26 de março de 2024

Confessar-se é a chave para a verdadeira reconciliação


O Sacramento da Reconciliação é comumente conhecido como o Sacramento da Confissão ou, às vezes, Sacramento da Penitência. Todos esses nomes estão corretos, porque todos eles falam daquilo que é vivido neste sacramento. Mas, de uma forma muito mais perfeita, podemos dizer que a palavra "reconciliação" engloba tudo aquilo que o Sacramento nos oferece como uma graça, porque ele tem essa finalidade de nos reconciliar com Deus.

Aquilo que o pecado rompeu, aquilo que o pecado cortou, a vida na graça que nós tínhamos, agora o Sacramento nos traz de novo. Nós estávamos como inimigos de Deus quando cometemos um pecado, e agora nós voltamos, através do Sacramento, a nos reconciliar novamente com Deus.

Nós voltamos e estamos novamente ali, usufruindo da comunhão, da graça que Deus tem reservado para nós. Mas para que isso aconteça de forma perfeita, nós temos algumas condições para viver bem esse Sacramento.

Cinco passos para a reconciliação

O primeiro delas: é importante que façamos um bom exame de consciência para que possamos estar atento a tudo aquilo que são os nossos pecados e àquilo que precisa, de fato, ser confessado, aquilo que, de fato, precisa ser colocado diante do Senhor.

Créditos: GettyImagens / gorodenkoff / cancaonova.com

Depois, nós precisamos ter, no nosso coração, o arrependimento, o verdadeiro arrependimento por termos ofendido a Deus pelo pecado que nós cometemos. Isso é uma coisa muito importante para nós, porque é por meio desse arrependimento que nos aproximamos novamente de Deus.

Em terceiro lugar, nós precisamos não só do arrependimento, mas também de um propósito de emenda, precisamos nos aproximar do Sacramento, querendo não mais cometer aquele pecado.

Nós precisamos nos aproximar do Sacramento, arrependidos dos nossos pecados, e, ao mesmo tempo que estamos arrependidos, também confirmamos o propósito de não mais voltar a pecar daquela forma. Então, esse é o terceiro ponto, que é importante para vivermos bem esse Sacramento.


O quarto ponto: é importante que haja a Confissão. A Confissão precisa acontecer diante de um sacerdote que tenha o poder dado por Deus, pela Igreja, a autoridade para nos reconciliar novamente com Deus.

Então, o momento do Sacramento da Confissão é muito importante, e precisa ser claro, o pecado precisa ser confessado de uma forma bem clara para que possamos viver bem essa experiência.

O quinto ponto também é essencial para que o Sacramento seja válido e bem vivido, e para que nós possamos usufruir dele de todas as formas. O quinto ponto é cumprirmos a penitência que o Sacerdote nos passa diante da nossa confissão. Então, aquela penitência precisa ser cumprida para que nós possamos usufruir bem daquilo que é a graça.

Pedir perdão a Cristo

Agora, eu queria levá-lo a refletir sobre duas coisas muito importantes que esse Sacramento nos concede.

Primeiro, a figura do sacerdote, a quem estamos nos direcionando para nos confessar, é a figura do próprio Cristo. Jesus se faz presente na figura do sacerdote. E, ali, o sacerdote está presente in persona Cristo, na pessoa de Cristo, mas, ao mesmo tempo, com a autoridade da Igreja. Porque o nosso pecado rompeu com a nossa comunhão com Deus, feriu o corpo místico de Cristo, que é a Igreja da qual nós fazíamos parte. Então, precisamos também desse passo importante de reconciliação.

Por fim, o Sacramento precisa ser buscado todas as vezes que é necessário, porque ele, além de perdoar os nossos pecados, infunde novamente, no nosso coração, a graça. Não só perdoa os pecados que ali confessamos, mas infunde novamente a graça que o pecado rompeu, a graça que o pecado separou.

Então, ele é muito importante também para nossa luta contra o pecado. Por isso, todas as vezes que for necessário, busquemos um sacerdote, façamos um bom exame de consciência e vivamos bem, de coração aberto, aquilo que Deus deixou para nós.


Renne Viana – Seminarista da Canção Nova

Transcrição e adaptação: Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/confessar-se-e-a-chave-para-a-verdadeira-reconciliacao/


21 de março de 2024

Ensinamentos de São José para os homens de hoje


A sociedade está criando e cultuando uma imagem de homens que falam o que pensam, mas não fazem o que devem, exigem seus diretos e se esquecem quais são seus deveres como cristãos e cidadãos.

"Bom cristãos, honestos cidadãos." (Dom Bosco)

Fazem-se de vítimas de sua própria história e já não conseguem ter mais intuição masculina, ato de perceber e discernir.

"Examina a estrada onde pões o pé e todos os teus caminhos sejam bem firmes." (Provérbios 4,26)

Créditos: piccerella by GettyImages / cancaonova.com

Posicionamento do homem

Homens que fogem das decisões necessárias do seu cotidiano, por conta de sua imaturidade e infantilidade, eles tremem diante da pergunta: "O que devo fazer diante desta situação?"

Que teu coração deposite toda a sua confiança no Senhor! Não te firmes em tua própria sabedoria." (Provérbios 3,5).

Homens inseguros nos relacionamentos, no trabalho, na sua própria identidade, que é o sacrifício.

"A única forma de demonstrar amor neste mundo é através do sacrifício" (Fulton Sheen).


Homens espiritualmente falando, que buscam, em sua vida, elevadores e não mais escadas, degrau por degrau, porque o atalho castrou o homem moderno.

Tudo é absolutamente fácil, e não requer sacrifícios, não sonham mais em viver e morrer com a mesma mulher dentro de casa, mãe dos seus filhos.

Que São José nos ensine a sermos homens que fogem para o Egito, que gostem da aventura masculina de ser homens protagonistas semelhante a José. Mas que possamos, depois da experiência do Egito, voltar para Casa de Nazaré, a nossa essência, a nossa família.

Que, neste dia 19 de março, possamos ser Homens de Deus e retomar os trilhos da santidade. São José é o Pai das virtudes, ele assumiu a missão de cuidar de Maria e de seu Filho Jesus. São José não falha! Que, no dia de hoje, você peça a ele uma virtude necessária para cumprir bem a sua missão.

"O objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus." (São Gregório de Nissa)

Oração – São José, árvore forte

São José, tu foste a árvore abençoada por Deus, não para dar frutos, mas para dar sombra, sombra protetora de Maria, tua esposa; sombra de Jesus, que te chamou de pai e ao qual tu te entregaste totalmente; tua vida feita de trabalho e de silêncio, ensina-me a ser eficaz em todas as situações. Que teu exemplo me acompanhe em todos os momentos: florescer onde a vontade do Pai me colocou; saber esperar, entregar-me sem reservas até que a tristeza e a alegria dos outros sejam minha própria tristeza e minha própria alegria.

Amém.

São José, valei-nos!

Ederson José – Comunidade Canção Nova 


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/ensinamentos-de-sao-jose-para-os-homens-de-hoje/


12 de março de 2024

Do que é feita a Hóstia Sagrada?


A Hóstia Sagrada é um elemento central na celebração da Eucaristia na tradição católica. É considerada o corpo de Cristo e é consumida pelos fiéis durante a comunhão. Mas do que exatamente é feita a Hóstia Sagrada?

hostia sagrada

De acordo com a doutrina católica, a Hóstia Sagrada é feita de pão ázimo, ou seja, um pão sem fermento. Essa tradição tem raízes na Última Ceia, quando Jesus compartilhou o pão com seus discípulos antes de sua crucificação. O pão utilizado na Eucaristia deve ser simples, sem adição de fermento ou qualquer outro ingrediente.

O pão utilizado para fazer a Hóstia Sagrada é feito apenas de farinha de trigo e água. Essa simplicidade é uma representação da humildade de Cristo e da importância de se concentrar no essencial durante a celebração da Eucaristia.

Para garantir a pureza e a qualidade do pão utilizado na Hóstia Sagrada, é comum que as igrejas católicas tenham padarias especiais. Essas padarias são responsáveis por produzir as hóstias de maneira adequada e seguindo as diretrizes da Igreja.

Antes de serem utilizadas na celebração da Eucaristia, as hóstias passam por um processo de consagração. Durante a missa, o padre realiza uma oração especial chamada de "oração de consagração", na qual o pão é transformado no corpo de Cristo. Acredita-se que, após a consagração, a substância do pão permanece, mas sua aparência é transformada.

Além do pão ázimo, a Igreja Católica também permite o uso de hóstias feitas de outros cereais, como o trigo integral, o centeio e o milho. Essas opções são utilizadas principalmente em casos de necessidades especiais, como alergias ou intolerâncias alimentares.

É importante ressaltar que a Hóstia Sagrada é um símbolo sagrado para os católicos e deve ser tratada com o devido respeito. Ela é considerada o corpo de Cristo e, portanto, deve ser consumida com reverência e devoção durante a comunhão.

A Hóstia Sagrada é um elemento fundamental na celebração da Eucaristia e representa a presença de Cristo no sacramento. Sua simplicidade e pureza refletem os ensinamentos de humildade e amor de Jesus. Ao consumir a Hóstia Sagrada, os fiéis acreditam estar recebendo a graça e a presença de Cristo em suas vidas.

Em resumo, a Hóstia Sagrada é feita de pão ázimo, sem fermento, feito apenas de farinha de trigo e água. Ela é consagrada durante a missa e se transforma no corpo de Cristo para quem crê. Sua simplicidade e pureza são representações da humildade e do amor de Jesus.


Fonte: https://cantinhodocatolico.com.br/do-que-e-feita-a-hostia-sagrada/


8 de março de 2024

O segredo do autoconhecimento, da aceitação e superação da mulher


Santo Agostinho disse certa vez: "Conhece-Te, Aceita-Te e Supera-Te!". Cada um desses verbos e outros que conheceremos, provenientes do desdobramento de cada um deles, nos apontará um percurso de autoconhecimento, aceitação e superação de nossa história. Verdadeiros passos que nos conduzem à liberdade interior e que nos farão pessoas mais livres e, assim, abertas para a ação sobrenatural do Espírito Santo.

Caminhando fielmente com cada passo que nos será apontado e tomando consciência de nossos principais vícios, como também nossas feridas, certamente sairemos de nossos casulos interiores como mulheres novas. Cheias do Espírito Santo, poderemos usar de ferramentas importantes para nosso crescimento espiritual, que são dons de santificação.

Durante esse caminho, vamos trabalhar com duas ferramentas, a cura interior e o uso dos dons de santificação. Serão dois instrumentos importantes para a construção dessa mulher nova. Uma mulher curada é aquela que se reconcilia com sua história e também aquela que se liberta de seus demônios e vícios interiores; porém, uma mulher empoderada pelo Espírito Santo é aquela que não somente busca cura interior como também aprende a ter sua vida conduzida pelo Espírito Santo.

Créditos: SVPhilon / GettyImagens / cancaonova.com

A cura total da mulher

Será necessário uma certa coragem, perseverança para enfrentar esse processo. Vencer os vícios, medos, traumas requer um desejo, uma constância autêntica de alguém que deseja ter uma vida reconstruída como aconteceu com Maria Madalena. Precisaremos também travar uma luta espiritual árdua para vencer nossos demônios interiores, ou seja, nossos vícios que não nos permitem avançar.


Exemplos da Bíblia

Nas Sagradas Escrituras, vemos a figura de Maria Madalena como uma mulher de coragem, e essa foi a grande graça que a levou à superação de sua vida. Uma mulher que lutou pela sua transformação pessoal e enfrentou o preconceito que havia pelas mulheres daquela época, tendo a coragem de caminhar ao lado de Jesus. As escolhas de Madalena foram essenciais para sua libertação. Ela sabia que, ao lado do Mestre, conseguiria vencer suas fraquezas. Podemos afirmar que ela foi uma mulher forte, porque teve a coragem de enfrentar suas misérias e se levantar.

Maria Madalena, a mulher liberta de seus sete demônios por Jesus e batizada pelo Espírito Santo, tornou-se plena e integrada, por isso conseguiu deixar um grande rastro de fé.

A grande prisão de Maria Madalena não permitia que ela enxergasse seus vícios e pecados como também não lhe permitia ser uma mulher de coragem. Àquele que é dominado pelos vícios e não consegue sozinho se desvencilhar deles, será necessária a graça de Deus. A coragem daquela mulher nasceu depois que ela viveu um processo de libertação, onde o próprio Deus imprimiu nela um Espírito de coragem. Uma vez livre, ela pode ser quem realmente é, com todos seus talentos e virtudes. A virtude da Fortaleza em Maria foi potencializada em Pentecostes pelo dom da Fortaleza no derramamento do Espírito Santo.

Trecho extraído do livro Mulheres Empoderadas do Espírito de Rogerinha Moreira. 


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/o-segredo-do-autoconhecimento-aceitacao-e-superacao-da-mulher/


4 de março de 2024

Oração do Credo | Creio em Deus Pai


Em seus doze artigos, a Oração do Credo é a síntese de tudo o que a  católica tem e a maneira mais fácil e eficaz para a Igreja difundir e expressar a fé.

Recitar a oração do Creio, nós, cristãos católicos, professamos publicamente que acreditamos nas mesmas verdades em que a Igreja acredita. É por isso, aliás, que o credo também é chamado de "Profissão de Fé".

Através da Oração do Credo, estamos todos unidos em uma fé e cremos nela com um único espírito. É como se falássemos uma língua, não importa onde estejamos.

Oração do Credo Escrita

Creio em Deus Pai Todo-Poderoso,
Criador do céu e da terra;
e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor;
que foi concebido pelo poder do Espí­rito Santo;
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado.
Desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos;
creio no Espí­rito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna.
Amém.

Oração do Credo

Curiosidades da Oração do Credo

O Credo também é conhecido como o "Símbolo dos Apóstolos", por ser o resumo fiel da fé dos apóstolos de Jesus.

Derivada do grego "symbolon", a palavra símbolo neste caso significa literalmente a metade de um objeto que é quebrado e depois de quebrado, essa metade é colocada junto a sua outra metade e assim é possível verificar a identidade de seu portador ou dono.

A palavra "credo", por sua vez, vem do latim e significa "creio".

O Significado do CREDO na Igreja Católica e nos Dicionários Portugueses

Nossos dicionários da língua portuguesa descreve o CREDO assim:

  1. Oração cristã, em latim, que começa com as palavras credo in unum Deus Patrem ("creio em Deus pai") e contém os artigos essenciais da fé católica; creio em Deus padre, creio em Deus pai; crendospadre.
  2. Parte da missa que se inicia com essa oração, cantada ou recitada.
  3. Profissão de fé; convicção, crença, fé.
  4. Doutrina, programa ou conjunto de princípios por que se rege uma pessoa, uma comunidade, um partido etc.

Conheça o Credo Niceno-Constantinopolitano

Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos.

Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai.

Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e se fez homem.

Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai.

E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos profetas.

Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para a remissão dos pecados e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém.


Fonte: https://cantinhodocatolico.com.br/oracao-do-credo-creio-em-deus-pai/


Viver reconciliado: é o segredo para conviver em paz


Você já ouviu alguma vez a expressão "viver reconciliado"? Para quem convive mais de perto com os missionários, colaboradores e vocacionados da Comunidade Canção Nova com certeza já ouviu!

Pois bem, trata-se de outro Princípio desta série dos Princípios de Vida do Carisma Canção Nova que eu gostaria de  apresentar a vocês como proposta de vida. Todo missionário CN o tem como regra (ou seja, não é opcional), mas como gosto de dizer é um estilo de vivência do Evangelho que cabe na vida de qualquer pessoa que queira viver com radicalidade.

Um dado muito interessante é que, aqui, na Canção Nova, a gente primeiro vive, para depois escrever, ou seja, virou regra porque havia a necessidade. E, se você for bom de lógica, vai perceber que para ter reconciliação é sinal de que houve desavença (vou falar baixinho: teve briga!). Não se assuste, onde tem gente, tem problema. E na Canção Nova não é diferente.

O que é viver reconciliado?

Talvez, você se desiluda com a CN ao me "ouvir" falar assim, ao perceber que, aqui, você não vai encontrar pessoas prontas, perfeitas, santas, mas não tem necessidade de perder a fé no Carisma, não! Eu diria que é justamente isso que o torna ainda mais louvável e interessante, Deus chamou homens e mulheres comuns — iguais a você, seus familiares e amigos —, para uma vivência radical do evangelho, não há mérito em nós, tudo é graça de Deus, nós apenas aceitamos viver este desafio de, apesar das nossas misérias e limites, nos aventurarmos numa vivência autêntica do evangelho.

Créditos: skynesher / GettyImagens / cancaonova.com

Mas vamos lá, quero falar para você o que é esse tal "viver reconciliado" e como ele pode funcionar na sua vida.

Vou tomar aqui a ajuda do bom e velho "Aurélio": reconciliar é:

1.estabelecer a paz entre; fazer as pazes, congraçar(-se), harmonizar(-se), conciliar(-se).

2.2 (…).

3.transitivo direto; restituir à graça de Deus. "O confessor reconcilia o pecador".

A partir dessa definição, podemos concluir que viver reconciliado é o mesmo que viver em paz. No entanto, viver reconciliado para o Padre Jonas abarca também outras dimensões, atinge a profundidade do relacionamento humano: é viver em harmonia consigo, com o outro e com Deus.

Um amor profundo

Certo! Mas o que isso tem de diferente para aqueles que já buscam os sacramentos? Bem, assim como no que diz respeito ao pecado que cometemos e confessamos, mas que permanece a sua marca em nós, em um dado momento teremos de apagar essa marca (seja por meio da penitência, indulgências ou no purgatório), para podermos desfrutar da amizade plena com Deus e de sua presença. Também nós, quando não estamos reconciliados com alguém, não basta confessar a causa da desavença, é preciso perdoar o irmão, além disso, é preciso devolver a ele o direito ao meu amor, à minha amizade. Não é isso que Jesus fez conosco na cruz? "Pois Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo, não levando em conta as transgressões dos seres humanos, e nos encarregou da mensagem da reconciliação" (2 cor 5,19).

Em outras palavras, viver reconciliado é assumir a missão de Cristo na cruz, é subir na cruz com Ele.

O amor a que somos chamados nos lança a um passo mais profundo conforme propõe o Evangelho: "Amai os vossos inimigos, fazei o bem aqueles que vos perseguem e caluniam". Somos, portanto, convidados a buscar aquele que nos feriu, ofendeu e nos reconciliarmos com ele. Aqui, na Canção Nova, neste momento, juntamos os dois princípios: "viver reconciliado" e a "partilha e a transparência", e vamos em busca do irmão.

"Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la? (Lc 15, 4). Ou ainda, " Vai reconciliar-te primeiro com o teu irmão, depois, vem, e apresenta a tua oferta" (Mt 5,24).

É a verdadeira união

Imagine você: diante das realidades de desavenças na comunidade, se a gente simplesmente fosse dizendo assim: "Eu perdoo fulano, mas não quero mais conversar com ele". Daqui a pouco, você veria os missionários olhando torto uns para os outros, então, no dia que estão fazendo um programa de TV ou outra missão, e esses dois irmãos estivessem juntos na escala, um pregando e o outro cantando, por exemplo, como seria? Como haveria unção, eficácia no seu apostolado? Deus nos livre! Seria o fim.


O Evangelho nos ensina: "Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá" (Mt 12,25) , agora você entendeu a nossa luta? E isso pode estar acontecendo aí, dentro da sua casa, marido e mulher dividindo o mesmo teto, a mesma cama, e não se perdoam.

Vale deixar claro que temos dons especiais para viver essa radicalidade, o Carisma nos confere uma predisposição para viver desta forma. O Batismo no Espírito Santo nos impulsiona com os dons, tudo o mais é sangue, suor e lágrimas. E ainda tem gente que acha que a espiritualidade do Carisma Canção Nova é fácil. Ela é sim, simples, mas muito exigente, exige radicalidade.

Seguir o exemplo de Jesus na cruz

Eu creio que, se você chegou até aqui, é porque você esteja procurando essa radicalidade na sua vida. Dito isso, reafirmo que você também pode assumir o viver reconciliado na sua vida. No fundo, todos nós desejamos viver em paz e sabemos o que precisamos fazer para isso, mas, muitas vezes, o orgulho não nos deixa tomar a atitude necessária e começamos a dialogar com as justificativas: "Ah, mas foi ele quem me ofendeu!"; "Eu não, ele, se quiser, que venha me procurar", "Eu já fiz a minha parte", ou ainda, "Eu lavo as minhas mãos"; "Mas se eu for, ele vai achar que estou admitindo que estava errada, e eu não estava!".

Percebe que estamos negociando com as nossas justificativas, a partir do nosso orgulho ferido? Não deve ser assim o nosso proceder, se Jesus nos orienta a amar os nossos inimigos, não fica subentendido que devemos dar a vida pelos nossos amigos? O amor que Cristo nos propõe é o da Cruz, e nela se reconcilia o homem com Deus, consigo e com o outro.

Não é um modelo de vida fácil

Viver reconciliado está expresso no mandato de Jesus que diz: "Quem quiser vir após Mim negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Lc 9, 23).

Como eu já disse, parafraseando o Padre Jonas, custa sangue, suor e lágrimas! Mas vale a vida. E é assim que o cristão, filho de Deus, tem paz. Aquela "paz que excede todo o entendimento" (Fl 4,7).

É fácil viver assim? Com certeza não é. Mas é simples, basta querer e tomar a cruz de cada dia. Comece reconciliando-se com Deus, pois Ele é "rico em misericórdia" (Ef 2,4), e não se negará a te perdoar, te ouvir, te receber de volta. Depois, vá ao seu próprio encontro, perceba onde está a sua parcela de responsabilidade naquela situação de desentendimento e/ou de pecado. Às vezes, não se trata do que você fez, mas daquilo que você poderia ter feito; daquilo que você poderia ter dito de um jeito melhor ou ainda nem ter dito.

Assuma a sua responsabilidade! E, por último e de forma alguma menos importante, vá ao encontro do irmão, seja humilde, fale; e, depois, escute. Viver reconciliado não se trata de ter razão, mas de ter paz, de quem ama mais. Receba-o de volta. Não se engane: nosso inimigo não é nosso irmão, o nosso inimigo é um só, o demônio, o divisor. Ele quer fazer perder todos os relacionamentos, destruindo a comunhão e o amor.

Aceite o desafio

Eu não sei quem disse, mas eu aprendi, aqui, na Canção Nova: quando perdoamos alguém, nós o libertamos da culpa que ele tinha diante de Deus. Certa vez, Papa Bento disse que "o amor supera a justiça, justiça é dar ao outro o que é dele por direito, o amor é dar ao outro o que é meu".

Consegue imaginar tudo isso acontecendo dentro da sua casa? Eu consigo! Então, hoje, meu convite para você é este: assuma esse jeito de ser Canção Nova na sua vida, com fé e ousadia. No início, vai ser você e Deus contra o mundo, mas uma pequena porção de fermento na massa leveda a massa toda. E, aos poucos, o amor vai transformando todas as realidades. Em última análise, reconciliação é obra do amor!

Por fim, deixo aqui a dica de uma jaculatória que eu gosto muito e a rezamos geralmente após a comunhão que diz: "Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso, na Canção Nova, acrescentamos: fazei-nos viver o amor e a reconciliação".

Deus abençoe você e viva em paz!



Carla Picolotto

Carla Picolotto é natural de São José das Missões (RS). Membro da Canção Nova desde 2009, Carla passou pelas missões de Lavrinhas (SP), Cachoeira Paulista (SP), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE) e Queluz (SP). Neste último, ela fez parte da equipe de Formação do discipulado. Atualmente, está na missão de São José dos Campos (SP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/viver-reconciliado-e-o-segredo-para-conviver-em-paz/


28 de fevereiro de 2024

O mandato missionário da Igreja Católica


Todo batizado é chamado a missão. Entenda mais essa afirmação neste artigo de Rodrigo Santos da série sobre o Catecismo da Igreja Católica.

comshalom Foto: Expedição Shalom na Ilha do Marajó.

Entre os imperativos mais firmes efetuados por Jesus Cristo a Seus apóstolos, estão aqueles relacionados à missão, ao anúncio do Evangelho a todos os povos. Não apenas o povo judeu era destinatário da Paz que o Messias veio anunciar, mas todos os povos, raças, línguas e nações. Devido à gravidade dessa catolicidade da Igreja, o Catecismo dedica, então, alguns parágrafos sobre a temática da missão: 

"Enviada por Deus às nações, para ser o sacramento universal da salvação, a Igreja, em virtude das exigências íntimas da sua própria catolicidade e em obediência ao mandamento do seu fundador, procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens. 'Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei. E eis que Eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo' (Mt 28,19-20)" (CIC 849). 

Ser missionário é estar aberto a um constante compromisso de despojamento em prol da obra de Deus. Nem todos os batizados são vocacionados a deixar seu estado, sua pátria etc. Porém, todos são chamados a sair da terra do egocentrismo e ser missionários na realidade em que se encontram: No seio da própria família, comunidade, trabalho, faculdade, bairro etc. "O mandato missionário do Senhor tem a sua fonte primeira no amor eterno da Santíssima Trindade: 'Por sua natureza, a Igreja peregrina é missionária, visto ter a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na missão do Filho e do Espírito Santo'. E o fim último da missão consiste em fazer todos os homens participantes na comunhão existente entre o Pai e o Filho, no Espírito de amor" (CIC 850).


A pergunta que muitos se fazem é: "Qual o motivo e razão de ser desse mandato missionário?" O Catecismo responde: "É ao amor de Deus por todos os homens que, desde sempre, a Igreja vai buscar a obrigação e o vigor do seu ardor missionário: 'Porque o amor de Cristo nos impele…' (2Cor 5,14).  Com efeito, 'Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade' (1Tm 2,4). Deus quer a salvação de todos, mediante o conhecimento da verdade. A salvação está na verdade. Os que obedecem à moção do Espírito da verdade estão já no caminho da salvação. Mas a Igreja, à qual a mesma verdade foi confiada, deve ir ao encontro dos que a procuram para a levar. É por acreditar no desígnio universal da salvação que a Igreja deve ser missionária"(CIC 851).

Quando se fala desse mandato missionário, entra em cena, junto ao batizado, uma pessoa de importância essencial, trata-se do Espírito Santo. Ele é a grande promessa do Pai, efetuada e anunciada pelos lábios de Nosso Senhor Jesus Cristo.

"'O protagonista de toda a missão eclesial é o Espírito Santo'. É Ele que conduz a Igreja pelos caminhos da missão. E esta 'continua e prolonga, no decorrer da história, a missão do próprio Cristo, que foi enviado para anunciar a Boa-Nova aos pobres. É, portanto, pelo mesmo caminho seguido por Cristo que, sob o impulso do Espírito Santo, a Igreja deve seguir, ou seja, pelo caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação de si mesma até à morte – morte da qual Ele saiu vitorioso pela ressurreição'. É assim que «o sangue dos mártires se torna semente de cristãos" (CIC 852).

Essa evangelização e catequese precisaram ser cooperadoras inseparáveis ao longo dos séculos. Ir constantemente atrás de novas ovelhas para o rebanho do Senhor, mas sem se descuidar das que já estão no redil. Isso, no entanto, não se efetiva sem combate, sem provações, sem perseguições. Provações que muitas vezes resultam de fraquezas e inconsistências de seus próprios membros. Por isso, a Igreja também é consciente de quão distante está o ideal do que ela anuncia dos limites de seus membros. Daí a constante necessidade de intercessão e exame de consciência. O ser missionário da Igreja supõe ir onde estão os destinatários do anúncio.

"Pela sua própria missão, 'a Igreja faz a caminhada de toda a humanidade e partilha a sorte terrena do mundo. Ela é como que o fermento e, por assim dizer, a alma da sociedade humana, chamada a ser renovada em Cristo e transformada em família de Deus'. O esforço missionário exige, portanto, paciência" (CIC 854).


O olhar paciente auxilia na missão, contribui ainda no processo de aprendizagem com os próprios erros. Surgem, daí, ainda críticas iluminadas por novas descobertas sobre o homem, sobre a vida, enfim sobre a própria natureza. Outro forte hiperativo provocado por esse mandato missionário da Igreja é a unidade dos cristãos. A missão exige o esforço rumo à unidade dos cristãos (cf. CIC 855). Implica ainda um diálogo respeitoso com os que ainda não aceitam o Evangelho (cf. CIC 856). 

Que o Espírito Santo não desista do povo do Senhor. Que a dureza de coração se renda às propostas da graça. 


Fonte: https://comshalom.org/o-mandato-missionario-da-igreja-catolica/