22 de abril de 2025

Os olhos que falam!

Cuidar dos pequenos, um chamado de fé

A espiritualidade católica enfatiza a proteção das crianças como um dever sagrado, reconhecendo sinais de sofrimento silencioso como "olhos que comunicam" – expressões apagadas que podem indicar um pedido de socorro. A fé católica, fundamentada na dignidade humana e na proteção dos vulneráveis, oferece uma perspectiva crucial para entender e combater o abuso infantil, uma realidade sombria que contradiz o ideal de uma infância protegida e amorosa. A tradição católica considera a proteção das crianças uma responsabilidade coletiva, convocando os fiéis a estarem atentos aos sinais de sofrimento e a agirem em defesa da integridade física, emocional e espiritual dos pequenos.

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Identificar o abuso infantil é desafiador porque crianças, frequentemente, não conseguem expressar verbalmente seu sofrimento, exigindo vigilância constante de todos ao seu redor quanto a sinais físicos (hematomas inexplicáveis, lesões, queimaduras, dores persistentes, distúrbios de sono e alimentação), comportamentais (mudanças bruscas de humor, agressividade ou retraimento, medos específicos, regressão comportamental, dificuldade de concentração, isolamento social, comportamentos sexuais inapropriados) e emocionais (ansiedade, depressão, baixa autoestima, culpa, vergonha, alterações de humor, choro excessivo, pesadelos). Embora a presença desses sinais não confirme definitivamente o abuso, eles servem como alerta para uma observação mais atenta e possível intervenção profissional.


Ver com os olhos de Cristo, cuidar e proteger

Na perspectiva católica, identificar sinais de abuso infantil transcende a simples vigilância, constituindo um ato de amor cristão e cumprimento do mandamento de cuidar do próximo. Essa abordagem espiritual nos convida a "enxergar com os olhos de Cristo", reconhecendo a vulnerabilidade das crianças e respondendo com empatia e ação concreta, reminiscente da parábola do Bom Samaritano (Lucas 10,25-37), que nos ensina a não ignorar o sofrimento alheio. A Igreja Católica enfatiza sua responsabilidade na proteção infantil, promovendo educação e conscientização sobre abuso em todos os níveis da comunidade, enquanto a espiritualidade cristã nos chama a criar ambientes seguros onde as crianças se sintam amadas, respeitadas e encorajadas a se expressar quando em sofrimento. Práticas como oração, meditação bíblica e participação nos sacramentos podem aguçar nossa sensibilidade ao sofrimento dos outros e fortalecer nossa coragem para defender os mais vulneráveis.

Os "olhos que falam" das crianças abusadas clamam por nossa atenção e ação concreta; a tradição católica nos convoca a ir além da simples observação, desenvolvendo uma escuta atenta e um olhar compassivo capaz de identificar sinais de sofrimento. Nossa fé deve nos impulsionar a sermos agentes de cura e proteção, construindo comunidades onde a dignidade infantil seja respeitada e o amor divino se manifeste através de nosso cuidado e justiça, permitindo que as vozes silenciadas das crianças encontrem eco em nossa resposta protetora.

Alex Garcia Costa
CRP 06/108306
Psicólogo e Filosofo
Especialista em Neuropsicologia, Avaliação Psicológica Clínica, Direito Canônico para Vida
Religiosa e Estudante de Sexualidade Humana.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/os-olhos-que-falam/

20 de abril de 2025

Da morte à vida : Cristo ressuscitou!

No coração da vida cristã

Estamos mergulhados no coração de nossa vida cristã. Não somos apenas religiosos, mas muito mais: somos cristãos, discípulos de Jesus Cristo, morto e ressuscitado para a nossa vida e salvação. Nestes dias, que já são pascais, proclamamos com toda a disposição: "Cristo morreu, Cristo ressuscitou, Cristo é o Senhor, Cristo há de voltar! Vem, ó Senhor!" E desejamos seguir os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo para chegar, mais uma vez, à alegria de sua Ressurreição gloriosa!

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"Quando chegou a hora, Jesus pôs-se à mesa com os apóstolos e disse: 'Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de padecer. Pois eu vos digo que não mais a comerei, até que ela se realize no Reino de Deus'" (Lc 22,14-16). Na Quinta-feira Santa, ao cair da tarde, começamos a Páscoa. É a Páscoa da Ceia! Tornamos presente o acontecimento com o qual o Senhor instituiu o memorial permanente de sua entrega. Corpo entregue e Sangue derramado, a dinâmica do amor definitivo que nos é dado cada vez que comungamos!


A ceia do Senhor e o mandamento do amor

É o aniversário da Ceia Eucarística, celebrada desde a sua instituição até o fim dos tempos. Em cada momento, em algum lugar da terra, "Isto é o meu Corpo, entregue por vós" e "Este é o Cálice do meu Sangue, da nova e eterna Aliança" são palavras ditas por um Sacerdote, e são a realização do Mistério que sustenta a feliz esperança no coração da Igreja e de cada fiel. E o fazemos na alegria de receber o mandamento novo do Amor recíproco, tornando-o real e positivamente provocante no gesto do Lava-pés, para ouvir da boca do Senhor: "Entendeis o que eu vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque sou. Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós" (Jo 13,12-14).

A Páscoa da Cruz é celebrada, na Sexta-feira Santa, não como um dia de trevas e tristeza, mas da infinita coragem e eterno amor com o qual o Senhor nos amou. De fato, "antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim" (Jo 13,1). É a Páscoa que nos mergulha no amor maior de Deus, que entrega seu Filho por amor de todos os homens e mulheres de todos os tempos, oferecendo-lhes o resgaste de todos os pecados.

Nós a celebramos com uma Liturgia bastante original, que começa com grande silêncio e prossegue com a proclamação da Palavra de Deus, culminando com a Leitura da Paixão segundo São João. Depois, fazemos as orações universais, abrindo coração e vozes a todas as necessidades da humanidade, cravando-as no lenho da Cruz. Em seguida, a adoração da Cruz é um gesto carinhoso e humano, com o qual valorizamos a figura do Crucificado, também presente em nossos lares. Tudo culmina com a Sagrada Comunhão, pois o Senhor morreu uma só vez, sua morte foi gloriosa, Ele ressuscitou e está presente entre nós! Alegremo-nos, pois estamos na Páscoa!

Sábado Santo: tempo de espera

A Igreja, em sua sabedoria, convida todos os fiéis a se recolherem em meditação e oração durante o Sábado Santo. É tempo propício para ajuntar, em nossa cabeça e em nosso coração, todos os ensinamentos e as práticas de vida experimentadas na Quaresma. Na Sexta-feira Santa e neste Sábado, não se celebra a Eucaristia, para completar a vivência do Mistério Pascal na grande Vigília, em cada Paróquia e Comunidade. No Sábado, é bom tomar conhecimento de que tudo o que se celebra conduz à Renovação dos Compromissos Batismais, pelo que cada pessoa de nossas famílias deve providenciar uma vela, a ser acesa no Círio Pascal na Vigília, que é a mãe de todas as celebrações da Igreja.

A Páscoa da Ressurreição é celebrada de sábado para domingo, na Vigília Pascal na Noite Santa, estendendo-se por todo o Domingo da Páscoa. A Liturgia da Luz começa com a entronização do Círio Pascal, símbolo do Cristo, Luz do Mundo, no qual serão acesas as velas dos fiéis, e que presidirá o espaço litúrgico até o Pentecostes, que se conclui com belíssima Proclamação da Páscoa, rica da memória da expectativa e realização do Mistério Pascal. Depois, característica de uma Vigília, a imensa riqueza da Liturgia da Palavra de Deus, que nos conduz pela História da Salvação, até chegar ao acontecimento da Ressurreição.

Renovação na Páscoa: vivendo o batismo e a Eucaristia

Assim chegamos ao Rito do Batismo, com a bênção da água, a celebração dos Sacramentos da Iniciação Cristã dos Catecúmenos preparados em cada Paróquia, e a renovação dos Compromissos Batismais. "Banhados em Cristo. somos uma nova criatura, as coisas antigas já se passaram. somos nascidos de novo!" A Igreja celebra estes ritos como uma grande homenagem ao que aconteceu com todos nós, mergulhados em Cristo, para sermos novas criaturas, ao sermos batizados. Com toda a riqueza de ensinamentos e graças recebidas, aproximamo-nos então do Altar, para a Liturgia Eucarística, ponto auge da Grande Vigília!

Esta é a Páscoa, que traz consigo consequências importantes para nossa vida cristã e o testemunho a que somos chamados. Primeiro, a vida nova recebida no Batismo, na Crisma e na Eucaristia, há de resplandecer em nossa vida, deixando que o Cristo Ressuscitado vença em nós todas as marcas do homem velho, para sermos pessoas renovadas plenamente. Havemos de sair da Vigília Pascal com o sorriso nos lábios, o amor no coração, a caridade a ser vivida e o amor à Igreja, Casa da Vida Cristã. Tendo participado da Páscoa, dela nascem os nossos compromissos de dar testemunho de Cristo, com criatividade, coragem e a prontidão para edificar o Reino de Deus nos ambientes em que vivemos, sem dar desculpas, que sabemos tantas vezes serem esfarrapadas.

E o lugar privilegiado para amadurecer a vida recebida e celebrada na Páscoa é a Comunidade Cristã, valorizando, de modo especial, o Domingo, nossa Páscoa semanal. Ressoe entre nós uma afirmação dos primeiros séculos da Igreja. Em Abitene, uma pequena localidade na atual Tunísia, 49 fiéis foram surpreendidos num domingo, enquanto celebravam a Eucaristia, desafiando as proibições imperiais.

Presos e levados para Cartago para serem interrogados, foi significativa a resposta dada por um cristão ao procônsul que lhe perguntava por que motivo violaram a ordem do imperador. Respondeu: "Sem o domingo não podemos viver". Depois de atrozes torturas, os 49 mártires foram mortos. O Domingo, nossa Páscoa semanal, será o espaço para renovarmos nossos propósitos e compromissos assumidos na grande Solenidade Pascal.

Mortos ao pecado, vivos para Deus, alegres na esperança! Esta seja a nossa Páscoa! Feliz Páscoa para todos!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/da-morte-vida-cristo-ressuscitou/

A Páscoa e o seu real sentido

Uma grande festa cristã

Páscoa (do hebraico Pessach) significa passagem. É uma grande festa cristã para nós, é a maior e a mais importante festa. Reunimo-nos como povo de Deus para celebrarmos a Ressurreição de Jesus Cristo, Sua vitória sobre a morte e Sua passagem transformadora em nossa vida.

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O Tempo Pascal compreende cinquenta dias a partir do domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes, vividos e celebrados com grande júbilo, como se fosse um só e único dia festivo, como um grande domingo. A Páscoa é o centro do Ano Litúrgico e de toda a vida da Igreja. Celebrá-la é celebrar a obra da redenção humana e da glorificação de Deus que Cristo realizou quando, morrendo, destruiu a morte; e, ressuscitando, renovou a nossa vida.

A bela intenção que foi se perdendo

Foi com a intenção de celebrar a Páscoa de Cristo que, desde os primórdios do Cristianismo, os cristãos foram organizando esta bela festa. Mas, a partir de muitas propagandas midiáticas e de muitos outros costumes da nossa sociedade, vemos, sem dúvidas, que essa bela intenção foi se perdendo. Para muitos, a Páscoa virou sinônimo de um "feriadão" ao lado de muitos outros feriadões, com o único objetivo de quebrar a monotonia da vida; com intenções e modos que não expressam os reais valores e sentidos da grande festa que é a Páscoa.


Em muitas casas, a Páscoa é vivida de forma paganizada e estragada pelas bebidas e orgias deste mundo, sem um mínimo de senso religioso ou moral; ou como um mero folclore, um mero tempo para viajar, comer chocolates e descansar de suas fadigas. Assim, um tempo que nasceu para construir laços familiares e renovar a nossa sociedade com valores perenes, acaba não atingindo o seu objetivo.

Necessitamos compreender o real sentido da Páscoa

As confraternizações, os alimentos específicos e muitos outros costumes são importantes e nos ajudam a celebrar a Páscoa, mas não podem nos desviar do seu principal e essencial sentido. Hoje, temos uma geração que não entende nada do verdadeiro sentido da Páscoa, mas devemos celebrá-la bem nós que não nos fechamos às suas origens e sabemos que ela é mais do que um "feriadão"; é uma "grande semana" na qual vivenciamos os mistérios da vida de Cristo e os mistérios da nossa própria vida.

Todos nós cristãos devemos, hoje, nos comprometer em nos mantermos fiéis às nossas origens e celebrarmos o sentido original, belo e profundo da nossa maravilhosa festa, que é a celebração da Ressurreição do Senhor. Que nossas boas obras e nossas vozes, em cada canto das nossas cidades, possam levar a alegria do Ressuscitado; sobretudo aos pobres, doentes, distanciados e a todas as pessoas, pois são amadas pelo Pai.

Irradiemos ao nosso redor a esperança e a certeza da presença de Cristo Ressuscitado. Que se encha nosso olhar de luz, como os das mulheres que viram o sepulcro vazio e o Filho de Deus ressuscitado (Mt 28). Que possamos também nós, numa só fé, exclamar como elas: O Senhor Ressuscitou! Aleluia!".

Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/o-sentido-real-da-pascoa/

17 de abril de 2025

Como viver a Semana Santa fazendo uma verdadeira parada para reflexão

Parada para reflexão e reconstrução da espiritualidade

Iniciamos, no Domingo de Ramos, mais uma Semana Santa com a entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém. Aí começa uma nova fase na história do povo de Israel, quando todos se voltam para a cena da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

A Semana Santa deve ser um tempo de recolhimento, interiorização e abertura do coração e da mente para o Deus da vida. Significa fazer uma parada para reflexão e reconstrução da espiritualidade, essencial para o equilíbrio emocional e a segurança no caminho natural da história de vida com mais objetividade e firmeza.

Lembramos, na Semana Santa, que as dificuldades não são para nos fazer desistir

As dificuldades encontradas não são fracasso nem caminho sem saída; elas nos levam a firmar a esperança na luta por uma vida sem obstáculos intransponíveis. Foi o que aconteceu com Cristo, no trajeto da Paixão, culminando com Sua morte na cruz. Em todo o caminho, Ele passou por diversos atos de humilhação.

A estrada da cruz foi uma perfeita revelação da identidade de Jesus. Ele teve de enfrentar os atos de infidelidade e rebeldia do povo que estava sendo infiel ao projeto de Deus, inclusive sendo crucificado entre malfeitores. Jesus partilha da mesma sorte e dos mesmos sofrimentos dos assassinos e ladrões de sua época.

Créditos: Foto gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT


Associar ao sofrimento de Cristo

Na Semana Santa, devemos associar ao sofrimento de Cristo o mesmo que acontece com tantas famílias e pessoas violentadas em nosso tempo. Podemos dizer da violência armada, dos trágicos acidentes de trânsito, das doenças que causam morte, do surto da dengue, dos vícios que ceifam muita gente etc.

Jesus foi açoitado, esbofeteado, teve a barba arrancada, foi insultado e cuspido. O detalhe principal é que nenhum sofrimento O fez desistir de Sua missão nem ter atitude de vingança. Ele deixou claro que o perdão é mais forte que a vingança.

Devemos aprender com Ele e olhar a vida de forma positiva, sabendo que seu destino é projetado para a eternidade em Deus.

Dom Paulo M. Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/semana-santa/reflexao-e-espiritualidade-na-semana-santa/

16 de abril de 2025

Como viver bem a Semana Santa

A semana maior da Igreja 

Por meio da Sagrada Liturgia1, cada batizado é convidado a viver configurando-se à vida de Jesus Cristo. Para tanto, a Igreja ajuda-nos a percorrer esse caminho de assimilação da existência cristã propondo-nos a dinâmica do Ano Litúrgico2, cujo ápice é o Tríduo Pascal, que celebra os mistérios centrais de nossa fé: o Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado.

Créditos cancaonova.com

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

A Igreja "recorda a entrada do Cristo Senhor em Jerusalém para consumar seu mistério pascal"3. Na procissão de ramos, experimentamos nossa condição de peregrinos, caminhantes para a eternidade. Participar dessa procissão nos predispõe a caminhar juntos, manifestando nossa alegria em sermos discípulos de Jesus. Na segunda parte da celebração – a Missa –, faz-se memória da Paixão de Cristo, de Seu ato de amor, Sua entrega para nossa salvação.

Quinta-feira da Ceia do Senhor

Comumente chamada de Missa do Lava-pés por ser um dos elementos dessa celebração – ainda que não seja o mais importante. Neste dia, a Igreja celebra "a instituição da Sagrada Eucaristia e da ordem sacerdotal, bem como o mandato do Senhor sobre a caridade fraterna"4 . É dia de agradecermos pelo dom da Eucaristia – presença real do Senhor que nos alimenta nas estradas da vida; pelo sacerdócio ministerial – recordando-nos de todos aqueles a quem o Senhor chamou para uma vocação específica de entrega e serviço; e de nos empenharmos à caridade concreta em favor dos mais fragilizados.


Sexta-feira da Paixão do Senhor

Neste dia, a Igreja celebra a Paixão e Morte de Cristo. A celebração é marcada pelo despojamento e silêncio. Após as leituras da Palavra de Deus, procede-se com a Adoração da Cruz – em que reconhecemos o infinito amor do Senhor pela humanidade, seguida da distribuição da sagrada Comunhão. A Igreja, esposa de Cristo, une-se ao seu Senhor, medita Suas dores, chora Sua morte. Este é um dia de jejum, de abstinência, de cultivar o silêncio e de refletir sobre nossa resposta de amor a Deus.

1 Cf. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, n. 2.
2 Cf. Sacrosanctum Concilium, n. 102.
3 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 216.
4 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 246.

Sábado Santo

Durante este dia, "a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando na Sua Paixão e Morte, bem como a Sua descida à mansão dos mortos (1Pd 3,19), e esperando a Sua Ressurreição, em oração e jejum"5.

Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor

A celebração do Domingo de Páscoa começa na noite de Sábado com a "Vigília Pascal na noite santa". É antiquíssima a tradição dessa vigília, que remonta aos primeiros séculos, aguardando o dia da gloriosa Ressurreição do Senhor. Essa celebração é realizada em quatro partes: a primeira, com o lucernário e a proclamação da Páscoa. Na segunda parte, iluminada pela Páscoa de seu Senhor, "a santa Igreja medita as maravilhas que o Senhor Deus realizou desde o início para seu povo que confia em sua palavra e sua promessa"; na terceira, a Igreja celebra ou recorda a vida nova no Batismo. Por fim, na quarta parte da celebração, os cristãos são convidados "à mesa que o Senhor preparou para o seu povo: o memorial de sua morte e ressurreição, até que Ele venha"6. É dia de rejubilarmos pelas maravilhas que o Senhor realizou para nos salvar, pelo Batismo que recebemos e pelo convite que nos faz, ao banquete eucarístico.

Com a celebração do dia da Páscoa, a Igreja, resplandecente de alegria, proclama: Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos.

Conclusão

A Semana Santa é um convite profundo à vivência dos mistérios centrais da nossa fé. Ao longo desses dias, a Igreja nos oferece, por meio da Sagrada Liturgia, um caminho para refletir sobre o amor incondicional de Deus e nos desafia a viver de maneira mais plena o nosso compromisso com Ele e com o próximo. Que, ao participar desses momentos de graça, renovemos nossa fé, fortalecendo nossa esperança e vivendo de forma concreta o mandamento do amor-comunhão. Abençoada Semana Santa!

Pe. Técio Andrade Lima 
Presbítero do Clero da Arquidiocese de Vitória da Conquista, doutorando em Sacra Liturgia no Pontifício Instituto Litúrgico do Pontifício Ateneu Santo Anselmo em Roma.

5 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 272.
6 Missal Romano, 3ª edição típica para o Brasil, Edições CNBB, 2023, p. 274.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/como-viver-bem-semana-santa-2/

15 de abril de 2025

Semana Santa, a semana das semanas

A semana maior

Se você é católico, com certeza conhece a expressão "Semana Santa". Mas você sabia que ela também é chamada de "A Semana Maior"? Ela é maior não somente porque, ao invés de ter sete dias, contém oito – sendo dois domingos, mas, sobretudo, porque ela celebra o coração do mistério de nossa salvação.

Ela é uma semana de grande importância para toda a humanidade, o centro da história e, ao mesmo tempo, o seu fim, já que ela aponta e conduz ao fim da nossa caminhada na Terra, a nós que desejamos a vida eterna.

Essa salvação se realiza na Páscoa de Cristo, que, passando pelo sofrimento e pela morte, entra na vida nova da Ressurreição. Em Jesus, o Filho de Deus, a humanidade tem acesso à Páscoa eterna. Nesse sentido, São Paulo nos diz que "nós somos cidadãos dos céus. É de lá que, ansiosamente, esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura" (Fl 3,20-21).

Todos os anos, a Igreja nos oferece esse tempo forte e de muitas graças, considerado o ápice do ano litúrgico, que começa no Domingo de Ramos e segue até o Domingo de Páscoa.

A liturgia nos convida então a acompanhar Jesus passo a passo, desde a Sua chegada em Jerusalém até o Seu encontro, ressuscitado, com os discípulos, passando pela colina do Gólgota onde foi crucificado. Toda essa trajetória alimenta nossa fé e nos ajuda a compreender e a experimentar o grande amor de Deus por nós.

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A Semana Santa contém vários eventos de grande importância para nós:

– O Domingo de Ramos, com a entrada triunfal de Jesus na cidade santa de Jerusalém.

– O Tríduo Pascal (três dias):

  • Quinta-feira Santa: Jesus lava os pés dos apóstolos e institui a Eucaristia e o sacerdócio.
  • Sexta-feira Santa: Jesus sofre e entrega Sua vida por amor a nós.
  • Sábado Santo: O corpo do Senhor está no túmulo. Dia de silêncio. Nenhuma celebração é feita durante o dia.

– A grande Vigília Pascal: acontece no sábado à noite para celebrar a Ressurreição de Jesus. Em seguida, no domingo, continuamos a celebrar, com grande júbilo, a presença viva de nosso Senhor.

O Catecismo da Igreja diz: "A Páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a «festa das festas»,  a «solenidade das solenidades», tal como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos (o grande sacramento). […] O mistério da ressurreição, em que Cristo aniquilou a morte, penetra no nosso velho tempo com a sua poderosa energia, até que tudo Lhe seja submetido" (§1169).


Um convite para você!

Participar das celebrações litúrgicas propostas pela Igreja é de grande importância para que possamos reviver esses eventos como se estivéssemos ao lado de Jesus em Jerusalém. Elas despertam em nós sentimentos de compaixão, de contrição e de reparação, além de nos dar forças para carregarmos a nossa cruz, ajudar-nos a viver na esperança e entrar na alegria da ressurreição e da vida eterna.

Deixo então um convite: aproveitemos o quanto for possível de tudo o que é proposto nesse tempo em nossas paróquias, comunidades e movimentos. O ideal é que seja de forma presencial.

Consagre um tempo maior à oração e à meditação dos mistérios que celebramos, leia as passagens bíblicas correspondentes ou os textos litúrgicos do dia. Podemos achar que já os conhecemos, mas a Palavra sempre traz uma luz nova para nossos caminhos.

Que Deus os abençoe e lhes conceda a graça de uma abençoada Semana Santa!

Equipe de Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/semana-santa/semana-maior-significado/

14 de abril de 2025

Esta é a Grande Semana! Tempo de graça e conversão

A vida humana encontra sentido em Cristo

A Sagrada Escritura, confirmada pela experiência dos séculos, ensina à família humana que o progresso, grande bem para o homem, traz também consigo uma enorme tentação. De fato, quando a hierarquia de valores é alterada e o bem e o mal se misturam, os indivíduos e os grupos consideram somente seus próprios interesses e não o dos outros.

Por esse motivo, o mundo deixa de ser o lugar da verdadeira fraternidade, enquanto o aumento do poder da humanidade ameaça destruir o próprio gênero humano. Se alguém pergunta como pode ser vencida essa miserável situação, os cristãos afirmam que todas as atividades humanas, quotidianamente postas em perigo pelo orgulho do homem e o amor desordenado de si mesmo, precisam ser purificadas e levadas à perfeição por meio da cruz e ressurreição de Cristo. Redimido por Cristo e tornado nova criatura no Espírito Santo, o homem pode e deve amar as coisas criadas pelo próprio Deus. Com efeito, recebe-as de Deus; olha-as e respeita-as como dons vindos das mãos de Deus" (Gaudium et Spes 37).

O acontecimento primordial da fé cristã é o Mistério Pascal de Jesus Cristo em sua Morte e Ressurreição. Acreditamos, com toda força de nossa alma, que a vida humana encontra sentido justamente em Cristo. N'Ele, todas as esperanças podem se realizar e todos os esforços pelo bem e pela verdade chegam a porto seguro.

Quando professamos a fé, temos a certeza de que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida para todos. Cabe-nos respeitar as pessoas que têm outras convicções religiosas e existenciais. Mas não nos é lícito omitir-nos na proclamação da verdade da fé.

Créditos: Imagem gerada por Inteligência Artificial / CHAT GPT

A Semana é Santa e é grande por causa do mistério de Cristo

Em torno da Ressurreição de Cristo, toda a prática religiosa cristã se organizou no correr dos séculos. O dia dos dias é o domingo, pois Jesus venceu a morte, o pecado e a dor no primeiro dia da semana. Assim, para os cristãos, essa realidade supera os ciclos naturais. Ainda que dias, noites, meses e anos sejam vividos por nós junto com as outras pessoas. Vivemos entre dois polos de tensão, "dependurados" na certeza da Ressurreição e na volta do Senhor, no fim dos tempos, quando Deus for tudo em todos. Por isso, a Igreja clama com confiança: "Anunciamos, Senhor, a vossa Morte, proclamamos a vossa Ressurreição! Vinde, Senhor Jesus!".

Do domingo veio a semana cristã. Dele se ampliaram os horizontes celebrativos, para que o mistério de Cristo se faça sempre presente e atual. Do dia da Ressurreição veio a Páscoa anual, celebrada com toda solenidade. Os mistérios da vida de Cristo vieram, pouco a pouco, a ser comemorados. Sempre com a Santa Missa, presença e renovação do Sacrifício do Calvário. Tudo marcado pela abundante proclamação da Palavra de Deus.

As pessoas que escolheram seguir Jesus Cristo e o fizeram com radicalidade, que nós chamamos de santos e santas, são recordadas no dia de sua Páscoa pessoal na morte. Isso levou a Igreja a celebrar, também com a Santa Missa, seus exemplos e sua intercessão orante pelos que caminham rumo à pátria definitiva.

Nosso calendário é chamado "litúrgico", porque se organiza em torno do único mistério, Jesus Cristo, nosso Salvador, que morreu e ressuscitou para nos salvar. A cada ano, retornamos apenas às mesmas celebrações. Mas nos encontramos crescidos e mais amadurecidos na fé, para testemunhá-la mais ainda.

O gosto pelas celebrações da Igreja

Este deve ser o programa de vida do cristão. Entende-se, assim, porque nossas famílias incutiram em nós o gosto pelas celebrações da Igreja. Batismo, Primeira Comunhão, Crisma, Matrimônio marcam esse ritmo. Ainda se acrescentam as devoções das famílias ou as festas de padroeiros, Círios, Coroações, Novenas, Procissões. Parecemos agradavelmente teimosos, sem permitir que outras realidades nos engulam de vez! Olho assim para a realidade amazônica, mas quero ver mais longe. Sabendo que em todos os quadrantes há cristãos assim dispostos a manter viva, não só a fé, mas também uma sadia influência na cultura do tempo em que vivemos.

Entretanto, nosso calendário católico oferece ao mundo uma semana especial. Estamos às suas portas, chamada santa por causa do Senhor que se faz presente com intensidade, suscitando a conversão aos valores do Evangelho. Chegue a todos o convite da Igreja Católica para a grande missão chamada Semana Santa!

Esta semana é grande, porque a Palavra de Deus é oferecida com abundância. A Semana é Santa e é grande por causa do mistério de Cristo celebrado na Liturgia a partir do Domingo de Ramos, para chegar ao Tríduo Pascal, de Quinta-feira Santa, ao cair da tarde, até Domingo de Páscoa, tendo seu ponto mais alto na Vigília Pascal na Noite Santa.

Chamado ao seguimento de Jesus

Não dá para sermos espectadores. Tudo o que acontece é em vista de nossa vida cristã e de nossa salvação. Quando foi publicado o cartaz da Campanha da Fraternidade de 2015, a figura do Papa Francisco, realizando o Lava-pés na Semana Santa, deixou uma forte impressão em todo o país. O rito não tem nada de teatral, nem mesmo de gestos do passado. É extremamente atual e provocante! E a Sexta-feira Santa traz consigo o chamado ao seguimento de Jesus, para conduzir-nos depois à Páscoa, celebrada em seu coração, da Vigília Pascal para o Domingo.


Alegria da salvação

O que dizer dos grandes sermões pronunciados na Semana Santa? Em nossa Belém, o Sermão das Três Horas da Agonia, com as Sete Palavras de Jesus na Cruz, na Sexta-feira Santa, abre ouvidos e corações a cada ano. Pelas ruas, a Via-sacra, o Sermão do Encontro, o descendimento da cruz, tudo se torna anúncio, resposta de fé e vida nova para todos. Além das celebrações litúrgicas e dos grande sermões, os acontecimentos pascais são também encenados com capricho por uma infinidade de grupos. A Paixão de Cristo é o episódio da história da humanidade mais representada em peças teatrais. Quanta gente já encontrou emoção e conversão assistindo, nas praças públicas, a esses espetáculos!

Permaneça em nós, na grande Semana, o apelo de Santo Atanásio, que vale como convite: "É muito belo passar de uma para outra festa, de uma oração para outra, de uma solenidade para outra solenidade. Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da santa Páscoa, na qual o Senhor foi imolado. O Deus que, desde o princípio, instituiu essa festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte seu próprio Filho. Pelo mesmo motivo nos proporciona essa santa solenidade que não tem igual no decurso do ano. Essa festa nos sustenta no meio das aflições. Por ela, Deus nos concede a alegria da salvação e nos faz amigos uns dos outros. É este um milagre de sua bondade: congrega nesta festa os que estão longe e reúne na unidade da fé os que, porventura, se encontram fisicamente afastados" (Das Cartas pascais de Santo Atanásio, bispo).



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


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