5 de junho de 2023

Santíssima Trindade: Filho e Espírito Santo são um único Deus


O mistério da Santíssima Trindade é um dos dogmas centrais dentro da Igreja Católica. Por muitos anos, as civilizações acreditaram em uma diversidade de deuses, como, por exemplo, os gregos, bárbaros e celtas.

Por outro lado, os judeus avançaram essa compreensão apresentando o monoteísmo. Com fé em um único Deus, por muitas vezes citada pelos profetas como "Deus verdadeiro, os outros são apenas barro". Ou seja, a multiplicidade de deuses seriam apenas imagens criadas pelo homem, só existe um único Deus. Por fim, a Igreja católica, herdando a herança judaica, desenvolve a doutrina da Trindade.

A Trindade, revelada pelas Sagradas Escrituras e pelo testemunho de Jesus Cristo, se torna um grande escândalo para os judeus e para muitos das primeiras comunidades cristãs.

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Nos inícios da Igreja, de tempos em tempos, apareceram diversas heresias sobre essas realidades. Algumas delas são: O modalismo consistiu na opinião de alguns teólogos (Noeto e Praxéias, no século II e Sabélio, no século III) que reduziam as três Pessoas da Santíssima Trindade a simples modo de expressão do único e mesmo Deus; O subordinacionismo foi defendido pelo bispo Paulo de Samósata e pelo padre Ário de Alexandria.

Eles ensinavam que o Pai é o único Deus. Enquanto que o Filho e o Espírito Santo são criaturas subordinadas ao Pai. O triteísmo ensina que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três substâncias independentes e autônomas. Afirma, portanto, que a Trindade, na verdade, são três deuses.


A doutrina da Santíssima Trindade

No Ocidente, Tertuliano, que viveu no século II, foi o primeiro a usar a palavra "Trindade" para se referir a Deus em três Pessoas. No Oriente, esta tarefa coube a Teófilo de Antioquia, que também viveu no século II. A doutrina da Santíssima Trindade foi explicitada no decurso dos primeiros séculos e finalmente definida no Concílio de Nicéia (325 d.C.), onde ficou esclarecida a divindade de Jesus Cristo; e no Concílio de Constantinopla (381 d.C.), quando se defendeu a divindade do Espírito Santo. Cada um desses Concílios procurou responder as heresias de seu tempo, fixando a verdadeira fé católica.

A unidade e a igualdade das três pessoas da Trindade

Um dos principais comentadores da Trindade foi Santo Agostinho, que elaborou sua obra "De Trinitate" (Sobre a Trindade). Santo Agostinho enfatizou a unidade e a igualdade das três pessoas da Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um único Deus em essência. Ele usou analogias, como a mente que pensa, a palavra que é expressa e o amor que une para ilustrar a relação entre as pessoas divinas.

Também ressaltou a importância da analogia da imagem de Deus na humanidade. Argumentava que a capacidade humana de amar e se relacionar espelha, de certa forma, a natureza trinitária de Deus. Assim, Agostinho incentivava os cristãos a viverem em comunhão e amor, refletindo a comunhão divina.

O fato é que a adesão ao catolicismo se dá no Batismo, e um Batismo Trinitário (Pai, Filho e Espírito Santo). A partir disso, somos introduzidos no seio da Trindade e entramos no mistério divino por adoção filial. Sendo o Batismo a porta de entrada, os outros sacramentos também são manifestação da obra Trinitária na alma do fiel, manifestação visível através do rito e uso das matérias.

Por isso, celebrar os sacramentos é celebrar a Trindade. Ser católico é viver essa mística profunda que nos leva à transformação e união com o próprio Deus Trindade! Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.


 


Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/santissima-trindade-filho-e-espirito-santo-sao-um-unico-deus/


2 de junho de 2023

De todas as mulheres, Maria é o modelo perfeito


"De todas as mulheres, tú, Maria, és o primeiro modelo"

A primeira comunidade cristã, aquela que nos é narrada no livro dos Atos dos Apóstolos, desponta como um modelo para a Igreja católica universal.

O leitor que se dedicasse à leitura dos 28 capítulos ficaria surpreendido com o modo no qual o Espírito Santo guiava os primeiros missionários e como distribuía dons extraordinários a quem, de coração, os desejava. Um outro ponto de surpresa que o autor, Lucas, faz questão de notar é a numerosa presença de mulheres como discípulas e missionárias de Cristo.

As mulheres são muito diferentes entre si: algumas são nominadas, outras permanecem anônimas, algumas oferecem um exemplo edificante, como Tabithà (At 9,36-42) e as suas boas obras; outras, como Saffira (At 5,1;2.7;11), deixam-se levar pelo egoísmo.

De todas as mulheres, Maria se destacou de modo luminoso

Essas mulheres eram colaboradoras dos apóstolos e participavam ativamente da história da salvação com um serviço louvável de oração, hospitalidade, caridade, instrução catequética etc. De todas elas, o nome de uma se destaca de modo luminoso: é Maria, o primeiro nome feminino citado nos Atos. Separado por uma vírgula, lhe vem atribuído um substantivo e adjetivo feminino que não coube a nenhuma outra na história: é a Mãe de Jesus.

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"Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, Mãe de Jesus, e os irmãos dele." (At 1,14).
Já este breve versículo nos permite intuir a posição toda especial reservada a Maria na vida do povo de Deus. Definindo-a como "Mãe de Jesus", Lucas ressalta a missão que ela teve na história da salvação. Percebam que ela vem mencionada ao início do evangelho de São Lucas e nos Atos dos Apóstolos. Ao início da vida de Jesus, como ao início da vida da Igreja. "É por meio de Maria que tem origem o Jesus histórico, é com ela que tem início o Cristo místico: nenhuma comunidade pode nascer e se desenvolver sem Maria."


Maria, a porta que nos abre ao Pai, ao Filho e ao Espírito

No tempo que precedia a chegada do Espírito Santo, todo o grupo dos discípulos era coeso, unânime e perseverante na oração. A pequena comunidade cristã esperava com concórdia e oração pelo paráclito – "entre não muitos dias, serão batizados com o Espírito Santo" – todos juntos, sem privilégios.

Maria era a figura essencial de toda essa espera, devido ao fato de que foi a primeira a receber sobre si o Espírito por uma maternidade divina. Com ela, o Santo Espírito vem derramado sobre a Igreja por uma nova maternidade espiritual. É a porta que nos abre ao Pai, ao Filho e ao Espírito. Foi tocada primeiro pela Trindade!

Esperemos concordes e unânimes na oração

Em unidade com toda a Igreja, nós também, neste tempo, esperamos pelo Pentecostes. Não nos basta esperar como comunidade sem o cuidado de quem vigia pelo nosso interior e resgata a nossa dignidade com olhar materno. Com Maria, queremos o Espírito, pois é também sua esposa e a vida da sua alma.

Rezemos juntos com as palavras de San John Henry Newman e esperemos concordes e unânimes na oração: "Oh, Maria, pura e bela, tú és a Rainha de maio; a nossa coroa cobre os teus cabelos, e ela nunca mais cairá!"

Hugo Mota, seminarista da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/dogma/de-todas-as-mulheres-maria-e-o-modelo-perfeito/


31 de maio de 2023

Virgem Maria, a Mãe da Igreja


A Memória da "Bem-aventurada Virgem, Mãe da Igreja", decreto publicado pela Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, determina seja incluída no Calendário Romano Geral. Ela deve ser celebrada, todos os anos, na Segunda-feira depois de Pentecostes. O objetivo da celebração é promover o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, religiosos e fiéis, bem como a genuína piedade mariana.

Diante disso, todos os discípulos de Cristo são lembrados de que, para crescer no amor de Deus, é preciso enraizar a vida na Cruz, na Hóstia e na Virgem Maria. São os três mistérios que Deus deu ao mundo para estruturar, fecundar e santificar a vida interior, conduzindo todos a Jesus Cristo.

Nos mesmos moldes, podemos recordar a própria figura de Dom Bosco e as suas três devoções. Também chamadas de devoções brancas: Eucaristia, Virgem Maria e o Papa. O santo acreditava que o núcleo da piedade cristã está enraizada nesses três pilares, os frutos de sua experiência pastoral com os jovens e os seus sonhos místicos.

A mãe da Igreja

Em 21 de maio de 2018, Papa Francisco realizou a primeira Missa em memória da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja.  Recordou que os Padres da Igreja compreenderam que a maternidade de Maria não termina com Ela: "Afirmam sempre que Maria é Mãe, a Igreja é mãe e a sua alma é mãe: há algo de feminino na Igreja, que é «maternal». Por conseguinte, explicou: 'A Igreja é feminina, porque é igreja, esposa; é feminina e é mãe, dá à luz'. Portanto, é 'esposa e mãe'. Mas os Padres vão além e dizem: 'Inclusive. a sua alma é esposa de Cristo e mãe'".

Padre Gerson Schmidt propõe uma reflexão sobre "Maria Mãe da Igreja". Segundo Santo Agostinho, sendo Ela Mãe de Cristo, é também Mãe de todos os membros da Igreja, já que Cristo é a cabeça do corpo místico Eclesial descrito por São Paulo na sua carta aos Colossenses 1,18. 

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A verdadeira Mãe de Deus

O título "Mãe da Igreja" foi utilizado, pela primeira vez, por Santo Ambrósio de Milão (338 – 397). É presente também no pensamento de Santo Agostinho e São Leão Magno, no Credo de Nicéia de 325. Já os Padres do Concílio de Éfeso (430). Haviam definido Maria como "verdadeira Mãe de Deus". Esse título retorna no Magistério de Bento XIV e Leão XIII.

Essa visão influenciou o Vaticano II na sua Constituição Dogmática Lumen Gentium e, por conseguinte, o magistério de João Paulo II ( na carta Redemptoris Mater) e Bento XVI. Sendo assim, o passo dado por Francisco é simples continuidade da visão Eclesial sobre Maria.


Em 21 de novembro de 1964, Papa Paulo VI, no Concílio Vaticano II, declarou a Bem-Aventurada Virgem "Mãe da Igreja. Isto é, de todo o povo cristão, tanto dos fiéis como dos pastores que a chamam de Mãe amantíssima". Mais tarde, em 1980, João Paulo II inseriu, nas Ladainhas Lauretanas, a veneração a Nossa Senhora como Mãe da Igreja.

Virgem Maria, rogai por nós

Por fim, podemos meditar as palavras do Papa Francisco: "Maria, Mãe da Igreja, ajuda-nos a entregar-nos plenamente a Jesus, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e de cruz, quando nossa fé é chamada a amadurecer". Nos coloquemos diante desse mistério, rezando e nos consagrando a Ela de todo o nosso coração. Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/dogma/virgem-maria-a-mae-da-igreja/


29 de maio de 2023

Pentecostes: saiba quais são as evidências


A solenidade de Pentecostes é celebrada pela Igreja no dia 28 de maio, domingo. Essa grande celebração recorda o momento em que os discípulos receberam o Espírito Santo reunidos no cenáculo. O fato transformou toda a postura da Igreja perante seus desafios e deu ousadia aos discípulos de Jesus.

As Sagradas Escrituras demonstram, de modo claro, esses acontecimentos no livro de Atos dos Apóstolos. São quatro passagens que evidenciam esse Pentecostes na vida da Igreja. Quatro Pentecostes e cinco momentos significantes que irei demonstrar.

As evidências de Pentecostes

O primeiro acontece no capítulo 2,1-13, esse seria o mais conhecido e lembrado pelos católicos ao falar do tema específico. Os Apóstolos estavam reunidos e temerosos, quando veio um vento impetuoso que o tomou e os transformou, apareceram então chamas de fogo em suas cabeças e eles ficaram repletos do Espírito, falando em outras línguas. A partir de então, eles se tornaram grandes anunciadores do reino, com prodígios e milagres.

O segundo relato se encontra em Atos 4,23-31. Após saírem do sinédrio, Pedro e João se reuniram com os outros e começaram a rezar (cf. 4,24) dizendo: "concede a teus servos que anunciem com toda intrepidez tua palavra" (Atos 4,29). O escritor sagrado afirma que, tendo orado assim, tremeu o lugar onde estavam e ficaram repletos do Espírito para continuar o anúncio do Reino. Ali, eles foram "rebatizados" com um segundo Pentecostes.

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O terceiro relato se encontra em Atos 8,9-17. Pedro e João foram enviados à Samaria, que era conhecida como um povo pagão, excluído dos eleitos judeus. Ali, eles já tinham recebido o batismo, mas ainda não haviam vivido Pentecostes (cf. 7,16). Os apóstolos impuseram as mãos sobre os pagãos para que desse modo eles recebessem o Espírito de Pentecostes. A grande novidade é o derramamento sobre os pagãos recém-batizados, algo inacreditável para os judeus, já que eles eram pecadores afastados.

O quarto relato é demonstrado em Atos 10, 44-48. Enquanto Pedro pregava, aqueles que estavam ouvindo receberam o Espírito mesmo sem terem sido batizados com água. Então, Pedro reconhece que aqueles pagãos também deveriam receber o sacramento: "Poderia alguém recusar a água do batismo para estes, que receberam o Espírito Santo assim como nós?" (Atos 10,47).


O último relato

O último relato é de Paulo em Éfeso, Atos 19,1-7. Apolo havia levado o batismo sacramental, mas esse precisava ser confirmado por um representante dos Apóstolos. Então Paulo impôs as mãos sobre eles, e assim o Espírito se derramou, ocorrendo a manifestação da oração em línguas e profecias. Eram cerca de doze homens, diz a Escritura.

Peça esse mover na tua vida

Diante desses cinco relatos, fica evidente a diferença entre o batismo sacramental e o que chamamos na RCC de "batismo no Espírito". A Escritura demonstra essas diferenças e realidades, por isso quero lhe convidar a pedir esse mover de Deus na tua vida. O mesmo mover que levou os discípulos a perderem o medo e levarem o Reino de Deus a todas as criaturas. Tenho certeza que se você pedir de coração aberto, muitas graças acontecerão na sua vida. Que Deus nosso Pai nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos.



Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/pentecostes/pentecostes-saiba-quais-sao-as-evidencias/


26 de maio de 2023

Oração mística ou contemplação: uma ação de Deus que atinge a alma


No artigo anterior, tratamos da essencialidade da oração para que a alma adquira vida verdadeira. Agora, iremos aprofundar um pouco sobre sua divisão interna. Isso mesmo, os santos da Igreja sempre perceberam que a oração possuía diversos estágios. E, por ela ser um dos fundamentos da vida interior, sempre se compreendeu e divulgou que existiam diversos graus também na vida espiritual e, portanto, na oração.

A divisão clássica e simplificada expõe sempre 3 graus na vida de oração: aquele dos principiantes, a dos experientes e a dos chamados "perfeitos".

Essa "perfeição" refere-se ao determinado momento da vida espiritual onde a oração se altera tão profundamente e se torna coisa tão distinta que acaba até recebendo outro nome: contemplação. Ela pode ser chamada de oração contemplativa ou oração mística e também possui diversos estágios ou camadas em seu interior.

Preciso acrescentar que este amor ou abrasamento do coração é o próprio Espírito Santo em ação?

Enquanto a definição de oração de São Tomás de Aquino diz que ela é todo um trabalho humano, isto é, uma elevação da mente a Deus, a contemplação, também segundo o doutor angélico é uma "simples intuição da verdade que termina em um movimento afetivo" (ST II-II Q180A3). Ou seja, a própria Verdade se apresenta e, se é normal que a verdade toque o intelecto, ela não para por aí, mas provoca a vontade gerando amor em quem entra em contato com ela. Portanto, a oração contemplativa é uma ação de Deus que atinge a alma, toca a razão e reverbera na vontade, criando amor.

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O modo mais resumido de uma descrição de contemplação, que encontramos na Bíblia, está na passagem dos discípulos de Emaús: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" (Lc 24,32).

Durante a nossa oração (enquanto estamos pelo caminho), ocorre um movimento divino (o Senhor começa a andar conosco), Ele toca nossa inteligência (explica-nos as escrituras) e movimenta nossa vontade, alimentando-a com o amor (nos abrasando o coração).

Assim, se na oração buscamos a Deus, na contemplação essa busca se torna encontro, pois é causada por Ele mesmo. Em teologia, usamos o termo "infusa", ou seja, infundida por Deus diretamente em nós.

Então, o que é e como ela acontece? De uma maneira direta, a contemplação infusa é a suspensão do intelecto diante de uma verdade sobrenatural. Incapaz de abarcá-la, a inteligência permanece admirada e travada e. por não conseguir agir por si mesma, torna-se passiva desta mesma ação, sendo movida e, este mesmo movimento, também provoca a vontade pelo amor.

Complicado? Ajudará se buscarmos mais algumas definições…

São Francisco de Salles, no seu Tratado sobre o Amor de Deus, atesta: "A contemplação é uma visão simples, livre, penetrante e certa de Deus ou das coisas divinas que procede do amor e tende ao amor".

Salienta aqui que é sobre Deus ou sobre as coisas divinas e que tem o Amor como ponto principal, pois provoca o amor. Mas também lembra que, embora intelectual em sua essência, se é provocada por Deus, também é provocada pelo próprio Amor em pessoa.

São João da Cruz, no segundo livro de A Subida do Monte Carmelo, também chama a contemplação de comunicação (do latim "notitia"), geral e amorosa.

Trata-se, evidentemente, de um contato feito por Deus (comunicação), mas de forma que não é temática, ou específica, ou direta, mas geral. E, se é claro que a causa é Deus, embora seu modo seja confuso (comunicação geral), seu efeito é claríssimo, causando um aumento no Amor e, por isso, amorosa.


Cuidados na oração contemplativa

Nem tudo são flores nestes altos graus de contemplação. É necessário um acompanhamento estreito e previdente de um experiente diretor espiritual, para que haja o discernimento correto sobre o que é oração contemplativa e o que é pura ilusão sentimental.

Tanto Santa Teresa D´Ávila quanto São João da Cruz, dois dos mais admiráveis doutores da Igreja, preocuparam-se em diferenciar com precisão (até exaustiva) cada grau de contemplação e cada detalhe da vida mística.

São unânimes em dizer duas coisas: primeiro, diretores espirituais competentes sobre essas realidades eram raros no século XVII quando eles viveram, e, no século XXI, sinto muito em te dizer que não encontramos uma realidade diferente. Existe muito interesse sobre as ciências modernas, como a psicologia, e pouco conhecimento sobre a enorme tradição da teologia espiritual católica.

Segundo, facilmente cai-se em armadilhas de auto sugestão sobre falsas experiências místicas, quando não se é enganado pelo próprio demônio que, sendo mestre da soberba, quer que pensemos sermos muito mais elevados na oração do que realmente o somos na prática.

Mas a contemplação ou oração mística é um assunto denso e fascinante senão fundamental. Por isso, se você gostaria de entender melhor o que são esses graus de oração, a oração mística e suas divisões, bem como todo o trajeto da conversão inicial a Deus até uma vida de plena união e santidade, eu recomendo a leitura do livro "Santidade para todos: descobrindo as moradas interiores".

Mais do que explicar cada coisa, ele tem como objetivo te ajudar a viver inteiramente e intensamente essa amizade com Deus que desemboca na verdadeira união.

Se você prestou bem atenção no texto, lembrará que eu escrevi que este "abrasamento do coração" é ação do Espírito Santo em pessoa. Trataremos sobre isso no próximo artigo, sobre a oração carismática.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/oracao-mistica-ou-contemplacao-uma-acao-de-deus-que-atinge-a-alma/


A oração é a base da vida espiritual


Embora a vida espiritual seja dom de Deus e os sacramentos sejam os verdadeiros motores que a criam e sustentam, a oração, ou o ato de rezar, é o combustível que alimenta o crescimento da espiritualidade. Dito de outra forma bem explícita: não existe vida espiritual sem oração.

Ela é a maneira como cada um se coloca, conscientemente, sob os cuidados de Deus, procurando conhecê-Lo e se tornar conhecido por Ele, procurando entender e fazer a vontade d'Ele.

Não é um erro menor se esquecer de rezar e não procurar conhecer como a oração aumenta nossa intimidade com Deus. Se, no céu, estaremos em plena união com o Altíssimo, o que seria mais importante no mundo do que conhecer, treinar e aprofundar-se nesta intimidade?

Santa Teresa D'Ávila define a oração como um trato de amizade com Deus. Isso porque, com os nossos grandes amigos, trocamos confidências, falamos dos nossos pensamentos mais íntimos, nossas angústias e sonhos. Somos livres para nos expor sem medo de sermos julgados.

Créditos: Kamonwan Wankaew por GettyImages/cancaonova.com

A oração, vida da alma

Esse é um detalhe valioso da oração: ela nos ajuda a ordenar nosso interior, nossa inteligência e vontade a partir de uma perspectiva do alto e da eternidade.

Exponho-me e, enquanto me exponho, também me analiso e percebo as mentiras que conto para mim mesmo, os erros e desvios do caminho, a minha falta de atenção com as coisas mais importantes da vida.

Rezar nos ajuda a construir em nós esse caminho de aperfeiçoamento que não é para mostrar para os outros, não é para se gabar, mas para que estejamos mais próximos do Criador e de Sua vontade.

Orações vocais

E se não existem pré-requisitos para a oração , por que não iniciar logo?

As chamadas orações vocais são acessíveis a todos. Este é o formato mais simples de oração. Ela se dá quando falamos com Deus, daí o nome vocal. E podemos falar com Deus usando nossas próprias palavras ou repetindo uma oração tradicional como a Ave-Maria ou o Pai-Nosso.

Não é necessário mover os lábios. Se conversamos com Deus ou usamos uma oração decorada dentro de nossa cabeça, sem que ninguém ouça nada, isso já é uma oração vocal, pois se usam palavras.


Cuidados na oração vocal

Mas cuidado: o problema de repetir orações decoradas é o automatismo. E não existe verdadeira oração ou verdadeiro cristianismo no piloto automático, como ir à missa por puro hábito, rezar porque "é hora" ou "está acostumado", sem uma verdadeira corrente interior, prejudicando a vida espiritual.

Sem querer, começamos a viver o que vivíamos, o farisaísmo, tão combatido por Jesus nos Evangelhos: por fora, sepulcros bonitos e pintados, gente que reza sem parar; por dentro, somente podridão, pois a oração não está conectada com o coração (Mt 23,27).

Então, se nos dispomos a rezar, é necessário fazermos com verdadeira atenção: com sentido, sabendo o que se está falando, sabendo com Quem está falando. Atenção e piedade são, portanto, fundamentais.

Santa Teresa Ávila e São Tomás de Aquino

A mesma Santa Teresa, doutora da Igreja, deixa bem claro que, quando falamos ou repetimos fórmulas prontas sem prestar atenção com quem falamos, do que falamos e sem estarmos com nosso coração e mente envolvidos no que fazemos, não estamos rezando.

Esse repetir palavras sem consciência não é oração para a Santa de Ávila. A oração verdadeira só se dá quando nossa inteligência e vontade estão unidas com atenção, com reverência e amor em um relacionamento com Deus. O resto é mover os lábios, não é ministro falar com Deus. 

Mas que fique bem claro para todos: não há problema em repetir Pai-Nossos e Ave-Marias , ou quaisquer outras orações, desde que se esteja atento ao que se está fazendo, ou seja, sua mente e seu coração esteja envolvido no processo. A verdadeira oração é diálogo, não enxurrada de palavras perdidas e desatentas (Mt 6,6).

São Tomás de Aquino, em sua Suma Teológica, fez um exame detalhado de todas as características da oração e do ato de rezar com verdadeiros frutos, cumprindo os conselhos evangélicos.

Afinal, rezar sem cessar, interceder por nossos inimigos e, inclusive, realizar súplicas e pedidos a Deus, é interceder para nossa própria salvação e bem.

Para aqueles que desejam crescer em oração e se aprofundar nesse conhecimento, recomendo o livro "A Oração segundo os doutores da Igreja". Com certeza, a vida de oração vai adquirir um novo significado aos seus olhos.

No próximo artigo, trataremos sobre a oração mística ou contemplação, um passo além na vida de oração.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/a-oracao-e-a-base-da-vida-espiritual/


24 de maio de 2023

A Pregação no Grupo de Oração

Autor: Dercides Pires da Silva

Hoje, gostaria de pedir licença aos integrantes da Renovação Carismática Católica, especialmente aos que integram seus ministérios, para falar direta e abertamente com os irmãos e as irmãs pregadores e pregadoras, assim como com aqueles e aquelas que estão em formação ou que ainda virão servir ao Senhor conosco, "porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?" (Rm 10,13-14).

1. ENTÃO, COMEÇANDO...
É certo que a dinâmica do grupo de oração é um culto a Deus que se desenvolve em torno da Palavra dele. Isso leva diretamente à pregação. Tudo o que se faz do início até a pregação, prepara o povo para ela, a pregação. Tudo o que se faz depois da pregação é uma resposta a ela. Por isso a dinâmica do grupo de oração, quando feita adequadamente, chama-se ciclo carismático.
Por outro lado, não se pode olvidar que o grupo é de oração e não de pregação, principalmente porque se a pregação não for adequadamente preparada e apresentada em ambiente de oração e utilizando o tempo certo e a comunicação convenientemente, pode pôr-se a perder o ciclo carismático e o culto que se deve prestar a Deus no encontro semanal de oração do grupo.
Aqui, é oportuno ressaltar que o zelo pelo grupo de oração é dever sagrado de todos que aceitam nele exercer algum ministério, especialmente quando integram os ministérios de música, coordenação, pregação e formação.
Neste zelo se inclui não transformar o grupo de oração em grupo de pregação, de formação ou de música. Quem zela pelo grupo de oração não diminui a quantidade ou a qualidade da oração para dar mais espaço à pregação, à música ou a qualquer outra atividade. Quem cuida bem do grupo de oração não o transforma em grupo de formação.
É certo que quando se prega ou canta, transmite-se também um pouco de formação. Isso integra a dinâmica do grupo de oração, mas não é o grupo de oração.
Quem de fato entende a missão do grupo de oração zela por ele, nele integra todos os serviços e ministérios, sem se esquecer de que a prioridade do grupo é a oração, pois ele é um culto a Deus no qual se ora a ele, adora-o, louva-o e se usa a pregação para pôr os participantes em contato com ele, porém tendo em mente que tudo que ali se faz, juntamente com a pregação, é para possibilitar que as pessoas se ponham em contato com Deus, principalmente a oração comunitária, a oração intercessória e a música.

2. QUALIDADE DA PREGAÇÃO NO GRUPO DE ORAÇÃO
"1Também eu, quando fui ter convosco, irmãos, não fui com o prestígio da eloquência nem da sabedoria anunciar-vos o testemunho de Deus. 2Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. 3Eu me apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor. 4A minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloquência persuasiva da sabedoria; eram, antes, uma demonstração do Espírito e do poder divino, 5para que vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. 6Entretanto, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste mundo nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados. 7Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória" (1Cor 2,1-7).
Se há uma parcela da Igreja que exige pregação boa é o grupo de oração. Pregação boa é  ungida, dependente do Espírito Santo, ministrada por quem "não sabe" [não prega] outro conteúdo que não seja Cristo crucificado, morto e ressuscitado; que não se vale da sabedoria humana, mas da sabedoria divina; que demonstre o poder de Deus nos sinais e prodígios. Em resumo, a boa pregação é como a de Paulo, descrita em 1Cor 2,1-7.
Quem era Paulo? Ele mesmo responde, e também outros do seu tempo:
"4No entanto, eu poderia confiar também na carne. Se há quem julgue ter motivos humanos para se gloriar, maiores os possuo eu: 5circuncidado ao oitavo dia, da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu e filho de hebreus. Quanto à lei, fariseu; 6quanto ao zelo, perseguidor da Igreja; quanto à justiça legal, declaradamente irrepreensível" (Fil 3,4-6). "Havia então na Igreja de Antioquia profetas e doutores, entre eles Barnabé, Simão, apelidado o Negro, Lúcio de Cirene, Manaém, companheiro de infância do tetrarca Herodes, e Saulo" (At 13,1). "Continuou ele: Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade, instruí-me aos pés de Gamaliel, em toda a observância da lei de nossos pais, partidário entusiasta da causa de Deus como todos vós também o sois no dia de hoje" (At 22,3).
Antes mesmo de pertencer ao número dos discípulos e dos apóstolos de Jesus, Paulo era um doutor da lei, posto que fora formado por Gamaliel, também um doutor da lei; mestre, especializado em formar outros. Também antes de ser discípulo e apóstolo do Senhor, Paulo experimentou o poder de Deus em seu próprio corpo durante a marcha que fazia para Damasco, a fim de prender muitos cristãos.
Com base nas palavras que o Senhor disse a Ananias – "Vai, porque este homem é para mim um instrumento escolhido, que levará o meu nome diante das nações, dos reis e dos filhos de Israel" (At 9,15) –  podemos dizer que Paulo, ao estudar com Gamaliel, estava sendo formado para ser pregador, pastor, formador, doutor. O mesmo se diga de seu encontro com o Senhor no caminho de Damasco e do seu batismo ministrado pelo discípulo Ananias. A formação de Paulo continuou por mais algum tempo, silenciosamente, em Tarso; não mais perante Gamaliel, mas aos pés do Mestre dos mestres, pelo Espírito Santo.
O Senhor disse a Ananias que Paulo era um instrumento escolhido. Em verdade, Paulo estava sendo formado desde os tempos de Gamaliel, isto é, estava sendo afinado para executar a música evangelizadora do Espírito Santo.
Também nós, se quisermos pregar como Paulo, devemos nos sujeitar aos afinamentos do Espírito Santo que se serve de "Gamaliéis" e Ananias para formar arautos do Senhor Jesus até nos dias de hoje. Isso exige alguns passos de oração, humildade, oração, compreensão, oração, estudo, oração, treinamento, oração... Assim, afinados pelo Espírito Santo, poderemos ser seus instrumentos para pregar com sabedoria divina nos grupos de oração e noutros lugares, e com demonstrações do poder de Deus, a fim de que as pessoas creiam que nosso Deus não está morto, mas ressuscitou e vive entre nós.
Para que haja em nossos dias pregações como as dos primeiros discípulos do Senhor, o Ministério de Pregação, com oração e discernindo a visão de Jesus para nossos grupos de oração, tem ministrado a formação de pregadores e pregadoras seguindo uma proposta que tem evoluído ao longo dos anos, conforme o Espírito Santo nos tem inspirado. Esta proposta é apresentada nos tópicos seguintes, de forma resumida. Leiamo-la!

3. DESAFIOS
Gostaria de iniciar nossa conversa com uma indagação: Qual seria mais desafiadora, uma pregação que dure uma hora, ministrada num encontro de avivamento, ou uma pregação que não ultrapasse dez minutos, ministrada a um grupo de oração? Em geral, todos se preocupam muito mais com a pregação de uma hora. Alguns se angustiam e até se apavoram antes das primeiras pregações que duram uma hora. Devem ter seus motivos. Entretanto, se considerarmos a pregação do ponto de vista dos frutos que deve produzir, uma pregação de dez minutos ministrada ao grupo de oração é, de longe, muito mais desafiadora, posto que se desejam desta pregação os mesmos frutos que se esperam de uma pregação de uma hora. E há mais: durante uma hora dá para consertar alguns erros cometidos durante a pregação, dá também para mudar de rumo, de metodologia, de técnica, quando se descobre que se fez alguma opção inadequada. O mesmo não se consegue fazer durante uma pregação de dez minutos, sem risco de se perder alguma coisa boa que reste.
É certo que Deus quer salvar as pessoas que vão aos encontros de avivamento (rebanhões, louvores, retiros, acampamentos etc.), nos quais os participantes ouvem várias pregações de meia hora, quarenta minutos, uma hora; mas é certo também que ele deseja salvar os que vão aos grupos de oração, uma só vez na vida, para ouvir uma pregação de dez minutos, apenas. Logo, é enorme o desafio de se pregar aos participantes dos grupos de oração.
Comparando a pregação que se faz a um grupo de oração com a que se prega num encontro maior, com a visão que esboçamos nos parágrafos anteriores, nota-se que os desafios a serem vencidos numa pregação ministrada a grupo de oração são imensamente grandes, pois durante uma pregação de dez minutos, o doente precisa abrir o coração para receber a cura, o pecador precisa se arrepender dos seus pecados e se converter; o cego precisa acreditar que poderá ver; o surdo, que poderá ouvir; o aleijado, que poderá ser restaurado; o pecador, que será perdoado; o ateu, que poderá crer. Essas ideias nos ajudam a compreender o quanto devemos nos preparar para pregar no grupo de oração, assim como devemos preparar a pregação.

4. PREPARAÇÃO DA PREGAÇÃO
A melhor forma, e também a mais simples, de se preparar uma pregação é organizá-la em roteiro, pelas seguintes vantagens:
"Os roteiros poderão ser escritos e não escritos. Os não escritos possuem as vantagens das pregações e dos ensinos não escritos, citadas acima. Entretanto, em se tratando de desvantagens, o roteiro não escrito não é tão perigoso quanto a pregação e o ensino não escritos, pois quem seguir um roteiro, ainda que de memória, dificilmente se perderá.
Entre as duas formas de roteiro, inegavelmente a melhor, a ideal, é o roteiro escrito , tanto para o ensino, quanto para a pregação. É que ele oferece boa flexibilidade, boa abertura para as inspirações, moções e toques do Espírito Santo, possibilita-nos ter sempre à mão as principais ideias, libera o evangelizador do medo de não ter o que pregar ou ensinar, permite a inserção de histórias, parábolas, técnicas pedagógicas e recursos variados, entre outros benefícios.
Modernamente bons professores de oratória ensinam o uso de vários recursos pedagógicos. Indubitavelmente um dos recursos é o roteiro. Existem professores que chegam a indicar recurso mais moderno do que roteiro, como é o caso de transparências e uso de imagens eletrônicas. Mas não ficam somente na indicação, também incentivam seu emprego, dizendo que são fatores de sucesso dos bons oradores.  O roteiro materializa a preparação do evangelizador. Andréa Monteiro de Barros MACHADO, in Falando Muito bem em Público, p. 64, arrola a falta de preparação do discurso entre os pecados capitais do apresentador, e dedica, como os demais escritores, capítulos próprios para ensinar a planejar discursos."
Outra coisa importante que precisamos dizer, é que o roteiro deve ser somente um roteiro, nada mais do que um roteiro. Ele não é o ensino e nem tampouco a pregação. Frise-se que ele é somente a organização das principais ideias que o pregador e o formador seguirão para pregar e ensinar (Dercides Pires da SILVA, Formação de Pregadores e Formadores, Oratória Sacra, Roteirização, pp. 18 e 19."

5. FORMA DOS ROTEIROS
Os roteiros de pregação devem ter três partes: Introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, a pregadora e o pregador, a um só tempo, apresentam a pregação e motivam os discípulos de Jesus, ou vice-versa. É na introdução que os discípulos de Jesus avaliam se vale a pena ouvir quem vai pregar, ou se será mais divertido pensarem noutras coisas enquanto deveriam acolher a pregação.
Apresentar a pregação, na introdução, é informar aos discípulos de Jesus o tema e as ideias principais que se desenvolverão durante a pregação, porém tal apresentação precisa ser feita em tom proclamativo, porque, efetivamente, já se prega desde a introdução.
Algo muito importante que se deve fazer na introdução, é motivar os discípulos a ouvirem atentamente a pregação. Isso se faz demonstrando a importância da pregação e apresentando pelo menos um ganho prático aos discípulos. Também motiva-se com uma boa história, uma parábola, um texto bíblico, entre outras possiblidades.
Aproveitando a oportunidade, gostaria de informar que é na introdução que mais se capta o interesse dos discípulos, além de ganhar a simpatia e a atenção deles. Enfim, na introdução o pregador e a pregadora têm a primeira e melhor oportunidade para conseguir o acolhimento dos discípulos.
O desenvolvimento é a pregação propriamente dita.
Na conclusão, resume-se a pregação, relembrando as ideias principais que foram desenvolvidas; porém, sempre em tom proclamativo.

6. DURAÇÃO DA PREGAÇÃO
Alguns irmãos têm indagado sobre o tempo de duração da pregação no grupo de oração. Aconselha-se que a pregação seja ministrada durante dez minutos,  principalmente quando for ministrada por alguém do próprio grupo. Entretanto, quando o tema contiver alguma complexidade, poderá ser estendido um pouco mais. O tempo também poderá ser aumentado – um pouco somente – quando o pregador for de outro grupo.
Em qualquer caso, é bom a pregação não exceder quinze minutos.
A pregação no grupo de oração, por ser essencialmente querigmática, não exige muito tempo para produzir bons frutos. Em vez de mais tempo, necessitamos mais de unção e de confiança na ação de Deus por nosso intermédio. Ungidos e confiantemente, eles se tornam ferramentas adequadas e instrumentos afinados nas mãos de Deus para produzirem frutos cem por um, ainda que preguem durante um minuto apenas.
Não é o muito falar − ainda que pareça revestido de pregação − que convence as pessoas. As pessoas são convencidas pela unção do Espírito Santo que "ensina todas as coisas" (1Jo 2,27).
Nós que pregamos, não podemos cair na tentação de transformar o grupo de oração em "grupo de pregação" e as coordenadoras e coordenadores não podem permitir isso. É sempre bom lembrar que o grupo é de oração e não de pregação, e que neste grupo há lugar para muitas manifestações de fé e amor que evangelizam, entre elas podemos citar ilustrativamente a música, a oração, a pregação, o acolhimento, o pastoreio, a intercessão, a oração por cura e libertação, o clamor por milagres.

7. PREPARAÇÃO DO PREGADOR
Assim como nossa pregação, também nós devemos nos preparar adequadamente, a fim de semearmos de modo a produzir bons frutos — discípulos e discípulas — para Jesus, pois uma mensagem poderá ser acolhida ou rejeitada, dependendo da forma de sua transmissão. Noutro dia li uma história sobre o poeta Olavo Bilac que bem ilustra a necessidade da preparação para se comunicar. Ei-la, a seguir:
"Um dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua:
— Sr. Bilac, estou precisando vender meu sítio, que o senhor tão bem conhece. Poderia redigir um anúncio para o jornal? Olavo Bilac apanhou um papel e escreveu: 'Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um ribeirão. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes na varanda'.
Meses depois, topa o poeta com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sítio.
— Nem pense mais nisso, senhor Bilac! — disse o homem e continuou a falar: Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que eu tinha."
Essa história me fez lembrar que além de ter uma boa inspiração, para pregar precisamos saber nos comunicar; falamos de comunicar com unção. A forma de falar, a postura, a entonação de sua voz, os gestos, enfim, tudo que compõe a imagem de quem prega influencia o ânimo de quem ouve. E essa influência vai predispor os discípulos do Senhor a aceitarem ou a rejeitarem a mensagem transmitida na pregação. É por isso que devemos ser incansáveis quando se trata de formação; precisamos ser santamente insaciáveis na busca de novos métodos para pregar. É neste contexto que entra a formação, para colaborar.
De mais a mais, precisamos aprender com aqueles que vieram antes de nós, como João Batista, cuja missão foi preparar um povo bem disposto para o Senhor, como se lê em Lucas 1,13-17. A Bíblia não diz com quem João aprendeu a pregar, mas é inegável que ele sabia. A propósito, no tempo de João, há séculos que a arte da oratória já era difundida pelo mundo por meio das grandes culturas, sendo Demóstenes, um grego, um dos seus expoentes.
Na Bíblia encontramos exemplos de como a forma de se expressar influencia os discípulos de Jesus. Certa vez, após Jesus terminar uma pregação, "a multidão ficou impressionada com a sua doutrina" (Mt 7,28) e o evangelista segue explicando que "ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas" (Mt 7, 29).
A pregação utiliza a oratória como instrumento de trabalho. A oratória, como a música, é uma arte; a arte de discursar eloquentemente. Em se tratando de pregação, é o dom de pregar com eloquência e unção.
Ninguém nasce pregador ou pregadora, assim como ninguém vem ao mundo já sendo cantor ou cantora. Como se aprende a cantar, se aprende a pregar; entretanto, sabe-se que pregar é muito mais fácil, em se tratando de técnica, do que cantar. Para aprender a pregar adequadamente, basta um pouco de formação e treinamento que podem ser obtidos nas oficinas de oratória. Mas, lamentavelmente, alguns resistem à formação e ainda tentam fundamentar suas teimosias, preguiças e desobediências na Santa Palavra, dizendo que Pedro era um homem rude e despreparado, mas mesmo assim Jesus o chamou para pregar e ainda lhe confiou os destinos da Igreja. De fato, Pedro era rude e analfabeto, e também despreparado para a missão de pregador e de pastor da Igreja quando Jesus o conheceu. Mas ninguém poderá dizer que após mais de três anos convivendo com Jesus, ele continuava o mesmo homem. Dos traços antigos de Pedro, ele conservou o analfabetismo, tanto que ditou sua carta a Silvano. Mas, por outro lado, Jesus não o chamou para ensinar aramaico, hebraico, grego ou latim. Ele foi escolhido para pastorear a Igreja e para pregar o Evangelho com palavras, sinais e prodígios. E para isso ele estava muito bem preparado, uma vez que fora formado pelo Mestre, pessoalmente.
Para atender às nossas necessidades de formação, a RCCBRASIL organiza e oferece vários cursos. Neste ponto é necessário ressaltar que há duas formações que devem anteceder a formação para pregadoras e pregadores, que são a formação bíblico-doutrinário e o conjunto de conhecimentos que compõe o Módulo Básico. Tais formações são elaboradas pela Comissão Nacional de Formação e são aplicadas pelo Ministério de Formação.
No Módulo Básico, adquirem-se conhecimentos sobre a identidade da Renovação Carismática Católica, carismas, grupos de oração, santidade, oração, liderança, a Igreja e Doutrina Social da Igreja.
Ressalte-se também que as pregadoras e os pregadores deveriam vir — ou devem vir — para o Ministério de Pregação já tendo recebido a formação inerente ao Módulo Básico e à Bíblia. Quanto à esta, pelo menos já deveriam ser seus leitores diligentes e assíduos. Por outro lado, constatando a necessidade desta formação, principalmente onde o Ministério de Formação ainda não esteja funcionando adequadamente, pode ser necessário que o Ministério de Pregação assuma as formações acima, com a finalidade de colaborar e suprir as necessidades mais urgentes.
Por fim, ainda se deve ressaltar que tal formação bíblico-doutrinária e fundamental (Módulo Básico) contém os conhecimentos gerais e essenciais que precisam ser ministrados a todas as pessoas da Renovação, principalmente às que aceitam servir ao Senhor em algum dos nossos ministérios.
Vencida esta fase "pré-formativa" — bíblico doutrinária e do Módulo Básico —, os pregadores e as pregadoras recebem a formação para a pregação e o ensino, propriamente dita.
A formação para Ministério de Pregação, propriamente dita, começa com a comunicação; isto é, começa com um conteúdo que pode ser classificado como fundamental, pois ele visa formar pregadoras e pregadores que consigam se comunicar adequadamente com os discípulos e discípulas de Jesus. Nela, os que acolhem a formação, são formados para serem oradores sacros, os quais são denominados, entre nós, de pregadoras e pregadoras. Para isso recebem conhecimentos e treinamentos sobre a oratória clássica que os capacitem a discursar na modalidade oratória sacra, além de ministrarem ensinos usando técnicas didáticas que os capacitem a ensinar com boa oratória didática.
Esta formação é fundamental porque a comunicação, em forma de oração clássica e oratória didática, é a principal ferramenta utilizada por nós. Dificilmente alguém seria pregador ou pregadora sem boa comunicação. Temos um forte exemplo bíblico que nos alerta para isso: Moisés. Ele tinha dificuldade para falar, como bem reconhece perante Deus, em Êxodo 4,10. Os exegetas estão de acordo quando interpretam essa passagem, deduzindo que ele era gago. E foi por isso que Deus mandou com ele seu irmão Aarão, como se lê em Êxodo 4,14-16.
Para ministrar a formação que capacite os pregadores e as pregadoras a se comunicarem adequadamente, no exercício do ministério da pregação, foram elaborados cursos rápidos, com oficinas de oratória, com os nomes de Roteirização (elaboração para pregações e ensinos) e Verbalização (como falar ao público).
Este ciclo — Roteirização e Verbalização — constitui o núcleo da formação para pregadores e pregadoras, pois assim como ninguém seria cantor sem saber cantar ou bom coordenador sem saber gerir (administrar), ninguém será bom pregador ou pregadora sem saber discursar segundo os princípios da oratória.
A pregadora e o pregador, recebendo a formação deste ciclo — Roteirização e Verbalização —, obterão o mínimo de conhecimento metodológico no campo da didática e da retórica que são necessários para exercerem seu ministério. Contudo, para se desenvolverem com rapidez e pregarem eficientemente e com eficácia, a fim de obterem efetividade, deverão receber a formação completa, que inclui, além do que já foi apresentado acima, os treinamentos em oficinas e os aprofundamentos.
Há formações que facilitam o acolhimento de unção do Espírito Santo, além de fortalecer a espiritualidade. Eis algumas delas: Ardor Missionário (como pregar e ensinar com ardor e como reavivar o ardor e o vigor na pregação e no ensino)" e Pregação Inspirada (como acolher inspirações divinas para pregar e ensinar).
Com tais formações poderemos conseguir aplicar nossos carismas com mais eficácia a serviço da Nova Evangelização, como Nosso Senhor Jesus Cristo nos pede pela voz da Igreja.  
Essas formações servirão para eliminar barreiras à unção do Espírito Santo, tais como: dúvidas, incredulidades, apego ao pecado, pouco amor à santidade, pouca intimidade divina.
Serão úteis também para propiciar formação espiritual suficiente para ajudá-los a amadurecerem, humana e espiritualmente, a fim de que assumam com desassombro e coragem a fé que receberam no batismo.
Enfim, do ponto de vista da unção e da espiritualidade, com tal formação estaremos mais bem preparados para sermos veículos do poder de Deus, no exercício missionário.
Entretanto, nada é tão bom que não possa ser melhorado e nada é tão perfeito que não possa ser aperfeiçoado. O bom viver e a humildade nos ensinam isso. Assim, já tendo recebido as formações sobre comunicação — oratória — e sobre unção e espiritualidade, seria ótimo acolhermos a formação contínua que nos é oferecida; dentre estas, destacaremos algumas, começando por aumentar nossos conhecimentos bíblicos-doutrinários, nossos conhecimentos e experiências com a unção do Espírito Santo e nossa capacidade comunicativa.
Penso que até aqui, a necessidade de boa formação continua já está muito explícita e clara como o sol do meio dia nas secas do Planalto Central, pois quem é chamado por Deus ao ministério da Palavra, é alguém que se forma sempre, mas gostaria de incentivar os irmãos e as irmãs um pouco mais, dizendo que o pregador e a pregadora não poderão ser discípulos de "um livro só"; não poderão satisfazer-se somente com os encontros ministrados especificamente para pregadores; não poderão se dar por formados sem o estudo do Catecismo e de outros documentos da Igreja, como, pelo menos, a Constituição Dogmática Dei Verbum, Apostolicam Actuositatem, Christifideles Laici, sobre vocação e missão dos leigos na igreja e no mundo, Compêndio de Doutrina Social da Igreja e Documento 62 da CNBB sobre a missão e ministérios dos cristãos leigos leigas.
O ministério da pregação é um serviço de amor e doação exigentes. Seu integrante necessita adquirir conhecimentos gerais sobre a Igreja, sobre nosso Movimento Eclesial e sobre o mundo, pelos menos. Quanto à Igreja, sugerimos que os pregadores e as pregadoras participem de encontros eclesiais e, quem puder, que participe também de encontros, seminários e cursos teológicos. Quanto ao nosso Movimento, recomendamos que participem dos encontros promovidos pelos demais ministérios.
Especificamente para atender a necessidade de acolhimento de unção, além de mais bem compreender a missão, há um curso rápido designado pelo título de Anuncia-me. Nele aprendem-se modos de anunciar a palavra de Deus com testemunho, com sinais, com amor e com coragem, pois um dos requisitos fundamentais para receber unção do Espírito Santo para o exercício de uma missão é precisamente acolher e praticar uma atividade missionária, no caso da pregadora e do pregador, anunciar o Evangelho é esta missão.
Além desta formação cujo título é Anuncia-me, há outro bastante sugestiva, a partir do seu título: Ver ou Crer para pregar.
Já para a área da comunicação — metodologia — que é a parte da formação que  mais nos tem desafiado, mas aos seus desafios temos respondido com maior quantidade de ofertas para a formação, as seguintes possibilidades de formação:
– Voz e Unção: como ter e preservar uma boa voz e como utilizá-la corretamente;
– Didática: utilização de técnicas e recursos pedagógicos na pregação e no ensino;
– Artes cênicas na pregação: aplicação de técnicas de encenação em histórias e maior domínio dos recursos vocálicos e gestuais;
– Comunicação interpessoal: eliminação de traumas que impedem a boa comunicação em público e aplicação de técnicas e recursos de interação grupal;
– Organização do pensamento: organização de ideias para exposição verbal e escrita de opiniões e pensamentos aplicados aos ensinos e às pregações;
– Aprofundamento do conteúdo da pregação: contextualização de textos bíblicos, entrelinhas da Palavra, noções de exegese e hermenêutica.
É necessário passar POR TODA ESSA FORMAÇÃO para ser pregador? NÃO, para nos formar, o Ministério de Pregação segue o método de Jesus: teoria, prática, avaliação; tudo simultaneamente. Isso significa que todos, a convite de coordenações de grupo, de diocese, de Estado, poderão pregar, ao mesmo tempo em que buscam a formação junto aos ministérios de pregação locais. O que não seria aconselhável, é que alguém repudiasse a formação e insistisse em ser pregador ou pregadora.
Por outro lado, é inegável para pregar eficazmente (com frutos), a formação é útil, se não for necessária.

8. ESTRATÉGIA PARA A FORMAÇÃO DE PREGADORES
A estratégia será a prática simultânea da oração, da formação e da missão.
A oração dever ser pessoal e comunitária.
A formação unirá teoria e prática. A prática se dará em oficinas de oratória.
Por fim, a missão será praticada nos grupos de oração, nas salas de formações, nos eventos promovidos pela Renovação, por outros movimentos eclesiais, pela Igreja institucional (diocese, paróquia), pelas famílias, entre outros lugares.
Para facilitar seu desenvolvimento, esta estratégia desenvolver-se-á como se resume nas alíneas a seguir.
a) Visão geral
A formação consiste, inicialmente, num evento introdutório no qual será apresentada a metodologia que seguimos – METODOLOGIA COM PODER DO ESPÍRITO SANTO. Neste encontro serão apresentadas as ideias fundamentais que ajudarão na formação de pregadores e pregadoras. Nele o pregador e a pregadora em formação já terão os primeiros contatos com as técnicas de falar com os discípulos e as discípulas de Jesus.
 A partir deste evento, serão aplicados os demais, conforme planejamento dos ministérios de pregação locais.
Para que a formação seja eficiente (executada adequadamente), eficaz (cumpra seu objetivo) e efetiva (frutífera e provocadora de boas mudanças) propõem-se os treinamentos dos formandos em oficinas de pregação, como já foi dito antes, e agora se ressalta. Nas oficinas, todos terão oportunidade de treinarem as técnicas de pregação o quanto for necessário. Com as oficinas, em pouco tempo um grande número de discípulos e discípulas se tornam excelentes pregadoras e pregadores; sem elas, os frutos são muito demorados, quando surgem.
Toda a formação poderá ser mais bem entendida com a realização de oficinas. Mesmo os conteúdos das áreas do conhecimento bíblico-doutrinário e da unção poderão produzir melhores frutos se forem estudados em pequenos grupos, utilizando técnicas e recursos pedagógicos apropriados. Para este caso, estes pequenos grupos seriam as oficinas.
Se as oficinas são úteis às áreas do conhecimento bíblico-doutrinário e da unção, à área da comunicação são  mais que necessárias; são necessariamente fundamentais. A formação para a comunicação é composta fundamentalmente de metodologias que exigem a utilização de várias técnicas e muitos recursos de comunicação. Tudo isso exige treinamentos que só poderão ser realizados em oficinas, sob pena de prejudicar sobremaneira o resultado da formação.
Os frutos das oficinas, para a nossa formação, são incalculáveis. Nelas se aprende a dialogar com o público usando um bom discurso. Aceitando nelas serem treinados, os pregadores e as pregadoras trocam um falar sem rumo, às vezes flácido, sem vida, sem vigor por uma verdadeira pregação. Enfim, em pouco tempo conseguem pregar bem; isto é, conseguem pregar com boa comunicação, com metodologia adequada e transmitindo um bom conteúdo com unção do Espírito Santo.
Cada grupo de cinco pessoas acima (ou até com menos) poderá fazer uma oficina de pregação. Ela se resume em exercitar o que foi ministrado nas salas de formações ou nos eventos formativos, aliando aos exercícios boas avaliações, para crescer mais.
b) Flexibilidade do ciclo de formação
Um item importante em nossa formação é a flexibilidade do ciclo formativo. Com efeito, não se deseja construir uma formação fechada. Ela deverá ser flexível para possibilitar o constante progresso do saber, bem como para descobrir e incorporar novas técnicas que sejam apresentadas pelos vários meios possíveis, incluindo, necessariamente, as sugestões de quantos colaboram na formação de pregadores e pregadoras.
Sua flexibilidade será percebida sempre que se fizerem necessárias modificações, aperfeiçoamentos, readequações.
Mas outra espécie de flexibilidade deve ser considerada. Trata-se da adequação do tempo e da oportunidade de aplicação a todos os formandos, a fim de atender a situações familiares, estudantis e profissionais de cada um. Assim estaremos valorizando a pessoa e não somente o trabalho que se lhes presta.
c) Procedimentos fundamentais para a formação
Para que os ciclos de formação atinjam seus objetivos, fazem-se necessários alguns procedimentos básicos. Entre eles, citam-se: criar várias alternativas para a aplicação dos encontros, produzir e oferecer material didático adequado e de preço acessível, possibilitar nas salas de formação um ambiente fraterno por meio da oração e da partilha, combinar a formação com as orações que se fazem em todos os encontros da Renovação; isto é, jamais ministrar formação dissociada da oração.
d) Duração do ciclo de formação
A duração do ciclo de nossa formação, devido à flexibilização de tempo e oportunidade, não poderá ser determinada pelo fator tempo. Assim, estabeleceremos dois critérios para marcar o ciclo de formação. O primeiro será composto de um conteúdo mínimo, que abrangerá as áreas do conhecimento, da unção e da comunicação, que acima denominamos de ciclo essencial.
O segundo critério de marcação do ciclo de formação será bastante flexível. Ele será composto por oficinas de treinamento e por cursos de aprofundamento, à medida que as necessidades forem surgindo.
Terminamos aqui, irmãos, nossa conversa sobre a pregação no grupo de oração, com dois pensamentos do Pe. Antônio Vieira:
"Jonas durante 40 dias pregou um só assunto, e nós queremos pregar quarenta assuntos em uma hora" (Pe. Antônio Vieira, Sermões, tomo 1, p. 41).
"O estilo pode ser muito claro e muito alto; tão claro que o entendam os que não sabem, e tão alto que tenham muito que aprender nele os que sabem (Pe. Antônio Vieira, Sermões, tomo 1, p. 40)."
Muito obrigado. Deus os abençoe.
Dercides Pires da Silva.
Coordenador Nacional do Ministério de Pregação de 2001 a 2005.

ANEXOS

ANEXO 1
MODELO DE ROTEIRO DE PREGAÇÃO
I – INTRODUÇÃO
Jesus é a fonte da Água Viva. A água mantém a vida sobre a terra. Ela é capaz de fazer um vegetal semimorto reviver. A Água que Jesus nos traz é a Força de Deus que nos dá vida nova, é a Graça que nos faz encontrar motivo para viver neste mundo, para ser feliz e para esperar o Paraíso Eterno. Caso você esteja triste, angustiado, enfermo, ou simplesmente percebendo que sua vida está perdendo o sabor, então você deve estar necessitando da Água Viva que Jesus nos traz hoje, neste grupo de oração. Prepare-se para recebê-la. Agora vou apresentar a vocês, Jesus, nosso Senhor, como sendo aquilo que realmente ele é, FONTE DA ÁGUA VIVA.
II - DESENVOLVIMENTO
1. JESUS REVELA-SE COMO FONTE DA ÁGUA VIVA
Ele é a fonte da Água de Viva.
a) Jo 4 (A samaritana no poço de Jacó)
b) A Samaritana aceitou a revelação de Jesus e ganhou:
✓ Sentido para viver
✓ Vontade para viver de forma diferente
c) A samaritana ganhou vida nova
✓ E buscou outras pessoas para beberem da Verdadeira Fonte, a fim de terem também vida nova
2. JESUS CONVIDA-NOS PARA BEBERMOS DA FONTE
a) Jo 7,37-38 (A Água Viva é o Espírito Santo).
b) Os soldados beberam da Água Viva que Jesus oferecia (Jo 7,32-47):
✓ Desistiram de prender Jesus
✓ Tiveram coragem de voltar aos chefes de mãos vazias
✓ Podem ter conseguido começar vida nova (viver diferente).
c) Testemunho
Eu mesmo, quando bebi da Água Viva, foi no dia....
III – PERORAÇÃO
✓ Jesus, durante o tempo que foi ouvido pela samaritana e pelos soldados, pessoas de vida difícil e sofrida, cujos corações estavam empedernidos, provou que é realmente a fonte da Água Viva, pois deu-lhes novo ânimo, nova coragem, novo sentido na vida.
✓ Agora é chegada a nossa vez de experimentar o que a samaritana e os soldados experimentaram. Agora também nós somos convidados para bebermos da Água Viva que Jesus nos oferece.
✓ Bebendo da Água Viva que o Senhor nos dá, que é o Espírito Santo, teremos vida nova. Como a água da chuva faz a semente brotar, dá novo viço à laranjeira e colore de vermelho as rosas, o Espírito Santo nos dará entusiasmo para viver e esperança de vencer, e vencer com Jesus, em qualquer circunstância desta vida. Isso é VIDA NOVA, isso é beber na FONTE DE ÁGUA VIVA.
✓ Fiquemos de pé para beber da Água Viva, para receber o Espírito Santo, a Água Viva, a fim de termos vida nova.
2. ORAÇÃO FINAL
✓ Orar pedindo um novo Batismo no Espírito Santo (Lc 11,13).
Obs.: A introdução e a peroração não precisam conter texto. Basta que tenham as ideias chaves que servirão de guia para o pregador e a pregadora. Em nosso modelo inserimos os textos para facilitar o entendimento do leitor. Outra coisa, a apresentação do pregador é feita por quem coordena o evento (encontro), por isso o roteiro de pregação não contempla os itens de tal apresentação. Nisso a pregação é diferente do ensino.
Muito obrigado. Deus os abençoe.

ANEXO 2
ROTEIRO PARA O CICLO CARISMÁTICO NO GRUPO DE ORAÇÃO
(A PREGAÇÃO SE INSERE NO CICLO CARISMÁTICO)
✓ Acolhimento (cânticos iniciais, animação, momento mariano): 15 minutos;
✓ Invocação do Espírito Santo (para se preparar para o perdão): 10 minutos;
✓ Penitência (oração de perdão): 10 minutos;
✓ Pequenos louvores em forma de ações de graça (agradecimentos): 10 minutos (OPCIONAL);
✓ Pregação: 10 minutos;
✓ RESPOSTA À PALAVRA PROCLAMADA (em forma de pedido de perdão, aceitação da vontade de Deus que foi proclamada na pregação, orações espontâneas, Batismo no Espírito Santo, grandes louvores, orações de cura, escuta profética etc.): 60 minutos;
✓ Avisos: 5 minutos;
✓ Encerramento.