9 de agosto de 2023

Maria, promotora da unidade


Maria contempla em si e diante de si o dinamismo da perfeita unidade.

comshalom

Como templo da Santíssima Trindade, Maria, em sua humanidade puríssima, experimentou, como mulher, os efeitos do mistério eterno da unidade trinitária em seu seio, em sua alma, em todo o seu ser.

São Luís de Montfort afirma que "Maria é o Santuário, o repouso da Santíssima Trindade, em que Deus está mais magnífica e divinamente presente que em qualquer outro lugar do universo". Como tabernáculo vivo da Trindade, segundo a Liturgia Oriental, suas entranhas foram feitas maiores do que o céu, porque nelas coube o próprio Deus, e com Ele o céu inteiro.

Guardadas as proporções, foi esta a grande experiência espiritual de Elisabeth da Trindade, que exclama: "Fixai-me em vós imóvel e tranquila, como se minha alma estivesse já na eternidade. Fazei de minha alma vosso céu, vossa morada preferida". Se Elisabeth da Trindade fez esta oração, qual não seria a oração de Nossa Senhora? Seria este o segredo, a alegria expressa no Magnificat?

Nossa Senhora foi criada para ser a morada preferida de Deus e pôde unir-se como ninguém à dinâmica de amor das três pessoas da Trindade, que, também nela, na terra como no céu, viveram e vivem sua dinâmica de dar-se e receber um ao outro absoluta e totalmente, sendo perfeitamente um só Deus. Maria foi e é, assim, templo da Unidade mais perfeita do qual jorra a fonte de toda unidade: a Santíssima Trindade, as três pessoas distintas na perfeita unicidade: um só Deus.

Maria contempla em si e diante de si o dinamismo da perfeita unidade. Que efeitos terá gerado esta vivência única em Nossa Senhora? A perfeita união com Deus; a unidade consigo mesma; e a promoção da unidade no coração do homem e na humanidade inteira.

Dom Adélio comentou rapidamente que deveríamos ver Nossa Senhora não somente como alvo de uma devoção ou um degrau para chegar a Jesus, mas como alguém efetivamente atuante na nossa Salvação.

Dom Aloísio explica como Maria foi e é efetivamente atuante no Antigo e Novo Testamento e na Igreja nascente. Ela é efetivamente atuante ainda hoje. E hoje, mais do que nunca, ela é promotora da unidade e da paz, na Igreja de seu Filho e na humanidade inteira.

Católicos, Ortodoxos, e mesmo Muçulmanos, reconhecem Maria, veneram-na e a honram, quer como a Mãe de Deus, quer como, no caso dos Muçulmanos, a única criatura além do seu Filho que não foi educada por Satanás. Ela é o "lugar teológico" por excelência da religião.

O que os Santos dizem

No pontificado de João Paulo II, como ele mesmo não se cansa de declarar, "a Mãe da Salvação" tem atuado de forma maravilhosa na acepção mesma do termo. Queira Deus que nós tenhamos a mesma fé e a mesma intimidade com Maria que tem o nosso Papa!

Infelizmente, de um modo geral, não temos intimidade espiritual com Maria. Ou ela é um "Modelo Moral" cujas virtudes devemos imitar, ou é alguém de quem somos devotos, a quem oferecemos rosários e novenas para que consiga de Deus as coisas para nós. Nosso coração, no entanto, deve inclinar-se para ela "pelo amor e a oração" (ECCSh), "pois o verdadeiro devoto não ama a Maria porque ela lhe faz ou espera dela algum bem, mas porque ela é amável" (São Luís Montfort).

Nossa Senhora está viva de corpo e alma no céu. Podemos e devemos alimentar nosso amor, trato de amizade e intimidade com ela. Ela levou, como Jesus ressuscitado, nossa humanidade para o céu. Como disse D. Aloísio, a Rainha do céu está muito acima, infinitamente acima, de todos os anjos e santos, à direita do Pai, na humanidade de Jesus e na sua própria humanidade.

A Mãe de todos os homens está no céu em sua humanidade gloriosa como mulher. É como mulher que ela faz a mediação da unidade e a promove.

Jesus disse: o meu Pai até agora está trabalhando, e eu também estou trabalhando (Jo 5,17). Pelo Espírito Santo, que o Pai enviou, a Igreja trabalha e sofre, continuando a Obra de Cristo. Pelo Espírito Santo, Maria trabalha e sofre até agora, como sempre Virgem e Mãe de Deus, e como Mãe da Igreja e Mãe de Deus.

Seu maior trabalho, unido ao Espírito Santo e impulsionada por Ele, cuja atividade de amor ela contempla e abriga em si: que os homens se amem uns aos outros, que sejam um como o Filho e o Pai são um: na dinâmica troca gratuita e total de amor, sem impedimentos e barreiras. São Luís de Montfort afirma que "a mais forte inclinação de Maria é unir-nos ao seu Divino Filho".

Maria trabalha pela unidade como Virgem e Mãe de Deus

Como Virgem (antes, durante e depois do nascimento de Jesus), Maria é unificada em si mesma e é toda de Deus. Seu coração não se divide com nenhuma criatura e, de coração indiviso, une-se inteiramente a Deus, de corpo e alma. Como Virgem e Mãe de Deus sua união a Ele leva a permanecer em contínua oração e adoração da Trindade, em si, e na Trindade mesma que contempla. A Virgem e Mãe de Deus viveu perfeitamente o "Assim na terra como no céu". Como Virgem e Mãe de Deus está na Trindade inteiramente e a Trindade inteiramente nela, sem divisões.

Maria Virgem e Mãe de Deus promove em nós, com sua mediação eficaz, sendo nossa humanidade no céu: 1- a unidade com Deus, por ser inteiramente dele; 2- a unidade consigo própria, pois esta acontece somente naquele para quem Deus é tudo e que, portanto, é todo de Deus; 3- a unidade com o irmão, pois todos os homens se tornam filhos de quem é casto. Quem é virgem, quem é casto, é também pobre de si e rico de Deus. Quem é pobre de si não tem medo de amar o outro, para ele o outro não é ameaça. Não põe barreiras ao amor de Deus, nem do irmão. Porque é todo de Deus e nada tem de si mesmo, é também todo do irmão. Em sua virgindade e castidade, Maria é toda nossa.

Maria promove a unidade como Esposa e Mãe de Deus

A esponsalidade de Maria com o Pai (pela paternidade), com o Filho (pelo desponsório espiritual) e com o Espírito Santo (pela geração de Jesus) a faz, como vimos, íntima e para sempre, espiritual e humanamente, unida a cada pessoa da Trindade. Maria não se une a estas pessoas pelo que fazem nela, mas pelo que São nela. Nela Deus é Pai; nela Deus é Filho; nela Deus é Esposo; nela Deus é Uno e Trino.

Sem Maria, Deus não seria Pai, nem Filho, nem Esposo. No Antigo Testamento Deus agiu como Pai e algumas poucas vezes foi reconhecido como tal. Deus revelou-se em Israel, que o traía e adulterava. Deus prometeu o Messias. Mas somente em Maria e com Maria, Deus foi, pela união íntima com sua criatura, Pai, Filho e Esposo.

Por outro lado, sem Jesus, nem Maria nem nós seríamos filhos no Filho, e chamados à união esponsal mística com Deus, Uno e Trino.
Maria, Esposa e Mãe de Deus, possibilitou assim a unidade da humanidade com cada pessoa do Santíssima Trindade. E hoje, no céu, com sua mediação, promove a unidade da humanidade e de cada homem com Deus.

Maria ministra a unidade como Mãe de Deus e Mãe da Igreja

A maternidade está intrinsecamente ligada à vida e à alegria. No entanto, está também intrinsecamente ligada à dor e à morte para si mesmo.
Maria tornou-se Mãe da Igreja no auge da dor, e, portanto, no cume do amor, pois a cruz foi o auge de sua renúncia a Jesus e a si mesma.

A Jesus, ela deu a luz sem dor, mas à Igreja ela deu a luz no ápice da dor. A maternidade de Jesus foi fruto da ação do Espírito Santo em suas entranhas humanas, e, no entanto, Ele veio à luz sem dor e sem o rompimento natural do parto; a maternidade da Igreja foi fruto da ação do Espírito Santo nas entranhas do seu Espírito e, no entanto, a Igreja veio à luz em meio a maior das dores.

Maria gestou a Igreja junto com Jesus, pois nunca haverá a menor sombra de separação entre eles, seja em pensamento, sentimento, vontade ou história. Maria sempre foi profundamente unida a Jesus e gestou com seu Filho, Fundador e Cabeça da Igreja, cada discípulo, sendo presença de Mãe. Talvez não compreendesse totalmente que a maternação da Igreja supusesse a dor da morte de Jesus, que a consola entregando-a ao mais querido dos discípulos.

Maria ministrou a unidade e a paz na Igreja pelo sofrimento do amor, pela renúncia do sacrifício. Jesus foi o preço desta maternidade.
Hoje, Maria promove a unidade na Igreja, a unidade entre os irmãos, seus filhos, pelo nosso amor e sacrifício unidos àquele seu lancinante sacrifício de renúncia e oferta do próprio Filho. Foi ela a primeira a completar na própria carne o que faltou ao sofrimento de Cristo em favor da sua Igreja.

Não é possível haver unidade entre nós sem grande sacrifício de sim unido ao sacrifício de Jesus e de Maria. O sacrifício de sim separado de Jesus e de Maria é estéril. Mas, unido ao sacrifício deles dois e à virgindade, esponsalidade e maternidade de Maria, é fecundo, promotor da unidade e da paz. Mergulha-nos nos abismos do silêncio de Deus, da obediência que tanto Jesus como Maria (como nós) aprenderam pelo sofrimento (cf. Hb 5). Mergulha-nos na unidade de quem se esquece de si mesmo para perder-se em Deus, fonte de todo bem, de toda unidade, de toda paz.

Maria promove a unidade como mulher

Não há como separar a maternidade da mulher, nem a mulher da maternidade.
Na nossa caminhada para a intimidade e a amizade com Maria, devemos ter em conta que ela é mulher e que, como mulher, está ressuscitada no céu com seu corpo glorioso, mas feminino, no seu modo de ser, de pensar e de agir. Maria agiu, age e agirá sempre, no céu e na terra, segundo a mente e os sentimentos de Cristo, mas como mulher, em sua "gratuidade irradiante de mãe, na sua reciprocidade e antecipação de esposa, na sua acolhida fecunda de virgem", como diz Bruno Fort. É, portanto, também como mulher que ela promove a unidade.

Foi como mulher que Maria reagiu ao anúncio da gravidez de Isabel indo ajudá-la imediatamente. Podemos imaginá-la feliz por vivenciar a maternidade da prima e por poder servi-la como fazem as mulheres de Deus, como fazem as mães em sua "gratuidade irradiante".

Foi sua "lógica de mulher" que se manifestou em Caná, não só ao notar que faltava vinho, mas especialmente no modo como agiu com relação a Jesus e aos serventes. Maria foi aí "antecipação e reciprocidade", como a esposa descrita por Bruno Fort.

Foi como mulher e Mãe de Deus que Maria foi formada pelo seu Filho no reencontro no templo e à porta da casa de Pedro. No primeiro caso, Ele lhe obedeceu e respeitou sua afeição de mãe, voltando para casa. No segundo, ela o compreendeu, em "acolhida profunda" de virgem…

Foi sua personalidade feminina e, portanto, materna que a fez ficar de pé diante da cruz, não somente pela extraordinária graça de fidelidade e fortaleza, mas pelo esforço em ficar o mais próximo possível, o mais visível possível ao Filho, a quem consolava e cuja agonia acompanhava.

Foi ainda como mulher que ela abrigou-se na casa de João que, sendo discípulo amado de Jesus, era certamente também dela. Jesus sabia bem que o que faz uma mulher sentir-se segura é o amor e não a força.

Foi a mulher e Mãe que manteve os discípulos unidos e reunidos à esposa do Paráclito. Ela era a mulher do Ressuscitado, a mãe do Filho de Deus, "um pedaço dele".

Foi a mulher, Mãe de Deus, que foi assunta ao céu e colocada acima de todos, abaixo somente da Trindade. É como mulher e Mãe que ela, a intercessora onipotente, trabalha até agora para promover a unidade.

Eis por que é tão grande nossa responsabilidade com relação à mulher e à mãe. Dirijo-me aos homens e às mulheres. Nós – homens e mulheres – perdemos a noção do papel da mulher com relação a Deus e à humanidade. A causa é que nos colocamos diante de nós mesmos e dos nossos anseios, e não diante de Deus e dos seus planos para nós, como homens, como mulheres, como famílias, sejam famílias religiosas ou institucionais.

Um dos principais papéis da mulher, em qualquer época da história, é, sem dúvida, ser disponível a Maria para a instauração da unidade e da paz através da sua maternidade e feminilidade. Onde a mulher não cumpre este papel, a instauração do Reino de Deus não se cumpre plenamente.

Maria "trabalha ainda hoje" pelo amor e poder de Deus que a escolheu e lhe deu uma missão que durará até a segunda vinda de Jesus. Ela, como a Esposa de Deus, no Espírito Santo, trabalha em nós, pela intimidade, amor e amizade conosco, e através de nós, que queremos responder positivamente a esta amizade.

 



Fonte: https://comshalom.org/maria-promotora-da-unidade/

7 de agosto de 2023

O padre tem o direito de ser humano


O padre é ser humano!

Essa parece ser a afirmação mais óbvia. No entanto, quase nunca é. Do sacerdote se exige. Todos exigem.  A Igreja exige, que tenha no padre, um modelo muito elevado: "alter Christus".

Exige as pessoas, que querem o sacerdote à sua disposição 24 horas por dia.

Exige o sacerdote de si mesmo para que seja fiel à sua vocação.

No entanto, "até mesmo" o padre é um homem que pode se perder nos meandros de uma solidão espinhosa, devido à percepção de que muitas vezes se sente abandonado, desconsiderado, se não mesmo evitado.

O padre tem o direito de ser humano

É pungente e amarga a solidão do padre que procura uma mão para apertar, mas que não está lá; uma voz que lhe pergunta "como vai você?", e ele não a ouve, pois ninguém jamais lhe fará essa pergunta cordial. As pessoas precisam de um sacerdote; portanto, elas o procuram somente quando precisam dele; uma Missa a ser celebrada, um Casamento a ser assistido, um Batismo a ser organizado … Em suma, a Paróquia, da qual o padre é o "posto de gasolina", o "pronto socorro", o "psicólogo" que não precisa ser pago.

Créditos: SeventyFour by GettyImages.

Quantos irmãos encontrei, quantos padres ouvi, quantas lágrimas enxuguei! Muitas vezes, conheci o desejo de um coirmão de parar e conversar comigo por um longo tempo para acumular cordialidade e solidariedade, para exorcizar, dessa forma, o medo da solidão. E quantas vezes eu mesmo me encontrei na mesma situação. Tudo bem que, por motivo de minha vocação – pois sou um monge –, eu vivo em uma comunidade, com outros irmãos. Mas no exercício do ministério, não apenas presbiteral, mas também como "homem de referência espiritual". No serviço de escuta e acompanhamento, tenho encontrado irmãos padres que, muitas vezes, não conseguem pronunciar uma palavra sobre sua dor, mas somente querem ser acolhidos e abraçados. E percebo que minha função, na sala de atendimento do nosso mosteiro, é dizer ao padre: você pode ser homem e você tem o direito de ser humano.

A necessidade de uma inter-relacionalidade

É verdade que o padre é um homem solitário por causa de seu ministério. Porém, acredito que seja necessário não negar essa realidade, não diluí-la. É útil recomendar a preciosa ajuda que pode vir de uma vida comunitária, da amizade entre os padres, do vínculo sacramental com o presbitério etc… Desde que fique claro que a opção celibatária do padre católico de rito latino coloca o padre na condição de uma sofrida "solidão" que exacerba. Como em qualquer ser humano normal, a necessidade de uma inter-relacionalidade, que dilui a necessidade natural de afeto.

João Paulo II escreveu em Redemptor Hominis: "O homem não pode viver sem amor" (nº 10). E o amado Papa Emérito Bento XVI, em Deus caritas est, traçou o itinerário do amor, de eros a ágape e filia, que é uma obra-prima da antropologia cristã.

Não foram poucas as vezes em que vi, devido a circunstâncias particulares, a solidão se tornar um teste corrosivo e destrutivo para a pessoa e o ministério do presbítero. É por isso que falo sobre isso: para que nosso povo conheça e, longe de se escandalizar, compreenda e esteja realmente próximo de seus padres.

Poucas semanas atrás, enquanto nosso mosteiro hospedava um concerto de música clássica, vi que um padre jovem, de uma paróquia distante estava entre o público. Terminada a apresentação, o padre veio saudar-me, e eu o convidei para entrar e ficar um pouco, pois era uma noite de muito calor. Ficamos conversando por quase duas horas no refeitório do nosso mosteiro e entendemos o motivo que o trouxe: não era a música. Fiquei comovido quando este padre me falou com os olhos lacrimejando: "meus paroquianos não entendem o que é terminar o dia, no qual eu me gastei por completo, e chegar na minha casa e não encontrar uma luz acesa, não ouvir uma voz dizendo ' boa noite'.

A solidão é o resultado da condição humana

Não há dúvida: a solidão existe. Ela existe para todos. Pessoalmente, acho que, do ponto de vista psicológico, a solidão daqueles que vivem em um casal ou em uma família é mais trágica do que aqueles que vivem sozinhos. Afinal de contas, a solidão é o resultado da condição humana. Contudo, para o padre, essa provação é, sem dúvida, mais vivida por vários motivos:

– Porque ele sabe que sua solidão deve durar tanto quanto uma vida humana; a sua, humanamente falando, é uma solidão irreversível;
– Porque o sacerdote tem uma interioridade pronunciada, uma existência espiritual que refina as qualidades do ministério. Mas também aumenta a consciência da limitação;
– Porque ele é um homem da Igreja e conhece as falhas de alguns de seus irmãos. Os passos errados de alguns de seus amigos, e não pode deixar de se perguntar, sem se escandalizar. "E se isso acontecesse comigo"?
– Porque o padre é um homem no mundo, mesmo que não seja do mundo. Perceber o sofrimento e o desconforto causados pela solidão na sociedade à qual pertence. Quantas pessoas terão se dirigido a ele denunciando sua solidão.

A humanidade e a masculinidade é identidade do sacerdote

Em suma, ai de nós se esquecemos que o padre é um homem que pode ter algumas necessidades básicas! Ele pode experimentar a solidão de uma noite sem dormir, quando se deixa assolar pelo medo, e o medo gerado pelo medo. Isso não perturba a dimensão espiritual do sacerdote. Pelo contrário: sua humanidade, sua masculinidade é sua identidade.

Na Pastores dabo Vobis, número 72, João Paulo II, convidando os sacerdotes da Igreja Católica à formação permanente, indicou-lhes como primeira área de reciclagem e atualização aquilo que é humano.

Sempre me comoveu a viajantes de meu irmão. A sua dificuldade em admiti-la, seu medo de se sentir inadequado "para as coisas de Deus". Porém, sempre tive medo de padres que "dizem" não ter medo. Os que ostentam confiança, que não param no caminho para se confortar e se consolar. Sempre tive medo de padres que escondem sua própria humanidade e o fazem condenando a dos outros. Os padres "três vezes admiráveis", que, do "trono de sua casta santidade". Vivem perseguindo os próprios irmãos de ministério, em vez de ser o "óleo de cura". Autocentrados, adoecidos pelo recalque narcísico, fazem da impecabilidade o motor infecundo e estéril de suas vidas. Totalmente oposto ao projeto amoroso de Jesus de Nazaré.


Santo Cura d'Ars, João Maria Vianney, padroeiro dos sacerdotes

Hoje, a festa do Santo Cura d'Ars, João Maria Vianney, poderá ser um dia propício para nós, padres, revisitarmos a nossa história. Redescobrir em nós as razões que deram sentido à nossa vida e, consequentemente, ao nosso ministério. Filho de seu tempo, na cultura religiosa de sua geografia, o pároco de Ars, entendeu a si mesmo como homem. Tornou fecunda sua vida e o ministério à qual foi escolhido. Reproduzir seus métodos e seu mundo teológico é tomá-lo como modelo para nós, padres de hoje. Mas ele é modelo de sacerdote, quando nós somos capazes de articular nosso mundo interior com o discurso que fazemos. E isso é viver de forma consciente (com todas as nossas fragilidades e contradições). Quando isso acontece, o padre nasce humano!

Os primeiros a não negarem a humanidade!

Uma coisa é certa, o caminho de humanização de um padre é sempre percorrido em companhia daquela que é o centro de sua vida. E o objeto de seu amor, Jesus. Assim, entendemos Suas palavras dirigidas a Pedro, na noite do Getsêmani: "Foi ter então com os discípulos e os encontrados dormindo. E disse a Pedro: "Então, não pudestes vigiar uma hora comigo…" (Mateus 26, 40).

Nós, padres, nascemos homens quando somos os primeiros a não negar a nossa humanidade, acolhendo-nos como somos, ainda que, no auge de nosso ministério, como no Getsemani de Jesus, o "sono" de nossa verdade fale mais alto. Como aconteceu com Pedro, nós não seremos menos padres por causa disso. Assim como Pedro não foi menos Pedro porque dormiu naquela noite.

Compreender e amar

Minha oração de padre, nesse dia, é um pedido:
– Em nome de muitos padres: amem os sacerdotes
– Que entendam a humanidade do sacerdote;
– Que não se maravilhem e não se escandalizem com a humanidade do sacerdote;
-Peço, em nome de todos os sacerdotes, até mesmo para perdoar a humanidade do seu pároco, do seu vigário, do padre de sua comunidade.

Um sacerdote que é compreendido por seu povo será mais facilmente fortalecido na oferta de sua vida ao Senhor e ao seu povo. O sacerdote, que vive entre pessoas que querem ser compreendidos e amados, deve ser compreendido e amado para que possa ser um homem, humanizado e, ao mesmo tempo, alter Christus.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/sacerdocio/o-padre-tem-o-direito-de-ser-humano/


6 de agosto de 2023

Pregação RCC - Salvação do Pagãos

† Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém

PREGAÇÃO – TEMA: 'SALVAÇÃO DOS PAGÃOS'

Por Eder Silva †

02/08/2023 - Grupo de Oração Deus Pai

Igreja Nossa Senhora do Caminho - Goiânia II – Região Cafarnaum – Goiânia-GO

      I.          Introdução

Ø Deus é um cultivador e somos ramos em suas mãos, nossa vida é uma caminhada contínua para o crescimento da nossa fé e bondade. O exemplo da nossa vida é motivação para os irmãos de caminhada. Como vamos exercer estes dons que a nós foram confiados? O que é necessário para trazer nossos irmãos de volta ao caminho do Senhor?

                      

    II.          Desenvolvimento

Ø Como diz a Palavra de Deus em Romanos 11,13-24: Declaro-o a vós, homens de origem pagã: como apóstolo dos pagãos, eu procuro honrar o meu ministério, com o intuito de, eventualmente, excitar à emulação os homens da minha raça e salvar alguns deles. Porque, se de sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, qual será o efeito de sua reintegração, senão uma ressurreição dentre os mortos? Se as primícias são santas, também a massa o é; e se a raiz é santa, os ramos também o são. Se alguns dos ramos foram cortados, e se tu, oliveira selvagem, foste enxertada em seu lugar e agora recebes seiva da raiz da oliveira, não te envaideças nem menosprezes os ramos. Pois, se te gloriares, sabe que não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, talvez: "Os ramos foram cortados para que eu fosse enxertada". Sem dúvida! É pela incredulidade que foram cortados, ao passo que tu é pela fé que estás firme. Não te ensoberbeças, antes, teme. Se Deus não poupou os ramos naturais, bem poderá não poupar a ti. Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, bondade para contigo, suposto que permaneças fiel a essa bondade; do contrário, também tu serás cortada. E eles, se não persistirem na incredulidade, serão enxertados; pois Deus é poderoso para enxertá-los de novo. Se tu, cortada da oliveira de natureza selvagem, contra a tua natureza foste enxertada em boa oliveira, quanto mais eles, que são naturais, poderão ser enxertados na sua própria oliveira!

Palavra do Senhor.

 

Ø Honrar os ministérios a nós confiados. (música, cura e libertação, pregação, acolhida, etc.)

o   Motivar o povo com seu exemplo de vida e caminhada; "as palavras convencem, mas os testemunhos arrastam";

o   Trazer o povo para a comunidade Igreja; Efésios 2,11-22 - "Agora, porém, graças a Jesus Cristo, vós que antes estáveis longe, vos tornastes presentes, pelo sangue de Cristo."

o   Prêmio final, a ressurreição dos mortos – pois pelo sangue derramado na cruz fomos salvos;

 

Ø As podas são necessárias em nossa vida.

o   Cuidados com a vaidade, sempre tenha humildade no que faz para Deus; I Coríntios 1,31 – "... para que, como está escrito: quem se gloria, glorie-se no Senhor." *CITAR PEDRO NEGAÇÃO E AMOR*

o   Temor a Deus; respeito e reverência a Deus nosso criador;

o   A raiz é a nossa fé; a oliveira é Igreja de Jesus Cristo e nós somos os ramos; a seiva que nos alimenta é o Espírito Santo;

o   Nós fomos enxertados em Cristo pela fé, para participar de sua herança eterna. Por amor e, apesar de não merecermos, ele nos fez participantes da sua vida.

 

Ø A fé te coloca firme diante de tudo na vida.

o   Deus age com severidade, sendo justo não faz vista grossa ao seu pecado; Papa Francisco diz: "A Cristo interessa amar e não medir pecados."

o   Deus é bondoso com quem é fiel; graças são dadas por nossa fidelidade;

o   Devemos perseverar na bondade;

o   A conversão é possível pelo poder de Deus, seu amor infinito;

 

  III.          Peroração

Ø Para o nosso crescimento pessoal devemos passar pelas podas do Senhor. Vigiar para não cair em pecado. Ter fidelidade na caminhada e em tudo que a nós foi confiado. Saber que somos espelho para muitos irmãos e irmãs. Crer na bondade do Senhor e ser bom como Ele nos ensinou. Perseverar nesta bondade e aumentar sempre a nossa fé.

 

v  Leituras Bíblicas Complementares

*      Romanos 11,13-24 (Os pagãos enxertados na salvação oferecida a Israel) – Leitura principal desta pregação;

*     Efésios 2,11-22 – Pagãos e judeus reunidos pela cruz de Cristo

*     I Coríntios 1,31 – ... para que, como está escrito: quem se gloria, glorie-se no Senhor.

*     Jeremias 49,12 – Porque assim falou o Senhor: Aqueles que não deviam beber deste cálice, terão de beber. E tu? Estarias isento dele? Não, tu beberás;

*     Lucas 23,31 – "... Porque, se eles fazem isso ao lenho verde, que acontecerá ao seco?"



 


4 de agosto de 2023

O jovem é chamado a ter um espírito de ousadia!


Na nossa vida de intimidade com Deus, sempre chega um momento em que o Senhor nos pede algo a mais. Muitas vezes, nos encontramos naquele mesmo cenário da parábola do jovem rico, que vivia os mandamentos e era uma pessoa boa, mas quando o Senhor lhe pediu para dar todos os seus bens aos pobres e O seguir, aquele jovem foi embora entristecido.

Você já se encontrou na situação onde Deus te convida a fazer algo que lhe custa muito? Eu já! Quantas vezes tive medo de me entregar totalmente a Deus porque não queria que a vontade d'Ele fosse diferente da minha e me apeguei aos meus "bens", como o comodismo e o conforto, em vez de largar tudo e segui-Lo. 

Às vezes, é difícil compreender que a vontade de Deus é sempre melhor do que a nossa! O jovem rico ficou sozinho e triste porque não se entregou livremente a Deus, ele não teve a ousadia de atender ao chamado do Senhor e de aceitar a graça.

Créditos: FluxFactory by GettyImages./cancaonova.com

Um conselho para nós

E é aí que eu faço um lembrete para mim e para você, um conselho de Paulo ao jovem Timóteo: "Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de força, de amor e de moderação" (II Tm 1,7). 

Uma característica presente na vida dos apóstolos e de todos os outros santos é a ousadia. Eles tinham a coragem para pregar o Evangelho e abandonar tudo para fazer a vontade de Deus. Isso faz parte da identidade cristã.

Seguir os mandamentos, ter uma vida de oração e frequentar os Sacramentos é a base, mas não paramos nisso. Nós todos somos chamados a crer no Evangelho e, depois, anunciá-Lo a toda criatura. Somos convidados a seguir Jesus, mas carregando a nossa cruz, renunciando a nossa vontade por amor a Ele. Somos convocados a ter esse espírito de ousadia!


Sair do nosso conforto

Deus sempre vai nos pedir algo que nos custa. Muitas vezes, vai doer fazer o que Ele nos pede, porque, no início, não conseguimos enxergar os frutos que virão ao escolher à vontade d'Ele e sair do nosso conforto. Contudo, quando decidimos deixar os nossos "bens" para segui-Lo e carregar a nossa cruz, então, aos poucos, o Senhor vai nos revelando que fizemos a escolha certa, vamos percebendo que o caminho é sim frutuoso e que amadurecemos muito mais do que se tivéssemos recusado a graça. 

O Senhor nos espera! E Ele quer contar com a juventude para espalhar a Boa Nova. Ele quer jovens que tenham essa coragem, que desejem a santidade. O que está nos prendendo? O que está nos impedindo de aceitar a esse chamado? Quais são os bens que você possui e não quer desapegar?

Entregue todos esses medos a Deus e peça a graça de ter coragem para escolher a vontade d'Ele. E, aproveitando o tema da Jornada Mundial da Juventude, "Maria levantou-se e partiu apressadamente" (Lc 1,39), vamos recorrer ao maior exemplo de ousadia: Nossa Senhora! Ela não pensou duas vezes, aceitou a vontade de Deus e, apressadamente, partiu ao encontro de sua prima para servir e levar a presença de Cristo aos outros, como nós devemos fazer. 

Coragem! Encorajados pelas palavras de São João Paulo II: "Jovens de todos os continentes, não tenhais medo de ser os santos do novo milênio!", vamos juntos gastar a nossa juventude por amor a Deus!

Maria Luiza Ferreira
integrante do @thepoiint


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-jovem-e-chamado-a-ter-um-espirito-de-ousadia/


2 de agosto de 2023

O suor de sangue e a angústia de Jesus


Queridos leitores, mais uma vez convido vocês a adentrarem na profundidade do mistério da devoção ao Sangue Precioso de Jesus. Dessa vez, vamos ao ponto mais inicial de sua revelação.

Claro que, ao recordar o seu Sangue, nos remete a memória a crucifixão d'Ele, contudo a devoção deve ser pensada em toda a obra do mistério de salvação. Toda a existência de Jesus diz de sua humanidade, sofrimento e redenção. Mas, é importante notar de modo especial o mistério Pascal, ou seja, Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. 

A angústia de Jesus no Horto das Oliveiras

Pouco lembrada, mas a primeira grande maneira de meditar a Paixão de Jesus é por meio de sua experiência no Horto das Oliveiras. Ali, o Senhor viveu grande terror como ressalta o evangelista Marcos: "A minha alma está numa tristeza mortal" (Mc 14,34). Essa evidência vai se intensificando de modo sobrenatural, pois Jesus adentrava em todo o sofrimento que viveria. Mas, principalmente em toda a dor das ofensas cometidas contra o Pai, dos pecados realizados por cada um de nós. "Ele carregou sobre si as nossas culpas" (Is 53, 4-5), e por isso "caiu por terra" (Mc 14, 35) para orar. Toda a dor do mundo e de todos os tempos estava sobre Ele naquele momento, ali Ele assumiria a sua missão mais difícil e assim mais angustiante.

Créditos: inhauscreative by GettyImages.

Diante de tamanho sofrimento e angústia, o evangelista Lucas relata o detalhe essencial: "Cheio de angústia, orava com mais insistência, e seu suor tornou-se como espessas gotas de sangue que caíam por terra" (Lc 22,44). O Sangue precioso de Jesus começa a ser derramado por nós. As vestes de Jesus foram encharcadas daquele suor misturado em sangue. Toda a sua roupa banhada de angústia e pavor expressas fisicamente em sangue. De tamanha quantidade, Lucas diz que caíram por terra, banharam a terra que estava debaixo de Jesus. Tamanho mistério de Amor!


Ele demostrou seu amor e veracidade de sua existência

O Sangue derramado é o sinal da vida sendo entregue, da vida sendo ofertada. Assim como no Antigo Testamento se ofertava o Sangue de animais, Jesus ali estava se ofertando em prol dos nossos pecados e para a remissão deles diante do Pai. Imagine quanta dor Ele viveu naquele momento para fazer suar sangue… No entanto, Ele poderia esquivar-se da dor recordando a glória celeste, porém, escolheu sentir o auge que um homem poderia suportar. Para além da normalidade humana, a fim de demonstrar seu amor e a veracidade de sua existência na carne, encarnado.

Diante de todo esse mistério, só podemos recorrer ao seu Sangue com gratidão e devoção. Com toda a certeza de que tudo o que Ele viveu é em vão! É sim uma torrente de graças derramadas. Que o meu e o teu coração sejam banhados por essa Sangue que lavou a terra do Horto das Oliveiras. Desse Sangue precioso que encharcou a túnica de Jesus, que ele também nos encharque, molhe e lave toda a nossa existência! Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.

 



Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/o-suor-de-sangue-e-a-angustia-de-jesus/ 


31 de julho de 2023

O Sangue de Jesus na vida dos santos como santificador


Tema de profunda devoção e significado teológico, o Sangue de Jesus é uma expressão central na tradição cristã. Ao longo dos séculos, santos e teólogos trouxeram suas reflexões sobre essa temática, enriquecendo a compreensão e a espiritualidade em torno desse poderoso símbolo.

O Sangue de Jesus na vida dos Santos

Santo Inácio de Antioquia, um bispo e discípulo direto dos apóstolos, enfatizou, em suas cartas escritas durante sua prisão, o valor redentor e salvífico do Sangue de Jesus. Para Inácio, o derramamento do Sangue de Cristo foi um sacrifício necessário para a remissão dos pecados da humanidade.

Santo Agostinho de Hipona, um dos teólogos mais influentes da história cristã, também trouxe contribuições significativas. Agostinho destacou que o sacrifício de Jesus na cruz é uma demonstração suprema do amor e da misericórdia divinos. Ele defendeu que o Sangue de Jesus é capaz de purificar e redimir os pecadores, sendo o remédio para a humanidade.

Créditos: Pears2295 by GettyImages.

Segundo relatos, Santa Hildegarda viu uma imagem de Jesus Crucificado e percebeu que Seu Corpo e Sangue eram como raios de luz divina. Ela descreveu que o Sangue de Jesus brilhava intensamente, irradiando amor e misericórdia. Em sua visão, ouviu uma voz celestial que lhe explicou o significado do Sangue de Jesus. Ela relatou que o Sangue derramado por Jesus na cruz era o Sangue da nova aliança, símbolo do amor e da redenção divina. Hildegarda de Bingen o considerava como uma força vital, capaz de curar e purificar a humanidade. Ela enfatizava que o Sangue d'Ele tinha o poder de transformar corações e renovar a alma, trazendo salvação e reconciliação com Deus. Ela foi inspirada a compartilhar essa visão em seus escritos e composições musicais.

Santo Tomás de Aquino, conhecido por sua abordagem filosófica e teológica sistemática, tratou da presença real de Jesus na Eucaristia. Para Aquino, o Sangue de Jesus presente na Eucaristia é um sinal da nova aliança estabelecida por Jesus. Ele o considerava um símbolo do amor de Jesus e uma fonte de vida espiritual para os fiéis.


Um caminho para a purificação e união com Deus

Outra figura marcante é Santa Catarina de Sena, mística, teóloga e doutora da Igreja. Catarina teve uma profunda experiência mística e desenvolveu uma fervorosa devoção ao Sangue de Jesus. Ela enfatizou a união mística com Cristo e a importância do sangue como símbolo do sacrifício redentor. Para Catarina, a devoção ao Sangue de Jesus era um caminho para a purificação e a união com Deus.

Mais recentemente, São João Paulo II, carismático Papa da Igreja Católica, também expressou sua devoção ao Sangue de Cristo. João Paulo II enfatizou que ele é um sinal do amor e da misericórdia divinos. Para ele, o Sangue de Jesus representa uma fonte de graça, cura e reconciliação com Deus.

Esses santos e teólogos, por meio de suas reflexões e escritos, trouxeram luz à compreensão da devoção ao Sangue de Jesus. Suas contribuições enriqueceram a espiritualidade cristã e continuam a influenciar a compreensão teológica até os dias atuais. Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.



Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/o-sangue-de-jesus-na-vida-dos-santos-como-santificador/


26 de julho de 2023

Homem e mulher podem viver em comunhão


A comunhão de amor com que Jesus amou a sua Igreja (Efésios 5,31), assim como o do Criador com Israel o seu povo escolhido é expresso através das palavras vivas e vividas pelos esposos no leito matrimonial e depois com sua prole. "O seu vínculo de amor torna-se a imagem e o símbolo da Aliança que une Deus e o seu povo" (Familiaris Consortio).

comshalom

Essa comunhão de amor torna-se modelo perfeito a ser perseguido. Por existir amor assim tão incondicional, torna-se exigente e não se admite outra forma de existir se não for no plano da reciprocidade. Não há espaço para abjurações temporais, pois o amor de Deus para com seu povo é irrenunciável e não há espaço para retornos. Essa comunhão encontra no matrimônio humano uma imagem mais que perfeita. Deus nos ama como um esposo ciumento. A idolatria é prostituição, a infidelidade é adultério, a desobediência à lei é abandono do amor nupcial para com o Senhor (Familiaris Consortio)

Sem amor, não há nada

Como nos diz a encíclica Redenptor hominis "O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e sua vida é destituída de sentido, se não for revelado o amor… se não o torna algo próprio" Sendo assim, a família tem como primeira tarefa mostrar ao mundo a realidade para qual ela foi pensada por Deus e a exemplo das primeiras comunidades cristãs, que eram reconhecidas visualmente pelo seu amor recíproco, explicitar seu "princípio interior, força permanente e meta última e dever que é o amor" (Familiares Consortio). Uma autêntica comunhão de amor humana e eclesial.

A igreja renasce em cada família que se forma e é reconstruída a cada dia mediante a regeneração do batismo dos filhos e sua educação da fé. A Família assim é constituída como o lugar natural onde à pessoa humana é inserida na grande família da Igreja, é edificada por ela e reciprocamente torna-se partícipe de sua eficácia salvífica.

Assim como a Igreja expressa à comunhão indivisível entre seus membros e sua cabeça que é Cristo. Também a família, Homem e mulher podem e deve viver essa mesma comunhão. Além de fazer ver a sua complementariedade natural, a família deve ter um projeto de vida sobrenatural confirmando assim a perfeição do sacramento e sua plena eficácia. Longe da tempestade de ideias e conceitos exteriores que tentam impor modelos, que não poucas vezes nos deixam atônitos e surpresos com tamanha criatividade, devemos nos ater ao princípio primeiro de nossa criação. Não somos inimigos nem diferentes e sim complementares, um só corpo e um só Espírito.

O Espírito Santo deve ser o autor da comunhão entre aquela família, corpo de Cristo, e o Próprio Cristo cabeça dessa mesma família. Não só uma comunhão sobrenatural, mas comunhão de corações, inteligências e vontade das almas esposas. "Aqueles que têm desejos espirituais profundos, não devem sentir que a família os afasta do crescimento na vida do Espírito, mas é um percurso de que o Senhor se serve para os levar às alturas da união mística" (Amoris Laetitia).

Claudio Viana
Consagrado Comunidade Shalom casado


Fonte: https://comshalom.org/homem-e-mulher-podem-viver-em-comunhao/