29 de abril de 2022

Como restabelecer a intimidade com Deus a partir dos sacramentos?


Santo Agostinho pôde constatar que, no início da cristandade, existia uma dificuldade em níveis morais, intelectual e espiritual. Ao mesmo tempo, temos o Concílio Vaticano II que percebeu a crise do homem moderno e procurou meios para trazer as pessoas de volta, incluindo o chamado à busca da sabedoria. Princípio da sabedoria é a busca de Deus. Para isso, existe uma receita para a vivência de uma vida santa, mas como estamos em crise, foi-se decaindo a percepção da consciência do pecado. E o primeiro passo para iniciar-se um caminho espiritual é o de permanecer em estado de graça. É possível reaver esse relacionamento com Deus, rompido com o pecado original.

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Como reaver o relacionamento com Deus?

Com a vinda de Jesus e por meio d'Ele, Deus cria os meios de restabelecer essa intimidade. E isso se dá por meio dos sacramentos:

– Batismo;
– Crisma;
– Eucaristia;
– Penitência;
– Matrimônio;
– Ordem;
– Unção dos Enfermos.

Os sacramentos são sinais sensíveis (palavras e ações) acessíveis à nossa humanidade atual. Realizam eficazmente a graça que significam, em virtude da ação de Cristo e pelo poder do Espírito Santo (Cf.CIC 1084).

Vejam, o diploma não faz de uma pessoa um médico; o que realmente a faz capaz são os vários anos de estudo e disciplina. O diploma funciona somente como um sinal da aprovação do aluno que estudou e foi aprovado em medicina. Os sacramentos em si são símbolos daquilo que representam. Por exemplo, o Batismo é o símbolo do banho, de uma lavagem espiritual que o cristão necessita da sujeira do pecado. E o batismo realmente faz isso! Ele nos purifica de todo o pecado e nos faz capazes de alcançar essa ligação íntima perdida no Édem.

A Eucaristia simboliza o sacrifício do Cordeiro, o altar é o lugar do sacrifício e, ao mesmo tempo, o altar é a mesa do banquete festivo do céu. De fato, a Eucaristia alimenta a nossa alma.

O Sacramento da Confirmação ou Crisma trás o batismo do Espírito Santo na vida do cristão. O mesmo que ocorreu em Atos dos Apóstolos, capítulo 2.

O Sacramento do Matrimônio simboliza a aliança entre Deus e os homens. Esse sacramento deve ser vivido dentro de uma dimensão de doação entre os cônjuges, semelhante ao amor e doação do próprio Deus para com seus filhos e a própria Igreja. Ele entregou-se em sacrifício de amor por ela, sem nenhuma reserva.

O Sacramento da Penitência simboliza um julgamento. Ali o "réu" se acusa dos próprios pecados. No entanto, essa confissão dos "crimes cometidos", ao invés de conduzir à condenação, faz alcançar a Misericórdia Divina.

O que são os sacramentos?

Os sacramentos são os meios criados pelo Senhor Jesus para Ele infundir a graça santificante na alma da pessoa. Eles restauram a graça de Deus uma vez alcançada ou a cria, pela primeira vez, no coração da pessoa. Essa graça de Deus trabalha como um organismo, um organismo sobrenatural, e a finalidade desse organismo é a de nos aproximar, cada vez mais, da filiação divina, da união mais íntima possível, entre Deus e o homem.


Existem várias formas de se trabalhar e de aumentar a graça de Deus no nosso interior, e uma dessas formas é a vivência correta dos sacramentos. A Igreja é a "carpintaria" de Jesus; os sacramentos são as ferramentas das quais Jesus se utiliza para operar em nós o crescimento da graça santificante. Uma das graças específicas do Sacramento da Eucaristia é a de aumentar o amor em nós. É fazer o nosso amor crescer, sobrenaturalmente, e se transformar em atos perfeitos. Já a graça específica do Sacramento da Reconciliação é a de fortalecer o penitente da luta contra o pecado e restaurar a intimidade com Deus.

Conteúdo baseado nas aulas do autor do site www.cristianismo.org.br



Roger de Carvalho

Roger de Carvalho, natural de Brasília – DF, é membro da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Casado com Elisangela Brene e pai de dois filhos. É estudante de Teologia e Filosofia.
Autor do blog "Ad Veritaten".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/como-restabelecer-a-intimidade-com-deus-a-partir-dos-sacramentos/


27 de abril de 2022

Por que Maria é estritamente ligada a Cristo?


O Concílio Vaticano II (1962-1965), considerado como o evento mais importante da Igreja no século XX, num dos seus documentos mais significativos, mostra a estreita ligação de Maria a seu Filho Jesus nestes termos: "Pensando nela com devoção, a Igreja penetra mais profundamente no mistério da encarnação e se conforma sempre mais ao seu esposo" (Documento sobre a Igreja, Lumen gentium, n. 65). Em outras palavras, a correta devoção a Nossa Senhora nos aproxima mais de Cristo. Vamos ver como isso acontece.

Os dogmas marianos mostram que Cristo é verdadeiro Deus e homem (Dogma da Maternidade Divina de Maria); apontam para a necessidade de encontrar em Cristo a libertação do pecado (Dogma da Imaculada Conceição); garantem a tensão escatológica, quer dizer que estamos caminhando para a ressurreição final (Dogma da Assunção de Maria); e confirmam a fé em Deus Criador, que intervém livremente na matéria (Dogma da Virgindade de Maria).

Os dogmas de Maria nos levam a Cristo

Ressalta-se a primeira afirmação: para mostrar que Jesus era, ao mesmo tempo, Deus e homem, o Pontífice, "aquele que faz a ponte" entre Deus e o homem, a "fórmula" mais fácil foi afirmar que Maria é a Mãe de Deus. No fundo, este dogma mariano foi mais um dogma cristológico. Aqui, podemos entender que Maria nos leva a Cristo: esse, pois, foi o "caminho" que Deus escolheu para nós, como diz o Credo do Concílio de Niceia (ano de 325): "Por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus: e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e se fez homem".

MARIA ESTRITAMENTE LIGADA A CRISTO

Foto: Arquivo CN

Há, no entanto, uma outra interessante consideração sobre o lugar de Maria na Igreja. A devoção a Maria manifesta a necessária integração entre Bíblia e Tradição: pois esses quatro dogmas têm fundamento na Escritura, como semente que cresce na tradição (liturgia, intuição do povo crente, reflexão teológica sob a guia do Magistério). Falou-se disso, acima, particularmente com referência aos dogmas da Imaculada e da Assunção. Então, na sua pessoa de moça judia, mãe do Messias, Maria liga Antigo e Novo Testamento: sem essa junção, a fé vai demais para o Antigo Testamento ou se limita ao Novo Testamento.

Quanto ao Antigo Testamento, eis, por exemplo, o anjo Gabriel anunciando a Maria que "o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e ele reinará para sempre na casa de Jacó. E seu reino não terá fim" (1,32-33). O mesmo evangelista relata o cântico do Magnificat, em que Maria fala do cumprimento das promessas de Deus "a Abraão e seus filhos" (1,55). E quanto ao Novo Testamento, nas bodas de Caná, o evangelista João nos apresenta uma significativa atuação de Maria que leva os discípulos a "crerem nele" (2,11).

Maria modelo da Igreja

O Concílio Vaticano II apresenta Maria como modelo perfeitíssimo na fé e na caridade" (Documento sobre a Igreja, Lumen gentium, n. 53). Olhando para esse modelo, a Igreja preserva-se daquele modelo machista, que a reduz a uma ação sócio-política, a uma abstração. E quando vira abstração, não precisa de uma mãe. Ela mostra "o rosto materno de Deus", garantindo a convivência da indispensável "razão" com as indispensáveis "razões do coração".

É interessante verificar que nenhum outro cristão, exceto Maria, é considerado como "modelo perfeitíssimo da Igreja". Esse modelo nos leva necessariamente a seu Filho, Jesus Cristo.

A profunda ligação entre Cristo e Maria nos foi lembrada, a título de exemplo, numa homilia do Papa Francisco, proferida no dia 1º de janeiro de 2015. Eis as suas palavras: "Cristo e sua Mãe são inseparáveis: há entre ambos uma relação estreitíssima, como aliás entre cada filho e sua mãe. Tal inseparabilidade é significada também pelo fato de Maria, escolhida para ser Mãe do Redentor, ter compartilhado intimamente toda a sua missão, permanecendo junto do Filho até ao fim no calvário". Mas o "momento forte", ou "kairos", no qual nós cristãos entendemos e alimentamos nossa fé Naquele que nasceu da Virgem Maria é a Liturgia, ou seja, a oração pública da Igreja. Essa oração, pois, expressa e alimenta a nossa fé.

A lei da oração é a lei da fé

Há um princípio muito importante a ser seguido no caminho da nossa fé, expresso pelo princípio Lex orandi, lex credendi, a saber, "A lei da oração é a lei da fé". Isso significa que a oração expressa a nossa fé.

Tal princípio se aplica particularmente na oração pública da Igreja: a Liturgia. A palavra "Liturgia" vem do grego "leiton ergon" e significa "ao pé da letra", "obra pública". Para nós, refere-se à oração pública e oficial da Igreja. A "Liturgia" é definida pelo Concílio Vaticano II como "o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo" e "obra de Cristo Sacerdote e do Seu corpo, que é a Igreja" (Documento sobre a Liturgia, Sacrossanctum Concilium, n. 7).

A Liturgia se expressa, de maneira eminente, na celebração da Eucaristia, que é "fonte e cume de toda a vida cristã" (Documento do Concílio Vaticano II sobre a Igreja, Lumen Gentium, n. 11).

A partir disso, podemos afirmar que, quando participamos da Celebração Eucarística, vamos entender, expressar e aprofundar a nossa fé. No fundo, a Liturgia é a grande escola da fé do povo cristão. Nessa "escola", precisamos aprender a ser "bons alunos". Isso, pois, significa que, para entendermos o lugar de Maria na vida cristã, é fundamental partir das celebrações da Igreja que faz solene memória da mãe de Cristo.

O lugar de Maria na vida cristã a partir da Liturgia

As três celebrações marianas mais importantes do ano litúrgico apontam para os quatro dogmas marianos: Maria Mãe de Deus, sempre Virgem (1º de janeiro); Imaculada Conceição (8 de dezembro) e Assunção (15 de agosto).

A Igreja definiu estas quatro verdades sobre Nossa Senhora, a saber:
– Maternidade Divina de Maria. Foi definida no Concílio de Éfeso (ano 431).
– Virgindade Perpétua de Maria. Foi definida no II Concílio de Constantinopla (ano 553).
– Imaculada Conceição de Maria. Foi definida pelo Papa Pio IX na Bula Ineffabilis Deus (8 de dezembro de 1854).
– Assunção de Maria. Foi definida pelo Papa Pio XII na Bula Munificentissimus Deus (1º de novembro de 1950).

Essas verdades são expressas na Liturgia. A título de exemplo, podem-se considerar algumas orações da Solenidade de "Maria Mãe de Deus".

Orações à Maria

No dia 1º de Janeiro, Solenidade de Maria Mãe de Deus, a Igreja proclama, ao mesmo tempo, a Maternidade Divina de Maria e sua Virgindade Perpétua.

Eis, pois, como expressar isso:

a) Na Coleta: "Ó Deus, que pela virgindade fecunda de Maria destes à humanidade a salvação eterna, dai-nos contar sempre com a sua intercessão, pois ela nos trouxe o Autor da vida".

b) Na Oração sobre as oferendas: "Ó Deus, que levais à perfeição os Vossos dons, concedei aos Vossos filhos, na festa da Mãe de Deus, que, alegrando-se com as primícias da Vossa graça, possam alcançar a sua plenitude".

c) No Prefácio: "Na verdade, ó Pai, Deus Eterno e Todo-poderoso, é nosso dever dar-Vos graças, é nossa salvação dar-Vos glória, em todo tempo e lugar, e na Maternidade de Maria, sempre Virgem, celebrar os vossos louvores".

d) Oração depois da Comunhão: Ó Deus de bondade, cheios de júbilo, recebemos os sacramentos celestes; concedei que eles nos conduzam à vida eterna, a nós que proclamamos a Virgem Maria, Mãe de Deus e da Igreja.

As partes dessas orações apontam para a fé da Igreja na Maternidade Divina e na Virgindade Perpétua de Nossa Senhora. Esse mesmo "exercício" pode ser feito para as outras solenidades marianas; e, no fundo, para cada celebração cristã.

O sentido da fé dos fiéis e os dogmas marianos

Voltando ao princípio – "a lei da oração é a lei da fé" –, pode-se observar que as definições dos Concílios, ou dos Papas acima indicadas, são todas posteriores à fé do povo.

No mês de junho de 2014, a Comissão Teológica Internacional publicou um interessante documento intitulado Sensus fidelium, que significa o sentido dos fiéis. Eis como o define:

"O sensus fidei fidelis [sentido da fé dos fiéis] é uma espécie de instinto espiritual que capacita o crente a julgar espontaneamente se um ensino ou prática particular está ou não em conformidade com o Evangelho e com a fé apostólica." (N. 49).

Essa afirmação tem uma significativa confirmação quanto à fé da Igreja sobre Maria. A título de exemplo, os dogmas da Imaculada e da Assunção foram definidos recentemente, como foi visto acima: mas o povo de Deus celebrava, fazia séculos, a Imaculada Conceição e a Assunção de Maria: e, particularmente, na Liturgia. Em outras palavras, já havia as festas da Imaculada Conceição e de Nossa Senhora da Glória.

É interessante lembrar, a esse respeito, o que Jesus disse aos Seus discípulos na última ceia: "Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis suportar agora. Quando ele vier, o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade completa" (João 16,12-13). Nesse sentido, os apóstolos não receberam uma "revelação completa" de Jesus. O Espírito, dom do Cristo Ressuscitado, "sopra" sobre o povo de Deus, a Igreja, e a leva, aos poucos "à verdade completa". Nesta "caminhada da fé", guiados pelo Espírito, entendemos sempre mais quem é Cristo e todos os que a Ele pertencem, a partir da Sua Mãe.



Lino Rampazzo

Doutor em Teologia pela Pontificia Università Lateranense (Roma), Lino Rampazzo é coordenador do Curso de Teologia e professor nos cursos de filosofia e teologia da Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/por-que-maria-e-estritamente-ligada-a-cristo/


25 de abril de 2022

É necessário educar com o auxílio da internet!


Parte-se do princípio de que a educação é um "bem comum" e "um direito universal", conforme explicita o Papa Francisco no Pacto Educativo Global, assim, pode-se entender a internet como um lugar privilegiado para um processo amplo de educação. Há de se recordar que, desde o Concílio Vaticano II, com a declaração Gravissimum Educationis, a Igreja propõe a educação como caminho necessário e importante para o progresso social da humanidade.

Papa Francisco propõe como inspiração para uma educação integral e inclusiva o provérbio africano: "Para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira". Nesse sentido, quer o Santo Padre que os educadores alcancem uma mentalidade nova e inclusiva. É preciso fazer um exercício de conversão educativa e pedagógica para superar um conceito de educação que se reduz a percursos educacionais formais. É oportuno abrir a mente e o coração, também percursos informais de ensino e aprendizagem.

É necessário educar com auxílio da internet!

Foto ilustrativa: mixetto by GettyImages / cancaonova.com

Ambientes educativos

Os ambientes educativos não se reduzem à escola e à universidade, mas existem outros lugares e outras iniciativas "que podem ser compreendidos em chave educativa".

Para a Igreja, é certo que a família ocupa o papel central no processo de educação. Entretanto, não de forma isolada ou exclusiva, mas em mútua colaboração com todos os outros sujeitos sociais, instituições governamentais e privadas que são chamadas, pela Igreja, a renovar a paixão pela educação.

Nesse horizonte, cabe trazer aqui a reflexão feita por Herbert Marshall McLuhan, importante educador, intelectual, filósofo e teórico da comunicação canadense, que, no início da segunda metade do século passado, profetizou que o mundo seria uma "aldeia global". Ele estava falando da internet, que impactou o mundo, redefiniu o tempo e o espaço, transformou o modo de ensinar e aprender, criou convergências e capitalizou um grande patrimônio técnico-didático.

A internet é a aldeia do século XXI

O uso da internet é tão importante quanto necessário, que seria um "pecado" contra os educandos e educadores criar um processo educativo, em pleno século XXI, que não considerasse o uso das plataformas digitais e das redes sociais. Elas são a aldeia do nosso tempo, que, conforme diz o Texto Base da Campanha da Fraternidade 2022, versa sobre a educação com "abrangência global e plasma um novo jeito de ser e de viver".


Denis McQuail, um teórico britânico da comunicação, professor emérito da Universidade de Amsterdã, afirma que os meios de comunicação são "a arena onde se desenvolve muitos fatos da vida pública nacional e internacional". Dentro do esquema hermenêutico de educação proposto pelo Papa Francisco, podemos concordar com McQuail que os meios de comunicação, sobretudo a internet, com todas as suas redes e convergências, são "fonte importante de definições e de imagens da realidade social, portanto, o lugar onde se constroem, conservam-se e manifestam-se a mudança cultural e os valores da sociedade e dos grupos". Em poucas palavras, ambiente educativo do qual não se pode prescindir.

Em sintonia com o que dizem a Igreja e os teóricos da comunicação e da educação sobre a internet, nestes espaços virtuais, pode ser exercida uma prática educativa que orienta para o intercâmbio fecundo, a gratuidade que acolhe o conteúdo local e a abertura ao horizonte global. A internet pode ser um lugar de superação do narcisismo bairrista e a inclusão dos pobres e frágeis. É possibilidade para o encontro, a amizade, o perdão.

A Igreja e a internet

A Igreja percebe grande valor da internet no campo educacional, como a existência de bibliotecas digitais com suas obras e os periódicos eletrônicos com possibilidades de serem consultados de qualquer lugar do planeta. Revolucionou o ambiente educativo, criando nova ambiência, as novas tecnologias e metodologias educacionais que permitem Educação a Distância (EaD), ou seja, de qualquer lugar do mundo.

O Concílio Vaticano II, sob o olhar da Inter Mirifica, considera os meios de comunicação "admiráveis invenções da técnica" que, "com o auxilio de Deus, o engenho humano extraiu das coisas criadas". A internet é uma delas.

Entretanto, documentos do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e as mensagens dos Papas para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, não obstante, reconhecem os grandes frutos da internet para a educação, união e o progresso dos povos, alerta para as sombras do ambiente digital, que, muitas vezes, é usado para propagar o ódio, a guerra, o terrorismo, a pedofilia, as notícias falsas dentre outras.



Padre Antonio Camilo de Paiva

Padre Antonio Camilo de Paiva, Mestre em Ciências da Comunicação, pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma; Vice-Reitor do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio de Juiz de Fora; Coordenador e Professor do Curso de Teologia do UniAcademia e Seminário Santo Antônio e Vigário Episcopal para a Educação Comunicação e Cultura.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/educacao/e-necessario-educar-com-o-auxilio-da-internet/


22 de abril de 2022

A Misericórdia Divina está sempre ao nosso alcance


O coração de Jesus Cristo é o lugar de experimentarmos a misericórdia. O Senhor se compadece das nossas fraquezas, já que Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado (cf. Hb 4,15). Por isso, Cristo nos acolhe em Sua misericórdia, no trono do Seu coração. É Nosso Senhor quem primeiro vem a nós, como Ele mesmo disse a Santa Faustina: "Não tenhas medo do teu Salvador. Eu, por primeiro, tomo a iniciativa de Me aproximar de ti" (Diário 1.485).

Nós precisamos estar dentro do coração misericordioso de Jesus, que sempre está aberto e acessível a todos. Podemos perceber essa realidade quando Nosso Senhor diz a Santa Faustina: "A minha misericórdia é maior que as tuas misérias e as do mundo inteiro, quem pode medir a extensão da minha bondade? Por ti desci do céu à terra, por ti permiti que me pregassem na cruz, por ti permiti que fosse aberto pela lança o meu sacratíssimo coração e, assim, abri para ti uma fonte de misericórdia" (D. 1.485).

A Misericórdia Divina está sempre ao nosso alcance

Foto Ilustrativa: by Getty Images / RyanJLane / cancaonova.com

Jesus sofreu para que todos pudessem experimentar a misericórdia

Tudo o que Jesus sofreu foi também para que pudéssemos experimentar a misericórdia em nossa vida, que sempre vem ao encontro das nossas fraquezas e angústias, pois, diante dos nossos erros, as pessoas e o mundo podem até querer nos condenar, mas Jesus Cristo nunca nos condena, porque Ele é o Amor.

Jesus não faz acepção de pessoas para derramar a Sua misericórdia redentora. Ele faz questão de chamar excluídos e pecadores (Cf. Marcos 2,17), envolvendo todos no Seu plano salvífico. Dessa forma, Cristo não faz distinção para manifestar Sua misericórdia, que é para todos. Entretanto, muitas vezes, desviamo-nos dessa misericórdia quando insistimos no sentimento de culpa, que nos faz bloquear Sua ação em nós, pois ficamos paralisados por culpas relacionadas ao que fizemos e ao que não fizemos no decorrer da nossa vida.

Isso nos leva a uma desconfiança do amor, da bondade e da misericórdia de Deus, o que faz com que nos afastemos d'Ele e não nos permitamos ser alcançados por Ele. Por isso, é necessário, diariamente, repetir: Jesus, eu confio em vós, eu confio no Seu coração misericordioso, que me perdoa e acolhe hoje e sempre.


Colocar em prática

São João Paulo II disse: "que a humanidade acolha e compreenda a Divina Misericórdia". Em Mateus 5,7, Jesus diz: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia". Assim, a partir dessas duas frases, façamos uma análise se temos exercido a misericórdia ou se temos julgado e condenado nossos irmãos.

Na Catequese do Papa Francisco, em 10/09/2014, ele disse: "é a misericórdia que muda o coração e a vida, ela pode regenerar uma pessoa e permitir que esta se insira de modo novo na sociedade". Sabemos que Jesus é essa misericórdia que transforma os corações, mas nós precisamos nos convencer interiormente dessa verdade e colocá-la em prática na nossa vida.

Peçamos a intercessão da Mãe da Misericórdia, a Virgem Maria. Que ela nos conduza nesta "misericórdia que se estende, de geração em geração" (Lucas 1,50), para que, como seu Filho Jesus, possamos testemunhar com a vida o que professamos pela fé.



Padre Márcio Leandro Fernandes

Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Márcio Leandro é também Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP). Atua no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/misericordia-divina-esta-sempre-ao-nosso-alcance/


20 de abril de 2022

O que é a Oitava de Páscoa na Liturgia?


Após o domingo de Páscoa, a Igreja vive o Tempo Pascal. São sete semanas em que a Liturgia celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos, dando-lhes as suas últimas instruções (At 1,2). Quarenta dias depois da Ressurreição, Jesus teve a Sua ascensão ao Céu e, ao final dos 49 dias, enviou o Espírito Santo sobre a Igreja reunida no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa. O Espírito Santo dado à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso.

O Tempo Pascal compreende esses cinquenta dias (em grego = "pentecostes") vividos e celebrados "como um só dia". Dizem as "Normas Universais do Ano Litúrgico" que "os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, "como se fosse um único dia festivo", como um grande domingo" (n. 22).

O que é a Oitava de Páscoa na Liturgia?

Foto Ilustrativa: RyanKing999 by Getty Images

Vivamos a ressurreição de Jesus intensamente na Oitava de Páscoa

É importante não perder o caráter unitário dessas sete semanas. A primeira semana é a  "Oitava da Páscoa". Ela termina com o domingo da oitava, chamado "in albis", porque, neste dia, os recém-batizados tiravam as vestes brancas recebidas no dia do batismo. Esse é o Tempo Litúrgico mais forte de todo o ano. É a Páscoa (passagem) de Cristo da morte à vida, a sua existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, seu Corpo. No dia de Pentecostes, a Igreja é introduzida na "vida nova" do Reino de Deus. Daí para frente, o Espírito Santo guiará e assistirá a Igreja em sua missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a Parusia.

Nestes cinquenta dias de Tempo Pascal, e de modo especial na Oitava da Páscoa, o Círio Pascal é aceso em todas as celebrações, até o domingo de Pentecostes. Ele simboliza o Cristo ressuscitado no meio da Igreja.  Ele deve nos lembrar que todo medo deve ser banido, porque o Senhor ressuscitado caminha conosco, mesmo no vale da morte (Sl 22). É tempo de renovar a confiança no Senhor, colocar em Suas mãos a nossa vida e o nosso destino, como diz o salmista: "Confia os teus cuidados ao Senhor e Ele certamente agirá" (Salmo 35,6).

A alegria e as bênçãos do Tempo Pascal

Este é, portanto, um tempo de grande alegria espiritual, onde devemos viver intensamente na presença do Cristo ressuscitado, que transborda sobre nós os méritos da Redenção. É um tempo especial de graças, onde a alma mais facilmente bebe nas fontes divinas. É o tempo de vencer os pecados, superar os vícios,  renovar a fé e assumir com Cristo a missão de todo batizado: levar o mundo para Deus através de Cristo. É tempo de anunciar o Cristo ressuscitado e dizer ao mundo que somente nele há salvação.

Então, a Igreja deseja que nos "oito dias de Páscoa" (Oitava de Páscoa) vivamos o mesmo espírito do Domingo da Ressurreição, colhendo as mesmas graças. Assim, a Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de que "o tempo especial de graças", que significa a Páscoa, estenda-se por oito dias, e o povo de Deus possa beber mais copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável, onde o céu beija a terra e derrama sobre ela suas bênçãos copiosas.

Só pode beneficiar-se dessas graças abundantes e especiais aqueles que têm sede, que conhecem, acreditam e pedem. É uma lei de Deus, e quem não pede não recebe. E só recebe quem pede com , esperança, confiança e humildade.

Viva este tempo de graça

As mesmas graças e bênçãos da Páscoa se estendem até o final da Oitava. Não deixe passar esse tempo de graças em vão! Viva oito dias de Páscoa e colha todas as suas bênçãos. Não tenha pressa! Reclamamos tanto de nossas misérias, mas desprezamos tanto os salutares remédios que Deus coloca à nossa disposição tão frequentemente.

Muitas vezes, somos miseráveis sentados em cima de grandes tesouros, pois perdemos a chave que podia abri-los. É a chave da fé que, tão maternalmente, a Igreja coloca em nossas mãos todos os anos. Aproveitemos esse tempo de graça, para renovarmos nossa vida espiritual e crescer em santidade.


O significado do Círio Pascal

O Círio Pascal estará aceso por 40 dias, lembrando-nos que a grande vela acesa simboliza o Senhor Ressuscitado. É o símbolo mais destacado do Tempo Pascal. A palavra "círio" vem do latim  "cereus", de cera. O produto das abelhas. O círio mais importante é o que é aceso na vigília Pascal, como símbolo de Cristo – Luz, e fica sobre uma elegante coluna ou candelabro enfeitado.

O Círio Pascal é já, desde os primeiros séculos, um dos símbolos mais expressivos da vigília, por isso, ele traz uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, para indicar que a  Páscoa do Senhor Jesus, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos alcança com força sempre nova no ano concreto em que vivemos. O Círio Pascal tem em sua cera incrustado cinco cravos de incenso simbolizando as cinco chagas santas e gloriosas do Senhor da Cruz.

O Círio Pascal ficará aceso na Oitava da Páscoa e em todas as celebrações durante as sete semanas do Tempo Pascal, ao lado do ambão da Palavra, até a tarde do domingo de Pentecostes. Uma vez concluído o tempo Pascal, convém que o Círio seja dignamente conservado no batistério. O Círio Pascal também é usado durante os batismos e as exéquias, ou seja, no princípio e o término da vida temporal, para simbolizar que um cristão participa da luz de Cristo ao longo de todo seu caminho terreno, como garantia de sua incorporação definitiva à Luz da vida eterna.

Viver intensamente a Oitava da Páscoa é uma grande graça que Deus nos dá através da Igreja. Cultive esse tempo, com oração, meditação e vida sacramental, agradecendo ao Senhor tantas bênçãos.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/o-que-e-oitava-de-pascoa-na-liturgia/


18 de abril de 2022

Páscoa: Jesus está vivo, e tudo muda!


A liturgia do domingo de Páscoa nos propõe um trecho maravilhoso do Evangelho de São João (20,1-9) que nos conta: "No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então, ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava…"

Provavelmente, você conhece essa piada de Páscoa: "Por que Jesus apareceu ressuscitado pela primeira vez às mulheres?". E, sorrindo, alguém responde: "Para que a notícia se espalhasse mais rapidamente!".

Páscoa: Jesus está vivo, e tudo muda!

Foto ilustrativa: D-Keine by Getty Images / cancaonova.com

A Páscoa representa a Boa Nova

Sabendo que muitos acusam a Igreja de misógina, é melhor evitar esse tipo de piada. Sobretudo, temos que a evitar, porque essa que é a Grande Notícia, a grande Boa Nova, razão de nossa fé cristã, é a missão de todos os cristãos: temos que dizer ao mundo que Cristo está vivo, que Ele venceu a morte e as trevas.

São Paulo nos diz que se Cristo não ressuscitou dos mortos, a nossa fé é vã (cf. 1 Cor 15,14). Devo acrescentar: se Ele não ressuscitou, todos podemos ficar em casa, fechar todas as igrejas, parar de orar e de exercer a caridade. Quanto a mim, pego minha mala e vou para casa, certo de que perdi meu tempo.

Mas não! Cristo ressuscitou! E já que Cristo está vivo, tudo muda, pois o encontro com Jesus Ressuscitado é transformador: Ele nos coloca de pé, faz-nos avançar e crescer na caridade. Ele nos torna "melhores": mais humanos, mais espirituais, mais fortes, mais corajosos, vitoriosos.

Encontro que transforma corações

Essa é a experiência de Maria Madalena, dos apóstolos e de bilhões de pessoas ao longo da história. Esse encontro não cessa de transformar os corações em todo o mundo.

Ao ler isso que escrevo, talvez algumas pessoas pensem que essa realidade é grandiosa demais e impossível. Ou que isso pode ser verdade, mas que é preciso já estar bem "avançado" na fé para fazer esse encontro com o Ressuscitado.

Se alguém se sente o pior e indigno de Jesus: bem-vindo! Ele veio para os pobres, para os enfermos e para os pecadores… Ou seja, para nós!


Oração

A grande oração que os convido a fazer no dia da Páscoa é seguinte: "Senhor, quebra cadeias!".

Quando ressuscitou, Jesus destruiu as portas da morte que mantinham a humanidade cativa nas trevas: nenhuma cadeia pôde resistir à sua luz poderosa!

Ainda hoje, vamos pedir a Ele que venha ao nosso encontro:

 – Senhor, quebra as cadeias do ódio: o diabo, o grande perdedor, semeia em nós a xenofobia, a intolerância e o racismo; inspira-nos o perdão e a amar até o fim.

– Senhor, quebra as cadeias da falta de confiança: diante das provações da vida, especialmente da traição, da doença e da velhice, a tristeza instala-se e pode cegar-nos. Sem esperança, aguardamos apenas o pior: sentimos que nossa vida nada mais é do que ansiedade e desconfiança dos outros e de Deus. Que Cristo ressuscitado nos dê esperança e gosto pela vida e pela Eternidade.

– Senhor, quebra as cadeias do medo: porque, num contexto de epidemia, guerras e ataques, no qual é nítido o aumento significativo da violência, o medo nos paralisa e nos impede de sermos testemunhas da Luz de Cristo: paramos de lutar pelo Bem e nos escondemos! Que o Senhor nos dê força e coragem.

Por tantas outras razões: "Senhor Jesus, ressuscitado e vitorioso, quebra as cadeias do mal!".

Feliz Páscoa. Feliz vida nova!



Padre André Favoretti

Natural de Vitória – ES, foi ordenado sacerdote dia 25/06/2017, na diocese de Fréjus-Toulon, onde atua como missionário. Antes de ser padre, concluiu uma licenciatura em Geografia (UFES), foi professor e fez uma pós-graduação em filosofia (UFOP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/pascoa/pascoa-jesus-esta-vivo-e-tudo-muda/


13 de abril de 2022

Maria ensina o poder da fé em tempos difíceis


"A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele" (CATECISMO, n. 153). Portanto, o ato de acreditar não é fruto apenas de um esforço humano, mas é também ação da graça de Deus e do movimento do Espírito em nós. Em outras palavras, o Senhor vem em nosso auxílio para que acreditemos e, quanto mais unidos a Ele, tanto mais cresceremos na fé.

O Catecismo da Igreja Católica afirma também que a fé "é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que nos disse e revelou, e que a Santa Igreja nos propõe para crer, porque Ele é a própria verdade. Pela fé, o homem livremente se entrega todo a Deus. Por isso, o fiel procura conhecer e fazer a vontade de Deus" (n. 1814). Desta forma, compreendemos que não é sentimento, e sim virtude, sem a qual não conseguimos viver nossa relação com Jesus.

Com a ausência da fé, nossa experiência com Ele vai ser a mesma de quem estuda um personagem da História: veremos o Senhor como alguém que existiu num tempo, num espaço e morreu deixando um legado, ou, poderemos acreditar também que Cristo cumpriu o seu papel e está no Céu, indiferente a tudo o que vivemos por aqui.

Maria ensina o poder da fé em tempos difíceis

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Crer é ir além disso. É confiar em Jesus e no que ele disse a ponto de nos entregarmos ao seu projeto hoje, de integrar a "vontade de Deus" à nossa, deixando-o assumir o comando das coisas hoje, na realidade em que vivemos de pandemia, quarentena, isolamento, problemas econômicos, dificuldades familiares, doenças e tantas outras questões. A virtude da fé vai se fortalecendo em nós a cada resposta de entrega total e confiança que depositamos em Deus, mesmo nos tempos difíceis.

A fé inabalável da Virgem Maria

Maria é para nós modelo de alguém que acreditou integralmente no Senhor. Ao receber o anúncio do Anjo, Ela não hesitou, mas deu uma pronta resposta ao que tinha sido proposto a Ela por Deus. Desse modo, sem pensar nos desafios que viveria a partir deste "sim", entregou-se e aderiu ao projeto do Senhor para a sua vida. Ela creu que o Pai poderia fazer n'Ela algo impossível aos olhos humanos como foi a concepção de Jesus.

Essa fé em Maria mantém-se inabalável, mesmo nas piores condições: quando precisou fugir para o Egito porque Herodes queria matar Jesus; quando ouviu a profecia de Simeão no dia da apresentação do Senhor no templo ou quando Jesus se perdeu aos 12 anos. A fé sem limites da Virgem é evidenciada no momento da Paixão e Morte do Senhor: Maria acredita, mesmo quando encontra Jesus indo para o Calvário; não lhe falta a fé, quando estava de pé aos pés da Cruz. Sentia dor ao ver seu Filho morrendo, sofria pela falta de fé de muitos e por ver o corpo de Jesus dilacerado, entretanto, não deixou de confiar. Ela não estava indiferente a tudo isso. Pelo contrário, como mãe, sente na pele e na alma a dor do seu Filho, porém, não se desespera nem deixa de acreditar que tudo aquilo estava sob a vontade de Deus. Continuou a ter fé também na hora em que pegou seu Filho nos braços, sem vida, e o sepultou. Em Maria, a fé não era infundada. No que Ela acreditava? No que Jesus falou: que haveria de ressuscitar!


Maria nos sustenta

Na sua audiência geral, do dia 1 de abril de 2015, o Papa Francisco falou: "No Sábado Santo, a Igreja identifica-se mais uma vez com Maria: toda a sua fé está reunida n'Ela, a primeira e perfeita discípula, a primeira e perfeita crente. Na obscuridade que envolve a criação, Ela permanece sozinha a manter acesa a chama da fé, esperando contra qualquer esperança (cf. Rm 4, 18) na Ressurreição de Jesus".

Portanto, no momento mais difícil na vida de fé dos apóstolos, Maria foi quem sustentou a fé da Igreja. Se olharmos as escrituras, veremos que não há relatos de Maria indo ao sepulcro no domingo de manhã, como as mulheres que foram lá para embalsamar o corpo de Jesus (cf.Lc. 24, 1-8). Depois do anúncio de Madalena, Pedro e João também foram ao túmulo. João até afirma que, lá no sepulcro, "viu e creu" (cf. Jo. 20,8).

Essa afirmação do Papa nos sugere que, enquanto os apóstolos viveram – da Sexta-Feira Santa ao Domingo da Páscoa – a tristeza de quem ainda não acreditava na ressurreição. Maria, no Sábado Santo, mesmo sofrida, viveu a fé de que Cristo iria ressuscitar. É provável que Ela não tenha ido ao sepulcro porque acreditava, contra toda a esperança, na Ressurreição de Jesus. E até por isso o sábado é o dia dedicado a Maria.

A fé que precisamos ter

A fé é, portanto, uma das virtudes que sustentou Nossa Senhora e que sustenta todo cristão. Diante das piores dificuldades e das situações mais adversas, como essa que a humanidade está vivendo – da pandemia que nos põe isolados e sem certezas do que vai ser amanhã  ou na dúvida sobre quais atitudes devemos tomar – é a partir da fé que precisamos agir. Da fé que mantém acesa a esperança que nos conserva fiéis, ainda que tudo em nossa volta pareça ruir.

Neste momento, importa ter em nossos corações a Palavra de Deus, a Tradição e o Magistério da Igreja que nos mostram que a morte não é a última palavra e que a nossa fé é pascal: passa pela morte e termina com a vida. Hoje, podemos pedir ao Senhor, com a intercessão da Virgem Maria, o dom e a virtude da fé, para que ela nos conduza com a graça e a ação do Espírito. Na nossa vida nada acontece por acaso! Em todas as situações precisamos ver com os olhos da fé.



Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/maria-ensina-o-poder-da-fe-em-tempos-dificeis/