9 de dezembro de 2024

Como participar liturgicamente da Santa Missa?

Aprenda a participar liturgicamente da Santa Missa e a crescer na fé

Para que a nossa participação na Santa Missa seja consciente, ativa e frutuosa, é necessário conhecermos bem o que celebramos. Contudo, muitos católicos não receberam uma formação adequada acerca da liturgia da Santa Missa, e seguem aquilo que lhes foi ensinado sem questionamento algum.

Como participar liturgicamente da Santa Missa?

Créditos: Daniel Mafra / cancaonova.com

A Igreja quer manter sempre a sua unidade. Não são várias Igrejas Católicas, mas uma única Igreja. Por isso mesmo é necessário que haja uma unidade na liturgia, e aqueles que presidem as celebrações são os primeiros que devem vivenciar aquilo que celebram em plena unidade com a Igreja em todo o mundo. Por isso mesmo, todo presbítero deve ser o primeiro a aceitar e praticar as normas litúrgicas que regulam a liturgia. Triste é observarmos que, em muitos casos, o rito da celebração foi totalmente desfigurado por acréscimos que visam apenas inflar o ego de quem preside. Lembramos com carinho a frase de Adélia Prado: "A Missa é como um poema, não suporta enfeite nenhum".

Participação da assembleia na Santa Missa

Criou-se, em muitos lugares, o costume de a assembleia rezar junto com o sacerdote as orações que são próprias de quem preside a Santa Missa. Algumas orações são próprias de quem preside. A assembleia tem a sua participação em momentos próprios:

"Para fomentar a participação ativa, promovam-se as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes corporais. Não deve deixar de observar-se, a seu tempo, um silêncio sagrado" (Sacrosanctum Concilium, 30).

"Sem dúvida, o povo participa sempre ativamente e nunca de forma puramente passiva: 'associa-se ao sacerdote na fé e com o silêncio, também com as intervenções indicadas no curso da Oração Eucarística, que são: as respostas no diálogo do Prefácio, o Santo, a aclamação depois da consagração e a aclamação 'Amém', depois da doxologia final, assim como outras aclamações aprovadas pela Conferência de Bispos e confirmadas pela Santa Sé'" (Redemptionis Sacramentum, 54).

Compreendendo a liturgia

Quando falamos em seguir as normas litúrgicas previstas, não estamos falando de coisas sem importância, mas de unidade eclesial. A liturgia não é nossa, mas sim um tesouro da Igreja. Celebrar segundo as prescrições significa também criar comunhão com o Corpo Místico de Cristo.

Ninguém tem autoridade para modificar ou variar os textos litúrgicos. Muitos têm transformado as celebrações litúrgicas em verdadeiros espetáculos de mau gosto. Desfiguraram tanto o rosto da Santa Missa, que chegam a confundi-la, muitas vezes, com um culto neopentecostal.


"Contudo, o sacerdote deve estar lembrado de que ele é servidor da Sagrada Liturgia e de que não lhe é permitido, por própria conta, acrescentar, tirar ou mesmo mudar qualquer coisa na celebração da Missa" (Instrução Geral do Missal Romano, 24).

"Cesse a prática reprovável de que sacerdotes ou diáconos, ou mesmo os fiéis leigos, modificam e variem, à seu próprio arbítrio, aqui ou ali, os textos da sagrada Liturgia que eles pronunciam. Quando fazem isso, trazem instabilidade à celebração da sagrada Liturgia e não raramente adulteram o sentido autêntico da Liturgia" (Redemptionis Sacramentum, 59).

 



Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/catequese-liturgica/como-participar-liturgicamente-melhor-da-santa-missa/

8 de dezembro de 2024

Passado, presente e futuro: vem, Senhor Jesus!

O Messias prometido: um coração preparado para a Sua vinda

Desejamos recuperar, com toda disposição, as esperanças proclamadas pelos profetas, ao longo dos séculos, olhando para frente e para o alto, formando o Povo de Deus que desejava ver o Messias prometido. Sejam nossas as expectativas do pequeno Resto, Pobres de Javé, que não se permitiram o desânimo diante do que pareciam ser as demoras do próprio Deus.

Passado, presente e futuro vem, Senhor Jesus!

Crédito: kevron2001 / GettyImages

Compartilhamos a fidelidade de Zacarias e Isabel, quando a luz se acendeu, vinda da visita do Arcanjo Gabriel. Bendito tempo em que o pai ficou mudo, até que viesse à luz aquele que seria a Voz a clamar pela preparação urgente e próxima da chegada do Messias. São também nossas as orações que chegaram até os contemporâneos de Maria e José, descendentes dessa porção fiel na esperança. Esteja em nosso coração a força com que estes dois, Maria e José, enfrentaram todas as adversidades para responder positivamente ao chamado de Deus.

É também nossa a estrada percorrida por meses a fio pelos Magos chegados do Oriente, pois é nossa a Estrela Guia! Dos pobres pastores dos arredores de Belém pedimos o dom de sua santa curiosidade, para irmos verificar o acontecimento que mudou a história do mundo! É também acolhida por nós a expectativa da Igreja, que nunca se cansará de proclamar "Vinde, Senhor Jesus", acolhendo em si todos os clamores da humanidade, quando esta, mesmo quando não sabe dar este nome, clama pela plenitude que só Deus pode dar! Passado, presente e futuro, tudo em nós e no mundo clama pela feliz Esperança!

Maranathá: mantendo viva a chama da fé

Vem Senhor Jesus, com os sonhos do Povo e dos Profetas, homens e mulheres na História do Povo Escolhido, para que não fiquemos desanimados diante dos desafios de nosso tempo!

Vem, Senhor Jesus! Dá-nos o mesmo vigor de Isabel, Zacarias e João Batista, para enfrentar o desânimo e proclamar nas montanhas, no deserto ou às margens do Jordão que a hora era chegada.

Faze-nos perguntar mais uma a vez a João Batista sobre o que devemos fazer. Faze-nos ouvir o como aplainar os caminhos e encher os vales, ouvindo de novo: "As multidões lhe perguntavam: "Que devemos fazer?" João respondia: 'Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!' Até alguns publicanos foram para o batismo e perguntaram: 'Mestre, que devemos fazer?' Ele respondeu: 'Não cobreis nada mais do que foi estabelecido.' Alguns soldados também lhe perguntaram: 'E nós, que devemos fazer?' João respondeu: 'Não maltrateis a ninguém; não façais denúncias falsas e contentai-vos com o vosso soldo'" (Lc 3, 10-14). Abre nosso coração para que cada estado de vida e cada profissão encontre respostas semelhantes, para que tua vinda aconteça!

Vem, Senhor Jesus: uma oração de Advento

Vem Senhor Jesus, nos muitos passos percorridos por José e Maria na direção de Belém. Faze que as estradas da Belém do Pará sejam pisadas e repisadas por almas santas e revestidas de tua Palavra bendita!

Vem, Senhor Jesus, quando muitas portas se fecham, mas há palhas suficientes e uma manjedoura disposta a acolher-te. Aqui em Belém, foi um presépio a fortaleza de onde saíste para plantar teu Reino e anunciar a Boa Nova. Na terra de Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Belém ou Santa Maria de Belém, em casas que escolheste, como as primícias de Nossa Senhora da Conceição de Benfica, ou Sant'Ana e Santíssima Trindade.

Verdadeiras sementes para as tantas casas, de palha ou pedras e tijolos, chegando hoje a cento e sete Paróquias ou Áreas Missionárias e um imenso número de Comunidades e Capelas! Vem, Senhor Jesus, habitar estas Casas Santas onde "mora o Cálice Bento e a Hóstia Consagrada!


Vem, Senhor Jesus, onde quer que dois ou mais estiverem reunidos em teu nome. Vem reconhecer o valor do amor recíproco nas famílias e nas comunidades e onde quer que as pessoas sejam capazes de se amar e se respeitar! Confirma nossos laços comunitários, de fraternidade e de amizade!

Vem, Senhor Jesus: o desejo de um povo

Vem, Senhor Jesus, nos pequenos e pobres, nos quais reconhecemos tua presença que clama pelo reconhecimento, pela partilha e pelo dom da caridade. Vem visitar de novo, Senhor, todas as instituições que expressam o amor de caridade, vem acompanhar aquelas pessoas que se desdobram para alimentar os moradores de rua! Dá-nos a graça de respeitá-los profundamente, abre os seus corações e os nossos para oferecer-lhes caminhos alternativos e dignos para sua vida.

Vem, Senhor Jesus, entra em todas as repartições públicas, nos comércios, nos bancos, nos demais espaços de trabalho, nas oficinas, nas escolas, nas construções, nos hospitais e nas prisões, onde quer que exista uma pessoa humana, que todos se reconheçam destinatários de teu amor infinito e de teu Evangelho. Vem santificar os lugares e as possibilidades de lazer, purificando-os para que sejam dignos das criaturas que foram feitas à imagem de Deus! Vem, Senhor Jesus, penetra nos recintos mais alheios à tua presença e ao teu amor, sejam quais forem, para quebrar resistências e iluminar as mentes e aquecer os corações!

Vem, Senhor Jesus: uma oração de esperança e paz

Vem, Senhor Jesus, às nossas famílias, espaços de vida e calor do afeto, com que queremos celebrar o Natal que se aproxima. Dá-nos a graça de cantar e rezar em nossas casas (cf. Padre Zezinho, Oração da Família): "Que nenhuma família comece em qualquer de repente, que nenhuma família termine por falta de amor, que o casal seja um para o outro de corpo e de mente, e que nada no mundo separe um casal sonhador.

Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte, que ninguém interfira no lar e na vida dos dois, que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte, que eles vivam do ontem, no hoje em função de um depois.

Que a família comece e termine sabendo onde vai, e que o homem carregue nos ombros a graça de um pai. Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor, e que os filhos conheçam a força que brota do amor. Que marido e mulher tenham força de amar sem medida, que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão.

Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida, que a família celebre a partilha do abraço e do pão. Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos, que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois.

Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho, seja a firme a esperança de um céu, aqui mesmo e depois. Abençoa, senhor, as famílias, amém. Abençoa, senhor, a minha também". Na casa da família e na casa da Igreja, Vem, Senhor Jesus!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/passado-presente-e-futuro-vem-senhor-jesus/

7 de dezembro de 2024

A defesa da fé contra heresias: um dever de todo católico

Quando o assunto em foco se faz em defesa da fé católica, alguns podem se desinteressar, acreditando ser um assunto que diz respeito somente ao clero. Portanto, isso seria um grande equívoco. A Igreja é o Corpo de Cristo e zela pela unidade, e juntos, como Igreja, é importante buscar as ferramentas necessárias e o conhecimento da Palavra e da doutrina da Santa Igreja para defender a fé católica.

A defesa da fé contra heresias: um dever de todo católico

Crédito: Mordolff / GettyImages

Qualquer um pode ser um herege?

O herege é aquele que escolhe não acreditar em alguma verdade de fé. "Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela" (CÓDIGO de Direito Canônico; Cân. 751). Mas o que são as verdades de fé? Segundo o Catecismo da Igreja Católica:

"O depósito da fé, que contém a Palavra de Deus, escrita ou transmitida, foi confiado pelos Apóstolos à totalidade da Igreja." (CATECISMO da Igreja Católica; CIC 84)

"O Magistério da Igreja exerce plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando propõe, de maneira obrigatória, verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com elas têm uma conexão necessária." (CATECISMO da Igreja Católica; CIC 88)

Sendo assim, para cometer o crime da heresia, diferentemente do que alguns podem pensar, é necessário ser um cristão. Assim, um pagão não pode ser considerado um herege, pois nunca professou a fé católica ou foi batizado.

"A heresia é um pecado que deve ser combatido para proteger a fé, pois, ao desviar-se da verdade, ela coloca em perigo a salvação das almas." (Suma Teológica II-II, q.11, a.3)

Agora, contemplamos duas realidades: a pessoa herética e a pessoa ignorante. Como lidar com os dois personagens apresentados? A Palavra nos ilumina: "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo" (Efésios 6).

Vale destacar dois equipamentos da armadura de Deus: o cinto da verdade e a espada da verdade. Para confrontar heresias e doutrinas pagãs, é necessário buscar a verdade, e Jesus afirma: "Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz." (João 18, 37). O cinto da verdade protege o corpo, simbolizando o conhecimento da verdade. Sem buscar o conhecimento em Deus e na Palavra, não há insumo para ser um efetivo defensor da fé. "Meu povo foi destruído por falta de conhecimento." (Oséias 4,6). A espada da verdade ajuda a lutar contra o mal, simbolizando o Espírito que dá força e graça para enfrentar os combates. "Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina." (2 Timóteo 4,2)

O castigo como último recurso de um pai que zela pelo filho

A Igreja reconhece que, em momentos de crise, Deus pode suscitar ações extraordinárias para proteger a fé. É preciso "suportar com magnanimidade as ofensas dirigidas a nós, mas não tolerar sequer ouvir as injúrias feitas a Deus". No Evangelho de São Lucas, fica evidente a presença da santa ira em Nosso Senhor Jesus Cristo, quando n'Ele desperta um grande descontentamento com os vendilhões que estavam no templo.

 "Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas: — Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!" (João 2,15-16)

A ira santa é presenciar uma injustiça e se sentir irado. A ira virtuosa, que alguns santos apresentaram, esteve presente em Jesus Cristo, como último recurso na tentativa de corrigir os erros daqueles que não foram mansos em permitir ser tocados pelas vias caridosas. Jesus se apresenta como um pai que repreende o filho após constantes alertas, castigando-o pela desobediência.

São Nicolau, um grande defensor da fé católica

No terceiro século, mais precisamente em 325 d.C., acontecia o primeiro concílio da Igreja, o Concílio de Niceia, uma assembleia ecumênica que tinha por objetivo condenar as heresias do arianismo, uma doutrina que negava a consubstancialidade de Jesus e Deus Pai, alegando que Jesus era um semideus, não o próprio Deus humanado.

Nessa assembleia, estava reunida uma numerosa quantidade de bispos e conselheiros religiosos. Dentre eles, o bom velhinho, conhecido como São Nicolau de Mira, um homem caridoso e humilde. Nicolau era dedicado na assistência aos mais pobres, mas não buscava receber mérito por seus atos. O seu único desejo era fazer das suas atitudes semelhantes às de Jesus.

Nicolau cultivava um grande amor a Cristo em seu coração e, mesmo sendo homem tão singelo, não suportou ouvir ofensas ao santo nome de Deus. Em um momento em que ouvia alguns dos escritos produzidos por Ário, o criador da doutrina ariana, São Nicolau não se conteve e esbofeteou-lhe a boca, guiado pela santa ira e amor a Deus. Agindo em defesa da fé católica, São Nicolau adotou uma postura extrema e firme, ao entender ser o último recurso possível, repudiando as profanas afirmações ditas por Ário, professor de uma doutrina herética ofensiva a Jesus Cristo.

"Portanto, meus amados irmãos, sejam firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que no Senhor o vosso trabalho não é em vão" (1 Coríntios 15, 58).

A defesa da fé e o combate a heresias e ataques coordenados contra a Igreja e o santo nome de Deus são essenciais para a transmissão, com palavras e exemplos, de valores, tradições e posturas que um católico deve buscar.

"Todos os fiéis participam da compreensão e da transmissão da verdade revelada. Receberam a unção do Espírito Santo que os instrui e os conduz à verdade total." (CATECISMO da Igreja Católica; CIC 91)


Abaixar a cabeça para tais atitudes é corroborar para a criação e disseminação de pensamentos profanos que levam à perdição de muitas almas. O exemplo de São Nicolau deve ser admirado como uma inspiradora defesa da fé. Assim como Jesus, aquele momento foi utilizado como último recurso por parte do bispo de Mira. Não é certo fazer uma interpretação seletiva deste evento, a Igreja ensina que a caridade deve estar no centro de qualquer defesa da fé.

"Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas somente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e assim transmita graça aos que ouvem." (Efésios 4, 29)

Matheus Eleutério
Estudante de Jornalismo


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/defesa-da-fe-contra-heresias-um-dever-de-todo-catolico/

4 de dezembro de 2024

Conheça e reze, diariamente, a oração universal ao Espírito Santo

Clame a presença do Espírito Santo!

Crédito: Ester Vieira/ portalcancaonova.com

Espírito Santo Consolador,
concedei-me o dom da fortaleza.
Fortalecei minha alma para superar as dificuldades de cada dia,
os tormentos das perseguições e as insídias do maligno.
Ajudai-me a ser forte em meio às fraquezas espirituais,
para que eu seja sinal de Teu amor e bondade.

Espírito Santo de Luz,
concedei-me o dom da sabedoria.
Que eu tenha o discernimento necessário
para distinguir o mal do bem,
a mentira da verdade,
a guerra da paz.
Que Tua santa sabedoria ilumine
os espaços confusos de minha alma.

Espírito Santo Paráclito,
concedei-me o dom do entendimento,
para que eu compreenda corretamente
a vontade do Pai Celestial para minha vida.
Dai-me entender o próximo com amor,
misericórdia e paz.
Que eu compreenda, com todo meu ser,
o amor de Cristo Jesus por mim e pela humanidade.

Espírito Santo, Advogado Celestial,
concedei-me o dom da ciência.
Que, iluminado pela Tua luz divina,
eu compreenda corretamente
os planos de Deus para minha vida,
e seja obediente aos ensinamentos divinos.
Sendo assim, um sinal permanente
da misericórdia do Mestre Jesus no mundo.

Espírito Santo, Conselheiro Divino,
concedei-me o dom do conselho.
Ilumina meu entendimento,
para que eu busque em Deus as respostas
para minhas dúvidas e inquietações humanas e espirituais.
Colocai em meus lábios palavras que restabeleçam a paz no mundo,
e ajudai-me a levar sempre um conselho que devolva
às almas aflitas a serenidade em Deus.

Divino Espírito Santo,
concedei-me o dom da piedade.
Que minhas orações sejam pontes de amor,
que unam meu coração ao coração
de Deus Pai e do Cristo Senhor.
Que meu fervor espiritual se renove sempre,
para que minha alma frutifique na fé e na esperança.

Espírito Santo, Consolador dos aflitos,
concedei-me o dom do temor de Deus,
para que eu tenha sempre frente meus olhos,
a bondade divina,
e que meus pensamentos, palavras e ações,
não sejam uma ofensa ao amor misericordioso
do Pai Celestial.

Assim seja!


 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/conheca-e-reze-diariamente-oracao-universal-ao-espirito-santo/

1 de dezembro de 2024

Chamados a uma vida santa

Chamados a uma vida santa

Chamados a uma vida santa tendo em vista que, toda vocação tem como alicerce o amor de Deus, que é  o fundamento e a origem de todas as vocações. Esse amor veio  até nós e se manifestou através de Jesus, ou seja, o Amor veio ao mundo de  forma humana para nos revelar o céu, para nos ensinar a caminhar na presença de Deus. O Senhor, que se aproximou de nós por amor, anseia que o amemos de todo nosso coração.

Chamados a uma vida santa

Crédito: FatCamera / GettyImages

Convite à santidade!

O amor de Deus por nós nos faz um convite: viver  em estado de gratidão. Ser grato é a melhor forma de viver uma vida segundo o desejo de seu amor por nós, e caminharmos em santidade, onde a forma como eu vivo, o que sou, e as escolhas que faço, dizem a quem pertenço. Onde minhas ações demonstram se caminho na luz ou não, se com a minha vida desejo corresponder ao Senhor e ao seu amor por mim.

Nas Sagradas Escrituras, o próprio Cristo nos exorta a corresponder a esse amor, vivendo em santidade:

"Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito." (Mt 5,48)

Esse caminho é uma vida reta, na presença de Deus, em louvor e gratuidade em todas as realidades que vivemos na nossa peregrinação aqui na Terra.

Jesus é o nosso  modelo de santidade!

Chamados a uma vida santa, temos um grande modelo a seguir, Jesus. Ele, como Deus, desce até nós, e se torna semelhante a nós, com um desejo: nos redimir e salvar. Ele se despoja de si mesmo por amor a mim e a você, sendo humilde, simples, verdadeiro, disposto a fazer a  vontade do Pai.

Ele é um verdadeiro exemplo de vocação fundamentada no amor, e, assim, todos nós somos  chamados a cultivar "o mesmo sentimento de Cristo Jesus, que implica viver como Ele viveu, amando o próximo, respeitando Seus limites e indicando o caminho a seguir, sendo verdadeiro e nos ensinado a buscar as coisas do Alto, nossa morada eterna.

Chamados a buscar uma vida santa!

O amor por Deus nos inspira a desejar escutar Sua voz e a atender ao Seu chamado para a santidade, que é o caminho para a salvação. Que possamos caminhar atentos em Sua direção, direção essa que encontramos quando  buscamos os sacramentos, vida de oração e intimidade com Sua Palavra.

Tudo isso nos impulsiona a ser pessoas melhores, convida-nos amar o nosso próximo e  ser sinal de gratidão, de santidade nesse mundo.

Renilson Gois
Comunidade Canção Nova


Fonte: https://mensagem.cancaonova.com/mensagem-do-dia/chamados-a-uma-vida-santa/

Construir com o coração: a chave para uma sociedade de amor e compaixão

A sociedade atual e os perigos do individualismo

A sociedade contemporânea, que supervaloriza os meios tecnológicos, neste tempo onde muito se fala sobre "inteligência artificial", corre o risco de desconsiderar que seus rumos são decisivamente determinados por valores que habitam no coração humano. A Carta Encíclica do Papa Francisco sobre o amor humano e divino do coração de Jesus sublinha a importância do coração em todos os processos sociais.

Construir com o coração: a chave para uma sociedade de amor e compaixão

Crédito: andreswd / GettyImages

Por isso, há de se aprender sempre mais sobre o coração – sua força singular na configuração de vínculos essenciais ao impulsionamento do humanismo integral que pode salvar o planeta, dar novos rumos à civilização e revestir de sentido o cotidiano de cada pessoa. Sem a força que vem do coração, não é possível superar os riscos do individualismo, que leva à grave fragmentação social, destruindo vínculos altruístas e construtivos, enquanto agrava o caos na civilização, acentuando disputas motivadas pela mesquinhez humana.

Sintoma do individualismo, o narcisismo crescente na contemporaneidade cria um autoisolamento a partir da desconsideração pelo semelhante. Incapacita, pois, o ser humano para as relações saudáveis, tornando a sociedade "um campo de batalha". Prejudica uma essencial experiência: o aproximar-se de Deus. Sem essa experiência fundamental para cada pessoa, são multiplicadas realidades confusas. A dificuldade para acolher Deus sinaliza que o ser humano não está conseguindo fazer, do seu próprio coração, uma "casa de hóspedes", ensina o Papa Francisco, citando o filósofo Heidegger.

O coração é o núcleo da transformação da sociedade

O coração é núcleo essencial para cada pessoa se autovalorizar, e também se abrir ao encontro com o semelhante. Sem esse núcleo, perde-se a condição para unificar e harmonizar a própria história, que passa a ser vivida como narrativas fragmentadas, incapazes de dar sentido ao próprio viver. Sem esse sentido, a vida se torna um "peso", as dificuldades são encaradas como pesadelo insuportável. É preciso cuidar deste núcleo, o coração, criado para o amor, onde habita a sabedoria para o ser humano amar e ser amado.

Compreende-se que o mundo, tão carente de mudanças, pode alcançar suas almejadas transformações a partir da força que vem do coração. Afirma o Papa Francisco: "Valorizar o coração tem consequências sociais, porque os desequilíbrios da atualidade se radicam no coração humano. Não se busca, com esse entendimento, afirmar que o coração humano é a única solução para tudo, pois a humanidade não é autossuficiente – precisa de Deus."

Nesse sentido, a Carta Encíclica do Papa Francisco ressalta que o coração de Cristo precisa ser fonte referencial da experiência humana. Cristo é o "coração do mundo", fonte de lições perenes a respeito da compaixão– caminho de resgate desta terra ferida, na qual Ele quis habitar. Contam a grandeza de gestos e a competência espiritual para partilhar palavras de amor, seguindo o exemplo de Jesus.

O Coração de Cristo é o modelo para um mundo ferido

O coração humano tem, então, um modelo: um coração que ama, o Coração de Jesus. Um modelo que ensina cada pessoa a constituir a própria identidade sem se esvaziar e sem perder rumos, mantendo-se, ao mesmo tempo, aberto ao semelhante. Uma proximidade que liberta, a exemplo do encontro de Jesus com a Samaritana, que a possibilitou conquistar dignidade e sentido para a sua própria vida. Ou o encontro, em uma noite escura, do Mestre com Nicodemos, que tinha medo de ser visto perto de Jesus. A maestria de Cristo se revela também no seu modo de acolher sem preconceitos, conforme ensina a narrativa em que o Mestre, sem se envergonhar, permite que uma prostituta lhe lave os pés. Jesus, com as suas atitudes, mostra que, a partir do coração, feridas são curadas e o ser humano se recompõe.


O encontro com Cristo representa possibilidade efetiva de se conquistar um coração capaz de hospedar o bem e a verdade. A presença de Jesus, com o seu coração, constitui força transformadora que abre caminhos e ilumina os horizontes da humanidade. Do coração de Cristo, brotam palavras vivas com força de convocação e com indicações que conduzem o ser humano ao que é melhor para a sua existência. Jesus ensina que quem cultiva um coração semelhante ao Seu capacita-se para conquistar a paz e não perder o rumo da própria vida.

Aprender com Cristo a sabedoria do coração

O ser humano, a exemplo de Cristo, precisa semear palavras cheias de sentimentos com uma força de reconfiguração. Muitos poderão considerar essa meta como um simples discurso religioso, mas, afirma o Papa Francisco, trata-se de itinerário decisivo para se alcançar vida nova, bem vivida.

Aprender com o coração de Cristo é investimento que alicerça a interioridade humana, abrindo horizontes para se conquistar inteireza moral e espiritual, humana e cidadã. Possibilita alcançar a grandeza de um amor humano capaz de reconfigurar a sociedade, decisivamente contribuindo para superar graves problemas. Com o aprendizado das lições vindas do coração de Jesus, descortina-se o sentido do encontro com o semelhante e com o diálogo, condições essenciais à construção de uma civilização justa e solidária.

O coração é o centro gerador da unidade de cada pessoa. Muitas ciências e saberes podem ajudar na conquista de um coração habilitado para configurar essa unidade, mas é essencial buscar aprender as lições vindas do coração de Jesus. Assim, investe-se para livrar o próprio coração de ódios, de sentimentos nascidos de disputas, qualificando-o para ajudar a humanidade a descobrir o caminho do amor, tecendo a cultura da paz.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/construir-com-o-coracao-a-chave-para-uma-sociedade-de-amor-e-compaixao/

A Importância da humildade na vida cristã

Conhecendo a si mesmo através da humildade

Pode-se definir a humildade da seguinte forma: "Uma virtude sobrenatural que, pelo conhecimento que nos dá de nós mesmos, nos inclina a nos estimarmos em nosso justo valor e a buscarmos o abatimento e o desprezo" (Cf. Compêndio de Teologia Ascética e Mística, n. 1127). Por ser uma virtude sobrenatural, pratiquemos qualquer exercício humano, não é algo de origem humana, é Deus quem nos dá. E isso acontece quando a pessoa está em Estado de Graça; nessa ocasião, ela recebe todo o cortejo das virtudes sobrenaturais. Enquanto recebe as virtudes sobrenaturais, aí sim, deve procurar conhecê-la e praticá-la com a ajuda da Graça Atual.

A Importância da humildade na vida cristã

Crédito: doidam10 / GettyImages

Por meio da humildade, conhecemos a nós mesmos como quem olha para um espelho límpido e enxerga a própria alma. Enxergamos tudo o que há de bom em nós, mas ao invés de nos orgulharmos e exaltarmos essas qualidades, reconhecemos que o autor de todas as coisas boas é o próprio Deus e não seríamos capazes de um único ato bom se não fosse a graça dele.

Percebemos as inúmeras imperfeições que carregamos, os atos maus que cometemos, o quanto precisamos melhorar em diversos aspectos, e assumimos nossa máxima culpa em todas essas coisas. O orgulhoso, por sua vez, enxerga os atos bons e diz: "Eu tenho mérito, eu fiz tal coisa, se não fosse eu…". Percebe-se um abismo entre a maneira de pensar e se comportar do homem humilde e o homem orgulhoso, este último sempre fará referência a si, aos seus feitos e pouco fará juízo de suas ações.

Elogio à humildade

A Sagrada Escritura é repleta de ensinamentos e, quanto à virtude da humildade, diz o seguinte: "Revesti-vos todos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, sob a poderosa mão de Deus, para que, na hora oportuna, Ele vos exalte" (cf. I Pd 5,5-6); também diz: "Todo aquele que se humilhar será exaltado" (cf. Mt 23,12).

Há uma ordem para sermos humildes e uma promessa direta para aqueles que entram nesta forma. Deus dará a sua graça e exaltará os humildes. Contudo, não confunda essa exaltação com o modelo que temos neste mundo. A exaltação de que a Palavra nos fala é o acesso ao Reino dos Céus. Se não formos humildes, não acessaremos o Reino dos Céus: "Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus" (Mt 18,3).

Pelo exercício dessa virtude, podemos combater com mais força o demônio, que é orgulhoso e nos ataca para devorar.  Combatemos as tentações da carne porque nos conhecemos melhor e desconfiamos de nós mesmos. Combatemos o mundo porque vivemos com mais intensidade a metanoia, a mudança de vida proposta pelo Evangelho.

A humildade e o acesso ao Reino dos Céus

Não há vida de oração sem humildade. O próprio Catecismo afirma o seguinte: "A humildade é o fundamento da oração […] A humildade é a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus" (cf. CIC 2559). Inclusive, muitos santos recomendam que se faça um ato de humildade logo no início da oração, e que depois, durante a oração, se repita este ato de humildade quantas vezes for necessário.

A humildade nos assemelha a Nosso Senhor Jesus Cristo, que "despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte de cruz!" (cf. Fl 2,7-8). Cristo é o nosso modelo, não temos outro caminho senão por Ele, conforme está escrito: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (cf. Jo 14,6). Essa é uma enorme graça, um presente que Deus nos deixou, ao se encarnar e viver o que é próprio desta vida, exceto o pecado, Ele passou por diversos desafios e humilhações. E assim, Cristo santificou a vida comum dos homens.

Portanto, quando vivemos o comum desta vida, em Estado de Graça, imbuídos da humildade e todas as outras virtudes, caminhamos na esteira da santificação. Quando nos humilham, nos julgam, desdenham a nossa pregação, quando somos preteridos, perseguidos, caluniados, escorraçados, achincalhados, traídos, abandonados e mortos; podemos dizer: estamos na via humilhante do Senhor. Não deveríamos exultar por tamanho presente? Porém, não exultamos porque ainda em nossa alma impera o verme do orgulho e do amor próprio desordenado.

Humildade: base da vida espiritual

Sem a humildade, fundamento da vida espiritual, todo edifício não permanece de pé, tudo desaba. Mas quando entendemos a importância desta virtude e o quanto devemos exercitá-la no dia a dia, descobrimos uma chave que nos dá acesso a um tesouro. Esta é a graça reservada aos pequeninos, àqueles que se apresentam diante de Deus, como o publicano que se pôs a rezar do seguinte modo: "O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem se atrevia a levantar os olhos ao céu, mas batia no
peito, dizendo: Meu Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador!" (cf. Lc 18, 13).

A parábola termina dizendo que este homem voltou para casa justificado. Não há dúvida, somos pecadores e não merecemos tamanha graça, só nos resta o caminho dos pequeninos, a humildade.

Jonathan Ferreira
Missionário Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/a-importancia-da-humildade-na-vida-crista/