6 de novembro de 2023

Guardar o dia do Senhor é dever do cristão


A santificação do sábado, sinal de que Deus é o Senhor da vida humana, não dependendo apenas do trabalho das pessoas, é uma preciosidade na prática religiosa e foi mantida com extremo cuidado pelo povo escolhido por Ele. O dia do Senhor aponta também para a confiança absoluta na Providência Divina, que não nos abandona. Mesmo sem o trabalho das mãos, no dia de sábado, as pessoas permanecem vivas! E esse dia se torna, no correr dos séculos, síntese e símbolo de todos os bens experimentados por Israel. Ele é fiel expressão e fruto eficaz da espiritualidade hebraica.

Por meio de vários ritos, como o acender das velas, uma bênção pronunciada pela mãe de família e bênçãos recitadas pelo pai, o dia de sábado mostra sua luminosidade e, "como lâmpada para seus passos" (Sl 118,105), clareia o caminho de Israel, revelando e fortificando sua identidade. O sábado foi sinal de alegria e gratidão pelos dons de Deus e a abertura para a plenitude da mesma alegria prometida por Ele. No decorrer da história desse povo, o sábado passou também por decadência em sua observância e, por outro lado, grupos religiosos fizeram com que o dia da liberdade e da consciência da presença de Deus viesse a ser tratado com pesado rigorismo.

Guardar o dia do Senhor é dever do cristão

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Jesus também esteve, muitas vezes, presente na Sinagoga, como judeu fiel. Ela foi espaço para dirigir palavras reveladoras aos presentes, assim como lugar de curas e atenções às pessoas. Entretanto, em várias ocasiões se estabelece um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas judaicas a respeito da observância do sábado. Jesus tem grande liberdade para fazer o bem nas curas que realiza, priorizando o bem dos mais frágeis, mostrando-se senhor do sábado, o que faz parte da revelação daquilo que ele é, Deus e homem verdadeiro. Nele acontece a superação da visão limitada sobre o dia do Senhor, até porque o dia definitivo chega quando Ele vem e mostra toda Sua força e luz na Ressurreição dentre os mortos.

Domingo, o dia do Senhor

Os primeiros tempos da vida da Igreja assistiram às dificuldades com relação à antiga tradição do sábado, pois os cristãos se voltaram para o primeiro dia da semana, chamado Dia do Senhor, por causa da Ressurreição, justamente a inauguração daquele dia definitivo! O dia da Ressurreição veio a ser a celebração semanal mais importante para nós, e assim o celebramos na Igreja.

"Instituído para amparo da vida cristã, o domingo adquire, naturalmente, também um valor de testemunho e anúncio. Dia de oração, de comunhão e alegria, ele repercute sobre a sociedade, irradiando sobre ela energias de vida e motivos de esperança. O domingo é o anúncio de que o tempo, habitado por Aquele que é o Ressuscitado e o Senhor da história, não é o túmulo das nossas ilusões, mas o berço de um futuro sempre novo, a oportunidade que nos é dada de transformar os momentos fugazes desta vida em sementes de eternidade. O domingo é convite a olhar para diante, é o dia em que a comunidade cristã eleva para Cristo o seu grito: 'Maranatha: Vinde, Senhor!' (1 Cor 16,22). Com esse grito de esperança e expectativa, ela se faz companheira e sustentáculo da esperança dos homens. E domingo a domingo, iluminada por Cristo, caminha para o domingo sem fim da Jerusalém celeste, quando estiver completa em todas as suas feições a mística Cidade de Deus, que 'não necessita de Sol nem de Lua para a iluminar, porque é iluminada pela glória de Deus, e a sua luz é o Cordeiro'" (Ap 21,23) (São João Paulo II, Dies Domini, número 84).


Se algumas línguas o chamam "dia do sol", para nós o domingo é justamente a festa da presença d'Aquele que é a luz do mundo. No entanto, é importante verificar o que temos feito do domingo, pois sua prática pode se degradar e comprometer a própria dignidade da pessoa humana, nele valorizada de modo eminente. De fato, repousar das próprias fadigas corresponde ao ritmo humano e também nos remete à criação do mundo, quando a narrativa bíblica projeta em Deus o descanso e a alegria pela obra realizada. O repouso semanal é importante e deve ser garantido pela legislação civil, e sabemos que ocorrem formas de moderna escravidão em que as pessoas são submetidas ao trabalho de forma iníqua. Como cristão, reivindicamos para todas as pessoas o repouso semanal provado pela história da humanidade como digno e adequado para a vida humana na terra.

Domingo é dia de Missa!

O dia de domingo há de ser preenchido, em primeiro lugar, com a participação na Eucaristia, com a qual se faz presente a Morte e Ressurreição de Jesus. Na escuta da Palavra e na mesa eucarística, os cristãos têm o direito de estar diante do centro da própria fé. Antes de ser uma obrigação, trata-se de um direito! Daí o nosso apelo a que se redescubra o domingo como dia de Missa, e de preferência as famílias encontrem seu modo de participarem como corpo unido do Mistério de Cristo. E vem também a ajudar-nos o esmero com que as Equipes de Liturgia e de Celebração nas Paróquias e Comunidades devem preparar o ato central da vida de Igreja. Quando não é possível a celebração da Missa, multipliquem-se nas Comunidades a santificação do Dia do Senhor com a Celebração da Palavra de Deus, enriquecida ainda em muitas Comunidades com a Sagrada Comunhão, com a reserva eucarística presente em nossos Tabernáculos.

Corremos, entretanto, o risco de transformar o domingo, ou com ele todo o fim de semana, apenas em tempo de ociosidade ou, pior ainda, tempo de todos os vícios nos quais jovens e adultos mergulham de forma arriscada e indigna. O resultado é um esvaziamento terrível, com gosto de ressaca! Sabe-se bem o que significa para muitos a segunda-feira, e porque, popularmente, alguns a chamam de dia de preguiça. Esvaziar-se de valores, entregar-se ao que de menos digno existe só pode trazer frustração às pessoas! O domingo venha a ser recuperado na dimensão do justo repouso e na altura maior, que é a celebração da Ressurreição do Senhor, para que seja, também ele, sinal da vida nova com a qual se comprometem os cristãos.



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/guardar-o-dia-do-senhor-e-dever-do-cristao/


3 de novembro de 2023

Santo Afonso Rodriguez, um profundo e humilde servo de Deus


Não me canso de repetir um princípio que muito me anima: a academia de Deus é a vida e é na vida que são forjados os santos. Mesmo atrás de um aparente drama, esconde-se uma oportunidade.

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Hoje vamos fazer memória de um servo de Deus cuja vida e testemunho são uma confirmação dessa nossa introdução. Seu nome é Afonso Rodriguez. Esse gigante da fé nasceu no dia 25 de julho de 1532, na cidade de Segóvia, Espanha. Pertenceu a uma família muito pobre materialmente, mas rica de fé e amor a Deus. Seu pai era um comerciante simples e sua mãe, uma dedicada dona de casa, cuidadora de onze filhos. Santo Afonso teve uma infância pobre, como dito acima, mas também muito feliz, pois sua família era uma rica fábrica de felicidade, que eram justamente a fé e o amor a Deus.

Acontecimentos dolorosos e providenciais

Afonso vivenciou a primeira grande dor de sua vida com a morte de seu pai. Na época, ele tinha apenas 16 anos. Com essa perda repentina, sua mãe passou por grandes desafios no sustento de seus onze filhos. O jovem Afonso, então, para ajudar sua mãe a manter a casa, resolveu parar de estudar e começou a vender tecidos, aproveitando a lista de clientes de seu falecido pai. Sete anos depois, em 1555, quando a situação tinha se estabilizado um pouco, sua mãe o aconselhou a se casar. Afonso acolheu esse conselho e se casou. Teve dois filhos, entretanto, mais uma vez a vida fez com que esse servo se deparasse com outros acontecimentos dolorosos. Sua esposa adoeceu e veio a falecer, depois, como se não bastasse, seus dois filhos também adoeceram e morreram. Profundamente abatido pelos sofrimentos e perdas, Afonso perdeu o controle sobre os negócios e acabou falindo. 

Triste, sofrido e sem rumo, tentou retornar aos estudos, mas não conseguiu sair-se bem nas provas. Não recebeu a aprovação para a Faculdade de Valência. Depressivo, retirou-se na própria casa. No início, rezava com sacrifício, depois, começou também a jejuar. O tempo foi passando e, de modo silencioso, o Senhor pareceu ter começado a descortinar diante dele uma obra nova. Assim, ele decidiu dedicar toda a sua vida ao serviço de Deus e dos irmãos.

Um irmão entre os irmãos

Apoiado nessa firme decisão, em 1571 Afonso pediu ingresso na Companhia de Jesus como irmão leigo. Seu pedido foi aceito e iniciou a etapa formativa de noviciado que, por sinal, transformaria seu coração e toda a sua vida. Como noviço, foi designado para viver e trabalhar no colégio dos jesuítas em Palma de Maiorca. Esse colégio dedicava-se à formação dos padres. Ali, Afonso encontrou sua realização total de vida. Viveu lá por mais de quarenta anos, consumindo-se por amor a Deus. 

No colégio, Afonso Rodriguez exerceu a função humilde e simples de porteiro. Serviço este que desempenhou por 46 anos. No entanto, se sua função não lhe trazia quase nenhum destaque, espiritualmente ele era um dos mais expressivos entre todos os irmãos religiosos de sua obra, tendo recebido de Deus vários dons extraordinários. Teve ainda várias manifestações como visões, profecias, milagres e dons da cura. 

Afonso foi ainda um requisitado orientador espiritual. Mesmo sendo um simples porteiro, era procurado por corações confusos e desejosos de orientação, tanto leigos como religiosos. Entre estes, dois se destacavam. Primeiro, o Padre Pedro Claver que, mais tarde, tornaria-se um santo da Igreja. Era missionário e ficou conhecido como o grande evangelizador dos povos negros escravizados na Colômbia. O outro, também santo, foi Jerônimo Morato, grande missionário jesuíta martirizado no México. Os dois sempre seguiram as preciosas orientações espirituais do santo porteiro Afonso Rodriguez. 

Consumação de sua oferta de vida

Após ter vivido uma vida simples e totalmente dedicada ao serviço de Deus na portaria do colégio, atento aos irmãos, Santo Afonso Rodriguez adoeceu. Sofreu dores muito fortes pelo período de dois anos, falecendo no dia 31 de outubro de 1617. 

Foi canonizado em 1888, pelo Papa Leão XIII, junto com São Pedro Claver, seu fiel discípulo. Afonso deixou-nos uma herança valiosa por meio de seus escritos, todavia, a maior herança foi sua santidade de vida. Sua obra escrita é considerada pequena, com "apenas" três volumes, porém, com grande valor teológico. Nela, relatou detalhadamente a riqueza de sua vida espiritual. 

Peçamos a Deus, por intercessão de Santo Afonso Rodriguez, a graça de vivermos com profundidade nossa fé e pertença a Deus. Que nossa vida seja, a seu exemplo, uma profecia para o mundo. 

Santo Afonso Rodriguez, rogai por nós


Fonte: https://comshalom.org/santo-afonso-rodriguez-um-profundo-e-humilde-servo-de-deus/


1 de novembro de 2023

Entenda porque a Igreja Católica afirma ser “o povo de Deus”


Essa busca pela identidade da Igreja, mergulha-nos também noutro aspecto igualmente importante: ela é composta de um povo sacerdotal, profético e real. (cf. CIC 783-784).

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Um conceito equivocado de um objeto é causa geradora de muitos outros equívocos. Essa imprecisa informação, entre outras coisas, promoveria usos inadequados do objeto supostamente conhecido. Por isso, um dos esforços da Igreja, nesses quase dois mil anos de sua existência, foi o de se apropriar de um conceito claro e preciso de si mesma. Porém, esse esforço não deve ser confundido com a pretensão de esgotar ou "capturar" o mistério nas mãos. Se assim o fosse, não seria mais um mistério. 

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Quem a Igreja é para si mesma? Segundo o Catecismo, a Igreja se define como sendo: "Povo de Deus, Corpo místico de Cristo, Templo do Espírito Santo" (cf. CIC 781). Esse povo de Deus tem algumas características que o diferem de todos os outros povos, pois não se limita a uma cultura, uma língua, uma raça etc. Veja:

"É o povo de Deus: Deus não é propriedade de nenhum povo; mas adquiriu para Si um povo constituído por aqueles que outrora não eram um povo: 'raça eleita, sacerdócio real, nação santa' (1Pd 2,9); vem-se a ser membro deste povo, não pelo nascimento físico, mas pelo 'nascimento do Alto', 'da água e do Espírito' (Jo 3,3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo Batismo;  este povo tem por Cabeça Jesus Cristo (o Ungido, o Messias): porque a mesma unção, o Espírito Santo, flui da Cabeça por todo o Corpo, este é o 'povo messiânico';  'a condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus: nos seus corações, como num templo, reside o Espírito Santo' 'a sua lei é o mandamento novo, de amar como o próprio Cristo nos amou'; é a lei 'nova' do Espírito Santo; a sua missão é ser o sal da terra e a luz do mundo. 'Constitui para todo o género humano o mais forte gérmen de unidade, esperança e salvação' o seu destino, finalmente, é 'o Reino de Deus, o qual, começado na terra pelo próprio Deus, se deve dilatar cada vez mais, até ser também por Ele consumado no fim dos séculos'" (CIC 782).

Como pudemos ver, a vocação da Igreja, povo de Deus, é ser sal da terra e luz do mundo. Não pode perder o sabor e nem apagar seu brilho no anúncio da paz. A Cabeça desse corpo é Cristo, o Messias, o Salvador do mundo. Na cabeça humana, como sabemos, existe o cérebro e, abaixo da região posterior desse órgão, está o cerebelo. O cerebelo é responsável por manter o equilíbrio e a postura, pois controla o tônus muscular e os movimentos voluntários.

Esse esforço de ilustrar com dados científicos, pode nos ajudar a termos alguma base para melhor entender esse simbolismo da cabeça usado pelo Catecismo, para se referir a Cristo em relação ao seu corpo, a Igreja. Essa busca pela identidade da Igreja, mergulha-nos também noutro aspecto igualmente importante: ela é composta de um povo sacerdotal, profético e real. (cf. CIC 783-784). Cada discurso ou ação divisora no seio da Igreja é uma forma de mutilar esse Corpo Santo.   


Fonte: https://comshalom.org/entenda-porque-a-igreja-catolica-afirma-ser-o-povo-de-deus/


30 de outubro de 2023

10 conselhos práticos de Santo Antônio Maria de Claret


"Antônio Maria Claret é uma figura verdadeiramente grande, como apóstolo infatigável"

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  1. Não deixes para ninguém o que tu mesmo podes fazer.
  2. Não disponhas do dinheiro, antes de tê-lo em mãos.
  3. Não compres coisa alguma, por mais barata que seja, se não a necessitares.
  4. Evita o orgulho, porque é pior que a fome, a sede e o frio.
  5. Nunca te arrependas de ter comido pouco.
  6. Toma sempre as coisas pelo lado suave e seguro.
  7. Se estiveres zangado, conta até dez antes de responder, e se estiveres ofendido, será melhor contar até 100.
  8. Pensa bem antes de dar conselho e esteja pronto para servir.
  9. Fale bem do teu amigo; e de teu inimigo não fales nem bem nem mal.
  10. A resposta suave e humilde quebranta a ira, as palavras duras excitam o furor.

 

Santo Antônio Maria Claret

O santo lembrado hoje foi de muita importância para a Igreja que guarda o testemunho de sua santidade, que mereceu a frase do Papa Pio XI que disse: "Antônio Maria Claret é uma figura verdadeiramente grande, como apóstolo infatigável". Nasceu em 1807 em Sallent (Província de Barcelona – Espanha), ao ser batizado recebeu o nome de Antônio João, ao qual ele veio depois acrescentar o de Maria como sinal de sua especial devoção à Santíssima Virgem: "Nossa Senhora é minha Mãe, minha Madrinha, minha Mestra, meu tudo, depois de Cristo".

Antônio Maria ajudou o pai numa fábrica de tecidos até os 22 anos, quando entrou para o seminário de vida, pois almejava um sacerdócio santo e como padre desejou consagrar-se nas difíceis missões da Espanha. Ao ver a pobreza dos missionários e as portas se abrindo, Antônio Maria, com amigos, tratou de fundar a "Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria", conhecidos como Claretianos.

O Carisma era evangelizar todos os setores, por meio da caridade de Cristo que constrangia, por isso dizia: "Não posso resistir aos impulsos interiores que me chamam para salvar almas. Tenho sede de derramar o meu sangue por Cristo!" Mal tinha fundado a Congregação, o Espírito o nomeou para Arcebispo de Santiago de Cuba, onde fez de tudo, até arriscar a própria vida, para defender os oprimidos da ilha e converter a todos, conta-se que ao chegar às terras cubanas foi logo visitar e consagrar o apostolado à Nossa Senhora do Cobre.

Com os amigos o Arcebispo Santo Antônio Maria Claret, evangelizou milhares de almas, isto através de missões populares e escritos, que chegaram a 144 obras. Fundador das Religiosas de Maria Imaculada, voltou a Espanha, também se tornou confessor e conselheiro particular da rainha Isabel II; participou do Concílio Vaticano I, e ao desviar-se de calúnias retirou-se na França onde continuou o apostolado até passar pela morte e chegar na glória em 24 de outubro de 1870.

Foi beatificado em 1934 pelo Papa Pio XI e canonizado por Pio XII em 1950. Pelo seu amor ao Imaculado Coração de Maria e pelo seu apostolado do Rosário, tem uma estátua de mármore no interior da Basílica de Fátima.

Santo Antônio Maria Claret, rogai por nós!


Fonte: https://comshalom.org/dez-conselhos-praticos-de-santo-antonio-maria-de-claret/


26 de outubro de 2023

A consciência coletiva representada pela democracia


No dia 25 de outubro, comemora-se o Dia da Democracia. Data essa que celebra inúmeros princípios e conquistas populares. E é importante para termos em mente não apenas nossos direitos, mas também nossos deveres como cidadãos.

O termo "democracia" vem do grego "demokracia" e significa "governo do povo", tendo sido criado aproximadamente no século V a.C. para classificar sistemas políticos empregados nas cidades estado gregas. Apesar da forte influência helenística sobre a cultura ocidental, é importante considerar que os gregos não foram os primeiros nem os únicos a ter sistemas democráticos.

A organização social humana, desde os primórdios da sociedade, sempre prosperou em uma miríade de formas de governo, com maior ou menor poder de decisão pelo povo. É comum acreditar que, antes da modernidade, os sistemas aristocráticos ou mesmo autocráticos, isto é, um governo por uma elite ou governo absoluto por uma única pessoa, fossem os mais comuns. Entretanto, é possível observar em diversos grupos a formação de sistemas democráticos de governo.

A consciência coletiva representada pela democracia

Créditos: Philipp Foltz

O direito à cidadania

A respeito da idealizada forma de governo helenística, é importante pontuar que a cidadania não era algo universal. Ser cidadão era um status social que garantia voz e voto na Eclésia, a assembleia popular, sendo garantido apenas aos nascidos localmente e descendentes de famílias locais. Logo, o acesso a cidadania não era universal, e mesmo alguns que gozavam do status de cidadãos, como as mulheres, por exemplo, tinham negado o direito de participar da assembleia.

Uma referência a esse modelo de cidadania grega é a comum homenagem feita, especialmente por câmaras municipais, concedendo naturalidade para pessoas que vivem há muito tempo em uma localidade, prestando notáveis serviços ou são bem quistas pelo poder público, embora o sentido seja completamente diferente da cidadania grega.

Na modernidade, a cidadania se revestiu de um arcabouço de garantias universais, as quais são asseguradas por princípios constitucionais, especialmente a partir do século XVIII. Essa mudança, de status para direito universal, nascida dos princípios liberais da constitucionalidade, também transformou o processo democrático, conferindo ao povo comum o direito político não apenas de votar, como também de se eleger para cargos públicos.

A luta pelos votos

A universalidade do voto, por exemplo, não foi, mesmo com os princípios constitucionais, sempre um direito universal. Até o século XIX, por exemplo, no Brasil república as mulheres não tinham direito ao voto, e até 1985 os analfabetos também não gozavam deste direito. Essas conquistas, provenientes de árdua luta e conscientização da importância do direito, contribuíram para a democracia que temos hoje.


Existem vários tipos de modelos democráticos: diretos, indiretos, representativos, liberais etc. No Brasil, temos uma democracia representativa, ou seja, o povo elege seus representantes para que possam defender, administrar e executar os interesses da população. Dessa forma, são eleitos prefeitos, vereadores, governadores, deputados, senadores e o presidente da república.

Exemplos da democracia na Bíblia

Nas Sagradas Escrituras, temos exemplos de processos democráticos, por exemplo, na eleição de São Matias, como apóstolo, descrita em Atos 1.12-26, quando os apóstolos se reuniram para eleger um substituto para Judas Iscariotes. No Velho Testamento, temos a eleição de Saul como primeiro monarca de Israel, descrita em 1 Samuel nos capítulos 9 e 10. Assim vemos que não era incomum que decisões fossem tomadas de forma colegiada, ainda que sejam distintas do sufrágio universal como temos no dia de hoje.

A democracia é fruto de direitos, sim, onde temos um papel ativo na escolha de nossos representantes e, assim, tomamos parte nos rumos da nação em que estamos inseridos. Entretanto, é também uma responsabilidade, pois se usada levianamente, escolhendo de forma temerária, ou mesmo trocando o exercício destes direitos por favores, prejudicamos não somente a nós mesmos, mas todos os demais cidadãos.

A consciência coletiva

Nosso Senhor Jesus disse: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", como podemos ler em em Mateus 22.39b, logo, o Evangelho nos exorta a uma atitude de empatia e compaixão para com aqueles que estão à nossa volta. Portanto, ao vilipendiar o direito que temos de participar o processo democrático, corrompendo-nos, seja por favores ou mesmo por interesses mesquinhos, agimos na contramão do Evangelho, atentando contra o bem-estar daqueles que estão à nossa volta, corroborando para deterioração da sociedade, afastando-a cada vez mais dos valores cristãos.

Neste dia em que se celebra a democracia, convido à reflexão: como temos exercido este direito? Ele é apenas um meio de buscar meus próprios interesses ou uma sociedade mais justa e santa?

Jonatas Passos –  natural de Cruzeiro (SP), marido, pai e colaborador da Fundação João Paulo II. Formado em Tecnologia, Informática e História. Pós-Graduado em Jornalismo e História do Brasil, com extensão em História da Religião.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/a-consciencia-coletiva-representada-pela-democracia/


23 de outubro de 2023

12 lições de São João Paulo II


Daqui alguns dias iremos celebrar o dia deste santo que faz parte da história da Vocação Shalom, por isso já fazemos memória de alguns ensinamentos dele.

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Na semana de São João Paulo II, vamos aprender da sua sabedoria e pedir sua intercessão!

1 – A verdade é que estamos perante uma objetiva "conjura contra a vida" que vê também implicadas Instituições Internacionais, empenhadas a encorajar e programar verdadeiras e próprias campanhas para difundir a contracepção, a esterilização e o aborto. (Evangelho da Vida, 18)

2 – O homem de hoje parece estar sempre ameaçado por aquilo mesmo que produz com o trabalho de suas mãos e da sua inteligência, e das tendências da sua vontade. (RH)

3 – Os mecanismos materialistas produzem, em nível internacional, ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres.

4 – Um jovem cristão deixa de ser jovem, e há muito não é cristão, quando se deixa enganar pelo princípio fácil e cômodo, de que "o fim justifica os meios".

5 – O homem não pode viver sem o amor. Ele permanece para si mesmo um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se o não experimenta e se não o torna algo seu próprio. (RH, 10)

6 – No mistério da Redenção o homem é novamente "reproduzido" e, de algum modo, é novamente criado. (RH,10)

7 – A Igreja existe para levar os seus filhos a serem santos.

8 – A santidade é a força mais poderosa para levar Cristo ao coração dos homens.

9 – Sem Jesus Cristo o homem permanece para si mesmo um desconhecido, um enigma indecifrável, um mistério insondável.

10 – O sentido essencial desta "realeza" e deste "domínio" do homem sobre o mundo visível, que lhe foi confiado pelo próprio Criador, consiste na prioridade da ética sobre a técnica, no primado da pessoa sobre as coisas e na superioridade do espírito sobre a matéria. (RH, 16)

11 – A fé e a razão constituem como que duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. (Fides et Ratio, 1)

12 –  O século XX ficará considerado uma época de ataques maciços contra a vida, uma série infindável de guerras  e um massacre permanente de vidas humanas inocentes. Os falsos profetas e os falsos mestres conheceram o maior sucesso possível. (EV,17)


Fonte: https://comshalom.org/12-licoes-de-sao-joao-paulo-ii/


18 de outubro de 2023

Por que devemos crer na Igreja Católica?


Vamos mergulhar na seguinte declaração do Credo: "Creio na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos". 

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Na matéria anterior, refletimos sobre a profissão de fé no Espírito Santo, terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Vamos, então, dar prosseguimento ao nosso estudo, mergulhando agora na seguinte declaração do Credo: "Creio na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos". 

Os grandes teólogos e os pastores da Igreja, mergulhando nas Escrituras e na Tradição, foram se dando conta de que existe uma união indissolúvel entre Cristo e Sua Igreja. O próprio Salvador confirmaria essa compreensão, tanto que Ele mesmo declarou, ao enviar Seus apóstolos, líderes e pastores da Igreja na sua fase inicial: "Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" (Lc 10,16). O Catecismo da Igreja aprofunda com belas exposições essa comunhão dos fiéis batizados com Salvador: 

"'Sendo Cristo a Luz dos Povos, este sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura e iluminar todos os homens com a claridade de Cristo que resplandece na face da Igreja'. É com essas palavras que começa a 'Constituição dogmática sobre a Igreja', do Concílio Vaticano II. Com isso, o Concílio mostra que o artigo de fé sobre a Igreja depende inteiramente dos artigos concernentes a Cristo Jesus. A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo; segundo uma imagem cara aos Padres da Igreja, ela é comparável à lua, cuja luz toda é reflexo do sol" (CIC 748).  

A Igreja não possui luz própria. Ela não é autossuficiente. Sua vida, seu brilho e seu poder de atuação no mundo, são ecos, transbordamentos de sua íntima união com seu Divino Esposo. O autor e consumador dessa bendita união é o Espírito Santo (cf. CIC 749). 


Continua o Documento: "Crer que a Igreja é 'santa' e 'católica' e que ela é 'una' e 'apostólica' (como acrescenta o Símbolo niceno-constantinopolitano) é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. No Símbolo dos Apóstolos, fazemos profissão de crer em uma Igreja Santa ('Credo… Ecclesiam'), e não na Igreja, para não confundir Deus com suas obras e para atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que ele pôs em sua Igreja" (CIC 750). 

Um Cristão maduro precisa ter um olhar de fé, que o faça transcender o imperfeito, o aparente e contemplar o absoluto, o perfeito, enfim, o céu. A Igreja é construção de Deus, obra essa cujo os operários são todos os batizados e a base são os apóstolos. Alguns se perguntam: "A Igreja foi pensada, planejada ou foi um acidente de percurso?" O Catecismo responde: "'O mundo foi criado em vista da Igreja', diziam os cristãos dos primeiros tempos. Deus criou o mundo em vista da comunhão com sua vida divina, comunhão esta que se realiza pela 'convocação' dos homens em Cristo, e esta 'convocação' é a Igreja. A Igreja é a finalidade de todas as coisas, e as próprias vicissitudes dolorosas, como a queda dos anjos e o pecado do homem, só foram permitidas por Deus como ocasião e meio para desdobrar toda a força de seu braço, toda a medida de amor que Ele queria dar ao mundo: Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação dos homens e se chama Igreja" (CIC 760). 


A Igreja foi planejada, pensada, desejada e efetivada por Deus. Assim, cada batizado, fruto maduro desse plano de Deus, torna-se resposta para as interrogações existenciais do mundo de cada época, até a volta definitiva de Cristo. O Espírito Santo, esteve sempre presente e atuante. "Para realizar sua missão, o Espírito Santo 'dota e dirige a Igreja mediante os diversos dons hierárquicos e carismáticos. 'Por isso a Igreja, enriquecida com os dons de seu Fundador e empenhando-se em observar fielmente seus preceitos de caridade, humildade e abnegação, recebeu a missão de anunciar o Reino de Cristo e de Deus e de estabelecê-lo em todos os povos; deste Reino ela constitui na terra o germe e o início" (CIC 768). 

Embora tanto as narrativas do Evangelho, bem como as cartas apostólicas e a tradição deem indicativos da identidade da Igreja, haverá sempre espaços de mistérios. "A Igreja está na história, mas ao mesmo tempo a transcende. É unicamente 'com os olhos da fé' que se pode enxergar em sua realidade visível, ao mesmo tempo, uma realidade espiritual, portadora de vida divina" (CIC 770). 


Quando vemos os diversos desafios que a Igreja enfrentou e superou ao longo dos séculos, podemos olhar com fé e dizer: De fato, só pode ser uma obra de Deus, caso contrário teria se acabado. Ela é sustentada por Cristo, seu Divino esposo. "O Mediador único, Cristo, constituiu e incessantemente sustenta aqui na terra sua santa Igreja, comunidade de fé, esperança e caridade, como um 'todo' visível pelo qual difunde a verdade e a graça a todos. A Igreja é ao mesmo tempo: 'sociedade provida de órgãos hierárquicos e Corpo Místico de Cristo'; Essas dimensões constituem 'uma só realidade complexa em que se funde o elemento divino e humano'" (CIC 771). 

Nesse sentido, jamais podemos perder nossa esperança na Igreja, pois seria o mesmo que perder a esperança em Cristo. Ele é o Divino Esposo da Igreja, Sua união com ela, diferente de um esponsal natural, transcende os limites do tempo, do espaço e da vida neste mundo:

"Na Igreja, esta comunhão dos homens com Deus pela 'caridade que nunca passará'" (1Cor 13,8) é a finalidade que comanda tudo o que nela é meio sacramental ligado ao mundo presente que passa. Sua estrutura se ordena integralmente à santidade dos membros do corpo místico de Cristo. E a santidade é medida segundo o 'grande mistério', em que a Esposa responde com o dom do amor ao dom do Esposo. Maria nos precede a todos na santidade que é o mistério da Igreja como 'a Esposa sem mancha nem ruga'. Por isso, 'a dimensão mariana da Igreja antecede sua dimensão petrina" (CIC 773). 

Deve-se então ver com suspeita todo conceito de fé cristã que desvincula Cristo de Sua Igreja. Infelizmente, essa heresia se difundiu nas ideias pregadas por Martinho Lutero e tantos outros setores protestantes. Talvez por isso também, como constataram pesquisas sérias, onde mais se proliferou o protestantismo, foi também onde mais cresceu o relativismo cultural e a indiferença  fé. 

"A Igreja é, em Cristo, como que 'o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano'. Ser o sacramento da união íntima dos homens com Deus é o primeiro objetivo da Igreja. Visto que a comunhão entre os homens está enraizada na união com Deus, a Igreja é também o sacramento da unidade do gênero humano. Nela, esta unidade já começou, pois ela congrega homens 'de toda nação, raça, povo e língua' (Ap 7,9); ao mesmo tempo, a Igreja é 'sinal e instrumento' da plena realização desta unidade que ainda deve vir" (CIC 775). 

Que esse seja um constante projeto pessoal e comunitário dos seguidores do caminho de  discipulado a Cristo. De modo que os não crentes possam olhar para nós e declararem: "Vejam como eles se amam".


Fonte: https://comshalom.org/por-que-devemos-crer-na-igreja-catolica/