2 de janeiro de 2024

A Sagrada Família, o matrimônio e a família


A Sagrada Família de Nazaré e o desígnio de Deus para o matrimônio e a família

A Festa da Sagrada Família, celebrada no domingo que se segue à Solenidade do Natal do Senhor Jesus Cristo, tem muito a dizer para nós, especialmente às famílias, no contexto em que vivemos. Em primeiro lugar, celebrar a Sagrada Família de Nazaré em nossos dias significa valorizar a instituição que Deus escolheu, em sua divina sabedoria, para se revelar ao mundo. O Verbo de Deus, Jesus Cristo, veio ao mundo, encarnando-se no ventre da Santíssima Virgem Maria (cf. Lc 1,31-32).

A Sagrada Família, o matrimônio e a família

O Filho Deus teve São José como seu pai aqui na Terra, como aquele que ampara, protege, defende, como seu verdadeiro guardião. Na Família de Nazaré, o Menino Jesus foi gerado e formado. De modo semelhante, na família, Cristo é gerado e formado em cada um de seus membros. A família, por sua vez, tem a missão de gerar e formar o Senhor na sociedade. Nesta missão, Maria e José são "os primeiros modelos daquele belo amor, que a Igreja não cessa de implorar para a juventude, para os cônjuges e para as famílias"1.

A profecia de Irmã Lúcia a respeito do matrimônio e da família

No dia 16 de fevereiro de 2008, o Cardeal Carlo Caffarra, Arcebispo de Bolonha, na Itália, celebrou a Santa Missa junto ao túmulo de São Pio de Pietrelcina. Logo após a celebração da Eucaristia, o Prelado concedeu uma entrevista para a "Tele Radio Padre Pio", na qual explicou que entrou em contato com a Irmã Lúcia dos Santos devido ao encargo que lhe deu o Papa João Paulo II, de planejar e estabelecer o "Instituto Pontifício para os Estudos do Matrimônio e da Família". No início deste trabalho, o Caffarra escreveu uma carta à Irmã Lúcia através de seu Bispo, pois não pôde fazê-lo diretamente. O Arcebispo italiano não esperava uma resposta da Religiosa, pois, na carta somente lhe pediu suas orações. Inesperadamente, Caffarra recebeu uma longa carta, assinada por Lúcia, que está guardada nos arquivos do Instituto.

Na carta, Irmã Lúcia fez uma revelação surpreendente e deixou uma mensagem de esperança para nós:

A batalha final entre o Senhor e o reino de Satanás será a respeito do Matrimônio e da Família. Não temam, acrescentou, porque qualquer pessoa que atue a favor da santidade do Matrimônio e da Família sempre será combatida e enfrentada em todas as formas, porque este é o ponto decisivo. [Depois concluiu:] Entretanto, Nossa Senhora já esmagou sua cabeça2.

O Cardeal Caffarra disse que, em suas conversas com o Papa João Paulo II, a família ocupava um lugar de destaque, pois esta é o fundamento da criação e a verdade a respeito da relação entre o homem e a mulher nos desígnios de Deus. "Se o pilar fundamental é transtornado, todo o edifício fica paralisado, e agora vemos isso, porque estamos justamente neste ponto e sabemos"3, afirmou o Arcebispo. Na ocasião, confidenciou que fica comovido quando lê as melhores biografias de Padre Pio, que contam como o Santo era zeloso quanto à dignidade do Matrimônio e a santidade dos esposos, inclusive, com justificável rigor em algumas ocasiões.


Matrimônio: sinal do amor de Cristo pela Igreja

Se um dos campos de batalha entre Deus e Satanás é o matrimônio, sem dúvida devemos unir forças para que seja respeitada a indissolubilidade do sacramento do matrimônio. A Igreja Católica reconhece que "pode parecer difícil, e até impossível, ligar-se por toda a vida a um ser humano"4. Todavia, juntamente com toda a Igreja, não podemos renunciar à nossa missão de acordar a consciência das pessoas e apresentar-lhes a verdade acerca do matrimônio.

A teologia deste sacramento está intimamente ligada ao amor esponsal de Jesus Cristo pela Santa Igreja, demonstrado no sacrifício da Cruz, como explica o Apóstolo dos gentios: "Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela" (Ef 5, 25). A aliança de amor, firmada entre um homem e uma mulher pelo sacramento do matrimônio com a intenção de gerar e educar os filhos, não pode ser quebrada, pois os esposos estão unidos ao sacrifício de Cristo.

Vencer o egoísmo

Não podemos deixar-nos levar pelo egoísmo dos estilos de vida e pensamentos mundanos ou pelas legislações jurídicas, que hoje em dia admitem facilmente a separação e o divórcio de um casal. Quando o Filho de Deus falou a respeito da indissolubilidade do Matrimônio, não deixou margem para negociações: "não separe o homem o que Deus uniu" (Mt 19, 6). Por isso, a Igreja não pode simplesmente alterar esta ordem divina ou ensinar outra doutrina. Da mesma forma, nós católicos devemos ser fiéis e ensinar desde cedo aos nossos filhos a obedecer a Deus, para que não o traiam no futuro, rompendo os sagrados laços do matrimônio. Nesse sentido, o Papa Bento XVI disse: "o Matrimônio contraído na fé é indissolúvel. É uma palavra que não pode ser manipulada: devemos mantê-la intacta, mesmo que contradiga os estilos de vida dominantes hoje"5.

O feminismo, o aborto

Em nossos dias, o feminismo, o aborto e a ideologia de gênero estão cada vez mais presente em nossa sociedade. O feminismo é um movimento filosófico, social e político que surgiu no século XIX e defende a igualdade de direitos entre mulheres e homens. Este movimento fez com que as mulheres se tornassem mais independentes e se engajassem mais no mercado do trabalho. Tais mudanças fizeram com que elas passassem a olhar para o matrimônio e a família como algo secundário. Muitas mulheres passaram a adiar o casamento ou até optaram por não se casar.

Quando se casam, evitam ter filhos para poder competir em pé de igualdade com os homens. Quantas e quantas mulheres usam métodos contraceptivos não naturais (preservativos, anticoncepcionais, pílula do dia seguinte, DIU) ou recorrem a laqueadura, que são proibidos pela Igreja sob pena pecado grave, para evitar filhos.

Quando acontece uma gravidez, muitas passaram a recorrer à prática hedionda do aborto, que é um pecado gravíssimo e um crime canônico, punido com excomunhão automática (latae sententiae). Consequentemente, à medida que a mulher foi ganhando cada vez mais independência, o matrimônio e a família perderam gradativamente a sua força na sociedade.

Ideologia de gênero

No final do século XX, surgiu a ideologia de gênero, que é uma teoria antropológica, defendida por feministas como Shulamith Firestone e Judtih Butler, que afirma que as pessoas não nascem homem ou mulher. Em outras palavras, a biologia não determina nada, mas sim a decisão de cada um de ser o que preferir. LGBTQIA+ se tornou um acrônimo para aquelas pessoas que se dizem: lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer. O sinal "+" serve para reconhecer as orientações sexuais ilimitadas e identidades de gênero usadas pelos membros dessa comunidade. Com o surgimento da ideologia de gênero, surgiu também a ideia das "famílias alternativas", com configurações ilimitadas.

O Papa São João Paulo II dizia que: "A família constitui a 'célula' fundamental da sociedade"6. Por isso, devido às mudanças causadas pelo feminismo, pelo aborto, pela ideologia de gênero, o matrimônio e família estão em crise e a sociedade corre o risco de entrar em um processo de autodestruição.

O campo de batalha contra o matrimônio e a família

A batalha espiritual contra o matrimônio e a família se dá principalmente no campo espiritual, mas se manifesta também em realidades muito concretas de nossas vidas. O principal campo de batalha, a imoralidade sexual, tem início: no modo de vestir, com roupas cada vez mais sensuais e mundanas; em lugares como bares, danceterias, boates e até mesmo escolas, faculdades e universidades, que deveriam ser locais de formação intelectual e moral, mas infelizmente muitas destas instituições estão deformando as mentalidades dos jovens; naquilo que vemos, nos programas de televisão, nos computadores, tabletes e smartphones, nos filmes, séries, vídeos e shorts, pelos quais facilmente se tem acesso à pornografia e à outros vícios.

Em consequência de tudo isso, começam as bebedeiras, as drogas, o sexo desregrado, a prostituição. A imoralidade sexual faz com que aconteçam a promiscuidade sexual, as doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez indesejada, o aborto, o adultério, a separação, o divórcio e tantos outros males.

Fortalecendo o matrimônio

Esta é a parte negativa, aquilo que devemos evitar, mas há também a parte positiva, que devemos fazer para fortalecer o matrimônio e a família. Primeiramente, se faz necessária uma profunda conversão, uma metanoia ou mudança de mentalidade. Nas palavras de São Paulo, "não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito" (Rm 12, 2). Nosso modelo não pode ser as famílias e as pessoas mundanas, com suas modas e máximas, mas as famílias tradicionais, numerosas e virtuosas, como a de São Luís e Santa Zélia.

Este santo casal teve 9 filhos, dos quais quatro não chegaram à vida adulta. Mas, as outras cinco filhas foram muito bem formadas, dentre elas Santa Teresinha, e se tornaram religiosas. Outra família numerosa, a de Jacopo Benincasa e Lapa Piacenti, tinha 25 filhos, dos quais Santa Catarina de Sena foi uma das últimas filhas. Se o casal não fosse tão generosamente aberto à vida, não teríamos esta grande Santa mística, Virgem, Doutora da Igreja.

Pedagogia cristã na educação dos filhos

Além da abertura à vida, outra mudança fundamental é passar a priorizar a educação dos filhos na Lei de Deus e da Igreja. Por causa da mentalidade do mundo, muitos casais se preocupam em dar coisas para os filhos: celular, computador, vídeo game, carro, motocicleta, casa, apartamento. Por isso, têm poucos filhos, trabalham muito e, consequentemente, têm pouco tempo para eles e negligenciam a sua educação cristã. Além disso, eles gastam o que têm e o que não têm para pagar escola e faculdade para os filhos. Há aqueles filhos que aproveitam bem o esforço de seus pais.

Mas, muito jovens, que no mais das vezes não foram evangelizados pelos pais, são formados pela mentalidade do mundo e acabam se perdendo numa vida de pecado, vazia e sem sentido. Em contrapartida, uma vida simples e austera, mas com a presença dos pais e uma educação sólida na fé e na moral da Igreja faz toda a diferença para a formação de bons cristãos, das famílias e, consequentemente, da sociedade.

As armas certas para a batalha espiritual

Hoje, talvez muito mais do que em outros tempos, o resgate da dignidade do sacramento do matrimônio e da família seja um desafio quase que insuperável. Entretanto, não nos esqueçamos do que Irmã Lúcia nos alertou: "A batalha final entre o Senhor e o reino de Satanás será sobre o matrimônio e a família"7. Não tenhamos medo, já que Deus está conosco nesta batalha espiritual. Todavia, não nos descuidemos, pois a Religiosa também disse que, qualquer pessoa que atue a favor da santidade do matrimônio e da família, sempre será combatida e enfrentada em todas as formas, porque este é o ponto decisivo da batalha entre Deus e Satanás, a primitiva serpente, à qual Nossa Senhora já esmagou a cabeça.

Nesta batalha, Deus está conosco, mas precisamos buscá-lo sempre, todos os dias, a todo momento. Esta busca pelo Senhor se dá principalmente através dos sacramentos da Confissão e da Eucaristia. Mais do que nunca, a frequência a esses sacramentos é fundamental. Além disso, a devoção filial a Virgem Maria e a oração do Santo Rosário são armas espirituais que os esposos e as famílias devem usar constantemente no combate contra o Inimigo.

Por fim o meu Imaculado Coração triunfará

Nossa Senhora de Fátima pediu aos três Pastorinhos, Lúcia, São Francisco e Santa Jacinta Marto: "De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em ato de reparação, pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores"8. Assim, podemos fazer orações, penitências e sacrifícios em reparação dos pecados cometidos contra Deus e pela conversão dos pecadores. Por mais que a batalha pareça difícil e às vezes até perdida, não tenhamos medo, pois Nossa Senhora nos garantiu a vitória: "por fim o meu Imaculado Coração triunfará"9.


Sagrada Família, Jesus, Maria e José, nossa família vossa é!

Natalino Ueda, sou sacerdote incardinado na Arquidiocese de Cuiabá-MT. Fui ordenado no dia 12 de Dezembro de 2020, por Dom Milton Antônio dos Santos, então Arcebispo de Cuiabá. "Eu sou todo teu, e tudo o que é meu te pertence".

1 PAPA JOÃO PAULO II, Carta às Famílias, 20.

3 Idem, ibidem.

4 PAPA JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica, 1648.

5 PAPA BENTO XVI. Luz do mundo: o Papa, a Igreja e os sinais dos tempos: uma conversa com Peter Seewald – São Paulo: Paulinas, 2011.

6 PAPA JOÃO PAULO II. Carta às Famílias, 13.

8 PADRE LUÍS KONDOR. Memórias da Irmã Lúcia, p. 168.


28 de dezembro de 2023

As crianças martirizadas em nome de Cristo


Dentro da Oitava de Natal, a Igreja celebra, no dia 28 de dezembro, a Festa dos Santos Inocentes. Ela os considera os primeiros mártires por, ainda meninos, terem derramado o sangue por causa de Cristo. O objetivo foi de colocar as vítimas inocentes entre os companheiros de Cristo para circundar o berço de Jesus Menino de um coro gracioso de crianças, vestidas com as puras vestes da inocência, pequeno exército de mártires que testemunharão com o sangue o seu pertencer a Cristo.

Os primeiros mártires de Cristo

Quando os Magos chegaram à Belém, guiados por uma estrela misteriosa, "encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-no e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-lhe presentes – ouro (para o Rei Menino), incenso (para o Deus Menino) e mirra (para o Cordeiro que um dia seria imolado). E, tendo recebido aviso em sonhos para não retornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para suas terras. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: "Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar. E ele, levantando-se, de noite, tomou o Menino e sua Mãe e retirou-se para o Egito. E lá esteve até a morte de Herodes" (Mt 2, 11-15).

mártires

Créditos: ruizluquepaz / GettyImagens

Esse acontecimento foi narrado somente pelo evangelista São Mateus, que escreveu principalmente aos hebreus com o objetivo de demonstrar que, de fato, Jesus era o Messias anunciado pelos profetas, como previam as antigas profecias: "Então, Herodes, percebendo-se enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e no seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos. Então, cumpriu-se o que fora dito pelo profeta Jeremias: "Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação: Raquel chora seus filhos, e não quer consolação porque não existem mais" (Jer 31,15; Mt 2,16-18).

Glória eterna!

Quanto ao número dos assassinados, os gregos e o jesuíta Salmeron, em 1612, falavam em 14.000; os sírios em 64.000 e o martirológio de Haguenau falava em 144.000. Mas, com os estudos mais avançados e precisos, calcula-se, hoje, que foram apenas cerca de 20 (vinte) ao todo. Foram muitas as igrejas que queriam ter relíquias deles.

A Igreja honra como mártires essas crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancadas dos braços de suas mães para escrever com seu próprio sangue a primeira página do martirológio cristão. Elas merecem a glória eterna, segundo a promessa de Jesus: "Quem perder a vida por amor de mim a encontrará". Para eles, a liturgia repete, hoje, as palavras do poeta Prudêncio: "Salve, ó flores dos mártires, que na alvorada do cristianismo fostes massacrados pelo perseguidor de Jesus, como um violento furacão arranca as rosas apenas desabrochadas. Vós fostes as primeiras vítimas, a tenra grei imolada, num mesmo altar recebestes a palma e a coroa".


A Festa dos meninos do coro e do serviço do altar

Esta celebração dos Santos Inocentes é muito antiga: já, no século IV, acontecia no calendário da Igreja de Cartago, e cem anos mais tarde em Roma, no Sacramentário de São Leão. Hoje, com a reforma litúrgica feita pelo Concílio Vaticano II, a festa passou a ter um caráter de júbilo, e não mais de luto como era antes, como a "festa dos meninos do coro e do serviço do altar", que se celebrava antigamente.

Nesta celebração, os meninos, revestidos das vestes dos cônegos, dirigiam todo o ofício do dia. Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a Festa dos Inocentes ficou sendo a festa deles. Começava na véspera de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte.

Tendo escolhido entre si um "bispo", esses cantorezinhos, com as vestes dos cônegos, cantavam no lugar deles. A esse bispo improvisado competia presidir os ofícios, entoar o Invitatório e o "Te Deum" e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo da Magníficat: "Derrubou os poderosos do trono", no fim das segundas Vésperas. Depois o "derrubado" oferecia um banquete aos colegas, às custas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta celebração foi elevada ao grau de festa por são Pio V (1566-1572), muito próxima da festa do Natal.

 



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/as-criancas-martirizadas-em-nome-de-cristo/


25 de dezembro de 2023

O Senhorio de Jesus em minha vida


Como é belo e precioso o dom que habita no meio de nós, o Filho de Deus, concebido pelo Espírito Santo, por intermédio da Virgem Maria!

Ao compreendermos isso, vivemos uma profunda alegria e adentramos no mistério que é o nascimento de Jesus, Aquele que é a encarnação do próprio Deus. Jesus Cristo para nós é a visita de Deus que se fez homem, Aquele veio ao nosso encontro e nos deixou exemplos a serem seguidos. Aquele que nos promete que "… estará conosco todos os dias" (Mt 28, 20).

Créditos: Liliboas / GettyImagens/cancaonova.com

Entendendo isso, precisamos reconhecer a autoridade de Jesus sobre nós, que é eterna, perfeita, absoluta. Ele é o Senhor quem conduz os nossos passos, nos protege em tudo, é a Luz que nos ajuda a enxergar que vai além das dificuldades e das trevas. Aquele em quem depositamos toda nossa confiança.

O nascimento de Jesus inaugurou o tempo da graça para todos os que creem, para nós é o anúncio da vitória do amor; é a força do amor sobre a morte que dominava a humanidade.


Como posso viver sob o Senhorio do Jesus?

Precisamos nos decidir, reconhecer e declarar que Jesus é o Senhor! Se preciso for, declare várias vezes em seu dia, até que você se convença dessa verdade. O Espírito Santo é quem nos ajuda a nos conformar com essa verdade e a viver de acordo com isso, viver a vida no Espírito Santo.

Tendo essa experiência de estarmos cheios do Espírito Santo e reconhecendo a autoridade de Jesus sobre nós, não hesitamos em assumir quem somos! Encaramos os medos e desafios sobre diversas coisas, nos tornamos manifestações vivas de esperança e amor àqueles que estão aflitos. E, sendo assim, proclamamos, em nossos atos, Cristo vivo e vivido.

 



Aline Taciana

Aline Taciana da Silva
Natural de Recife/PE, desde 2019 membro do núcleo da comunidade Canção Nova e atualmente moro na missão de Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/o-senhorio-de-jesus-em-minha-vida/


20 de dezembro de 2023

Deus nos chama a testemunhar o nascimento de Cristo


Eu poderia não ter nascido, mas Deus me quis… Nasci!

Nasci da primeira gestação da minha mãe; e o seu organismo relutou em me segurar. Foram meses de repouso e longas horas de trabalho de parto para eu nascer! E, quando nasci, alegria! A dor foi-se embora e deu lugar à gratidão e à vida. A vida que é um mistério, mistério de amor, um dom que brota do coração de Deus, pelo sim de um homem e de uma mulher, que acontece no tempo e na história de cada um de nós.

Créditos: Studio-Annika/GettyImagens

Créditos: Studio-Annika/GettyImagens/cancaonova.com

O nascimento de Cristo gera nova vida

O ato de nascer gera no coração de cada pessoa um começo, um tempo novo, um pulsar de novas possibilidades, uma nova esperança!

E, assim, também nasceu Jesus, que introduziu a cada um de nós neste mistério, como disse o Papa Bento XVI, "de um Mistério que marcou e continua a marcar a história do homem — o próprio Deus veio habitar no meio de nós (cf. Jo 1, 14), fez-se um de nós (…)" —, Audiência Geral de 21/12/2011, e continua São João Paulo II: "Nasce num estábulo e, permanecendo entre nós, acende no mundo o fogo do amor de Deus" (cf. Lc 12,49). Esse fogo nunca mais se apagará (Homilia na Missa de Natal do ano 2000). E sobre o nascimento de Jesus, dizia ainda São Basílio: "Deus assume a carne precisamente para destruir a morte nela escondida. Como os antídotos a um veneno, quando são ingeridos, anulam os seus efeitos, e como as trevas de uma casa se dissipam à luz do sol, assim a morte que predominava sobre a natureza humana foi destruída pela presença de Deus" (Homilia sobre o Nascimento de Cristo, 2: pg 31, 1461).


O nascimento de Jesus nos alcança todos os dias

O nascimento de Jesus alcançou e o continua a alcançar a minha vida todos os dias! Mistério da encarnação que sou chamada a testemunhar na vivência de minha vocação no dom Canção Nova, no comunicar a vida nova que Ele veio nos trazer. E como é bom fazer esta memória a cada Natal!

Espero que o nascimento de Jesus alcance também a sua vida!

É Natal!



Cristiane Gesuatto Faria Zuazquita

Membro da Comunidade Canção Nova desde 1998, natural de São José dos Campos – SP, casada e mãe de uma filha. Comunicadora e missionária.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/deus-nos-chama-a-testemunhar-o-nascimento-de-cristo/


18 de dezembro de 2023

A necessidade da formação católica. Voar com duas asas!


Entre as várias características que tornam extremamente atrativa a pedagogia empregada por Monsenhor João Clá na contínua formação de seus filhos, destaca-se o ineditismo e leveza com que ele trata questões complexas, deixando-as acessíveis a todos, seja a um jovenzinho de 13 anos ou a um adulto já experimentado na vida.

Como estudar a doutrina católica?

Por exemplo, em uma homilia, no ano de 2008, Monsenhor tratou das diretrizes que se devem adotar como guia para o estudo da doutrina e para a formação católica: todo estudo deve ser realizado e idealizado "com uma substância enorme de orações pelo meio, pervadido de orações e regado por orações. Porque aí sim nós temos as duas asas: uma que se desenvolve para conhecer e outra que se desenvolve para amar, e aí se voa. Porque voar com uma asa só, a gente começa a rodopiar e vai lá para baixo". Ou seja, dentro da necessidade premente que têm todos os católicos de estudar a Doutrina da Igreja da qual fazem parte (primeira "asa"), deve-se também conjugar a vida de oração e de piedade, que dará sentido e valor aos estudos que se fazem (segunda "asa").

Nota-se, nos dias de hoje, em muitos ambientes católicos, uma procura crescente por formação. Porém, assim como o ouro, é difícil encontrar formação católica de qualidade, que seja adequada aos nossos tempos e que conjugue vida de estudo com vida de piedade. Muitas vezes, estuda-se apenas por estudar e não há uma aplicação imediata desses estudos para um objetivo maior. Aos poucos, a formação torna-se vazia e logo deixa de ser atrativa, pois não remete à superioridade da vida interior, da vida de oração. Tenta-se voar com uma asa só!

O desejo de aprender e a vida espiritual

Com efeito, o desejo de aprender sempre mais, de ter uma formação católica substanciosa, de qualidade, deve permear a vida espiritual de todos os católicos. Isto deve-se dar em todos os tempos e com muito mais propriedade nos conturbados dias em que vivemos. Assim, devidamente formados, possam aspirar às melhores práticas de piedade. Em muitos lugares, porém e infelizmente, pratica-se uma devoção meramente instintiva e não uma devoção refletida., que não move os corações. Por exemplo: Nossa Senhora apareceu em Fátima (1917), dirigiu uma mensagem urgente e importantíssima para os católicos de nossos dias. Quantos procuraram conhecer a Mensagem e viver de acordo com o pedido da Mãe de Deus? Às vezes pode até ser que estudaram a Mensagem, conhecem seus pontos principais, mas não a aplicaram à sua própria vida e nem aplicaram ao apostolado que buscam fazer.

Uma formação católica que toque os corações

No Tratado da Verdadeira Devoção, São Luís Maria Grignion de Montfort, em sua "amorosa queixa" a Nosso Senhor Jesus Cristo, menciona os "cristãos católicos, até  dos doutores entre os católicos que, embora façam profissão de ensinar aos outros as verdades, não Vos conhecem… a não ser de uma maneira especulativa, seca, estéril e indiferente"

Existe a necessidade de uma formação católica que seja integral. Quer dizer, que toque até o fundo os corações, que alie os estudos à vida de oração, à vida de piedade. Que torne realidade – e não mera especulação intelectual – aquilo que se aprendeu. Que leve as pessoas que tiverem contato com esses estudos a uma mudança de vida, a uma verdadeira conversão. Se não for assim, a formação inadequada irá refletir o que disse Nosso Senhor no Evangelho: "De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua própria alma?" (Mc 8,36). Em outras palavras, de adiantará todo o estudo, se não salvar a minha alma e não fizer apostolado, como diz São Paulo: "Ai de mim se não evangelizar!" (1 Cor 9,16).

Essa é a formação católica pela qual anseiam milhares de católicos em todo o mundo!

"É preciso aprender com o coração"

Quem tem contato com os Arautos do Evangelho pode constatar e testemunhar o seu empenho, imitando seu Fundador, em trazer ao público católico uma formação católica de excelente qualidade, que reflete um modo de vida, um modo de ser católico para o século XXI. Fiquem no nosso coração as palavras de fogo do Fundador dos Arautos, Monsenhor João Clá, numa homilia de 2010:  "Estudo sem oração é um suicídio! Porque nós aprendemos, é verdade, não tem dúvida, porque estudamos; mas é preciso aprender não só com a cabeça, é preciso aprender com o coração. Porque o homem é um todo, ele é corpo e alma. Portanto, ele precisa dar vida, dar substância a esta participação que ele tem na vida do próprio Deus, com o Batismo. E isto se faz muito mais pela oração do que pelo estudo"


Queira o Divino Espírito Santo, Santificador e guia da Igreja Católica e Distribuidor dos Dons Celestes, que todos os católicos de Boa Vontade tenham acesso a uma formação católica cada vez mais adequada, que os leve diretamente para o Sagrado Coração de Jesus.

Podemos aspirar que essa formação católica chegue o quanto antes? Parafraseando São Luís Grignion de Montfort, podemos perguntar: "Mas, quando e como isso acontecerá?… Só Deus o sabe. Cabe a nós calar, rezar, suspirar e esperar: 'Esperei firmemente no Senhor'".


Fonte: https://www.arautos.org/secoes/artigos/doutrina/a-necessidade-da-formacao-catolica-voar-com-duas-asas-290882


14 de dezembro de 2023

É possível ser honesto e não se envolver com corrupção?


A corrupção está presente em todos os lugares

Definida pelo ato ou efeito de corromper, decompor, a corrupção está mais comum ligada à figura da devassidão, depravação e perversão. Ela possui a capacidade de trazer à tona aquilo que há de mais sujo no homem. E o pior: ela está presente em todos os lugares, independentemente de classes sociais e padrões econômicos.

A corrupção destrói os relacionamentos sociais, familiares, religiosos, políticos. Destruindo o próprio homem que foi criado para a comunhão com os outros, fazendo desses as vítimas, pois, na busca de vias desonestas, o homem corrupto acaba por decompor a si mesmo, prejudicando seus relacionamentos e identidade. É semelhante ao mito de Narciso, que, apaixonado por si mesmo e sua imagem, acaba morrendo afogado no lago.

É possível ser honesto e não se envolver com corrupção?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Essa prática é devastadora, causa estragos profundos nos homens e na comunidade política; macula a possibilidade dos homens serem inteiros; rompe o vínculo da comunhão e confiança, conduzindo-os à situação fétida da putrefação. E, o mais triste, priva a comunidade política de exercer sua função vital, que é servir aos homens, em vista do bem comum.

Os honestos são seres em extinção?

Por isso, atualmente, há uma descrença na verdade, muitos estão desanimados, não acreditam na honestidade como padrão de comportamento moral, porque, os honestos, inúmeras vezes, têm sido criticados por não entrarem nos "esquemas", se autoidentificando como seres em extinção. Por outro lado, não são poucos aqueles que se orgulham do famoso "jeitinho brasileiro", divulgam as suas façanhas e, ainda por cima, parecem que sempre se dão bem.

Não foi por acaso que o santo João Paulo II, em seu discurso aos leigos, em Campo Grande no Brasil, exortou os cristãos a não se deixarem abalar pelo temor de que a fidelidade aos princípios éticos os coloca em situação de desvantagem, num ambiente em que, não raro a lei moral, é desprezada e grande é a corrupção. O Santo Padre afirmou: "Mesmo que às vezes aquele que faz a opção pelo Evangelho pareça ficar em situação de inferioridade, é preciso ter a coragem de dar, em todo o momento, um testemunho ético nítido e inequívoco, desse modo, estareis amando a Deus e estareis servindo o Brasil".


Portanto, não é somente possível ser honesto, e sim necessário, pois o verdadeiro testemunho ético constrói laços incorruptíveis; e esses se tornam meios eficazes de santificação e, consequentemente, fermento de transformação da sociedade. Assim, o homem é chamado a ser inteiro e autêntico, rompendo com toda a decomposição gerada pela corrupção. Unido a Cristo — o homem honesto por essência, torna-se testemunha autêntica do Evangelho em razão de sua incorruptibilidade.

Ricardo Gaiotti
Advogado, Juiz Eclesiástico e Mestre em Direito Canônico pela Universidade de Salamanca (Espanha) e Mestre em Direito Civil pela PUC-SP.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/e-possivel-ser-honesto-e-nao-se-envolver-com-corrupcao/


12 de dezembro de 2023

O que é o Advento?


O Ano Litúrgico inicia-se com o Advento

Começamos o novo Ano Litúrgico e um novo ciclo da liturgia com o Advento, tempo de preparação para o nascimento de Jesus Cristo no Natal. É hora de renovação das esperanças, com a advertência do próprio Cristo, quando diz: "Vigiai!", para não sermos surpreendidos.

O que é o adventoFoto: Wesley Alemida/cancaonova.com

Realização e confirmação da Aliança de Deus

A chegada do Natal, preparado pelo ciclo do Advento, é a realização e confirmação da aliança anunciada no passado pelos profetas. É a aliança do amor realizada plenamente em Jesus Cristo e na vida de todos aqueles que praticam a justiça e confiam na Palavra de Deus.

Estamos em tempo de educação de nossa fé, quando Deus se apresenta como oleiro, que trabalha o barro, dando a ele formas diversas. Nós somos como argila, que deve ser transformada conforme a vontade do oleiro. É a ação de Deus em nossa vida, transformando-a de Seu jeito.


Neste caminho de mudanças, Deus nos deu diversos dons conforme as possibilidades de cada um. E somos conduzidos pelas exigências da Palavra de Deus. É uma trajetória que passa pela fidelidade ao Todo-poderoso e ao próximo, porque ninguém ama a Deus não amando também o seu irmão.

Convocação para vigilância

O advento é convocação para a vigilância. A vida pode ser cheia de surpresas; e a morte chegar quando não esperamos. Por isso, é muito importante estar diuturnamente acordado e preparado, conseguindo distanciar-se das propostas de um mundo totalmente afastado de Deus.

Outro fato é não desanimar diante dos tipos de dificuldades e de motivações que aparecem diante nós. Estamos numa cultura de disputa por poder, de ocupar os primeiros lugares sem ser vigilantes na prestação de serviço. Quem serve, disse Jesus, é "servo vigilante".

Confiar significa ter a sensação de não estar abandonado por Deus. Com isso, no Advento, vamos sendo moldados para acolher Jesus no Natal como verdadeiro Deus. Aquele que nos convoca a abandonar o egoísmo e seguir Jesus Cristo.

Preparar-se para o Natal já é ter a sensação das festas de fim de ano. Não sejamos enganados pelas propostas atraentes do consumismo. O foco principal é Jesus Cristo como ação divina em todo o mundo.

Autor: Dom Paulo Mendes Peixoto (Arcebispo metropolitano de Uberaba – MG)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/o-que-e-o-advento/