1 de novembro de 2023

Entenda porque a Igreja Católica afirma ser “o povo de Deus”


Essa busca pela identidade da Igreja, mergulha-nos também noutro aspecto igualmente importante: ela é composta de um povo sacerdotal, profético e real. (cf. CIC 783-784).

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Um conceito equivocado de um objeto é causa geradora de muitos outros equívocos. Essa imprecisa informação, entre outras coisas, promoveria usos inadequados do objeto supostamente conhecido. Por isso, um dos esforços da Igreja, nesses quase dois mil anos de sua existência, foi o de se apropriar de um conceito claro e preciso de si mesma. Porém, esse esforço não deve ser confundido com a pretensão de esgotar ou "capturar" o mistério nas mãos. Se assim o fosse, não seria mais um mistério. 

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Quem a Igreja é para si mesma? Segundo o Catecismo, a Igreja se define como sendo: "Povo de Deus, Corpo místico de Cristo, Templo do Espírito Santo" (cf. CIC 781). Esse povo de Deus tem algumas características que o diferem de todos os outros povos, pois não se limita a uma cultura, uma língua, uma raça etc. Veja:

"É o povo de Deus: Deus não é propriedade de nenhum povo; mas adquiriu para Si um povo constituído por aqueles que outrora não eram um povo: 'raça eleita, sacerdócio real, nação santa' (1Pd 2,9); vem-se a ser membro deste povo, não pelo nascimento físico, mas pelo 'nascimento do Alto', 'da água e do Espírito' (Jo 3,3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo Batismo;  este povo tem por Cabeça Jesus Cristo (o Ungido, o Messias): porque a mesma unção, o Espírito Santo, flui da Cabeça por todo o Corpo, este é o 'povo messiânico';  'a condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus: nos seus corações, como num templo, reside o Espírito Santo' 'a sua lei é o mandamento novo, de amar como o próprio Cristo nos amou'; é a lei 'nova' do Espírito Santo; a sua missão é ser o sal da terra e a luz do mundo. 'Constitui para todo o género humano o mais forte gérmen de unidade, esperança e salvação' o seu destino, finalmente, é 'o Reino de Deus, o qual, começado na terra pelo próprio Deus, se deve dilatar cada vez mais, até ser também por Ele consumado no fim dos séculos'" (CIC 782).

Como pudemos ver, a vocação da Igreja, povo de Deus, é ser sal da terra e luz do mundo. Não pode perder o sabor e nem apagar seu brilho no anúncio da paz. A Cabeça desse corpo é Cristo, o Messias, o Salvador do mundo. Na cabeça humana, como sabemos, existe o cérebro e, abaixo da região posterior desse órgão, está o cerebelo. O cerebelo é responsável por manter o equilíbrio e a postura, pois controla o tônus muscular e os movimentos voluntários.

Esse esforço de ilustrar com dados científicos, pode nos ajudar a termos alguma base para melhor entender esse simbolismo da cabeça usado pelo Catecismo, para se referir a Cristo em relação ao seu corpo, a Igreja. Essa busca pela identidade da Igreja, mergulha-nos também noutro aspecto igualmente importante: ela é composta de um povo sacerdotal, profético e real. (cf. CIC 783-784). Cada discurso ou ação divisora no seio da Igreja é uma forma de mutilar esse Corpo Santo.   


Fonte: https://comshalom.org/entenda-porque-a-igreja-catolica-afirma-ser-o-povo-de-deus/


30 de outubro de 2023

10 conselhos práticos de Santo Antônio Maria de Claret


"Antônio Maria Claret é uma figura verdadeiramente grande, como apóstolo infatigável"

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  1. Não deixes para ninguém o que tu mesmo podes fazer.
  2. Não disponhas do dinheiro, antes de tê-lo em mãos.
  3. Não compres coisa alguma, por mais barata que seja, se não a necessitares.
  4. Evita o orgulho, porque é pior que a fome, a sede e o frio.
  5. Nunca te arrependas de ter comido pouco.
  6. Toma sempre as coisas pelo lado suave e seguro.
  7. Se estiveres zangado, conta até dez antes de responder, e se estiveres ofendido, será melhor contar até 100.
  8. Pensa bem antes de dar conselho e esteja pronto para servir.
  9. Fale bem do teu amigo; e de teu inimigo não fales nem bem nem mal.
  10. A resposta suave e humilde quebranta a ira, as palavras duras excitam o furor.

 

Santo Antônio Maria Claret

O santo lembrado hoje foi de muita importância para a Igreja que guarda o testemunho de sua santidade, que mereceu a frase do Papa Pio XI que disse: "Antônio Maria Claret é uma figura verdadeiramente grande, como apóstolo infatigável". Nasceu em 1807 em Sallent (Província de Barcelona – Espanha), ao ser batizado recebeu o nome de Antônio João, ao qual ele veio depois acrescentar o de Maria como sinal de sua especial devoção à Santíssima Virgem: "Nossa Senhora é minha Mãe, minha Madrinha, minha Mestra, meu tudo, depois de Cristo".

Antônio Maria ajudou o pai numa fábrica de tecidos até os 22 anos, quando entrou para o seminário de vida, pois almejava um sacerdócio santo e como padre desejou consagrar-se nas difíceis missões da Espanha. Ao ver a pobreza dos missionários e as portas se abrindo, Antônio Maria, com amigos, tratou de fundar a "Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria", conhecidos como Claretianos.

O Carisma era evangelizar todos os setores, por meio da caridade de Cristo que constrangia, por isso dizia: "Não posso resistir aos impulsos interiores que me chamam para salvar almas. Tenho sede de derramar o meu sangue por Cristo!" Mal tinha fundado a Congregação, o Espírito o nomeou para Arcebispo de Santiago de Cuba, onde fez de tudo, até arriscar a própria vida, para defender os oprimidos da ilha e converter a todos, conta-se que ao chegar às terras cubanas foi logo visitar e consagrar o apostolado à Nossa Senhora do Cobre.

Com os amigos o Arcebispo Santo Antônio Maria Claret, evangelizou milhares de almas, isto através de missões populares e escritos, que chegaram a 144 obras. Fundador das Religiosas de Maria Imaculada, voltou a Espanha, também se tornou confessor e conselheiro particular da rainha Isabel II; participou do Concílio Vaticano I, e ao desviar-se de calúnias retirou-se na França onde continuou o apostolado até passar pela morte e chegar na glória em 24 de outubro de 1870.

Foi beatificado em 1934 pelo Papa Pio XI e canonizado por Pio XII em 1950. Pelo seu amor ao Imaculado Coração de Maria e pelo seu apostolado do Rosário, tem uma estátua de mármore no interior da Basílica de Fátima.

Santo Antônio Maria Claret, rogai por nós!


Fonte: https://comshalom.org/dez-conselhos-praticos-de-santo-antonio-maria-de-claret/


26 de outubro de 2023

A consciência coletiva representada pela democracia


No dia 25 de outubro, comemora-se o Dia da Democracia. Data essa que celebra inúmeros princípios e conquistas populares. E é importante para termos em mente não apenas nossos direitos, mas também nossos deveres como cidadãos.

O termo "democracia" vem do grego "demokracia" e significa "governo do povo", tendo sido criado aproximadamente no século V a.C. para classificar sistemas políticos empregados nas cidades estado gregas. Apesar da forte influência helenística sobre a cultura ocidental, é importante considerar que os gregos não foram os primeiros nem os únicos a ter sistemas democráticos.

A organização social humana, desde os primórdios da sociedade, sempre prosperou em uma miríade de formas de governo, com maior ou menor poder de decisão pelo povo. É comum acreditar que, antes da modernidade, os sistemas aristocráticos ou mesmo autocráticos, isto é, um governo por uma elite ou governo absoluto por uma única pessoa, fossem os mais comuns. Entretanto, é possível observar em diversos grupos a formação de sistemas democráticos de governo.

A consciência coletiva representada pela democracia

Créditos: Philipp Foltz

O direito à cidadania

A respeito da idealizada forma de governo helenística, é importante pontuar que a cidadania não era algo universal. Ser cidadão era um status social que garantia voz e voto na Eclésia, a assembleia popular, sendo garantido apenas aos nascidos localmente e descendentes de famílias locais. Logo, o acesso a cidadania não era universal, e mesmo alguns que gozavam do status de cidadãos, como as mulheres, por exemplo, tinham negado o direito de participar da assembleia.

Uma referência a esse modelo de cidadania grega é a comum homenagem feita, especialmente por câmaras municipais, concedendo naturalidade para pessoas que vivem há muito tempo em uma localidade, prestando notáveis serviços ou são bem quistas pelo poder público, embora o sentido seja completamente diferente da cidadania grega.

Na modernidade, a cidadania se revestiu de um arcabouço de garantias universais, as quais são asseguradas por princípios constitucionais, especialmente a partir do século XVIII. Essa mudança, de status para direito universal, nascida dos princípios liberais da constitucionalidade, também transformou o processo democrático, conferindo ao povo comum o direito político não apenas de votar, como também de se eleger para cargos públicos.

A luta pelos votos

A universalidade do voto, por exemplo, não foi, mesmo com os princípios constitucionais, sempre um direito universal. Até o século XIX, por exemplo, no Brasil república as mulheres não tinham direito ao voto, e até 1985 os analfabetos também não gozavam deste direito. Essas conquistas, provenientes de árdua luta e conscientização da importância do direito, contribuíram para a democracia que temos hoje.


Existem vários tipos de modelos democráticos: diretos, indiretos, representativos, liberais etc. No Brasil, temos uma democracia representativa, ou seja, o povo elege seus representantes para que possam defender, administrar e executar os interesses da população. Dessa forma, são eleitos prefeitos, vereadores, governadores, deputados, senadores e o presidente da república.

Exemplos da democracia na Bíblia

Nas Sagradas Escrituras, temos exemplos de processos democráticos, por exemplo, na eleição de São Matias, como apóstolo, descrita em Atos 1.12-26, quando os apóstolos se reuniram para eleger um substituto para Judas Iscariotes. No Velho Testamento, temos a eleição de Saul como primeiro monarca de Israel, descrita em 1 Samuel nos capítulos 9 e 10. Assim vemos que não era incomum que decisões fossem tomadas de forma colegiada, ainda que sejam distintas do sufrágio universal como temos no dia de hoje.

A democracia é fruto de direitos, sim, onde temos um papel ativo na escolha de nossos representantes e, assim, tomamos parte nos rumos da nação em que estamos inseridos. Entretanto, é também uma responsabilidade, pois se usada levianamente, escolhendo de forma temerária, ou mesmo trocando o exercício destes direitos por favores, prejudicamos não somente a nós mesmos, mas todos os demais cidadãos.

A consciência coletiva

Nosso Senhor Jesus disse: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", como podemos ler em em Mateus 22.39b, logo, o Evangelho nos exorta a uma atitude de empatia e compaixão para com aqueles que estão à nossa volta. Portanto, ao vilipendiar o direito que temos de participar o processo democrático, corrompendo-nos, seja por favores ou mesmo por interesses mesquinhos, agimos na contramão do Evangelho, atentando contra o bem-estar daqueles que estão à nossa volta, corroborando para deterioração da sociedade, afastando-a cada vez mais dos valores cristãos.

Neste dia em que se celebra a democracia, convido à reflexão: como temos exercido este direito? Ele é apenas um meio de buscar meus próprios interesses ou uma sociedade mais justa e santa?

Jonatas Passos –  natural de Cruzeiro (SP), marido, pai e colaborador da Fundação João Paulo II. Formado em Tecnologia, Informática e História. Pós-Graduado em Jornalismo e História do Brasil, com extensão em História da Religião.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/a-consciencia-coletiva-representada-pela-democracia/


23 de outubro de 2023

12 lições de São João Paulo II


Daqui alguns dias iremos celebrar o dia deste santo que faz parte da história da Vocação Shalom, por isso já fazemos memória de alguns ensinamentos dele.

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Na semana de São João Paulo II, vamos aprender da sua sabedoria e pedir sua intercessão!

1 – A verdade é que estamos perante uma objetiva "conjura contra a vida" que vê também implicadas Instituições Internacionais, empenhadas a encorajar e programar verdadeiras e próprias campanhas para difundir a contracepção, a esterilização e o aborto. (Evangelho da Vida, 18)

2 – O homem de hoje parece estar sempre ameaçado por aquilo mesmo que produz com o trabalho de suas mãos e da sua inteligência, e das tendências da sua vontade. (RH)

3 – Os mecanismos materialistas produzem, em nível internacional, ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres.

4 – Um jovem cristão deixa de ser jovem, e há muito não é cristão, quando se deixa enganar pelo princípio fácil e cômodo, de que "o fim justifica os meios".

5 – O homem não pode viver sem o amor. Ele permanece para si mesmo um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se o não experimenta e se não o torna algo seu próprio. (RH, 10)

6 – No mistério da Redenção o homem é novamente "reproduzido" e, de algum modo, é novamente criado. (RH,10)

7 – A Igreja existe para levar os seus filhos a serem santos.

8 – A santidade é a força mais poderosa para levar Cristo ao coração dos homens.

9 – Sem Jesus Cristo o homem permanece para si mesmo um desconhecido, um enigma indecifrável, um mistério insondável.

10 – O sentido essencial desta "realeza" e deste "domínio" do homem sobre o mundo visível, que lhe foi confiado pelo próprio Criador, consiste na prioridade da ética sobre a técnica, no primado da pessoa sobre as coisas e na superioridade do espírito sobre a matéria. (RH, 16)

11 – A fé e a razão constituem como que duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. (Fides et Ratio, 1)

12 –  O século XX ficará considerado uma época de ataques maciços contra a vida, uma série infindável de guerras  e um massacre permanente de vidas humanas inocentes. Os falsos profetas e os falsos mestres conheceram o maior sucesso possível. (EV,17)


Fonte: https://comshalom.org/12-licoes-de-sao-joao-paulo-ii/


18 de outubro de 2023

Por que devemos crer na Igreja Católica?


Vamos mergulhar na seguinte declaração do Credo: "Creio na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos". 

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Na matéria anterior, refletimos sobre a profissão de fé no Espírito Santo, terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Vamos, então, dar prosseguimento ao nosso estudo, mergulhando agora na seguinte declaração do Credo: "Creio na santa Igreja Católica, na comunhão dos santos". 

Os grandes teólogos e os pastores da Igreja, mergulhando nas Escrituras e na Tradição, foram se dando conta de que existe uma união indissolúvel entre Cristo e Sua Igreja. O próprio Salvador confirmaria essa compreensão, tanto que Ele mesmo declarou, ao enviar Seus apóstolos, líderes e pastores da Igreja na sua fase inicial: "Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou" (Lc 10,16). O Catecismo da Igreja aprofunda com belas exposições essa comunhão dos fiéis batizados com Salvador: 

"'Sendo Cristo a Luz dos Povos, este sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura e iluminar todos os homens com a claridade de Cristo que resplandece na face da Igreja'. É com essas palavras que começa a 'Constituição dogmática sobre a Igreja', do Concílio Vaticano II. Com isso, o Concílio mostra que o artigo de fé sobre a Igreja depende inteiramente dos artigos concernentes a Cristo Jesus. A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo; segundo uma imagem cara aos Padres da Igreja, ela é comparável à lua, cuja luz toda é reflexo do sol" (CIC 748).  

A Igreja não possui luz própria. Ela não é autossuficiente. Sua vida, seu brilho e seu poder de atuação no mundo, são ecos, transbordamentos de sua íntima união com seu Divino Esposo. O autor e consumador dessa bendita união é o Espírito Santo (cf. CIC 749). 


Continua o Documento: "Crer que a Igreja é 'santa' e 'católica' e que ela é 'una' e 'apostólica' (como acrescenta o Símbolo niceno-constantinopolitano) é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. No Símbolo dos Apóstolos, fazemos profissão de crer em uma Igreja Santa ('Credo… Ecclesiam'), e não na Igreja, para não confundir Deus com suas obras e para atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que ele pôs em sua Igreja" (CIC 750). 

Um Cristão maduro precisa ter um olhar de fé, que o faça transcender o imperfeito, o aparente e contemplar o absoluto, o perfeito, enfim, o céu. A Igreja é construção de Deus, obra essa cujo os operários são todos os batizados e a base são os apóstolos. Alguns se perguntam: "A Igreja foi pensada, planejada ou foi um acidente de percurso?" O Catecismo responde: "'O mundo foi criado em vista da Igreja', diziam os cristãos dos primeiros tempos. Deus criou o mundo em vista da comunhão com sua vida divina, comunhão esta que se realiza pela 'convocação' dos homens em Cristo, e esta 'convocação' é a Igreja. A Igreja é a finalidade de todas as coisas, e as próprias vicissitudes dolorosas, como a queda dos anjos e o pecado do homem, só foram permitidas por Deus como ocasião e meio para desdobrar toda a força de seu braço, toda a medida de amor que Ele queria dar ao mundo: Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação dos homens e se chama Igreja" (CIC 760). 


A Igreja foi planejada, pensada, desejada e efetivada por Deus. Assim, cada batizado, fruto maduro desse plano de Deus, torna-se resposta para as interrogações existenciais do mundo de cada época, até a volta definitiva de Cristo. O Espírito Santo, esteve sempre presente e atuante. "Para realizar sua missão, o Espírito Santo 'dota e dirige a Igreja mediante os diversos dons hierárquicos e carismáticos. 'Por isso a Igreja, enriquecida com os dons de seu Fundador e empenhando-se em observar fielmente seus preceitos de caridade, humildade e abnegação, recebeu a missão de anunciar o Reino de Cristo e de Deus e de estabelecê-lo em todos os povos; deste Reino ela constitui na terra o germe e o início" (CIC 768). 

Embora tanto as narrativas do Evangelho, bem como as cartas apostólicas e a tradição deem indicativos da identidade da Igreja, haverá sempre espaços de mistérios. "A Igreja está na história, mas ao mesmo tempo a transcende. É unicamente 'com os olhos da fé' que se pode enxergar em sua realidade visível, ao mesmo tempo, uma realidade espiritual, portadora de vida divina" (CIC 770). 


Quando vemos os diversos desafios que a Igreja enfrentou e superou ao longo dos séculos, podemos olhar com fé e dizer: De fato, só pode ser uma obra de Deus, caso contrário teria se acabado. Ela é sustentada por Cristo, seu Divino esposo. "O Mediador único, Cristo, constituiu e incessantemente sustenta aqui na terra sua santa Igreja, comunidade de fé, esperança e caridade, como um 'todo' visível pelo qual difunde a verdade e a graça a todos. A Igreja é ao mesmo tempo: 'sociedade provida de órgãos hierárquicos e Corpo Místico de Cristo'; Essas dimensões constituem 'uma só realidade complexa em que se funde o elemento divino e humano'" (CIC 771). 

Nesse sentido, jamais podemos perder nossa esperança na Igreja, pois seria o mesmo que perder a esperança em Cristo. Ele é o Divino Esposo da Igreja, Sua união com ela, diferente de um esponsal natural, transcende os limites do tempo, do espaço e da vida neste mundo:

"Na Igreja, esta comunhão dos homens com Deus pela 'caridade que nunca passará'" (1Cor 13,8) é a finalidade que comanda tudo o que nela é meio sacramental ligado ao mundo presente que passa. Sua estrutura se ordena integralmente à santidade dos membros do corpo místico de Cristo. E a santidade é medida segundo o 'grande mistério', em que a Esposa responde com o dom do amor ao dom do Esposo. Maria nos precede a todos na santidade que é o mistério da Igreja como 'a Esposa sem mancha nem ruga'. Por isso, 'a dimensão mariana da Igreja antecede sua dimensão petrina" (CIC 773). 

Deve-se então ver com suspeita todo conceito de fé cristã que desvincula Cristo de Sua Igreja. Infelizmente, essa heresia se difundiu nas ideias pregadas por Martinho Lutero e tantos outros setores protestantes. Talvez por isso também, como constataram pesquisas sérias, onde mais se proliferou o protestantismo, foi também onde mais cresceu o relativismo cultural e a indiferença  fé. 

"A Igreja é, em Cristo, como que 'o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano'. Ser o sacramento da união íntima dos homens com Deus é o primeiro objetivo da Igreja. Visto que a comunhão entre os homens está enraizada na união com Deus, a Igreja é também o sacramento da unidade do gênero humano. Nela, esta unidade já começou, pois ela congrega homens 'de toda nação, raça, povo e língua' (Ap 7,9); ao mesmo tempo, a Igreja é 'sinal e instrumento' da plena realização desta unidade que ainda deve vir" (CIC 775). 

Que esse seja um constante projeto pessoal e comunitário dos seguidores do caminho de  discipulado a Cristo. De modo que os não crentes possam olhar para nós e declararem: "Vejam como eles se amam".


Fonte: https://comshalom.org/por-que-devemos-crer-na-igreja-catolica/


16 de outubro de 2023

Dia dos professores: uma vocação que marca histórias


Entre tantas profissões, escolhi ser professora. Profissão que amo e que tanto orgulho tenho de ser. Sou parte da história de vida de cada criança que passa ou que passou por mim. Assim como marcamos a vida dos alunos, somos marcadas por história de vida, por compartilhar sorrisos, abraços, carinhos e amor.

Somos mais que ensinamentos de conteúdo, somos ensinamento de vida… Vida que marca e que ensina, que transforma e pela qual somos transformados, pois não lidamos apenas com o ensino das disciplinas curriculares, lidamos com sentimentos, emoções, com crianças e adolescentes diferentes uns dos outros.

Uma troca, não apenas de aprendizado

Dizem que cada pessoa que passa em nossa vida leva um pouco da gente, assim como cada um deixa um pouco de si em nós – sorrisos, trocas de confidências, conselhos, cumplicidade, amizade e, principalmente, o amor que recebemos ao longo de cada ano.


Rosilene dos Reis Amorim – professa do Instituto Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/testemunhos/dia-dos-professores-uma-vocacao-que-marca-historias/


13 de outubro de 2023

A ligação de Nossa Senhora Aparecida a Imaculada Conceição


A ligação de Nossa Senhora Aparecida com a devoção portuguesa a Imaculada Conceição

No dia 12 de outubro, celebramos a solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Esta devoção a Nossa Senhora da Conceição tem sua origem entre o povo português e está ligada a grandes e decisivos acontecimentos para a Independência de Portugal e a formação de sua identidade nacional.

Nos primórdios da história de Portugal, foi celebrada uma Missa pontifícia em honra e ação de graças a Imaculada Conceição, após Lisboa ter sido retomada dos muçulmanos, em 1147, pelo primeiro Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques.

Depois da vitória portuguesa na Batalha de Aljubarrota (1385) contra os castelhanos, Dom Nuno Álvares Pereira (São Nuno de Santa Maria, canonizado pelo Papa Bento XVI em 26 de abril de 2009) mandou construir a Igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, e tomou as providências para que aquele templo católico fosse consagrado a Nossa Senhora da Conceição . Além disso, São Nuno Álvares recomendou, na Inglaterra, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição para ser venerada nessa igreja.

Nossa Senhora da Conceição Aparecida

Crédito: Sidney de Almeida

A proclamação de Nossa Senhora da Conceição como Rainha e Padroeira de Portugal

Depois da restauração da Independência de Portugal (1640), Dom João IV, então Rei de Portugal, da Casa de Bragança e descendente de Dom Nuno Álvares Pereira, proclamou solenemente Nossa Senhora da Conceição como Rainha e Padroeira de Portugal e de todos os seus territórios ultramarinos, por provisão régia de 25 de Março de 1646. Nesta provisão, que posteriormente foi confirmada pelo Papa Clemente X na bula Eximia Dilectissimi, de 8 de maio de 1671, declarou que: "Estando ora juntos em Cortes com os três Estados do Reino (…) e nelas com parecer de todos, assentamos de tomar por padroeira de Nossos Reinos e Senhorios a Santíssima Virgem Nossa Senhora da Conceição"1.

Neste documento, o Rei prometeu confessar e defender sempre, até dar a vida se necessário, que a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi concebida sem pecado original. Após esta proclamação, Dom João IV corou a imagem de Nossa Senhora da Conceição em Vila Viçosa. A partir deste ato simbólico, em sinal de reconhecimento de que Nossa Senhora é a verdadeira Rainha e Padroeira de Portugal, os reis nunca mais colocaram a coroa real na cabeça, e a coroa ficou apenas colocada sobre uma almofada, ao lado direito do rei.

A Imaculada Conceição

A partir de 1646, por insistência de Dom João IV e dos franciscanos, o corpo docente da Universidade de Coimbra passou a jurar defensor público e especificamente que a Virgem Maria foi concebida sem a mancha do pecado original, ou seja, a sua Imaculada Conceição. No entanto, com a proclamação do dogma da Imaculada Conceição de Maria, em 8 de dezembro de 1854 pelo papa Pio IX, através da Bula Ineffabillis Deus, julgou-se necessariamente continuar a prestar este juramento.

Em 1654, Dom João IV investiu a todo o Império Português uma cópia da inscrição comemorativa do juramento solene prestada em 25 de março de 1646, e planejou que a inscrição fosse gravada em pedra e colocada em locais públicos das cidades e vilas portuguesas. Em 1717, o Rei Dom João investiu uma carta circular à Universidade de Coimbra e a todos os prelados do Reino de Portugal, na qual recomendou que fosse celebrada, anualmente, a festa da Imaculada Conceição nas suas joias, registrando o juramento de Dom João IV, seu antecessor.

Depois da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, desenvolveu-se em Portugal um movimento que apoiou a construção de um monumento nacional em comemoração da proclamação, feita em 1854 por Pio IX. Em 1869, foi erigido o primeiro monumento no Sameiro, em Braga. No mesmo local, foi construído, posteriormente, um santuário dedicado a Imaculada Conceição de Maria, cuja imagem foi solenemente coroada em 1904.

O vínculo espiritual do Brasil com Portugal

No dia 25 de março de 1946, comemorou-se o tricentenário da proclamação da Imaculada Conceição como Padroeira de Portugal, com a solene consagração de Portugal a Virgem Maria, Mãe de Deus.

A devoção portuguesa a Nossa Senhora da Conceição foi reservada e chegou ao Brasil, que, na época, fazia parte do Reino de Portugal. Em 1717, o encontro da imagem da Imaculada Conceição, no rio Paraíba do Sul, fez com que a devoção a Nossa Senhora da Conceição, carinhosamente chamada de "Aparecida", a partir da fé dos pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia e seus famílias, aos poucos passasse a fazer parte também de nossa devoção e espiritualidade.

Tendo em vista o vínculo espiritual do Brasil com Portugal, podemos dizer que o Brasil nasceu sob o manto sagrado de Nossa Senhora da Conceição. Diante dessa verdade, por que não confiamos nela? Recorremos a nossa Mãe Imaculada nestes tempos difíceis em que Satanás parece querer imperar sobre o Brasil através dos maus costumes, da falta de devoção, da perda da fé, do relativismo e do indiferentismo religioso, dos pecados, da mentira, das drogas, do sexo desregrado, das leis injustas, das decisões judiciais injustas, da corrupção, da violência. Quanta miséria o nosso país tem passado por nossa culpa, por nossa falta de conversão, por falta de uma verdadeira devoção a Jesus Cristo e a Virgem Maria!

O Brasil nasceu do manto Sagrado de Nossa Senhora da Conceição

Voltemos às origens da nossa verdadeira identidade. Deus sonhou com o Brasil quando pediu a Dom Afonso Henriques que constituísse um Reino para levar o seu Nome – o nome de Jesus – aos povos estrangeiros, a nós brasileiros. Deus surgiu no Brasil antes mesmo do seu descobrimento, quando produziu a devoção dos portugueses a Nossa Senhora da Conceição. Os reis de Portugal, os professores de Coimbra, os portugueses em geral juraram derramar o seu sangue para defender o dogma da Imaculada Conceição, que ainda não havia sido proclamado.

Em 1822, às vésperas da Independência do Brasil, o príncipe herdeiro do trono, Dom Pedro I, prometeu consagrar o nosso país a Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

O Brasil nasceu historicamente de Portugal e, quando se tornou independente, nasceu igualmente sob o manto sagrado de Nossa Senhora da Conceição. Depois da Proclamação da República, Dona Isabel ou Princesa Isabel, que seria nossa futura imperatriz, apresentou uma coroa preciosa a Nossa Senhora Aparecida, que foi colocada em sua cabeça. Através desse ato simbólico, Nossa Senhora da Conceição Aparecida passou a ser verdadeiramente a Rainha do Brasil.


Consagre-se a Nossa Senhora!

Nós temos uma vocação sublime, de levar o Nome de Jesus sob o manto protetor de Maria, que precisamos viver e honrar. Nós, brasileiros, devemos viver e propagar a consagração a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Ela deve ser verdadeiramente a nossa rainha e, para que isso aconteça, precisamos nos consagrar individualmente a ela. Se nos consagrarmos a Imaculada Virgem Maria, estaremos também nos consagrando a Jesus Cristo, realizando em nós o sonho de Dom Afonso.

Assim, para realizar esta entrega, recomendamos vivamente a consagração total a Jesus Cristo, pelas mãos da Virgem Maria, segundo livro Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, de São Luís Maria Grignion de Montfort. Quem faz essa consagração se compromete a ser fiel às promessas do batismo, ou seja, renunciar ao mal, ao pecado e a Satanás, e viver a vida nova em Cristo.

A consagração nos ajuda a viver essa vida nova e uma verdadeira devoção a Nossa Senhora, que não se limita a venerar e honrar um nome de Maria, mas também a sua pessoa, que hoje registramos carinhosa e amorosamente sob o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil e de Portugal!

Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós!

Referência:

WIKIPÉDIA. Imaculada Conceição .



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/a-ligacao-de-nossa-senhora-aparecida-a-imaculada-conceicao/