2 de agosto de 2023

O suor de sangue e a angústia de Jesus


Queridos leitores, mais uma vez convido vocês a adentrarem na profundidade do mistério da devoção ao Sangue Precioso de Jesus. Dessa vez, vamos ao ponto mais inicial de sua revelação.

Claro que, ao recordar o seu Sangue, nos remete a memória a crucifixão d'Ele, contudo a devoção deve ser pensada em toda a obra do mistério de salvação. Toda a existência de Jesus diz de sua humanidade, sofrimento e redenção. Mas, é importante notar de modo especial o mistério Pascal, ou seja, Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. 

A angústia de Jesus no Horto das Oliveiras

Pouco lembrada, mas a primeira grande maneira de meditar a Paixão de Jesus é por meio de sua experiência no Horto das Oliveiras. Ali, o Senhor viveu grande terror como ressalta o evangelista Marcos: "A minha alma está numa tristeza mortal" (Mc 14,34). Essa evidência vai se intensificando de modo sobrenatural, pois Jesus adentrava em todo o sofrimento que viveria. Mas, principalmente em toda a dor das ofensas cometidas contra o Pai, dos pecados realizados por cada um de nós. "Ele carregou sobre si as nossas culpas" (Is 53, 4-5), e por isso "caiu por terra" (Mc 14, 35) para orar. Toda a dor do mundo e de todos os tempos estava sobre Ele naquele momento, ali Ele assumiria a sua missão mais difícil e assim mais angustiante.

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Diante de tamanho sofrimento e angústia, o evangelista Lucas relata o detalhe essencial: "Cheio de angústia, orava com mais insistência, e seu suor tornou-se como espessas gotas de sangue que caíam por terra" (Lc 22,44). O Sangue precioso de Jesus começa a ser derramado por nós. As vestes de Jesus foram encharcadas daquele suor misturado em sangue. Toda a sua roupa banhada de angústia e pavor expressas fisicamente em sangue. De tamanha quantidade, Lucas diz que caíram por terra, banharam a terra que estava debaixo de Jesus. Tamanho mistério de Amor!


Ele demostrou seu amor e veracidade de sua existência

O Sangue derramado é o sinal da vida sendo entregue, da vida sendo ofertada. Assim como no Antigo Testamento se ofertava o Sangue de animais, Jesus ali estava se ofertando em prol dos nossos pecados e para a remissão deles diante do Pai. Imagine quanta dor Ele viveu naquele momento para fazer suar sangue… No entanto, Ele poderia esquivar-se da dor recordando a glória celeste, porém, escolheu sentir o auge que um homem poderia suportar. Para além da normalidade humana, a fim de demonstrar seu amor e a veracidade de sua existência na carne, encarnado.

Diante de todo esse mistério, só podemos recorrer ao seu Sangue com gratidão e devoção. Com toda a certeza de que tudo o que Ele viveu é em vão! É sim uma torrente de graças derramadas. Que o meu e o teu coração sejam banhados por essa Sangue que lavou a terra do Horto das Oliveiras. Desse Sangue precioso que encharcou a túnica de Jesus, que ele também nos encharque, molhe e lave toda a nossa existência! Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.

 



Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/o-suor-de-sangue-e-a-angustia-de-jesus/ 


31 de julho de 2023

O Sangue de Jesus na vida dos santos como santificador


Tema de profunda devoção e significado teológico, o Sangue de Jesus é uma expressão central na tradição cristã. Ao longo dos séculos, santos e teólogos trouxeram suas reflexões sobre essa temática, enriquecendo a compreensão e a espiritualidade em torno desse poderoso símbolo.

O Sangue de Jesus na vida dos Santos

Santo Inácio de Antioquia, um bispo e discípulo direto dos apóstolos, enfatizou, em suas cartas escritas durante sua prisão, o valor redentor e salvífico do Sangue de Jesus. Para Inácio, o derramamento do Sangue de Cristo foi um sacrifício necessário para a remissão dos pecados da humanidade.

Santo Agostinho de Hipona, um dos teólogos mais influentes da história cristã, também trouxe contribuições significativas. Agostinho destacou que o sacrifício de Jesus na cruz é uma demonstração suprema do amor e da misericórdia divinos. Ele defendeu que o Sangue de Jesus é capaz de purificar e redimir os pecadores, sendo o remédio para a humanidade.

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Segundo relatos, Santa Hildegarda viu uma imagem de Jesus Crucificado e percebeu que Seu Corpo e Sangue eram como raios de luz divina. Ela descreveu que o Sangue de Jesus brilhava intensamente, irradiando amor e misericórdia. Em sua visão, ouviu uma voz celestial que lhe explicou o significado do Sangue de Jesus. Ela relatou que o Sangue derramado por Jesus na cruz era o Sangue da nova aliança, símbolo do amor e da redenção divina. Hildegarda de Bingen o considerava como uma força vital, capaz de curar e purificar a humanidade. Ela enfatizava que o Sangue d'Ele tinha o poder de transformar corações e renovar a alma, trazendo salvação e reconciliação com Deus. Ela foi inspirada a compartilhar essa visão em seus escritos e composições musicais.

Santo Tomás de Aquino, conhecido por sua abordagem filosófica e teológica sistemática, tratou da presença real de Jesus na Eucaristia. Para Aquino, o Sangue de Jesus presente na Eucaristia é um sinal da nova aliança estabelecida por Jesus. Ele o considerava um símbolo do amor de Jesus e uma fonte de vida espiritual para os fiéis.


Um caminho para a purificação e união com Deus

Outra figura marcante é Santa Catarina de Sena, mística, teóloga e doutora da Igreja. Catarina teve uma profunda experiência mística e desenvolveu uma fervorosa devoção ao Sangue de Jesus. Ela enfatizou a união mística com Cristo e a importância do sangue como símbolo do sacrifício redentor. Para Catarina, a devoção ao Sangue de Jesus era um caminho para a purificação e a união com Deus.

Mais recentemente, São João Paulo II, carismático Papa da Igreja Católica, também expressou sua devoção ao Sangue de Cristo. João Paulo II enfatizou que ele é um sinal do amor e da misericórdia divinos. Para ele, o Sangue de Jesus representa uma fonte de graça, cura e reconciliação com Deus.

Esses santos e teólogos, por meio de suas reflexões e escritos, trouxeram luz à compreensão da devoção ao Sangue de Jesus. Suas contribuições enriqueceram a espiritualidade cristã e continuam a influenciar a compreensão teológica até os dias atuais. Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.



Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/o-sangue-de-jesus-na-vida-dos-santos-como-santificador/


26 de julho de 2023

Homem e mulher podem viver em comunhão


A comunhão de amor com que Jesus amou a sua Igreja (Efésios 5,31), assim como o do Criador com Israel o seu povo escolhido é expresso através das palavras vivas e vividas pelos esposos no leito matrimonial e depois com sua prole. "O seu vínculo de amor torna-se a imagem e o símbolo da Aliança que une Deus e o seu povo" (Familiaris Consortio).

comshalom

Essa comunhão de amor torna-se modelo perfeito a ser perseguido. Por existir amor assim tão incondicional, torna-se exigente e não se admite outra forma de existir se não for no plano da reciprocidade. Não há espaço para abjurações temporais, pois o amor de Deus para com seu povo é irrenunciável e não há espaço para retornos. Essa comunhão encontra no matrimônio humano uma imagem mais que perfeita. Deus nos ama como um esposo ciumento. A idolatria é prostituição, a infidelidade é adultério, a desobediência à lei é abandono do amor nupcial para com o Senhor (Familiaris Consortio)

Sem amor, não há nada

Como nos diz a encíclica Redenptor hominis "O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e sua vida é destituída de sentido, se não for revelado o amor… se não o torna algo próprio" Sendo assim, a família tem como primeira tarefa mostrar ao mundo a realidade para qual ela foi pensada por Deus e a exemplo das primeiras comunidades cristãs, que eram reconhecidas visualmente pelo seu amor recíproco, explicitar seu "princípio interior, força permanente e meta última e dever que é o amor" (Familiares Consortio). Uma autêntica comunhão de amor humana e eclesial.

A igreja renasce em cada família que se forma e é reconstruída a cada dia mediante a regeneração do batismo dos filhos e sua educação da fé. A Família assim é constituída como o lugar natural onde à pessoa humana é inserida na grande família da Igreja, é edificada por ela e reciprocamente torna-se partícipe de sua eficácia salvífica.

Assim como a Igreja expressa à comunhão indivisível entre seus membros e sua cabeça que é Cristo. Também a família, Homem e mulher podem e deve viver essa mesma comunhão. Além de fazer ver a sua complementariedade natural, a família deve ter um projeto de vida sobrenatural confirmando assim a perfeição do sacramento e sua plena eficácia. Longe da tempestade de ideias e conceitos exteriores que tentam impor modelos, que não poucas vezes nos deixam atônitos e surpresos com tamanha criatividade, devemos nos ater ao princípio primeiro de nossa criação. Não somos inimigos nem diferentes e sim complementares, um só corpo e um só Espírito.

O Espírito Santo deve ser o autor da comunhão entre aquela família, corpo de Cristo, e o Próprio Cristo cabeça dessa mesma família. Não só uma comunhão sobrenatural, mas comunhão de corações, inteligências e vontade das almas esposas. "Aqueles que têm desejos espirituais profundos, não devem sentir que a família os afasta do crescimento na vida do Espírito, mas é um percurso de que o Senhor se serve para os levar às alturas da união mística" (Amoris Laetitia).

Claudio Viana
Consagrado Comunidade Shalom casado


Fonte: https://comshalom.org/homem-e-mulher-podem-viver-em-comunhao/





23 de julho de 2023

É preciso renunciar a todas as tentações do maligno


Quando falamos em renunciar, muitas palavras vêm ao nosso coração. O que devo renunciar? A quem devo renunciar? Sabemos que renunciar é recusar alguma coisa ou alguém, é rejeitar, abandonar, abdicar, negar-se ao direito de ter tal coisa ou condição, ou seja, é abrir mão de algo que é seu ou que poderia ser seu.

O próprio Cristo nos ensina que quem quiser segui-Lo precisa renunciar a si mesmo e tomar a Sua cruz. Todo cristão autêntico é chamado a separar-se do mundo, não ir a favor das coisas do mundo, fazer a diferença. Mas é necessário saber realmente o que devemos dizer, ter a certeza de que sabemos o que queremos dizer (ou melhor, o que Deus quer dizer) com a palavra mundo. Provavelmente, o nosso significado será de algo apenas externo, e assim, deixamos de captar o seu verdadeiro significado.

Renunciar às coisas profanas e do mundo

Todos os que ainda estiverem, de alguma maneira, envolvidos ou presos a essas coisas, isto é, às práticas profanas e carnais, ainda vivem o velho homem dentro deles, e ainda são escravos do pecado, ainda não renunciaram a si mesmos. Abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação, furto, mentira, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, corrupção, calunia, difamação, bebidas alcoólicas, dissoluções, concupiscência dos olhos e a soberba da vida, piadas, jogos de cartas, jogo de azar, caloteiro (Ef 4,29; Sal 37,21).

É preciso renunciar a todas as tentações do maligno

Créditos: by Getty Images / PeteWill/cancaonova.com

Oração de Descontaminação

Pelo Sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Eu, em nome de Jesus Cristo, ordeno que saia de mim todo espírito de contaminação. Eu, em nome de Jesus Cristo, corto de mim toda contaminação espiritual, toda fúria do demônio, toda seta e todos os dardos inflamados do inimigo. Eu, em nome de Jesus Cristo, te proíbo de tocar em mim. Eu, em nome de Jesus Cristo, corto de mim toda maldição, todo jugo hereditário negativo.

Eu me lavo agora, juntamente com todos os meus, no Sangue de Jesus. Eu me escondo, agora, sob a proteção do Altíssimo, e tomo posse do poder do Espírito Santo. E me abrigo, agora, sob o Manto protetor da Virgem Maria, da sua intercessão e da intercessão de todos os Anjos e Santos. Amém.

O Sangue de Cristo que lave e liberte, me lave e liberte e cubra com o seu poder a nós e nossas famílias. (Três vezes)
A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão o meu guia. Retira-te, Satanás. Nunca me aconselhes coisas vãs. É mau o que me ofereces. Bebe tu mesmo teu próprio veneno.

Pelo Sinal da Santa Cruz, livrai-nos, Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. Creio em Deus Pai…


Trecho extraído do livro "Minha família está protegida pelo Sangue de Jesus" do Padre Bruno Costa


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-e-libertacao/e-preciso-renunciar-a-todas-as-tentacoes-do-maligno/


19 de julho de 2023

O escapulário como sinal dos Carismas Carmelitanos


O escapulário é um sinal de devoção mariana consagrado a Santíssima Virgem Maria por meio da inscrição na Ordem Carmelita. À exemplo de Maria, quem recebe o escapulário se coloca como servo do Senhor [1]. O uso do escapulário realça a devoção à Maria, confiantes na proteção de mãe, verdadeiramente acolhida como fez o discípulo amado [2]. Pela sua simplicidade e expressão de espiritualidade, a devoção ao escapulário foi profundamente recebida pelo povo de Deus, encontrando, na Liturgia, a Memória da Bem-aventurada Virgem do Monte Carmelo, celebrada no Calendário Universal da Igreja em 16 de julho.

Historicamente, a devoção ao escapulário de Nossa Senhora do Carmo teve início com a visão de São Simão Stock, entre os anos 1230-1250, período em que a Ordem do Carmo atravessava uma fase difícil. Desde o ano de 1332, a festa de Nossa Senhora do Carmo é celebrada no dia 16 de julho, sendo estendida pelo Papa Bento XIII à Igreja no mundo todo em 1726. O Santo Papa João Paulo II explica que o escapulário é sinal da proteção contínua da Virgem Santíssima e da consciência de que a devoção a Ela não se limita a orações e graças em sua honra, mas deve constituir um hábito, isto é, um ponto de referência permanente do comportamento cristão, mediante a prática frequente dos Sacramentos e o exercício concreto das obras de misericórdia espiritual e corporal.

Créditos: Sidney de Almeida by GettyImages/ cancaonova.com

O escapulário como instrumento de santificação

A Igreja reconhece o escapulário como um sacramental, ou seja, sinal sagrado por meio do qual, imitando de algum modo os sacramentos e pela oração da Igreja, se obtém efeitos principalmente de ordem espiritual. Os sacramentais são instituídos pela Igreja com vista à santificação de certos ministérios, de certos estados de vida, de circunstâncias muito variadas da vida cristã, bem como do uso de coisas úteis ao homem, como se encontra no Catecismo da Igreja Católica (1668). O Santo Papa João Paulo II ensina que, no sinal do escapulário, evidencia-se uma eficaz espiritualidade mariana, que alimenta a devoção dos crentes, tornando-os sensíveis à presença amorosa da Virgem Mãe nas suas vidas.


Em sua forma tradicional (ainda hoje usada pelos carmelitas), o escapulário é um avental colocado sobre as escápulas (ombros) para não sujar a túnica durante o trabalho. Por questões de praticidade, difundiu-se entre os leigos devotos de Nossa Senhora do Carmo a prática de usar uma forma menor do escapulário, representado por um pedaço de tecido com as estampas de Nossa Senhora do Carmo, de um lado, e do Sagrado Coração de Jesus do outro. Segundo o Rito próprio, para a bênção e imposição deve ser usado o escapulário do Carmo na sua forma tradicional (tecido), só depois podendo ser substituído por uma medalha (correntinha).

Com a intercessão da Nossa Senhora do Carmo, seja santo

O Santo Papa João Paulo II, não à toa tão mencionado nesse artigo, já afirmou que levava, no coração, desde há muito tempo, o escapulário do Carmo. O Pontífice esclareceu que o escapulário vincula quem o veste aos membros da Ordem carmelitana, para que seja reconhecido pelo dom recebido e se conserve fiel aos deveres que derivam desse carisma. O Santo Papa pediu que não se contentem com uma prática cristã superficial, mas correspondam ao apelo de Cristo, que chama os seus discípulos a serem perfeitos, como é perfeito o Pai celestial [3]. Peçamos a proteção materna da Virgem Maria, Mãe e Adorno do Carmelo, para caminharmos com fidelidade ao serviço das boas-obras essenciais para a vida cristã. Que assim seja!

Citações do texto bíblico
[1] (Lc 1, 38); [2] (Jo 19, 27); [3] (Mt 5, 48).

Referências

BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.

CARMELITAS. Site oficial da Província Carmelitana Fluminense, da Ordem do Carmo,
que abrange os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Distrito
Federal, Tocantins e Rio Grande do Sul. Disponível em: https://carmelitas.org.br/

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. In textos fundamentais. Arquivo do Vaticano.

JOÃO PAULO II. Mensagem à Ordem do Carmelo por ocasião da dedicação do ano
2001 à Virgem Maria. Vaticano, 25 mar. 2001.

JOÃO PAULO II. Mensagem ao Prior-Geral da Ordem dos Carmelitas. Vaticano, 7 out.
2002.



Luis Gustavo Conde

Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos; palestrante focado na doutrina cristã; advogado, tecnólogo e professor. Dúvidas, sugestões e agendamento de formações: luisguconde@gmail.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/o-escapulario-como-sinal-dos-carismas-carmelitanos/


17 de julho de 2023

Segundo a Bíblia, a missão masculina é uma missão sacrificial


Não obstante suas fraquezas, limites e humanidade, o homem é chamado por Deus à nobreza do sacrifício, tornando-se um verdadeiro dom para aqueles que com ele dividem a vida. Na carta aos Efésios 5,25, o texto sagrado nos diz: "Homens, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela". E a subsequente pergunta é a seguinte: como Cristo amou a Igreja? Resposta: Sacrificando-se e entregando-se por ela, ou seja, dando integralmente sua vida para que ela fosse fecunda e encontrasse redenção.

O amor de Cristo foi um amor de sacrifício, de uma doação concreta de vida por uma nobre finalidade, e a missão do homem (sobretudo em relação a sua família) passará inevitavelmente por este viés.

Como disse o Beato Pier Giorgio Frassati: "Viver sem fé e sem um nobre patrimônio para defender, sem uma luta constante pela verdade, isto não é viver, é apenas existir". Estaremos você e eu apenas existindo ou realmente vivendo? Estamos vivendo nossa fé e missão como homens cheios de vida? Lembrem-se das famosas palavras do Papa Emérito Bento XVI: "Não fostes criados para a comodidade, mas para a grandeza". Qualquer grandeza como homens depende deste sacrifício de si e desta luta por ser melhor (pela santidade). O que precisamos é coragem, segurança e humilde confiança nos recursos infinitos de Deus.

O homem deve deixar o egoísmo

Segundo a Sagrada Escritura, o homem é chamado ao sacrifício de um amor generoso, e não a um egocentrismo que o torne refém da busca de um prazer hedonista (e egoísta). Ele é vocacionado por Deus ao sacrifício do renunciar a si mesmo e as suas más tendências todos os dias, para então honrar seus compromissos e cumprir sua missão, cuidando efetivamente das pessoas e realidades que na vida Deus lhe confiou.

Segundo a Bíblia, a missão masculina é uma missão sacrificial

Créditos: Duncan_Andison by GettyImages/cancaonova.com

Ele é chamado à disciplina com relação a si mesmo e ao sacrifício corajoso de si pelo bem dos seus. Ele é vocacionado em toda a Escritura a sacrificar-se para realizar integralmente sua missão. Contudo, a Bíblia o convida ao sacrifício sensato de si, mas não (é claro) ao masoquismo. Masoquismo é um sofrimento sem sentido nem nobreza (pelas causas e motivos errados), já o autossacrifício consciente é a feliz atitude de se entregar pelo bem de uma realidade que realmente nos foi confiada (e que é digna), pela qual nos responsabilizamos e ofertamos nossa vida para cuidar. O ato de se sacrificar conscientemente por uma missão e ideal dá sentido à razão de ser do homem e lhe confere uma alegria muito singular.

O homem não deve ter medo de viver o sacrifício necessário pelo bem dos seus e daquilo que ele acredita (sobretudo por sua família e sua fé): ele precisa cultivar a viril disposição para sacrificar-se cotidianamente no cuidado, no amor, na paciência, no trabalho, na perseverança, na oração, muitas vezes no silêncio e na espera em favor de sua missão e pelo bem de sua família.

O maior exemplo é Cristo

Homem de verdade, segundo a Bíblia, é aquele que tem visão espiritual e sabe que sua entrega de cada dia (no trabalho, no autodomínio, na paciência, no cuidado para com os seus) está gerando frutos de vida e redenção para sua família, e que, impulsionado por um viril amor, se entrega para ser para os seus aquilo que a Bíblia o vocaciona a ser: um outro Cristo. Alguém que se doa inteiramente no sacrifício de cada dia sem "se economizar", a fim de gerar frutos de vida e fecundidade para os seus.

Homem maduro, segundo a Sagrada Escritura, é aquele que não é narcisista nem fica pensando apenas em seus próprios interesses, mas é aquele que se oferta e se entrega por uma causa que lhe é superior. É aquele que, quando só tem uma vaga no carro, vai de ônibus, para que sua mulher e sua filha possam ir de carro. É aquele que, quando necessário, levanta-se de madrugada para levar o filho ou outro familiar para o hospital. É aquele que fica sem dormir ou comer, se necessário, para cuidar e alimentar os seus.

É aquele que cuida da esposa doente, que ajuda nas tarefas de casa (na louça, na limpeza etc.), que se envolve na educação dos filhos, que sabe "segurar a onda" e consegue ficar sem sexo durante (e após) a gravidez da esposa e nos períodos do seu resguardo, que trabalha em dois (ou mais) trabalhos, se necessário; enfim, que se sacrifica pelos seus sem medo e não fica olhando apenas para as próprias necessidades.


À semelhança do sacrifício de Jesus, o realmente viril, segundo a Escritura, é aquele que entrega sua vida gradativamente (no sacrifício e na renúncia de cada dia) para que outros tenham vida, saúde e se salvem (cf. Mc 9,35). Não faz parte da masculinidade bíblica uma fragilidade excessiva e egocêntrica, ou um narcisismo preguiçoso que faça com que o homem olhe apenas para o próprio umbigo. Ser homem, segundo a Escritura Sagrada, é ter uma constante disposição ao sacrifício do próprio tempo, habilidades, do prazer pessoal e até da própria vida (se necessário), entrega essa que é sempre valorosa e inteligente, pois é feita com amor realmente másculo e com um sentido de fé.

É claro que este sacrifício precisa ser sábio e sensato, e não camicase e irrefletido. Sacrificar-se não significa ser imprudente, colocando em risco a própria saúde, segurança e a própria vida, o que deixaria a família (em virtude de uma morte ou invalidez) ausente do cuidado e da proteção deste homem em questão. Não é apenas um autonegar-se de maneira insensata, ao contrário, significa possuir-se e ser inteiro (sabendo cuidar de si e investir nos próprios talentos) para, exatamente por isso, tornar-se capaz de direcionar tudo para um sacrifício sincero de autodoação e cuidado para com os seus e no exercício da missão que lhe foi confiada.

É claro que o homem pode ter momentos de fragilidade e fraqueza (como já afirmei), isso é humano e natural. Todavia, não faz parte de sua constituição e chamado escolher morar na fragilidade e no coitadismo, fazendo-se sempre de vítima e fraco diante dos infortúnios da vida. O homem precisa ser um constante lutador, que não desiste diante dos problemas nem foge diante dos sacrifícios que lhe são requeridos por sua missão.

Homem, Deus está contigo

Não diz da natureza masculina uma fragilidade e autoproteção excessivas, e tal realidade contradiz o chamado de todo homem a partir do ensinamento da Sagrada Escritura, pois todo homem deve assumir para si o que disse Deus a Josué no capítulo 1, versículo 9, de seu livro: "Isto é uma ordem: sê firme e corajoso. Não te atemorizes, não tenhas medo, porque o Senhor está contigo em qualquer parte para onde fores!".

Ali, Josué estava para assumir uma grande e desafiante missão: a de substituir o grande Moisés e introduzir o povo de Deus na Terra Prometida, e, diante do medo e da insegurança que aquela situação poderia evocar, Deus dá a Ele essa ordem, direcionando-o para a bravura e com compromisso com sua missão. É claro que Deus lhe assegurou que estaria sempre com Ele; contudo, ordenou para que Ele não olhasse para trás nem se comparasse com os outros, ao contrário, disse a Ele: "Ordeno-te que seja forte e corajoso, e que enfrente sua missão como um homem disposto ao sacrifício de si".

É evidente que será sempre desafiante viver esse tipo de entrega sacrificial, que doa integralmente a própria vida para salvar e cuidar do outro (sobretudo da própria família), mas a ideia e noção psicológica deste tipo de entrega estão associadas ao masculino em toda a Escritura. Além de que, como já apresentamos, essas virtudes e este tipo de postura estarem, historicamente, ligados à identidade masculina.

Sempre cuidar e defender

Deus enxerga cada homem como um "valente guerreiro" (Jz 6,12) vocacionado à bravura do sacrifício, e, como Ele mesmo ordenou a Gideão, também determina hoje a você, querido irmão: "Vai com essa força que tens e livra Israel (os seus) dos medianitas (dos inimigos). Porventura, não sou eu que te envio?" (Jz 6,14). E, ainda: "Eu estou contigo, valente guerreiro!" (Jz 6,12).

Há algum tempo aconteceu, em um pequeno país ocidental, uma manifestação pública na qual os homens exigiam o direito de serem sempre frágeis e de serem constantemente cuidados por suas esposas, e alguns deles exigiam até mesmo o "direito" de, por exemplo, colocar a esposa ou a namorada na frente do ladrão quando este fosse atirar, ao invés de defendê-la e protegê-la, sacrificando-se por ela. Achei curioso este tipo de manifesto por parte de tais homens, e afirmo que isso não tem nada a ver com a missão e vocação do homem segundo a Bíblia, pois, mesmo não tendo que ser um macho glutão e rude, o homem é, sem sombra de dúvida, chamado ao amor-sacrifício em toda a Escritura Sagrada, e a sua real virilidade consistirá no entregar-se até as últimas consequências para cuidar e defender os seus.

A fragilidade faz parte, mas não é a vocação do homem

Este tipo de responsabilidade e missão não devem tornar o homem amargo e sobrecarregado, ao contrário, pois ele não está sozinho para cumprir sua vocação visto que tem sua família ao seu lado e, sobretudo, o próprio Cristo (que é o homem que Se autossacrifica por excelência) para fortalecê-Lo e guiá-lo em tudo na concretização de seu propósito de vida e em sua missão.

Mais uma vez afirmo: o homem tem, sim, o direito de ter momentos de fragilidade e deve sim ser sensível (do jeito masculino, é claro), contudo, ele precisa sempre cultivar a resiliência e a disposição de alguém que se percebe vocacionado ao sacrifício de amor, e que por isso necessita sempre estar pronto a entregar a própria vida pelos seus e por aquilo que ele crê.

Trecho extraído do livro "Curar e Restaurar O Masculino : Uma Jornada pela Cura da Masculinidade" do padre Adriano Zandoná.



Padre Adriano Zandoná

Padre Adriano Zandoná é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em Filosofia e Teologia, tem seis livros publicados: Construindo a Felicidade, Curar-se para ser Feliz, Conquistando a Liberdade Interior, 7 Passos para Restaurar sua Família, A Cura da Alma Feminina e Como Controlar e Vencer a Ansiedade. Dois quais 2 foram traduzidos para o inglês. Gravou quatro CDs pela Gravadora Canção Nova. Apresenta o programa Para ser Feliz ao vivo pela TV Canção Nova (em rede nacional), todas as terças às 20h. É membro da Direção Artística da TV Canção Nova, em Cachoeira Paulista.

Twitter: @peadrianozcn
Facebook: PadreAdrianoZandonaOficial
Instagram: @padreadrianozandona


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/segundo-a-biblia-a-missao-masculina-e-uma-missao-sacrificial/


14 de julho de 2023

Você sabe o que são as Obras de Misericórdia?


O que seriam elas? O Catecismo da Igreja Católica explica que "as obras de misericórdia são as ações caridosas pelas quais vamos, em ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais" (CIC 2447). Por isso são tão importantes para a vida cristã.

O pecado traz consigo as penas temporais, as consequências do que fazemos de errado no nosso corpo e na nossa alma. Dessa forma, o cristão deve esforçar-se por aceitar, como uma graça, suportando pacientemente os sofrimentos e as provações de toda a espécie, e chegada a hora, enfrentar serenamente a morte: Assim, deve aplicar-se através de obras de misericórdia e de caridade, bem como pela oração e pelas diferentes práticas da penitência, a despojar-se completamente do "homem velho" e a revestir-se do "homem novo" (CIC 1473).

Créditos: sticker2you by GettyImages

As obras corporais

São sete as obras corporais que se relacionam ao resgate imediato daqueles que sofrem. São atos que nos levam a ajudar os mais necessitados. Ou seja, atos corporais, concretos, materiais. A seguir, estão citados:

  • Dar de beber;
  • Dar de comer;
  • Vestir aqueles que precisam;
  • Visitar os doentes;
  • Enterrar os mortos;
  • Dar hospedagem;
  • Visitar os presidiários.

As obras Espirituais

As obras espirituais também são sete e relacionam-se com o nosso espírito. Elas são um socorro para as almas e tendem a direcioná-las no bom caminho ou até mesmo curá-las. Ou seja, são para o bem da nossa alma e a do próximo. A seguir, vejamos quais são elas:

  • Dar bom conselho;
  • Ensinar os ignorantes;
  • Corrigir os errantes;
  • Consolar os aflitos;
  • Perdoar as injúrias;
  • Sofrer as fraquezas do próximo com paciência;
  • Rezar pelos vivos e mortos.

Oito obras de Misericórdia

No dia 1º de setembro de 2016, o Papa Francisco propôs um complemento aos dois elencos de sete obras de misericórdia, acrescentando o cuidado com a casa comum, ou seja, o zelo pela natureza como a oitava obra de misericórdia, já que cuidando do bem comum também damos saúde ao próximo e à comunidade. Interessante notar que todo o magistério do Papa está pautado nas bem-aventuranças ou obras de misericórdia, elas realmente são um caminho de espiritualidade.

Seus efeitos

A cada ato de misericórdia ocorre um efeito maravilhoso em nós e em nosso próximo de modo essencial. Assim, percebemos que é um bem para todos. Mas se olharmos de modo concreto e profundo, todo o catolicismo está pautado nessas realidades, e o caminho de santidade acontece dessa maneira. Com efeito, podemos notar as consequências a seguir:

  • Recebe-se as graças de Deus;
  • Apaga-se a pena do pecado na alma;
  • Configura-nos a Jesus;
  • Faz-nos crescer em santidade;
  • Aplica-se o reinado de Deus;
  • Socorre o próximo.


Devemos, portanto, a cada dia, introduzir esses atos em nossas vidas e modo de espiritualidade. Ser católico é viver desse modo, não há outro caminho para tal. Seria da nossa parte uma verdadeira ilusão não agir como nos aconselha a Igreja e os Santos Evangelhos. Hoje, eu convido você a se esforçar para caminhar nesse rumo, e a cada dia ir treinando e melhorando. Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos. 


 


Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/voce-sabe-o-que-sao-as-obras-de-misericordia/