28 de março de 2025

Felicidade é ter sentido na vida

A busca pelo sentido da existência

O homem sempre está perguntando a si qual o sentido de sua existência diante dos desafios da vida. Contudo, ainda há uma grande gama de pessoas nas quais esse sentido é tido como uma verdadeira incógnita, que, por não ser correspondida, pelo menos naquele momento, traz o vazio, a insatisfação e a infelicidade. 

A vida espera algo de nós

Viktor Frankl, neurologista, psiquiatra e filósofo, cita, em seu livro "Em busca de sentido", que "precisamos aprender que nunca e jamais importa o que nós ainda temos a esperar da vida, mas sim exclusivamente o que a vida espera de nós". Nesse sentido, é necessário que cada indivíduo, em sua dignidade, liberdade e responsabilidade, tome posse de que, sendo único e irrepetível, tem uma missão pessoal. 

O humor como mecanismo de defesa

Em situações extremas da nossa vida, e muitas vezes inevitáveis, surge uma estratégia maravilhosa, o humor como um mecanismo de defesa, permitindo-nos manter a sanidade diante da iminência do sofrimento. O humor, segundo Viktor Frankl, fundador da logoterapia, é uma capacidade exclusivamente humana que nos habilita a afastar-nos de uma situação e até mesmo de nós mesmos. Essa capacidade de escolher uma atitude positiva frente aos nossos enfrentamentos, pois somos livres e responsáveis por nossas escolhas. 

Silveira & Mahfoud (2008) argumentam que o humor permite ao indivíduo distanciar-se de seus problemas, tornando-se "senhor de si". Podemos entender então que a pessoa não é o seu sofrimento, nem as barreiras que lhe impõem, ele é habilitado a pensar e, portanto, abençoado com a graça do livre-arbítrio. 

Descobrindo o significado da vida

Ademais, viver nos desafia a descobrir o significado por si, imergindo na própria experiência e confrontando as próprias verdades. É um propósito, uma missão que, ao ser bem vivida, gera frutos de felicidade acima das nossas adversidades. Essa é a essência da resiliência humana, a capacidade de transcender o sofrimento ao encontrar um propósito que justifica a luta. 

O propósito que justifica a luta

Viktor Frankl, em suas experiências nos campos de concentração, frequentemente citava Nietzsche para ilustrar esse ponto: "Quem tem por que viver pode suportar quase qualquer como". 

Crédito: ipopba / GettyImages

Viver com sentido: um sim à vida

O homem não quer ser somente feliz, mas quer uma razão para ser feliz. Essa razão nos sinaliza que prazeres momentâneos trazem problemas futuros. Se eu não encontro sentido, aquilo me causa sofrimento. Não é algo banal, mas essa necessidade existe desde que o homem foi criado por Deus.

Portanto, aqueles entre nós, filhos de Deus, que se tornam dignos de seus sofrimentos, têm a linda oportunidade de crescimento interior, configurando a sua vida de maneira única. 

A responsabilidade diante da vida

Viver com significado ativa em nós o gozo de cada experiência, revelando a abundância de possibilidades. Afinal de contas, existem duas alternativas: a de viver com sentido ou se rendendo à autopreservação egoísta. 

A felicidade do propósito

A vida nos exige que assumamos a responsabilidade de responder adequadamente às perguntas que ela nos apresenta, de cumprir as tarefas que ela nos impõe. Ligar-se nas situações internas, indo em direção aos outros e ao mundo. Nós não queremos respostas fáceis, mas respostas verdadeiras, que apontem para a beleza da vida, para a bondade e para a alegria. Aquilo que é bom, belo e verdadeiro. 

Temos um grande potencial para dizer sim à vida sempre, ter uma postura ativa e comprometida. Felicidade é isso: ter um porquê viver. 

 

Micheline Teixeira – Missionária da Comunidade Canção Nova, Graduada em Administração com complemento dos estudos em Marketing. Atualmente, cursa pós-graduação em Logoterapia. É diretora, produtora e jornalista no Portal Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/felicidade-e-ter-sentido-na-vida/

Ore sempre, porque o Senhor é a sua esperança

A esperança tem um nome: Jesus Cristo!

(1Ts 5,16-18; Sl 71,5)

Família, nossa fé em Cristo Jesus nos impulsiona a ter esperança, a viver de esperança e a propagá-la com entusiasmo, pois a nossa esperança é Ele. Sem dúvida alguma, nosso mundo precisa de esperança, pois nós vivemos dela. Basta pensarmos em nosso dia a dia: vivemos na esperança de uma oportunidade melhor, um dia melhor, desejamos encontrar pessoas de bem.

Crédito: Anawat_s/GettyImages

Nesse sentido, em nossa Igreja, vivemos o ano jubilar da Esperança. O Papa Francisco deseja que toda a humanidade faça essa experiência. Sim, trata-se da Esperança, de algo muito maior; na verdade, a esperança em uma Pessoa, Jesus Cristo. Para nós cristãos ela não é apenas uma palavra, mas tem um nome, Esperança, e ela é sim uma pessoa, a Esperança é Cristo Jesus. 

Em Cristo Jesus recomendamos nos apoiar, n'Ele devemos nos ancorar, pois Jesus é a nossa salvação, libertação, cura e nosso modelo servir a amar o próximo.

Na oração a Deus, um chamado à busca contínua

Estamos no "ano da graça do Senhor", irmãos. Tenhamos confiança n'Ele. Busquemos com mais intensidade, mais fervor, mais fé, Aquele que é o Princípio e o Fim de nossa vida, de maneira especial através da oração.

Se "os tempos são maus", não desanimemos; se os tempos são difíceis, dirijamo-nos a Ele com total confiança. Jesus ensinou a Seus discípulos e à multidão sobre a necessidade de orar, orar sempre, orar sem cessar, orar sem perder a esperança.

Tudo parte da oração, tudo deve nos levar à oração, "sem oração não podemos nos salvar " (Santo Afonso de Ligório), sem oração não podemos alcançar as graças de Deus, sem oração não podemos agradar a Deus, sem uma oração insistente desfaleceremos no caminho. 

Orar sempre, é o que fizeram os grandes homens e mulheres de Deus? Sim, oravam sempre!

São Paulo, em sua primeira carta aos Tessalonicenses 5,16-18, indicou três passos para aquela comunidade: viver contentes, orar sempre e dar graças em todas as situações, pois essa era a vontade de Deus. A comunidade de Tessalônica foi exortada pelo apóstolo São Paulo a viver na esperança da vinda definitiva do Senhor: " Pois vocês mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão de noite." (1Ts 5,2).

Corações contentes na Esperança

Como viver a expectativa da vinda do Senhor? Viver contente. O cristão, porque confia em Deus, porque vive n'Ele, é alegre, pois sabe em quem colocou sua confiança (2Tm 1,12). Viver contente em meio aos acontecimentos do nosso tempo – violência, fome, divisões… – não é uma falta de respeito ou de discernimento? Não! "Viver contente" significa ainda levar a esperança, não simplesmente um otimismo, mas levar a certeza de que Deus está conosco, e com Ele nós vamos, com Ele nós conseguimos. Com um sorriso nos lábios e com fé no coração, não há o que temer.


São Paulo, depois, fala de orar sempre, que a oração é o "motor" de nossa espiritualidade e que, com oração e na oração, movimentamos nossa fé em Deus. Na oração, falamos com Deus; na oração, pedimos, agradecemos ao Senhor e O louvamos. Orar sempre não significa somente balbuciar palavras a Deus o dia todo; orar sempre significa ter o coração sempre em sintonia com Deus, como acordar e pensar em Deus, falar com Ele, tomar um café e agradecer pelo "pão nosso de cada dia", realizar os trabalhos com honestidade e se santificar com aquele ofício, tendo consciência de que cada ação é para glória de Deus.

Fazer a vontade de Deus, um abandono confiante no Criador

Viver contente, orar sempre e estar na vontade de Deus, pois estamos no ano jubilar da esperança. E o que o Senhor deseja de nós mais uma vez? Que façamos a Sua vontade. Ora, se buscamos estar alegres, se buscamos a comunhão com o Senhor na oração, então o último passo é a busca pela vontade de Deus. Pensemos: o que Deus nos pede hoje? 

Proponho que façamos a vontade d'Ele num total abandono, numa confiança sem reservas a Ele. Vamos dizer "Tu és a minha esperança" (Sl 71,5), vamos dizer aos nossos desafios que Deus é a nossa esperança. Vamos dizer às pessoas que encontramos que "Deus é a nossa esperança ". Por causa d'Ele nós amamos, perdoamos, ganhamos. Por causa d'Ele amamos o próximo, e assim faremos um mundo melhor.

Enfim, aproveitemos essa Quaresma, aproveitemos a 12ª edição das 24h para o Senhor para rezarmos, para nos penitenciarmos e para nos comprometermos com a Esperança, Jesus Cristo, e levá-Lo em nosso rosto e em nossas atitudes.


Padre Márcio Prado
Missionário Núcleo da Comunidade Canção Nova  


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/ore-sempre-porque-o-senhor-e-a-sua-esperanca/

26 de março de 2025

"Na fraqueza, o poder": Superando a ansiedade pela fé

Desafios: ansiedade, fé e a arte de ressignificar a vida

Você já percebeu como estamos cada vez mais impacientes? Parece que não conseguimos mais esperar — nem pelas coisas, nem pelas pessoas. Vivemos correndo, como se o mundo não acompanhasse nosso ritmo acelerado. E para justificar essa pressa, muitas vezes dizemos: "É que eu sou muito ansioso(a)". Ansiedade é, de fato, uma das palavras mais em alta atualmente. Mas você sabia que ela é um problema de saúde mental muito mais comum do que imaginamos? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ansiedade afeta cerca de 264 milhões de pessoas no mundo. Esse número pode ter aumentado nos últimos anos, especialmente por causa da pandemia de COVID-19, que impactou profundamente a saúde mental de milhões.

Crédito: MissTuni/GettyImages

A ansiedade representa aproximadamente 3,8% dos problemas de saúde globais, medidos em anos de vida ajustados por incapacidade — um indicador que considera tanto os anos vividos com dificuldades quanto os anos perdidos por morte precoce. Além disso, a OMS alerta que a ansiedade é um dos transtornos mentais mais comuns, e pode ter consequências sérias, afetando desde a qualidade de vida até a capacidade de enxergar oportunidades.

Uma dessas consequências é a forma como a ansiedade influencia nossa interpretação da realidade. Quem vê o mundo através das lentes da ansiedade tende a enxergar poucos frutos surgindo, como se a vida fosse um constante "patinar" — aquela sensação de que não saímos do lugar, acompanhada de frustração e desânimo. No entanto, mudar essa chave de leitura pode nos levar a uma interpretação mais esperançosa da vida, onde os desafios se transformam em oportunidades de crescimento.

Desafios: oportunidades disfarçadas

Todos os dias, somos confrontados com desafios. Eles podem surgir em diferentes formas: problemas de saúde, dificuldades financeiras, conflitos nos relacionamentos, crises existenciais ou, como no caso da ansiedade, a luta constante contra uma mente inquieta. Nesse contexto, a ansiedade muitas vezes surge da tentativa de controlar o incontrolável. Queremos respostas imediatas, resultados rápidos e soluções instantâneas. Essa pressa nos faz sentir que nunca temos tempo suficiente, que nunca alcançamos nossos objetivos.


"Não temos uma vida curta, mas desperdiçamos muito dela. A vida é longa o suficiente, se bem empregada." – Sêneca, nesta frase, nos apresenta que a questão, então, não é a falta de tempo, mas como usamos o tempo que temos. Será que estamos investindo nossa energia no que realmente importa, ou estamos nos perdendo em preocupações infrutíferas?

A perspectiva que transforma

O mundo é, em grande parte, reflexo do olhar que lançamos sobre ele. Embora essa ideia possa parecer simplista à primeira vista, ela ganha profundidade quando aplicada à nossa relação com os desafios. Em uma sociedade onde todos parecem competir para sair ganhando ou para se destacar, os obstáculos podem se apresentar como muros intransponíveis. Mas como enxergar além desses muros?

Aqui, gosto de recorrer a uma interpretação pessoal do conceito de fé. Em meio aos desafios e ao desespero de navegar em um mar chamado vida — muitas vezes agitado pelos pensamentos ansiosos —, a fé se apresenta como uma ferramenta poderosa de interpretação. Como escreveu Paulo na Segunda Carta aos Coríntios: "Basta-te minha graça, pois é na fraqueza que se consuma o poder".

Paulo nos lembra que os desafios são oportunidades para exercitar nossas habilidades, sempre a partir da graça de Deus, que acompanha aqueles que creem. Essa perspectiva nos convida a ver nossas fraquezas não como derrotas, mas como espaços onde o poder divino pode se manifestar.

A força que nasce da fraqueza

Embora os desafios nos cansem e gerem, hoje, pessoas cada vez mais ansiosas, esgotadas e desanimadas, eles trazem a ideia de Humano Frágil, e é justamente nessa fragilidades do humano que, como pessoas de fé, podemos nos abrir à graça de Deus.

Afinal, "de bom grado, pois, me gloriarei sobretudo de minhas fraquezas, para que habite em mim o poder de Cristo" – Paulo nos convida a encarar os desafios não como inimigos, mas como instrumentos que nos levam a uma existência vivida sem medo de experimentá-la, ao mesmo tempo que ela se torna muito mais significativa para quem a vive.

Padre Robson Caramano
Mestre em linguagens, mídia e arte pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, mestrando em Filosofia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/na-fraqueza-o-poder-superando-a-ansiedade-pela-fe/

25 de março de 2025

O “SIM” de Maria de Nazaré

Nazaré e a história de Maria

Para iluminar e compreender uma personalidade e sua missão específica é preciso situa-la na realidade sociopolítica do seu tempo.  Estamos falando de Maria, a mãe de Jesus e nossa,  nasceu em Nazaré, da Galiléia.

Crédito: Jorisvo/GettyImages

As fontes sobre a história de Maria de Nazaré são bem escassas. Além dos Evangelhos, dos Atos dos Apóstolos e da literatura apócrifa, não existe  outra fonte segura que descreva sua trajetória.

No entanto, algumas indicações nos levam à Galiléia e encontramos a pequena cidade de Nazaré onde Maria viveu a sua infância. Era uma pequena aldeia agrícola, com cerca de  2000 habitantes. Uma ou outra família, como a de Jesus, se dedicava à  carpintaria e outros trabalhos voltados para prestar serviços indispensáveis à comunidade. 

"Eis a serva do Senhor!"

Segundo relatos, Maria era  filha de Joaquim e de Ana, prometida em casamento a José. À primeira vista era uma mulher comum,  como qualquer outra do seu tempo. Seguia os mandamentos bíblicos e era dotada de muitas qualidades.  Fiel às tradições judaicas, fiel ao seu tempo e à sua cultura. Certo dia a adolescente  recebeu a visita do Anjo Gabriel e a partir daquele momento tudo mudou em sua vida, na sua história.


No evangelho de São Lucas (LC. 1. 26-36) vamos encontrar o relato da Anunciação onde tem inicio a participação de Maria no plano da salvífico de Deus. Mediante sua resposta afirmativa, após alguns esclarecimentos e diálogos com o Anjo Gabriel, Maria disse: "Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra" (LC. 1,38). Maria diz "SIM" ao projeto proposto por Deus, para ela e para toda a humanidade. 

Resposta que saiu do humilde coração de Maria  e atraiu em seu seio, o Filho Unigênito do Pai, fazendo-se homem no ventre puríssimo da Virgem.  Assim o Filho de Deus  passou a ser, também,  Filho de Maria. 

Humilde serva, mãe sublime

Maria não se exalta por ter sido escolhida para ser a mãe de Jesus. Antes, o seu desejo profundo era unir-se cada vez mais a Deus e por isso respondeu ao anjo, num completo abandono à vontade divina: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a sua vontade"(Lc 1,38). A humildade de Maria atingiu o coração do Pai quando disse: "Eis a serva do Senhor". Foi a partir deste momento que podemos imaginar que se constituiu uma escada, pela qual o Senhor se dignou descer à terra para permanecer  com a  humanidade como homem-Deus para resgatar a humanidade do pecado original, com  sua vida morte e ressurreição. 

Segundo Santo Tomás de Vila Nova no canto do Magnificat, "Maria não especificou quais eram as maravilhas que Deus lhe havia concedido. Maria não expos, porque são tão grandes, que não podem ser explicadas". Assim, podemos deduzir que Deus dotou Maria em sumo grau de  graças particulares  para assumir a missão de Mãe de Deus, a mais nobre e sublime das missões que uma pessoa possa receber.

A Mãe de Deus e de toda a humanidade  é infinitamente  inferior a Deus, mas imensamente superior a todas as criaturas. E se é possível encontrar um filho mais nobre que Jesus, é imensamente  impossível achar uma mãe mais nobre que Maria.  

Oração Nossa Senhora da Anunciação "Todas as gerações vos chamarão de bem-aventurada, ò Maria. Vós acreditastes no anúncio do arcanjo Gabriel e em vós se cumpriram as grandes coisas que ele vos anunciara. Todo o meu ser vos louve, ò Maria. Tivestes fé na encarnação do Filho de Deus em vosso seio virginal, e assim vos tornastes Mãe de Deus". (Tiago Alberione)

Élide Maria Fogolari
Pertence à Congregação das Irmãs Paulinas. Gaúcha de Tuparendi, especializou-se nas mediações culturais construídas pelas telenovelas e na linguagem radiofônica. Mestra em Ciências da  Comunicação  pela ECA/USP, com formação no curso de jornalismo da PUCPR. Foi Assessora da Comissão para a Comunicação  da CNBB por 8 anos.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/o-sim-de-maria-de-nazare/

Por que há tantas divisões na sociedade?

Heranças da ruptura, um exemplo de divisão para a sociedade

Certamente, você já ouviu o ditado popular: "Quando os pais brigam, os filhos perecem". Atualmente, é inegável que somos uma sociedade marcada pelos divórcios, e que cada vez mais vêm sendo normalizados. Assim, dando como exemplo, é possível dizer que sempre conhecemos alguém cujos pais são divorciados, e que foram criados pelos avós ou por um dos pais. Na maior parte das vezes, esse assunto torna-se algo delicado, ou até mesmo desconfortável para essa pessoa. E posso dizer que essas características não são exclusivas do nosso século, visto que, desde 1977, ano em que foi promulgada uma lei para autorização legal de separação de casais, um número cada vez maior de casais estão terminando seus relacionamentos, causando danos irreparáveis às suas famílias.

Crédito: cagkansayin/GettyImages

Sou grato por meus pais não terem se divorciado, mas reconheço que muitas crianças enfrentam essa realidade. Acompanhei algumas histórias de filhos que, apesar da herança dos pais ou da ausência de casamento entre eles, encontraram caminhos para prosperar. Afinal, a família perfeita não existe! É inegável que essas experiências podem deixar marcas profundas, moldando o caráter de alguma forma negativa. Contudo, mesmo passando por tudo isso, muitos conseguem superar esses traumas e constituir novas famílias com perfeita harmonia.

Quem fica com o quê? Quando a sociedade imita a briga dos pais

Deixe-me contar uma parábola para você entender melhor onde quero chegar com isso tudo: Dona Lurdes está casada com o Sr. Quinzinho e, juntos, tiveram três lindos filhos. O filho mais velho de Seu Quinzinho é o Adalberto; a filha do meio se chama Raquel; e o mais novo, João. Eles nasceram um atrás do outro e sempre foram uma família muito humilde e feliz. Dona Lourdes era dona de casa e fazia pequenos trabalhos para complementar a renda, como lavar e passar roupa, e pequenos serviços de costura. Seu Quinzinho era pedreiro, mas tinha um grave problema: beber todo final de semana até cair no sofá e dormir ali mesmo, sem tomar banho.

Na adolescência dos filhos, Seu Quinzinho ficou um longo tempo sem serviço. Ele tentou trabalhar em outra área, mas não conseguiu porque tinha poucas instruções. Mesmo sem dinheiro e fazendo bicos, tomado pelo desespero, ele passou a ficar bêbado todos os dias, e acabou se tornando alcoólatra e violento com Dona Lurdes, que passou a ter de fazer mais serviços para que nada faltasse em casa. Devido às inúmeras situações constrangedoras e perigosas que o alcoolismo provocou no casamento deles, Dona Lurdes, mesmo amando o marido, teve de se separar dele. E como ficaram os filhos? Adalberto defendeu a mãe. Raquel teve pena do pai e ficou com ele. E João olhou toda essa situação com desprezo, pegou suas coisas, arrumou um trabalho em outra cidade e foi morar com os avós.


Quando os pais brigam e forçam os filhos a tomar partido, ignoram o desejo mais profundo deles: a reconciliação. Mesmo em meio ao conflito, a última coisa que os filhos querem é escolher um lado e transformar um dos pais em inimigo. Se pudesse, escolheriam a união, ou seja, o "antidivórcio". No entanto, este texto não se concentra no desenho, mas sim na divisão que está presente na nossa sociedade, manifestando-se em inúmeras áreas e gerando consequências incalculáveis. Essa separação de significados, essa polarização, é o tema que quero explorar.

"Para que todos sejam um", uma urgência da unidade em um mundo fragmentado

A polarização política e ideológica, propagada pelos noticiários e pelas redes sociais, tem gerado profundas divisões, até mesmo entre pessoas com opiniões em comum, como em nossas casas com nossos familiares. Em vez de promover uma enriquecedora troca de ideias, o debate fica cada vez mais acirrado entre os diferentes espectros políticos – Esquerda, Direita e Centro –, os quais, muitas vezes, deixa de lado as necessidades das mais vulneráveis, tratando-os como meras pessoas na disputa de poder.

E essa divisão não se limita apenas à esfera política. A fragmentação teológica aflige o Corpo de Cristo há séculos, e a busca pela unidade entre a Igreja e suas diversas denominações, em cumprimento ao desejo expresso por Cristo em João 17,21 ("para que todos sejam um"), representa um enorme desafio para nós cristãos.

Além disso, conflitos assolam governos e nações, tanto em suas relações externas quanto internamente. Na África, muitos países ainda enfrentam guerras civis e perseguições religiosas, mergulhando seus cidadãos em miséria e violência. Na Ásia, vastas populações tiveram a oportunidade de conhecer a mensagem de Cristo, e qualquer tentativa de levar o Evangelho, muitas vezes, esbarra em resistência e conflito.

Bem como, dentro das famílias, os debates ideológicos, as divergências de fé e os choques geracionais também criam obstáculos. Os mais jovens desrespeitam os mais velhos, que, por sua vez, ofendem os mais jovens. Em algumas famílias, as diferenças geracionais são tão marcantes, que levam ao afastamento entre pais e filhos, motivado por uma variedade de razões. Em todas essas divisões, percebemos a triste realidade de que, quando há discórdia entre as figuras de autoridade em um lar, os mais fracos e dependentes são os que mais sofrem, privados da atenção e do apoio aqueles que deveriam estar unidos em prol do crescimento e bem-estar familiar.

Multiplicando a graça em tempos de divisão

Por que o Pai Celestial tem permissão para tantas divisões? São Paulo vai escrever na carta aos Coríntios: "É necessário que haja cisões entre os vós, a fim de que se veja quem dentre os vós resiste à provação" (1 Cor 11,19). A divisão que se apresenta nas famílias, no Corpo de Cristo e nas nações não é um desejo do Pai, porém, sua permissão põe em prova nosso coração, para que assim nossa fé seja fortalecida!

A riqueza dessa prova não reside na simples escolha de um "lado certo", pois nem sempre essa escolha é clara. Em muitos conflitos, todas as partes podem ter suas falhas e responsabilidades. O verdadeiro valor está em permanecermos firmes em nossa obediência e confiança em Deus, mesmo em meio ao caos e às incertezas. Diante dos conflitos que nos fragmentam interna e externamente, o legado de Cristo nos provoca garantir que sua graça não seja em vão (1 Cor 15,10).

Paulo também alertou aos Coríntios sobre como suas divisões internas impediriam a manifestação plenária do Espírito Santo, apesar dos dons espirituais presentes na comunidade (1 Cor 11-14). Por isso, em vez de nos concentrarmos nas ações da divisão, consideramos os frutos que podem florescer a partir dela, através da ação do Espírito Santo.

Quando Cristo retornar, Ele não nos questionará sobre a divisão, mas sobre a nossa capacidade de multiplicar os dons que Ele nos concedeu. Respondemos a essa graça com uma fé inabalável, buscando a unidade em meio à diversidade e modificando a prova da divisão em oportunidade para um crescimento espiritual profundo e duradouro.

Guilherme Christovão
Missionário Núcleo da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/por-que-ha-tantas-divisoes-na-sociedade/

24 de março de 2025

Ecologia espiritual, um olhar de fé para a crise ambiental

Ecologia integral, equilíbrio ambiental e social

"Deus viu que tudo era muito bom", o relato do livro do Gênesis revela o olhar de Deus direcionado à sua obra, à Criação. O olhar divino precisa inspirar o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, vocacionado à regência do conjunto da obra do Pai. Neste tempo da Quaresma, com convites interpelantes à conversão, é oportuno acentuar que a dimensão espiritual se vincula ao conceito de ecologia integral, detalhado por Papa Francisco.

Crédito: PEDRE/GettyImages

A ecologia, enquanto ciência, ajuda a compreender a relação entre todas as criações. Revela que microrganismos, plantas, animais e os seres humanos estão interligados. Isso significa que todos precisam se mobilizar para garantir o equilíbrio ao planeta, evitando sua destruição. A expressão ecologia integral permite compreender a humanidade que esse equilíbrio é também essencial para a superação de desequilíbrios sociais. O ser humano não pode, pois, permitir-se agir irracionalmente, cego pela ambição desmedida, regido por uma lógica econômica perversa.

A situação atual é grave conforme sinalizam as catástrofes ambientais, provocadas pelos extremos climáticos. Ainda assim, a humanidade permanece diante de sombras que inviabilizam o adequado discernimento, prejudicando a necessidade de cooperação global, que é necessária para interromper a manipulação da casa comum.

A divisão inconciliável: crises, conflitos e desigualdades

Estudiosos afirmam que já não se vive a manifestação da polarização, mas sim da divisão na sociedade. Podem ser identificados dois grandes grupos que abrangem concepções de futuro inconciliáveis. Por isso, travem uma disputa ferrenha em que ninguém sairá vencedor. Os conflitos se agravam e prejudicam a convivência social, tornando ainda mais distante o sonho de um mundo mais solidário, com tratamento menos desigual na regência dos bens da Criação.


As profundas crises que ameaçam o planeta não são resolvidas com xingamentos e extremismos. Também não podem ser superadas a partir da imposição de concepções incompatíveis com o bem comum. A divisão que inviabiliza a cooperação global é específica que precisa ser treinada e melhor compreendida, pois impacta diretamente as ações políticas, com repercussões nas relações internacionais, institucionais e interpessoais. Vive-se, assim, a fase seguinte ao impacto da polarização, com o agravamento das divisões que ferem o planeta, prejudicando especialmente os mais pobres e vulneráveis. Acentuam-se os conflitos, com insanidades, fragilidades e lógicas convencionais que contaminam a política e a economia, agravando os processos de destruição do meio ambiente.

Laudato si' e a ecologia integral, um chamado à ação e à residência

Assim, compreender o significado de ecologia integral pode ajudar a recompor mesas de diálogo, indispensáveis para que haja soluções capazes de ajudar a preservar a casa comum. Essas mesas não podem dar lugar a discursos ultrapassados, devem ajudar na construção de saídas para as muitas crises, processo que pode ser doloroso, mas é essencial.

Ilumina a realidade complexa, possibilitando a sua compreensão adequada, as partilhas do Papa Francisco, no terceiro capítulo de sua Carta Encíclica Laudato Si' : é preciso enxergar a raiz humana da crise ecológica, possibilidade de se avançar para além dos "sintomas", chegando às causas da ruína da vida e do ser humano.

A advertência focaliza que não se pode reduzir ou englobar tudo no paradigma tecnocrático. Ao invés disso, torna-se necessário refletir sobre o lugar ocupado pelo ser humano na regência do planeta, à luz dos princípios da ecologia integral. Não se pode deixar que uma divisão em curso desconsidere a restrição da qualidade de vida de muitos e a preocupante manipulação social que fere a humanidade. O ser humano tem o direito de viver e de ser feliz. É uma criatura deste mundo com dignidade especial, mas precisa considerar que a manipulação do meio ambiente resulta de um modelo de desenvolvimento que envolve a própria vida, caracterizado pela "cultura do descarte".

Transformando o mundo com o olhar de Jesus

Preservar a felicidade e, sobretudo, a vida, exige atitudes no horizonte da ecologia integral, que contemple as dimensões sociais, políticas, econômicas, ambientais e espirituais – os discípulos de Jesus precisam compreender o mundo à luz do olhar de seu Mestre, conforme aponta o Papa Francisco na Laudato Si'. E Jesus expressa, em colóquio com seus discípulos, o olhar da ternura e o cuidado de seu Pai dedicado às criaturas, ressaltando a singularidade de cada uma delas. Por isso, ensina a importância de se exaltar a beleza que existe no mundo, convidando os discípulos ao cultivo fecundando desta atenção, admiração e carinho.

A harmonia de Jesus com a Criação sempre foi plena, valorizando as realidades deste mundo. Sua vida simples em Nazaré promove a santificação do trabalho, feita com as próprias mãos. O Mestre trilhou e aponta um caminho relevante – experiência para gestar sentimentos de pertencimento e de solidariedade capazes de suplantar todo tipo de mesquinhez e de indiferença. O olhar de Jesus traz preciosidades capazes de inspirar pensamentos diferentes, com o poder de construir uma política de diálogos – e não de divisões.

A espiritualidade cristã pode e precisa ajudar a construir um novo estilo de vida que seja contraponto ao paradigma tecnocrático. Uma espiritualidade fecunda de alcance ecológico para recuperar sensibilidades, constituindo um cenário mais saudável, mais humano. Nesta direção, afirma o Papa Francisco, consegue-se investir em sistemas menos predatórios e excludentes, caminho para resolver problemas concretos, alternativas às divisões que geram prejuízos para todos. O olhar de Jesus, assim, é capaz de ajudar o mundo a alcançar novas conquistas humanitárias, semeando iniciativas que promovam a inclusão, pela força própria e singular de uma ecologia espiritual.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/meio-ambiente/ecologia-espiritual-um-olhar-de-fe-para-crise-ambiental/

22 de março de 2025

Converter-se para viver plenamente

Coração dividido, a luta interior do homem moderno

"O mundo atual apresenta-se simultaneamente poderoso e débil, capaz do melhor e do pior, tendo patente diante de si o caminho da liberdade ou da servidão, do progresso ou da regressão, da fraternidade ou do ódio. E o homem torna-se consciente de que a ele compete dirigir as forças que suscitou, e que tanto o podem esmagar como servir. Por isso se interroga a si mesmo. Os desequilíbrios de que sofre o mundo atual estão ligados com aquele desequilíbrio fundamental que se enraíza no coração do homem. Porque, no íntimo do próprio homem, muitos elementos se combatem. Por uma parte, ele se experimenta como criatura que é multiplamente limitado, por outra, sente-se ilimitado nos seus desejos e chamado a uma vida superior. Atraído por muitas solicitações, vê-se obrigado a escolher entre elas e a renunciar a algumas. Mais ainda, fraco e pecador, faz, muitas vezes, aquilo que não quer e não realiza o que desejaria fazer. Sofre assim em si mesmo a divisão, da qual tantas e tão grandes discórdias se originam para a sociedade. A Igreja acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todos, oferece aos homens, pelo seu Espírito, a luz e a força para poderem corresponder à sua altíssima vocação. E nem foi dado aos homens sob o céu outro nome, no qual devam ser salvos. A chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e mestre" (cf. Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral Gaudium et Spes, 9-10).

Crédito: IG_Royal/GettyImages

Sempre atuais estas palavras do Concílio Vaticano II, elas se revelam mais ainda oportunas diante de fatos que deixam estarrecidas as pessoas, como temos assistido em nosso país e no mundo inteiro.

Diante da violência, um caminho de conversão

E não estamos distantes, por convivermos com a "violência nossa de cada dia", tamanha a sua força que podemos ficar anestesiados, como se fossem apenas mais alguns dentre os muitos fatos. A Liturgia da Quaresma, em seu terceiro domingo (cf. Lc 13, 1-9), relata as reações de Jesus diante de desastres do tempo ou a violência perpetrada por autoridades.


Parece-nos estar lendo as páginas policiais do jornal do dia! Com Jesus e com as lições da história, suscitadas pelo Espírito Santo no correr dos tempos, somos todos convidados a refletir sobre as causas dos acontecimentos recentes, perguntar-nos o que está ao nosso alcance fazer e dar o passo necessário para a conversão, apelo contínuo oferecido misteriosamente por todos eles, pois tudo contribui para o bem dos que amam a Deus (cf. Rm 8,28).

O amor como resposta de todo cristão

As lições são acolhidas por aqueles que amam a Deus em quaisquer circunstâncias. Uma das consequências será responder com amor aos desafios lançados pelo ódio que se espalha.
Continua atual a oração atribuída a São Francisco: "Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver a discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvida, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero que eu leve a esperança. Onde houver a tristeza, que eu leve alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó mestre, fazei-me que eu procure mais, consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar, que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna".

Entretanto, "quem julga estar de pé tome cuidado para não cair" (1Cor 10,12). No Evangelho de São Lucas, Jesus comenta um massacre ordenado por autoridades. A interpretação popular levava a crer que por trás havia o castigo de Deus por pecados cometidos. O Senhor leva as pessoas a darem um salto qualitativo, entendendo que os acontecimentos sociais e políticos devem suscitar um exame de consciência, e chama à conversão.

O mundo como espelho da fé

Para reforçar, Jesus se refere a um desastre acontecido por causa de uma tormenta. E não são poucos os fatos de nosso tempo, pensando, por exemplo, na situação de mudança climática, a ser enfrentada em debates e decisões aqui mesmo, em Belém, na COP 30. Também estes fatos trazem consigo o convite à conversão.

Para Jesus e para os cristãos de todos os tempos! O mundo é transparente e revelador da presença
e dos apelos de Deus. O que podemos aprender com os acontecimentos de violência, atentados, absurdos, irresponsabilidades, e daí por diante? Uma primeira lição pode vir da velocidade com que correm as informações e notícias, muitas vezes acolhidas e repassadas com ingenuidade, outras vezes com maldade, pois o mistério do ser humano nos faz assistir pessoas que querem "ver o circo pegar fogo", ou querem incendiar até o país e o mundo, em vista da força de suas ideologias e até sonhos
malucos.

Faz-se urgente um discernimento diante das notícias que correm nas redes sociais, para não repassá-las com avidez e falta de espírito crítico. Podemos ainda perguntar-nos sobre o que entra em nossa casa através de filmes, postagens, jogos eletrônicos, inclusive alguns deles com programação de atos violentos contra os outros, a sociedade e a própria vida.

"Quem julga estar de pé tome cuidado para não cair"

Basta percorrer uma vez os títulos dos filmes constantes no guia aos canais por assinatura para vez a quantidade de "ofertas" de violência, erotismo desenfreado e pornografia. Um dos fatos mais desconcertantes e originais que vivemos no presente é que nossas tradições culturais já não se transmite do mesmo modo de uma geração à outra. Isso afeta, inclusive, o núcleo mais profundo de cada cultura, a experiência religiosa, que parece agora igualmente difícil de ser transmitida através da educação e da beleza das expressões culturais, alcançando a própria família que, como lugar do diálogo e da solidariedade intergeracional, havia sido um dos veículos mais importantes da transmissão da fé.

Os meios de comunicação invadiram todos os espaços e todas as conversas, introduzindo-se também na intimidade do lar. Ao lado da sabedoria das tradições, em competição, localizam-se agora a informação de último minuto, a distração, o entretenimento, as imagens dos vencedores que souberam usar a seu favor as ferramentas tecnológicas e as expectativas de prestígio e estima social, o que faz com que as pessoas busquem denodadamente uma experiência de sentido que preencha as exigências de sua vocação, ali onde nunca poderão encontrá-la (cf. Documento de Aparecida, 39).

"Quem julga estar de pé tome cuidado para não cair". Acolhamos o apelo da Palavra da Escritura e os ensinamentos do Concílio! Para não cair, só a volta a Jesus Cristo e, por causa dele, a conversão dos costumes. Cada pessoa continue a tornar concretas as respostas aos desafios, em sua própria realidade!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/converter-se-para-viver-plenamente/