12 de junho de 2023

Como rezar em família?


A oração da família deve frutificar nas relações E no testemunho familiar.

comshalom

A vida espiritual em família é fundamental para a mesma e para a sociedade. O catecismo afirma que "a família cristã  é o primeiro lugar de oração. Fundada sobre o sacramento do matrimônio, ela é 'a Igreja Doméstica', onde os filhos de Deus aprendem a orar 'como Igreja' e a perseverar na oração." (CIC 2685). Mas, afinal, como rezar em família?

É nesta Igreja Doméstica que os cristãos aprendem a amar e honrar a Deus, entram na escola de virtudes e de amor fraterno, características que definem o ser e o agir cristão no mundo desde os tempos antigos.

Igreja Doméstica

A carta a Diogneto já apontava o agir familiar como algo que destacava o cristianismo:

"Casam como todos e geram filhos, mas não abandonam à violência os recém-nascidos. Servem-se da mesma mesa, mas não do mesmo leito. Encontram-se na carne, mas não vivem segundo a carne. Moram na terra e são regidos pelo céu".

Ainda hoje, enquanto Igreja, somos convidados a, como família, embasados na vida de oração, encarnando-a, sermos testemunhas de pessoas regidas pelo céu, pela espiritualidade.

Contudo, como rezar em família? É importante iniciarmos deixando claro que a oração é um trato de amizade, como nos ensina Santa Teresa d'Ávila, assim sendo, as práticas de oração devem favorecer essa amizade de todos os membros da família para com o nosso Deus. Além disso, assim como na caminhada espiritual individual não se tem o mesmo ritmo, intensidade e padrão ao longo do tempo, também na vida familiar a oração não será do mesmo jeito com o passar dos anos.

A vivência oracional

A dinamicidade da vida em família, nas diferentes fases promove mudanças no formato da vivência oracional. Uma coisa é rezarmos enquanto casal sem filhos, outra é a oração com a chegada deles e a sua ampliação, outra ainda é a vida de oração da família com filhos amadurecendo ou amadurecidos e, por fim, com o "ninho vazio" após a saída deles para construírem seus lares. Cada fase traz as suas novidades e desafios, mas também deixam marcas na nossa alma.

Nossas primeiras lembranças de prática da virtude da religião remetem-nos aos lares de nossos pais, onde eram ensinadas as orações mais comuns da fé católica, o "Sinal da Cruz", o "Santo Anjo", "Ave Maria", "Pai Nosso" entre outras, bem como os momentos em que a família se reunia para juntos rezar o Santo Terço ao menos uma vez por semana. Nisso vemos que, de fato, "para as crianças, particularmente, a oração familiar cotidiana é o primeiro testemunho da memória viva da Igreja reavivada pacientemente pelo Espírito Santo" (CIC 2685).

O que não pode acontecer é que as famílias cristãs negligenciem sua missão e a grande graça que é a vida de oração. Sem a vida de oração, a família é lançada à mercê do mundo, fecha-se a experiência amorosa de cuidado, condução e misericórdia do Pai.

Fruto dos relacionamentos

A oração da família deve frutificar nas relações, no testemunho familiar. O Papa Francisco, na exortação apostólica Amoris Laetitia ,nos mostra que "os cuidados familiares não devem ser alheios ao seu estilo de vida espiritual" e nos convida à espiritualidade da comunhão a partir de gestos reais e concretos no ordinário da vida, mesmo diante dos problemas e sofrimentos, buscando nesses casos força e fé pascal a partir da oração familiar, no cuidado recíproco, no apoio e estímulo mútuo, na vivência do perdão e saída do núcleo familiar para a abertura aos outros, em especial, pela hospitalidade e cuidado com os pobres.


Em nossa experiência particular enquanto família, fomos e vamos vivendo mudanças de fase e formato da vida de oração. Iniciamos, quando recém-casados, a oração carismática conforme o Beraká orientado pela Comunidade Católica Shalom. Com a chegada dos filhos na 1ª infância, visando sua inserção na vida de oração, fomos continuando a vivenciar o momento do Beraká. Contudo, tivemos que nos adaptar a realidade das crianças e fomos buscando sabedoria para a reflexão sobre a Palavra de Deus de forma mais lúdica.

O próprio ritmo de oração se tornou mais fraterno, com momentos de louvor, arrependimento, preces e intercessão, culminando com atividades e partilhas sobre a oração e registro no caderno de oração da família e deles, além dos momentos marianos em que fomos cultivando o amor à Nossa Senhora através da recitação do terço, o qual neste tempo de pandemia se tornou umas das mais recorrentes vias de intercessão da nossa família pela humanidade que padece nesse período. Com a nossa filha primogênita adentrando a segunda infância, e os outros dois permanecendo na 1ª infância, estamos discernindo outras maneiras de rezarmos em família de modo a adequá-las a todos eles. Afinal, é missão nossa, enquanto pais, sermos mestres de oração para os nossos filhos, favorecendo a sua vivência.

Deus nos acumula de graças

Deus em sua fidelidade, concede a todos os pais, pelo sacramento do matrimônio, todas as graças que necessitamos para exercer tão bela missão de sermos mestres de oração para nossos filhos. Ele envia sobre nós o seu Espírito e conduz-nos. Compreendemos que não existe um formato engessado de oração, pois o Espírito sopra onde quer. Ele traz as suas novidades e nos dá sabedoria, enquanto pais, para vivenciarmos a oração em família.

A vida de oração em família é dom de Deus, e precisa ser cultivada desde o momento da sua geração, deve ser um lugar de mergulho na experiência do amor de Deus que transborda na vida de cada membro fortalecendo os laços, bem como gerando cada um para a comunhão e oferta de vida a começar dentro do próprio lar e transbordando para a humanidade.

Juan Carlo da Cruz Silva e Paula Lorena C. Albano da Cruz
 Casal da Comunidade de Aliança Shalom


Fonte: https://comshalom.org/como-rezar-em-familia/


9 de junho de 2023

O Amor do Pai

Meu primeiro roteiro de pregação da Oficina da Formação de Pregadores que estou fazendo na ASD (Associação Servos de Deus) elaborado por mim, vou postar pra ficar registrado.

Formadores: Dercides Pires e Lucas Santos


† Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém

PREGAÇÃO – TEMA: 'O AMOR DO PAI'

Por Eder Silva †

Introdução

Ø O Amor do Pai é misericordioso e infinito, nos faz pessoas melhores e nos ensina o quão importante é nossa vida para Ele; o exemplo vivo deste AMOR podemos ver no Evangelho de Lucas, na parábola do Filho Pródigo (Jesus Cristo em Lucas 15,11-32); temos pão com fartura em nossa casa, mas não estamos satisfeitos e buscamos lá fora coisas vazias.

                      

Desenvolvimento

Ø A casa do Pai não te satisfaz

o   Temos tudo e ao mesmo tempo não temos nada. Não valorizamos a riqueza do amor do Pai, a vida em família e em comunidade; somos presas fáceis para as coisas que o mundo oferece (bebidas, jogos, prazeres mundanos, etc.);

o   Fugir do ambiente bom em que vivemos em busca de algo material, sem conteúdo para nossa vida; deixamos a riqueza da vida espiritual e todo carinho e amor que temos dentro de nossa casa; somos atraídos pelas coisas do mundo, para fugir de tais tentações devemos ter intimidade com o Pai, termos fidelidade com nosso Pai;

                                                                                                 

Ø A espera do Pai

o   O Pai olhava na estrada todos os dias na espera do filho perdido; FALAR COM ÊNFASE quão lindo é este Amor; um Amor que é fiel e puro, cheio de esperança; nos mostra como devemos batalhar para ser dignos deste Amor;

o   O Pai tem esperança na conversão do filho; o Pai é misericordioso e sua misericórdia é infinita; mesmo que o filho tenha se perdido ele o ama; assim é conosco, somos fracos e pecadores, mas o Pai nos ama; por isso devemos ser fiéis a este Amor;

 

Ø O arrependimento do Filho

o   Fome, quando se acaba o que o mundo material oferece e não temos nada de espiritual nos fortalecendo, esta 'fome' nos joga no chão, nos humilha, nos fazendo ser tão miseráveis, que queremos nos fartar do que é jogado fora (como diria o saudoso Pe. Leo, viramos papel higiênico nas mãos do encardido); queremos nos fartar de migalhas, enquanto na casa do Pai sempre temos um banquete esperando por nós; o arrependimento tem que vir do coração, ser sincero (Cite Isaías 5,7);

o   A dor e o sofrimento nos faz reconhecer o valor da casa do Pai, FALAR COM ÊNFASE aquele local onde não me servia como casa para ser filho, agora me serve para ser um simples empregado; não valorizamos as bênçãos que o Pai nos dá todos os dias;

 

Ø Retorno e reconciliação

o   O Pai celebra o retorno do filho perdido; a felicidade do Pai é tão grande que ele faz uma festa pelo filho que voltou, que estava perdido e foi encontrado, que estava morto e voltou a vida; FALAR COM ÊNFASE o filho que estava perdido agora vive para receber seu Amor misericordioso; assim será com a nossa chegada no céu, o Pai vai nos receber com uma festa; o simples gesto de trocar a roupa do filho significa purificação da vida que ele levava;

o   O irmão com raiva, nem todos compreendem a grandeza do Amor do Pai; temos que tomar muito cuidado com este tipo de sentimento de indiferença; devemos celebrar juntos quando temos alguém que voltou a casa do Pai e é digno da sua misericórdia; pois se um dia cairmos em pecado, vamos querer ser dignos desta misericórdia; TESTEMUNHO;

 

Conclusão

Ø Confiemos no Amor do Pai, sejamos perseverantes numa vida plena em Comunhão com Deus Pai. Ele nos ama de tal maneira que mesmo que caiamos em pecados, Ele vai olhar na estrada esperando o nosso retorno; seu Amor é infinito ao ponto de dar o seu próprio Filho para a remissão de nossos pecados;

Ø Oração Final – Como gesto de filhos amados, convido a todos agora a abraçar o irmão e/ou a irmã ao seu lado, um abraço bem forte como o do Pai quando o filho voltou a vida; (aqui podemos pedir ao Ministério de Música que cante a música Abraço de Pai, para concluir este momento) Neste momento podemos ter algumas curas sendo realizadas.

 

Leituras Bíblicas Complementares

- Lucas 15,11-32 (Parábola do Filho Pródigo) – Leitura principal desta pregação

- Isaías 5,7 – "Abandone o ímpio o seu caminho, e o homem mau os seus pensamentos, e volte para Iahweh, pois terá compaixão dele, e para o nosso Deus, porque é rico em perdão."

- Jeremias 3,12s – "... Não farei cair sobre vós a minha ira, porque sou misericordioso ..., não guardo rancor para sempre. Reconhece, apenas, a tua falta: Que te rebelaste contra Iahweh, o teu Deus, que esbanjaste os teus caminhos com os estrangeiros debaixo de toda árvore verde; mas não escutastes a minha voz ..."

- Isaías 49,14-16 – "Sião dizia: "Iahweh me abandonou; o Senhor se esqueceu de mim." Por acaso uma mulher se esquecerá da sua criancinha de peito? Não se compadecerá ela do filho do seu ventre? Ainda que as mulheres se esquecessem eu não me esqueceria de ti. Eis que te gravei nas palmas da minha mão, os teus muros estão continuamente diante de mim."

- Jeremias 31,20 – "Será Efraim para mim um filho tão querido, uma criança de tal forma preferida, que cada vez que falo nele quero ainda lembrar-me dele? E por isso que minhas entranhas se comovem por ele, que por ele transborda minha ternura, ..."

- Zacarias 3,4 – "E ele falou aos que estavam de pé diante dele: "Tirai-lhe as vestes sujas e vesti-o" com vestes luxuosas; colocai em sua cabeça um turbante limpo. Colocaram um turbante limpo em sua cabeça e o vestiram com roupas limpas. O Anjo de Iahweh estava de pé, e lhe disse: "Vê! Tirei de ti a tua iniquidade"."

 

Músicas Relacionadas ao Tema

- Abraço de Pai (E não me perguntou nem por onde eu andei Dos bens que eu gastei, mais nada me restou Mas olhando em meus olhos somente me amou E ao me beijar, me acolheu num abraço de pai)

- Tudo é do Pai (Tudo é do Pai Toda honra e toda glória É Dele a vitória Alcançada em minha vida)

- Ninguém te Ama Como Eu (Eu sei bem o que tens vivido Sei também que tens chorado Eu sei bem que tens sofrido Pois permaneço ao teu lado)


7 de junho de 2023

Estabelecendo Parceria para Formar Discípulos

Autor: Dercides Pires da Silva.
Coordenador da Comissão de Formação da RCCGOIÂNIA.
Goiânia-GO, 23 de julho de 2009.

"Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem? De sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam, daqueles aleijados curados, de coxos que andavam, dos cegos que viam; e glorificavam ao Deus de Israel. Se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado a vós o Reino de Deus" (Mt 7,28; 8,27; 15,31; Lc 11,20).

1. INICIALMENTE, O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
Quando o católico menciona outras crenças ou religiões, o faz com muito respeito e também exercendo o seu direito de expressar sua fé, pois a própria Igreja, considerada institucionalmente, criou, há décadas, um dicastério para promover o diálogo inter-religioso com respeito e fraternidade.
Dicastério está para a Cúria Romano, assim como os ministérios estão para o governo brasileiro.
O direito de expressar a fé, assim como o dever de respeitar a fé e as opiniões de todos está insculpido na Constituição da República Federativa do Brasil (Constituição Federal), quando ela diz que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias" (Constituição da República Federativa do Brasil, artigo 5º, caput e inciso VI).
Assim, respeitosamente, passo a partilhar, em forma de testemunho, um pouco da minha experiência de fé como alguém que aceitou ser discípulo de Jesus, bem como colaborar pela formação de outros.

2. A DESCOBERTA DA PARCERIA
Em 1984, estava eu levando minha vida como muitos homens levam: casado, trabalhando, fazendo faculdade; lendo revistas, livros, jornais e ouvindo músicas, e assistindo a muitos filmes e, claro, futebol. Futebol no rádio, na televisão e no estádio. E também não me esquecia de ir às missas dominicais, como mandam os mandamentos da Lei do Senhor e da Igreja. Além disso, ainda era membro atuante do encontro de casais da paróquia, como coordenador da equipe de vigília. Mas não parava por aí; nos tempos livres — e como eu conseguia tempo livre! — ainda lia literatura espírita, budista, xintoísta, brahmanista, seichonoísta, hinduísta, entre outras do gênero.
Não, ainda não terminou! Há mais: ainda praticava um pouco de ioga, sozinho, no meu quarto, utilizando os manuais iogues.
Já terminou? Não. Infelizmente, ainda existia mais. Eu participava de uma seita ocultista. Ia aos seus cultos aos domingos de manhã; não faltava a nenhum. Naquele tempo eu não admitia que eram cultos, embora existissem ritos litúrgicos incluindo cânticos, reflexões homiléticas e cultos específicos dedicados aos antepassados. Com tudo isso, quando me perguntavam para onde eu ia, sem demora dizia: "Vou pra uma reunião".
Além dos cultos, também lia todos os livros e revistas desta seita; pilhas de livros e de revistas, e participava de todos os seminários realizados em minha cidade; e ainda estava planejando participar de alguns seminários na sede nacional deles. Sim, irmão e irmã! Naquela época eles já tinham uma sede nacional, pelo que ouvia falar. Ir lá... Não fui.
Mais uma coisa: participava também de todos os encontros sobre parapsicologia e poderes da mente; participava e praticava os ensinamentos com exercícios sugeridos nos encontros e nos livros que também lia. Lia todos que meu dinheiro conseguia pagar. Chegava da faculdade depois de 23h e levantava antes das quatro da manhã para fazer meditações, especialmente uma proposta pela seita que eu mais seguia, pois às cinco da matina eu já tinha que estar no ponto de ônibus para tomar o primeiro que passasse. Eu morava longe do meu trabalho e meus chefes não admitiam atrasos. Eu tinha muitos chefes na época. Todos os tenentes, capitães e majores do Exército eram meus chefes. E ainda havia os principais que serviam no quartel: um coronel e um tenente-coronel. Às vezes havia somente um deles. Eu era sargento de infantaria.
Ufa! Ainda bem que tudo isso passou. Hoje me sinto livre. Respeito todas as religiões, mesmo as que vêm disfarçadas de filosofia ou de alguma outra espécie de doutrina; mas, para ser de fato sincero, devo dizer que nada daquilo me fez bem. Bem estou hoje, sendo inteiramente de Jesus, meu Senhor. Bem e livre. Amém!
Naquele tempo (Vixe! Estou falando como evangelista! E agora? Ah! Agora continuo a narrativa.), estava eu saindo de uma missa, quando uma filha de Deus — Maria Ricarda, casada com o Elias. Ele já foi para o lugar que Jesus lhe preparou na cada do Pai. Ambos de minha equipe de vigília do encontro de casais — deu-me um panfleto contendo um convite para participar de um encontro de oração da Renovação Carismática Católica. Era o sétimo encontro realizado em minha cidade, Goiânia. Este foi realizado nos dias 03, 04 e 05 de agosto de 1984. Depois ele se tornou o tradicional Encontrão. Fui, graças a Deus.
Durante o encontro vi muitas coisas belas. Lá o Senhor me libertou do jugo do Mal que me prendia a várias espécies de doutrinas falsamente cristãs. Com sinceridade, admito que até naquele dia gostava daquela prisão, pois ela me dava uma inexplicável espécie de prazer emocional. Admito, um pouco vermelho, um pouco relutante, mas admito...! Talvez fosse alguma espécie de síndrome de Estocolmo ainda não estudada pelos especialistas. Porém, seja lá o que fosse, pela força de Deus não conseguiu me impedir de participar daquele encontro da Renovação. E no decorrer daquele evento, ao ver a alegria do povo, ao admirar como as pessoas oravam e cantavam, e principalmente ao ver as curas e milagres, entre estes a cura de um olho furado duma mulher que recomeçou a enxergar naquele momento, pensei: "Isto aqui é Atos dos Apóstolos no Século XX". Disse isso porque comparava o que via com o que havia lido no Livro de Atos.
Até naquele dia eu não conhecia o Espírito Santo, como Ele se apresenta e se manifesta na Renovação:

"Antes eu te conhecia de ouvir falar,
Mas agora de contigo andar
Eu sei o Deus que tenho
Meu Rei Senhor e Pai,
Te quero em minha vida mais e mais"
(Adhemar de Campos, Antes Eu Te Conhecia
Disponível em http://letras.terra.com.br/adhemar-de-campos/205376/, acessado em 23/7/2010).

Nunca mais fui o mesmo. Troquei todas as leituras de todas as religiões pela Bíblia; inicialmente somente pela Bíblia, depois de quase um ano e meio, quando ingressei num grupo de oração, comecei a ler também os livros espirituais que eram lidos pelos irmãos. Troquei pela Igreja todas as outras religiões que tentava seguir indo aos seus cultos e lendo seus livros. A troca foi integral, de forma que voltei a ir somente à missa, além de começar a ler nossa doutrina e nada mais. Troquei os seminários de poderes mentais e de outras religiões pelos seminários e encontros da Renovação. Tinha o desejo de ser pregador numa das religiões que eu frequentava. Lá, pregador é dito preletor. Era para isso que eu lia seus livros sem parar. Meus sonhos não foram desfeitos, o Senhor substituiu seus conteúdos. Continuei participando intensamente de religião; agora, da verdadeira, somente. Continuei lendo sem parar; agora, os livros certos. Continuei inebriando meu espírito com músicas; agora, com músicas de adoração e louvor:
"Não vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei- vos do Espírito. Recitai entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais. Cantai e celebrai de todo o coração os louvores do Senhor" (Ef 5,18-19) .
Hoje, o Senhor fez de mim um pregador que utiliza a doutrina correta.
Em 1988, no Congresso Nacional da Renovação que foi realizado no auditório da Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, na cidade do mesmo nome, no Estado de São Paulo, na missa de quinta-feira à tarde, após as dezessete horas, enquanto o padre Robert DeGrandis pregava a homilia, ouvi a tradutora dizer: "O Espírito Santo está se manifestando aqui em forma de uma brisa suave". Nesta época eu ainda era prisioneiro de uma praga chamada racionalismo que se disfarça tomando a forma de razão, sensatez, razão esclarecida, senso crítico. Com estes tipos de conselheiros internos eu nunca estava pronto para aceitar nada que contrariasse minha forma de pensar, ou aquilo que minha razão não conseguisse explicar com alguma lógica; a lógica de minha incredulidade. Ao ouvir aquela tradução, imediatamente olhei um pequeno ventilador distante de mim cerca de trinta metros. Ele ficara ligado o dia todo, e até naquele momento eu não havia recebido sequer uma pequenina porção do seu bafo que certamente estava espalhando os odores dos corpos que ali permaneceram por mais de dez horas, sem banho. Mas eu não conseguia aceitar que o leve frescor que senti — não senti um vento sobre mim — era uma manifestação divina; por isso, incontinenti, concluí: deve ser o vento do ventilador.
Logo depois da confusão que fiz entre a Brisa Suave e o ventilador, ouvi um clamor do povo que se iniciou nas primeiras fileiras da frente do auditório e seguiu para o fundo, onde eu estava. Ocupei a última fileira de cadeiras móveis, bem rente à parede do fundo, de modo que recostava minha cabeça naquela parede. Nunca gostei de me expor. Sentia-me muito feio para estar à frente das pessoas. Eu não soube imediatamente a causa do clamor, pois não sei inglês, que era o idioma do padre pregador. Em seguida, veio a tradução: "O Espírito Santo está se manifestando daqui pra lá — a tradutora apontava com a mão a direção percorrida pelo Espírito Santo, que era da frente do auditório para o fundo — em forma de um perfume doce e suave". A tradução me chegou junto com o perfume. Não consigo descrevê-lo a contento, por isso nem vou tentar. Mas posso dizer que era muito agradável. Naquele momento não me contive e disse à Maria José, minha mulher: "Benzinho, o Espírito Santo existe mesmo!" Naquele momento eu não sabia o que fazer de mim mesmo.
Depois, conversando com a Maria José, ela me disse que não lhe falei "Benzinho, o Espírito Santo existe mesmo", pois, em verdade, disse-me ela que eu gritei.
Depois daquele dia nunca mais tive necessidade de ver qualquer prova material sobre Deus. Também não tive qualquer necessidade de participar de eventos para encontrar algo que eu buscasse sem saber o quê. Sem perceber, eu comecei a servir o Senhor com um ânimo que não conhecia, bem como a participar de encontros com a certeza de que neles o Senhor me espera. E muitas vezes em meu coração vou cantando:

"Nesta hora feliz, neste santo lugar
Eu marquei um encontro com Deus
Seu amor é real, sua paz gozarei
Eu marquei um encontro com Deus
Eu marquei um encontro com Deus aqui
Eu marquei um encontro com Deus aqui
Seu amor é real, sua paz gozarei
Eu marquei um encontro com Deus"
(Gilvan, in www.cifraclub.com.br/
gilvan/nesta-hora-feliz/, acessado em
23/7/2010).

Quando dei fé, eu estava com o Senhor e ele estava comigo. O Espírito Santo se fazia sentir em mim e comigo nos meus trabalhos e ações. Comecei a errar menos e a acertar mais. Isso me deu uma enorme esperança de ser de Deus em tudo, até nas mínimas ações da vida prática. Repentinamente comecei a ver os sinais de Deus que agia meu ministério por meio do Espírito Santo. Foi nesta época que comecei a entender o testemunho de Marcos que diz: "Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres que a acompanhavam" (Mc 16,20). Pela primeira vez na vida eu estava experimentando uma parceria eficiente e eficaz que garantiria mudanças efetivas em minha vida, em tudo, além de me conduzir pelos misteriosos caminhos da formação de discípulos para nosso Senhor Jesus Cristo.
Muito obrigado a todas e a todos!
Deus os abençoe! Até outro texto!

Dercides Pires da Silva




O Dom da Cura no Grupo de Oração


Um Grupo de Oração que se reúne semanalmente para encontrar com Deus, lhe prestar culto de louvor e ação de graças, certamente será visitado pelo Senhor da vida.

As curas que ocorrem durante as reuniões de oração geralmente acontecem como resultado da perseverança de seus membros na vida carismática. É a partir da fé e da fidelidade à vida de oração, leitura da Palavra e frequência às reuniões de oração que começa a se destacar em cada um a manifestação do Espírito para proveito comum (I Cor. 12, 7), e nesta manifestação do Espírito alguns recebem o dom de orar por cura.

Com o passar do tempo, os participantes do Grupo de Oração vão percebendo e até mesmo reconhecendo que determinado irmão ou irmã tem o dom de orar pelos enfermos, o que na maioria dos casos leva, segundo o que temos visto, de quatro a sete anos de caminhada.

Mas o importante é ter em mente que o dom pertence ao seu doador, ou seja, ao Espírito Santo, e que este, de maneira especial tem derramado seus dons nas reuniões de oração e chamado alguns a este ministério.

As curas podem ocorrer a qualquer momento em uma reunião de oração carismática, desde seu início, até o final, pois Deus age como quer, quando quer e na hora em que quiser. Às vezes, ocorrem curas sem que ninguém as peça, em um momento de louvor, por exemplo. Não são poucos os testemunhos de irmãos curados durante a reunião, sem que haja uma oração direta de algum servo para o restabelecimento de sua saúde.

A graça geralmente ocorre quando os membros do Grupo, dispostos e desejosos de deixarem-se usar pelo Espírito Santo, abrem-se ao dom, tornando-se canal de graça, intercedendo uns pelos outros, permitindo que o Senhor, por meio de suas orações, manifeste seu amor, curando os doentes, como sinal de sua presença.

Para que a cura ocorra constantemente no Grupo de Oração, os participantes devem ser motivados a experimentar todos os dons, aprender a orar pelos outros, sem se preocuparem de estar exercendo algum tipo de ministério. É necessário fazer experiência de orar uns pelos outros. São Tiago nos ensina: "orai uns pelos outros para serdes curados" (Tg 5, 16b).

O Senhor tem pressa e quer que aprendamos muito e rapidamente na caminhada em um Grupo de Oração. Para isso, somos levados a participar por períodos curtos em vários ministérios, motivados por uma vontade inexplicável de crescer e aprender.

É importante que os mais experientes incentivem os iniciantes que estão nesta busca de serem usados por Deus, levando-os a fazer vários cursos de formação e obter a experiências em todos os serviços, sem aquela obrigação de estarem atrelado a um ministério. Em outras palavras, não é necessário pertencer ao Ministério de Oração por Cura e Libertação para orar pelos outros e nem tampouco ter feito encontros de formação neste sentido. Todos podem orar uns pelos outros, abrindo-se aos dons do Espírito Santo. À medida que os dons vão sendo exercitados, orando e servindo aos irmãos, a comunidade vai reconhecendo o carisma de cada um.

Se uma pessoa é reconhecida pela comunidade como alguém que ao orar pela cura de um doente é atendida por Deus, esta, certamente, tem um chamado ao ministério. E o sinal claro desse chamado é a insistência de irmãos pedindo orações ou trazendo pessoas enfermas para que reze por elas. Quando o carisma se torna ministério a partir do reconhecimento pela comunidade, então a pessoa deve ser incentivada, principalmente pelo coordenador do Grupo de Oração, a buscar formação específica por meio do Ministério de Oração por Cura e Libertação, no intuito de se aprofundar na doutrina do carisma e aprender com os mais experientes.

Em resumo, o que temos aprendido com esta intervenção do Espírito Santo é o seguinte: primeiro o Dom de Curar acontece na Reunião de Oração, depois, com o passar do tempo, o dom começa a se destacar em alguns de seus membros, e só então, esses membros reconhecidos pela comunidade passam a se dedicar ao ministério.

Pelo que vimos, devemos tomar cuidado e não ter pressa na formação de ministros de oração por cura para não queimar etapas.

Para nossa reflexão: Uma pessoa que nunca orou pelos outros, ou que até tenha orado esporadicamente, ao fazer um curso do Ministério de Oração por Cura e Libertação, está pronta para exercer tal ministério?

Provavelmente, não. Fazer o curso e receber informações ajuda, mas por si só não capacita alguém a entrar para o ministério.

Mas, se ao contrário, alguém que não tenha feito curso de formação, porém vem sendo procurado pelos irmãos de forma sistemática na busca de oração por cura, este sim, deve ser incentivado a fazer os cursos de formação e entrar para o ministério, buscando aprofundar-se na doutrina do dom e compartilhar com os irmãos as experiências adquiridas na caminhada.

Para esses é imprescindível que se aprofundem na doutrina do dom e, para isso, devem buscar conhecimento, não somente nos cursos de formação dados pelo Ministério de Cura e Libertação, mas também nas Sagradas Escrituras e Doutrina da Igreja.

Também é importante a experiência dos irmãos de caminhada e a vasta literatura hoje existente em nosso meio, em especial aquela oferecida dentro de nossa espiritualidade.

Seguem aqui alguns pontos, que alguém que aspira ao Ministério de Oração por Cura, não pode perder de vista:

1 – Ter sempre em mente que o Dom de Curar é um carisma do Espírito Santo para o bem comum e não para satisfação ou projeção pessoal;

2 – Como os demais dons, à exceção do dom de línguas, só acontece quando Deus quer e na hora que Deus quer, pelo simples fato de não estar sob o domínio de quem ora e, por mais que haja fé, depende da vontade de Deus;

3 – É dado como sinal do amor de Deus por nós, geralmente para confirmar o anúncio do Evangelho;

4 – A maior motivação para o exercício do dom é, e sempre será, a caridade, sem se deixar levar pelo gosto do poder que o dom pode representar;

5 – Acontece com maior frequência quando se abre à unção do Espírito, geralmente em assembléias de oração, tais como nas reuniões de oração, nos Seminários de Vida no Espírito, nas Experiências de Oração, nos retiros, Congressos e outros eventos semelhantes, ocorrendo geralmente após um grande louvor, durante uma adoração ou momento de oração, mas podendo ocorrer também durante uma pregação ou proclamação da Palavra ou em qualquer momento em que o povo de Deus esteja reunido em seu nome, porque, como já foi dito anteriormente, o dom é do doador e é Ele quem escolhe o momento e a maneira de curar.

6 – É necessário desejar e pedir o dom ao Espírito Santo para se tornar um canal de graça para os irmãos;

7 – Quando se aspira ao ministério de cura, o certo é iniciar orando por enfermidades mais simples, sem se preocupar com resultados, após orar, entregar a Deus e deixar por sua conta os resultados, confiantes no seu poder, na certeza que depende d'Ele;

8 – É importante aprender a discernir. Às vezes, no inicio do ministério, tem-se à impressão que ao orar a cura vai ocorrer, o que, algumas vezes, não acontece. Mas, se, humildemente, refletirmos sobre a inspiração, pode-se concluir que o Senhor não estava dizendo: "vai curar…, mas, aprenda a orar para cura". Quando se sentir impulsionado a orar, ore, mas atento, porque o Senhor pode estar apenas lhe dizendo: aprenda a orar.

Aqueles que coordenam uma reunião de oração devem estar preparados e desejosos de que ela seja um transbordamento dos carismas, levando a assembleia de oração a se entregar ao Espírito Santo num clima de muito fervor e adoração.

É muito importante que o coordenador faça a graça acontecer, envolvendo todos os participantes da reunião de oração e que esses, em momentos próprios, orem uns pelos outros para obter as multiformes graças de Deus.

Um ponto privilegiado na reunião, para se obter a cura e libertação é o momento quando o coordenador, movido pelo dom da fé, pode convocar todos os membros a fazerem um ato de arrependimento, uma renúncia ou uma entrega, oração esta que certamente será ouvida pelo Senhor Jesus através de libertações e cura.

Outro ponto ocorre geralmente no momento do silêncio e escuta que acontece logo após o grande louvor depois da pregação da Palavra e dinâmica de oração que se segue. Geralmente neste momento ocorrem revelações de cura, por meio de palavra de ciência dada a um ou outro servo. Curas e libertações ocorrem ainda quando se faz uma grande intercessão pelos enfermos onde todos oram uns pelos outros.

Curas acontecem também após uma pregação ungida onde, ao final, o pregador ou o coordenador da reunião pede ao Senhor que confirme a palavra com os sinais.

Enfim, são muitos os momentos em uma reunião de oração, em que a cura ocorre. Tem-se visto grandes milagres durante o louvor, quando alguém apresenta ao Senhor Jesus uma pessoa muito enferma, com sério risco de morte (geralmente alguém que se encontra em alguma UTI de hospital), oportunidade em que o coordenador da reunião, após ouvir o clamor daquela pessoa, leva toda a assembleia a interceder pelo enfermo, pedindo a Jesus que vá àquele hospital e visite a pessoa necessitada. Milagres têm ocorrido quando todos oram.

Bem irmãos, o fato é que na vida da Renovação Carismática Católica, o Grupo de Oração é o local mais privilegiado para a manifestação do dom de curar. Podem surgir nesses grupos pessoas descricaos por Deus para exercer o ministério, mas a cura na reunião de oração é uma constante, independentemente do fato do grupo já ter ou não ministros de oração por cura.

Finalmente, desejo e espero que todos aqueles que a comunidade reconheceu como tendo o dom de curar, venham para o Ministério buscar a formação especifica sobre o dom.

Taciano Ferreira Barbosa

Fonte: Reavivando a Chama. Encarte da Revista Renovação nº 45.


5 de junho de 2023

Santíssima Trindade: Filho e Espírito Santo são um único Deus


O mistério da Santíssima Trindade é um dos dogmas centrais dentro da Igreja Católica. Por muitos anos, as civilizações acreditaram em uma diversidade de deuses, como, por exemplo, os gregos, bárbaros e celtas.

Por outro lado, os judeus avançaram essa compreensão apresentando o monoteísmo. Com fé em um único Deus, por muitas vezes citada pelos profetas como "Deus verdadeiro, os outros são apenas barro". Ou seja, a multiplicidade de deuses seriam apenas imagens criadas pelo homem, só existe um único Deus. Por fim, a Igreja católica, herdando a herança judaica, desenvolve a doutrina da Trindade.

A Trindade, revelada pelas Sagradas Escrituras e pelo testemunho de Jesus Cristo, se torna um grande escândalo para os judeus e para muitos das primeiras comunidades cristãs.

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Nos inícios da Igreja, de tempos em tempos, apareceram diversas heresias sobre essas realidades. Algumas delas são: O modalismo consistiu na opinião de alguns teólogos (Noeto e Praxéias, no século II e Sabélio, no século III) que reduziam as três Pessoas da Santíssima Trindade a simples modo de expressão do único e mesmo Deus; O subordinacionismo foi defendido pelo bispo Paulo de Samósata e pelo padre Ário de Alexandria.

Eles ensinavam que o Pai é o único Deus. Enquanto que o Filho e o Espírito Santo são criaturas subordinadas ao Pai. O triteísmo ensina que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três substâncias independentes e autônomas. Afirma, portanto, que a Trindade, na verdade, são três deuses.


A doutrina da Santíssima Trindade

No Ocidente, Tertuliano, que viveu no século II, foi o primeiro a usar a palavra "Trindade" para se referir a Deus em três Pessoas. No Oriente, esta tarefa coube a Teófilo de Antioquia, que também viveu no século II. A doutrina da Santíssima Trindade foi explicitada no decurso dos primeiros séculos e finalmente definida no Concílio de Nicéia (325 d.C.), onde ficou esclarecida a divindade de Jesus Cristo; e no Concílio de Constantinopla (381 d.C.), quando se defendeu a divindade do Espírito Santo. Cada um desses Concílios procurou responder as heresias de seu tempo, fixando a verdadeira fé católica.

A unidade e a igualdade das três pessoas da Trindade

Um dos principais comentadores da Trindade foi Santo Agostinho, que elaborou sua obra "De Trinitate" (Sobre a Trindade). Santo Agostinho enfatizou a unidade e a igualdade das três pessoas da Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um único Deus em essência. Ele usou analogias, como a mente que pensa, a palavra que é expressa e o amor que une para ilustrar a relação entre as pessoas divinas.

Também ressaltou a importância da analogia da imagem de Deus na humanidade. Argumentava que a capacidade humana de amar e se relacionar espelha, de certa forma, a natureza trinitária de Deus. Assim, Agostinho incentivava os cristãos a viverem em comunhão e amor, refletindo a comunhão divina.

O fato é que a adesão ao catolicismo se dá no Batismo, e um Batismo Trinitário (Pai, Filho e Espírito Santo). A partir disso, somos introduzidos no seio da Trindade e entramos no mistério divino por adoção filial. Sendo o Batismo a porta de entrada, os outros sacramentos também são manifestação da obra Trinitária na alma do fiel, manifestação visível através do rito e uso das matérias.

Por isso, celebrar os sacramentos é celebrar a Trindade. Ser católico é viver essa mística profunda que nos leva à transformação e união com o próprio Deus Trindade! Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.


 


Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/santissima-trindade-filho-e-espirito-santo-sao-um-unico-deus/


2 de junho de 2023

De todas as mulheres, Maria é o modelo perfeito


"De todas as mulheres, tú, Maria, és o primeiro modelo"

A primeira comunidade cristã, aquela que nos é narrada no livro dos Atos dos Apóstolos, desponta como um modelo para a Igreja católica universal.

O leitor que se dedicasse à leitura dos 28 capítulos ficaria surpreendido com o modo no qual o Espírito Santo guiava os primeiros missionários e como distribuía dons extraordinários a quem, de coração, os desejava. Um outro ponto de surpresa que o autor, Lucas, faz questão de notar é a numerosa presença de mulheres como discípulas e missionárias de Cristo.

As mulheres são muito diferentes entre si: algumas são nominadas, outras permanecem anônimas, algumas oferecem um exemplo edificante, como Tabithà (At 9,36-42) e as suas boas obras; outras, como Saffira (At 5,1;2.7;11), deixam-se levar pelo egoísmo.

De todas as mulheres, Maria se destacou de modo luminoso

Essas mulheres eram colaboradoras dos apóstolos e participavam ativamente da história da salvação com um serviço louvável de oração, hospitalidade, caridade, instrução catequética etc. De todas elas, o nome de uma se destaca de modo luminoso: é Maria, o primeiro nome feminino citado nos Atos. Separado por uma vírgula, lhe vem atribuído um substantivo e adjetivo feminino que não coube a nenhuma outra na história: é a Mãe de Jesus.

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"Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, Mãe de Jesus, e os irmãos dele." (At 1,14).
Já este breve versículo nos permite intuir a posição toda especial reservada a Maria na vida do povo de Deus. Definindo-a como "Mãe de Jesus", Lucas ressalta a missão que ela teve na história da salvação. Percebam que ela vem mencionada ao início do evangelho de São Lucas e nos Atos dos Apóstolos. Ao início da vida de Jesus, como ao início da vida da Igreja. "É por meio de Maria que tem origem o Jesus histórico, é com ela que tem início o Cristo místico: nenhuma comunidade pode nascer e se desenvolver sem Maria."


Maria, a porta que nos abre ao Pai, ao Filho e ao Espírito

No tempo que precedia a chegada do Espírito Santo, todo o grupo dos discípulos era coeso, unânime e perseverante na oração. A pequena comunidade cristã esperava com concórdia e oração pelo paráclito – "entre não muitos dias, serão batizados com o Espírito Santo" – todos juntos, sem privilégios.

Maria era a figura essencial de toda essa espera, devido ao fato de que foi a primeira a receber sobre si o Espírito por uma maternidade divina. Com ela, o Santo Espírito vem derramado sobre a Igreja por uma nova maternidade espiritual. É a porta que nos abre ao Pai, ao Filho e ao Espírito. Foi tocada primeiro pela Trindade!

Esperemos concordes e unânimes na oração

Em unidade com toda a Igreja, nós também, neste tempo, esperamos pelo Pentecostes. Não nos basta esperar como comunidade sem o cuidado de quem vigia pelo nosso interior e resgata a nossa dignidade com olhar materno. Com Maria, queremos o Espírito, pois é também sua esposa e a vida da sua alma.

Rezemos juntos com as palavras de San John Henry Newman e esperemos concordes e unânimes na oração: "Oh, Maria, pura e bela, tú és a Rainha de maio; a nossa coroa cobre os teus cabelos, e ela nunca mais cairá!"

Hugo Mota, seminarista da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/dogma/de-todas-as-mulheres-maria-e-o-modelo-perfeito/


31 de maio de 2023

Virgem Maria, a Mãe da Igreja


A Memória da "Bem-aventurada Virgem, Mãe da Igreja", decreto publicado pela Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, determina seja incluída no Calendário Romano Geral. Ela deve ser celebrada, todos os anos, na Segunda-feira depois de Pentecostes. O objetivo da celebração é promover o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, religiosos e fiéis, bem como a genuína piedade mariana.

Diante disso, todos os discípulos de Cristo são lembrados de que, para crescer no amor de Deus, é preciso enraizar a vida na Cruz, na Hóstia e na Virgem Maria. São os três mistérios que Deus deu ao mundo para estruturar, fecundar e santificar a vida interior, conduzindo todos a Jesus Cristo.

Nos mesmos moldes, podemos recordar a própria figura de Dom Bosco e as suas três devoções. Também chamadas de devoções brancas: Eucaristia, Virgem Maria e o Papa. O santo acreditava que o núcleo da piedade cristã está enraizada nesses três pilares, os frutos de sua experiência pastoral com os jovens e os seus sonhos místicos.

A mãe da Igreja

Em 21 de maio de 2018, Papa Francisco realizou a primeira Missa em memória da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja.  Recordou que os Padres da Igreja compreenderam que a maternidade de Maria não termina com Ela: "Afirmam sempre que Maria é Mãe, a Igreja é mãe e a sua alma é mãe: há algo de feminino na Igreja, que é «maternal». Por conseguinte, explicou: 'A Igreja é feminina, porque é igreja, esposa; é feminina e é mãe, dá à luz'. Portanto, é 'esposa e mãe'. Mas os Padres vão além e dizem: 'Inclusive. a sua alma é esposa de Cristo e mãe'".

Padre Gerson Schmidt propõe uma reflexão sobre "Maria Mãe da Igreja". Segundo Santo Agostinho, sendo Ela Mãe de Cristo, é também Mãe de todos os membros da Igreja, já que Cristo é a cabeça do corpo místico Eclesial descrito por São Paulo na sua carta aos Colossenses 1,18. 

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A verdadeira Mãe de Deus

O título "Mãe da Igreja" foi utilizado, pela primeira vez, por Santo Ambrósio de Milão (338 – 397). É presente também no pensamento de Santo Agostinho e São Leão Magno, no Credo de Nicéia de 325. Já os Padres do Concílio de Éfeso (430). Haviam definido Maria como "verdadeira Mãe de Deus". Esse título retorna no Magistério de Bento XIV e Leão XIII.

Essa visão influenciou o Vaticano II na sua Constituição Dogmática Lumen Gentium e, por conseguinte, o magistério de João Paulo II ( na carta Redemptoris Mater) e Bento XVI. Sendo assim, o passo dado por Francisco é simples continuidade da visão Eclesial sobre Maria.


Em 21 de novembro de 1964, Papa Paulo VI, no Concílio Vaticano II, declarou a Bem-Aventurada Virgem "Mãe da Igreja. Isto é, de todo o povo cristão, tanto dos fiéis como dos pastores que a chamam de Mãe amantíssima". Mais tarde, em 1980, João Paulo II inseriu, nas Ladainhas Lauretanas, a veneração a Nossa Senhora como Mãe da Igreja.

Virgem Maria, rogai por nós

Por fim, podemos meditar as palavras do Papa Francisco: "Maria, Mãe da Igreja, ajuda-nos a entregar-nos plenamente a Jesus, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e de cruz, quando nossa fé é chamada a amadurecer". Nos coloquemos diante desse mistério, rezando e nos consagrando a Ela de todo o nosso coração. Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/dogma/virgem-maria-a-mae-da-igreja/