21 de outubro de 2009

Sobriedade a virtude prática na vida

Imagem de Destaque

A reconstrução do novo homem

Muitos de nós já ouvimos alguém dizer, mesmo em tom de brincadeira, que a sobriedade é uma escolha. Se a brincadeira for levada ao pé da letra, a pessoa escolhe, conscientemente, por não querer ter atitudes e pensamentos centrados e equilibrados, pelo menos durante um período de tempo. Ironicamente, outras pessoas enfrentam grandes dificuldades em viver na própria sobriedade. São pessoas que se veem amarrada a algum tipo de vício. Elas se sentem envolvidas por uma necessidade compulsiva de fumar, beber ou se drogar. Sem forças para lutar contra um desejo nocivo, essas pessoas se intoxicam até perderem os sentidos básicos que as diferenciam de um ser racional. Para essas pessoas, optar pela sobriedade é mais que uma questão de honra, é um motivo para conquistar a vida.


A pessoa envolvida na dependência química vive também outras dificuldades que refletem em seu caráter. Sua autoestima praticamente desaparece. Em muitas ocasiões, até mesmo os cuidados com sua hiegiene pessoal fica deficitária. É preocupante constatar o quão fácil é para alguém se tornar vítima de um vício, mesmo sendo uma situação tão delicada de se resolver.

Às vezes, a pessoa, fingindo não ter problemas, foge de sua própria realidade, desviando-se das responsabilidades e afogando o seu próprio estado de lucidez. Outras, desejando somente esquecer de seus problemas domésticos ou simplesmente querendo se tornar mais comunicativo numa roda de amigos, começam a fazer uso de drogas para provocar a sensação de liberdade ou extroversão. Elas preferem viver num mundo em que os efeitos alucinógenos da bebida, ou de qualquer outra droga, as fazem acreditar que seus sofrimentos são menores. Ao voltar da sua "viagem psicodélica", a pessoa frustra-se mais uma vez quando percebe que nada foi mudado em seu mundo real. Desta maneira, a vítima se sentirá cada vez mais tentada a lançar mão dos artifícios que a conduzem para uma dependência cada vez mais crônica. Como num círculo vicioso, a pessoa voltará a se intoxicar. Saciar o desejo da sua dependência é a sua prioridade, mesmo que para isso tenha que despojar de tudo aquilo que lhe é precioso.

Como resultado, vamos testemunhar, além da deterioração de sua saúde, também as crises em seus relacionamentos. Casamentos que são destruídos, famílias fragilizadas, filhos com problemas psicológicos, entre muitos outros desequilíbrios causados pelo vício.

Sabemos o quanto é difícil a convivência com alguém que vive às voltas por um "trago". Numa família, todos sofrem; tanto o viciado – seja no álcool ou na dependência química –, quanto os demais membros da casa. Pessoas que trabalham na recuperação de outras com problemas de envolvimento com qualquer tipo de droga licita ou ilícita, dizem que somente é possível a sua recuperação se a própria pessoa manifestar o desejo de sair dessa deplorável situação. Na maioria das vezes, é praticamente impossível alguém conseguir a cura por si própria. A ajuda profissional e o apoio de familiares é fundamental neste lento processo de recuperação que se inicará a partir do resgate da sua autoestima e a reconstrução do novo homem, tornando-o capaz de dominar a si próprio.

Somente por meio do resgate de suas virtudes a pessoa deixará de ser vítima daquelas coisas que o arrastam e o levam a renunciar o próprio uso da razão. Esta virtude é chamada de "sobriedade"; ela nos indica os limites que não devemos ultrapassar. Do contrário, se desrespeitarmos essas regras, já não seremos mais capazes de dominar a nós mesmos e seremos dragados por outras paixões.

Um abraço,

Dado Moura

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

19 de outubro de 2009

A arte de ensinar

Imagem de Destaque

Saber valorizar o aluno e orientá-lo no que for necessário

A missão do professor sempre se destacou pelo fato de trabalhar com a mais nobre realidade do mundo: o coração e a inteligência do ser humano. Nada é mais importante do que o ser humano. Se é nobre e necessário dominar o aço e os microorganismos, construir casas e computadores, muito mais nobre é formar o homem, senhor de tudo isto. Os sábios gregos já diziam: "dá-me uma sala de aula e mudarei o mundo!"

O jovem e frágil aluno de hoje, será o condutor da nação amanhã; o que for semeado hoje no seu coração, na sua mente e no seu espírito, será colhido amanhã pela sociedade. E o que o aluno espera de um Professor?

Em primeiro lugar que o professor seja honesto e honrado, exigências mínimas de quem carrega o título de mestre. Sabemos que o homem moderno está cansado de discursos, quer ver exemplos. O mestre romano Sêneca dizia que "de nada vale ensinar o que é a linha reta, se não ensinar o que é a retidão".

Alguém já disse que o aluno só aprende com satisfação, quando o professor ensina com entusiasmo e sabe motivar o aluno. Sem isto o jovem não descobrirá a beleza da disciplina. É verdade que os alunos respeitam o professor que domina a matéria, mas isto ainda não é o suficiente. A primeira missão do professor é motivar para o aprendizado. "Um homem motivado vai à Lua, mas sem motivação não atravessa a rua".

O aluno espera que o professor tenha paciência com ele que ainda não descobriu a beleza da matéria; tenha a humildade de não usar o seu conhecimento para humilhá-lo, e que não use do poder da avaliação para destruir a sua auto-estima. Ele quer ver o seu Professor fazer da Avaliação um momento, a mais, do aprendizado; elaboradas com equilíbrio, e corrigidas com esmero e justiça, sem fazer da prova uma guerra onde se cobra dele uma maturação na disciplina que ele ainda não teve tempo de alcançar.

O aluno espera que o professor prepare bem as aulas e que gaste tempo para se aprofundar na matéria. Sabemos que para ensinar bem, um pouco de uma disciplina, é preciso saber muito sobre ela. Quanto mais sabemos, mais os alunos gostam de nos ouvir. Nada pior para um aluno do que ter que assistir uma aula maçante, mau preparada, ministrada por alguém que não conhece o que ensina. É um grande desrespeito... para não dizer um crime.

O aluno espera que o professor ensine com didática, competência e clareza; tenha pontualidade de horário, apresentação adequada e saiba dominar a classe com liderança.

Ele quer ver o professor como um amigo que o trata com respeito, confiança, atenção e cordialidade; interessado em tirar as suas dúvidas e a apontar-lhes caminhos novos...

Por dever de consciência, cada professor tem que dar o melhor de si para a boa formação dos jovens. Aí estará, inclusive, a sua maior realização; para a pessoa honesta, é no bojo da virtude que ela encontra a verdadeira recompensa.

Cito algumas recomendações pedagógicas para o bom desempenho de um Professor(a):

1.Saber motivar os alunos para o que vai ensinar.

2.Dominar a matéria e atualizar-se.

3.Preparar bem as aulas.

4.Expor a matéria com clareza, ordem e seqüência lógica.

5.Preparar, aplicar e corrigir as avaliações e provas com esmero, equilíbrio e justiça.

6.Ser assíduo, pontual e bem apresentado.

7.Tratar todos os alunos com respeito, atenção e cordialidade, sem com isto confundir as funções de cada um.

8.Manter a disciplina na classe.

9.Atender bem os alunos e tirar suas dúvidas, seja em classe ou fora dela.

10.Saber valorizar o aluno e orientá-lo no que for necessário.

É no banco da Escola que se formam os homens e as mulheres que um dia exercerão o poder, e conduzirão a História, nas mais variadas atividades e organizações. Muitos já disseram que "as palavras têm mais força do que os canhões". Esta é a nobre missão: formar a juventude, não só no aspecto científico e técnico, mas também – e principalmente – no aspecto humano, moral e ético. Sem a primazia da pessoa sobre a coisa, da moral sobre a ciência e da ética sobre a técnica, a humanidade corre sérios riscos, como pudemos ver pelas desastradas guerras e morticínios do recém encerrado século XX. O mundo, sem dúvida, encontra-se diante de uma encruzilhada, e o bom caminho a seguir só poderá ser discernido pelo bom entendimento da ciência com a moral. E isto depende de dos professores.

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com

16 de outubro de 2009

Deus não poderia escolher outra pessoa; Ele quis você!

Imagem de Destaque

Eleitos que crêem no amor

São Paulo diz que foi como que crucificado com Cristo na cruz. Mas como a pessoa pode ter coragem de dizer isso? É a experiência do amor de Deus e a fé.

Muitos de nós já fizemos uma experiência do amor de Deus. Mas o problema é que a experiência do batismo no Espírito Santo é algo muito bom, mas que evapora. Isso quer dizer que tudo aquilo que é sentimento ou experiência humana é passageiro. Os sentimentos são efêmeros, não permanecem. Mas a fé no amor de Deus deve permanecer para sempre. Eu preciso crer nisso: Ele me amou. É preciso fazer uma distinção entre sentir o amor de Deus e crer no amor de Deus. No início fazemos uma experiência, mas depois Deus tira a "mamadeira". Ele quer que cresçamos espiritualmente. Começamos então a caminhar na fé, sem sentir a presença de Deus.

Fé, portanto, é acreditar naquilo que não se vê. Assim nós temos que crer no amor de Deus. Sim, você pode ter experimentado o amor de Deus, mas também quando a experiência humana for embora, você pode duvidar. Por isso é preciso crer concretamente no amor de Deus.

Deus poderia ter escolhido pessoas melhores do que nós, mas Ele não quis. Vou fazer uma comparação: imagine Deus entrando numa loja bem sofisticada, de vasos preciosos e olhando vaso por vaso: um vaso de ouro, com brilhantes, de porcelana, da China, outro de prata e marfim, de milhões de dólares. Ele, porém, não escolhe nenhum desses vasos. Ao contrário, atravessa a loja, desce até o porão e vai ao banheiro dos empregados e pega um penico, um penico velho, enferrujado, sujo, com moscas ao redor. Esse penico sou eu, é você.

Deus nos escolheu, Deus nos quis. Poderia ter escolhido coisa muito melhor. "Esse penico? E o vaso de marfim, o de ouro?" E Ele diz: "Mas eu não amei nenhum desses vasos preciosos, eu amei você, eu te escolhi." É a eleição de Deus. Ele nos escolheu e colocou um tesouro dentro desse "penico sujo", o tesouro do seu amor. Mas nós não aceitamos isso, porque queremos ser amados por nossos méritos. Só aceitamos ser amados se realmente valemos a pena. Parece humilhante sermos amados no meio das nossas misérias, mas Ele nos ama assim mesmo. Ele não espera a nossa conversão para nos amar.

Essa experiência de ser amado quando eu não mereço, é a verdadeira experiência do amor de Deus.

Preciso crer que Deus fez bem em me querer, me escolher. Eu não teria me escolhido, mas eu preciso crer que fui a melhor escolha.

Às vezes achamos que São Paulo era um super pregador. Mas não é isso que ele mesmo diz. Na segunda carta aos Coríntios ele diz que não sabe pregar. Nos Atos dos Apóstolos, um rapaz estava ouvindo sua pregação, cochilou, caiu da janela e morreu. São Paulo então rezou e ressuscitou o menino. Mas Paulo foi um grande pregador porque pregava com a vida, com sua entrega, com seu desprendimento em viver a Palavra de Deus. Ele passou por flagelações, apedrejamentos, naufrágios, vários perigos, ficou dias em alto mar. O que levava esse homem a atravessar o mundo? O amor de Deus que o impulsionava.

Deus nos ama e a experiência extraordinária de sermos amados por Deus é que permite que nós nos demos de presente aos outros. Pare de andar nessa vida cobrando amor dos outros. Você não precisa do amor de ninguém, você já é amado. "Ah, mas eu não sinto!" Simplesmente creia! Quando somos seguros de que valemos a pena, sabemos que não seremos trocados por ninguém. Sei que sou um presente. Isso muda completamente a vida familiar. Deixamos de ficar cobrando uns aos outros. Nossa vida familiar às vezes vira um inferno porque ficamos recriminando uns aos outros, colocamos a culpa uns nos outros porque não nos sentimos amados. O amor precisa ser crido e não sentido. Se não, duvidamos até do amor da nossa mãe por nós.

É preciso crer no amor. Se você não crê no amor de Deus, também não vai crer na entrega d'Ele na cruz.

Peçamos ao Senhor que venha confirmar a fé que temos no seu amor. A fé é uma virtude. É preciso repetir o ato de fé até que se torne um hábito. É preciso crer no amor de Deus.

Pense nas razões pelas quais você escolheria ser outra pessoa, viver outra vida e diga: "Senhor eu creio, mas aumentai a minha fé. Senhor, eu olho para mim e não entendo porque vós me escolhestes. No entanto, Senhor, eu creio. Fizestes bem em me querer, em me escolher. Foi bom que me chamastes para caminhar nesta vida, na fé do vosso amor. Não vejo, não sinto, mas eu creio nesse amor. É um ato de vontade unido à vossa graça. Amém ao amor de Cristo que me alcançou no meio dos meus pecados, da minha miséria. Sei que me chamastes para uma vida ao vosso lado no céu. Eis-me aqui Senhor."

Padre Paulo Ricardo - Reitor do seminário Cuiabá
www.padrepauloricardo.org

13 de outubro de 2009

Um modelo de docilidade

Imagem de Destaque

Maria simples criatura escolhida como mestra do amor

A alegria e a emoção invadem o meu coração neste momento que escrevo sobre Maria, a mulher que abandonou-se inteiramente nas mãos do Criador.

A mestra do amor que gera o Mestre do amor, pois só quem ama e capaz de submeter-se ao amor e assumir todas as suas conseqüências.

Maria, uma mulher que teve a coragem de renunciar ao seu lindo plano de amor, que era casar-se com Jose, por causa de um Bem Maior: ser a Mãe do Salvador.

Muitas vezes em nossa vida, nos não conseguimos viver a vontade de Deus, porque temos dificuldades de fazer a troca de um Bem por um Bem Maior. Mas, quando amamos a Deus sobre todas as coisas, os nossos desejos e interesses são considerados mesquinhos e pequenos diante da grandeza, bondade, sabedoria e amor do Pai.

Maria fez da sua felicidade a realização do projeto de Deus. Nós também somente conquistamos a felicidade autêntica imitando-a na realização de uma total entrega a Deus. E todo aquele que ama Jesus prefere a vontade e os desejos do Pai.

Entre inúmeras virtudes de Maria, saliento a sua docilidade e obediência a Palavra de Deus, que capacitou Maria para gerar o próprio Deus. Os discípulos de Jesus são aqueles que acolhem a Palavra e permitem que as suas vidas sejam transformadas e conduzidas por ela. Jesus reconhece todas as pessoas que seguem o exemplo da sua mãe. "Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11, 28). Se todos ouvissem a Deus como Maria, teríamos pessoas mais felizes e uma convivência humana bem mais fácil.

Maria, simples criatura de Deus, foi escolhida como modelo de abertura total à ação do Criador. Ele olhou para a humildade da Sua serva; e ela, apesar de uma escolha de destaque, continuou sendo simples e humilde. Torna-se verdadeira discípula e assume a missão de apresentar o filho de Deus para o mundo. Para entendermos a missão de Maria é preciso nos abrirmos ao projeto de Deus, que visa o bem humano, a nossa união, a convivência fraterna de todos, tendo em vista a conquista ao Premio Celeste: o Céu.

Toda a humanidade deveria reconhecer a escolha de Deus: Maria, a Mãe de Deus, como esta no evangelho de Lucas: "Todas as gerações me chamarão Bem-Aventurada" (Lc 1, ) . Ela deseja que todos os seus filhos brasileiros a acolham como a anfitriã do nosso Pais, a nossa mãe. O mundo atual tem levado as pessoas a serem egoístas e competitivas, mas nos brasileiros não podemos deixar que esta maneira de ser nos contagie, porque somos um povo que acolhe o estrangeiro e tem gestos de amor para com o outro.

Neste dia da Virgem Aparecida, a Rainha e Padroeira do Brasil, vamos pedir ao Pai que Ele una os nossos corações, para que cada vez mais possamos nos render ao amor daquela que e a mestra do amor e que gerou o Mestre do Amor. O amor não divide, o amor se multiplica. Aprendamos com ela a amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a nos mesmos. Se você ainda não se relaciona com Maria como uma mãe, comece hoje a dar os primeiros passos, e deixe que ela entre em sua casa, em seu coração e seja a sua educadora e mestra, a sua amiga, conselheira, consoladora, auxilio e companheira rumo ao Céu!

Foto Marina Adamo
marina@cancaonova.com

9 de outubro de 2009

Para não falar mal dos outros

Imagem de Destaque

Aprendemos a usar o filtro triplo da verdade

Uma pessoa muito desejosa para mudar de vida se esforçava para não cometer os mesmos defeitos e pecados me segredou: _Padre o que faço para me controlar, não julgar e falar mal das pessoas?

Como esta nossa irmã temos muitos pequenos defeitos e vícios que precisam ser controlados através de uma firme e consciente luta interior. Por exemplo, falar mal dos outros revela o quanto somos inseguros, invejosos e muita imaturidade para trabalhar os relacionamentos e conflitos interiores.

Um segredo para crescer nas virtudes é a perseverança nas suas práticas e, isso requer sempre esforço, renuncia e oração, contando sempre com o auxilio do Divino Espírito Santo, nosso mestre de santidade. Eu lembrei desta historia, é bom fazer uma revisão dos nossos costumes:

Certa pessoa encontrou-se com o filosofo Sócrates e lhe disse: _ Tenho algo a lhe dizer sobre um amigo seu… Sócrates respondeu: _ Permita-me lhe propor passar pelo Filtro Triplo para aceitar seu comentário.

A pessoa disse claro que sim, o que é esse tal de filtro triplo?_ Para que eu te ousa falar algo de alguém, mesmo que não fosse meu amigo, teria que passar por um filtro de três condições.

A primeira é a VERDADE, você tem absoluta certeza de que, o que vai me falar é verdadeiro?_ O camarada respondeu: não, ouvi outra pessoa falar isso sobre seu amigo. _ Sócrates disse: então não tenho dever nenhum em te ouvir já que não tens a veracidade do que vais me falar, mesmo que a pessoa em questão não fosse digna de respeito. E continuou Sócrates, vou te revelar o segundo filtro para que eu pudesse te ouvir, já que a Verdade seria suficiente para não te escutar.

É o filtro da BONDADE. É bom para eu saber o que tens a me dizer sobre meu amigo? _ O homem respondeu: não é algo bom, é desagradável. _ Retrucou Sócrates: se não é verdadeiro e muito pior, para que me interessaria saber algo que poderia estragar o meu dia, não sendo verdadeiro nem bom. Mas vou te falar sobre o terceiro filtro para que as nossas conversas não sejam vazias e nada construtivas.

É o filtro da UTILIDADE, será para mim e para você algo útil, vai me servir para aumentar minha sabedoria e credito sobre meu amigo?_ O homem cosou a cabeça e disse: não acho que seja útil nem para mim nem para ti. _ Pois bem, disse Sócrates, a nossa conversa acaba por aqui, sabendo que, o que devemos acumular nesta vida é a Sabedoria.

Como seria bom se todas as nossas conversas passassem por este filtro, isso sem falar que falta um filtro preciosíssimo ao nosso caro filosofo Sócrates, o filtro da CARIDADE, ou seja, O AMOR FRATERNO, que nos foi ensinado por Jesus Cristo, o mestre dos mestres. Seu ensinamento foi simples, mas capaz de mudar o mundo.

Vejamos o que nos diz São João: "Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Ai está o critério para saber que somos da verdade; e com isto tranqüilizaremos na presença dele o nosso coração". 1João 3,18-19

Mais do que uma filosofia o Amor é um principio de vida. Todas as outras práticas, respeito, verdade, bondade e utilidade, têm no amor o seu alicerce principal. Antes de tudo, faltam a nós esses passos do filtro triplo porque nos falta o amor, a compaixão. Ele é uma conquista, exige tempo, suor e muitas vezes lagrimas. È preciso saber perder, para ganhar, pois amar muitas vezes é renunciar, é esquecer de si, para que o outro venha pra fora, é aprender a promover o outro, e porque não dizer morrer, para que o outro viva.

Isso tudo nos ensinou Jesus, não um filosofo, mas um mestre da vida, do comportamento, do respeito humano, da qualidade de vida, da dignidade da pessoa, porque, antes de tudo nos ensinou que o AMOR é a única maneira de mudarmos o mundo a partir das pessoas. Faltam verdade, bondade e utilidade, porque antes de tudo falta-nos o amor, e todas as pessoas são capazes de amar. Podemos usar o filtro de Sócrates, mas acrescentamos à vida de Jesus, o amor.

Minha benção fraterna.

Padre Luizinho
Com. Canção Nova

7 de outubro de 2009

O que as mulheres gostam de ouvir?

Imagem de Destaque

Elas gostam de ouvir aquilo que o coração traduziu

Percebe-se que para as mulheres o silêncio não é um problema a ser vencido. Seja num consultório, na fila do supermercado, do banco, elas conseguem iniciar qualquer assunto e, sem constrangimento, passam de um tema para o outro sem grandes problemas. Uma conversa que para os homens poderia durar alguns escassos minutos, elas conseguem estender a mesma proposta por horas a fio.

Para quem tem tanta facilidade em falar, o que essas mulheres gostariam de ouvir?

Em uma situação que envolve casais, falar para a mulher que ela é amada, bonita, que a sua companhia é agradável são coisas importantes. Mas, maior será seu contentamento se partir do homem a proposta de, juntos, discutirem a relação, traçar planos, estabelecer metas; manifestando da parte dele o interesse pelo relacionamento. Essas palavras seriam para as mulheres tão necessárias para sua alegria quanto o sol é para a fotossíntese das plantas.

Toda mulher gosta de receber elogios e a sinceridade os tornam ainda mais eficazes. Mesmo sendo vocábulos comuns, elas esperam de seus maridos e namorados a tentativa de tornar único algo comum.

Uma mulher que esteve horas no cabeleireiro se preparando para uma festa, com certeza recebe elogios, ainda no salão, do profissional e das outras pessoas que estiverem próximas dela. Para elas, os comentários dessas pessoas são importantes, mas não o bastante; pois melhor será ouvi-los de quem as ama.

Outro ponto que as mulheres esperam de seus amados é o desenvolvimento da sensibilidade deles, especialmente, na maneira de apresentar suas objeções. A prudência com as palavras é sempre boa, pois, através delas podemos edificar ou destruir os ânimos de alguém. Da mesma maneira que um elogio robustece o vigor de uma pessoa, outras palavras podem minar ou destruir sua autoestima.

Imaginemos que uma mulher, voltando toda animada das compras, experimenta o novo vestido para mostrar ao esposo. Se ele antecipar-se em perguntar quanto foi pago pelo vestido, seguramente não serão as palavras mais acertadas para a ocasião. A respeito das despesas, a esposa mesmo se adiantará em falar caso tenha sido cometido algum exagero na ocasião das compras. Entretanto, se o homem elogiá-la dizendo, por exemplo, que se alegra em perceber o quanto ele se sente privilegiado por tê-la tão bonita, seguramente, ela o retribuirá com outros gestos, fazendo dele o homem mais feliz.

Há um tempo para cada coisa, e dentro do relacionamento sempre haverá um momento apropriado para que o casal aponte suas observações e críticas.

Para elas, não basta apenas ouvir palavras bonitas, mas estas têm que trazer sentimentos. O que elas gostam de ouvir são palavras que somente quem as conhece profundamente poderia tecer e, porque vieram da pessoa amada, ganham um expressivo sentimento. Dessa forma, para que os homens consigam alcançar o contentamento de quem ama, basta deixar o coração traduzir em palavras os valores das simples emoções.

Essa atitude de mudança poderá ser um esforço para alguns ao perceber que raramente têm se preocupado em agradar e cuidar da pessoa amada, também, com palavras. Mas, mesmo que não seja possível para eles assumirem um novo proceder intantaneamente, a tentativa de inovar na maneira de fazer seus comentarios já será música para os ouvidos delas.

Então, o diferencial que compete aos homens apaixonados será de, com um pouco mais de criatividade, potencializar aquilo que outras pessoas também poderiam normalmente dizer. Isso significa tornar uma palavra comum sempre algo ainda mais especial para quem se ama. Feliz novas adaptações.

Um abraço,

Dado Moura

Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com

5 de outubro de 2009

O caminho da simplicidade

Imagem de Destaque

Muitas vezes, somos levados a pensar que a santidade requer grandes feitos

Iniciamos outubro, Mês das Missões, com a Padroeira das Missões, Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Desde criança ela sempre quis viver a santidade, e no Mosteiro teve o coração dilatado para abraçar o mundo e sentir a vocação de ser o Amor, que tudo resume na missão evangelizadora da Igreja. Para isso, ela percorreu o caminho de saber viver bem as pequenas coisas de cada dia.

Toda a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus nos leva a trilhar os caminhos da simplicidade e do abandono espiritual nas mãos de nosso querido e amado Pai.

Ela descobriu, desde cedo, que não há outro caminho para a transformação do homem a não ser aquele trazido pela revelação de Jesus. Deixar de lado os sonhos de onipotência, reconhecer a impotência da salvação pelos meios humanos, ficar ciente de nossa miséria e fragilidade e entregar-se confiada e de modo incondicional nas mãos poderosas e ternas de nosso querido e amado Pai. Este é o caminho da simplicidade, a chamada pequena via de salvação.

Neste tempo em que grandes conglomerados querem dominar o mundo, numa situação na qual aparentemente o poder está muito presente e dentro da vida das pessoas, olhar para Santa Teresinha e contemplar a sua felicidade na simplicidade é redescobrir a vida cristã, que supõe a nossa fidelidade a cada dia aos mandamentos do Senhor.

Muitas vezes, somos levados a pensar que a santidade requer grandes feitos, feitos heroicos (que também existem e são importantes), mas, Jesus nos ensina nos Evangelhos que para entrarmos no Reino dos céus, e mesmo para conseguirmos desempenhar os grandes feitos, devemos voltar a viver como crianças, ou seja, reviver a criança que existe em cada ser humano.

Lemos no livro autobiográfico de Teresinha do Menino Jesus o seguinte: "Compreendo, perfeitamente, que só o amor nos pode tornar agradáveis ao Bom Deus, sendo este o único bem que ambiciono. Jesus se compraz em apontar-me o único caminho que conduz a essa fornalha divina. O caminho é o abandono da criancinha que adormece sem temor nos braços de seu pai... 'Todo aquele que é pequenino, venha a mim', disse o Espírito Santo por boca de Salomão, e o mesmo Espírito de Amor declarou ainda que 'com os pequeninos se usará de comiseração'. Em seu nome, revela-nos o profeta Isaías que, no último dia, 'o Senhor conduzirá seu rebanho às pastagens, reunirá os cordeirinhos e os aconchegará contra o peito'. E como se todas estas promessas não bastassem, o mesmo profeta, cujo olhar inspirado já se embebia nas profundezas da eternidade, apregoa em nome do Senhor: 'Como uma mãe acarinha seu filhinho, assim vos consolarei, carregar-vos-ei ao peito, acariciar-vos-ei no regaço'" (História de uma alma – Edições Paulinas – 9ª. Edição – pag. 194/195).

Com efeito, uma criança é um ser impotente e quando se sente ameaçada por um perigo iminente corre e se abriga no regaço de sua mãe, de seu pai, e aí encontra segurança, amparo, tranquilidade e paz.

O que é, pois, o caminho do abandono? Abandonar-se é o que ensina Santa Teresinha do Menino Jesus: sentir-se pequeno como uma criança e se entregar às mãos do Pai, nosso Abbá, mãos ternas e carinhosas e, assim, nos sentirmos abrigados e pacificados nas agruras e tristezas dos embates da vida.

A santidade passa, pois, pela linha da simplicidade e do abandono dos humildes e pequeninos, daqueles que estão conscientes de sua fragilidade e estão afastados da sua prepotência e autosalvação, mas necessitam de outro, Deus, para encontrar o caminho da libertação: "A santidade não é esta ou aquela prática, mas consiste numa disposição do coração que no faz humildes e pequenos nos braços de Deus, conscientes de nossa debilidade e confiados até a audácia em sua bondade de Pai" (Obras completas. Últimas conversações, pág. 1397).

Por fim, reflitamos sobre a oração dessa grande santa francesa. Sua oração é a oração da criança impotente, do ser frágil, que se entrega nas mãos do seu Pai e Criador sem qualquer petulância, sem qualquer arrogância e suplica Sua proteção, Seu abrigo.

Orar, para Teresinha do Menino Jesus, nada mais é do que se abandonar, entregar-se nas mãos todo-poderosas, mas todo-carinhosas de nosso Pai, que nos ama a todos como filhos e filhas muito prediletos.

Recordo este pequeno trecho de uma oração de Santa Teresinha do Menino Jesus, no qual ela manifesta seu amor a Deus e sente-se pequena como uma pequena avezinha, mas totalmente envolvida pelo amor incondicional de seu Pai, a quem carinhosamente chama de seu sol:

"Águia não sou, mas dela tenho, simplesmente, olhos e coração, pois que, não obstante minha extrema pequenez, ouso fitar o Sol Divino, o Sol do Amor, e meu coração sente nele todas as aspirações de águia... Quisera a avezinha voar em direção ao Sol fulgurante que lhe fascina os olhos. Quisera imitar as águias, suas irmãs, quando as vê alternarem-se até o divino foco da Santíssima Trindade... Tudo o que se poder fazer, ainda mal, é soerguer as asinhas. Mas, sair voando é o que sua reduzida força não permite! Qual será sua sorte? Morrer de desgosto, por se ver tão tolhida? ... Isso não! A avezinha nem sequer se apoquentará. Num audaz abandono, que ficar mirando seu Divino Sol.

Nada a poderia amedrontar, nem o vento, nem a chuva. E, quando nuvens carregadas vêm encobrir o Astro do Amor, a avezinha não muda de instância. Sabe que, além das nuvens, seu Sol está sempre a brilhar, e seu esplendor não poderia empanar-se um instante sequer" (História de uma alma – pág. 204/205).

Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós!

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano Rio Janeiro