2 de setembro de 2024

Em busca da felicidade

A paz: alicerce indispensável para a felicidade

O coração humano, em busca da felicidade, define uma série de metas, talvez a maior parte esteja no âmbito das conquistas profissionais e materiais. Por isso, torna-se sempre oportuno lembrar: importante caminho de efetivação da felicidade é a promoção da paz, capaz de forrar a alma, dando-lhe uma fortaleza e sabedoria que não podem ser conquistadas por outra experiência humana. Ter um coração de paz é, incontestavelmente, vetor determinante para se experimentar a felicidade – brilho em meio aos desafios existenciais e sociais. Tornar-se obreiro da paz constitui uma dimensão humano-espiritual muito relevante no sustento da existência de cada pessoa.

O obreiro da paz tem força de convocação e agregação, tecendo consensualidade a partir de diferentes temas, o que possibilita avanços no horizonte do desenvolvimento integral e humanístico. Essa força propicia o surgimento de protagonistas e agentes do bem comum, com singular sensibilidade social e relacional. Aqueles que investem na pacificação conquistam, assim, razões e sentimentos sustentadores de felicidade. Sabem que todas as pessoas, com as suas singularidades, em diferentes circunstâncias, podem ajudar na promoção da paz que, se estiver comprometida, leva ao desequilíbrio social, com cenários de desigualdades e exclusões.

A importância da linguagem e da postura na promoção da paz

A postura que busca semear a pacificação é bem diferente daquela voltada a "beliscar" os outros, desprovida de uma linguagem facilitadora de diálogos e entendimentos. Há muitas posturas que impedem o ser humano de ser promotor da paz – mesmo aqueles intelectualmente preparados para construir uma adequada visão social e política. De modo geral, é preciso zelar pela linguagem, pela própria postura, revestindo com nobreza o exercício da cidadania. Para isso, deve-se tomar como ponto de partida a promoção do bem comum e, principalmente, o respeito pela vida, sem tratá-la de modo preconceituoso ou discriminatório. Assim, o selo de autenticidade do obreiro da paz, caminho importante para se experimentar a felicidade, é a competência para amar, defender e promover a vida, em todas as suas dimensões – pessoal, comunitária e transcendente. 

Créditos: arquivo/cancaonova.com

A incompatibilidade da violência com a paz e a felicidade

Jamais se alcançará a paz de modo satisfatório – e, consequentemente, a felicidade – enquanto houver agressões à vida, no ambiente doméstico, no cotidiano da sociedade, no contexto sociopolítico. É um consenso: a promoção da paz é incompatível com atentados, desprezos, crimes contra a vida. Se o ser humano é desconsiderado em sua dignidade, a paz será sempre ilusória. Nesse horizonte, não se pode abrir mão do compromisso de defender o direito à vida plena dos mais frágeis, dos nascituros e dos que estão em arriscada e desumana situação de vulnerabilidade social. A tutela do direito à vida será sempre o ponto de partida no processo de efetivação da paz e do desenvolvimento integral. Qualquer lesão à vida, de modo especial no seu nascedouro, significa a imposição de danos ao bem comum. Por isso mesmo, devem ser combatidas as opções ancoradas em visão redutiva e relativista do ser humano, que ameacem o direito fundamental à vida. Os cristãos estão unidos também nesse combate, por fidelidade a verdades fundamentais da fé. Do compromisso com a defesa da vida, que une cristãos de diferentes perspectivas, emerge uma grande força religiosa, geradora de agregação. 

A importância da fé e da justiça na promoção da paz

A promoção da paz, essencial na busca da felicidade, se fortalece com a vivência autêntica da fé, e também depende dos ordenamentos jurídicos, fundamentais na promoção de direitos. A sociedade não pode abrir mão dos campos da religião e da justiça, não permitindo também que se contaminem por manipulações. Não tem cabimento, por exemplo, a intolerância religiosa ou a politização de instâncias judiciais – também não se deve admitir a judicialização da política, sob risco de se desfigurar e ferir identidades institucionais. 


O papel da cidadania na construção de uma sociedade pacífica

Constitui nobre tarefa cidadã ser protagonista de uma luta indispensável, em diferentes proporções, que contemplem investimentos para pacificar relações, a partir do diálogo, no âmbito familiar. Contemplem igualmente investimentos no enfrentamento de fenômenos capazes de levar à erosão da função social do Estado e das redes de solidariedade da sociedade civil. É preciso dedicar redobrada atenção aos direitos sociais ameaçados, aos deveres sociais desconsiderados, para impedir degradações que atinjam frontalmente a dignidade do ser humano. A sociedade pede novas ousadias políticas, proféticas e inteligentes, capazes de inspirar novos ordenamentos na civilização que possibilitem, a mais pessoas, experimentar a felicidade. 

Os comprometimentos que ameaçam a vida não se esgotam apenas com a atuação de militância política ou de certo segmento de pessoas. Para ser conquistada, a felicidade demanda mais vivências alicerçadas no altruísmo e na solidariedade, na compaixão e na fraternidade. Essas vivências trazem ganhos pessoais e alavancam conquistas sociais, propulsoras da paz. Ajudam a edificar uma sociedade mais justa e solidária, fruto de cidadanias qualificadas – adequadamente exercidas para se alcançar a felicidade. 

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/em-busca-da-felicidade-2/

1 de setembro de 2024

A quem iremos?

A palavra que ressoa

Palavra do Senhor! Palavra da Salvação! Palavra de Vida Eterna! São expressões que ressoam continuamente em nossos ouvidos! No entanto, estamos mais acostumados com palavras que nos chegam através dos muitos meios de comunicação de nosso tempo. Ficamos até acostumados com as notícias da última alta do dólar, as chacinas do dia a dia, a crise política e econômica, as muitas "operações" efetuadas pelos órgãos de segurança. Nada nos assusta nem causa reação ou escândalo, quase vacinados diante das imagens e sons que entram em nossas casas e corações. As pessoas são capazes de permanecer impávidas diante de noticiários sanguinários e sanguinolentos, às vezes, continuando suas refeições ou tratando de amenidades. 

Crédito: artplus / GettyImages

Reações ao Evangelho

Entretanto, quando a Igreja fala da verdade do Evangelho ou prega as consequências morais e éticas do seguimento de Jesus, alguns consideram intervenção indevida, agressão à laicidade do Estado, que sabemos não ter necessidade de ser ateu para ser laico! Num mundo paganizado, falar dos Sacramentos ou da prática de Missa dominical, ou ter convicções claras e correspondentes à Verdade revelada, tudo pode parecer anacrônico e fantasioso.

Falar de família monogâmica, formada a partir da união de homem e mulher, fiel e fecunda, como a Igreja insiste fortemente, soa retrocesso, diante do que se pensa "progresso", outro nome da destruição da família e da desagregação de laços consistentes, que sabemos ser essenciais para a garantia da dignidade humana pessoal e a sustentação da vida, como foi pensada por Deus, tudo isso receberá ataques de toda ordem.

A escolha de Josué

Não é de hoje! Quando o Povo de Deus, tendo atravessado o Rio Jordão e vencido as primeiras etapas de ocupação da Terra Prometida, foi convocado a uma grande Assembleia, no lugar chamado Siquém, Josué (cf. Js 1,1-9), cuja liderança se consolidava, falou a todas as tribos de Israel com palavras provocantes: "Se vos desagrada servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem vossos pais serviram no outro lado do rio ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor" (Js 24,15). Mesmo escolhido por Deus para uma grande missão, aquele povo sempre esteve sujeito à tentação e à queda, pelas suas próprias limitações e pelo contato com o paganismo.

Com frequência, através de seus enviados, o Senhor lhe pedia a renovação dos compromissos. A resposta à palavra de Josué corresponde a um verdadeiro refrão, que ocorre em variações em outros textos da Escritura Sagrada: "Longe de nós abandonarmos o Senhor para servir a deuses alheios. Pois o Senhor, nosso Deus, foi quem nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da escravidão. Foi ele quem realizou esses grandes sinais diante de nossos olhos e nos guardou por todos os caminhos por onde peregrinamos, e no meio de todos os povos pelos quais passamos. Portanto, nós também serviremos ao Senhor, porque ele é nosso Deus" (Js 24,16-18).

Jesus e as multidões

Quando veio Jesus, sua pregação e seus milagres arrebanharam multidões, como mostram os textos evangélicos. No entanto, muitos ficaram escandalizados com suas palavras e seus gestos. Sua presença se tornou verdadeira provocação a pessoas acomodadas, que se tinham ajeitado numa prática religiosa superficial, o que lhe granjeou significativo grupo de inimigos, inclusive no meio das autoridades civis e religiosas do tempo. Aquele que é a Verdade (Cf. Jo 14,4-5; Jo 18, 33-38) foi rejeitado por muitas pessoas, mesmo sendo estas tocadas por seu amor (Mc 10, 17-23). Tendo chamado discípulos do meio da multidão, marcada por expectativas messiânicas algumas vezes confusas ou limitada formação religiosa, o Senhor Jesus sabia que seria necessária uma grande paciência para formá-los, trabalhando para a maturidade apostólica, que só viria com a Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão de Jesus e a vinda do Espírito Santo no Pentecostes.


O pão da vida

Uma das crises dos discípulos ocorreu após a Multiplicação dos Pães e o Discurso a respeito do Pão da Vida, quando Jesus pronuncia palavras cuja consequência desfrutamos e a Igreja o fará até a volta do Senhor: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo" (Jo 6, 50-51).

Trata-se do anúncio da Eucaristia! Os próprios discípulos entraram em pânico, junto com outras pessoas: "Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?" (Jo 6, 60). Como fez Moisés com o Povo de Deus no Sinai, ou Josué em Siquém, é hora da decisão: "Jesus disse aos Doze: 'Vós também quereis ir embora?' Simão Pedro respondeu: 'A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus'" (Jo 6,67-69).

Atitudes diante das provocações

Diante das provocações do tempo em que vivemos, é possível alinhavar algumas atitudes ao mesmo tempo respeitosas e corajosas. Não nos escandalizemos com a diversidade existente em nosso mundo. Antes, na pessoa que é diferente ou pensa de modo diverso de nós, identificar os canais de diálogo fecundo, cooperando, o que quer dizer trabalhando juntos, pelo bem comum.

Não deixar de manifestar nossas próprias convicções, ainda que soem diferentes, como nos ambientes de trabalho, tantas vezes eivados de conceitos espúrios ou meias verdades tiradas da última mensagem recebida em redes sociais, consideradas a última palavra.

Respeitar o diferente, mas dizer com simplicidade e força que a própria consciência mostra outra visão da vida e do mundo. Ora, para tanto, buscar a necessária formação, nas várias possibilidades oferecidas pelas Paróquias ou Pastorais e Movimentos Eclesiais. E é na vida em Comunidade, especialmente na Paróquia, que se fortalecem as convicções.

Palavras para o coração

A todos os irmãos e irmãs chegue o convite a dizer com São Pedro, que, com suas fragilidades parecidas com as nossas, não foi propriamente um herói da primeira hora, pronunciou palavras tão fortes, que repetiremos no coração todas as vezes em que ressoar em nossas missas "Palavra do Senhor" ou "Palavra da Salvação": "Só tu tens palavras de Vida Eterna!"

 

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/a-quem-iremos-2/

30 de agosto de 2024

Deixar o cigarro: uma decisão que transforma vidas

Respirar fundo e viver mais: descubra os benefícios de largar o cigarro através de um testemunho inspirador e a dica de especialista

O tabagismo é um doença que assola a vida de milhões de pessoas em todo o mundo, e para vencê-la é necessário travar uma luta contra o vício; em alguns casos, contar com a ajuda profissional das mais diversas áreas. Neste artigo, compartilhamos com você o testemunho da Carla Astuti, Missionária da Comunidade Canção Nova, casada e mãe de três filhos, que relata ter fumado cerca de 15 anos, e só conseguiu parar devido a uma gravidez aos 30 anos de idade, e também algumas dicas do Dr. Luiz Otávio, cardiologista, para ajudá-lo a trilhar esse mesmo caminho de libertação.

A jornada com o cigarro e a virada de chave para uma vida saudável

Como muitos jovens, Carla Astuti começou a fumar na adolescência, influenciada pelo círculo social. "Naquela época, todos fumavam na escola, era algo social. Nunca fui fumante compulsivo, mas consumia pelo menos meia carteira de cigarro por dia", relembra. O hábito, que começou como algo da adolescência e apenas como um hábito para se socializar com os colegas, estendeu-se por cerca de 15 anos.

Crédito: abuzeid / GettyImages

A decisão de parar de fumar só veio quando, aos 30 anos, Carla engravidou da primeira filha. A preocupação com a saúde da bebê se tornou sua maior motivação para largar o cigarro.  Ela relata que, neste momento, percebeu que não queria isso para a sua filha, por isso decidiu dar um basta na situação.

Parar de fumar é uma decisão pessoal e precisa de determinação

Carla é categórica quando afirma: "Acredito que parar de fumar é uma decisão individual. É preciso ter um objetivo, uma causa forte para se manter firme e conseguir chegar ao objetivo. A vontade precisa vir de dentro. Busquei ajuda na fé, em orações, mas percebi que o desejo de parar precisava ser meu e não simplesmente por que as outras pessoas queriam que eu parasse. Deus nos dá o livre-arbítrio. Quando decidi que não queria mais fumar, com a graça de Deus, consegui".

A missionária relata que, hoje, consegue perceber os malefícios que o cigarro traz à saúde, e que sentia os efeitos colaterais causados pelo vício, como a falta de fôlego, e uma menor resistência pulmonar. Atualmente, ela se sente incomodada com o cheiro do cigarro.

Doenças causadas pelo uso do cigarro

O Dr. Luis Otávio concorda com Carla quanto à importância de uma boa motivação. Ele reconhece que ela é crucial no processo de cessação do tabagismo, e ainda recomenda para que, se necessários, as pessoas não temam procurar ajuda profissional. "Busque ajuda profissional se necessário. Existem tratamentos e grupos de apoio que podem te auxiliar".

O tabagismo é um fator de risco crucial para diversas doenças, incluindo as cardiovasculares como infarto, AVC (acidente vascular cerebral), aneurismas da aorta e insuficiência cardíaca. Problemas pulmonares como o DPOC (enfisema pulmonar), asma e pneumonia; os mais diversos tipos de câncer como o de pulmão, boca, laringe, estômago, fígado, pâncreas, reto e leucemia mielóide aguda. Outras doenças que também podem ser causadas por conta do tabagismo são as sinusites, infertilidade, disfunção erétil, úlcera péptica, osteoporose e perda de dentes.

Cigarros eletrônicos: uma falsa promessa de segurança

Apesar de frequentemente promovidos como alternativa mais segura, os cigarros eletrônicos também apresentam sérios riscos à saúde, especialmente cardiovascular e pulmonar. Contendo diversas substâncias químicas com efeitos ainda desconhecidos a longo prazo, seu uso tem aumentado entre os jovens que são influenciados por propagandas enganosas. Entidades médicas condenam o uso desses dispositivos e alertam para seus perigos.

Conforme aponta uma pesquisa da Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em parceria com o Instituto do Coração (Incor) e o Laboratório de Toxicologia da Rede Premium de Equipamentos Multiusuários da FMUSP, a utilização de cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como vapes, causa níveis mais elevados de intoxicação do que os cigarro convencional.

A pesquisa inicial constatou que os indicadores da presença da nicotina nos 200 fumantes de cigarros eletrônicos que participaram do estudo, são de três a seis vezes maior em relação aos usuários dos cigarros convencionais. A nicotina é a principal substância viciante presente em ambos os tipos de cigarro e atua no sistema nervoso central, levando à dependência.


Fumante Passivo: um risco compartilhado

Estima-se que mais de um bilhão e trezentos milhões de pessoas no mundo sejam fumantes, expondo a si mesmas e aos que convivem com elas a uma série de riscos à saúde. O fumante passivo, indivíduo que convive com fumantes, também está exposto aos mesmos riscos à saúde, com um aumento médio de 20% na probabilidade de desenvolver as doenças relacionadas ao tabaco.

Além de afetar a vidas das pessoas aos redor, o tabagismo também impacta o meio ambiente. As guimbas de cigarro descartadas inadequadamente na natureza contribuem para a ocorrência de queimadas e poluição, representando um risco frequentemente ignorado, uma vez a fumaça, com todas as diversas substâncias quimicas dos cigarros tmabém são lançadas no ambiente.

Brasil é exemplo na luta contra o tabagismo

Devido às diversas campanhas de combate ao uso do cigarro e também de outras iniciativas realizadas por parte das gestões públicas, o Brasil obteve sucesso na redução do consumo de cigarros tradicionais através de medidas eficazes. Entre elas estão o aumento de impostos sobre o produto, a proibição da propaganda de cigarros, a proibição do fumo em locais fechados, a proibição da venda de cigarros a menores de idade e as permanentes campanhas de educação sobre os riscos do tabagismo.

Carla Astuti relata que, atualmente, depois de anos longe dos cigarros, experimenta diversos benefícios em seu organismo. "Tenho mais fôlego e minha resistência pulmonar melhorou muito. E o cheiro? Nem se compara!".

Os benefícios de largar o cigarro

Deixar os cigarros de lado e colocar a saúde em primeiro lugar traz diversos benefícios à vida daqueles que dão este passo concreto. Conforme aponta a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), os efeitos podem ser sentidos no nosso organismo quase que de maneira imediata. Após 12 horas sem o consumo do cigarro, os níveis de monóxido de carbono no sangue voltam aos normal; depois de duas semanas, a circulação e a função pulmonar melhoram; entre um e nove meses, a tosse e a falta de ar reduzem, e a cerca de cinco a 15 anos os riscos de AVC e de doença cardíaca são igualados ao de uma pessoa não fumante.

Além disso, entre as inúmeras vantagens estão a redução drástica no risco de desenvolver doenças respiratórias, cardíacas de até mesmo os  variados tipos de câncer causados pelo usos do cigarro; além do mais, a pessoa pode experimentar uma maior disposição e energia para realizar as atividades do dia a dia, uma melhora também no paladar e olfato além da economia financeira.

Encontre seu motivo para parar de fumar e persista!

Carla reforça que para quem deseja largar o vício seu conselho é: "Encontre um motivo poderoso! Pense na sua saúde, na sua família, no seu futuro. Busque ajuda profissional se necessário, existem tratamentos e grupos de apoio que podem te auxiliar nessa jornada.
Lembre-se: a decisão de parar de fumar é sua, e os benefícios são para toda a vida!"

Doutor Luis Otavio segue no mesmo direcionamento e reconhece que parar de fumar pode ser um desafio, mas que, com determinação, apoio e fé é possível vencer o vício. Buscar ajuda médica, participar de grupos de apoio, conversar com amigos e familiares são alternativas interessantes.

Ele ainda salienta a importância da oração e de buscar a Deus nesse processo. "Peça a Deus com humildade: 'Senhor, ajude-me, pois com minhas forças não consigo'. Faça um propósito! Tenha um aliado Poderoso." De maneira surpreendente e sobrenatural, fortalecer a fé para enfrentar esse processo é uma atitude que só tem a contribuir, principalmente nos momentos de desânimo e fraqueza.

Lembre-se: você não está sozinho! Com esforço, apoio e fé, a liberdade do vício é possível. Busque ajuda, peça auxílio divino e celebre cada vitória em sua jornada para uma vida mais saudável e livre do tabaco.

 

Colunistas: Luiz Otávio de Avelar Francisco, cardiologista, católico, esposo e pai de três filhos. Belo Horizonte/MG

Carla Astuti, Missionária da Comunidade Canção Nova, casada e mãe de três filhos.

28 de agosto de 2024

A história da Psicologia: da filosofia à ciência da mente

Muitos filósofos especularam sobre a natureza da mente humana por séculos. Levando em consideração toda a singularidade admirável que o ser humano apresenta e os desdobramentos de seus sentimentos, compreende-se que necessitamos de uma caminhada extensa na busca de autoconhecimento para que alcancemos um melhor entendimento de nossas capacidades e limitações. Reflexões que nasceram com os filósofos na antiguidade, tornou-se ciência e permanece com muitas observações filosóficas no que se refere às nossas emoções.

Temos a existência da psicologia como ciência a menos de 200 anos, buscando entender nossos sentimentos e comportamentos. Nós psicólogos atuamos em diferentes áreas de interesse da sociedade, tais como saúde, educação e políticas públicas. A Psicologia se divide em subáreas que possuem um determinado foco de atenção, produzindo conhecimento que pode ser útil para outros campos de estudos. Com isso, cada subárea pode contribuir para um maior entendimento que possuímos sobre o ser humano e a aplicar esse conhecimento à resolução de problemas específicos.

A história da Psicologia: da filosofia à ciência da mente

Crédito: Polinmr / GettyImages

Entenda as diferentes áreas de atuação da Psicologia

Dentre as várias atribuições profissionais do psicólogo, podemos destacar que desempenhamos tarefas relacionadas a problemas de pessoal, como processos de recrutamento, seleção, orientação profissional/vocacional e outros similares, à problemática educacional e a estudos clínicos individuais e coletivos. Realizamos pesquisas, diagnósticos, acompanhamentos psicológicos, e intervenções psicoterápicas individuais ou em grupo, através de diferentes abordagens teóricas. O psicólogo está sempre na missão de ajudar as pessoas, para que, munidas de autoconhecimento, consigam superar as dificuldades da vida da melhor forma possível. Facilitando as relações humanas e zelando pelo bem-estar psíquico.

Ele pode ajudar as pessoas a lidar com problemas do passado que possam interferir no longo de sua vida, a enfrentar os problemas cotidianos com mais firmeza e segurança, e a melhorar o seu comportamento humano. A nossa atuação profissional, sempre objetiva o bom relacionamento do "mundo interior" e exterior de nossos pacientes. Iluminando e apoiando a caminhada para que todos possam alcançar um melhor equilíbrio emocional e comportamental, melhorando assim sua qualidade de vida.

O papel do psicólogo é promover saúde mental e bem-estar

Ao logo dos anos, temos conseguido avançar no que diz respeito a uma melhor comunicação da missão do psicólogo, mostrando que buscar tal profissional não significa estar com dificuldade ou estar doente. E sim, com a clareza de que pessoas que conhecem melhor a si mesmas, são menos conduzidas pelos traços de sua história de vida e familiar.


Existem diversas nomenclaturas para tentar classificar e nortear tratamentos para desordens psíquicas enfrentadas por muitas pessoas. Porém, o psicólogo vai além dessas classificações e busca entender o ser humano que se apresenta diante dele. Pois a Psicologia não é uma ciência exata, ela é uma ciência da área humana, onde a singularidade sempre se destacará aos nossos olhos.

Para qualquer boa atuação profissional, demanda-se uma identificação com a área, uma vocação a ser entendida e um respeito ético a ser vivenciado. Na Psicologia, não é diferente, pois o psicólogo precisa gostar de escutar respeitosamente diferentes histórias; precisa saber enxergar a singularidade de cada pessoa que se apresenta à sua frente; precisa, acima de tudo, conduzir seu tratamento à luz da ciência com conduta técnica e sigilosa. Trata-se de uma área de constante formação e crescente conhecimento, pois os estudos na busca do entendimento da mente humana não param. Sempre encontramos algo novo, algo que possui a preocupação no favorecer nossa existência.

Psicóloga Karina Maria da Luz
CRP: 06/109600
@psi_karinaluz


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/a-historia-da-psicologia-da-filosofia-a-ciencia-da-mente/

26 de agosto de 2024

Contra escravizações

Em defesa da liberdade: desafios e compromissos no combate às escravizações contemporâneas

É para a liberdade que o ser humano foi criado, lembra o apóstolo Paulo em seus escritos. Compreende-se, pois, o inegociável princípio de defender a liberdade, nos âmbitos social e político, e também buscá-la, incansavelmente, para revestir, de modo qualificado, a interioridade humana. A busca da liberdade contracena com as dinâmicas contemporâneas de construção da autonomia e da individualidade, delineando desafios permanentes: o respeito à dignidade de toda pessoa e o compromisso de promover a igualdade entre todos, com a sabedoria de não permitir que as diferenças se tornem alavancas de injustiças, de exclusões ou discriminações. Esses desafios, para serem vencidos, dependem de cidadãos e cidadãs com adequada competência humanística e espiritual para a regência de laços relacionais. As estreitezas humanas constituem grave impedimento para se promover e se viver a liberdade, pois alimentam diferentes tipos de escravização. Alimentam, particularmente, a escravização gerada pelo vazio interior provocado pela ausência de adequados valores, por assimilações indevidas na constituição de subjetividades, tornando-as incapazes de promover e de conquistar a autêntica liberdade humana. 

A subjetividade humana e a luta contra a escravidão interior

A dimensão movediça que caracteriza a constituição da subjetividade, com suas multíplices emergências, exige, para seu equilíbrio, um qualificado processo de humanização, para alavancar a liberdade, sem se deixar iludir por inadequadas ideologizações ou patologias psicoafetivas – obstáculos para o florescer da individualidade capaz de contribuir para a superação de escravizações na sociedade. É compromisso cidadão e de fé dedicar-se à compreensão sobre processos de escravização, para enfrentá-los. A sujeição de uma pessoa a outra é fenômeno antigo e contemporâneo, requerendo permanente atenção, tratamento terapêutico e respostas emolduradas pelo mais nobre sentido da liberdade humana, que é, ao mesmo tempo, um dom e uma missão. Pode já não mais existir escravaturas oficializadas, regulamentadas, mas ainda existem as escravizações contemporâneas, expressas na vida de tantos oprimidos. A humanidade evoluiu e distanciou-se do equivocado entendimento que legitimava o domínio do semelhante. No entanto, ainda não consegue assegurar, a todos, o direito à liberdade – base de igualdade social e política. 

Desafios contemporâneos no combate à escravidão

Em busca de ampliar o alcance da liberdade, os países efetivam acordos importantes, mas ainda há carência de estratégias para, eficazmente, combater diferentes formas de escravização, garantindo mais qualidade à convivência humana. Há de ser alcançada, por exemplo, adequada compreensão social sobre o que ainda ocorre no mundo do trabalho, em diversos setores, incluindo o trabalho doméstico, agrícola, na mineração, na indústria. A ampliação e qualificação de mecanismos legais ainda não conseguem dissipar quadros discriminatórios e de escravizações. Urge-se um constante desenvolvimento da sensibilidade social para conhecer, intervir e modificar situações onde as escravizações se revelam e perpetuam a fome, a privação de liberdades fundamentais, as penúrias e tantas carências que precisam ser superadas para garantir a dignidade humana. 

As múltiplas faces da escravidão moderna

No mundo contemporâneo, há grande variedade de escravizações, que se revelam nas migrações forçadas, na prostituição, com agressões ao direito sagrado à liberdade, corrompido também pelas estreitezas humanas. Essas estreitezas são particularmente fecundadas pela desarvorada dinâmica da iconoclastia que abre passagem a todo tipo de absurdo, com o cultivo de sentimentos e de posturas que buscam simplesmente instalar o caos, inviabilizando funcionamentos institucionais por manipulações interesseiras. É importante e urgente sensibilizar-se diante das muitas formas de escravização, que incluem tráfico de pessoas e o comércio de órgãos. O ser humano não pode ser tratado como objeto, a partir de interesses econômicos, políticos ou de qualquer outro tipo. Na raiz das muitas formas de escravização está a deterioração do coração humano, desfigurado pelo pecado. Por isso, há de se investir, a partir do próprio coração, para superar diferentes tipos de escravização. Um compromisso a ser partilhado por todos, como ideal humanitário, para transformar cenários, criar condições para um desenvolvimento integral. 

Um chamado à ação: o combate à escravidão como dever de todos

O Papa Francisco assinala que o combate às escravizações requer coragem e perseverança, em um horizonte humanístico-espiritual de qualidade e com força de convencimento e congregação de muitas pessoas. Ele indica ainda um tríplice empenho a ser partilhado pelas instituições: prevenção, proteção das vítimas e ação judicial contra os responsáveis pelas agressões à liberdade humana. O enfrentamento às escravizações precisa se fortalecer a partir de cooperação transnacional, e de um adequado sentido de cidadania, em cada sociedade, inspirado pelo compromisso pessoal de se viver um profundo exame de consciência individual. A promoção da liberdade precisa ser também impulsionada pelas organizações da sociedade civil, muito importantes para mudar o flagelo das escravizações. 

Todos possam acolher a convocação do Papa Francisco para promover a globalização da fraternidade – e não da escravização, nem da indiferença. Trata-se do caminho para respeitar a dignidade humana e alcançar a verdadeira liberdade, um sonho e compromisso cristão. A humanidade precisa de operários no combate às escravizações, promotores da fraternidade, por uma nova civilização marcada pela solidariedade. 

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/combate-a-escravidao-moderna/

A importância da Missa aos domingos

A participação da Santa Missa aos domingos é um compromisso de particular importância em nossa experiência de fé. O Catecismo da Igreja Católica ensina-nos que a celebração da Eucaristia dominical, do Dia do Senhor, está no coração da vida da Igreja. "O domingo, em que se celebra o mistério pascal, por tradição apostólica, deve guardar-se em toda a Igreja como o primordial dia festivo de preceito"1.

No entanto, antes de ser uma obrigação para nós católicos, a participação da Santa Missa aos domingos  é uma exigência que está inscrita na essência da vida cristã. Por isso, na Igreja nascente, não havia o preceito dominical, já que os fiéis tinham a assembleia dominical como o ponto mais alto e importante da vida espiritual.

A importância da missa aos domingos

Foto Ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

A Santa Missa nos primórdios da Igreja Católica

A celebração da Santa Missa aos domingo remonta aos princípios da era apostólica da Igreja (cf. At 2,42-46; 1 Cor 11,17). Nesse sentido, a Carta aos Hebreus nos ajuda a compreender a importância da Eucaristia dominical já naquele tempo: "Sem abandonarmos a nossa assembleia, como é costume de alguns, mas nos exortando mutuamente" (Hb 10,25).

A Tradição da Igreja nos ajuda a guardar a memória de uma exortação que permanece sempre atual: "Vir cedo à igreja, aproximar-se do Senhor e confessar os próprios pecados, arrepender-se deles na oração […], assistir à santa e divina liturgia, acabar a sua oração e não sair antes da despedida […]. Muitas vezes, o temos dito: este dia é vos dado para a oração e o descanso. É o dia que o Senhor fez: nele exultemos e cantemos de alegria"2.

São Justino, mártir do século II, na sua primeira Apologia, dirigida ao imperador Antonino e ao Senado, descreveu com ufania o costume dos primeiros cristãos de reunir-se na assembleia dominical, que congregava, no mesmo lugar, os cristãos das cidades e das aldeias. "Quando, durante a perseguição de Diocleciano, viram as suas assembleias interditas com a máxima severidade, foram muitos os corajosos que desafiaram o édito imperial, preferindo a morte a faltar à Eucaristia dominical"3.

Isso aconteceu com os mártires de Abitinas, na África proconsular, que assim responderam aos seus acusadores: "Foi sem qualquer temor que celebramos a ceia do Senhor, porque não se pode deixá-la, é a nossa lei"; "não podemos viver sem a ceia do Senhor". Com coragem extraordinária, uma das mártires confessou: "Sim, fui à assembleia e celebrei a ceia do Senhor com os meus irmãos, porque sou cristã"4.

A assembleia reunida

Segundo São João Crisóstomo, há algo a mais que a assembleia reunida nos proporciona: "Podes também rezar em tua casa, mas não podes rezar aí como na igreja, onde muitos se reúnem, onde o grito é lançado a Deus de um só coração. […] Há lá qualquer coisa mais: a união dos espíritos, a harmonia das almas, o laço da caridade, as orações dos sacerdotes"5.

Essa obrigação de consciência, que tem sua razão der ser na necessidade interior que os cristãos dos primeiros séculos sentiam tão intensamente, a Igreja Católica nunca deixou de afirmar, embora, no início, não julgou ser necessário prescrevê-la.

Mas, com o tempo, devido à tibieza ou à negligência de alguns, a Igreja teve de explicitar aos fiéis o dever da participação na Missa aos domingos. Na maior parte das vezes, fez isso sob a forma de exortação, mas, às vezes, também recorreu a disposições canônicas concretas.


A obrigação da participação da Santa Missa aos domingos

O primeiro e o mais importante mandamento da Igreja determina que somos obrigados a participar da Santa Missa aos domingos e nas solenidades de preceito: "No domingo e nos outros dias festivos de preceito, os fiéis têm obrigação de participar na Missa"6. Cumprimos esse preceito se participarmos da Santa Missa celebrada em rito católico, no próprio dia festivo ou na tarde do dia anterior.

A Santa Missa, aos domingos, fundamenta e confirma toda a prática cristã. Por isso, temos a obrigação de participar da Santa Missa nos dias de preceito, especialmente no domingo, a menos que estejamos justificados por algum motivo sério como, por exemplo, doença, obrigação de cuidar de crianças de peito ou sejamos dispensados pelo nosso pároco ou responsável. Se deliberadamente faltamos a essa obrigação, cometemos um pecado grave.

"A participação na celebração comum da Eucaristia dominical é um testemunho de pertença e fidelidade a Cristo e à sua Igreja"7. Ao participarmos da Missa dominical, atestamos a nossa comunhão na fé e na caridade; damos testemunho da santidade de Deus e da nossa esperança na salvação; e reconfortamo-nos mutuamente, sob a ação do Espírito Santo.

A paróquia é o lugar onde nós, que somos católicos, podemos nos reunir para a Santa Missa, principalmente para a celebração dominical da Eucaristia. A paróquia nos inicia na expressão ordinária da vida litúrgica e nos reúne nessa santa celebração. Além disso, a paróquia nos ensina a doutrina salvífica de Cristo e pratica a caridade do Senhor em obras boas e fraternas.

A Eucaristia dominical como exigência da vida cristã

Caso não seja possível a participação da Santa Missa aos domingos, o Código de Direito Canônico faz algumas recomendações:

"Se for impossível a participação, na Celebração Eucarística, por falta de ministro sagrado ou por outra causa grave, recomenda-se muito que os fiéis tomem parte na liturgia da Palavra, se a houver na igreja paroquial ou noutro lugar sagrado, celebrada segundo as prescrições do bispo diocesano, ou consagrem um tempo conveniente à oração pessoal ou em família ou em grupos de famílias, conforme a oportunidade"8.

Verdadeiramente, grande é a riqueza espiritual e pastoral do domingo, tal como a Sagrada Tradição nos confiou. Vista na totalidade dos seus significados e implicações, o domingo constitui, de certo modo, uma síntese da vida cristã e uma condição necessária para bem vivê-la.

Por isso, compreendemos por que razão a Igreja tem como particularmente importante a observância do Dia do Senhor, tanto que a tornou uma obrigação no âmbito da disciplina eclesiástica. No entanto, essa observância, antes de ser um preceito, deve ser vista como uma exigência inscrita profundamente em nossas almas.

É de importância verdadeiramente capital que nos convençamos de que não podemos viver a nossa fé, a plena participação da vida da comunidade cristã, sem tomar parte regularmente na assembleia eucarística dominical.

A plenitude da Missa aos domingos

Na Eucaristia, realiza-se a plenitude de culto que os homens devem a Deus, incomparável com qualquer outra experiência religiosa.

Uma expressão particularmente eficaz dessa plenitude verifica-se precisamente quando, no domingo, toda a comunidade congrega-se, em obediência à voz do Ressuscitado.

Ele a convoca para lhe dar a luz da sua Palavra e o alimento do seu Corpo, como fonte sacramental perene de redenção. A graça, que dimana dessa fonte, renova a nossa vida, a nossa história.

O Espírito Santo está presente, ininterruptamente, em cada dia da Igreja, irrompendo, imprevisível e generoso, com a riqueza dos seus dons. Entretanto, na assembleia dominical reunida para a celebração semanal da Páscoa, a Igreja Católica coloca-se especialmente à escuta d'Ele e com Ele tende para nosso Senhor Jesus Cristo, no desejo ardente do Seu regresso glorioso: "O Espírito e a Esposa dizem: 'Vem!'" (Ap 22,17).

Referências:
1 PAPA SÃO JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica, § 2177.
2 Idem, § 2178.
3 PAPA SÃO JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Dies Domini, 46.
4 Idem, ibidem.
5 PAPA SÃO JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica, § 2179.
6 Idem, § 2180.
7 Idem, § 2182.
8 PAPA SÃO JOÃO PAULO II. Código de Direito Canônico, cânon 1248, § 2.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/a-importancia-da-missa-aos-domingos/

21 de agosto de 2024

Semana nacional da criança excepcional

Abraçando as diferenças: uma jornada pessoal de superação

Hoje é o Dia da Pessoa com Deficiência, um dia sobre o qual eu posso falar com propriedade, porque, desde que me conheço por gente, já tinha sido afetada pela paralisia cerebral, que me tornou deficiente física; e, para completar, mais tarde, fui também diagnosticada como autista.

Por causa desse último, eu não sou muito boa com metáforas, e não conseguia entender o que me conectava com alguns dos personagens de filmes de herói que eu costumava assistir quando era mais nova.

Crédito: FG Trade / GettyImages

Mas hoje, um pouco mais velha, sempre me lembro de uma heroína em específico, que tomou a decisão de se "curar" dos poderes, os quais, por mais que fossem uma parte única dela e tivessem seu lado positivo, também lhe traziam uma série de empecilhos que nem ao menos existiriam se ela não tivesse a má sorte de ser escolhida pelo completo acaso para ser aquela uma entre um milhão.

Questionamentos e aprendizados

E se eu disser que eu não me senti assim no meio da minha adolescência, quando fui obrigada a passar por um desgastante processo cirúrgico, em que, praticamente, tive que aprender a andar de novo, só porque Deus, que pelo que eu ingenuamente entendia, poderia me curar como em um passe de mágica, eu estaria mentindo.

Apesar disso, depois de um monte de idas e vindas, que, honestamente, ainda continuam acontecendo, eu entendi que, sim, talvez Deus pudesse mesmo ter me curado com um pequeno pensamento da parte d'Ele, o que, com certeza, diminuiria minha raiva no processo e um monte de pecados do meu exame de consciência.

Mas só porque isso parece um plano melhor ou mais pacífico não significa que o seja de fato. Afinal, Deus entende as coisas de uma forma diferente de nós, e usa nossos momentos mais cheios de dúvidas como caminho para buscarmos as respostas que, em outras circunstâncias, não nos moveríamos para encontrar.

Encontrando conforto em meio aos desafios

E nos momentos em que nem essa certeza for capaz de acalmar seu coração, procure se abraçar a Jesus da melhor forma que der, porque, embora passemos por coisas ruins aqui, esses sofrimentos são como pequenos lembretes do que houve na cruz, quando Jesus assumiu todos os nossos sofrimentos por amor, para que não precisássemos mais passar pelo verdadeiro sofrimento eterno de não O ter por perto.

 

Maria Teresa Gomes Teixeira
Estudante de licenciatura em Biologia. Teve paralisia cerebral ao nascer e aos 15 anos teve o diagnóstico de Autismo.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/semana-nacional-da-crianca-excepcional/