-um-lugar-deserto/


27 de junho de 2022

Você sabe apreciar as riquezas que a chuva traz?


Sabe aqueles dias onde o céu, além de nublado, está escuro e com nuvens carregadas; e a natureza parece quieta, não se ouve o canto dos pássaros e, aliás, eles estão mais quietos? As árvores — que, por hora, estão silenciosas como que à espera de algo divino —, por um instante parecem sofrer com o agito dos ventos e a forte intensidade da chuva. O consolo está na esperança dos frutos que vêm após o temporal, eles sempre compensam os sacrifícios.

Lembro-me quando era criança: morava em um sítio e gostava muito de sair de casa, depois da chuva, só para ver as plantas limpinhas… Era a expressão que eu, na minha ingenuidade de criança, usava para explicar ao papai, meu encanto ao contemplar a resposta da natureza depois da chuva.

Na verdade, até hoje, gosto de repetir este ato, principalmente quando tenho a oportunidade de estar em sítios. Diga-se de passagem, o dia chuvoso traz suas riquezas; e como é gostoso pôr uma roupa quentinha e ficar na janela de casa, principalmente se for num fim de tarde, observando os pingos da chuva que caem como que trazendo vida e esperança; tudo se renova, já observaram? E quando, logo após a chuva, o sol aparece, tudo brilha, os pássaros voltam a cantar e a natureza festeja o novo tempo.

Você sabe apreciar as riquezas que a chuva traz

Foto llustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O nosso interior também tem dias de chuva

Imagine se isso não aconteceria com o nosso interior? A chuva, as nuvens carregadas e o vento, neste caso, representam as lutas e sofrimentos que enfrentamos inevitavelmente no dia a dia. É o inverno necessário para nossa sobrevivência.

E, quando somos coerentes, damos a mesma resposta da natureza. Os sofrimentos e desafios que enfrentamos tendem a nos revigorar, assim como a natureza é revigorada pela chuva e pelo vento.

É verdade que há dias nos quais, mesmo sem ter explicação, o que a gente mais deseja é ficar quieto e simplesmente existir, sem ter que explicar o porquê. Quando essa atitude, no entanto, está ligada a um sofrimento concreto, é preciso tirar o bem maior da situação.

Quem deseja crescer espiritualmente, precisa, antes de tudo, ter a coragem e a sinceridade de reconhecer um sofrimento como sofrimento, e não fugir dele como alguns infelizmente fazem, lançando-se nas drogas ou em outros vícios. Seria como estar na chuva e ignorar que está se molhando.


Ir M. Annette – Movimento de Schoenstatt, falando sobre o valor do sofrimento escreve: "Acontece com a alma humana o mesmo que acontece com o carvalho de poucos anos, ao enfrentar uma tempestade. O vendaval furioso açoita e sacode bruscamente os ramos e o tronco. Assim despertam-se as energias interiores da planta, que atuam, fortificando as raízes. Fazendo-as penetrar mais profundamente o solo, até que o tronco e a copa da árvore sejam capazes de resistir vitoriosamente a todos os vendavais. Igualmente as tormentas da alma tornam o homem mais profundo, espiritualmente mais forte e fecundo. Introduzem as raízes de sua alma mais profundamente em Deus. E Nele estando firmemente enraizado, não haverá poder algum nesse mundo que o possa abater ou atirar ao solo".

Encontre suas riquezas em dias nublados

Portanto, se sol está brilhando ou se o tempo está nublado em sua vida, o importante é ter a docilidade de viver bem o momento.

Houve uma época em que eu tentava entender o motivo do sofrimento, hoje, aprendi que devo perguntar para quê, pois é certo que ele traz um recado de Deus.

Não tenha medo de ficar quieto quando preciso for e observe bem que, depois da chuva, a natureza é lavada e torna-se mais colorida, mais bonita, assim é a sua alma, após superar um sofrimento. Viva melhor seus dias de chuva, eles trazem as suas riquezas.



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN.  De segunda a sexta-feira (exceto quinta-feira), está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 14h40 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/voce-sabe-apreciar-as-riquezas-que-a-chuva-traz/


24 de junho de 2022

O que as parábolas e os contos de fadas têm em comum?


Primeiramente, precisamos entender o significado da palavra "parábola" que vem do grego parabolé, cujo sentido é "comparação". O termo é usado em histórias para esclarecer uma determinada realidade.

Segundo Bruno Bettelheim, no seu livro 'A psicanálise dos contos de fadas', os contos de fadas podem contribuir para o desenvolvimento da criança, pois a linguagem estimula o inconsciente, a criatividade e desenvolve seu código de ética com valores nobres.

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Foto Ilustrativa: by Getty Images / evgenyatamanenko

Que mensagem as parábolas e os contos de fadas podem trazer às crianças?

As parábolas e os contos nos permitem desenvolver a imaginação, entrando no mundo do "faz de conta" para ilustrar um mundo real, cujo objetivo é propiciar uma reflexão em busca de um mundo melhor. A identificação com os personagens possibilita conclusões que afetam a formação do caráter, construindo direcionamentos para suas decisões presentes e futuras.

Jesus usava situações corriqueiras para criar parábolas que levavam as pessoas à percepção da "moral da história". O mesmo acontece com os contos de fadas, pois ambos permitem que você escute até o fim sem julgamento; portanto, a reflexão é menos contaminada de justificativas.

Jesus utilizava-se muito das parábolas para nos ensinar

Quando escutamos a parábola dos talentos, entendemos que Jesus está pedindo que cada um descubra seus dons e os use da melhor forma. A estória do "Patinho Feio" nos mostra alguém infeliz por achar que não tinha a beleza dos outros patos; porém, quando ele olha no lago e se compara com um bando de cisnes, descobre-se como um lindo cisne. Ou seja, descobriu quais eram seus verdadeiros talentos e foi ser feliz.

A parábola do filho pródigo nos mostra as consequências da desobediência de um filho e o amor fiel do pai, mas também relata sobre o filho obediente. Na estória do "Pinóquio", também podemos constatar uma vida cheia de erros e a punição do nariz crescendo, além dos sofrimentos que ele vivenciou. Isso ajuda as crianças a entender que decisões boas ou ruins têm consequências na sua vida, e que aprender com os erros dos outros é um processo menos doloroso.

Na parábola do fermento dos fariseus, Jesus faz uma crítica à hipocrisia desses judeus. No conto de Pinóquio, podemos ver suas mentiras se acumulando, como se tudo o que ficasse escondido não viesse, um dia, a ser revelado.


As parábolas tem uma inspiração parecida com os contos de fadas

A parábola do grão de mostarda se destaca por conta da mostarda ser uma semente tão pequena, mas capaz de se transformar em uma árvore frondosa. Muitas vezes, julgamos os outros pela aparência, assim como no conto da "Chapeuzinho Vermelho". Ela, mesmo conhecendo a avó, deixa-se enganar pelo disfarce do lobo. Para a criança, é importante separar o bem do mal, aprender a desenvolver a capacidade de saber que nem todos são aquilo que aparentam ser, porque isso ajuda na segurança e na formação da percepção infantil. Por outro lado, o conto "A Bela e a Fera" nos mostra que a aparência feia não significa, necessariamente, uma pessoa feia; além de mostrar que quando se investe tempo para conhecer as pessoas, pode-se descobrir pessoas lindas. Assim, as feras se transformam em príncipes.

Na parábola do bom samaritano, podemos ver que várias pessoas passaram pela estrada, viram um homem caído, mas nada fizeram. Até que, alguém com o coração especial, deixou de lado seu egoísmo para ajudar quem precisava. No conto "A Branca de Neve", podemos ver uma menina discriminada pela sua madrasta, a qual tem inveja da beleza da pequena princesa, por isso manda matá-la. No entanto, o coração do caçador não permite que ele faça tal maldade. Também os anões, ao terem sua casa invadida pela menina, aprenderam a partilhar tudo o que tinham com alguém que haviam conhecido naquele momento.

Ensinamentos deixados pelas parábolas

Podemos ver, na parábola do jovem rico, que Jesus lhe propõe um novo modo de vida a seguir. O jovem, então, vai embora, porque sentiu que não estava preparado para abrir mão do conforto nem do dinheiro. No conto "A Bela Adormecida", podemos ver que ela se fere na roca, que a faz adormecer até que o príncipe apareça. Assim também estava o jovem rico, que não estava amadurecido para acordar para a vida. Ele estava dormindo em berço esplêndido, mas não vivia plenamente.

É preciso ensinar às crianças a esperar pelo tempo certo, pois tudo aquilo que é vivido fora do tempo pode trazer cicatrizes que matam a esperança e a confiança nas pessoas.

Jesus conta parábolas para suscitar uma reflexão, permitindo que a pessoa entenda e busque o reino de Deus. Os contos não têm a mesma preocupação de Jesus, mas propicia um aprendizado sobre preconceito, inveja, autoconhecimento, mentira e amor, sentimentos que, se bem trabalhados, podem motivar as crianças a serem melhores do que são. O desenvolvimento de um caráter de gente do bem pode ser um terreno fértil para plantar a semente da Palavra de Deus.



Angela Abdo

Mestre em Ciências Contábeis pela Fucape, pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Gestão de Pessoas pela Faesa, graduada em Serviço Social pela Ufes e psicanalista. Consultora e Executiva na área de RH e empresa hospitalar. Foi coordenadora do grupo fundador do Movimento Mães que Oram pelos Filhos da Paróquia São Camilo de Lellis, em Vitória (ES) e do grupo de Amigos da Canção Nova de Vitória. Atualmente, é coordenadora nacional e internacional do Movimento Mães que Oram pelos Filhos. Escritora dos livros "La Salette, o grito de uma Mãe!" (2018), "Superação x Rejeição: Aprendendo a ser livre" (2017), "Ser Mulher À Luz da Bíblia: Porque Deus Pode Tudo!" (2016) e "Mães que Oram pelos Filhos" (2016). Participa do programa "Papo de Mãe que Ora", no canal Mães que Oram pelos Filhos Oficial, e do "Mães que Oram pelos Filhos", na Rádio América.  Autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/o-que-as-parabolas-e-os-contos-de-fadas-tem-em-comum/


22 de junho de 2022

Como fazer da santidade um caminho de felicidade?


A mais elevada vocação do ser humano é viver em espírito de santidade, ou seja, guiar a própria existência segundo o Espírito de Deus, de acordo com suas inspirações. A vocação à santidade é, então, um chamado a integrar adequadamente em nós as diversas dimensões humanas e, assim, ser feliz. De fato, a verdadeira felicidade consiste em nos religarmos ao projeto do Criador, unindo-nos cada vez mais a Ele e àquilo que desejou para nós. Somente dessa forma se pode afirmar que é possível ao cristão ser feliz ou bem-aventurado. A vocação à santidade é, portanto, vocação à felicidade! Aquele que vive em santidade, por sua vontade e contando com a benfazeja ação de Deus, escolhe e recebe a graça de ser feliz.

Todos são convidados à vivência da santidade. Sim, todos! Santidade não é somente para alguns "iluminados", especiais ou mesmo apenas para alguns "esquisitos" de mãos postas. Todos somos chamados a ser santos, porque todos somos chamados a ser felizes! Contudo, cada um deve corresponder a este chamado no horizonte próprio de sua existência, nos contextos em que está inserido e com as características do seu próprio ser. A ninguém é pedido ser feliz da mesma maneira que o outro, assim como ninguém é chamado a ser santo aos moldes de outrem. Cada um pode e deve corresponder à graça de Deus com aquilo que é e tem, realizando-se como pessoa à medida que busca realizar o plano de Deus em sua vida.

Todos são chamados à santidade

Papa Francisco reiterou, na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (GE), que a convocação à santidade é para todos, e que sua vivência é o "rosto mais belo da Igreja" (GE 9). "Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra" (GE 14). "Para um cristão, não é possível imaginar a própria missão na terra, sem a conceber como um caminho de santidade […]. Cada santo é uma missão, um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspecto do Evangelho" (GE 16), afirma o Pontífice.

Como fazer da santidade um caminho de felicidade

Foto Ilustrativa: FG Trade by Getty Images / cancaonova.com

A busca de cumprir a vontade de Deus, ao contrário do que se possa pensar, não nos tira aquilo que nos é próprio. "A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça. No fundo, como dizia León Bloy, na vida «existe apenas uma tristeza: a de não ser santo»" (GE 34), confirma o Papa. Em outras palavras, a santidade é um caminho que nos torna verdadeiramente humanos e plenos, realizados enquanto pessoas, felizes, bem-aventurados. Este é o grande sinal que cada um pode deixar para o mundo e para todas as pessoas que encontrar: o desejo comprometido e ativo de corresponder à graça d'Aquele que nos criou, vivendo em santidade.


Sejamos Homens Novos

A vocação de toda pessoa à santidade, no entanto, está ligada a Cristo. N'Ele, tem seu fundamento e sua razão de ser, e somente n'Ele pode ser adequadamente compreendida. "No fundo, santidade é viver em união com Jesus os mistérios da vida, consiste em associar-se de uma maneira única e pessoal à morte e ressurreição do Senhor, em morrer e ressuscitar continuamente com Ele" (GE 20). É Jesus Cristo o protótipo, o paradigma, o critério e parâmetro da busca de santidade de cada cristão. É Ele o Homem Novo que deve estar sempre no horizonte de nossos olhos, a nos inspirar a agirmos sempre como "homens novos", recriados segundo Deus.

Ele mesmo instrui com Sua Palavra, indica um caminho de santidade, caminho que passa pelas via das "Bem-aventuranças". Elas "são como que o bilhete de identidade do cristão. Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia a dia da nossa vida. […] A palavra «feliz» ou «bem-aventurado» torna-se sinônimo de «santo», porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive Sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade" (GE 63-64). Em outras palavras, o caminho da santidade passa por vias que nos tornam "bem-aventurados", ou seja, felizes, mesmo que haja dificuldades e sofrimentos nessa busca.

A felicidade é consequência da santidade

Partindo das proposições indicativas do Evangelho, mais especificamente das bem-aventuranças, é possível pensar que o chamado à santidade é, para cada pessoa, um chamado à felicidade, a vivermos como bem-aventurados! Cada uma das atitudes interiores e exteriores apresentadas nas bem-aventuranças – o desapego, a mansidão, a compaixão, a justiça, a pureza, a misericórdia, a paz, a autenticidade (Cf. Mt 5,1-12) – conduz-nos à nossa integração, à nossa essência mais profunda que restabelece em nós uma relação positiva e amorosa com Deus, com os outros e com nós mesmos. Aquele que busca, com o auxílio da graça de Deus e na medida de suas características próprias, estabelecer relações integradoras consigo mesmo, com o outro e com Deus, este é "santo", e porque é santo, é feliz, bem-aventurado!

Diácono Josimar Baggio, scj


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/como-fazer-da-santidade-um-caminho-de-felicidade/


20 de junho de 2022

Qual o caminho para as surpresas de Deus?


Todo caminho é uma ponte que nos liga ao próximo. Caminhar é preciso, porém há de se ter o cuidado necessário para contornar as pedras sem se ferir. É preciso a delicadeza de alma para contemplar as belezas da vida sem se perder de si mesmo. Cada passo é sempre uma oportunidade de fazermos do hoje o mais belo dia de se viver.

Qual o caminho para as surpresas de Deus

Foto Ilustrativa: by Getty Images / john shepherd

Vivemos numa sociedade altamente veloz. Tudo é muito rápido e, ao mesmo tempo, líquido. Estabelecemos relações de amizade que se desfazem com um clique. A vida está passando por nós e, com ela, os recados de Deus que se perdem em nosso tumultuado caminhar. É tempo de pararmos de correr e seguir a vida sem fazer do tempo o nosso inimigo.

Muitos caminham, mas nem todos percebem as delicadezas e as surpresas de Deus em seu caminhar

Na maratona da vida, é necessário cultivarmos a delicadeza interior de parar para descobrirmos os recados de Deus. Há cada instante de nosso caminhar, o Senhor fala conosco. No entanto, é preciso que estejamos com o coração livre e aberto para acolhermos esta voz que se comunica conosco no cotidiano da vida.

Em cada acontecimento: alegre ou triste, trágico ou glorioso, Deus tem um recado para nós. Sábio será aquele que acolher com sensibilidade o sopro do Espírito Santo em seu coração. Como uma brisa suave, a voz de Deus chega mansamente à nossa alma. Longe do tumulto da vida, Ele se manifesta no silêncio da oração.


Deus fala no silêncio do nosso coração

Não pensemos descobrir as surpresas de Deus em meio às agitações da vida. Será preciso redescobrirmos em nosso caminhar o tempo da oração. Colocar-se na presença do Senhor, despoluir a alma das agitações supérfluas e acolher o divino mensageiro que, com Seu sopro de amor, traz a voz serena e mansa de um Deus que se comunica sem pressa, mas no tempo que lhe oferecemos.

O caminho para as surpresas de Deus é fruto do silêncio que se alimenta de nossos tempos de oração. Parar um pouco e descansar a vida em Deus é deixar que Ele se revele a nós na serenidade por onde nossos passos estão a caminhar.

É preciso buscar a Deus no silêncio da vida

Ouvir a voz de Deus é descobrir no ordinário da vida o extraordinário. É contemplarmos a flor daquele jardim que floresce sem aplausos, mas louva o Senhor pela sua delicadeza e beleza escondida das multidões que passam todos os dias por ela. É fazermos de nossos pequenos gestos uma oportunidade para a prática do bem. É compartilhar amor em gestos concretos, que não necessitam de curtidas e comentários no mundo virtual. É sermos um com toda a beleza da vida que revela em cada momento a sempre nova surpresa de sermos amador por Deus.

Enquanto a nossa vida não recuperar o tempo como espaço para a manifestação de Deus, continuaremos a buscar a Sua presença em quintais sem vida e caminhos sem chegada.


 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/qual-o-caminho-para-as-surpresas-de-deus/


17 de junho de 2022

Em Deus, aprenda a viver a verdadeira fé e conversão


A palavra fé vem do grego "pisteuo", que significa crer, prestar adesão a alguém. Deus comunica o Seu amor aos homens e espera uma resposta concreta para a realização de Suas obras. A fé é a resposta do homem ao Deus que se revela. Essa comunhão é confirmada quando a inteligência e a vontade do homem são submetidas completamente a Deus.

Em obediência à Palavra de Deus, o homem livremente inicia a vida de fé quando abre os olhos para a verdade e assume a graça de participar e optar definitivamente pelo plano de salvação.

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Foto Ilustrativa: doidam10 by GettyImages

Devemos ter fé e crer em Deus Pai todo poderoso

"De fato, é pela Sua graça que fostes salvos, mediante a fé, e isto não procede de vós: é dom de Deus" (Ef 2,8).

A virtude sobrenatural da fé é cultivada pela caridade (Cf II Ts 1,3). O amor é a única condição que intensifica o progresso na comunhão da fé autêntica, e das obras de misericórdia (Cf Tg 2, 14-23).

Fé é crer sempre em Deus

Fé não significa apenas acreditar na existência de Deus. "Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também os demônios creem e tremem" (Tg 2,19).

As palavras afirmadas devem seguir as exigências estabelecidas pelos ensinamentos de Jesus. Fé é uma afirmação que nos leva à missão de percorrer o caminho da Ressurreição, para encontrarmos a vida nova em Nosso Senhor Jesus Cristo.

A raiz da não está firmada nos sentimentos; nenhuma situação ou acontecimento pode alterar o verdadeiro sentido dessa certeza manifestada pela glória de Deus (Cf Jo 11,40).

"Fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê" (Heb 11,1). É a posse antecipada do que se espera, é uma demonstração da realidade ainda não acontecida. Fé é o caminho da entrega e do abandono; é como atravessar um túnel, embora tudo pareça escuro, temos a certeza de encontrar a luz no final.

Como opção definitiva, a fé exige perseverança e fidelidade: "Combate o bom combate, com fé e boa consciência; pois alguns, rejeitando a boa consciência, vieram naufragar na fé" (I Tim 1,18-19). "Mas, quando vier o Filho do homem, achará sobre a terra?" (Luc 18,8).


Viva a conversão

A conversão parte da fé: "Crede em Jesus, arrependei-vos de vossos pecados e então podereis viver a vida do Filho de Deus ressuscitado" (Ato 2,38).

Conversão é a escolha radical; é a opção determinada pela causa do Reino de Deus. Essa transformação acontece quando: o arrependimento leva a pessoa a renunciar ao pecado, em busca de uma vida nova.

Jesus quer salvar e nos conduzir ao Pai e aceitar Jesus implica em uma mudança de valores, de atitudes e de vida. A experiência com Deus é a causa principal para que aconteça a confirmação da mudança de vida. A conversão de Santo Agostinho é um exemplo marcante na história do mundo, mesmo tarde, não deixou de amar a Deus, renunciou ao pecado para buscar definitivamente o caminho da santidade.

A conversão de Saulo, também, é outro sinal da misericórdia de Deus. Depois de tanto perseguir os cristãos, durante uma viagem a Damasco, Jesus o faz reconhecer seu erro, com a pergunta: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" (Cf At 9,1-9). Saulo coloca-se diante do Senhor sem resistir ao Seu chamado e cumpre fielmente a sua missão de servir a Igreja.

Não basta viver a conversão por tempo determinado. Quando conhecemos a verdade, devemos ser fiéis no compromisso com Deus. Nossa resposta deve ser uma só: "Dizei somente sim se é sim; não se é não" (Mt 5,37). Perseveremos diante das dificuldades na caminhada; renunciemos ao pecado e deixemos o Senhor nos modelar para sermos transformados em criaturas novas.

Ir Fabiana Souza Duca de Aguiar
Carmelita Mensageira do Espírito Santo


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/em-deus-aprenda-a-viver-a-verdadeira-fe-e-conversao/


15 de junho de 2022

Como devo reagir à oração não respondida?


Orar é dialogar com Deus. Na intimidade da oração, o coração rasga o véu do medo e abandona-se nas mãos do Pai. Diante das demandas da vida, muitas são as coisas a serem apresentadas. Muitos outros tantos são as necessidades que afligem a alma e roubam a paz. Contudo, nem sempre nossos pedidos são atendidos. Diante dessa realidade, uma pergunta ecoa no coração: como o cristão deve reagir à oração não respondida?

Os pais sabem muito bem que nem todos os pedidos de seus filhos podem ser atendidos. Muitos são os motivos que estão por trás de um desejo não realizado. Talvez, a criança precise crescer um pouco mais para que tal necessidade seja atendida; ou ainda, tal pedido possa ser perigoso e colocar em risco a vida dela. Muitos pais sabem que alguns pedidos que seus filhos lhes fazem é apenas capricho disfarçado de necessidade extrema.

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Foto Ilustrativa: PeopleImages by Getty Images

Deus é Pai e sabe que nem todos os nossos pedidos poderiam ser atendidos no tempo e na ocasião que desejamos. Por amor, Ele intervêm diante de nossas necessidades e concede-nos apenas aquilo de que precisamos. Alguns pedidos dirigidos a Deus visam apenas preencher nosso ego, mas maquiamos a realidade de tal maneira que parece uma necessidade urgente.

O que você tem pedido?

Vivemos tempos em que nos desacostumamos a viver com o essencial, e essa realidade, muitas vezes, é refletida em nossa vida de oração. Muitos não suportam mais viver com o essencial e precisam do periférico. Se não adquirirmos a sabedoria divina, vamos, a cada nova oração, disfarçar o periférico de essencial.


Mesmo que algum pedido não tenha sido atendido, não desanimemos. O Senhor responde todas as nossas orações, mesmo que a resposta seja 'não'. Talvez o fato de não termos recebido a graça hoje seja pelo fato de que Deus esteja preparando o melhor para o futuro. Renovemos nossa confiança no Senhor e busquemos o essencial. Tenhamos a coragem de olhar para as nossas necessidades espirituais e humanas e ver se não estamos nos comportando como crianças mimadas, que de tudo tem necessidade, mas lhe falta maturidade suficiente para discernir a realidade das intenções.

Oração:

"Divino Espírito, que com sua luz de amor concedei a sabedoria necessária aos corações vacilantes, concedei-me a graça da sabedoria diante das necessidades, e que minha oração, elevada ao Pai, seja sempre guiada por aquilo que realmente necessito. Afastai-me do desejo desenfreado de satisfazer meus caprichos pessoais e ajudai-me a buscar na força da oração o essencial na vida. Amém!"



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/como-devo-reagir-oracao-nao-respondida/