7 de outubro de 2024

Cuidar: apelo permanente

Superando a indiferença, investindo no bem comum

Há uma gramática do cuidado que precisa ser, cada vez mais, aprendida, pois é essencial ao equilíbrio das relações sociopolíticas e um efetivo caminho para a paz. A cultura do cuidado constitui um conjunto de valores civilizacionais a ser reconhecido e assimilado por todos, em cada situação do cotidiano, em todas as etapas da vida. Um legado a ser transmitido, especialmente, às novas gerações, para estabelecer contraponto ao caos, provocado por muitas disputas e indiferenças – vetores destrutivos da vida que ferem a dignidade humana, alimentando a desigualdade social e a apatia diante das situações de exclusão, de discriminação.

 

Cuidar: apelo permanente

Crédito: FG Trade Latin / GettyImages

Os muitos exemplos que expressam a cultura do cuidado precisam inspirar aprendizados, iluminando o horizonte de um novo tempo. Sabe-se de muitos e luminosos testemunhos de caridade, contrastando com variadas formas de indiferença que retardam a construção de uma sociedade solidária. Sem a cultura do cuidado, ao invés de se encontrar caminhos para a paz, convive-se com dolorosos recrudescimentos da violência, com a alimentação de perversidades, adoecendo as pessoas – cada vez mais incapacitadas para reger a própria vida como um dom de Deus, na tarefa de construir uma sociedade solidária e fraterna. 

A cultura do cuidado: construindo um caminho para a paz e o bem comum

Para erradicar a cultura da indiferença e do descarte deve-se investir na cultura do cuidado, via direta e eficiente na promoção do bem comum, um compromisso cidadão inegociável. A priorização do bem comum depende, diretamente, da sensibilidade social dos cidadãos, que precisam reconhecer: todos são interdependentes. Vale lembrar a indicação do Papa Francisco quando diz que todos estão no "mesmo barco", um simbolismo que remete ao especial compromisso de cuidar uns dos outros, para que cada pessoa possa viver de maneira digna. Todos são chamados a "remar juntos", sublinha o Papa Francisco, acrescentando: "Ninguém se salva sozinho". 

Solidariedade: a nobre expressão do cuidado em ação

A solidariedade é a mais nobre expressão do cuidado, expressão de amor pelo semelhante. Não se limita, pois, a um sentimento restrito ou vago. Desdobra-se em um agir com determinação para promover o bem comum. Trata-se de caminho para efetivar projetos capazes de impulsionar o desenvolvimento integral. A luz da solidariedade ilumina um fecundo encontro com o semelhante. Uma proximidade efetivada por motivações que vão além de simples afinidades – muitas vezes alimentadoras de preconceitos, discriminações e indiferenças.

O coração solidário dedica-se às ações que respeitam o semelhante, não tratando ninguém com indiferença. A indiferença mata e provoca imensuráveis prejuízos. Por isso, também o agir solidário deve marcar a relação do ser humano com o meio ambiente, considerando a urgência de se solucionar problemas graves, a exemplo da seca e de muitas catástrofes climáticas. Cuidar da Criação de Deus é tarefa inadiável, que pede atenta e sensível escuta dos mais pobres, para que seja adotado um novo estilo de vida, em harmonia com os parâmetros da sustentabilidade. 

O dever ético de cuidar e a responsabilidade compartilhada

Cuidar do conjunto da Criação é compromisso indissociável do agir com ternura em relação ao semelhante, respeitando a sua dignidade – um dever ético. Todos são instados a buscar o bem comum, cultivando sentimentos que alimentam relacionamentos solidários. Desse modo, dedicar-se ao cuidado dos que sofrem, especialmente dos pobres.  Importante destacar que governantes e construtores da sociedade pluralista são os primeiros responsáveis na tarefa de alimentar a cultura do cuidado, combatendo privilégios e zelando pelo adequado uso do que é destinado ao bem de todos.


Os líderes devem inspirar e ser exemplo, mas todos têm o dever de ajudar na propagação da cultura do cuidado, com especial sensibilidade diante da situação de migrantes, por várias e sérias razões – políticas, climáticas e econômicas. É preciso sensibilizar-se e agir para superar o mapa da fome. Também para garantir, a todos, o direito ao trabalho e à habitação, essenciais à dignidade humana. Todas essas urgências apontam para a necessidade de um amplo processo educativo, capaz de impulsionar a cultura do cuidado. 

Educação para o cuidado: formando indivíduos e transformando a sociedade

O processo educativo dedicado a promover o cultivo do cuidado deve envolver cada família, onde são fundamentadas as habilidades essenciais para exercer o respeito e desenvolver a capacidade para partilhar. Não menos importante é o papel de escolas, universidades e meios de comunicação, capazes de ajudar na consolidação do entendimento sobre a sacralidade intocável de cada ser humano. Muito relevante no aprendizado sobre a sacralidade humana, a prática religiosa é caminho espiritual com qualificada força educativa, alimentando convicções louváveis e eficazes.

Os cristãos, pela fé, assumem o compromisso de seguir os passos de Jesus, mestre do cuidado, que ofereceu a sua vida para garantir vida plena à humanidade. Especialmente os primeiros cristãos, de maneira exemplar, praticavam a partilha, para que ninguém, em suas comunidades, padecessem com a falta de amparo. Um compromisso de fé que inspirou a Igreja a investir em obras de misericórdia. 

Obras de misericórdia: testemunho concreto da cultura do cuidado

As obras de misericórdia são selos de autenticidade para a fé, alimentando o voluntariado dedicado aos pobres, inspirando a motivação para lutar por políticas públicas inclusivas, comprometidas com a efetivação da igualdade social. A sociedade precisa ser inspirada por práticas solidárias, de diferentes modos. Isto significa que cada pessoa precisa reconhecer a sua condição de servidor, inscrevendo-se na gramática do cuidado, buscando promover a dignidade humana e o incondicional respeito ao meio ambiente.

Cuidar, apelo permanente, compromisso que, se for assumido, de modo amplo e como valor cultural, pode semear equilíbrio no atual contexto sociopolítico e ambiental, para superar descompassos que ameaçam a vida do ser humano.         

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/cuidar-apelo-permanente/

4 de outubro de 2024

10 coisas para aprender com Francisco de Assis

Nascido em 5 de julho de 1182, Giovanni di Pietro di Bernardone, foi um religioso italiano, fundador da Ordem dos Franciscanos, era filho de um rico comerciante, mas fez votos de pobreza, e por fim, se tornou um santo popular e baluarte da Vocação Shalom.

comshalom

Giovanni di Pietro di Bernardone, nasceu no dia 5 de julho de 1182, em Assis, na Itália. Popularmente conhecido como São Francisco de Assis, é um dos santos mais populares e mais amados dentro e fora da Igreja Católica. A vida dele ainda hoje inspira pessoas do mundo inteiro e sua mensagem não conhece fronteiras. 

São Francisco é nosso modelo exemplar de vida ofertada, de um despojar inteiramente em Deus, abandonando tudo com confiança de que o Pai fará o melhor. Com este baluarte, somos motivados a viver uma vida de pobreza, obediência e castidade. E tem muito mais que podemos aprender com este santo. Elencamos 10 coisas que podemos aprender com ele. Confira:

1. Viver despojado

São Francisco de Assis abriu mão de tudo o que possuía e descobriu no despojamento seu caminho para a liberdade. Trata-se de saber viver com pouco e usar bem o que se tem (inclusive o dinheiro). É buscar o essencial, despojar-se de tantas coisas supérfluas e inúteis que acabam nos sufocando.

2. Respeitar a natureza

Conhecido como protetor do meio ambiente e dos animais, Francisco nos recorda mais do que simplesmente não cortar árvores: é ser corresponsável por nossa "casa comum" e saber encantar-se com sua beleza e seu Autor.

3. Não ao desperdício

Como recorda o Papa Francisco, "o alimento que jogamos fora é como se o tivéssemos roubado da mesa de quem tem fome". O Pobre de Assis nos ensina que é preciso ter a coragem de "andar contra a corrente do provisório, da superficialidade e do descartável".

4. Consciência solidária

Viver despojado, respeitar a natureza e não desperdiçar os bens tem também esta dimensão solidária. Francisco orientava os outros frades a cuidarem uns dos outros "como uma mãe" (e como faz uma mãe, guardar o melhor para o filho!). Tudo o que lhes era doado era repartido também com os pobres.

5. Fiel ao que acredita

São Francisco viveu em um tempo turbulento da história da Igreja e soube reformá-la sem abandoná-la. Em momentos de crise, não devemos abandonar aquilo que acreditamos ou aqueles que amamos. Isso sim muda o mundo! Esta é a verdadeira revolução!

6. Perdoar sempre

Francisco dizia que Deus não havia encontrado nenhum pecador mais vil e insuficiente do que ele, e Deus então o escolheu! A consciência de ter sido largamente perdoado nos ajuda a perdoar também.

Conta-se também que um dia, ao ouvir irmãos que falavam mal de um terceiro, Francisco repreendeu-os e recomendou que, ao invés de expô-lo ao frio da impiedade e julgamento, deveriam cobri-lo com o cobertor do amor discreto e compassivo, que crê e espera sua conversão e suporta suas fraquezas. Afinal, somos todos necessitados de perdão!

7. Ter amigos

"Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro" (Eclo 6,14). Um dos tesouros de Francisco era a fraternidade. Muitos de seus amigos, como também Clara de Assis, também o seguiram na via da pobreza. Rapazes e moças queriam encontrar a alegria e a paz que estranhamente invadia aqueles pobres frades. A amizade brota quando compartilhamos o que existe de mais belo na vida.

8. Uma coisa de cada vez

Francisco dizia: "Faça poucas coisas, mas as faça bem." Isso é muito útil particularmente hoje, onde dividimos nossa atenção com tantas coisas ao mesmo tempo. Nunca tivemos tantos amigos e seguidores, e nunca sofremos tanto com a solidão. Falando em desconexão, Santa Clara de Assis (amiga de Francisco) é a padroeira dos meios de comunicação e pode nos ajudar também a usá-los bem!

9. Viver agradecido

Uma das maiores marcas de Francisco era sua alegria e gratidão. Agradecia por tudo, agradecia a todos, inclusive a quem lhe negava um farelo de pão. Ninguém tira a paz de quem tem descobriu a verdadeira felicidade!

10. Saber olhar pro céu

Francisco costumava deitar na grama e admirar o céu. Precisamos sair um pouco da vida virtual para contemplar aquilo que há de mais belo ao nosso redor. Olhando para o céu, Francisco contemplava o infinito e o seu Criador. Mesmo nas grandes cidades, há sempre uma brecha para ver o azul, então vale uma pausa todo o dia!

O apelo do Papa Francisco aos jovens no Rio de Janeiro, em 2013, assina muito bem este "estilo de vida" de São Francisco:

"Através de vocês, entra o futuro no mundo. Também a vocês, eu peço para serem protagonistas desta mudança. Peço-lhes para serem construtores do mundo, trabalharem por um mundo melhor. Queridos jovens, por favor, não 'olhem da sacada' a vida, entrem nela. Jesus não ficou na sacada, Ele mergulhou… 'Não olhem da sacada' a vida, mergulhem nela como fez Jesus". (Discurso na Vigília de Oração, na praia de Copacabana, durante a JMJ Rio 2013)

Que São Francisco de Assis nos inspire a tornar este mundo melhor!

 

Leonardo Biondo


Fonte: https://comshalom.org/10-coisas-para-aprender-com-sao-francisco/

2 de outubro de 2024

Consagração ao Anjo da Guarda

Santo Anjo da Guarda, que me foi concedido desde o início de minha vida, para ser meu protetor e companheiro, quero eu (dizer o nome), pobre pecador, consagrar-me a vós, na presença do meu Senhor e Deus, de Maria, minha Mãe Celestial, e de todos os anjos e santos.

Quero, hoje, vincular-me a vós para de vós nunca mais me separar.

Nesta minha íntima união convosco, prometo ser sempre fiel e obediente ao meu Senhor e Deus e à Santa Igreja.

Prometo confessar sempre Maria como minha Rainha e Mãe e fazer da vida dela o modelo para a minha. Prometo confessar a minha fé em vós, meu santo protetor, e promover zelosamente a devoção aos santos anjos como sendo, de maneira especial, a proteção e o auxílio para os dias de luta espiritual pelo Reino de Deus.

Peço-vos, Santo Anjo do Senhor, toda a força do amor divino, para que eu seja por ele inflamado; peço-vos que essa minha união convosco seja, para mim, escudo protetor contra os ataques do inimigo.

Peço-vos, enfim, Santo Anjo da Guarda, a graça da humildade da Santíssima Virgem, para que eu seja preservado de todos os perigos e, por vós guiado, alcance a Pátria Celestial. Amém.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/consagracao-ao-anjo-da-guarda/

1 de outubro de 2024

Ouvir seu Anjo da Guarda: abrindo seu coração para obter orientação

A importância do Anjo da Guarda em nossa caminhada de fé

Caros irmãos e irmãs em Cristo, o Antigo Testamento, no livro do Êxodo, capítulo 23, versículos 20 a 23, nos presenteia com um trecho muito importante a respeito do anjo da guarda:

"Vou enviar um anjo adiante de ti para te proteger no caminho e para te conduzir ao lugar que te preparei. Está de sobreaviso em sua presença, e ouve o que ele te diz. Não lhe resistas, pois ele não te perdoaria tua falta, porque meu nome está nele. Mas, se lhe obedeceres pontualmente, se fizeres tudo o que eu te disser, serei o inimigo dos teus inimigos, e o adversário dos teus adversários. Porque meu anjo marchará adian­te de ti e te conduzirá entre os amorreus, os hiteus, os ferezeus, os cana­neus, os heveus e os jebuseus, que exterminarei."

Esse trecho revela a tarefa primordial do anjo da guarda: conduzir-nos no caminho para o céu, protegendo-nos dos perigos físicos e espirituais. Esse mensageiro de Deus, nosso irmão celeste, acompanha-nos em todos os momentos, atuando como um escudo contra as adversidades e um guia em nossa jornada.

Como cultivar uma relação de escuta e obediência com seu Anjo da Guarda

Deus, em Sua infinita bondade, confiou cada um de nós a um Anjo da Guarda, um ser poderoso que zela por nossa segurança e bem-estar. É importante ressaltar que não se trata de um "anjinho" frágil, mas sim de uma criatura celestial forte e dedicada à nossa proteção.

Ouvindo a voz do anjo: um diálogo no silêncio do coração

Como podemos perceber a presença e a ação do nosso Anjo da Guarda, uma vez que não podemos vê-lo? A resposta está na escuta atenta à nossa consciência. Deus fala conosco através do anjo, transmitindo Sua vontade e orientação por meio de intuições, sentimentos e pensamentos.

A voz do Anjo se revela no silêncio do coração

O Senhor nos instrui a respeito da importância de ouvirmos a voz do Anjo da Guarda: "Esteja disponível em sua presença, e ouve o que ele te diz." Essa escuta, no entanto, exige de nós um esforço consciente para silenciar o barulho do mundo e aquietar nosso interior. É no silêncio do coração, na oração e na meditação que podemos discernir com clareza a voz do anjo.

A relação com nosso Anjo da Guarda se fortalece a partir de alguns pilares:

  1. Silêncio: Criar momentos de quietude e introspecção para aquietar a mente e o coração, abrindo espaço para ouvir a voz do anjo.

  2. Escuta: Prestar atenção aos nossos sentimentos, intuições e pensamentos, buscando discernir a mensagem que o anjo quer nos transmitir.

  3. Diálogo: Estabelecer um diálogo constante com nosso anjo da guarda, pedindo auxílio, proteção e orientação em nossas decisões e ações.

  4. Obediência: Confiar na sabedoria e na orientação do anjo da guarda, buscando seguir seus conselhos e direcionamentos.

Como cultivar uma relação de escuta e obediência com seu Anjo da Guarda

A história de Maria, Mãe de Jesus, ilustra a importância da obediência à voz do anjo. Mesmo diante do desconhecido, Maria confiou na mensagem do anjo Gabriel e, com seu "sim", tornou-se instrumento da vontade divina.


Pilares de uma relação de confiança com seu protetor celestial

Portanto, para vivermos em plenitude a proteção e a orientação do nosso Anjo da Guarda, é fundamental cultivarmos uma postura de abertura, escuta e obediência à sua voz. Lembremos que o anjo nos fala com a autoridade de Deus. Ao seguirmos suas orientações, estamos trilhando o caminho que nos conduz ao Pai. Que possamos, com a graça de Deus, fortalecer, a cada dia, o vínculo com nosso Anjo da Guarda. Assim, poderemos, pela intercessão dele, receber as bênçãos divinas em nossa vida.

Que o Deus Todo-poderoso, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, nos conceda um coração obediente, sensível e dócil à voz do anjo da guarda. Amém!

Padre Fidelis Stockl
Ordem dos Cônegos Regulares/Obra dos Santos Anjos


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/ouvir-seu-anjo-da-guarda-abrindo-seu-coracao-para-obter-orientacao/

30 de setembro de 2024

Quem é o meu Anjo da Guarda e como ele me protege?

Caros irmãos e irmãs em Cristo, hoje, queremos conhecer mais sobre o nosso irmão celeste: o Anjo da Guarda. Mas quem é ele? Qual a diferença entre ele, um ser celestial e nós?

Quem é o meu Anjo da Guarda e como ele me protege?

Crédito: scaliger / GettyImages

Anjo da Guarda: quem é esse protetor celeste?

A primeira diferença é que o anjo é um ser puramente espiritual. No início, Deus criou o céu e a terra, ou seja, o mundo angélico, invisível, e o mundo material, visível. Deus colocou o ser humano como guardião do mundo material, mas não criou o mundo angélico para ficar separado de nós.

O grande plano de Deus é unir o céu e a terra em Cristo, unindo o mundo angélico e o nosso mundo. Por isso Deus une sempre um anjo a um homem, formando uma unidade. Quando Deus pensou em você, também pensou no seu Anjo da Guarda.

Os pensamentos de Deus são eternos, portanto, Ele já nos escolheu em Cristo para sermos Seus filhos amados desde a eternidade. Deus designou um anjo específico para ser o seu guardião, o seu anjo pessoal.

A rebelião de Satanás e a os anjos fiéis

Para que esse anjo assumisse a missão de protegê-lo, Deus revelou a todos os anjos o Seu plano de amor: na plenitude dos tempos, Ele enviaria Seu Filho para se tornar homem. Os anjos seriam chamados para servir a Deus encarnado e, consequentemente, servir aos homens.

Deus colocou os anjos à prova: "Vocês estão dispostos a aceitar esse plano? Servir-me através dos seus irmãos menores, os seres humanos?".

Infelizmente, nem todos os anjos aceitaram o plano divino. Lúcifer, o anjo da luz, olhou para a própria beleza e, não estando disposto a servir, revoltou-se contra Deus. Ele se tornou Satanás, e arrastou consigo uma parte da hierarquia celeste.

Do outro lado, estava o anjo Miguel. Humilde, ele gritou: "Quem como Deus?". São Miguel, junto com os anjos fiéis, combateu Satanás e aceitou o plano divino. O seu Anjo da Guarda estava entre eles. Ele aceitou a missão de cuidar de você e, quando você nasceu, Deus o colocou ao seu lado.

 A missão do seu Anjo da Guarda

Para o seu Anjo da Guarda, cuidar de você não é um fardo, mas uma alegria! Ele se alegra em servir a Cristo através de você. Ele entende perfeitamente as palavras de Jesus: "O que fizestes a um destes meus irmãos menores, foi a mim que o fizestes".

Seu anjo está ao seu lado como um fiel companheiro, para conduzi-lo, acompanhá-lo, consolá-lo. Ele está sempre à sua disposição.


Como se conectar com o seu Anjo da Guarda?

A nossa dificuldade em nos conectar com o nosso anjo é que, por ser um ser espiritual, não podemos vê-lo. É claro que alguns santos tiveram o privilégio de ver o seu Anjo da Guarda e, na Bíblia, há várias passagens onde anjos aparecem, como São Gabriel, que apareceu a Nossa Senhora; e São Rafael, que acompanhou Tobias.

No entanto, por via de regra, não podemos ver o nosso Anjo da Guarda. É pela fé que temos acesso a ele. Sabemos da sua existência pela Palavra de Deus e pela Igreja.

Um ato de fé no seu protetor

Por isso é importante você fazer um ato de fé: "Anjo da Guarda, eu acredito na tua presença e na tua ação. Você está aqui comigo sempre!".

Ele está conosco! Por isso, saúde-o: "Anjo da Guarda, eu te saúdo, eu te amo! Você é o meu melhor amigo, o irmão que Deus me deu. Obrigado, Pai do céu, pelo meu Anjo da Guarda! Obrigado, Jesus, porque em Ti nos tornamos irmãos. Quando me tornei filho de Deus, também me tornei irmão do meu anjo da guarda, meu irmão celeste".

Só podemos louvar e agradecer a Deus por essa dádiva! No próximo vídeo, vamos entender como podemos ouvir a voz do nosso anjo, pois a comunicação com ele é fundamental.

Deixo a minha bênção para todos vocês.

Pela intercessão de Nossa Senhora e de todos os Anjos da Guarda, abençoe-vos Deus Todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!


Padre Fidelis Stockl
Ordem dos Cônegos Regulares/Obra dos Santos Anjos


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/quem-e-o-meu-anjo-da-guarda-e-como-ele-me-protege/

29 de setembro de 2024

Por que São Miguel é tão poderoso?

Quem Como Deus? A missão e o poder de São Miguel Arcanjo

São Miguel Arcanjo, cuja força e autoridade vêm diretamente de Deus, é uma figura central na fé católica. Conhecido como o defensor do céu e da terra, ele é invocado como o protetor dos fiéis e o comandante das legiões celestiais contra as forças do mal. 

O nome "Miguel" vem do hebraico "Mi-ka-El", que significa "Quem é como Deus?", uma pergunta que desafia a arrogância de Satanás e seus seguidores. Através de sua obediência e fidelidade a Deus, São Miguel se destaca como um guerreiro espiritual e protetor do povo de Deus.

Dividiremos este estudo em três partes, destacando seu papel na Sagrada Escritura, sua presença nas tradições da Igreja e a razão pela qual ele é tão poderoso e importante para os católicos.

São Miguel na Sagrada Escritura

São Miguel aparece em várias passagens bíblicas como uma figura de proteção e justiça divina. No Livro de Daniel (12,1), ele é descrito como o "grande príncipe" que guarda o povo de Israel, representando o poder de Deus que se manifesta em momentos de perigo. Miguel é o defensor daqueles que estão sendo oprimidos, assumindo a liderança como o principal protetor contra os inimigos espirituais e físicos.

No Novo Testamento, São Miguel é mencionado no Apocalipse de São João (12,7-9), onde lidera os exércitos celestes na batalha contra o dragão, simbolizando Satanás. Essa batalha é um dos momentos mais icônicos da tradição cristã, onde Miguel e seus anjos vencem as forças malignas e as expulsam do céu, simbolizando a vitória final de Deus sobre o mal.

Crédito: Sebastiano Ricci/Domínio Público

Sua menção na Carta de Judas (Jd 1,9), onde ele disputa com o diabo o corpo de Moisés, reafirma seu papel de protetor da justiça divina. Além dessas passagens, a tradição católica identifica São Miguel como o "Anjo do Senhor" em outras ocasiões, como na defesa do povo de Deus no Antigo Testamento. Ele é visto não apenas como o anjo guerreiro, mas também como aquele que traz conforto e força aos fiéis em suas batalhas espirituais.

A Tradição da Igreja e o Poder de São Miguel

Desde os primeiros séculos do cristianismo, a Igreja Católica tem venerado São Miguel como o protetor dos cristãos. A sua festa, celebrada em 29 de setembro, é partilhada com São Gabriel e São Rafael, outros grandes arcanjos que desempenham papéis específicos no plano de salvação. No entanto, é São Miguel quem ocupa o lugar de destaque como o "Príncipe das Milícias Celestes" e o "Guardião da Igreja".

Nas orações tradicionais, como o Confiteor, São Miguel é invocado como intercessor logo após a Virgem Maria. Ele também aparece na Missa Tridentina, onde seu nome é mencionado várias vezes, especialmente na oração de bênção do incenso, onde ele é chamado de "aquele que está à direita do altar do incenso", remetendo à sua proximidade com Deus e sua pureza.


Uma das práticas devocionais mais significativas que fortaleceu sua presença na Igreja foi a oração a São Miguel, escrita pelo Papa Leão XIII, após uma visão assustadora que ele teve sobre o futuro da Igreja. O Papa ordenou que essa oração fosse recitada no final de cada Missa, pedindo a proteção de São Miguel contra as forças do mal. Essa oração, conhecida e recitada por muitos católicos até hoje, destaca o papel do arcanjo como defensor da Igreja e do povo de Deus contra os ataques do inimigo.

Além disso, São Miguel aparece em diversos escritos apócrifos e lendas, como a Apocalipse de Baruc, onde é dito que ele guarda as chaves do Paraíso, ou na Ascensão de Isaías, onde é descrito removendo a pedra do túmulo de Jesus. Esses relatos, embora não canônicos, revelam a profunda devoção e a importância de São Miguel em diferentes tradições cristãs e no imaginário religioso.

A Intercessão de São Miguel e o Seu Poder Espiritual

O poder de São Miguel vai além da sua força como guerreiro. Ele é um exemplo de humildade e obediência perfeitas a Deus, mostrando que o verdadeiro poder está em servir ao Altíssimo com fidelidade inabalável. Diferente de Lúcifer, que caiu por causa do orgulho, São Miguel é exaltado por sua lealdade, respondendo à rebeldia de Satanás com a pergunta que ressoa eternamente: "Quem é como Deus?".

Invocar São Miguel em momentos de tentação e perigo espiritual é uma prática tradicional da Igreja, e ele é conhecido por vir em auxílio dos fiéis em suas batalhas contra as forças das trevas. Como disse o Papa Leão XIII, ele é o "gloriosíssimo príncipe das milícias celestes" e o "patrono da Igreja", sempre pronto para intervir em nossa vida quando chamados com fé.

A sua intercessão pode ser especialmente poderosa em momentos de perigo, doenças e ataques espirituais. Ao pedir a São Miguel que venha em nosso socorro, reconhecemos que, assim como ele derrotou Satanás no céu, ele pode nos ajudar a vencer o mal em nossa vida cotidiana.

O Poderoso defensor da fé

São Miguel é tão poderoso porque sua força vem diretamente de Deus. Sua fidelidade e obediência fizeram dele o líder das forças celestes e o defensor dos fiéis. Na batalha contínua entre o bem e o mal, São Miguel nos dá esperança de que, com fé, também podemos vencer as forças que tentam nos afastar de Deus.

Ao invocarmos São Miguel, colocamo-nos sob a proteção daquele que triunfou sobre Satanás e que continua a ser um guardião incansável do povo de Deus. Que São Miguel nos inspire a lutar com coragem e fé, sempre confiantes no poder de Deus, que ele tão bem representa.

"São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate; sede nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Que Deus o repreenda, pedimos humildemente, e vós, príncipe da milícia celeste, pela força divina, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém."

 

Rafael Brito
Professor católico, Brito é doutorando em Teologia Dogmática junto a Pontificia Università Gregoriana (2019-), Mestre em Filosofia pela Pontificia Università Gregoriana (2019), com especialização em Ética, Antropologia Filosófica e Filosofia Política. Ele tem Mestrado em Teologia Dogmática e Fundamental pela Pontificia Facoltà Teologica della Sardegna (2017) e é Bacharel em Teologia também pela Pontificia Facoltà Teologica della Sardegna (2015).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/por-que-sao-miguel-e-tao-poderoso/

28 de setembro de 2024

O primeiro lugar

Servir ao invés de ser servido: a importância de uma escolha consciente nas eleições municipais

Durante essas semanas, temos assistido a uma série de entrevistas e todo tipo de propaganda daqueles que se candidatam aos cargos políticos de administradores municipais e de vereadores, inclusive com espetáculos vergonhosos e deprimentes em algumas partes do país. De um lado, vivemos um tempo de exercício da democracia, na qual são assegurados direitos de se apresentarem como possíveis ocupantes das cadeiras existentes à disposição. Por outro lado, percebemos a enxurrada de propostas, tantas delas irrealizáveis, inclusive com grande confusão entre os papéis dos prefeitos ou prefeitas e aquele dos vereadores e vereadoras. 

O papel do legislador municipal

De fato, é bom fazermos um significativo desconto ao ouvirmos de candidatos às Câmaras Municipais propostas de um verdadeiro paraíso na terra, como se coubesse a esta instância realizar as obras ligadas à Educação, Habitação, Saúde, Saneamento e daí por diante. Ensina o Tribunal Superior Eleitoral: "O vereador é a ligação entre o governo e o povo. Ele tem o poder de ouvir o que os eleitores querem, propor e aprovar esses pedidos na câmara municipal e fiscalizar se o prefeito e seus secretários estão colocando essas demandas em prática. Por isso é importante que o eleitor acompanhe a atuação do vereador para verificar se o trabalho está sendo bem desenvolvido". 

O perigo dos interesses particulares

Quando uma pessoa prioriza sua candidatura na defesa de interesses grupais ou classistas, ainda que justos, corre o risco de esquecer outros aspectos. Antes de tudo, o sentido do "bem comum", o primeiro princípio da Doutrina Social da Igreja. Outro é o papel prioritário de fiscalização do exercício administrativo do poder executivo. Não passando pelo bem comum, os interesses particulares ou de grupos em vista de cargos ou posições comprometem a segunda parte, fiscalizar com isenção o poder executivo. Por acaso, alguém sabe de cargos conseguidos à custa de barganhas e posições oferecidas a parentes e apaniguados? Vale a pergunta provocante!

Crédito: RafaPress / GettyImages

A lição de Jesus: humildade e serviço

Jesus chamou para seu grupo de discípulos homens bem concretos, com qualidades e limitações, inclusive porque o ambiente da época levava à expectativa de um Messias poderoso, capaz de enfrentar e aniquilar os inimigos do povo. Ele fez com os discípulos um caminho de formação, um lento processo que incluiu o que devemos ouvir na Liturgia do ultimo final de semana (cf. Mc 9,30-37). Vejamos: "Chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: "Que discutíeis pelo caminho?" Eles, no entanto, ficaram calados, porque pelo caminho tinham discutido quem era o maior. Jesus sentou-se, chamou os Doze e lhes disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos, aquele que serve a todos!" Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: "Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, a mim acolhe. E quem me acolhe, acolhe, não a mim, mas àquele que me enviou" (Mc 9,33-37). Justamente aos Doze, que viriam a assumir responsabilidades tão grandes, Jesus deve ensinar a não buscar os lugares de predominância e prepotência. E chama uma criança para mostrar-lhes a preferência a ser assumida, justamente num ambiente cultural em que estes pequeninos nem eram contados!

Critérios para um voto consciente

Permitam-me as pessoas que acompanham esta reflexão algumas observações e propostas, justamente às vésperas das eleições municipais. Observo que, nos muitos anos de vida e ministério, já conheci e conheço pessoas que entraram na política e se mantiveram com as mãos limpas e o coração puro, inclusive saindo até mais pobres do que entraram ao final de uma carreira! Um critério a ser observado, quando nos cabe dar um voto consciente, é verificar se a pessoa tem efetivamente uma história de serviço ao próximo, retidão e coerência de vida, começando em sua própria família e no ambiente de trabalho. Nas atividades comunitárias, no bairro ou na Paróquia, vejamos se a pessoa se dispôs realmente a ir ao encontro dos mais fracos e dos mais pobres. E é bom saber se tem trabalhado seriamente em sua profissão, pois podem aparecer candidatos que procuram apenas um bom salário ou um dinheirinho extra!

Cuidado com a mistura de papéis

Notemos ainda que os campos social e religioso não sejam misturados. Os lobbys de qualquer ordem, como no exemplo do Congresso Nacional, têm atrasado a consecução de objetivos e projetos mais amplos e dignos do conjunto da sociedade. O espaço da política há de ser o lugar do debate correto e sincero sobre a sociedade e o bem comum. Não interessa à Igreja Católica que candidatos prometam terrenos ou benefícios materiais ou cargos. O que desejamos é ter homens e mulheres que vivam com coerência o Evangelho e deem testemunho dos valores cristãos. Seja em que instância venham à tona debates, pessoas que não valorizam a vida e a dignidade humana desde a sua geração até o ocaso natural não podem merecer nossa confiança. Ou candidatos que já se envolveram em falcatruas e redes de corrupção de qualquer tipo, também estes não serão merecedores dos votos dos cristãos católicos. Não estão à venda votos de pessoas conscientes de sua fé e de sua retidão humana por nenhum preço!


O caminho da escolha responsável

Então, muitas pessoas têm perguntado em quem votar! Vale a resposta dada pelo Papa numa entrevista, ao voltar da última Viagem Apostólica, quando afirmou que, em algumas circunstâncias, há que votar no "menos pior". Entretanto, será sempre melhor analisar com calma para sufragar os candidatos ou candidatas aos poderes Executivo e Legislativo de nossos Municípios pessoas dignas e honestas. A responsabilidade pessoal nas eleições é imensa! Tenhamos a certeza de que o processo de construção de uma sociedade mais justa e fraterna é longo, complicado e muitas vezes doloroso, mas pede nossa consciência e capacidade de decisão. Peçamos humildemente àquele que veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (cf. Mt 20,28)! D'Ele nos vem a graça e o exemplo!

 

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará