4 de setembro de 2013

Qual a importância de uma espiritualidade conjugal?

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Uma graça que santifica o casal

Espiritualidade significa viver segundo o Espírito. Espiritualidade conjugal é aprender, do Espírito, como viver conjugado, unido, é para ser vivida na carne, situada no tempo e no espaço, é concreta, dinâmica. É uma espiritualidade encarnada, uma graça que santifica o casal não apesar da vida conjugal, mas por meio dela. A vida conjugal torna-se instrumento e meio de vivência e expressão da espiritualidade.


Podemos falar em espiritualidade conjugal exatamente porque foi o próprio Deus que, ao longo das páginas da Sagrada Escritura, se apropriou dessa imagem para expressar e manifestar seu infinito amor pela humanidade. O amor conjugal precisa ser anúncio explícito do amor apaixonado de Deus pela humanidade.

Não existe nenhum amor mais intenso e profundo do que o amor conjugal. O envolvimento amoroso de um casal é o mais pleno que existe, pois implica corpo, alma, coração, sentimentos, emoções, sangue e sonhos. Tudo isso porque Deus o fez instrumento de revelação do seu amor por nós. 


O maior objetivo da espiritualidade conjugal é ajudar o casal a vencer a indiferença religiosa do ser humano moderno. Não existe praga pior do que a indiferença, que é sempre egocêntrica e infantilizadora. O indiferente religioso não é contra Deus nem contra as religiões, ele é sempre a favor de si mesmo. Pior do que a idolatria é a egolatria.


Muitos pensadores e filósofos previram o fim das religiões. Os grandes pensadores ateus anunciavam para breve o fim da era da dependência religiosa, ópio do povo, cachaça de má qualidade, infantilismo psicológico, instrumento de dominação capitalista e reflexo do primitivismo humano, que não conseguia explicações e soluções científicas para os problemas. Freud, Marx, Nietzsche, Ferbauch, Comte, Simone de Beauvoir e tantos outros que apregoaram o fim dessa praga chamada religião.

Todas as suas previsões deram em nada. Nunca o mundo buscou tanto o alimento para sua alma. Apesar de todos os progressos tecnológicos e científicos, o homem do século XXI é profundamente religioso, embora, muitas vezes, sua experiência religiosa não vá além de princípios irresponsáveis de autoajuda. Não tenho dúvida de que toda busca desenfreada pela autoajuda é transferência imatura da busca pela ajuda do Alto.

A espiritualidade conjugal, e como consequência a espiritualidade familiar, tem a grande missão de ajudar o ser humano moderno a encontrar os caminhos para essa ajuda do Alto.

A falta de uma espiritualidade conjugal tornou-se um dos grandes assassinos do amor. Sem a força do Alto, ninguém persevera no amor. Sem a força do Alto ninguém passa da paixão ao amor. Sem a força do Alto é impossível achar sentido para a vida conjugal.


Padre Léo, scj

2 de setembro de 2013

Jesus vai voltar?

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Renovamos nossa espera na liturgia eucarística

A história da salvação acontece em diversas etapas. Deus criou e organizou o homem na face da Terra, depois escolheu um povo a partir de Abraão. Com essa escolha, o Senhor passa a ter um povo sobre a Terra. Logo depois, o Seu povo, por meio de Moisés, recebe a Lei, ou seja, o modo como viver neste lugar. Tudo isso apontava para o dia mais importante da nossa salvação: a chegada de Jesus.


Paulo descreve em Gálatas: "Chegada a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho nascido de uma mulher" (Gl 4,4). Jesus vem, cumpre Seu papel de revelar o Pai, redime a humanidade morrendo na cruz, forma Sua Igreja enviando o Espírito Santo e estabelece um tempo para essa Igreja até que Ele volte.

Portanto, a espera da segunda vinda de Cristo é renovada todos os dias, no mundo inteiro, na liturgia eucarística, pela Igreja, ao dizer "todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda".

Nenhum teólogo ou Igreja cristã tem dúvida quanto à segunda vinda do Senhor. Quando os primeiros cristãos perguntaram se era o momento de Jesus restaurar Jerusalém - como encontramos no livro dos Atos dos Apóstolos -, Ele respondeu: "não cabe a vós saber o dia e a hora, não cabe a vós vos preocupardes com este momento" (At 1,7-8). Porém, Jesus não negou esse momento, Ele não disse que a Igreja não deveria se preocupar com esse assunto. 


Vejamos: a Igreja acabara de nascer, tinha, agora, a missão de levar o Evangelho até os confins da terra como descrito no versículo 8 de Atos dos Apóstolos: "Descerá sobre vós o Espírito Santo, que lhes dará força e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, na Judeia e na Samaria e até os confins da terra".


A preocupação central da Igreja recém-nascida era levar a mensagem da salvação ao mundo inteiro. Para isso, seria revestida da força do Espírito Santo e não deveria preocupar-se tanto com a segunda vinda do Senhor.

Mas apesar de os primeiros cristãos estarem focados em levar o Evangelho até os confins da terra, suas pregações traziam a visão escatológica. O capítulo 3 de Atos dos Apóstolos narra o milagre realizado por Pedro e João a caminho do templo. Esse fato assombrou o povo, que, atônito, acercou-se dos dois. Pedro, então, aproveita o momento para anunciar Jesus e convidá-los a crerem n'Ele, a se arrependerem e a se converterem, a fim de que os pecados lhes fossem apagados. Imediatamente, fala-lhes da segunda vinda do Senhor quando afirma: "Então enviará Ele o Cristo, que vos foi destinado, Jesus, a quem o céu deve acolher até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de seus santos profetas" (At 3,20b-21).

Também o apóstolo Paulo, na primeira das diversas cartas que escreveu, no livro mais antigo do Novo Testamento, já demonstrava preocupação com a segunda vinda do Senhor, como podemos constatar no capítulo 5,23 da primeira epístola aos Tessalonicenses: "O Deus da paz vos conceda santidade perfeita; e que o vosso ser inteiro, o espírito, a alma e o corpo sejam guardados de modo irrepreensível para o dia da Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo."

Tanto Pedro, o apóstolo dos judeus, como Paulo, o apóstolo dos gentios, trabalharam esse tema em suas pregações e escritos. Ao lermos Mateus - "e este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro como testemunho para todas as nações. E então virá o fim" (Mt 24,14) -, percebemos que há um tempo estabelecido para a vinda do Senhor. Este tempo está compreendido entre o início da propagação do Evangelho e a chegada dessa mensagem ao mundo inteiro.

Em Atos, os anjos afirmam que, do mesmo modo que viram Jesus subir, o verão descer dos céus: "Os anjos disseram: 'Homens da Galileia, por que estais aí a olhar para o céu? Este Jesus que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu'" (At 1,11). Também no final dos Evangelhos vemos Jesus dizendo de sua segunda vinda gloriosa e dos diversos sinais que antecedem esse evento.

Os primeiros cristãos cumpriram a missão de levar o Evangelho e advertiram a Igreja sobre a vinda gloriosa do Senhor. Cabe à Igreja dos dias atuais - ao identificar os diversos sinais precursores e constatar que o Evangelho está chegando aos confins da terra - se deter sobre este assunto com mais profundidade.

Miguel Martini
Fundador da Com. Renovada Santo Antônio de Pádua
Belo Horizonte (MG)


(Conteúdo extraido do livro "A Segunda Vinda de Cristo" da autoria de Miguel Martini)

30 de agosto de 2013

Vocação Vicentina

Escrito por JCS   

" ... O Senhor me desperta todas as manhãs; desperta meu ouvido para que eu o ouça como discípulo" 

(Is 50, 4-5)

A confiança, o compromisso, a coragem e a entrega dos profetas do Antigo Testamento, estavam fundamentadas em sua vocação. Por  isso anunciavam e denunciavam  sem cessar, dia e noite, com entusiasmo e com alegria na alma.  Assim, o compromisso, a responsabilidade e a confiança dos confrades e consócias deverão estar fundamentos na vocação vicentina, no carisma de São Vicente de Paulo

Mas somos de fato vocacionados? Ou somos voluntários?

O voluntário é aquele que faz, quando quer, se der e quando der pra fazer. Faz quando sentir vontade e não quando houver necessidade de fazer. O voluntariado tem seu valor , mas não é a característica essencial para a SSVP.

O vicentino vocacionado vai além disso. Ele segue Jesus Cristo, através do serviço aos Pobres.  Ele dá  testemunha do amor a Deus , através da entrega e da doação de si mesmo.  Ele é um missionário: evangeliza e resgata os Pobres e oprimidos, vê o outro como Jesus via, ama como Jesus amava, vive como Jesus vivia.

A SSVP, precisa de confrades e consócias vocacionados, pois nós não somos seguidores de uma idéia, de uma lenda, de um mito histórico... somos seguidores de "uma pessoa situada na história, viva e presente, somos seguidores de Jesus Cristo!"

E o vocacionado é aquele que consegue enxergar a verdade evangélica: amar e seguir Jesus no Pobre. E como diz  São Vicente de Paulo: " Deus ama os Pobres e por conseguinte, ama quem ama os Pobres"  E Santa Luiza de Marillac, nos diz: "... Servir os Pobres  doentes, em espírito de mansidão e grande compaixão à imitação de Nosso Senhor que assim tratava  os mais desagradáveis. E só o vicentino vocacionado é capaz de enxergar esta verdade." 

"…. Quando a caridade mora em uma alma toma posse de todas as suas potências; não lhe dá descanso; é um fogo que está constantemente ativo; mantém sempre em ação a pessoa que está por ela inflamada." (SVP).  É desta forma que o vocacionado vive sua missão.! A caridade toma posse do vocacionado e ele toma posse da caridade; o vocacionado  sente prazer, sente alegria quando serve, quando visita o Pobre em sua residência e muitas vezes chora com o Pobre, toma para si sua dor, sua tristeza, suas mazelas.

Nós confrades e consócias, temos em nossos sangue os genes de Luiza e de Vicente de Paulo; somos o coração e o espírito destes dois Profetas da Caridade; somos o legado de  seu amor. E ainda, somos o sonho de Ozanam: numa grande rede de caridade.

E cada dia temos que nos perguntar: O que fazer para alimentar nossa vocação? O que fazer para que nosso trabalho  não caia no voluntariado?

O povo de Israel releu sua Aliança com Deus, quando estava desolado, perdido e oprimido,  e descobriu sua identidade como Povo Escolhido ; São Vicente releu o Evangelho e descobriu sua Vocação; Ozanam releu sua fé e deu origem a um sonho que marcou seu tempo e fez História! 

E nós, o que precisamos reler para que a nossa vocação perdure? Para que o legado  de nossos fundadores continue vivo?  O  que precisamos reler para que a chama da caridade  não se apague?

Precisamos alimentar nossa vocação precisamos ser "profetas da caridade", como o foram, nossos fundadores! E para isso precisamos, como o profeta Isaías, estar com os ouvidos bem abertos para ouvir, a cada manhã  a voz de Deus que clama no Pobre sofredor.

Vera Lúcia dos Santos e Santos

Coordenadora da ECAFO do CMPA

Venha ser um Missionário Vicentino como nós!


A Congregação da Missão, fundada por São Vicente de Paulo, no século XVII, tem como missão seguir Jesus, o Evangelizador dos Pobres, e, para cumprir este mandato do Senhor, dedica-se à evangelização e às missões junto dos Pobres e à formação do clero e dos leigos.



Se você deseja ser Missionário e consagrar sua vida à transformação do mundo, junte-se a nós! Procure nosso Secretariado Vocacional no seguinte endereço:




Pe. Alexandre Nahass Franco, C.M.

Serviço de Animação Vocacional Vicentina
Pe. Alexandre Nahass Franco, C.M.

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E-mail: lazaristavocacional@yahoo.com.br

 

Entre em contato conosco! E consagre sua vida a Deus e aos Pobres!

 


São Vicente de Paulo ainda hoje continua convocando companheiros para esta grande obra iniciada no século XVII. Não perca tempo! Não fuja de seus sonhos! Deixe São Vicente questionar sua vida e aceite seu convite para entrar nesta Missão!

29 de agosto de 2013

Como manter a atração na vida conjugal?

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Isso implica no cultivo de certos cuidados

Quem não se lembra dos inícios de namoro? Nesse começo do envolvimento, a pessoa apaixonada pega-se pensando no outro a todo instante, em tudo vê algo que remete seus pensamentos à pessoa por quem tem um amor ainda platônico. Assim, o galanteador, por meio dos olhares trocados ou nas conversas – que apesar de parecerem bobas, não são descartadas pela pretendente de imediato –, lança mão de todas as "manobras", a fim de prolongar os momentos na presença do outro.


Independente da época em que o casal tenha se conhecido ou da realidade social na qual cada um viva, quase sempre, em seus encontros, estão presentes as mesmas táticas de um jogo de sedução e de desejo silencioso entre eles.

Um jogo que, nas abordagens, visa a aproximação junto da pessoa com o propósito de estabelecer com ela um romance.

Das experiências vividas em outros relacionamentos, aprende-se que, ainda que seja muito agradável estar com alguém bonito, somente os lindos olhos azuis da menina ou o físico "malhado" do rapaz, não tem forças suficientes para sustentar um envolvimento a longo prazo.

Isso nos faz perceber que apenas o sentimento de atração física por alguém não é sinal de amor. 


Amar é muito mais do que desejar estar perto de alguém ou se sentir atraído (a) pelos atributos do (a) pretendente.


Apesar de a atração física não ser unicamente a base de um relacionamento, na vida a dois o desejo e o amor pelo outro se complementam como ingredientes para compor as bases dessa relação. Se a atração física desperta em nós o desejo por alguém, o amor amadurecido nos provoca a querer permanecer no propósito de construir a felicidade com a pessoa.

Assim como numa orquestra é preciso que haja harmonia e nenhum deslize pode acontecer na execução da música, na sinfonia da vida conjugal muitas coisas precisam estar também afinadas entre os cônjuges.

Isso implica na retomada daqueles cuidados que, ainda como namorados, o rapaz e a moça procuravam cultivar em cada encontro, isto é, o interesse do outro para si!

Se tal atenção deixou de fazer parte da agenda do casal, ainda é tempo de recomeçar. Não podemos considerar que somente por estarmos casados, não há mais a necessidade de continuar provocando boas sensações no nosso cônjuge. O desejo em continuar atraindo o outro, por meio dos encantamentos, dos cuidados e dos atributos naturais, deverão ser cultivados e alimentados ao longo da vida conjugal.

Além das obrigações comumente realizadas pelo casal, os momentos de romance e intimidade entre marido e mulher precisam ser observados com o mesmo grau de importância com que eles se dedicam às outras tarefas, pois não é porque já nos encontramos casados que devemos abolir da vida conjugal a arte de continuar seduzindo aquela pessoa que nos faz sentir realizados.

Um abraço!

 

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Dado Moura
contato@dadomoura.com

Dado Moura é membro aliança da Comunidade Canção Nova e trabalha atualmente na Fundação João Paulo II para o Portal Canção Nova como articulista. Autor do livro Relações sadias, laços duradouros e Lidando com as crises
Outros temas do autor: www.dadomoura.com
twitter: @dadomoura
facebook: www.facebook.com/reflexoes

28 de agosto de 2013

Aos catequistas, com gratidão!

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Um tesouro para Deus e sua amada Igreja

Catequista, você é uma pérola especial e um tesouro para Deus e sua amada Igreja. A sua singular vocação foi gerada no coração de Deus Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a mensagem da vida – Jesus Cristo. Catequista, você não é apenas um transmissor de ideias, conhecimentos, doutrina ou, mais ainda, um professor de conteúdos e teorias, mas é um canal da experiência viva do encontro intrapessoal com a pessoa de Jesus Cristo. 


Essa experiência é comunicada pelo Ser, Saber e Saber Fazer em comunidade, no coração da missão catequética. O ser e o saber do catequista se fundamentam numa dinâmica divina pautada na espiritualidade da gratuidade, da confiança, da entrega, da certeza de que somos impulsionados pelo Espírito Santo, fortalecidos pelo Cristo e amparados pelo Pai.

Catequista, com certeza são muitos, grandes e difíceis os desafios hoje de nossa catequese. Vivemos numa realidade que muitas vezes é contrária àquilo que anunciamos em nossa missão de levar e testemunhar a mensagem de Jesus Cristo. Mas temos a certeza de que não caminhamos sozinhos, somos assistidos pela grande catequista, a Virgem Santíssima. 

Por isso, peço-lhe que a experiência do encontro com Jesus Cristo seja a força motivadora capaz de lhe trazer o encantamento por esse fascinante caminho de discipulado, cheio de desafios, mas que o faz crescer e acabam gerando profundas alegrias.


"A catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com o fim de iniciá-los na plenitude da vida cristã" (CT). Ensina o Catecismo da Igreja Católica: "no centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa, a de Jesus Cristo de Nazaré, Filho único do Pai..."(cf CIC 1992). A finalidade definitiva da catequese é levar à comunhão com Jesus Cristo: só Ele pode conduzir ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade. Todo catequista deveria poder aplicar a si mesmo a misteriosa palavra de Jesus: 'Minha doutrina não é minha, mas Daquele que me enviou' (Jo 7,16) (CIC, 426-427).

Catequista, acolha o afetuoso abraço de gratidão de nossa amada mãe Igreja, nos seus bispos, padres e de milhares de pessoas, vidas agradecidas pela sua presença na educação da fé de nossos catequizandos, crianças, adolescentes, jovens e adultos. Em sua ação se traduz, de uma forma única e original, a vocação da Igreja-Mãe que cuida maternalmente dos filhos que gerou na fé, pela ação do Espírito.

Poderíamos dizer muitas coisas, palavras eloquentes e profundas, mas uma só é necessária: Deus lhe pague! E que a força da Palavra continue a suscitar-lhe a fé e o compromisso missionário!

Que a comunidade continue sendo o referencial da experiência do encontro com Cristo naqueles que sofrem, naqueles que buscam acolhida e necessitam ser amados, amparados e cuidados.

A ternura amorosa do Pai, a paz afável do Filho e a coragem inspiradora do Espírito Santo que cuida com carinho dos seus filhos e filhas, que um dia nos chamou a viver com alegria a vocação de catequista discípulo missionário, estejam na sua vida, na vida da sua comunidade hoje e sempre!

 

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Dom Orani João Tempesta, O. Cist

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

27 de agosto de 2013

Os cinco rostos de Vicente de Paulo

Este texto foi escrito pelo Pe. Robert Maloney,CM. Ele foi durante doze anos o Superior Geral da Congregação da Missão - Padres Vicentinos. Ele foi desde então um grande incentivador e articulador da FAMÍLIA VICENTINA. O texto a seguir é uma belíssima reflexão sobre alguns "rostos" de Vicente de Paulo. Vale a pena conferir!

 

I. Pai dos Pobres

Quando eu era um menino de 13 anos, a primeira imagem que tive de Vicente de Paulo foi a do PAI DOS POBRES. Creio que esta sua imagem seja a mais popular e a mais conhecida pelas pessoas por todo o mundo. Se vê em vitrais, estátuas, quadros em muitíssimas igrejas.

Nos últimos anos temos visto muitas imagens belíssimas de São Vicente de Paulo como PAI DOS POBRES. Uma das que mais me chamou a atenção foi a que apareceu na página da internet da Assembleia Geral da Congregação da Missão em 1999, e em muitas publicações daquele ano. Trata-se de um obra pintada por Kurt Welther para a capela da paróquia São Vicente de Paulo em Graz, Áustria. Vicente de Paulo está sentado entre os Pobres como se fosse um deles. Não tem nenhuma auréola sobre ele. Não se destaca entre eles como se fosse um benfeitor. Dá a impressão de que os Pobres apareceram no justo momento em que Vicente de Paulo havia sentado para comer sua modesta refeição. Ele a reparte com eles. Os rostos dos Pobres sentados à mesa não dá prá ver claramente. Porém, Vicente os vê e nos diria: "verá à luz da fé que o Filho de Deus, que quis ser Pobre, está representado nestes Pobres" (XI, 725). O rosto que se vê no centro da mesa reflete a presença de Cristo. Os que rodeiam a Cristo neste refeição modesta nos lembram a última ceia, a refeição sacramental do amor de Deus por seu povo.

O que podemos falar de Vicente de Paulo, o PAI DOS POBRES?

1. Este rosto de Vicente de Paulo é fundamental para todos os ramos da Família Vicentina. De fato, é a face que a Igreja melhor reconhece de São Vicente de Paulo em todo o mundo. Em 16 de abril de 1885, Vicente de Paulo foi declarado pela Igreja o PATRONO DE TODAS AS INSTITUIÇÕES DE CARIDADE. Quando falo com membros dos mais variados ramos de nossa Família Vicentina, em diversos países, vejo que todos reconhecem Vicente de Paulo como PAI DOS POBRES, bem como seu fundador e fonte principal de inspiração.

2. O que fazemos, fala com mais força do que aquilo que dizemos. O testemunho é frequentemente mais importante que as palavras, sobretudo em nossos dias. Num mundo em que existem muitas pessoas indiferentes perante a religião organizada, a linguagem das obras é cada vez mais importante. As obras de justiça e de misericórdia são um sinal de que o Reino de Deus está realmente atuando no meio de nós: dar de comer ao faminto, de beber ao sedento, ajudar a encontrar as causas de sua fome e de sua sede e a maneira de aliviá-las.

 

II. Missionário

Quando ingressei na Congregação da Missão, aos 18 anos de idade, comecei a conhecer Vicente de Paulo como missionário. A imagem que escolhi para representar este rosto é sem dúvida a que mais se vê entre as imagens de Vicente de Paulo. Milhares de pessoas a veem a cada dia, ainda que se diga que os que a enxergam, são poucos os que realmente a veem!

Esta estátua é uma obra de Pietro Bracci (1700-1773) e foi colocada na Basílica de São Pedro depois da canonização de Vicente de Paulo em 1737. Confesso que sinto um certo orgulho quando levo alguns visitantes à São Pedro e lhes mostro nosso fundador na nave principal, ao lado de Tereza D´Ávila.

São vários os aspectos que nos chamam a atenção nesta estátua. Em primeiro lugar, representa claramente a Vicente de Paulo como missionário. Nesta estátua o Vicente de Paulo que se dirige à nós é o Vicente de Paulo pregador. Está vestido com sobrepeliz e estola, tem uma cruz na mão esquerda e mostra com sua mão direita um gesto dramático dirigido à sua plateia. A concha por detrás de sua cabeça amplia o volume de sua voz. Do lado do pé esquerdo encontra-se o livro do evangelho de Lucas onde está escrito: "O Senhor me enviou para anunciar o evangelho aos Pobres" (Lucas 4,18).

Este é o Vicente de Paulo, que comovido pela conversão de um camponês que agonizava nas terras de uma família rica, os Gondi, fez a pregação de um sermão no dia 25 de janeiro de 1617 chamando todos à conversão. Ele sempre viu neste dia o começo de sua atividade missionária e de muitos missionários que ele mesmo enviou mundo afora: Polônia, Itália, Argélia, Madagascar, Irlanda, Escócia, ...

O que podemos falar de Vicente de Paulo como missionário?

1. Para ele a palavra de Deus era algo totalmente central. Isto é o que quer expressar o evangelho ao lado de seu pé esquerdo: "A palavra de Deus não falha nunca". Ele dizia isto com certa frequência. Para Vicente de Paulo, a palavra de Deus é a regra fundamental da vida humana; é também a fonte de onde brota toda a pregação e todo ensinamento.

2. A cruz é central quando se prega ou se catequiza. Vicente de Paulo cita o impressionante texto de São Paulo: "Deus me livre de gloriar-me, senão na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo" (Gál 6,14; II,339; XI,20). Porém a cruz não ocupou um lugar fundamental somente na pregação, mas também na formação de seus discípulos e seguidores. 

 

III. Formador

Comecei a conhecer Vicente de Paulo como formador quando tinha 27 anos, porque meus superiores me pediram que eu fosse formador.

Vicente de Paulo fundou três grupos numerosos: As Damas da Caridade (Atualmente conhecidas como AIC – Associação Internacional de Caridades) – 1617; A Congregação da Missão – 1625; e as Filhas da Caridade – 1633. Além de tê-los fundado, ele teve a preocupação de formá-los. Redigiu as regras, fez inúmeras conferências e boa parte das cartas que escreveu tinham por tema a formação.

Vicente de Paulo foi um dos maiores reformadores do clero do século XVII. Sua influência sobre padres diocesanos e sobre futuros bispos da França foi enorme. Fundou 20 seminários nas últimas décadas de sua vida. Foi conselheiro do rei quando se tratava da escolha dos bispos. Os grandes personagens da espiritualidade de sua época participaram dos programas de formação que ele organizou. Durante sua vida fizeram retiro na Casa de Vicente de Paulo, mais de 12.000 padres.Algumas das imagens mais conhecidas de Vicente o representam instruindo as Damas da Caridade, os padres e as Filhas da Caridade. Estas imagens são importante porque refletem um aspecto central do caráter de Vicente de Paulo que as vezes esquecemos: Vicente de Paulo foi um extraordinário formador.

O que podemos falar de Vicente de Paulo como formador?

1. Talvez o mais importante seja o que ele mesmo disse falando sobre formação a um jovem, o padre Antônio Durand, a quem havia nomeado superior de um seminário: "Guiar almas é a arte das artes... Foi a profissão do Filho de Deus quando esteve na terra... Nem a filosofia, nem a teologia, nem os discursos tem influência sobre as almas. É essencial que Jesus Cristo esteja unido conosco intimamente e nós com ele. Que atuemos nele e ele em nós. Que falemos como ele e com seu Espírito, assim como ele esteve em seu Pai e pregou a doutrina que seu Pai lhe ensinou. Isto é o que ensina a escritura. Por isso é necessário para você que se esvazie de si mesmo para revestir-se de Jesus Cristo" (XI, 343). Não existem ideias melhores do que estas para formadores e para os que estão se formando.

2. Vicente de Paulo foi muito criativo para fazer novos programas de formação. A formação pede também hoje uma capacidade inventiva e criativa, uma nova pedagogia e o uso dos meios modernos de comunicação. É fundamental que o formador faça com que os formandos participem no processo de formação de modo que estes se convertam em agentes ativos de seu próprio processo de formação. Afinal de contas, são eles os que tem a responsabilidade primeira em serem bem formados. Espera-se que eles se convertam em "agentes multiplicadores", capazes de transmitir a outros os dons que eles próprio receberam. Os bons formadores devem saber como trabalhar não só com indivíduos senão também com grupos. Devem saber estimular os formandos para que se ajudem uns aos outros no processo de formação. 

 

IV. Contemplativo na Ação

Poucos santos tem sido tão ativos como São Vicente de Paulo. Foram tão impressionantes suas obras que em seu funeral o pregador disse: "Ele quase transformou o rosto da Igreja" (Sermão de Maupas du Tour). Porém, seus contemporâneos viam nele um homem de profunda oração. Um deles escreveu que "seu espírito estava continuamente atento à presença de Deus" (Louis Abelly). Um padre que o conhecia muito bem recorda que o viu uma vez contemplando durante horas um crucifixo que tinha em suas mãos.

A naturalidade com que Vicente de Paulo fala sobre a oração e a contemplação é um sinal de que ele transitava facilmente neste meio. Vicente de Paulo é muito eloquente quando fala de como ele vê Deus. Um ano e meio antes de sua morte, ele disse aos padres e irmãos: "A recordação da presença de Deus cresce na alma pouco a pouco e com a ajuda de sua graça se torna permanente em nós. Nos sentimos vivificados, por assim dizer, por esta presença divina. Meus irmãos, quantas pessoas no mundo que nunca perdem este sentido da presença de Deus" (XII 455).

O que podemos falar de Vicente de Paulo, o contemplativo na ação?

Pouco a pouco fui percebendo a união de oração e ação, tão evidente neste rosto de Vicente de Paulo, como uma das chaves mais importantes para compreender a espiritualidade vicentina. Vicente de Paulo estava totalmente convencido de que a oração e ação caminham juntas. Se deu conta de que separada da ação a oração pode tornar-se uma fuga, pode perder-se em fantasias e produzir falsas ilusões de santidade. Por outro lado, o serviço separado da oração pode ser algo muito superficial, pode ter um aspecto de agir mecânico, pode converter-se numa dependência, num atrativo que vicia. A espiritualidade apostólica é plenamente autêntica quando une oração e ação num equilíbrio saudável.

Vicente de Paulo enfatiza no amor prático e efetivo, porem insiste também com grande força na oração diária. De fato, na tradição espiritual vicentina a oração tem um papel de extrema importância. Em poucas coisas pôs tanta ênfase assim. Disse Vicente de Paulo falando sobre a oração: "Dá-me um homem de oração, e ele será capaz de tudo. Poderá dizer como o apóstolo: Tudo posso naquele que me conforta. A Congregação da Missão durará sempre que mantiver a prática da oração, que é como uma muralha inexpugnável que defenderá seus missionários contra todo tipo de ataques" (XI, 778).

Em outras palavras, considera a oração como essencial para os que estão comprometidos com o trabalho pelos Pobres. 

 

V. O homem mais amável de seu tempo

São Vicente de Paulo admirava enormemente Francisco de Sales, quem considerava a pessoa mais amável que havia conhecido. Aprendeu de tal modo com o exemplo de Francisco de Sales que ele mesmo adquiriu uma notável amabilidade e afabilidade, e teve uma admirável capacidade para tratar e para relacionar-se com todo tipo de pessoa (Louis Abelly, vol. III, cap. XII, p. 669).

Apesar de ser difícil retratar a amabilidade, muitos artistas tentaram. Escolhi este rosto de Vicente de Paulo porque cada vez estou mais convencido que devemos deixar-nos transformar pelo amor de Deus, como o fez Vicente de Paulo.

O que poderíamos dizer de Vicente de Paulo, o homem mais amável de seu tempo?

1. Uma espiritualidade genuína transformará nossa humanidade. Vicente de Paulo diz que quando era jovem era obstinado e se enfurecia facilmente. Tinha também uma tendência a permanecer muito tempo de mau humor. Porém, ao admitir estes aspectos em seu caráter, "voltei-me para Deus e pedi sem cessar que mudasse este meu modo rude e mal humorado de ser e que me concedesse um espírito calmo e amável. E pela graça de Deus e com um pequeno esforço de minha parte que fiz para controlar os movimentos de minha natureza, consegui mudar algo do meu mal humor". Vicente se expressa aqui com uma humildade sem tamanho. Seus contemporâneos deram testemunho de que Vicente de Paulo como adulto, havia se transformado num homem amável que tinha um modo afetuoso e atraente para relacionar-se com as pessoas.

2. Vicente soube unir a amabilidade com a compaixão, e disse que os discípulos de Jesus devem estar cheios de compaixão (XI, 771), sobretudo se levar em conta que somos chamados a servir os mais Pobres deste mundo, os mais abandonados e os que gemem agonizantes por males físicos e espirituais. Nos diz ainda que nossa santidade consiste em servir os Pobres com amor, doçura e compaixão, e que fomos chamados a servir os mais miseráveis (IX, 932).

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Estes são os cinco rostos de Vicente de Paulo. Existem outros, porque a personalidade de Vicente de Paulo era muito rica. Incentivo ao leitor que contemple estes rostos para conhecer e amar com mais profundidade este grande homem.Para concluir esta meditação sobre Vicente de Paulo, convido a você leitor a unir-se comigo nesta oração:

"Deus de bondade, faz-nos instrumentos de teu amor. Ajuda-nos a crescer no exercício da caridade, amável e compassivo como membros da Família Vicentina. Dá-nos força para que seguindo as pegadas de São Vicente de Paulo, possamos contemplar-te e servir-te na pessoa dos Pobres, para que um dia nos unamos contigo e com Eles em teu Reino. Isto te pedimos por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém!"

Fonte: Robert P. Maloney, CM. Publicado no site SOMOSVICENCIANOS em 27 de setembro de 2011. Traduzido do espanhol para o português por Joelson C. Sotem, CM em 22 de agosto de 2013.