14 de fevereiro de 2024

Fora da Igreja Católica, há salvação?


Entenda como é a relação da Igreja Católica com os adeptos de outros credos, neste artigo da série sobre o Catecismo.

comshalom Foto: CATHOPIC

Apesar das tensões históricas e doutrinárias, o diálogo e comunhão da Igreja Católica com fiéis cristãos de origem ortodoxa ou protestante é um pouco mais simples, pois temos uma referência doutrinal de base comum, ou seja, as Escrituras Sagradas e a fé em Cristo. Mesmo o diálogo com Judeus pode ser bem promissor, pois acreditamos nos Mandamentos e numa instância última (Deus), causa eficiente e geradora de tudo o que existe, eles chamam de "Yahweh" e nós chamamos de "Pai".  Leia: 

"Aqueles que ainda não receberam o Evangelho estão também, de uma ou de outra forma, ordenados ao povo de Deus: A relação da Igreja com o Povo Judaico. A Igreja, povo de Deus na nova Aliança, ao perscrutar o seu próprio mistério, descobre o laço que a une ao povo judaico, «a quem Deus falou primeiro. Ao invés das outras religiões não cristãs, a fé judaica é já uma resposta à revelação de Deus na antiga Aliança. É ao povo judaico que 'pertencem a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas […] e os patriarcas; desse povo Cristo nasceu segundo a carne' (Rm 9,4-5); porque 'os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis' (Rm 11,29)" (CIC 839).

 

A Igreja Católica, confiante num Deus-amor, além dos fiéis de outras denominações cristãs e com o povo judeu, vê com otimismo os princípios básicos e comuns, mesmo com muçulmanos: "O desígnio de salvação envolve igualmente os que reconhecem o Criador, entre os quais, em primeiro lugar, os muçulmanos que declarando guardar a fé de Abraão, conosco adoram o Deus único e misericordioso que há de julgar os homens no último dia" (CIC 841).

"A Igreja reconhece nas outras religiões a busca, «ainda nas sombras e sob imagens», do Deus desconhecido, mas próximo, pois é Ele quem a todos dá vida, respiração e todas as coisas e quer que todos os homens se salvem. Assim, a Igreja considera tudo quanto nas outras religiões pode encontrar-se de bom e verdadeiro, «como uma preparação evangélica e um dom d'Aquele que ilumina todo o homem, para que, finalmente, tenha a vida" (CIC 843).


Porém, não raramente se ouve em certos discursos: "Fora da Igreja não há salvação!" Como afirmar uma coisa, sem negar outra? O Catecismo explica:

"Formulada de modo positivo, significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja que é o seu Corpo: O santo Concílio «ensina, apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição que esta Igreja, peregrina na terra, é necessária à salvação. De fato, só Cristo é mediador e caminho de salvação. Ora, Ele torna-se-nos presente no seu Corpo, que é a Igreja. Ao afirmar-nos expressamente a necessidade da fé e do Batismo, Cristo confirma-nos, ao mesmo tempo, a necessidade da própria Igreja, na qual os homens entram pela porta do Baptismo. É por isso que não se podem salvar aqueles que, não ignorando que Deus, por Jesus Cristo, fundou a Igreja Católica como necessária, se recusam a entrar nela ou a nela perseverar" (CIC 846).

Resumindo, é diferente quem não está em plena comunhão de fé com a Igreja por ignorância, de alguém que embora tenha mergulhado nos tesouros doutrinais da fé, a renega por obstinação. "Esta afirmação não visa aqueles que, sem culpa da sua parte, ignoram Cristo e a sua igreja: 'Com efeito, também podem conseguir a salvação eterna aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, no entanto procuram Deus com um coração sincero e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a sua vontade conhecida através do que a consciência lhes dita'" (CIC 847). 

Atualmente, temos inimigos muito mais ameaçadores do que as eventuais diferenças doutrinárias entre nós, cristãos. Além disso, Deus tem sua própria estratégia de ação. A Igreja, sem dúvida, é o caminho formal escolhido por Ele. Porém, reduzir Seu poder e capacidade de feitos às ações da Igreja, não seria o mais sábio. "Deus pode, por caminhos dele conhecidos, levar à fé todos os homens que sem culpa própria ignoram o Evangelho. Pois 'sem a fé é impossível agradar-lhe'. Mesmo assim, cabe à Igreja o dever e também o direito sagrado de evangelizar todos os homens" (CIC 848). O diálogo e fidelidade na vivência da própria fé são o maior combate a heresias no seio da Igreja.


Fonte: https://comshalom.org/fora-da-igreja-catolica-ha-salvacao/


9 de fevereiro de 2024

O que é Cura entre gerações?


Por que será que em algumas famílias, há pessoas que morrem, todas elas com a mesma doença? Você já ouviu falar de famílias em que todas as gerações, houve alguém que morreu de problemas do coração? Ou de famílias inteiras perdidas no ocultismo e nas falsas doutrinas? Ou então de pessoas que temem quando algum dos seus vai viajar, porque naquela casa acontecem muitos acidentes de carro e muitos deles fatais?

Muitos desses problemas podem ser sanados quando oramos para a cura entre as gerações, uma das muitas áreas do ministério de cura. Graças a Deus, ao aprofundamento da fé e ao avanço da ciência, muitos irmãos têm sido agraciados com os benefícios deste poderoso ministério.

A cura entre as gerações é para nós cristãos, uma oportunidade de nos libertar das influências familiares negativas do passado que podem estar repercutindo em nossa vida. Um grande avanço do ministério de cura já havia sido a cura intra-uterina, isto é, rezar pela nossa cura desde o momento da concepção, passando por todo o tempo de gestação, até o nosso nascimento. Outro grande abraço foi a cura pelas etapas da nossa vida, pedindo para Jesus que é o mesmo ontem, hoje e sempre, visitar cada momento do nosso viver, curando-nos nos momentos traumatizantes, tristes ou doloridos. Mas, em certo momento percebeu-se que era preciso buscar, além dos vivos, o problema dos vivos. Foi aí que surgiu a cura entre gerações.

Cuidado! Não se trata de regressão, às vezes usada em alguns consultórios como parte integrante de terapia. Cura entre gerações também não é terapia de vidas passadas (pois só se vive uma vez e logo após vem o juízo). Cura entre gerações também não tem nada a ver com Espiritismo, evocação dos mortos ou ocultismo. Aos seus amados, Deus não os permite. Na verdade, os proíbe (Dt 18,11-12). Quando falamos de cura entre gerações, temos o respaldo da Sagrada Escritura (Rm 7,15; Ez 18,2; Lm 5,7; Ex 20,5-6), da tradição da Igreja (é costume antiqüíssimo da Igreja rezar pelos mortos) e da ciência. Só para citar, Santa Teresa d'Ávila e Santo Tomás de Aquino falam de benefícios para os vivos quando a Eucaristia é oferecida pelos mortos.

A cura entre gerações sugere a possibilidade de os atos e efeitos negativos de nossos antepassados poderem de algum modo entrar em nosso "sangue" e pesar sobre nossa vida e gerações futuras. Trata-se de curar e libertar a ligação com essas raízes perturbadoras. Em poucas palavras, cura entre gerações é a cura dos vivos, através da oração pelos mortos.

Também não se trata de colocar todas as nossas culpas nos nossos antepassados. A cura entre gerações é apenas um dos muitos meios dos quais Deus pode se utilizar para nos curar e libertar. Mas atenção: não importa o quanto os nossos antepassados possam ter nos influenciado. Há sempre oportunidades para escolhermos padrões sadios de comportamento, não importa sob que circunstâncias. Quando eu peco, todo o Corpo de Cristo é prejudicado. Da mesma maneira, quando faço algo de bom, todo o Corpo é beneficiado. Quando me santifico, elevo o mundo! Isto também acontece nas famílias. A verdade é que estamos mais enraizados uns nos outros do que imaginamos.

Coisas boas e ruins trazemos dos nossos antepassados. Carregamos heranças físicas ou biológicas, espirituais, emocionais e psíquicas. Herdamos cor e tipo de cabelo, cor dos olhos, estatura, habilidades, jeito de ser… Podemos, assim, ser herdeiros, de nossos antepassados, de doenças como câncer, diabetes, doenças do coração, pressão alta, maus dentes, bem como de males espirituais, que podem ir desde a falta de oração até o ateísmo. O mesmo se diz dos males psíquicos: tendências suicidas, crimes, timidez, famílias inteiras mafiosas ou com vícios.

Mas não é preciso ninguém se assustar. Se estamos falando de herança ou de bagagem física ou espiritual ou de qualquer ordem, é porque é algo que se repete muito e, assim sendo, começou em algum lugar. Tem também que terminar… É então, uma oportunidade que temos de pedir ao Senhor que Ele nos liberte. Pela cura entre gerações, cada um de nós levanta a bandeira da misericórdia divina para nossas famílias. Tornamo-nos porta de entrada para a libertação dos nossos familiares e por conseguinte, a nossa própria libertação.

Ore mais ou menos assim: "Em nome de Jesus e por sua autoridade, eu venho contra esta herança negativa ou maldição (pode citar o mal que se tem conhecimento…). Invoco o Preciosíssimo Sangue de Jesus e quebro esta herança negativa ou maldição sobre minha família ou pessoa, no nome de Jesus. Amém".

E não se esqueça de levar uma vida íntegra perante Deus e os homens, bem como de, na Santa Missa, orar por você e pelos seus. A Santa Missa é o que de melhor há pelos vivos e pelos falecidos.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/diversos/o-que-e-cura-entre-geracoes/  


7 de fevereiro de 2024

O termo misericórdia na Encíclica Dives In Misericordia


Podemos iniciar a nossa conversa sobre a misericórdia pelo sentido das palavras que designam o próprio termo misericórdia. Em latim, sabemos que há a junção de dois termos: "miser", que quer dizer a miséria do homem pobre e necessitado de ajuda e compaixão; e "cor", que quer dizer coração, bondade e amor. Assim, segundo São Tomás de Aquino, misericórdia designa alguém com um coração compassivo para com a felicidade de outra pessoa. Misericórdia é uma compaixão sincera e o desejo de remediar, se possível, o que causa dano aos nossos irmãos.

A nota explicativa número 52 da Carta Encíclica DIVES IN MISERICORDIA, de São João Paulo II, nos ajuda a entender, por meio de dois vocábulos, o que significa misericórdia. Misericórdia era designada, no Antigo Testamento, com o termo "Hesed" (bondade/fidelidade). Hesed era inicialmente entendida como uma atitude de bondade, mas quando se referia à atitude de uma pessoa para outra, Hesed se transformava num compromisso interior de fidelidade mútua.

Aliança entre Deus e o povo

Mas também significava fidelidade para consigo mesmo ao pacto feito com alguém. Depois de assumido esse compromisso, a fidelidade ganhava uma configuração jurídica de aliança entre Deus e o seu povo, Israel. Assim, se o povo fosse infiel, juridicamente Deus poderia rejeitá-lo. Mas é precisamente aí que se manifesta o sentido mais profundo do amor misericordioso de Deus que se mantém fiel a si e se doa pelo seu povo, não o abandona, mesmo quando este lhe dá motivo.

Créditos: KatarzynaBialasiewicz / GettyImagens / cancaonova.com

Também o Catecismo da Igreja Católica, no número 210, fala sobre esta fidelidade de Deus ao seu povo. Depois do pecado de Israel, que se afastou de Deus para adorar o bezerro de ouro, Deus atende a intercessão de Moisés e aceita caminhar no meio dum povo infiel, manifestando, deste modo, o seu amor. A Moisés, que Lhe pede a graça de ver a sua glória, Deus responde: «Farei passar diante de ti toda a minha bondade (beleza) e proclamarei diante de ti o nome de YHWH» (Ex 33,18-19). E o Senhor passa diante de Moisés e proclama: «O Senhor, o Senhor [YHWH, YHWH] é um Deus clemente e compassivo, sem pressa para se indignar e cheio de misericórdia e fidelidade» (Ex 34,6). Moisés confessa, então, que o Senhor é um Deus de perdão».


Continua a nota 52 da Carta Encíclica DIVES IN MISERICORDIA, de São João Paulo II, dizendo algo sobre o outro vocábulo do qual queremos nos servir para expressar o que é misericórdia:

"O segundo vocábulo que, na terminologia do Antigo Testamento, serve para definir a misericórdia é rahªmim. O matiz do seu significado é um pouco diverso do significado de hesed. Enquanto hesed acentua as características da fidelidade para consigo mesmo e da «responsabilidade pelo próprio amor» (que são características em certo sentido masculinas), rahªmim, já pela própria raiz, denota o amor da mãe (rehem= seio materno). Do vínculo mais profundo e originário, ou melhor, da unidade que liga a mãe ao filho, brota uma particular relação com ele, um amor particular. Deste amor se pode dizer que é totalmente gratuito, não fruto de merecimento, e que, sob este aspecto, constitui uma necessidade interior: é uma exigência do coração. É uma variante como que «feminina» da fidelidade masculina para consigo próprio, expressa pelo hesed. Sobre este fundo psicológico, rahªmim dá origem a uma gama de sentimentos, entre os quais a bondade e a ternura, a paciência e a compreensão, que o mesmo é dizer a prontidão para perdoar".

A misericórdia é uma palavra muito importante e bonita. Ela significa ter um coração bondoso e compassivo com as pessoas que precisam de ajuda. É como se fosse um abraço apertado que você dá em alguém que está triste ou passando por dificuldades. A gente aprende que a misericórdia é um compromisso de amor e fidelidade com os outros, assim como Deus fez com o povo de Israel no Antigo Testamento. E o mais legal é que a misericórdia nos ensina a perdoar e sermos pacientes com aqueles que nos magoam. Resumindo, nos mostra como a misericórdia é uma virtude muito importante para sermos mais solidários e amorosos uns com os outros. Vamos meditar esse tema e deixar que ele se torne vida em nós!



Padre Alexsandro de Lima Freitas

Biografia

Padre Alexsandro de Lima Freitas é Brasileiro, nasceu no dia 20/10/1986, em Natal, RN. É Membro da Associação Internacional Privada de Fieis – Comunidade Canção Nova, desde 2006 no modo de compromisso do Núcleo.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-termo-misericordia-na-enciclica-dives-in-misericordia/


4 de fevereiro de 2024

Família é o lugar em que queremos e desejamos estar


É nossa família que abriga nossas raízes, nossa origem, nossa história. A família é o Santuário da Vida, assim afirmou São João Paulo II. Lugar onde a vida é gerada, não somente a vida corporal, mas na qual toda nossa existência é moldada, é nela que nosso caráter, virtudes, manias e defeitos ganham sua forma.

Nossa família é o lugar onde somos acolhidos em nossas vitórias e fracassos. Quando caímos doentes é nela que temos o apoio para sermos cuidados. Recordemos o grande Santo Padre Pio que, ao atravessar um tempo de grande debilidade na sua saúde, foi encaminhado para o lar de sua família de sangue para se recuperar. É inegável a força espiritual que se encontra no centro de toda família genuína. Essa graça escondida na família é capaz de nos retirar da morte, de ressuscitar as forças do corpo e da alma.

É na família que podemos ser o que somos sem máscaras. É na família que aprendemos a servir sem interesses, a servir por amor puro e autêntico, sem esperar nada em troca. Olhemos para a vida de Santa Terezinha do Menino Jesus, que aprendeu com seus santos pais, Luís e Zélia, de maneira exemplar, a superar o desejo de fazer a sua vontade para fazer sempre e em tudo a vontade de Deus. A pequena via, de amar ao próximo nas pequenas coisas, foi moldada em sua alma no seio de sua família em primeiro lugar.

Família é lugar do verdadeiro amor

A família também é o local da correção fraterna. Correção que se inicia logo nos primeiros anos de vida e segue permanente. Só o verdadeiro amor tem o dom de corrigir na medida certa, e esse dom é próprio da família. Pois, naturalmente, a família deseja nossa verdadeira felicidade. Olhemos para Santa Rita de Cássia, que lutou arduamente pela conversão de seu esposo e conquistou sua salvação. E Santa Rita, ao ver que os filhos desejavam a vingança pelo assassinato do pai, entregou em oração os filhos nas mãos de Deus, pedindo que mais que longos anos de vida, eles alcançassem a própria salvação. Foi assim que ela viu os filhos serem elevados ao céu, antes de cometerem qualquer outro terrível pecado. Amor verdadeiro que deseja O Supremo Bem ao próximo, e não apenas os bens materiais dessa vida.

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A família que o bom Deus deseja para nós e que Ele nos deixou como exemplo para iluminar nossa caminhada, por vezes, escura dessa vida, foi à Sua própria. Contemplemos a Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Não é um exemplo de uma família rica só de coisas materiais, com roupas de marca, com carro zero KM e com todo o conforto que uma casa pode dar. Mas eles são o exemplo das virtudes que toda família deve buscar alcançar, de um amor profundo. A doação de amor um para com o outro. Não é também uma família fake, do Instagram, que parece perfeito em tudo, como se nenhum problema fosse capaz de atingir seu telhado.

A família pode não ser perfeita, mas foi feita para o Céu

A família de Nazaré foi perseguida, viveram como refugiados, experimentaram a pobreza. Passaram por momentos de angústias e dúvidas, como não lembrar de São José, quando soube que Maria estava grávida, de um filho que não era dele, ou de quando vieram a perder o menino Jesus aos 12 anos, durante três dias. E como não lembrar de Maria ao ver seu filho Jesus sendo torturado e, por fim, sendo morto em uma Cruz, com o pior tipo de morte da época, reservada para os piores pecadores. Eles são reais, atravessarem esse vale de lágrimas, superaram juntos as incompreensões e provações. E tiveram em todos os momentos o conforto do Céu. A certeza de que a família foi criada para ser elevada junta ao Céu.

A família é esse lugar real, nem sempre perfeito. Talvez, hoje, a sua família não seja o lugar onde você deseja estar. Talvez, ela esteja desconfigurada ou em ruínas. Quantas vezes saímos de casa para não ouvir mais as brigas e discussões ou fugimos para não enfrentar a realidade. Por vezes, encontramos o contrário de tudo que deveria ser a família dentro de nossa casa, e isso nos abate e deprime a alma. Lembro do grande São Francisco de Assis que, ao buscar a Deus com todo seu coração, foi incompreendido pelo próprio pai. Sim, muitos santos também não tiveram lares "santos e perfeitos". Muitos foram perseguidos pelos da sua própria casa.


Família Celeste

Mas, antes mesmo da nossa família dessa terra, pertencemos à Pátria Celeste, temos uma família chamada Santíssima Trindade, que é puro amor. Se nos falta em alguns momentos, ou totalmente, o exemplo necessário em nosso próprio lar da terra, recorremos aos Céus. Olhemos para o Pai, o Filho e o Espírito Santo: eles são a fonte de onde nasce a família, e na própria perfeição podemos ter luzes para iluminar a nossa família terrestre.

E se for muito difícil encontrar com a Santíssima Trindade como exemplo, podemos olhar para a Sagrada Família, e pedir seu auxílio. Peçamos a Jesus, Maria e José a graça de transformar nossa família, a voltarmos a querer estar com os nossos. Por mais duro ou difícil que seja, foram essas pessoas que recebemos para aprender a amar, para doar nossa vida em primeiro lugar, a doar-se e amar sem pretensões. E, ao alcançar tão nobre meta, que nossa família seja luz para levantar outras tantas famílias que se encontram destruídas pela falta de amor e de fé.

Veja a família pelos olhos da fé

Façamos o exercício de sonhar com nossa família. Em Hebreus 11, 1, está escrito: "A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem". (Tradução da Bíblia CNBB). Por isso, é tão importante exercer o dom da fé, que é muito similar em "sonhar acordado".

Visualizamos, já pela fé, a nossa família conforme a vontade de Deus. Faça o exercício de já louvar pelo que você ainda não vê! Louve a Deus pela conversão dos seus filhos, dos seus pais, pela libertação de vícios, pela conquista das metas necessárias, pela reconciliação de quem está hoje separado. Louve a Deus pelas realidades materiais que sua família precisa alcançar, louve a Deus pelas realidades espirituais que sua família precisa conquistar. Louve a Deus pela paz, que pela fé você já pode ver! Você já pode sonhar!

Não se abata dizendo somente o que você não tem, transforme esse tempo para louvar pelo que você deseja, sonhe com sua família! Aquele lugar que todos querem estar, que todos querem voltar. Louve a Deus! O louvor é uma grande arma espiritual. O louvor aliado ao dom da fé é capaz de mover todas as montanhas de sua família.

Eu creio que sua vida não será mais a mesma ao terminar de ler esse artigo. Eu louvo a Deus porque, hoje, começa um novo tempo na sua família! Sim, a família é o lugar onde queremos estar, é o lugar onde você deseja estar e vai estar!

Louvamos-vos, ó Pai, Filho, Espírito Santo, por ter criado e pensado tão perfeitamente em nos conceber no seio de uma família.

Magda Ishikawa Florêncio – Comunidade Canção Nova 


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/familia-e-o-lugar-em-que-queremos-e-desejamos-estar/


31 de janeiro de 2024

Aprenda a lidar com a saudade com alegria e gratidão


Uma mistura de alegria e tristeza é assim que se define a saudade! Alegria por ter vivido algo bom; e tristeza por estar privado dessa alegria no momento presente. Mas não é só isso, na gramática, saudade ainda é um substantivo abstrato, e tão abstrato que só existe na língua portuguesa. De origem latina, "saudade" é fruto da transformação da palavra solidão. E, quando se fala da nossa saudade, em termos brasileiros, é difícil traduzir esse sentimento intrinsecamente ligado à saúde mental porque tem a ver com vários fatores, inclusive a cultura, que traz em si uma explosão de sentidos.

Além disso, esse sentimento tão complexo e profundo, que descreve a sensação de falta e nostalgia, não se limita à lembrança afetuosa de pessoas, mas também de lugares, momentos ou experiências que estão distantes no tempo ou no espaço. "A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar", afirma o poeta Rubem Alves. E, mesmo que a saudade, as vezes, "amargue que nem jiló", como canta Luiz Gonzaga, ela também pode ser uma oportunidade para crescimento, resiliência emocional e um lembrete constante do valor das relações humanas em nossa vida, se soubermos lidar com ela de maneira saudável.

Isso envolve reconhecer a saudade, permitir-se senti-la; e, quando necessário, buscar apoio para enfrentá-la. Todo mundo sabe que lidar com esse sentimento não é fácil, especialmente quando se trata de perdas significativas, como a morte de um ente querido, por exemplo. Mas o equilíbrio entre lembranças afetuosas e a busca por viver com significado o momento presente pode ser o meio para termos uma "relação saudável" com a saudade, e também aprendermos lições significativas com ela.

Lembrar com alegria e gratidão

Eu, por exemplo, sinto saudades de várias coisas, inclusive de alguns lugares onde já morei, pessoas queridas que convivi e, hoje, estão distantes e outros que até já faleceram, como é o caso do meu pai. Mas sempre que a saudade aperta o coração, procuro fazer o exercício de recordar com gratidão do quanto foi bom ter vivido experiências tão boas e significavas nesses lugares e com essas pessoas. E, sendo assim, a dor da saudade dá lugar para a alegria da gratidão.

Créditos: Zero Creatives / GettyImagens / cancaonova.com

Eu sei que isso não é fácil, então, se você está buscando meios para aprender a lidar com a saudade, aceitação é a dica número um; e essa se divide em dois momentos.

O primeiro é aceitar a situação que provocou a saudade, que pode ter sido pela morte, uma viagem ou separação da pessoa amada. Negar um sentimento sempre provoca reações negativas. E, quando o assunto é saudade, negá-la pode provocar distúrbios emocionais como ansiedade e depressão.

O segundo ponto é compreender que existirão dias que a saudade vai bater mais forte, e isso é normal. Todos nós já sentimos saudade algum dia ou estamos sentindo agora; e saber que não estamos sozinhos traz conforto ao coração.


Ser acolhido pelo próximo

Buscar boas companhias também é uma dica importante para quem está procurando lidar com a saudade do jeito certo.

Somos seres "movidos ao amor" e, por isso, necessitamos conversar, abraçar, estar perto, ser ouvidos e demonstrar nossas emoções. Então, não pare na dor da ausência, não se isole, sempre que precisar saia do comodismo e procure pessoas queridas para falar sobre seus sentimentos. Nesse sentido, busque também oferecer ajuda a quem precisa e tente não ficar focado em sua dor. Sou testemunha de que o amor que nos cura é o amor que doamos, inclusive em situações em que achamos que não temos nada a oferecer.

De forma geral, se você deseja superar a saudade, busque boas companhias para conversas produtivas e momentos agradáveis, a vida tem mais sentido quando é compartilhada!

Aprendendo a lidar com sentimentos

Agora, se você percebe que, mesmo dando esses passos não está conseguindo lidar com a saudade de forma construtiva, que tal buscar a ajuda de um profissional?

A terapia pode lhe ajudar a refletir sobre a falta que você está sentindo, mas também lhe ajudará a conhecer-se melhor e a lidar de maneira mais consciente com seus sentimentos e pensamentos. Além de lhe ajudar a entender que sentimentos, de modo geral, fazem parte da vida e podem nos proporcionar benefícios, dependendo da forma como lidamos com eles.

Em todo caso, penso que a saudade não precisa ser apenas uma lembrança do passado, ela pode ser também uma inspiração para criar um presente mais significativo e um futuro cheio de esperança. Porque ela é um sinal de que amamos; e o amor é o que dá sentido a tudo que vivemos no passado e no presente, mas também nos enche de esperança em relação ao que pretendemos viver no futuro.



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às sextas-feiras, está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 18h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora do livro "Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a sonhar" pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/aprenda-a-lidar-com-a-saudade-com-alegria-e-gratidao/


29 de janeiro de 2024

Saúde mental, esperança e recomeço: sempre há tempo de fazer diferente


Um dos elementos que faz o diferencial quando falamos dos quadros relacionados à saúde e bem-estar emocional chama-se esperança. Esperança é o motor que nos diz que, por mais difícil ou custoso que seja um quadro emocional, quando reconhecemos a crise, tornamo-nos capazes de dar passos ousados e criar esperança.

Quando temos uma dificuldade no campo emocional, a abertura a essa realidade cria um caminho para a esperança; ao passo que a esquiva, ou seja, quando fugimos do assunto, aumenta sua dificuldade e desespero.

Os seres humanos são excelentes na resolução de problemas, mas não podemos resolver o que nos recusamos a enxergar. Portanto, por mais difícil que seja para você aceitar uma realidade como a depressão, o transtorno do pânico, o burnout e outras enfermidades emocionais, devemos sempre olhar essa situação, que aparentemente sugere ser uma crise, com honestidade e com a nossa verdade, que é o que temos. A partir disso, devemos considerar o que podemos fazer e ajudar a mudar nossa realidade.

Créditos: Ridofranz / GettyImagens/cancaonova.com

Está bem. Mas, a partir dessa aceitação, o que fazer?

Entenda o que você tem: um diagnóstico médico, uma avaliação clínica e um atendimento psicológico; todos esses passos podem ajudá-lo a compreender o que está acontecendo. É físico, é o corpo sentido? É emocional? Tem ambas situações?

Se foi orientado, que seja medicado: comece o acompanhamento necessário, mas não use medicamentos por conta própria ou porque alguém usou e deu certo. Até um chá que parece inocente pode ser um problema se combinado com remédios e oferecer efeitos colaterais.

Busque pessoas que possam apoiá-lo: seja amigos ou familiares, amigos da igreja, enfim, tenha alguém por perto com quem você possa partilhar e seja um ponto de apoio. Pessoas que ativem sua esperança ajudarão você nessa caminhada.


Espiritualidade, resiliência e reconhecimento

Sua espiritualidade: doenças emocionais não são castigos, nem falta de oração, nem ao menos falta de fé, mas podem sim abalar sua disposição, inclusive, das suas práticas espirituais. Reconectar-se como Deus, com o que você gosta de fazer é um caminho. Nem sempre você conseguirá estar totalmente ativo em sua paróquia ou comunidade, mas faça aos poucos. Não tenha medo dos julgamentos: muitas vezes, quem julga não consegue ter ideia do que você está vivendo. Por vezes, quer até mesmo ajudar, mas não tem ideia do que você esteja passando.

Um passo de cada vez: alguns dias serão mais fáceis e outros mais difíceis. Muitas vezes, parece que você deu um passo para trás, mas, na verdade, nossa vida tem altos e baixos. Não abandone seus tratamentos, sua psicoterapia, seus medicamentos. Compartilhe o que você está vivendo, converse com os profissionais de saúde que o acompanham. Eles são companheiros nessa caminhada de recomeço.

Reconhecer nossas dificuldades é o primeiro passo: não é fracasso, não é perda. É uma fase que vai passar, que terá sim momentos melhores. Podemos melhorar muitas situações em nossa vida, inclusive em nossa saúde emocional, mas apenas se olharmos para a situação e adotarmos uma nova postura, um novo comportamento. Não tenha medo, busque ajuda!

Um abraço fraterno!



Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro dos Santos é Psicóloga Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Colaboradora da Comunidade Canção Nova, reúne 20 anos de experiência profissional, atuando nas cidades de São Paulo, Lorena e Cachoeira Paulista, além do atendimento on-line para o Brasil e o Exterior. Dentre suas especializações estão Terapia Cognitivo-Comportamental, Neuropsicologia e Psicologia Organizacional. Instagram:  @elaineribeiro_psicologa 


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/saude-atualidade/saude-mental-esperanca-e-recomeco-sempre-ha-tempo-de-fazer-diferente/


24 de janeiro de 2024

Busque alguém para compartilhar o seu sofrimento


O ano é 2024, mas, mesmo frente a tanta exposição da mídia, de possibilidades, de tratamentos e de uma liberdade de expressão, parece que ainda temos dificuldade de partilhar questões que envolvem a nossa saúde mental.

Talvez porque não consigamos expressar ou porque as pessoas não estejam preparadas ou porque pode ser que seja difícil compreender algo que se sente, mas não se vê: como uma fratura ou uma queimadura no corpo.

Da mesma forma, tais situações são sim, dolorosas, não menos importantes ou incapacitantes, e podem acontecer com qualquer pessoa, seja ela uma pessoa jovem ou idosa que tenha ou não a prática da espiritualidade, um trabalhador, um padre, uma freira, enfim, não existe uma pessoa escolhida ou algo como se fosse um castigo para aqueles que vivem essas situações.

Seja acolhedor

Muitas vezes, nossa fala no sentido de confortar ou apaziguar o outro é que diretamente acaba calando aquele que busca ajuda. Digo isso porque frases como "isso vai passar", "será que você não precisa rezar mais", "mas também, olha o que você faz; deveria fazer isso" acabam culpando mais a pessoa adoecida do que ajudando. Alguém que sofre as dores da alma necessita de acolhimento, de escuta empática, até mesmo de um apoio para buscar ajuda médica e psicológica.

Créditos: SDI Productions / GettyImagens / cancaonova.com

Quando falo ajuda especializada, falo de psicólogos e psiquiatras, profissionais especializados na ajuda técnica àqueles que trazem situações no campo emocional, tal como depressão, ansiedade, pânico, vícios. Até usamos frases como: "viajar é uma terapia, sair com amigos é uma terapia, fazer compras é terapia"; na verdade, tudo isso são formas de alívio do cansaço, de estar com pessoas, mas não substitui escuta e atendimento técnico especializado.


Pontos de apoio e confiança

É importante que sua família saiba o que você está vivendo, mas talvez você não encontre apoio nela. Amigos também são um ponto de apoio. Um sacerdote amigo, alguém do seu grupo de oração, enfim, alguma pessoa com a qual você tem confiança e possa se abrir, pode ser o primeiro passo a ser dado na busca de ajuda, mesmo que você acredite não ser capaz de lidar com suas dificuldades. Pode ajudar-lhe a escolher um médico ou psicólogo; e até mesmo lhe acompanhar.

Algo é certo: não tenha medo de assumir que algo não vai bem. Claro que você, assim como eu, tem responsabilidades; e não é fraqueza admitir que algo não vai bem, mas é tempo, sim, de buscar apoio.

O custo deste tipo de sofrimento é maior do que calar-se. Claro que muitas questões pessoais podem estar envolvidas nesta descoberta e realidade de assumir, mas lembre-se que: para ajudar aqueles que dependem de você, também é necessário que você busque ajuda para estar bem.

Estejamos atentos a nós e àqueles que convivem conosco e podem necessitar de uma palavra, um apoio, um sustento emocional neste momento.



Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro dos Santos é Psicóloga Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Colaboradora da Comunidade Canção Nova, reúne 20 anos de experiência profissional, atuando nas cidades de São Paulo, Lorena e Cachoeira Paulista, além do atendimento on-line para o Brasil e o Exterior. Dentre suas especializações estão Terapia Cognitivo-Comportamental, Neuropsicologia e Psicologia Organizacional. Instagram:  @elaineribeiro_psicologa 


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/busque-alguem-para-compartilhar-o-seu-sofrimento/