Infelizmente, é muito fácil julgar e condenar as pessoas. Sem dúvida, as redes sociais têm potencializado essa falha incompassível. Isso ocorre porque o julgamento e a condenação pressupõem a desumanização da pessoa julgada, quer dizer, ignorasse que falamos de alguém como nós, com sentimentos, família e suas próprias qualidades. É mais cômodo para o agressor atacar a "@ana_julia_123" do que a menina Ana Júlia, filha do Marcelo e da Renata, irmã do Felipe, que adora livros de aventura e musicais da Disney. O ensinamento de Jesus Cristo não poderia ser mais claro e objetivo: "Não julgueis, e não sereis julgados" (Mt 7,1), mas é a desumanização que tem possibilitado os corriqueiros e cruéis discursos de ódio.
Quando o alvo do julgamento é observado como uma pessoa, como eu e você, com seus próprios problemas, sentimentos e sua dignidade, a ofensa se torna penosa para o próprio agressor. Se, do contrário, esquecermos dessa humanidade e, no calor no momento, condenarmos sem ponderar a situação do outro, cometemos o erro da "desumanização que nos apresenta sob a forma da indiferença, da hipocrisia e da intolerância" (Papa Francisco).
Na internet, a desumanização é ainda mais comum. Com lamentável frequência, temos nos deparado com discursos de ódio e narrativas de agressão nas redes sociais. Sempre me intrigou o fato de haver pessoas que se dispõem a "seguir" outras, única e exclusivamente, para ofender e criticar cada foto, cada comentário, cada postagem. É uma vida muito vazia. Claro que não são críticas construtivas, são ataques injustos, fundamentados na frustração e no desespero do próprio agressor. E para tentar amenizar esse cenário tão comum na internet, o papel do cristão é ser um agente do amor e da caridade.
Busque não alimentar o discurso de ódio!
Eis o verdadeiro desafio: "Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa?" (Mt 5, 46). Assim, a proposta é tratar os agressores com caridade. Se o método de agressão é a desumanização, a resposta deve ser humanitária. Ouvir, refletir e ponderar. É uma tarefa difícil. Tentar ajudar quem está disposto apenas a agredir é oferecer a outra face (Mt 5, 39). Precisamos buscar compreender o que levou o agressor à prática dos julgamentos e não alimentar esse ódio.
"O perigo consiste em negar o próximo e assim, sem se dar conta, negar a sua humanidade, a nossa humanidade, negar-nos a nós mesmos e negar o mandamento mais importante de Jesus. Esta é a desumanização" (Papa Francisco). O exercício de empatia não é fácil. É preciso respirar fundo, ponderar, refletir e, só então, transmitir uma mensagem de caridade. Nas redes sociais, esse desafio deveria ser mais fácil, porque não há necessidade de uma resposta imediata. É possível ler, reler, pensar, beber água e rezar para, só então, escrever a resposta.
Que Deus nos dê firmeza e serenidade para sempre enxergarmos o outro como igual, como humano, como irmão. É importante sempre considerar que mesmo o agressor tem sua parcela de sofrimento e, se ele está disposto a apenas propagar o ódio, ele precisa mais de ajuda do que de condenação. É uma missão árdua, não há dúvidas. Que Deus nos ajude. Que assim seja.
Referências:
BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.
PAPA FRANCISCO. Mensagem aos participantes no encontro dos movimentos populares realizado em Modesto, Califórnia. 10 fev. 2017.
Luis Gustavo Conde
Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos. Palestrante focado na doutrina cristã. Advogado com atuação na área de Direito de Família e Direito Bancário. Tecnólogo em Gestão Empresarial. Professor de cursos técnicos-profissionalizantes.
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