8 de março de 2023

Abandone seus vícios e deixe Deus entrar em sua vida


Eu cresci em um ambiente muito marcado pelo uso do álcool, e fui me familiarizando com essa realidade, pois havia pessoas muito próximas a mim já na vivência do alcoolismo. O interessante é que, no meu coração de criança, aquela realidade me provocava medo, pavor, pânico, porque era muito complicado para uma criança viver aquilo. Então, dentro do meu coração, foi crescendo o sentimento, o desejo de nunca experimentar aquilo, e isso era muito forte dentro de mim. Porém, muito cedo, com 12, 13 anos, os hormônios começam a brotar dentro de mim, e rapidamente o consumo de álcool começou a fazer parte não apenas daquelas pessoas que viviam comigo, mas da minha vida também.

Com 18 anos, eu recebi um convite. Todo doidão quer ser gente boa com todo mundo; e eu era um desses. O doidão ele é o político, ele não diz 'não' pra ninguém, ele é o cara boa praça, ele é o cara até mesmo agradável. Então, um amigo meu chegou e falou: "Vitor, eu tenho um encontro de Igreja pra fazer", e eu falei com ele: "Claro que eu vou!", "Estamos juntos!" ,"Está precisando de alguma coisa?", "Estou lá com você!", "Qualquer coisa que precisar, estamos aí e tal". Desliguei o telefone e pensei: não vou porcaria nenhuma. Vou nada! O que eu vou fazer em encontro de Igreja? O Padre usa saia! Coisa estranha… O que eu faria lá?!

Uma semana antes do encontro, meu amigo ligou e disse: "É sexta-feira!". Perguntei o que teria na sexta-feira, e ele disse que, sexta-feira, seria o encontro. Eu botei a mão no telefone e dei aquela suspirada. Pensei: "Estou no sal. Estou enrolado! Como é que eu falo?". E até tentei falar "pô não vai rolar e tal". Mas ele respondeu: "Não, o seu nome já está lá. Já apaguei sua inscrição. Você vai ter que ir". E eu desliguei aquele telefone completamente desanimado, "P da vida". Mas, enfim, comecei a ver as possibilidades. Pensei: vai ter muito jovem, muita menininha e tal… Aquelas coisas de adolescente. E cheguei lá, naquele ônibus, e quando eu botei o pé lá perto daquele ônibus, começaram a cantar meu nome, todo mundo me abraçando! E eu pensei: onde eu vim me meter, cara?! E fiquei lá atrás no ônibus pensando: Rapaz, um final de semana inteiro nesse lugar!

O primeiro contato com a misericórdia de Deus

Ao fim daquele encontro, eu estava realmente impactado. No fundo, aquela experiência foi muito interessante. Porém, não o suficiente para que eu mudasse minha história. Não houve em mim uma abertura porque eu estava muito preso. Mas um ponto interessante é que tem aquelas chegadas na igreja, com os familiares, e minha mãe estava lá. Minha mãe chorava muito, e ela me abraçou, nós nos abraçamos e foi um momento muito forte. Chegamos em casa e ela me fez uma pergunta, mas eu não fazia ideia dos desdobramentos daquela pergunta. Ela perguntou se existia aquele tipo de encontro para os pais, e eu não sabia. Minha mãe, afundada no álcool há 20 anos, já tinha tentado se matar três vezes; aquela pergunta causou algo muito estranho dentro de mim, porque veio toda a minha história ali.

O tempo se passou, a minha vida continuou a mesma ou até mesmo pior. Só que o povo de Igreja gosta de doidão. E numa dessas, eu fiquei muito próximo de uma família da Igreja. Então, certa vez, eu estava na casa deles e eles me entregaram uma folha com o número três em cima rodeado de azul; e eu perguntei o que era. Ela explicou que era a ficha de inscrição para sua mãe. Quando eu cheguei dentro da minha casa, eu entreguei para a minha mãe e fui pro meu quarto; lá do meu quarto, eu escutava o grito de choro da minha mãe com o papel na mão. E enquanto ela chorava de lá, eu me pus a chorar também. Ela chorava na cozinha, e eu chorava no meu quarto.

A chance da vida da minha mãe

Eu imagino, hoje, que, ao pegar aquela ficha, ela pegou a última chance da vida dela. As pessoas que estavam naquele encontro dizem que, quando ela chegou, ela disse que, a partir daquele dia, ela não colocaria mais uma gota de álcool na boca. Minha mãe saiu daquela casa de retiro uma mulher completamente transformada. Minha mãe começou a fazer um trabalho lindo de recuperação de jovens com dependência química na minha cidade. E eu, claro, constrangido, envergonhado, porque agora quem precisava de um resgate era eu, e eu não conseguia.

Porém, uma vez, eu estava numa festa de bairro muito comum em cidades do interior, e esse mesmo amigo que me ligou há três anos falou: "Vitor, daqui a duas semanas vai ter outro encontro. Vamos!". Ali, eu comecei a chorar com um copo de uísque na mão, e pedi para ele dar a chance para outra pessoa. Eu o questionei: "Quantas vezes você me fez esse convite? Quantas vezes você me colocou dentro daquela casa de retiro, e não deu em nada!". Ele me pediu uma última chance. Fui para aquela casa de retiro muito frustrado comigo mesmo, porque quantas vezes eu realmente tentei, eu quis.


Deus me resgatou por meio da minha mãe

Então, andando por aquela casa, um jovem veio e me convidou para uma palestra. Eu falei que não queria ir. E ele me perguntou por que eu não iria. Eu disse que estava cansado de escutar essa história de que eu fumava, não fumo mais. De que eu cheirava, eu não cheiro mais. De que eu bebia, e não bebo mais; e eu via muita gente sendo transformada, e eu não conseguia sair. Mas ele insistiu. Eu sentei lá atrás na sala de palestra e a condução começou; de repente, entrou uma mulher um pouco mais baixa que eu, com um semblante mais lindo do mundo. A minha mãe entrou naquela sala de palestra. Apesar de ter 45 minutos para falar, ela falou apenas cinco minutos, o que foi o suficiente para minha mãe me dar a vida pela segunda vez.

Trecho retirado de: PHN – Participação: Vitor Leal (27/10/2020) – Vitor Leal


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/testemunhos/abandone-seus-vicios-e-deixe-deus-entrar-em-sua-vida/


6 de março de 2023

Uma jaculatória que Nossa Senhora trouxe do céu!


Nossa Senhora apareceu a uma jovem freira, na França, Irmã Catarina de Labouré. Entre as várias falas e símbolos desta aparição, Nossa Senhora mostrou a ela uma imagem oval e pediu que fossem feitas muitas medalhas como aquela e distribuídas ao povo.

Havia, na medalha, outros símbolos também. Mas, aqui, vamos nos deter neste: a medalha que Nossa Senhora mostrou continha a imagem Dela e, em volta, circundando a imagem, estava escrita esta oração: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!".

Ela prometeu que quem usasse essa medalha, que continha esta pequena oração, alcançaria muitas graças. E assim aconteceu. Muitos milagres começaram a surgir, a ponto de a medalha passar a ser conhecida como medalha milagrosa.

Créditos: Sidney de Almeida / by Getty Images

Uma oração curta e fervorosa

É uma oração simples, pequena, portanto uma jaculatória (jaculatória, segundo o dicionário, significa "oração curta e fervorosa"), mas com um poder trazido do Céu, pois quem ensinou foi a própria Mãe de Jesus.

Se ela, concebida sem pecado, pede que nós, cheios de pecado, recorramos a ela, é porque assim o Céu lhe permitiu, o Pai lhe permitiu.

Por isso, podemos fazer desta pequena e fervorosa oração, desta simples jaculatória, uma oração para qualquer momento. Ela ensinou, ela ali estará. E claro, quem puder e quiser trazer consigo a medalha acompanhada da oração, melhor ainda fará, pois uma receita do Céu, é receita do Céu.


Em meio a tantos pecados que vemos no mundo de hoje, a começar pelos nossos, que esta jaculatória possa romper barreiras e que o pecado tenha cada vez menos espaço e o desejo de santidade nos corações tenha cada vez mais espaço.

É Aquela, sem pecado, rogando por nós pecadores! É esta a receita! Tomemos posse!

Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!"



Rosení Valdez Oliveira

Rosení Valdez Oliveira é missionária na Comunidade Canção Nova desde 1997. Ela reside na missão de Cachoeira Paulista (SP) e atua no Setor infantojuvenil com produção de conteúdo para crianças e adolescentes. Rosení também prega encontros para casais junto com seu esposo, Alexandre Oliveira. Semanalmente, o casal comanda uma live oracional no Instagram da @cancaonova. A missionária é colunista, desde 2013, do portal cancaonova.com. Também é autora de livros publicados pela Editora Canção Nova, e do DVD 'Um lugar bem legal', pela gravadora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/uma-jaculatoria-que-nossa-senhora-trouxe-do-ceu/


1 de março de 2023

Jesus foi tentado?


A resposta vem por São Tomás de Aquino e o Catecismo da Igreja Católica.

comshalom

No primeiro domingo da quaresma, a Igreja propõe aos fiéis o episódio das chamadas tentações de Cristo no deserto, logo após o Senhor ter sido batizado por João Batista no rio Jordão. Além disso, os sinóticos nos dizem que foi o próprio Espírito Santo que conduziu Jesus para viver essa experiência.

 Como podemos dizer que Jesus foi tentado se não tinha nada de desordenado em Sua Santa humanidade? Vejamos como:

São Tomas de Aquino explica

São Tomás de Aquino nos lembra que a tentação pode vir da carne, do mundo ou do demônio. Ora, possuindo uma humanidade perfeita e sem desordens, Jesus não podia ser tentado pela própria carne, nem pelo espírito do mundo. Mas podia ser tentado pelo demônio, porque "a tentação que vem do inimigo pode ser sem pecado, porque ela é apenas uma sugestão exterior."

São Tomás cita em seguida, no artigo 2 da mesma questão da Suma, São João Crisóstomo, que diz: "O diabo se obstina sobretudo a tentar aqueles que vê na solidão. Por isso, na origem da humanidade, ele tentou a mulher quando esta encontrava-se sozinha." Por isso, podemos concluir que ao ir ao deserto buscar a solidão, o Filho de Deus foi intencionalmente, inspirado pelo Espírito Santo, ao encontro do inimigo para vencê-lo em nome de toda a humanidade que veio representar ao assumir nossa natureza. Mas por quê?

São Tomás explica os vários motivos pelos quais Jesus foi tentado. Primeiro, para nos alertar, a fim de que ninguém, por mais santo que seja, não se julgue em segurança e ao abrigo das tentações. Além disso, Cristo quis ser tentato após o batismo, diz Santo Hilário, porque 'as tentações do diabo se intensificam sobretudo contra os santificados, porque é sobre os santos que o inimigo quer vencer'. Em seguida, São Tomás explica que Jesus foi tentado para nos dar o exemplo de como vencer as tentações. Por fim, para nos mostrar que 'não temos um sumo-sacerdote incapaz de compadecer-se de nossas fraquezas'(Hb 4,15), e devemos, por isso mesmo, ter confiança em Sua Misericórdia.

São Tomás comenta também que Jesus preparou o confronto com o inimigo pelo jejum: "Deu o exemplo, mostrando a todos que devem se premunir contra as tentações pelo jejum, nos ensinando a nos armar pelo jejum contra toda tentação; por isso o Apóstolo enumera o jejum entre 'as armas de justiça'(II Co 6,5.7)."

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O Catecismo da Igreja Católica diz algo muito belo:

"A tentação de Jesus manifesta a maneira própria de o Filho de Deus ser Messias, ao contrário da que Lhe propõe Satanás e que os homens desejam atribuir-Lhe. Foi por isso que Cristo venceu o Tentador, por nós.(…)  Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto."

Que neste primeiro domingo da Quaresma nosso olhar se volte para nosso Divino Esposo e deixe-se ensinar por Ele a vencer todo o mal que quer tomar nosso coração. Amém.

Daniel Ramos de Castro
Missionário da Comunidade de Vida Shalom


Fonte: https://comshalom.org/jesus-foi-tentado/


27 de fevereiro de 2023

Fuja do pecado, não desvie seu relacionamento com Deus


Quando cometemos o pecado, nos afastamos, perdemos a comunhão, nos distanciamos de Deus, deixamos de olhar para dentro e olhamos para fora, buscando saciar a nossa fome com coisas externas.

Deus nos criou para nos relacionarmos. Logo no início, Ele colocou Adão em convívio com toda a criação; Ele não quis que o ser humano estivesse só e, a todo instante, o Senhor se mantinha em plena relação com o homem. Todas as tardes Ele passeava pelo jardim. Portanto, o pecado é a falência dessa relação, é a quebra dessa comunhão, é não amar. Pecar é um ato de livre escolha, que traz várias consequências para nós, sendo a maior delas a ruptura da relação com Deus. Com isso, entendemos que o pecado não é um código que transgredimos, mas uma relação que destruímos com nosso próximo, com nós mesmos e com Deus.

Pecado – a luta do cristão

Estamos diante de uma luta que perpassa a história da humanidade, que foi iniciada desde a origem do mundo e durará até o último dia. Por isso, devemos lutar sempre contra o pecado. "Igualmente o atleta, na luta esportiva, só recebe a coroa se lutar segundo as regras" (2Tm 2,5). É uma luta dura, mas necessária, sem a qual não podemos agradar a Deus e sermos felizes.

Crédito: claylib by GettyImages / cancaonova.com

Caiu? Levante-se! Peça a Deus o perdão, arrependa-se de todo o coração, perdoe a si mesmo e continue a caminhada. Não é porque perdemos uma batalha que vamos perder a guerra contra o pecado, pois as quedas nos ajudam a nos desprezar e a confiar em Deus, elas são remédios contra o nosso orgulho, contra o amor-próprio, contra a nossa presunção e arrogância. Devemos entender que essas tentações contra a pureza nos tornam mais castos quando as superamos; as tentações contra a ira nos tornam mais mansos e humildes; as tentações da gula nos tornam mais fortes na temperança. O combate contra as tentações nos faz mais fortes e mais vigilantes.

Nossas faltas fazem-nos conhecer experimentalmente e tocar com os dedos a nossa miséria e impotência, e nos dão a humildade, que é um dos pilares do Movimento e uma virtude que agrada muito ao Senhor. Por isso, ao cair, não podemos ficar pisoteando a alma, sem querer aceitar, por orgulho, a própria queda, mas, ao contrário, dizer como ensina São Francisco de Sales: "Ó minha alma, pobre alma, levante-se, é grande a misericórdia de Deus".


Quatro dicas para superarmos o pecado

Devemos guardar quatro coisas como se fossem armas para nossa segurança e para obtermos a vitória. São elas: a desconfiança de si, a confiança em Deus, os exercícios e as orações. Esse é o caminho da perfeição cristã que passa pela cruz, não existindo santidade sem renúncia e sem combate espiritual. Fazer a vontade de Deus é, antes de tudo, lutar contra os nossos pecados, pois eles nos escravizam e nos separam do Amor, nos separam dessa relação que Deus sonhou e deseja ter conosco.

Nunca podemos nos desesperar ou desanimar, mesmo que nossos pecados sejam numerosos. Não podemos permitir que, depois do pecado, entre o desespero em nosso coração. Assim lemos na primeira carta de São João: "Se o nosso coração nos acusa, Deus é maior que o nosso coração e tudo conhece" (1Jo 3,20). E à mulher adúltera, Cristo disse: "Ninguém te condenou? Eu também não te condeno. Vá e não peques mais".

(Trecho retirado do livro – Penitência Um caminho de conversão – Angela Abdo)



Angela Abdo

Mestre em Ciências Contábeis pela Fucape, pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Gestão de Pessoas pela Faesa, graduada em Serviço Social pela Ufes e psicanalista. Consultora e Executiva na área de RH e empresa hospitalar. Foi coordenadora do grupo fundador do Movimento Mães que Oram pelos Filhos da Paróquia São Camilo de Lellis, em Vitória (ES) e do grupo de Amigos da Canção Nova de Vitória. Atualmente, é coordenadora nacional e internacional do Movimento Mães que Oram pelos Filhos. Escritora dos livros "La Salette, o grito de uma Mãe!" (2018), "Superação x Rejeição: Aprendendo a ser livre" (2017), "Ser Mulher À Luz da Bíblia: Porque Deus Pode Tudo!" (2016) e "Mães que Oram pelos Filhos" (2016). Participa do programa "Papo de Mãe que Ora", no canal Mães que Oram pelos Filhos Oficial, e do "Mães que Oram pelos Filhos", na Rádio América.  Autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/fuja-do-pecado-para-nao-desvie-seu-relacionamento-com-deus/


24 de fevereiro de 2023

Seja conduzido ao deserto pelo Espírito Santo, experimente a Quaresma


"Então, Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome." (Mateus 4,1)

Assim inicia o relato da ida de Jesus ao deserto onde permanecerá por 40 dias e 40 noites, e ao final terá fome. O próprio espírito conduziu Jesus ao deserto. Este versículo serve de base e como essência do como devemos nos preparar para entrar no período quaresmal. A missão de Jesus neste mundo, segundo o Papa Bento XVI no livro Jesus de Nazaré, consiste em "descer aos perigos do homem, porque só assim pode o homem caído ser levantado: Jesus deve (isso pertence ao cerne da sua missão) penetrar no drama da existência humana, atravessá-lo até seu último fundo para encontrar a "ovelha perdida", colocá-la nos seus ombros e levá-la para casa."

Por isso, o primeiro passo que precisa ser dado antes de ir ao deserto quaresmal é o de estender a mão ao Espírito Santo como uma criança que pede ao seu pai que o tome pela mão, pois sozinho permanecerá em pé por um tempo, serão dados alguns passos e logo virão as tentações e a queda. Os padres do deserto nos ensinam que o deserto é o lugar onde habitam as feras, lugar de ausência de água, de alimento, de recursos, lugar de combate.

Na vida espiritual o que é o deserto?

Assumir uma postura de quem necessita de conversão é essencial para que o Espírito Santo possa fazer o seu trabalho de chegar nas nossas profundezas e tirar tudo o que é velho, fazer nova todas as coisas. Uma vida em pecado nos torna inimigos de Deus e, consequentemente, passamos a viver na desordem. O encontro com Deus e o retorno à filiação Divina devolve a ordem a nossa vida, passamos a viver na fé, cheios de esperança e transbordamos a caridade por onde passamos.

Seja conduzido ao deserto pelo Espírito Santo, experimente a Quaresma

Crédito: olegbreslavtsev by GettyImages/ cancaonova.com

Um dos primeiros padres do deserto chamado Antônio, certa vez, encontrou um leão e, diante da fera, falou duas coisas: ou eu tentarei correr e você me alcança e me devora ou você me deixa em paz em nome de Deus e eu sigo o meu caminho?

O leão, depois de um tempo contemplando-o, acaba deixando Antônio em paz e segue seu caminho. Os padres do deserto vão nos ensinar que o deserto é o lugar da ação da providência divina.

Nesta Quaresma, permita que o Espírito Santo conduza você pela mão; e como um segundo passo, confie a sua vida nas mãos da Divina Providência, pois feras poderão se colocar na tua frente, a fome chegará, o peso e o cansaço da caminhada se apresentarão, porém o Pai, na sua infinita misericórdia, não permitirá que você pereça.

O Espírito da Verdade, um guia na caminhada e na luta diária pela santidade

Um terceiro passo essencial na Quaresma, fruto do auxílio do Espírito Santo, segue o que o Santo Papa João Paulo II ratificou em sua mensagem para a Quaresma em 1981:

"Sim, a Quaresma é um tempo de verdade! Examinemo-nos com sinceridade, franqueza e simplicidade! Os nossos irmãos estão ao nosso lado, na pessoa dos pobres, dos doentes, dos marginalizados e velhinhos. A que ponto estamos com o nosso amor? E com a nossa verdade?" Abra o seu coração para a verdade que é o próprio Cristo em cada momento de comunhão com ele e saia em missão para ser Eucaristia para todos aqueles que a Divina Providência colocar na sua frente.


Tome como antídotos contra o veneno da concupiscência da carne, do egoísmo e do mal presente no mundo, a oração, a esmola e o jejum. A oração por excelência significa colocar Deus em primeiro lugar em minha vida. A esmola tem como foco tornar o próximo mais importante do que eu.

Todos somos chamados a viver o "êxodo", sair de si para ir ao encontro de Deus e do próximo. A esmola significa colocar o outro em primeiro lugar. O Jejum tem como objetivo nos conduzir ao essencial da vida, que é o próprio Deus; abrir mão de tudo o que é supérfluo e abraçar tudo o que nos alimenta de eternidade. Não significa simplesmente ficar sem se alimentar, não comer doce ou beber refrigerante, é, acima de tudo, esvaziar-se por inteiro para ser preenchido por Deus. O nosso corpo entra em comunhão com a nossa alma e o nosso espírito através do jejum.

Escute o Espírito para que ele conduza sua vida

"É-nos concedido, desse modo, experimentar a superabundância do amor do Pai celeste, que em plenitude foi dado à humanidade inteira no mistério pascal" (São João Paulo II).

Não esquecemos que para que tudo isso se cumpra, para que possamos colher os frutos do deserto quaresmal e possamos chegar na semana santa e viver com Cristo a Sua cruz, morte e ressurreição, o silêncio é essencial.

Santa Teresa de Calcutá nos ensina em seu livro 'A oração' o frescor de uma fonte. "Nós temos sede de encontrar Deus, porém ele não se deixa ser encontrado nem no barulho, nem na agitação."

Os Evangelhos provocam cada um de nós a sempre buscarmos o deserto, a fim de entrar em comunhão com Deus.

Sendo assim, que, nesta Quaresma, como consequência do silêncio habitado por Deus, que o Espírito Santo nos conduza pela mão, que a Divina Providência nos surpreenda e ajude a encontrar a verdade que é Jesus Cristo, e que, pela graça da conversão de vida, possa voltar a chamar Deus de Pai.



Saulo Macena

Saulo Macena é membro da Comunidade Canção Nova desde 2009. Morou por 6 anos na missão Canção Nova na França. Saulo é natural da cidade de Fortaleza (CE). Casado, ele é pai de uma filha. O missionário é pregador e também produtor do canal de Formação do site cancaonova.com.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/seja-conduzido-ao-deserto-pelo-espirito-santo-experimente-a-quaresma/


17 de fevereiro de 2023

Conheça os aspectos litúrgicos da Quaresma


Neste artigo, iremos tratar do tema Quaresma — de modo básico e explicativo —, dando enfoque ao aspecto celebrativo litúrgico. Para isso, será usado o livro "Entrarei no altar de Deus", de Michel Pagiossi, na terceira parte. O objetivo é explicar um pouco como iniciou a Quaresma e o que ela significa, assim como cada dia do tríduo pascal. O desejo é de que você seja preparado para tal tempo litúrgico de tamanha importância. 

Desde o início do cristianismo, a solenidade da Páscoa era precedida por uma preparação, essa atitude foi ganhando peso e forma até o que vivemos hoje em dia. Santo Atanásio conta que o período quaresmal já existia no século IV, prova disso são os documentos da peregrina Egéria e as obras de Santo Agostinho. A última instrução e reforma  deu-se no Concílio Vaticano II. 

Início do tempo quaresmal

O tempo quaresmal se inicia na Quarta-feira de Cinzas e se encerra antes da Quinta-feira Santa. Somando cinco semanas e mais o Domingo de Ramos são 40 dias, por isso, chamamos de Quaresma, lembrando que a Quaresma se diferencia da Semana Santa ou Maior. O número quarenta representa os dias de Nosso Senhor no deserto, assim como os anos em que o povo Hebreu viveu no deserto e do dilúvio, por exemplo. 

Foto Ilustrativa: Coompia77 by Getty Images / cancaonova.com

Nos resultados do Vaticano II ficou estabelecido que o sentido quaresmal seria de modo duplo como seguimento da Sagrada Tradição: a lembrança do Batismo com a preparação dos catecúmenos e um tempo de penitência somado às orações. O documento que comenta o tema é a  Sacrosanctum Concilium. A Paschalis Sollemnitatis orienta que o ambiente da Igreja seja preparado para o culto com ornamentações mais sóbrias, da mesma maneira os cantos, não se canta "Aleluia". As homilias estarão voltadas para conversão, purificação, batismo e misericórdia/confissão. No V domingo se indica cobrir as imagens de santo e crucifixo até o início da Vigília Pascal.   


Quaresma é tempo de penitência e purificação

No I Domingo, aparece as tentações do Senhor; e, no II, a Sua transfiguração, seguidos de outros temas, conforme o Ano litúrgico (A,B e C). Em relação às missas votivas, ou seja, de recordação dos santos, pede-se que priorize o tempo quaresmal. A cor litúrgica referente ao tempo será o roxo, que representa a penitência e purificação. Somente no IV Domingo pode-se usar o róseo ou rosáceo referente ao chamado "Domingo Laetare" (Domingo da Alegria), o que seria o roxo com um tom de branco recordando o pré-anúncio da Páscoa. 

Também recorda-se que todas as sextas-feiras do ano, exceto solenidades, é indicado a abstinência de carne ou outra mortificação. O jejum é indicado na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta da Paixão. Deve ser escolhido por parte do fiel uma penitência e dedicado momentos mais profundos de oração, principalmente a "Via-Sacra" às sextas-feiras, assim como exames de consciência somados à confissão dos pecados. 

Tempo de encontro com Deus

Dessa maneira, atento às celebrações litúrgicas e ao que indica a Igreja, é possível viver profundos momentos de encontro com Deus e conversão por meio da prática quaresmal. Entender a liturgia e os motivos de sua execução fazem-nos celebrar, de modo mais consciente e ativo, o tom e sabor da vida cristã, assim como também os da alma.

Que Deus, nosso Pai, nos inspire a pôr em prática esses ensinamentos!



Rafael Vitto

Rafael Vitto, seminarista CN. Graduado em Filosofia e estudante de Teologia. Atuante na paróquia São Sebastião em Cachoeira Paulista.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/conheca-os-aspectos-liturgicos-da-quaresma/


13 de fevereiro de 2023

Será que você tem alguns pecados de estimação?


Como superar os pecados de estimação? Como vencê-los? Então, a primeira coisa importante é não os termos mais como pecados de estimação. Se temos animais de estimação e os domesticamos, cuidamos, damos comida, alimentamos, fazemos eles crescerem, damos remédio, é ótimo! Só que, com os pecados, não podemos fazer isso, pois os pecados nós temos de matar mesmo, ter "ódio" deles.

E, por outro lado, precisamos de paciência. Porque, normalmente, esses pecados — que chamamos de veniais, menores, pecados que estão costumeiramente na nossa vida, às vezes, de anos, a vida inteira —, são diferentes daqueles pecados grandes, dos pecados graves que cometemos conscientemente contra os mandamentos. Esses pecados (pecados graves) nós temos de abandoná-los de uma vez, realmente tirá-los da nossa vida. Os pecados assim (nos zangarmos muito e facilmente ou, às vezes, acostumados numa vaidade, numa "mentirinha", aquelas coisas que acontece no dia a dia, a impaciência) são profundamente enraizados.

O que determina a personalidade de uma pessoa

Foto Ilustrativa: AegeanBlue by Getty Images / cancaonova.com

Pecados de estimação são aqueles do dia a dia

Diferente da grama que você puxa e a raiz sai, porque ela é curta, uma árvore que tem uma raiz profunda, por exemplo, a raiz de um coqueiro ou de um bambuzal, você precisa ir cavando ao redor com muito cuidado, então, você tira.


Menos um pecado, mais uma virtude

E você vai ter duas surpresas quando começar a fazer isso: a primeira é que não vai conseguir logo de primeira, e pode ser que dure meses, mas pode ser que sejam anos lutando para vencer aquele "bendito pecado". Mas se você lutar, pedir a Deus, rezar, confessar, receber eucaristia… Você vai ver que, um dia, aquele pecado será vencido. Agora, a segunda surpresa é que quando perceber que venceu aquele pecado específico, você vai ver que outras atitudes virtuosas cresceram junto com essa luta.

E isso se compara aos dedos da mão, apesar de um ser maior do que o outro, eles crescem de forma uniforme. E quando vencemos um pecado depois de lutarmos contra ele, alguma virtude cresce em nós, e você irá perceber. Digamos que você lutou para vencer a impaciência, então, você vai percebe que ficará mais paciente. Fica a dica!

Deus nos abençoe; e vamos à luta.

Autor: Padre Alexsandro Freitas – Comunidade Canção Nova

Transcrição e Adaptação – Bianca Vargas


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/sera-que-voce-tem-alguns-pecados-de-estimacao/