12 de julho de 2023

A medalha de São Bento é a medalha da Santa Cruz


São Bento foi um homem sedento de Deus. Segundo São Gregório Magno, seu biógrafo, em tudo ele quis agradar a Deus. Colocava o amor ao Senhor sobre todas as coisas, por isso foi um homem silencioso, obediente e humilde.

A medalha de São Bento é conhecida no mundo todo, porém não foi o santo quem a cunhou. Em sua época, os sacramentais não eram comuns. Esse santo ficou muito famoso, em sua época, pelo sinal da santa cruz. Certa vez, ofereceram-lhe um cálice envenenado; quando ele traçou o sinal da cruz sobre o objeto, o cálice se partiu e dele saiu uma cobra. Outra vez, aconteceu de lhe darem um pão envenenado. Mais uma vez, ao traçar o sinal da cruz, um corvo voou em direção à sua mão e levou o pão embora.

A medalha de São Bento é a medalha da santa cruz. No século XI, na Alemanha, a esposa de um conde sonhou que um homem lhe falava, em sonho, que seu filho Bruno seria um grande homem. Tempos depois, esse mesmo rapaz ficou muito doente e viu a imagem de um homem que lhe colocava uma cruz sobre os lábios e o curava. O homem do sonho e da visão eram São Bento. A partir de então, começou a se cunhar a medalha desse santo e propagar sua devoção pelo mundo inteiro.

Imagem Institucional

O mais importante não é São Bento, mas a santa cruz

O sacramental é atribuído ao santo, porém o poder está na cruz de Cristo, temida pelo demônio, e na fé de cada cristão. O mais importante, portanto, não é São Bento, mas a santa cruz, Crux Sacra Sit Mihi Lux – "A Cruz Sagrada seja minha luz". A medalha que conhecemos hoje, com as iniciais da oração dedicada a São Bento, teve origem no mosteiro de Monte Cassino, onde São Bento viveu e seu corpo foi sepultado.

Historicamente, não há como afirmar que foi o santo o autor dessa oração inscrita na medalha. Porém, existem nela palavras que se referem à vida dele. A oração tem como centro o pedido de que a cruz de Cristo seja a luz daquela pessoa, e são as iniciais das palavras latinas que formam os versos seguintes:

C.S.P.B. : Crux Sancti Patris Benedicti – Cruz do Patriarca São Bento

Na linha vertical da cruz se lê:

C.S.S.M.L.: Crux Sacra Sit Mihi Lux – A Cruz sagrada seja minha luz

Na linha horizontal:

N.D.S.M.D.: Non Draco Sit Mihi Dux – Não seja o dragão o meu guia

Em torno da medalha:

V.R.S.: Vade Retro, Satana – Afasta-te, satanás

N.S.M.V.: Nunquam Suade Mihi Vana – Nunca me aconselhe coisas vãs

S.M.Q.L.: Sunt Mala Quae Libas – É mal o que me ofereces

I.V.B.: Ipse Venena Bibas – Beba tu dos teus venenos


Pela intercessão de São Bento, poderoso na luta contra o veneno do pecado, que Deus abençoe a cada um!

Dom Paulo Panza (OSB) 
Padre Religioso da Arquidiocese de Campinas (SP)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/a-medalha-de-sao-bento-e-a-medalha-da-santa-cruz/


10 de julho de 2023

Conheça a história da devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus


Em 1815, o padre Gaspar fundou uma nova Congregação na Igreja, chamada Missionários do Preciosíssimo Sangue. Ele se sentia mais próximo a esta devoção, intimamente ligada ao Sagrado Coração de Jesus, da qual se tornou apóstolo fervoroso. Sua piedade tinha por certo que somente o Sangue derramado por Cristo para a redenção dos homens era instrumento de conversão.

Percebendo seu zelo, o Papa Pio VII confiou à sua Congregação a missão de uma nova evangelização e restabelecer a fé nos territórios do Estado Pontifício. Na prática, ele lhe pedia para ir aonde ninguém queria e enfrentar pessoas, que ninguém queria encontrar. Gaspar e seus missionários aceitaram o pedido do Papa e enfrentaram com coragem as grandes chagas que afligiam Roma naquele tempo.

Suas habilidades de pregador alcançaram resultados extraordinários contra as sociedades secretas, consideradas forjas de um perigoso secularismo ateu. Conseguiu levar grupos inteiros para o bom caminho, desmascarando este problema oculto, a ponto de receber o apelido de "martelo dos sectários". Ficou claro a incompatibilidade entre a doutrina católica e as heresias daquele tempo.

Conheça a história da devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus

Créditos: jchizhe by GettyImages/cancaonova.com

A salvação do mundo inteiro

De modo essencial, ter devoção ao Sangue de Jesus é crer que seu sofrimento é redenção para nós. Sendo assim, essa fé se torna incompatível com outras crenças que negam o ato salvífico de Jesus na Cruz. Sua morte não foi um teatro nem mesmo em vão, mas tem grande valor de expiação para os pecados do mundo todo. Jesus é, realmente, o nosso Salvador através do derramamento de Seu sangue.

Da mesma forma, agiu contra os ladrões daquele tempo: para cumprir sua missão, no caminho entre Roma e Nápoles, armado apenas com o crucifixo e a misericórdia evangélica.  Gaspar falava e explicava a todos sobre o sangue derramado por Jesus, como sacrifício pela salvação de toda a humanidade. Assim, lentamente, conseguiu alcançar o que ninguém havia conseguido: tornar a cidade mais segura. Converteu muitos com sua pregação eloquente e fé no sacrifício redentor de Jesus Nosso Salvador. Assim, inscreveu seu nome na eternidade levando a pacificação popular.


A continuidade da devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus

Em 1834, graças à colaboração de Maria de Mattias – que havia conhecido, aos 17 anos, e à qual revelara a sua vocação -, Gaspar fundou o ramo feminino da congregação: as Irmãs Adoradoras do Preciosíssimo Sangue de Cristo. Três anos depois, Gaspar de Búfalo faleceu e foi canonizado por Pio XII em 1954. Falando sobre este santo aos participantes no Capítulo geral da Congregação, em 14 de setembro de 2001, São João Paulo II disse: "Confiante no fato de que o pedido do Papa era uma ordem de Cristo, seu Fundador não hesitou em obedecer, embora o resultado tenha sido: foi acusado de ser muito inovador. Lançando suas redes nas águas profundas e perigosas, fez uma pesca surpreendente".

Nesse contexto de heresias e violência, nasceu a devoção ao Preciosíssimo Sangue. Claro que a cruz de Cristo sempre fora objeto de reconhecimento, contudo, nesse período, sob a óptica de um grande Santo, surge a especificidade da devoção e maior propagação por parte da piedade popular. Que Deus nosso Pai nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.

Referências:

https://www.vaticannews.va/pt/santo-do-dia/10/21/s–gaspar-del-bufalo–presbitero–fundador-dos-missionarios-do-p.html (vida de São Gaspar de Búfalo).



Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/historia-da-igreja/conheca-a-historia-da-devocao-ao-preciosissimo-sangue-de-jesus/


7 de julho de 2023

São Tomé Apóstolo: tocou o lado aberto do Senhor e recebeu o choque da ressurreição


Também chamado de Dídimo, foi um dos 12 apóstolos originalmente escolhidos por Cristo. O nome dele está ligado à expressão "ver para crer", pois ele estava ausente e duvidou da ressurreição de Jesus.

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Hoje a Igreja nos recorda a vida e o testemunho de um conhecido e pouco entendido personagem, São Tomé. Este fez parte do grupo especial dos 12 Apóstolos escolhidos por Jesus (cf. Mc 3,18; Mt 10,3). Seu nome, infelizmente, tornou-se objeto de piadas e até de apelidos para pessoas desconfiadas. Vamos aqui, então, fazer um esforço de apresentar traços e outros componentes da personalidade desse grande servo de Deus. Vejamos, desse modo, como a sua noite da fé foi uma oportunidade de, mais uma vez, Jesus Ressuscitado manifestar seu poder e glória.

Origem de Tomé

Tomé era um judeu, natural da região da Galileia e, provavelmente, assim como Pedro, era também um pescador de profissão. Seu nome: Tomé ou Tomás, significa "gêmeo" e, no idioma grego, se escreve: Didymus e aparece onze vezes no Novo Testamento. Esse componente linguístico de seu nome leva os historiadores bíblicos a suporem que ele tinha um irmão gêmeo. Tomé foi um dos importantes servos que estiveram na companhia de Pedro, João e dos outros apóstolos. Por três anos, ouviu e presenciou os discursos e ações de Jesus. Após a paixão e morte do Senhor, ele foi também um dos abençoados pelo derramamento do Espírito Santo na manhã de Pentecostes (cf. Jo 20,19-23).

Ardor missionário

Há indícios e relatos de que, após a Ressurreição, Ascensão de Jesus e de Pentecostes, tenha partido cheio de ardor e parresia para a Índia. Ali, consumiu sua vida, empenhando esforços para que mais corações pudessem, como ele, tocar o lado aberto do Senhor. Tomé, com certeza, representa a cada um de nós quando passamos por momentos de dúvida ou mesmo de provações. Para recordar, leia essa passagem, mergulhe no estado emocional e nas suspeitas de seu coração:

"Tomé, chamado Dídimo, que era um dos 12, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: 'Vimos o Senhor!' Mas Tomé disse-lhes: 'Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei'. Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: 'A paz esteja convosco'. Depois disse a Tomé: 'Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel'. Tomé respondeu: 'Meu Senhor e meu Deus!' Jesus lhe disse: 'Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!'" (Jo 20,24-29).

Testemunha de vida, onde só havia morte

Viu só? Sua experiência de vacilo na confiança acaba nos ajudando a entender que Deus tem paciência com os mais frágeis. Mas ensina também como devemos ser dóceis e rendidos, quando essa verdade se apresenta. Talvez você que lê essa breve biografia desse servo, viva também como ele, momentos de dúvidas, medos e incertezas. Se junte a mim! Peçamos a Deus por intercessão de São Tomé Apóstolo, um batismo na misericórdia. Que essa graça, possa dissipar toda sombra de dúvidas e suspeitas do poder de Deus, que faz brotar vida, onde, aos olhos do mundo, só existe escuridão e morte.

São Tomé Apóstolo, rogai por nós.


Fonte: https://comshalom.org/sao-tome-apostolo-tocou-o-lado-aberto-do-senhor-e-recebeu-o-choque-da-ressurreicao/


4 de julho de 2023

Férias: uma pausa necessária para ter a força de recomeçar


As férias sempre representam um período desejado e esperado, mas temos, até pela rotina acelerada dos nossos dias, dificuldade para conseguir efetivamente descansar nosso corpo e nossa mente. Então, como viver esse tempo da melhor forma possível?

Alguns passos podem ser dados nesse sentido:

  • Escolha algo agradável para fazer nesse tempo: talvez você não possa fazer uma longa viagem, mas existem passeios breves e até mesmo gratuitos que você possa fazer;
  • Reduzir seus acessos ao mundo virtual: o excesso de solicitações pelas redes sociais, WhatsApp e tantos meios ocupam um bom tempo em nossa vida, e a urgência em responder a esses chamados precisa ser revista na vida em geral, mas especialmente, nas férias. Deixe horários específicos para responder mensagens, selecione prioridades, faça avisos de férias e, para o caso de urgências, indique que procurem por ligação.
  • Encontre amigos, familiares, pessoas queridas: muitas vezes, nossa rotina não permite que encontremos pessoalmente quem amamos. Estabelecer contato presencial, tomar um cafezinho, passear, visitar, sempre é uma oportunidade de reestabelecer contatos agradáveis e mudar os ambientes.

Créditos: Daniel de la Hoz by GettyImages/cancaonova.com

Mais dicas:

  • Mantenha sua rotina de atividades físicas: não deixe de fazer aquilo que você faz cotidianamente. Estar em movimento ajuda nosso corpo a descansar e ter experiência com outros estímulos.
  • Se for necessário estar alerta para seu trabalho pela necessidade, combine horários nos quais você verá mensagens e as responderá.
  • Próximo da data de retorno, vá voltando aos horários de acordar e dormir, evite mudanças bruscas, pois essa alteração intensa nos horários até a véspera de voltar das férias pode ser prejudicial para qualquer idade.
  • Evite o hábito de maratonar séries por horas, mudando os estímulos e oferecendo outras coisas para seu descanso, como a música, por exemplo.
  • Se você é casado e tem filhos, dedique um tempo para conviver mais de perto com eles, caso tenha maior dificuldade em tempos de trabalho.
  • Faça artesanato, atividades manuais ou jogos de tabuleiro ou cartas com outras pessoas, dando outras possibilidades para sua mente.
  • Descanso independe de dinheiro, mas da forma como vamos organizar esse tempo de pausa, então, faça um pequeno plano.

Faça uma pausa do dia a dia

Quando temos uma rotina estabelecida, nosso cérebro automaticamente já assume horários, jeitos e formas de trabalhar. Nos primeiros dias de férias, portanto, haverá maior dificuldade para nos desligarmos disso tudo. Nosso cérebro não para nas férias, mas poder ter um ritmo diferente com coisas diferentes, que trarão outros estímulos cognitivos, é muito benéfico.


A vida não para quando saímos de férias, nem nosso cérebro, mas nós precisaremos fazer pequenos planejamentos para que tenhamos uma pausa agradável e reconfortante para nossa saúde física e mental.



Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro dos Santos é Psicóloga Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Colaboradora da Comunidade Canção Nova, reúne 20 anos de experiência profissional, atuando nas cidades de São Paulo, Lorena e Cachoeira Paulista, além do atendimento on-line para o Brasil e o Exterior. Dentre suas especializações estão Terapia Cognitivo-Comportamental, Neuropsicologia e Psicologia Organizacional. Instagram:  @elaineribeiro_psicologa 


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/ferias-uma-pausa-necessaria-para-ter-a-forca-de-recomecar/


27 de junho de 2023

Por que os gestos de fé têm se tornado tão inconvenientes?


Caro internauta, gostaria de fazer-lhe uma provocação por meio de alguns questionamentos que devem ser respondidos de maneira bastante sincera. Você, católico, em algum momento da sua vida já se sentiu envergonhado ou acuado por falar de Deus (ou em Deus)? Refiro-me àquele sentimento que gera no nosso interior pensamentos do tipo: "Se eu falar de Deus, o que ela vai pensar de mim?". Mas você já resistiu em dizer publicamente a frase "Deus abençoe você", "Deus lhe pague" ou "Graças a Deus"? Ou já se sentiu envergonhado por traçar o sinal da cruz em frente a uma Igreja? Essa inibição interior, diante dos sinais e gestos de fé, não é uma questão muito trabalhada por nós, contudo, esse movimento interior acontece muito frequentemente.

Meu propósito com esse artigo não é dizer que a falta da demonstração de fé é errado ou que é pecado nem mesmo afirmar que essa demonstração é algo importantíssimo, embora o seja. Meu objetivo é recuar um passo, olhar com certa distância para essa situação e lançar uma pergunta: você já se perguntou de onde vem essa vergonha?

Em outras palavras, acredito que não seja exagero afirmar que o mais grave não é abster-se dessas belas demonstrações de fé que, por sinal, todo cristão deveria considerar um comportamento natural, o mais grave, porém, é não ter se perguntado, ainda, qual a causa de tal sentimento de timidez. Afinal de contas, um católico esclarecido e, porque não dizer autêntico, não deveria ter constrangimento ou receio em demonstrar a sua crença, seja onde for ou para quem for.

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Foto Ilustrativa: Ridofranz by Getty Images

Por que, então, isso acontece?

Desejo, aqui, ensaiar uma proposição. Isso acontece, mormente, motivado pelo medo de ser julgado! Ora, é julgado aquele que cometeu algum tipo de infração. Demostrar a fé, graças a Deus, ainda não se tornou um crime diante da legislação brasileira, porém, tem se tornado, nos últimos anos, um "crime" diante do pensamento coletivo.

De alguma forma, esse pensamento foi inserido, reforçado e acabou se alastrando em nossa sociedade. Nós, de alguma forma, acabamos por aceitar a ideia de que Deus é ultrapassado, de que a fé é coisa para quem não tem inteligência, de que se torna chato e inconveniente aqueles que falam de Deus, de que é ignorante aquele que acredita n'Ele. Sendo assim, está se cristalizando em nossa cultura a ideia de que as demonstrações de fé devem ser evitadas, principalmente de maneira pública.


Não se engane, essa forma coletiva de pensamento não é um desdobramento natural do comportamento humano, tendo em vista que a religiosidade é intrínseca ao ser humano. Esse comportamento, ao contrário, é artificial, ou seja, trata-se de algo que está sendo forçado e moldado em nossa cultura. Muitos "vírus" foram e ainda continuam sendo lançados nos nossos mais autênticos costumes, e têm se alastrado enormemente. Esse, inequivocamente, é mais um deles! Essa era secularizada é fruto de uma sociedade moribunda.

Remédio para os novos tempos

Para concluir, gostaria de citar uma passagem bíblica, que pode ser encontrada em 2 Tim 4,2-3, que afirma que "virá tempo" e, esse tempo já chegou, em que as pessoas não suportarão a sã doutrina. Nesse tempo, a sã doutrina seria a causa de comichão nos ouvidos, ou seja, seria algo incômodo e inoportuno. Contudo, a palavra de Deus nos dá uma ordem contrária a essa tendência, seria como um antídoto para esse veneno ou o remédio para essa doença: "prega a palavra, insiste oportuna e inoportunamente".

Portanto, sigamos ao pedido do Sumo Pontífice o Papa Francisco "non abbiate paura!", "não tenha medo!" de abrir as portas para Cristo. Sejamos cristãos autênticos a exemplo dos nossos santos.

Deus abençoe você.
Até a próxima!


Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/por-que-os-gestos-de-fe-tem-se-tornado-tao-inconvenientes/


24 de junho de 2023

São João Batista, o precursor de Jesus


Na missa solene de São João Batista, o prefácio apresenta algumas características significativas: "Proclamamos, hoje, as maravilhas que operastes em São João Batista, precursor de vosso Filho e Senhor nosso, consagrado como o maior entre os nascidos de mulher. Ainda no seio materno, ele exultou com a chegada do Salvador da humanidade, e seu nascimento trouxe grande alegria. Foi o único dos profetas que mostrou o Cordeiro redentor. Batizou o próprio autor do batismo nas águas assim santificadas e, derramando seu sangue, mereceu dar o perfeito testemunho de Cristo (…)".

Primeiro, apresenta-o em sua característica de "precursor".  Explicada no dicionário como "que ou o que precede, anuncia, prenuncia, prepara ou indica a vinda ou o acontecimento de; que ou o que vai adiante, anuncia algo de novo ou se antecipa a (alguém ou algo)". E, realmente, viveu em função do seu primo Jesus, anunciando e antecipando a sua chegada. Santificou-se dessa maneira, assim como nos ensina o mesmo ministério de preparar as pessoas para o encontro com Cristo.

São João Batista, o maior no Reino

Por outro lado, foi elogiado pelo próprio Salvador, como o maior no Reino: "Em verdade eu vos digo, dentre os que nasceram de mulher, não surgiu ninguém maior que João, o Batista" (Mateus 11,11). Mas, mesmo assim, destacou-se por sua humildade, como comenta Santo Agostinho: "A 'humildade de João constitui o seu maior mérito; ele poderia enganar os homens, passar por Cristo, ser visto como Cristo, tão grandes eram a sua graça e a sua virtude, e contudo declara abertamente: «Eu não sou Cristo. – És Elias? […] – Não sou Elias» (Jo 1,20-21)'".

Créditos: zoom-zoom by GettyImages.

Reconhecendo sua função, lugar e papel na história da salvação, pôde anunciar com vigor aquele que tirou o pecado do mundo (cf. Jo 1,29). Jesus é reconhecido como "cordeiro", pois ele é a oferenda expiatória por todos os pecados, a oferenda perfeita e única. No rito de perdão dos pecados (Yom Kipur), a comunidade escolhia um cordeiro sem defeito. E lançava sobre ele seus males, para que fosse ofertado a Deus.

O livro de Levítico demonstra essa realidade, e como deveria ser feito (Lv 16), do mesmo modo fizeram com o Senhor. João foi aquele que apontou, ou seja, indicou qual era o Cordeiro a ser oferecido de modo definitivo: "É Ele! Ele é aquele que retira todo e qualquer pecado do mundo".


Que João Batista interceda por nós!

João Batista também "anuncia a chegada dos tempos messiânicos, nos quais a esterilidade se tornará fecundidade e o mutismo, exuberância profética" (cf. Missal Dominical – Missal da Assembleia Cristã), tendo seu ápice no Batismo de Jesus. Mesmo sem precisar ser batizado, Jesus ali revelava a sua filiação divina, que fora confirmada por seu primo que testemunha: "Eu o vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus" (Jo 1, 34). Esse ato inaugura o tempo da graça e a manifestação divina de Jesus.

Assim encerra a liturgia com a oração do Oremos, sobre O batista: "Ó Deus, que suscitastes São João Batista, a fim de preparar para o Senhor um povo perfeito, concedei à vossa Igreja as alegrias espirituais e dirigi nossos passos no caminho da salvação e da paz. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!".

Que Ele interceda por nós e também nos prepare, de modo perfeito, para fazer, em tudo, a vontade do Pai. Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.


 


Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/sao-joao-batista-o-precursor-de-jesus/


21 de junho de 2023

A ansiedade e o tempo de Deus


Precisamos descer mais profundo em nós, com e em Deus, para nEle darmos sentido a todos os movimentos que existem em nós.

comshalom Foto: Unsplash

Dentro da nossa vida vamos nos deparando com diversas situações que nos fazem esperar, ansiar por uma resolução. No entanto, como será? Tal resolução será como nós queremos ou esperamos? Será que diante de nossa vida em Cristo permitimos que Ele seja senhor do nosso tempo? Que Ele seja aquele em quem confiamos diante das adversidades de nossa vida, tais cruzes que são naturais e necessárias para o nosso crescimento e amadurecimento como seres humanos e como discípulos de Cristo.

Vivemos hoje em um tempo envolto de racionalidade, onde a razão, embora não seja má em si, passa a ter um lugar de destaque que retira a providência de Deus nas nossas vidas. Nossa racionalidade ferida pelo pecado faz com que nós sejamos ou estejamos à mercê de nós mesmos, de nossas vontades e controles, acreditando que somos nós, somente nós que providenciamos tudo em nossas vidas. Que o nosso trabalho depende unicamente de nós, que alcançar nossas metas depende unicamente de nossa própria vontade.

Esquecemos quer, na verdade, tudo vem de Deus, seja a nossa saúde, a nossa capacidade de trabalhar, a nossa inteligência, absolutamente tudo tem princípio naquele que pensou em nós antes mesmo que existíssemos. Quando surgem em nossas vidas situações internas ou externas que não dependem de nós podemos acabar não sabendo administrá-las corretamente e isso nos leva a uma ansiedade patológica, uma vez que a ansiedade em si é o que nos impulsiona a agir diante das realidades da vida, mas quando se torna patológica acabamos reféns de nós mesmos. De nossa mentalidade, de nossa racionalidade ferida pelo pecado em nós que gera em nós uma rachadura que não permite que estejamos completos, mas que nos causa um estranhamento sobre nós mesmos.

A ansiedade patológica

Diante dessa ansiedade patológica em nossas vidas podemos acabar perdendo a confiança em Deus, não só podemos, mas normalmente acabamos nos perdendo nessa esperança e confiança naquele que é a própria Providência de Amor e Misericórdia para nós. Essa desconfiança, essa falta de esperança, nos leva ainda mais fundo em nós mesmos, não em um processo sadio de autoconhecimento que nos faz crescer, mas num processo de fechamento em nós, de negação, de um pessimismo doentio, ao ponto de olhar para tudo e todos como inimigos ou mesmo como ameaças reais e iminentes contra nós.

Ao contrário do que muitos pensam, sair desse processo não é algo fácil ou rápido, que depende unicamente de nós mesmos, mas é um processo doloroso e demorado, onde por diversas vezes ao invés de curar acabamos magoando a ferida que há em nós mesmos. Diversos fatores dificultam ainda mais esse processo de cura e cicatrização: a incompreensão de muitos que convivem conosco, o distanciamento daqueles ao nosso redor por não quererem ter relações com quem sofre, a falta de aceitação pessoal de quem sofre e tem medo do processo de cura, e a falta de confiança em Deus, seja que Ele é capaz de curar tudo em Sua misericórdia, seja por não haver esperança no coração de quem sofre.

Deus faz parte desse processo

Essa desconfiança e falta de esperança em Deus surge porque quando buscamos olhar para Deus é como se estivéssemos olhando Alguém distante, não alguém próximo que podemos tocar e sermos tocados, mas olhamos para Ele como se nada fosse capaz de romper essa distância. Quando buscamos ouvir a Deus é como se tentássemos ouvir o silêncio, pois não conseguimos ouvir a Sua Voz, estamos como que surdos e não conseguimos compreender nada do que Ele nos diz, é como se falássemos com o vazio que não nos responde.

Quando tentamos estar diante de Deus como se estivéssemos nos ferindo novamente, entrar em oração é reabrir as feridas por termos tentado curá-las de formas erradas. Tudo isso nos faz buscar uma cura fora de Deus. Claro que precisamos também buscar unir o auxílio especializado (psicólogos e psiquiatras), mas não podemos de forma alguma excluir Deus deste processo, embora seja difícil se colocar em oração, deixar Deus curar, se aproximar, ouvir, falar, perceber, estar, com Ele.

Os movimentos que existem em nós

O processo de cura não está fora de Deus, mas está em Deus. Precisamos descer mais profundo em nós, sim precisamos, mas não sozinhos com a nossa racionalidade, mas precisamos descer com e em Deus, pois somente com Ele será possível compreender e dar sentido a tudo. Por nossa racionalidade quereríamos nunca ter vivido, interior ou exteriormente, isso ou aquilo, gostaríamos que tudo fosse como nossa racionalidade planejou, porém isso é impossível. Precisamos descer mais profundo em nós, com e em Deus, para nEle darmos sentido a todos os movimentos que existem em nós.

Movimentos e mais movimentos, movimentos desejados, movimentos indesejados, movimentos provocados, movimentos naturais, não importa qual o movimento que possa nos fazer sair de nós e desconfiar desse Amor Misericordioso que se entregou na Cruz e venceu a morte por nós. A Sua Ressurreição deve ser para nós a maior Esperança e a maior confiança que poderíamos ter, pois Ele foi ao extremo por nós. Que em nosso coração, diante de nossas dificuldades, confiemos no Senhor, pois é Ele quem está diante de nós, é Ele que chega a Cafarnaum sem que saibamos como (Jo 6, 24-25), é Ele que faz sinais em nossas vidas e cura as nossas feridas.

Precisamos descer nesse profundo que é nossa vida, lutando contra a racionalidade que nos leva a querer o próprio controle e permitindo que Deus possa, em sua misericórdia, dar sentido a tudo o que nos ocorre, tudo o que trazemos em nossos corações, pois, assim, seremos capazes de abertos à Sua Graça podermos fazer as obras de Deus, mas não nós e sim Ele em nós. Que a Virgem Santíssima nos acompanhe nesse processo de autoconhecimento e cura interior que todos nós, em nossas realidades próprias, percorremos e que ela seja aquela que nos leva nos braços como a mãe leva o filho ao médico, que ela nos leve ao Seu Filho Amado para nEle podermos ser ressignificados em Sua misericórdia.

Padre Expedito Paes
Comunidade de Aliança
Missão Santo Amaro – SP


Fonte: https://comshalom.org/a-ansiedade-e-o-tempo-de-deus/