14 de dezembro de 2024

Como se relacionar com Nossa Senhora no dia a dia?

Cada paróquia no Brasil tem um título de Nossa Senhora que ganha destaque na comunidade local. Quando se aproxima a festa relacionada a esse título mariano, a paróquia se mobiliza, faz novena, quermesse e celebra muito a festividade.

Nossa Senhora só está presente em nossa vida nesses momentos particulares? Somos fiéis devotos dela, mas só pedimos sua intercessão nas Missas celebrativas ou quando estamos com problemas a resolver? Não é esse o desejo de Deus ao nos dar Maria como Mãe, nem é o desejo dela ao nos assumir como filhos. Ela quer participar do nosso dia a dia, auxiliando-nos e fortalecendo-nos na caminhada até Deus.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Trazer Nossa Senhora para perto

São Bernardo nos ensina que "nos perigos, nas angústias e dúvidas, devemos pensar em Maria, invocando-a". São Boaventura afirma: "Jamais li que algum santo não tivesse sido devoto especial da Santíssima Virgem". Na oração da Ladainha de Nossa Senhora, nós a chamamos de "auxílio dos cristãos". Sim, ela o é! Nossa Senhora é Auxiliadora!

No Evangelho de João 19,26-27, vemos que "Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse a ela: 'Mulher, eis o teu filho!'. Depois, disse ao discípulo: 'Eis a tua mãe!'. A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu'".

Papa Francisco, ao meditar essa leitura, fala-nos: "Temos uma Mãe que está conosco, que nos protege, acompanha e ajuda também nos tempos difíceis, nos maus momentos".

A maternidade de Maria

Podemos encontrar um vasto conteúdo nos escritos dos Papas e Santos da Igreja mostrando-nos a real maternidade de Maria. A resposta de João às Palavras do Cristo na cruz nos mostra qual deve ser nossa postura ao acolher a Virgem Santa como Mãe: "A partir daquela hora, o discípulo a acolhe no que era seu". Esse é o centro do relacionamento materno entre Maria e seus filhos, não somente crer na maternidade, mas trazer Nossa Senhora para perto, colocá-la a par dos acontecimentos e sentimentos que, diariamente, compõem nossa vida, e para isso há um caminho eficaz: a oração.

Seja o Rosário, o Ofício, a Ladainha ou uma jaculatória que invoca a proteção da Santíssima Virgem, seja um momento longo ou um breve elevar da alma até o colo sublime da Mãe de Deus, o certo é que devemos seguir o exemplo de João e trazer Maria para tudo o que nos pertence. Apresentar a ela nossos conflitos e medos, nossas vitórias e projetos, e tê-la como Mãe é encontrar nela uma companheira para o dia a dia.

Muitas vezes, durante o meu dia, elevo meu coração a Maria. Além de rezar o Santo Terço, vou colocando-me nas mãos dela no decorrer das horas e dos fatos ocorridos. Quando estou realizando algum trabalho, para o qual não tenho muito domínio, vou pedindo a Maria que venha em meu auxílio. Quando vivo uma situação difícil, busco nela um apoio.


Mostra-te, Mãe

Na Carta Encíclica Adiutricem Populi, Papa Leão XIII fala de uma jaculatória simples, mas eficaz: "Mostra-te, Mãe". Ele convida os cristãos a invocarem Maria nos acontecimentos do dia e pedir sua presença ou seu conselho.

Maria não somente quer nos acolher como filhos, como deseja nos acompanhar por toda nossa peregrinação aqui na Terra rumo à morada eterna.

Nos acontecimentos duros da vida, nos momentos de solidão e dor, alegria e realização, clamemos essa simples oração que nos ensina o Santo Padre: "Mostra-te, Mãe". Confiemos: aquela que acompanhou Jesus até o Calvário também nos acompanhará por todos os caminhos.

Equipe Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/como-se-relacionar-com-nossa-senhora-no-dia-a-dia/

13 de dezembro de 2024

Conheça a história da santa protetora dos olhos



Santa Luzia (ou Santa Lúcia), cujo nome deriva do latim, é muito amada e invocada como a protetora dos olhos, janela da alma, canal de luz.

Conta-se que pertencia a uma família italiana e rica, que lhe deu ótima formação cristã, ao ponto de Luzia ter feito um voto de viver a virgindade perpétua. Com a morte do pai, Luzia soube que sua mãe queria vê-la casada com um jovem de distinta família, porém pagão. Ao pedir um tempo para o discernimento foi para uma romaria ao túmulo da mártir Santa Ágeda, de onde voltou com a certeza da vontade de Deus quanto à virgindade e quanto aos sofrimento por que passaria, como Santa Ágeda.

Vendeu tudo, deu aos pobres e logo foi acusada pelo jovem que a queria como esposa. Santa Luzia, não querendo oferecer sacrifício ao deuses e nem quebrar o seu santo voto, teve que enfrentar as autoridades perseguidoras e até a decapitação em 303, para assim testemunhar com a vida, ou morte o que disse: "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade".

Somente em 1894 o martírio da jovem Luzia, também chamada Lúcia, foi devidamente confirmado, quando se descobriu uma inscrição escrita em grego antigo sobre o seu sepulcro, em Siracusa, Ilha da Sicília. A inscrição trazia o nome da mártir e confirmava a tradição oral cristã sobre sua morte no início do século IV.

Mas a devoção à santa, cujo próprio nome está ligado à visão ("Luzia" deriva de "luz"), já era exaltada desde o século V. Além disso, o papa Gregório Magno, passado mais um século, a incluiu com todo respeito para ser citada no cânone da missa. Os milagres atribuídos à sua intercessão a transformaram numa das santas auxiliadoras da população, que a invocam, principalmente, nas orações para obter cura nas doenças dos olhos ou da cegueira.

Diz a antiga tradição oral que essa proteção, pedida a santa Luzia, se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. A arte perpetuou seu ato extremo de fidelidade cristã através da pintura e da literatura. Foi enaltecida pelo magnífico escritor Dante Alighieri, na obra "A Divina Comédia", que atribuiu a santa Luzia a função da graça iluminadora. Assim, essa tradição se espalhou através dos séculos, ganhando o mundo inteiro, permanecendo até hoje.

Luzia pertencia a uma rica família de Siracusa. Sua mãe, Eutíquia, ao ficar viúva, prometeu dar a filha como esposa a um jovem da Corte local. Mas a moça havia feito voto de virgindade eterna e pediu que o matrimônio fosse adiado. Isso aconteceu porque uma terrível doença acometeu sua mãe. Luzia, então, conseguiu convencer Eutíquia a segui-la em peregrinação até o túmulo de santa Águeda ou Ágata. A mulher voltou curada da viagem e permitiu que a filha mantivesse sua castidade. Além disso, também consentiu que dividisse seu dote milionário com os pobres, como era seu desejo.

Entretanto quem não se conformou foi o ex-noivo. Cancelado o casamento, foi denunciar Luzia como cristã ao governador romano. Era o período da perseguição religiosa imposta pelo cruel imperador Diocleciano; assim, a jovem foi levada a julgamento. Como dava extrema importância à virgindade, o governante mandou que a carregassem à força a um prostíbulo, para servir à prostituição. Conta a tradição que, embora Luzia não movesse um dedo, nem dez homens juntos conseguiram levantá-la do chão. Foi, então, condenada a morrer ali mesmo. Os carrascos jogaram sobre seu corpo resina e azeite ferventes, mas ela continuava viva. Somente um golpe de espada em sua garganta conseguiu tirar-lhe a vida. Era o ano 304.

Para proteger as relíquias de santa Luzia dos invasores árabes muçulmanos, em 1039, um general bizantino as enviou para Constantinopla, atual território da Turquia. Elas voltaram ao Ocidente por obra de um rico veneziano, seu devoto, que pagou aos soldados da cruzada de 1204 para trazerem sua urna funerária. Santa Luzia é celebrada no dia 13 de dezembro e seu corpo está guardado na Catedral de Veneza, embora algumas pequenas relíquias tenham seguido para a igreja de Siracusa, que a venera no mês de maio também.


Fonte: https://noticias.cancaonova.com/brasil/conheca-a-historia-da-santa-protetora-dos-olhos/

12 de dezembro de 2024

Rezemos uma oração a Nossa Senhora de Guadalupe

Rezemos uma oração a Nossa Senhora de Guadalupe

Foto Ilustrativa: Laks-Art by GettyImages


Perfeita, sempre Virgem Santa Maria,
Mãe do Verdadeiro Deus, por quem se vive.
Tu, que, na verdade, és nossa Mãe Compassiva,
te buscamos e te clamamos.
Escuta com piedade nosso pranto, nossas tristezas.
Cura nossas penas, nossas misérias e dores.
Tu, que és nossa doce e amorosa Mãe,
acolhe-nos no aconchego do teu manto,
no carinho de teus braços.

Que nada nos aflija nem perturbe nosso coração.

Mostra-nos e manifesta-nos a teu amado Filho,
para que n'Ele e com Ele encontremos
nossa salvação e a salvação do mundo.
Santíssima Virgem Maria de Guadalupe,
Faz-nos mensageiros teus,
mensageiros da Palavra e da vontade de Deus.
Amém.

Oração de São João Paulo II a Nossa Senhora de Guadalupe

Oh, Virgem Imaculada, Mãe do verdadeiro Deus e Mãe da Igreja, Tu, que desse lugar manifestas tua clemência e tua compaixão a todos que solicitam teu amparo, escuta a oração que te dirigimos, com filial confiança, e a apresente a teu Filho Jesus, nosso único Redentor. Mãe de Misericórdia, Mestra do sacrifício escondido e silencioso, a ti, que vens ao encontro de nós pecadores, te consagramos, neste dia, todo nosso ser e todo nosso amor.

Consagramos-te também nossa vida, nossos trabalhos, nossas alegrias, enfermidades e dores. Concede a paz, a justiça e a prosperidade a nossos povos. Tudo o que temos e somos colocamos sob teus cuidados, Senhora e Mãe nossa. Queremos ser totalmente teus e percorrer contigo o caminho de plena fidelidade a Jesus Cristo em sua Igreja. Não nos soltes de tua mão amorosa. Virgem de Guadalupe, Mãe das Américas, te pedimos por todos os bispos, para que conduzam os fiéis por caminhos de intensa vida cristã, de amor e humilde serviço a Deus e às almas.

Contempla essa imensa messe e intercede para que o Senhor infunda fome de santidade em todo o Povo de Deus, e envie abundantes vocações sacerdotais e religiosas, fortes na fé e zelosos dispensadoras dos mistérios de Deus. Concede aos nossos lares a graça de amar e respeitar a vida que começa com o mesmo amor com que concebeste, em teu seio, a vida do Filho de Deus.

Virgem Santa Maria, Mãe do Formoso Amor, protege nossas famílias, para que estejam sempre muito unidas, e abençoe a educação de nossos filhos. Esperança nossa, lança-nos um olhar compassivo, ensina-nos a procurar, continuamente, a Jesus e, se cairmos, ajuda-nos a nos levantar, a nos voltarmos a Ele, mediante a confissão de nossas culpas e pecados no sacramento da Penitência, que traz serenidade à nossa alma.

Nós te suplicamos para que nos concedas um grande amor a todos os santos sacramentos, que são as pegadas de teu Filho na terra. Assim, Mãe Santíssima, com a paz de Deus na consciência, com nossos corações livres do mal e do ódio, poderemos levar a todos a verdadeira alegria e a verdadeira paz, que vem de teu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, que com Deus Pai e com o Espírito Santo vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.

Sua Santidade João Paulo II México, janeiro de 1979.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/rezemos-uma-oracao-a-nossa-senhora-de-guadalupe/

9 de dezembro de 2024

Oração para alcançar a paz interior

No alvorecer da esperança, venho Te pedir, Senhor,
a paz que restaura os corações aflitos.
Desejo a paz, que cura as feridas
e tranquiliza as emoções agitadas
das falas precitadas.

Cubra-me com o manto da serenidade,
ilumina-me com a luz da bondade
e acalma minhas tempestades interiores.

Ensina-me, Senhor,
a lição das flores, que, silenciosamente,
desabrocham espalhando a beleza da vida
e o perfume suave da delicadeza
sem nada pedir em troca.

Que minha vida irradie a paz das manhãs
e o acalento findar das tardes serenas.
Que meu silêncio não seja apenas ausência de palavras,
mas sim uma oferta de amor a ti.

Fala, Senhor, através do meu olhar!
Que eles possam ver além das aparências,
e que meus pensamentos de condenação
se convertam em prece pela conversão
para aqueles que, antes de me roubarem a paz,
já furtaram de si próprios a dádiva do amor.


Que os ventos contrários da maldade alheia,
não ofusquem a beleza da caridade;
que os espinhos do julgamento
sejam professores para aqueles que ainda precisam
aprender a graça de se deixarem florescer de bondade.

Em Tuas mãos, depósito minha esperança
de ser para todos o que Tu és para mim:
uma fonte inesgotável de misericórdia
na qual, agora, adentro para alvejar com Teu amor
minha alma aflita e cansada.

Amém!


 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/oracao-para-alcancar-paz-interior/

Como participar liturgicamente da Santa Missa?

Aprenda a participar liturgicamente da Santa Missa e a crescer na fé

Para que a nossa participação na Santa Missa seja consciente, ativa e frutuosa, é necessário conhecermos bem o que celebramos. Contudo, muitos católicos não receberam uma formação adequada acerca da liturgia da Santa Missa, e seguem aquilo que lhes foi ensinado sem questionamento algum.

Como participar liturgicamente da Santa Missa?

Créditos: Daniel Mafra / cancaonova.com

A Igreja quer manter sempre a sua unidade. Não são várias Igrejas Católicas, mas uma única Igreja. Por isso mesmo é necessário que haja uma unidade na liturgia, e aqueles que presidem as celebrações são os primeiros que devem vivenciar aquilo que celebram em plena unidade com a Igreja em todo o mundo. Por isso mesmo, todo presbítero deve ser o primeiro a aceitar e praticar as normas litúrgicas que regulam a liturgia. Triste é observarmos que, em muitos casos, o rito da celebração foi totalmente desfigurado por acréscimos que visam apenas inflar o ego de quem preside. Lembramos com carinho a frase de Adélia Prado: "A Missa é como um poema, não suporta enfeite nenhum".

Participação da assembleia na Santa Missa

Criou-se, em muitos lugares, o costume de a assembleia rezar junto com o sacerdote as orações que são próprias de quem preside a Santa Missa. Algumas orações são próprias de quem preside. A assembleia tem a sua participação em momentos próprios:

"Para fomentar a participação ativa, promovam-se as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes corporais. Não deve deixar de observar-se, a seu tempo, um silêncio sagrado" (Sacrosanctum Concilium, 30).

"Sem dúvida, o povo participa sempre ativamente e nunca de forma puramente passiva: 'associa-se ao sacerdote na fé e com o silêncio, também com as intervenções indicadas no curso da Oração Eucarística, que são: as respostas no diálogo do Prefácio, o Santo, a aclamação depois da consagração e a aclamação 'Amém', depois da doxologia final, assim como outras aclamações aprovadas pela Conferência de Bispos e confirmadas pela Santa Sé'" (Redemptionis Sacramentum, 54).

Compreendendo a liturgia

Quando falamos em seguir as normas litúrgicas previstas, não estamos falando de coisas sem importância, mas de unidade eclesial. A liturgia não é nossa, mas sim um tesouro da Igreja. Celebrar segundo as prescrições significa também criar comunhão com o Corpo Místico de Cristo.

Ninguém tem autoridade para modificar ou variar os textos litúrgicos. Muitos têm transformado as celebrações litúrgicas em verdadeiros espetáculos de mau gosto. Desfiguraram tanto o rosto da Santa Missa, que chegam a confundi-la, muitas vezes, com um culto neopentecostal.


"Contudo, o sacerdote deve estar lembrado de que ele é servidor da Sagrada Liturgia e de que não lhe é permitido, por própria conta, acrescentar, tirar ou mesmo mudar qualquer coisa na celebração da Missa" (Instrução Geral do Missal Romano, 24).

"Cesse a prática reprovável de que sacerdotes ou diáconos, ou mesmo os fiéis leigos, modificam e variem, à seu próprio arbítrio, aqui ou ali, os textos da sagrada Liturgia que eles pronunciam. Quando fazem isso, trazem instabilidade à celebração da sagrada Liturgia e não raramente adulteram o sentido autêntico da Liturgia" (Redemptionis Sacramentum, 59).

 



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/catequese-liturgica/como-participar-liturgicamente-melhor-da-santa-missa/

8 de dezembro de 2024

Passado, presente e futuro: vem, Senhor Jesus!

O Messias prometido: um coração preparado para a Sua vinda

Desejamos recuperar, com toda disposição, as esperanças proclamadas pelos profetas, ao longo dos séculos, olhando para frente e para o alto, formando o Povo de Deus que desejava ver o Messias prometido. Sejam nossas as expectativas do pequeno Resto, Pobres de Javé, que não se permitiram o desânimo diante do que pareciam ser as demoras do próprio Deus.

Passado, presente e futuro vem, Senhor Jesus!

Crédito: kevron2001 / GettyImages

Compartilhamos a fidelidade de Zacarias e Isabel, quando a luz se acendeu, vinda da visita do Arcanjo Gabriel. Bendito tempo em que o pai ficou mudo, até que viesse à luz aquele que seria a Voz a clamar pela preparação urgente e próxima da chegada do Messias. São também nossas as orações que chegaram até os contemporâneos de Maria e José, descendentes dessa porção fiel na esperança. Esteja em nosso coração a força com que estes dois, Maria e José, enfrentaram todas as adversidades para responder positivamente ao chamado de Deus.

É também nossa a estrada percorrida por meses a fio pelos Magos chegados do Oriente, pois é nossa a Estrela Guia! Dos pobres pastores dos arredores de Belém pedimos o dom de sua santa curiosidade, para irmos verificar o acontecimento que mudou a história do mundo! É também acolhida por nós a expectativa da Igreja, que nunca se cansará de proclamar "Vinde, Senhor Jesus", acolhendo em si todos os clamores da humanidade, quando esta, mesmo quando não sabe dar este nome, clama pela plenitude que só Deus pode dar! Passado, presente e futuro, tudo em nós e no mundo clama pela feliz Esperança!

Maranathá: mantendo viva a chama da fé

Vem Senhor Jesus, com os sonhos do Povo e dos Profetas, homens e mulheres na História do Povo Escolhido, para que não fiquemos desanimados diante dos desafios de nosso tempo!

Vem, Senhor Jesus! Dá-nos o mesmo vigor de Isabel, Zacarias e João Batista, para enfrentar o desânimo e proclamar nas montanhas, no deserto ou às margens do Jordão que a hora era chegada.

Faze-nos perguntar mais uma a vez a João Batista sobre o que devemos fazer. Faze-nos ouvir o como aplainar os caminhos e encher os vales, ouvindo de novo: "As multidões lhe perguntavam: "Que devemos fazer?" João respondia: 'Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!' Até alguns publicanos foram para o batismo e perguntaram: 'Mestre, que devemos fazer?' Ele respondeu: 'Não cobreis nada mais do que foi estabelecido.' Alguns soldados também lhe perguntaram: 'E nós, que devemos fazer?' João respondeu: 'Não maltrateis a ninguém; não façais denúncias falsas e contentai-vos com o vosso soldo'" (Lc 3, 10-14). Abre nosso coração para que cada estado de vida e cada profissão encontre respostas semelhantes, para que tua vinda aconteça!

Vem, Senhor Jesus: uma oração de Advento

Vem Senhor Jesus, nos muitos passos percorridos por José e Maria na direção de Belém. Faze que as estradas da Belém do Pará sejam pisadas e repisadas por almas santas e revestidas de tua Palavra bendita!

Vem, Senhor Jesus, quando muitas portas se fecham, mas há palhas suficientes e uma manjedoura disposta a acolher-te. Aqui em Belém, foi um presépio a fortaleza de onde saíste para plantar teu Reino e anunciar a Boa Nova. Na terra de Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Belém ou Santa Maria de Belém, em casas que escolheste, como as primícias de Nossa Senhora da Conceição de Benfica, ou Sant'Ana e Santíssima Trindade.

Verdadeiras sementes para as tantas casas, de palha ou pedras e tijolos, chegando hoje a cento e sete Paróquias ou Áreas Missionárias e um imenso número de Comunidades e Capelas! Vem, Senhor Jesus, habitar estas Casas Santas onde "mora o Cálice Bento e a Hóstia Consagrada!


Vem, Senhor Jesus, onde quer que dois ou mais estiverem reunidos em teu nome. Vem reconhecer o valor do amor recíproco nas famílias e nas comunidades e onde quer que as pessoas sejam capazes de se amar e se respeitar! Confirma nossos laços comunitários, de fraternidade e de amizade!

Vem, Senhor Jesus: o desejo de um povo

Vem, Senhor Jesus, nos pequenos e pobres, nos quais reconhecemos tua presença que clama pelo reconhecimento, pela partilha e pelo dom da caridade. Vem visitar de novo, Senhor, todas as instituições que expressam o amor de caridade, vem acompanhar aquelas pessoas que se desdobram para alimentar os moradores de rua! Dá-nos a graça de respeitá-los profundamente, abre os seus corações e os nossos para oferecer-lhes caminhos alternativos e dignos para sua vida.

Vem, Senhor Jesus, entra em todas as repartições públicas, nos comércios, nos bancos, nos demais espaços de trabalho, nas oficinas, nas escolas, nas construções, nos hospitais e nas prisões, onde quer que exista uma pessoa humana, que todos se reconheçam destinatários de teu amor infinito e de teu Evangelho. Vem santificar os lugares e as possibilidades de lazer, purificando-os para que sejam dignos das criaturas que foram feitas à imagem de Deus! Vem, Senhor Jesus, penetra nos recintos mais alheios à tua presença e ao teu amor, sejam quais forem, para quebrar resistências e iluminar as mentes e aquecer os corações!

Vem, Senhor Jesus: uma oração de esperança e paz

Vem, Senhor Jesus, às nossas famílias, espaços de vida e calor do afeto, com que queremos celebrar o Natal que se aproxima. Dá-nos a graça de cantar e rezar em nossas casas (cf. Padre Zezinho, Oração da Família): "Que nenhuma família comece em qualquer de repente, que nenhuma família termine por falta de amor, que o casal seja um para o outro de corpo e de mente, e que nada no mundo separe um casal sonhador.

Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte, que ninguém interfira no lar e na vida dos dois, que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte, que eles vivam do ontem, no hoje em função de um depois.

Que a família comece e termine sabendo onde vai, e que o homem carregue nos ombros a graça de um pai. Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor, e que os filhos conheçam a força que brota do amor. Que marido e mulher tenham força de amar sem medida, que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão.

Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida, que a família celebre a partilha do abraço e do pão. Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos, que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois.

Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho, seja a firme a esperança de um céu, aqui mesmo e depois. Abençoa, senhor, as famílias, amém. Abençoa, senhor, a minha também". Na casa da família e na casa da Igreja, Vem, Senhor Jesus!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/passado-presente-e-futuro-vem-senhor-jesus/

7 de dezembro de 2024

A defesa da fé contra heresias: um dever de todo católico

Quando o assunto em foco se faz em defesa da fé católica, alguns podem se desinteressar, acreditando ser um assunto que diz respeito somente ao clero. Portanto, isso seria um grande equívoco. A Igreja é o Corpo de Cristo e zela pela unidade, e juntos, como Igreja, é importante buscar as ferramentas necessárias e o conhecimento da Palavra e da doutrina da Santa Igreja para defender a fé católica.

A defesa da fé contra heresias: um dever de todo católico

Crédito: Mordolff / GettyImages

Qualquer um pode ser um herege?

O herege é aquele que escolhe não acreditar em alguma verdade de fé. "Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela" (CÓDIGO de Direito Canônico; Cân. 751). Mas o que são as verdades de fé? Segundo o Catecismo da Igreja Católica:

"O depósito da fé, que contém a Palavra de Deus, escrita ou transmitida, foi confiado pelos Apóstolos à totalidade da Igreja." (CATECISMO da Igreja Católica; CIC 84)

"O Magistério da Igreja exerce plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando propõe, de maneira obrigatória, verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com elas têm uma conexão necessária." (CATECISMO da Igreja Católica; CIC 88)

Sendo assim, para cometer o crime da heresia, diferentemente do que alguns podem pensar, é necessário ser um cristão. Assim, um pagão não pode ser considerado um herege, pois nunca professou a fé católica ou foi batizado.

"A heresia é um pecado que deve ser combatido para proteger a fé, pois, ao desviar-se da verdade, ela coloca em perigo a salvação das almas." (Suma Teológica II-II, q.11, a.3)

Agora, contemplamos duas realidades: a pessoa herética e a pessoa ignorante. Como lidar com os dois personagens apresentados? A Palavra nos ilumina: "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo" (Efésios 6).

Vale destacar dois equipamentos da armadura de Deus: o cinto da verdade e a espada da verdade. Para confrontar heresias e doutrinas pagãs, é necessário buscar a verdade, e Jesus afirma: "Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz." (João 18, 37). O cinto da verdade protege o corpo, simbolizando o conhecimento da verdade. Sem buscar o conhecimento em Deus e na Palavra, não há insumo para ser um efetivo defensor da fé. "Meu povo foi destruído por falta de conhecimento." (Oséias 4,6). A espada da verdade ajuda a lutar contra o mal, simbolizando o Espírito que dá força e graça para enfrentar os combates. "Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina." (2 Timóteo 4,2)

O castigo como último recurso de um pai que zela pelo filho

A Igreja reconhece que, em momentos de crise, Deus pode suscitar ações extraordinárias para proteger a fé. É preciso "suportar com magnanimidade as ofensas dirigidas a nós, mas não tolerar sequer ouvir as injúrias feitas a Deus". No Evangelho de São Lucas, fica evidente a presença da santa ira em Nosso Senhor Jesus Cristo, quando n'Ele desperta um grande descontentamento com os vendilhões que estavam no templo.

 "Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas: — Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!" (João 2,15-16)

A ira santa é presenciar uma injustiça e se sentir irado. A ira virtuosa, que alguns santos apresentaram, esteve presente em Jesus Cristo, como último recurso na tentativa de corrigir os erros daqueles que não foram mansos em permitir ser tocados pelas vias caridosas. Jesus se apresenta como um pai que repreende o filho após constantes alertas, castigando-o pela desobediência.

São Nicolau, um grande defensor da fé católica

No terceiro século, mais precisamente em 325 d.C., acontecia o primeiro concílio da Igreja, o Concílio de Niceia, uma assembleia ecumênica que tinha por objetivo condenar as heresias do arianismo, uma doutrina que negava a consubstancialidade de Jesus e Deus Pai, alegando que Jesus era um semideus, não o próprio Deus humanado.

Nessa assembleia, estava reunida uma numerosa quantidade de bispos e conselheiros religiosos. Dentre eles, o bom velhinho, conhecido como São Nicolau de Mira, um homem caridoso e humilde. Nicolau era dedicado na assistência aos mais pobres, mas não buscava receber mérito por seus atos. O seu único desejo era fazer das suas atitudes semelhantes às de Jesus.

Nicolau cultivava um grande amor a Cristo em seu coração e, mesmo sendo homem tão singelo, não suportou ouvir ofensas ao santo nome de Deus. Em um momento em que ouvia alguns dos escritos produzidos por Ário, o criador da doutrina ariana, São Nicolau não se conteve e esbofeteou-lhe a boca, guiado pela santa ira e amor a Deus. Agindo em defesa da fé católica, São Nicolau adotou uma postura extrema e firme, ao entender ser o último recurso possível, repudiando as profanas afirmações ditas por Ário, professor de uma doutrina herética ofensiva a Jesus Cristo.

"Portanto, meus amados irmãos, sejam firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que no Senhor o vosso trabalho não é em vão" (1 Coríntios 15, 58).

A defesa da fé e o combate a heresias e ataques coordenados contra a Igreja e o santo nome de Deus são essenciais para a transmissão, com palavras e exemplos, de valores, tradições e posturas que um católico deve buscar.

"Todos os fiéis participam da compreensão e da transmissão da verdade revelada. Receberam a unção do Espírito Santo que os instrui e os conduz à verdade total." (CATECISMO da Igreja Católica; CIC 91)


Abaixar a cabeça para tais atitudes é corroborar para a criação e disseminação de pensamentos profanos que levam à perdição de muitas almas. O exemplo de São Nicolau deve ser admirado como uma inspiradora defesa da fé. Assim como Jesus, aquele momento foi utilizado como último recurso por parte do bispo de Mira. Não é certo fazer uma interpretação seletiva deste evento, a Igreja ensina que a caridade deve estar no centro de qualquer defesa da fé.

"Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas somente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e assim transmita graça aos que ouvem." (Efésios 4, 29)

Matheus Eleutério
Estudante de Jornalismo


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/defesa-da-fe-contra-heresias-um-dever-de-todo-catolico/