24 de novembro de 2023

Tornando-se Reflexo do Amor Divino (Mateus 25, 31-46)


Amados e amadas em Cristo, o evangelho de domingo, Mt 25, 3-46, nos convida e refletir sobre nossas ações e atitudes para com o próximo. Mateus é o evangelista que nos apresenta Jesus como o Filho do Pai, reconhecido na tradição como Jesus, o Cristo. Somos chamadas a renovar nossa fé e missão e ter misericórdia e compaixão dos necessitados. Há uma profunda coerência nesta história que acolhe o rejeitado e "traz para casa a ovelha perdida" (ver Mateus 18:10 e 20:28). É uma continuação da reflexão de domingo passado, onde a Palavra falava dos talentos, que é sua Palavra, a fé, seus ensinamentos, que devemos multiplicar e não ficar omissos.

A leitura faz uma analogia comparando dois tipos de criação, muito presente na vida das comunidades daquela época, os bodes, desobedientes e impulsivos, e as ovelhas, com sua lã branca, que remete a pureza e obediência. O texto é considerado apocalíptico, Jesus afirma que no dia do juízo todas as pessoas, de todas as nações, tanto os justos como os ímpios, os bons e os maus, sem exceção, todos estarão diante do Pai. Sendo assim, todas as pessoas são comparadas a ovelhas e bodes. Mateus chama as pessoas cristãs para uma conscientização da missão, a consciência que o poder de Deus nos chama para a ação e responsabilidade.

O tempo que nos é dado na terra é um tempo durante o qual nós devemos responder ao chamado daqueles que são fracos e rejeitados. A expressão "os mais pequeninos dos irmãos" designa todas aquelas pessoas que estão em situação de vulnerabilidade. A mensagem do texto é o amor, Jesus nos convida a amar e cuidar do próximo, como se fosse o próprio Jesus, não existe meio-termo acerca da resposta humana à obra salvadora de Cristo. Só existem duas posições: aceitar ou rejeitar.  A conclusão de Cristo a esta parábola para os dois grupos é que o veredicto para ambas as partes é final e irrevogável. Nossa decisão hoje determina nosso destino eterno. De que lado queremos ficar? À direita com as ovelhas ou à esquerda com os cabritos? Como está nossa atitude em relação às pessoas necessitadas? Estamos participando, multiplicando e saindo em missão, dentro do Projeto de Deus?

Maristela Bonim
Estudante de Teologia
Coordenadora do Cebi – Rondônia
Psicopedagoga e Neuropsicopedagoga


Fonte: https://cebi.org.br/reflexao-do-evangelho/reflexao-de-mateus-25-31-46/


22 de novembro de 2023

Entenda porque a Igreja é una, santa, católica e apostólica


Neste artigo, Rodrigo Santos explica o que significa cada uma destas características atribuídas à Santa Mãe Igreja.

comshalom FOTO: PEXELS.

Na matéria anterior, apresentamos uma das definições que o Catecismo dá sobre a identidade da Igreja: "Templo do Espírito Santo" (cf. CIC 798). Continuemos, então, mergulhando em outros componentes dessa identidade. 

A Igreja de Cristo é também: "Una, Santa, Católica e Apostólica" Leia: "Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica. Estes quatro atributos, inseparavelmente ligados entre si, indicam traços essenciais da Igreja e da sua missão. A Igreja não os confere a si mesma; é Cristo que, pelo Espírito Santo, concede à sua Igreja que seja una, santa, católica e apostólica, e é ainda Ele que a chama a realizar cada uma destas qualidades" (CIC 811). 

Essa autocompressão que a Igreja tem de si mesma, foi um dado de fé e de revelação, construído e amadurecido aos poucos:  "Só a fé pode reconhecer que a Igreja recebe estas propriedades da sua fonte divina. Mas as manifestações históricas das mesmas são sinais que também falam claro à razão humana. 'A Igreja, lembra o I Concílio do Vaticano, em razão da sua santidade, da sua unidade católica, da sua invicta constância, é, por si mesma, um grande e perpétuo motivo de credibilidade e uma prova incontestável da sua missão divina'" (CIC 812). Houve tantos desafios e purificações vividos pela Igreja, primeiro entre o grupo dos doze apóstolos, depois no grupo daqueles 72 discípulos e assim vários e vários outros ao longo dos séculos, que, sem o apoio e assistência do Espírito Santo, ela se teria findado.  

"A Igreja é una, graças à sua fonte: 'O supremo modelo e princípio deste mistério é a unidade na Trindade das pessoas, dum só Deus, Pai e Filho no Espírito Santo'. A Igreja é una graças ao seu fundador: 'O próprio Filho encarnado […] reconciliou todos os homens com Deus pela sua Cruz, restabelecendo a unidade de todos num só povo e num só Corpo'. A Igreja é una graças à sua 'alma': 'O Espírito Santo que habita nos crentes e que enche e rege toda a Igreja, realiza esta admirável comunhão dos fiéis e une-os todos tão intimamente em Cristo que é o princípio da unidade da Igreja'. Pertence, pois, à própria essência da Igreja que ela seja una: 'Que admirável mistério! Há um só Pai do universo, um só Logos do universo e também um só Espírito Santo, idêntico em toda a parte; e há também uma só mãe Virgem, à qual me apraz chamar Igreja'" (CIC 813). 

Deus é a causa eficiente de tudo o que existe. Com relação à sua Igreja, essa afirmação alcança o máximo grau. Alguém poderia então se perguntar: "Se Deus está em todos os lugares do tempo e do espaço, não seria então desnecessário edificar um lugar especifico, como a Igreja?" A resposta é simples: não é Deus que precisa da Igreja para entrar em relação com o homem, mas o homem que precisa de um espaço físico e existencial como a Igreja para entrar em relação com Deus. A Igreja, então, torna-se o Corpo místico de Cristo e instância formal escolhida por Ele para ir ao encontro do homem. 


Entretanto, vale apenas dizer incansavelmente: essa unidade não deve ser compreendida como uniformidade. Nós, seres humanos, somos diferentes uns dos outros em raça, língua, cultura, personalidade, histórico, classe social etc. A grande beleza e profecia da unidade cristã na Igreja é que ela consegue acolher a todos, pois a referência é sempre Cristo. A virtude, alma dessa identidade cristã é o amor (cf. CIC 814).  


Fonte: https://comshalom.org/entenda-porque-a-igreja-e-una-santa-catolica-e-apostolica/


20 de novembro de 2023

Coroa do advento: saiba o que é e como montá-la

Saiba como preparar a sua casa para viver bem o advento!

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Cada ano, no tempo do Advento, a Igreja Católica apresenta a "Coroa do Advento". A coroa é feita com ramos verdes, frequentemente, enfeitada com fitas coloridas e lugares para quatro velas, todos no mesmo nível. O círculo simboliza a eternidade e sua cor verde representa a esperança e a vida. A fita vermelha significa o amor de Deus por nós como, também, do nosso amor que aguarda com ansiedade o nascimento do Filho de Deus.

[Acesse agora página especial do Advento 2023]

A simbólica das velas

No primeiro domingo do Advento, uma vela é acesa recordando o profeta Isaías anunciando a salvação e a vinda do Messias por volta do ano 500 a.C. É uma luz pálida (amarela) porque a salvação é ainda distante. No segundo domingo, outra vela é acesa recordando o precursor de Jesus, São João Batista, testemunhando que a chegada do Salvador está próxima. A celebração faz memória do martírio de São João Batista. No terceiro domingo, uma vela rosa é colocada na Coroa, indicando Maria, a bem-aventurada, trazendo o próprio Salvador e a alegria da salvação. No quarto domingo, mais uma vela é colocada na Coroa, indicando Jesus, trazendo a alegria da salvação. "Verde da árvore da vida, a árvore da cruz, broto da raiz de Jessé".

Na missa do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, uma vela branca é colocada na Coroa um pouco mais alto do que as outras quatro velas indicando a chegada de Jesus, a luz do mundo. Deus nasce no meio de nós, feito homem como nós. Traz consigo a plenitude da divindade. As quatro velas da Coroa do Natal retomam o costume judaico de celebrar a vida da luz na humanidade dispersa pelos quatro pontos cardeais.

Em cada domingo, então, se acende uma vela. Ela poderá ser trazida na procissão de entrada da seguinte maneira: a cruz processional, a Vela do Advento, a Bíblia (ou Lecionário), de onde serão proclamadas as leituras. No momento da aclamação do Evangelho, um coroinha/acólito vai acender solenemente a vela. A pessoa que acender a vela deve permanecer junto à mesa da Palavra de onde é proclamado o Evangelho. Terminada a proclamação, quem preside coloca a vela na Coroa do Advento.


Curiosidade sobre as cores das velas

No Brasil, até pouco tempo atrás, costumava-se usar velas nas cores roxa ou lilás, e uma vela cor de rosa referente ao terceiro domingo do Advento, quando se celebra o Domingo Gaudete (Domingo da Alegria), cuja cor litúrgica é rosa. Porém, atualmente, tem-se propagado o costume de velas coloridas, cada uma de uma cor (roxa, rosa, branca e vermelha). Existem ainda algumas interpretações teológicas desse símbolo: as velas recordariam algumas manifestações de Cristo: 1- Encarnação, Jesus Histórico; 2- Jesus nos pobres e necessitados; 3- Jesus nos Sacramentos; 4- Parusia: segunda vinda de Jesus. Pode-se usar qualquer uma das duas versões, tanto as velas roxas, quanto as coloridas. Atualmente há uma grande preocupação em reavivar este costume muito significativo e de grande ajuda para vivermos este tempo (CNBB).

10 de novembro de 2023

4 dicas para viver bem o Advento


Que o Espírito Santo nos ajude a viver intensamente esse tempo de Graça sem desperdiçarmos absolutamente nada do que Deus tem para nós, seu povo amado. Um bom e Santo Advento!

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Estamos nos preparando para o Advento e resolvemos deixar 4 pontos que nos ajudarão a viver bem este tempo único de conversão e de graças. Existe uma ação de Deus toda especial que nos convida à conversão e ao retorno a vida sobre o senhorio de Jesus.

O fato de estarmos esperando a vinda de Jesus nos enche de alegria e esperança, pois sabemos que não seremos decepcionados, Jesus virá e não tardará. Por isso preparemo-nos para recebê-lo em nossos corações.

1 – Renovar nossa entrega de vida a Jesus Cristo

Submetendo todo o nosso ser ao único e verdadeiro Deus sem nenhuma restrição. Aqui se faz necessário renovarmos nossa entrega de vida a Jesus. Percebermos tudo o que em nós não se submete mais ao Evangelho, a mentalidade de Cristo e termos coragem e romper com tudo o que nos rouba do mesmo.

Coragem para romper com o velho. Coragem para iniciar um novo tempo no seguimento de Cristo. Jesus, Senhor do meu corpo, do meu pensar, do meu agir, dos meus relacionamentos e até da minha fraqueza.

2 – Alimentar a alegria

Trata-se de alimentar a alegria interior que transborda no exterior. Essa alegria é alimentada na intimidade com Deus e no amor aos irmãos. A alegria é uma das grandes marcas do Advento, alegria que se expressa em todo o nosso ser. Alegria que faz o outro feliz. Alegria em poder contar sempre com o grande e infinito amor de Deus, que nos renova a cada dia.

Devemos nesse Advento expulsar do nosso coração toda e qualquer tristeza. É tempo de alegria, de intensa alegria, pois o Senhor está chegando.

 3 – Unidos à Igreja de Cristo

Viver intensamente a unidade com o Corpo de Cristo, a Santa mãe Igreja. Participar ativamente das atividades da sua paróquia, grupo de oração, comunidade, etc. Não podemos nos dispensar de viver a unidade nunca, em nenhum momento, principalmente nesse tempo de Advento, quando juntos como Igreja nos preparamos para receber Jesus.

Nossa vida sacramental deve ser avaliada. Tenho participado da Santa Missa com frequência? Tenho buscado o Sacramento da Confissão? Participo ativamente da Missa no Domingo, dia do Senhor? Essas são perguntas que nos ajudam a enxergar se estamos ou não vivendo a unidade tão essencial nesse momento de preparação.

 4 – Caminhar com Maria

Permanecer unido à Nossa Senhora. Permanecer no colo da mãe. Aprender com ela a esperar o Emanuel no silêncio e na oração, na partilha e no serviço aos irmãos. Esse tempo é propício para renovarmos nossa devoção filial a Nossa Senhora.

Qual a sua devoção mariana? O terço, rosário, ofício da Imaculada Conceição, ladainha, etc. Essas e outras devoções muito conhecidas pelo nosso povo brasileiro nos ajudam a caminhar com aquela que disse sim á vontade do Pai, dando Jesus ao mundo.


Fonte: https://comshalom.org/dicas-para-vivermos-bem-o-advento/


9 de novembro de 2023

São João de Latrão, a Igreja Mãe e Cabeça de todos os cristãos


Sobre o pórtico da Basílica de São João de Latrão encontra-se uma inscrição em latim que traduzimos assim: "Mãe e Cabeça de todas as Igrejas, de Roma e de todo o mundo".

É a catedral de Roma e de seu bispo que, precisamente por ser bispo de Roma, é Papa, "Vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja… Princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade tanto dos bispos como da multidão dos fiéis" (LG 22-23).

São Pedro não é a catedral de Roma, mas São João de Latrão

A Basílica de Latrão foi construída pelo Papa Melquíades (311-314) em uma propriedade doada para este fim pelo Imperador Constantino ao lado do Palácio de Latrão, até então a residência imperial e, mais tarde, a residência papal. Até cinco Concílios foram celebrados ali.

Lembrar a data da Dedicação, ou seja, a Consagração da Basílica de Latrão, faz com que todas as igrejas se lembrem da primazia da Igreja de Roma, que é a primeira entre iguais porque teve a honra de ter Pedro no comando. Mas, como lembra São Gregório Magno, um dos grandes papas da história, a Igreja de Roma é a primeira no serviço e na preservação da verdade.

São João de Latrão – a Igreja Mãe e Cabeça de todos os cristãos

Créditos: scaliger / Getty Imagens

Hoje, as Igrejas de todo o mundo se unem à Igreja que está em Roma e a reconhecem como a "presidência da caridade" da qual Santo Inácio de Antioquia já falava. O Bispo de Roma é o sinal visível da unidade de todo o Povo de Deus. Novamente, Santo Inácio de Antioquia recomendou: 'Assim como o Senhor nada fez sem o Pai, com quem é um, assim também nada façam sem o bispo e os presbíteros. Estejam unidos ao bispo como cordas em uma cítara".

Na festa da dedicação da Basílica de São João de Latrão, celebramos o mistério da presença de Deus na história. A liturgia coloca em nossos lábios o motivo de tal festa: "Senhor, vós nos destes a alegria de construir-vos uma morada entre as nossas casas, onde continuais a encher de graça a vossa família peregrina na terra, e nos ofereceis o sinal e o instrumento da nossa união convosco (…)." (Oração Coleta da Missa).

E no canto do Prefácio, elevaremos nossa oração de louvor e bênção com estas palavras:

"Senhor, Pai Santo, Deus todo-poderoso e eterno,

Vós nos destes aa alegria de construir

em nossos lares um lugar de habitação

onde continuais a encher de graça

sua família peregrina na terra e nos oferece

o sinal e o instrumento de nossa união com o Senhor".

A Igreja é onde ocorre o encontro com Deus!

A dedicação da Igreja Catedral do Bispo de Roma também nos convida a dar graças a Deus por sua presença em nós. E, acima de tudo, para lembrar aos batizados que eles são o templo de Deus e que o Espírito Santo habita neles, como a segunda leitura nos lembra hoje: "Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (…) Santo é o templo de Deus, que sois vós" (1 Cor 3,9-11.16.17).

Não celebramos um edifício de pedra porque a igreja, como um edifício, é apenas um sinal da Igreja formada por todos aqueles que acreditam em Jesus. Todo povo, toda comunidade tem sua igreja; o que para uma família é o lar, para a família dos filhos de Deus é a igreja. Não existe família sem um lar! Todos nós vemos a igreja como o lugar onde ocorre o encontro com Deus: na celebração da Santa Missa, nas liturgias sacramentais, na oração e na adoração ao Santíssimo Sacramento.

As igrejas de tijolo e cimento são um sinal dessa presença de Cristo: é Ele quem fala ali, se dá como alimento, preside a comunidade reunida em oração, "permanece" conosco para sempre (cf. SC 7). Os edifícios são úteis para reunir a comunidade; eles também são uma imagem do que a comunidade e os cristãos individuais são: templo do Senhor.

As paredes são o corpo; o tabernáculo e o altar são sinais da presença do Senhor; a Palavra no ambão é como o Espírito Santo falando e nos lembrando de tudo o que Jesus ensinou.

No cristianismo, a igreja, o novo templo de Deus entre nós, adquiriu um significado mais profundo

Ela é o lugar onde os fiéis celebram, em comunhão de fé, os mistérios divinos, onde o próprio Deus se faz presente em nosso meio para tecer um diálogo eterno com seus filhos e onde, sob as espécies eucarísticas, ele os nutre com seu corpo e sangue.

É o lugar onde os mistérios divinos são revelados nas celebrações litúrgicas e onde a igreja como edifício torna visível a verdadeira Igreja, entendida como uma comunhão de fiéis que experimentam a fraternidade em Cristo. Lugar da celebração que encontra sua expressão mais sublime na celebração da Eucaristia, o memorial da morte e ressurreição do Senhor. A festa de hoje lembra a todos nós a realidade de que, sem pedras vivas, nossas grandes catedrais são apenas esplêndidos testemunhos históricos. E as pedras vivas são os cristãos que se reúnem em torno do carisma de Pedro, chamado a ser uma rocha inabalável na custódia das palavras do Mestre.


Celebrar a Basílica de Latrão é a nossa própria consagração a Deus!

O verdadeiro templo dedicado a Deus somos nós; nós que formamos o novo povo da Aliança firmada no Sangue de Cristo Jesus, a Verdade da qual Ele mesmo falou à mulher samaritana e que constitui o modo adequado de nossa adoração ao Pai. Portanto, ao celebrar a dedicação da Basílica de Latrão, celebramos nossa própria consagração a Deus, em Cristo, em quem formamos um só corpo, unidos na mesma fé e animados pelo único Espírito.

Aqui está o novo templo: o povo de Deus, animado pelo Espírito, na unidade de amor entre todos os seus filhos. Ao viver como irmãos em seu povo, a fé e toda a adoração são realizadas. No "novo templo", irmãos, Cristo está presente. Jesus ensina que o templo de Deus é, antes de tudo, o coração do homem que aceitou sua Palavra.

Rezemos, neste dia, por toda a Igreja, mãe dos santos, mãe sempre fecunda no poder do Espírito, para que cada homem desfrute sempre da dignidade dos filhos de Deus, até que todos alcancemos a alegria plena na santa Jerusalém do céu!

Dom Cristiano Sousa OSB Cam – Mosteiro de Fonte Avellana – Itália


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/sao-joao-de-latrao-a-igreja-mae-e-cabeca-de-todos-os-cristaos/


6 de novembro de 2023

Guardar o dia do Senhor é dever do cristão


A santificação do sábado, sinal de que Deus é o Senhor da vida humana, não dependendo apenas do trabalho das pessoas, é uma preciosidade na prática religiosa e foi mantida com extremo cuidado pelo povo escolhido por Ele. O dia do Senhor aponta também para a confiança absoluta na Providência Divina, que não nos abandona. Mesmo sem o trabalho das mãos, no dia de sábado, as pessoas permanecem vivas! E esse dia se torna, no correr dos séculos, síntese e símbolo de todos os bens experimentados por Israel. Ele é fiel expressão e fruto eficaz da espiritualidade hebraica.

Por meio de vários ritos, como o acender das velas, uma bênção pronunciada pela mãe de família e bênçãos recitadas pelo pai, o dia de sábado mostra sua luminosidade e, "como lâmpada para seus passos" (Sl 118,105), clareia o caminho de Israel, revelando e fortificando sua identidade. O sábado foi sinal de alegria e gratidão pelos dons de Deus e a abertura para a plenitude da mesma alegria prometida por Ele. No decorrer da história desse povo, o sábado passou também por decadência em sua observância e, por outro lado, grupos religiosos fizeram com que o dia da liberdade e da consciência da presença de Deus viesse a ser tratado com pesado rigorismo.

Guardar o dia do Senhor é dever do cristão

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Jesus também esteve, muitas vezes, presente na Sinagoga, como judeu fiel. Ela foi espaço para dirigir palavras reveladoras aos presentes, assim como lugar de curas e atenções às pessoas. Entretanto, em várias ocasiões se estabelece um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas judaicas a respeito da observância do sábado. Jesus tem grande liberdade para fazer o bem nas curas que realiza, priorizando o bem dos mais frágeis, mostrando-se senhor do sábado, o que faz parte da revelação daquilo que ele é, Deus e homem verdadeiro. Nele acontece a superação da visão limitada sobre o dia do Senhor, até porque o dia definitivo chega quando Ele vem e mostra toda Sua força e luz na Ressurreição dentre os mortos.

Domingo, o dia do Senhor

Os primeiros tempos da vida da Igreja assistiram às dificuldades com relação à antiga tradição do sábado, pois os cristãos se voltaram para o primeiro dia da semana, chamado Dia do Senhor, por causa da Ressurreição, justamente a inauguração daquele dia definitivo! O dia da Ressurreição veio a ser a celebração semanal mais importante para nós, e assim o celebramos na Igreja.

"Instituído para amparo da vida cristã, o domingo adquire, naturalmente, também um valor de testemunho e anúncio. Dia de oração, de comunhão e alegria, ele repercute sobre a sociedade, irradiando sobre ela energias de vida e motivos de esperança. O domingo é o anúncio de que o tempo, habitado por Aquele que é o Ressuscitado e o Senhor da história, não é o túmulo das nossas ilusões, mas o berço de um futuro sempre novo, a oportunidade que nos é dada de transformar os momentos fugazes desta vida em sementes de eternidade. O domingo é convite a olhar para diante, é o dia em que a comunidade cristã eleva para Cristo o seu grito: 'Maranatha: Vinde, Senhor!' (1 Cor 16,22). Com esse grito de esperança e expectativa, ela se faz companheira e sustentáculo da esperança dos homens. E domingo a domingo, iluminada por Cristo, caminha para o domingo sem fim da Jerusalém celeste, quando estiver completa em todas as suas feições a mística Cidade de Deus, que 'não necessita de Sol nem de Lua para a iluminar, porque é iluminada pela glória de Deus, e a sua luz é o Cordeiro'" (Ap 21,23) (São João Paulo II, Dies Domini, número 84).


Se algumas línguas o chamam "dia do sol", para nós o domingo é justamente a festa da presença d'Aquele que é a luz do mundo. No entanto, é importante verificar o que temos feito do domingo, pois sua prática pode se degradar e comprometer a própria dignidade da pessoa humana, nele valorizada de modo eminente. De fato, repousar das próprias fadigas corresponde ao ritmo humano e também nos remete à criação do mundo, quando a narrativa bíblica projeta em Deus o descanso e a alegria pela obra realizada. O repouso semanal é importante e deve ser garantido pela legislação civil, e sabemos que ocorrem formas de moderna escravidão em que as pessoas são submetidas ao trabalho de forma iníqua. Como cristão, reivindicamos para todas as pessoas o repouso semanal provado pela história da humanidade como digno e adequado para a vida humana na terra.

Domingo é dia de Missa!

O dia de domingo há de ser preenchido, em primeiro lugar, com a participação na Eucaristia, com a qual se faz presente a Morte e Ressurreição de Jesus. Na escuta da Palavra e na mesa eucarística, os cristãos têm o direito de estar diante do centro da própria fé. Antes de ser uma obrigação, trata-se de um direito! Daí o nosso apelo a que se redescubra o domingo como dia de Missa, e de preferência as famílias encontrem seu modo de participarem como corpo unido do Mistério de Cristo. E vem também a ajudar-nos o esmero com que as Equipes de Liturgia e de Celebração nas Paróquias e Comunidades devem preparar o ato central da vida de Igreja. Quando não é possível a celebração da Missa, multipliquem-se nas Comunidades a santificação do Dia do Senhor com a Celebração da Palavra de Deus, enriquecida ainda em muitas Comunidades com a Sagrada Comunhão, com a reserva eucarística presente em nossos Tabernáculos.

Corremos, entretanto, o risco de transformar o domingo, ou com ele todo o fim de semana, apenas em tempo de ociosidade ou, pior ainda, tempo de todos os vícios nos quais jovens e adultos mergulham de forma arriscada e indigna. O resultado é um esvaziamento terrível, com gosto de ressaca! Sabe-se bem o que significa para muitos a segunda-feira, e porque, popularmente, alguns a chamam de dia de preguiça. Esvaziar-se de valores, entregar-se ao que de menos digno existe só pode trazer frustração às pessoas! O domingo venha a ser recuperado na dimensão do justo repouso e na altura maior, que é a celebração da Ressurreição do Senhor, para que seja, também ele, sinal da vida nova com a qual se comprometem os cristãos.



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/guardar-o-dia-do-senhor-e-dever-do-cristao/


3 de novembro de 2023

Santo Afonso Rodriguez, um profundo e humilde servo de Deus


Não me canso de repetir um princípio que muito me anima: a academia de Deus é a vida e é na vida que são forjados os santos. Mesmo atrás de um aparente drama, esconde-se uma oportunidade.

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Hoje vamos fazer memória de um servo de Deus cuja vida e testemunho são uma confirmação dessa nossa introdução. Seu nome é Afonso Rodriguez. Esse gigante da fé nasceu no dia 25 de julho de 1532, na cidade de Segóvia, Espanha. Pertenceu a uma família muito pobre materialmente, mas rica de fé e amor a Deus. Seu pai era um comerciante simples e sua mãe, uma dedicada dona de casa, cuidadora de onze filhos. Santo Afonso teve uma infância pobre, como dito acima, mas também muito feliz, pois sua família era uma rica fábrica de felicidade, que eram justamente a fé e o amor a Deus.

Acontecimentos dolorosos e providenciais

Afonso vivenciou a primeira grande dor de sua vida com a morte de seu pai. Na época, ele tinha apenas 16 anos. Com essa perda repentina, sua mãe passou por grandes desafios no sustento de seus onze filhos. O jovem Afonso, então, para ajudar sua mãe a manter a casa, resolveu parar de estudar e começou a vender tecidos, aproveitando a lista de clientes de seu falecido pai. Sete anos depois, em 1555, quando a situação tinha se estabilizado um pouco, sua mãe o aconselhou a se casar. Afonso acolheu esse conselho e se casou. Teve dois filhos, entretanto, mais uma vez a vida fez com que esse servo se deparasse com outros acontecimentos dolorosos. Sua esposa adoeceu e veio a falecer, depois, como se não bastasse, seus dois filhos também adoeceram e morreram. Profundamente abatido pelos sofrimentos e perdas, Afonso perdeu o controle sobre os negócios e acabou falindo. 

Triste, sofrido e sem rumo, tentou retornar aos estudos, mas não conseguiu sair-se bem nas provas. Não recebeu a aprovação para a Faculdade de Valência. Depressivo, retirou-se na própria casa. No início, rezava com sacrifício, depois, começou também a jejuar. O tempo foi passando e, de modo silencioso, o Senhor pareceu ter começado a descortinar diante dele uma obra nova. Assim, ele decidiu dedicar toda a sua vida ao serviço de Deus e dos irmãos.

Um irmão entre os irmãos

Apoiado nessa firme decisão, em 1571 Afonso pediu ingresso na Companhia de Jesus como irmão leigo. Seu pedido foi aceito e iniciou a etapa formativa de noviciado que, por sinal, transformaria seu coração e toda a sua vida. Como noviço, foi designado para viver e trabalhar no colégio dos jesuítas em Palma de Maiorca. Esse colégio dedicava-se à formação dos padres. Ali, Afonso encontrou sua realização total de vida. Viveu lá por mais de quarenta anos, consumindo-se por amor a Deus. 

No colégio, Afonso Rodriguez exerceu a função humilde e simples de porteiro. Serviço este que desempenhou por 46 anos. No entanto, se sua função não lhe trazia quase nenhum destaque, espiritualmente ele era um dos mais expressivos entre todos os irmãos religiosos de sua obra, tendo recebido de Deus vários dons extraordinários. Teve ainda várias manifestações como visões, profecias, milagres e dons da cura. 

Afonso foi ainda um requisitado orientador espiritual. Mesmo sendo um simples porteiro, era procurado por corações confusos e desejosos de orientação, tanto leigos como religiosos. Entre estes, dois se destacavam. Primeiro, o Padre Pedro Claver que, mais tarde, tornaria-se um santo da Igreja. Era missionário e ficou conhecido como o grande evangelizador dos povos negros escravizados na Colômbia. O outro, também santo, foi Jerônimo Morato, grande missionário jesuíta martirizado no México. Os dois sempre seguiram as preciosas orientações espirituais do santo porteiro Afonso Rodriguez. 

Consumação de sua oferta de vida

Após ter vivido uma vida simples e totalmente dedicada ao serviço de Deus na portaria do colégio, atento aos irmãos, Santo Afonso Rodriguez adoeceu. Sofreu dores muito fortes pelo período de dois anos, falecendo no dia 31 de outubro de 1617. 

Foi canonizado em 1888, pelo Papa Leão XIII, junto com São Pedro Claver, seu fiel discípulo. Afonso deixou-nos uma herança valiosa por meio de seus escritos, todavia, a maior herança foi sua santidade de vida. Sua obra escrita é considerada pequena, com "apenas" três volumes, porém, com grande valor teológico. Nela, relatou detalhadamente a riqueza de sua vida espiritual. 

Peçamos a Deus, por intercessão de Santo Afonso Rodriguez, a graça de vivermos com profundidade nossa fé e pertença a Deus. Que nossa vida seja, a seu exemplo, uma profecia para o mundo. 

Santo Afonso Rodriguez, rogai por nós


Fonte: https://comshalom.org/santo-afonso-rodriguez-um-profundo-e-humilde-servo-de-deus/