29 de agosto de 2014

Pai, onde está o seu filho?

Pai, você sabe o que representa para o seu filho? E o que seu filho representa para você? 

"Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração e não as vestes; volte o Senhor vosso Deus: ele é benigno, e compassivo, paciente e cheio de misericórdia" (Joel 2, 12-13). Essa reflexão é para aquele pai que perdeu o endereço do seu filho e quer reencontrá-lo.

Pai, onde está o seu filho?

Lendo o livro 'Eu e Deus, Deus e Eu', da autora Cristiana Miranda Lima, fiquei pensando que ali estaria o jeito certo de iniciar este escrito. A autora nos provoca a pensar sobre a importância de nos apresentarmos a Jesus como somos e com o que trazemos dentro de nós. "Se teu coração já não cabe em você de tanta dor e sofrimento, traga-o, em lágrimas e gemidos, com todas as feridas, e junte-o ao coração de Jesus. O Sangue d'Ele vai curar o seu coração. Jesus é misericordioso e zela por você, porque n'Ele nasce e morre todos os nossos sentimentos", assegura Cristiana Lima. Pois bem, queremos apresentar a esperança e o consolo a todos os pais que tanto desejaram ser pai, mas as circunstâncias mudaram os seus planos. Quer seja pela morte de um filho, uma separação indesejada, o abandono dos seus rebentos ou até mesmo, por não terem conseguido cumprir a sua missão dignamente, e hoje, se encontra só, arrependido, com o coração cheio de lágrimas e gemidos a Jesus.

Pai, onde está o teu filho?

Volte para o Senhor e, juntamente com você, traga o seu filho. Este seria, sem dúvida, um bom retorno. Não voltar sozinho, mas acompanhado de quem você permitiu que viesse ao mundo. Assim, grandes serão as possibilidades de perdão, reencontro, amor, compromisso e aceitação. O Senhor é benigno, compassivo, paciente e cheio de misericórdia para acompanhá-lo nesse retorno. O Senhor é aquele que larga as noventa e nove ovelhas e sai em uma busca de uma. Podemos imaginar o que ele não faria para obter uma família de volta; em especial, um relacionamento saudável entre pai e filho. Eu o convido a pensar na figura do Pai que esteve fora do lugar, mas que decidiu reconquistar o que nunca havia perdido: o amor do filho.

Pai, onde está o seu filho?

Ao entrar em uma casa de assistência aos idosos, observamos tantos pais ali presentes. Sem nenhum julgamento, a curiosidade pesa sobre as causas que os levaram a morar naquele espaço sem a presença da família. Assim também imagino o que levaria uma criança ou um adolescente, um jovem… Enfim, um filho a passar o dia na rua ou diante do WatsApp em busca de uma companhia virtual. Compreendo a semelhança entre o idoso na casa de abrigo, na maioria das vezes abandonado pela família, e esse adolescente na casa de abrigo conhecido como "internet". Essa prática é consequência da indisciplina dos cuidadores.

Todos, com certeza, queriam estar em suas casas, ao redor da mesa, recebendo diariamente o carinho dos filhos; e os filhos, por sua vez, mesmo que não transpareçam, querendo ser alcançados pelos seus pais. Não é a proibição do computador que vai trazer de volta o filho à mesa, mas a inteligência do pai redimido ao reconhecer que se deixou ser substituído. É a brincadeira, o diálogo saudável, o ambiente alegre, a relação sólida entre pai e filho. É o cultivo da fé que manterá essa chama acesa.

E agora, José, onde estão os seus filhos?

Os pais precisam permitir que seus filhos os alcancem. Filhos precisam alcançar os pais quando pequenos, para que estes possam continuar lhes alcançando por toda a vida. Quem não alcança quem quer no tempo certo, perde-se desse alguém em algum tempo, não é mesmo? Portanto, de tudo fica a certeza de que os filhos não podem perder o pai de vista, e o pai deve aprender como e quando alcançar o filho que nasceu para ser seu para sempre.

Atenção, pais, aos filhos que não lhes correspondem, porque esses também correm o risco de ser abandonados. Os filhos que se assumiram homossexuais, aqueles outros envolvidos com drogas, os que não se formaram doutores, as filhas que não casaram com um bom partido ou aquelas que preferiram a prostituição também precisaram estar na consciência do seu coração. Ainda há tempo, e se assim fizer, não mais precisará continuar se apresentando ao Senhor com o coração cheio de lágrimas e gemidos, mas agradecido a Deus, por ter feito um caminho de volta a partir do reconhecimento das suas faltas.

Pai, busque o seu filho de volta

Que, ao terminar de ler este texto, seu coração e seus pensamentos estejam em movimento. Você se sentirá um pai perdoado por Deus e acolhido pela missão que, em algum momento da vida, quis ter. Pai, o seu filho precisa estar ao lado de alguém que não desistiu de ser pai dele. Lembre-se: "Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura" (Exortação Apostólica – A Alegria do Evangelho do Papa Francisco). Faça você o mesmo em sua casa.


Judinara Braz

Administradora de Empresa com Habilitação em Marketing. Psicóloga especializada em Análise de Comportamento. Autora do Livro "Sala de Aula, a vida como ela é." Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA).


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/pai-onde-esta-o-seu-filho/

27 de agosto de 2014

Como faço para ouvir a voz de Deus?

Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/como-faco-para-ouvir-a-deus/

Você já ouviu a voz de Deus? Como saber se realmente é Ele quem fala e não nós mesmos?

No início da Bíblia, encontramos um verbo que é vinculado a Deus em todo o Livro Sagrado: "Deus disse" (Gn 1,3). Ao longo de toda a Escritura, podemos observar que o Senhor mantém uma relação íntima com o homem, a qual é baseada no diálogo. O próprio Livro da Bíblia é um meio que Ele usa para nos falar. Mas você já ouviu a voz de Deus? Como saber se realmente é Ele quem fala, e não nós mesmos? Ele fala apenas com pessoas perfeitas?

Podemos nos assustar ao observarmos a vida dos santos e notar o nível de diálogo que eles mantinham com Deus. Santa Teresa, por exemplo, em certa ocasião em que viajava, caiu em uma poça de lama. Então, olhou para o céu e disse: "Senhor, por que tantas dificuldades no caminho se estou cumprindo Tuas ordens?". O Senhor lhe respondeu: "Teresa, não sabes que é assim que trato os meus amigos?". Ela retrucou: "Ah, Senhor, então é por isso que tens tão poucos!".

Como ouvir a Deus?

Deus deseja ser próximo do homem, criar intimidade e amizade com ele. Observemos, por exemplo, a relação de Deus com Adão. Ao criá-lo, o Senhor permitiu que ele desse nome a toda criação e o alertou sobre o fruto proibido. O Senhor Deus também lhe disse: 'Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada'" (cf. Gn 2,15s). Vejamos a proximidade com que Deus conservava o homem! Ele nos criou para convivermos em Sua intimidade.

Existe um caminho a ser seguido para chegar a uma escuta íntima de Deus, porém, é um caminho, não uma fórmula, pois há grande erro em buscar uma uniformidade quando queremos escutar o Senhor. Ele nos fez únicos e nos ama com um amor particular, portanto, nos fala de forma individual. O Senhor usa da linguagem que estamos acostumados, fala no idioma que compreendemos.

Vamos, então, observar alguns passos importantes nessa experiência:

- Buscar a Deus. Isso é obvio, mas precisa ser dito. Não ouviremos o Senhor se não o buscarmos. Deus é uma pessoa, e quando queremos dialogar com uma pessoa, procuramos meios para chegar a ela. Busque momentos para estar com o Senhor, só com Ele, sem celular, sem música, sem leitura, apenas com o Pai. "Quando rezar, entre no seu quarto, feche a porta e reze ao seu Pai" (Mt 6,6).

- Fale o que você quer falar. Muitos sofrem, pois ficam com a cabeça cheia durante a oração, pensam em muitas coisas, veem muitas situações e se distraem facilmente. O que pode nos ajudar é, ao chegarmos à capela, falarmos para Deus tudo o que queremos, gastar uns dez minutos de limpeza da mente, falar do cansaço, do trabalho, da família, e, após isso, silenciar um pouco.

- O desejo de ouvir, às vezes, atrapalha. Muitas vezes, criamos ansiedade e expectativas que nos atrapalham. A tensão não colabora para que nosso coração encontre o coração de Deus. É importante que haja liberdade em estar com Ele, sem obrigações, sem cobranças. Não cobre Deus para que fale, e não se cobre uma atitude ou a necessidade de fazer alguma coisa. Esteja livremente junto d'Ele.

- Silencie. Estamos falando de diálogo, uma grande dificuldade da relação humana, pois não aprendemos a ouvir o outro. A agitação e o ritmo acelerado que a sociedade vive nos deixam sempre apressados, querendo tudo para agora. Assim, não deixamos as pessoas falarem, nos antecipamos à fala do outro, queremos adivinhar o que ele vai dizer. Do mesmo jeito que agimos com as pessoas, na agitação, transferimos para Deus. Após um momento de oração, de dizer tudo o que quer a Deus, é importante dar tempo para que Ele fale, é necessário silenciar no ambiente e em nosso coração. O princípio de uma boa escuta é dar tempo para o outro falar.

Deus realmente falou comigo?

Deparamo-nos, às vezes, com essa dúvida. Para isso, precisamos sempre ter em mente que o Senhor não se contradiz. Por isso, se aquilo que ouvirmos for contra alguma lei que Ele já instituiu, contra o amor ao outro ou contra a Igreja, ficará fácil saber que não vem d'Ele.

Conforme criamos intimidade com o Senhor, reconhecemos com mais rapidez Sua voz em nossa consciência. Ele também nos fala nos fatos, na Bíblia, por meio de uma música ou por intermédio de outra pessoa. Particularmente, eu já O ouvi num momento de contemplação a Jesus Eucarístico. O Senhor também já falou diretamente ao meu coração. Em um outro momento, Ele respondeu minha pergunta através de um fato: eu queria saber se era da vontade d'Ele que algo acontecesse em minha vida, e as coisas se esclareceram de tal forma, que eu vi a mão de Deus agindo sobre mim.

Diante das experiências que trago, há um ponto importantíssimo que prova, realmente, se Deus falou comigo. Quando Ele fala, Suas palavras ecoam por muito tempo, e o que Ele diz se cumpre. "O que disse, executarei; o que concebi, realizarei" (Isaías 46,11). Deus é fiel ao que diz! E o que Ele fala fica gravado em nós, não se apaga, porque Sua voz ecoa em nossa existência.

O Senhor deseja cultivar, com cada um de Seus filhos, uma relação pessoal e íntima. Reze  e peça essa intimidade ao Espírito Santo, pois Ele é o mediador.

Que o Senhor nos dê um coração aberto e ouvidos atentos à Sua voz.

Paulo Pereira

José Paulo Neves Pereira nasceu em Nossa Senhora do Livramento (BA). É missionário da Comunidade Canção Nova e atua no setor de Novas Tecnologias da TVCN. Twitter: @paulopereiraCN

25 de agosto de 2014

Como viver a castidade no casamento?

É possível viver a castidade dentro do matrimônio

Muitas pessoas acreditam que castidade significa abstinência sexual e, por isso mesmo, é uma virtude para o tempo de namoro e noivado. Porém, todo cristão é chamado a ser casto em seu estado de vida específico (celibato ou matrimônio). Surge então o desafio de entender o que seria a castidade dentro do casamento, e como ela funciona na prática. Para mim, três conceitos são essenciais para entendermos o que ela significa: fidelidade, doação e totalidade.

Todos nós sabemos que, no rito do matrimônio, é feita a promessa da fidelidade. Porém, gostaria de convidá-lo a olhar com outros olhos essa decisão. Fidelidade significa ser exclusivo de alguém, separar o que somos e a nossa afetividade sexual para uma única pessoa. É reservar o que temos de mais precioso para entregar àquele que se mostrou digno de nos receber por causa do seu amor (comprometido na saúde e na doença, na alegria e na tristeza…). Sendo o matrimônio nossa vocação, nos nossos esposos Deus colocou tudo o que é necessário para nos completar e nos saciar em todos os aspectos – também no sexual.

Como viver a castidade no casamentoO outro é um tesouro escondido que encontramos, e pelo qual vendemos todos os nossos bens (incluindo outras pessoas). Costumo dizer para os noivos que deveriam olhar um para o outro e sentir: "Nossa, essa pessoa é um tesouro! Não posso perdê-la!". Se estiver em dúvida sobre isso, não se case. A exclusividade não pode ser um peso, uma prisão! Ela é um ganho, uma sorte grande de ter encontrado alguém tão especial para dividir a vida.

A fidelidade não é algo prático (não trair) ou imposta pelo meio exterior. Para ser verdadeira deve nascer no interior e governar cada pensamento, cada sentimento da pessoa. Amo uma passagem onde Jesus surpreende os fariseus falando sobre o adultério. Ele diz: "Todo aquele que olhar para uma mulher com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela em seu coração". Pense que loucura!

A pessoa não praticou nenhum ato, ninguém sabe que ela pensou aquilo, mas Jesus diz que ela já cometeu adultério (nem preciso dizer quão grave é a pornografia após entendermos isso). A verdadeira fidelidade é um voto feito a Deus, uma consagração da sexualidade. Algo pessoal e íntimo, que diz respeito a nós e a Deus. A nossa fidelidade não pode ser determinada pelas atitudes do outro (mesmo que ocorra traição da outra parte). A nossa fidelidade gerará santidade e realização em nós e trará segurança e paz para nossa casa.

Em relação à doação, precisamos ter em mente o conceito verdadeiro do sexo e da realização sexual (explicado em outro artigo). A doação na castidade matrimonial envolve não usar do sexo e do outro para a nossa satisfação, mas buscar a doação para tornar o outro realizado. Com isso, dentro da relação sexual não sobra espaço para o desrespeito, para as atitudes que fogem da natureza humana ou para a agressividade. Sendo vocação, a nossa entrega ao esposo é uma representação terrestre da nossa entrega ao próprio Deus. Ele se torna a representação viva de Cristo, a quem devemos respeito, amor, serviço e dedicação. Na vida sexual, a realização do outro é nosso dever, nosso objetivo. Por isso, vivemos a sexualidade não para nós, mas para o outro. Nessa entrega está nossa realização.

Para ser verdadeira, essa doação precisa envolver tudo o que somos, a nossa totalidade. Nosso intelecto, sentimentos, nossa história e corpo. Tudo aberto e disponível para o outro, para completá-lo. A relação sexual na total doação não pode ter limitação, precisa acolher tudo o que o outro é, inclusive na sua fecundidade. Por isso, um casal que se fecha aos filhos (usando métodos anticoncepcionais, por exemplo), está rejeitando um dom existente no outro. Não se doam por completo e, por isso, não vivem uma castidade real.

Deus fez o ser humano de forma que um casal é fértil durante um pequeno período em cada ciclo menstrual e em uma fase restrita da vida. Assim sendo, Ele permitiu que fosse possível a vida sexual nos outros dias e fases sem a geração de um novo filho. A fecundidade do outro é um dom, e se estou fechada a isso, não o estou acolhendo em sua totalidade.

Você deve ter percebido que a castidade no matrimônio é um grande desafio diário e para a vida toda. Ela é uma representação da própria fidelidade de Cristo à Igreja, e é um dom que deve ser pedido a Deus constantemente. Com certeza , gerará uma grande felicidade para aqueles que a conquistarem. Termino com uma frase linda do Catecismo da Igreja Católica: "A castidade comporta uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz (§2339)."



Roberta Castro

Roberta Castro é Ginecologista e especialista em terapia familiar. Coordenadora do Ministério de Música e Artes da Renovação Carismática Católica no Estado do Espírito Santo.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/castidade/como-viver-a-castidade-no-casamento/

22 de agosto de 2014

O Avô e os Lobos

Um velho avô disse a seu neto, que veio a ele com raiva de um amigo que havia feito uma injustiça:
"Deixe-me contar uma história. Eu mesmo, algumas vezes, senti grande ódio daqueles que lhe 'aprontaram' tanto, sem qualquer arrependimento daquilo que fizeram. Todavia, o ódio corrói você, mas não fere seu inimigo. É o mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra. Lutei muitas vezes contra estes sentimentos".
E ele continuou:
"É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não magoa. Ele vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende quando não se teve intenção de ofender. Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta. Mas, o outro lobo, ah!, este é cheio de raiva. Mesmo as pequeninas coisas o lançam num ataque de ira! Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. Ele não pode pensar porque sua raiva e seu ódio são muito grandes. É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar coisa alguma! Algumas vezes é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito".
O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou:
"E qual deles vence, vovô"?
O avô sorriu e respondeu baixinho:
"Aquele que eu alimentar mais freqüentemente".
É difícil pensar em amar alguém que você não gosta, amar quem o prejudica ou alguém que o ofendeu. Mas por mais que tentemos, ou que queiramos, a verdade é que o ódio corrói nosso espírito, e somos os maiores prejudicados.
Pense em como você pode amar a seu semelhante, não importando o que ele fez, ou qualquer que tenha sido a sua atitude. Afinal, só o amor constrói.
(Autor desconhecido)
 
Pensamento: "Nunca faça nada durante um ataque de raiva, pois fará tudo errado". John Kennedy (1917-1963)
 

21 de agosto de 2014

Quem é Jesus?

Como foi possível que esse Homem pobre, que vivia em uma cidadezinha de Israel, se tornasse o mais conhecido e amado da história?

Foi um judeu, carpinteiro humilde que só fez o bem, mas foi condenado à morte. Contudo, marcou profundamente a história da humanidade. Alguns O classificam de sábio; outros, de Mestre e Profeta. Como foi possível que esse Homem pobre, que vivia em uma cidade desprezada em Israel, que jamais escreveu um livro, não fez parte da elite, não foi militar, escriba, doutor nem artista, não procurou impor pela força Seus ensinamentos, se tornasse o Homem mais conhecido, mais amado e admirado da história? Por que, ainda hoje, tantas pessoas estão dispostas a segui-Lo, às vezes, com o sacrifício da própria vida?

Simplesmente, porque Ele é, de fato, o que afirmava ser. Pelos séculos, milhões de homens e mulheres têm descoberto, por meio de um relacionamento pessoal com Jesus Cristo, alguém infinitamente maior que um Mestre ou Profeta. Ao escutar e receber Sua mensagem, O reconheceram pelo que Ele é: inteiramente Deus e inteiramente Homem, plenamente Amor e plenamente Verdade. Eles O reconheceram como Salvador, Sua Morte, Sua Ressurreição, Sua mensagem e Sua pessoa lhes deram um novo sentido para viver. "Quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificando" (cf. 1 Cor 2,1-2).

Quem-e-Jesus?

Jesus é Deus

"Cristo é sobre todos, Deus bendito eternamente" (Rm 9,5). Criador de todas as coisas e Aquele por quem elas subsistem (Cl 1,16.17). Em Seu imenso amor, foi manifesto na carne, revelando-se como Homem: é um grande mistério e uma realidade revelada para nossa salvação e bênção agora e eternamente.

As Sagradas Escrituras declaram que Jesus é Deus:

"No princípio, era Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (cf. Jo 1,1-2) Ele estava no princípio com Deus.

O Deus Pai disse a respeito do filho: "Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos" (Hb 1,8). Seus atributos são os mesmos de Deus: É onipresente: "Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mt 28,20). É onipotente: "Esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas" (Fl 3,20-21). É imutável: "Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente" (Hb 13,8). "Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2,9). "É um com o Pai: "Eu e o Pai somos um" (Jo 10,30)".

Observar as obras de Cristo é ver Deus trabalhando, escutar as palavras de Cristo é ouvir a voz do próprio Deus. Isso parece simples. Mas não o é. Considerar o Senhor Jesus como algo menos que Deus, por exemplo, um "mestre da moral", "um espírito evoluído" ou "o maior benfeitor da humanidade" é afronta do pior grau possível! É não conhecer a Bíblia Sagrada e não ter experiência abissal com Jesus Cristo. "Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?" (Mt 8,27). "Que dizem os homens ser o filho do homem?" (Mt 16,13). E Simão Pedro, respondendo, disse: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" (Mt. 16,16).

E a multidão dizia: "Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia" (Mt 21,11). "Jesus é a Palavra de Deus" (Jo 1,1). "Jesus é o Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Ap. 19,16).
Diz Santo Agostinho de Hipona: "Se quereis viver piedosa e cristãmente, abraçai-vos a Cristo-Homem e chegareis a Cristo-Deus". "Cristo-Deus é a pátria para onde vamos e Cristo-Homem é o caminho por onde vamos".

O erudito escritor Giovanni Papini, autor do clássico História de Cristo, escreve: "Milhares de santos por ti sofreram e por ti se extasiaram, mas, ao mesmo tempo, milhares e milhares de renegadores e de dementes continuaram a esbofetear a tua face sanguinolenta. Justamente por não Te amarmos suficientemente, temos necessidade de todo o Teu amor".

A nossa vida só poderá ser feliz se vivermos, em Jesus Cristo, uma dimensão eterna de salvação e no amor a Deus e ao próximo! Sua graça e Seu Evangelho é tudo para Seus discípulos.


Padre Inácio José do Vale

Padre Inácio José do Vale é professor de História da Igreja no Instituto de Teologia Bento XVI (Cachoeira Paulista). Também é sociólogo em Ciência da Religião.


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/quem-e-jesus/

20 de agosto de 2014

Simplifique sua vida!

Tudo o que é belo tende a ser simples. Afirmação generalizante? Não sei. O que sei é que a beleza anda de braços dados com a simplicidade. Basta observar a lógica silenciosa que prevalece nos jardins. Vida que se ocupa de ser só o que é.
 
Não há conflito nas bromélias, não há angústia nas rosas, nem ansiedades nos jasmins. Cumprem o destino de florirem ao seu tempo e de se despedirem do viço quando é chegada a hora. São simples.
 
Não querem outra coisa, senão a necessidade de cada instante. Não há desperdício de forças, não há dispersão de energias. Tudo concorre para a realização do instante. Acolhem a chuva que chega e dela extraem o essencial. Recebem o sol e o vento, e morrem ao seu tempo.
 
Simplicidade é um conceito que nos remete ao estado mais puro da realidade. A semente é simples porque não se perde na tentativa de ser outra coisa. É o que é. Não desperdiça seu tempo querendo ser flor antes da hora. Cumpre o ritual de existir, compreendendo-se em cada etapa.
 
Já dizia o poeta: "Simplicidade é querer uma coisa só". Eu concordo com ele. O muito querer nos deixa complexos demais. Queremos muito ao mesmo tempo, e então nos perdemos no emaranhado dos desejos. Há o risco de que não fiquemos com nada, de que percamos tudo.
 
Aquele que muito quer corre o risco de nada ter, porque o empenho e o cuidado é que faz a realidade permanecer. O simples anda leve. Carrega menos bagagem quando viaja, e por isso reserva suas energias para apreciar a paisagem. O que viaja pesado corre o risco de gastar suas energias no transporte das malas. Fica preso, não pode andar pelo aeroporto, fica privado de atravessar a rua e se transforma num constante vigilante do que trouxe.
 
A simplicidade é uma forma de leveza. Nas relações humanas ela faz a diferença. O que cultiva a simplicidade tem a facilidade de tornar leve o ambiente em que vive. Não cria confusão por pouca coisa; não coloca sua atenção no que é acidental, mas prende os olhos naquilo que verdadeiramente vale à pena.
 
Pessoas simples são aquelas que se encantam com as coisas menores. Sabem sorrir diante de presentes simbólicos e sem muito valor material. A simplicidade lhe capacita para perceber que nem tudo precisa ter utilidade. E por isso é fácil presentear o simples.
 
Dar presentes aos complicados é um desafio. Não sabemos o que eles gostam, porque só na simplicidade é possível conhecer alguém. Só depois que as máscaras caem pelo chão e que os papéis são abandonados a gente tem a possibilidade de descobrir o outro na sua verdade.
 
Eu gostaria de me livrar de meus pesos. Queria ser mais leve, mais simples. Querer uma coisa só de cada vez. Abandonar os inúmeros projetos futuros que me cegam para a necessidade do momento. Projetos futuros valem à pena, desde que sejam simples, concretos e aplicáveis. Não gostaria que a morte me surpreendesse sem que eu tivesse alcançado a simplicidade. Até para morrer os simples têm mais facilidade. Sentem que chegou a hora, se entregam ao último suspiro e se vão.
 
Tenho uma intuição de que quando eu simplificar a minha vida, a felicidade chegará em minha casa, quando eu menos esperar.
 
( Padre Fábio de Melo )

Pensamento: No essencial, a unidade; na dúvida, a liberdade; em tudo, a caridade. Santo Agostinho.

Jornada para o céu. Você tem um mapa?

Em nossa jornada rumo ao céu não é possível trilhar um caminho sozinho, menos ainda sem referências de onde se quer chegar

Os mapas nos ajudam na localização de lugares que não conhecemos ou que temos dificuldades para chegar. No entanto, é preciso usá-los de maneira correta, caso contrário, ficaremos perdidos no meio do caminho. Nossa vida espiritual também precisa de um mapa para que consigamos chegar ao céu. Sem ele ou sem um guia confiável, corremos o risco de nos perder ao longo da trajetória da vida. Em nossa caminhada rumo ao céu, alguns passos são fundamentais:

Jornada para o céu. foto - Daniel Mafra

1 – Respeitar o diferente

Nem sempre é fácil conviver com quem pensa diferente de nós. O respeito para com o outro nasce a partir do momento em que o reconhecemos não como um inimigo, mas como um ser humano limitado, necessitado de nossa ajuda e compreensão. Assim como ele, ainda estamos em processo de construção.

2 – Evitar o julgamento

Todo julgamento sempre nos conduz a graves desentendimentos. Jesus nunca julgou o outro; pelo contrário, sempre olhou para cada pessoa a partir das possibilidades que este carregava no coração. Quando julgamos o próximo, experimentamos, em nós mesmos, a consciência de que também não somos perfeitos.

3 – Reconciliar-se com o tempo

Queremos tudo para hoje e não damos ao tempo o período necessário para o amadurecimento interior de nossos sentimentos. Muitas pessoas têm sufocado a si e aos outros com sua pressa e ansiedade. Quem colhe frutos verdes experimenta em si o amargo das antecipações.

4 – Reflexão interior

Cada gesto, atitude, palavra, olhar e decisão trazem em si suas próprias consequências. Nossas escolhas sempre terão alguma consequência em nossa vida. Diante da vida e de seus desdobramentos, uma pergunta é sempre essencial: "Qual lição eu aprendi com este acontecimento?". A cada lição aprendida, o tesouro da nossa sabedoria irá se enriquecendo com as pérolas do aprendizado.

5 – Viver em comunidade

Em tempos de comunidades digitais, a vida física clama pela nossa presença. Nada pode substituir um abraço, um sorriso, um olhar carinhoso e terno. A vida em comunidade nos torna irmãos e irmãs. Quem se isola foge de si mesmo e dos outros.

6 – Ser solidário

A solidariedade é o amor ao próximo manifestado em gestos concretos. Nossos gestos solidários ganham inspiração cristã quando reconhecemos, em quem precisa de nossa ajuda, o próprio Cristo.

7 – Cultivar uma vida espiritual

A alma se alimenta daquilo que a ela oferecemos. Só vamos crescer interiormente quando alimentarmos nosso coração de uma espiritualidade madura e cristã, que reconheça a Cristo Ressuscitado como base de nossa fé.

8 – Alimentar-se da Palavra de Deus

Se o alimento é necessário à saúde biológica do nosso corpo, a Palavra de Deus é alimento seguro para a saúde de nossa vida interior. Quem busca na Palavra a luz para guiar seus passos tem seu caminho iluminado pelo amor do Pai.

9 – Ser amigo do silêncio

Tão importante quanto a fala é o silêncio. Se com ela ocorre a comunicação verbal, com o silêncio do nosso coração ocorre a comunicação espiritual. Coração silencioso é abrigo para as respostas de Deus à nossa vida.

10 – Vida de Oração

Quando descobrimos Deus como um amigo, jamais podemos ficar um dia sem falar com Ele. Na oração, fazemos a descoberta de uma amizade em que o filho se abandona totalmente nas mãos do Pai que o ama infinitamente. Se a oração é diálogo, a conversa que nasce dessa relação entre nós e Deus se chama amor.


Padre Flávio Sobreiro

Padre Flávio Sobreiro Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre - MG. Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre - MG. www.facebook.com/peflaviosobreiro www.padreflaviosobreiro.com


Fonte: http://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/jornada-para-o-ceu-voce-tem-um-mapa/