29 de dezembro de 2022

Por que o alcoolismo é pecado?


Tudo que atenta contra a vida humana está contra a vontade de Deus. Jesus disse que veio "para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância" (Jo 10,10). Nosso corpo é templo da Santíssima Trindade. São Paulo disse: "Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós. Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado – e isto sois vós" (1 Cor 3,16-17).

Há muitas maneiras de destruir o corpo e a vida: a violência, os esportes perigosos e absurdos, e as drogas, como a maconha, cocaína, crack, LSD, alcoolismo…

Alcoolismo

Tudo isso é pecado porque ofende o Autor da vida, que nos deu a vida como um grande dom e presente para ser vivida para os outros. A vida não é nossa, é de Deus; não sabíamos o dia do nascimento e não sabemos o dia da morte. Ela está em nós, mas não nos pertence. Somos administrador dela e teremos de prestar contas ao Criador.

Créditos: South_agency by GettyImages/cancaonova.com

Como lidar com o vício do meu cônjuge?

O alcoolismo destrói a pessoa radicalmente. Seu cérebro vai sendo "cozido" pelo álcool e todo o organismo vai morrendo, especialmente o fígado. Dá pena ver quantos homens e mulheres jovens dominados pelo álcool! Além disso, a família sofre as terríveis consequências de um pai ou de uma mãe embriagados; o casamento perece, os filhos sofrem… "O salário do pecado é a morte" (Rom 6,13).


Todo cristão tem de lutar contra a bebida

As razões pelas quais a pessoa mergulha no álcool, compulsivamente, são muitos. A música "O Ébrio", de Vicente Celestino, retrata bem isso. Em muitos se torna uma doença, e isso diminui, de certa forma, a culpa. Mas todo cristão tem de lutar contra a bebida. Não se deixar buscar nela uma fuga para os problemas da vida. É uma atitude de fraqueza e covardia. São Paulo diz: "não vos embriagueis com vinho, que é uma fonte de devassidão, mas enchei-vos do Espírito" (Ef 5, 18). O Apóstolo não está proibindo beber vinho moderadamente, mas se embriagar. Ele recomendava a Timóteo "tomar também um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes indisposições" (I Tm 5, 23).

Vigilância e oração

O cristão pauta a sua vida pela "vigilância e oração" e coloca todas as suas preocupações nos braços do Pai e confia nele, sem buscar nas fugas a solução errada para seus males. É na oração, na Palavra de Deus, na Eucaristia e na Confissão, no santo Terço, que vamos buscar forças para vencer nossas mazelas, mas jamais no álcool.

Aqueles que, porventura, se entregaram ao vicio, devem lutar com as armas da fé, citadas acima, e as armas da terapia: acompanhamento médico, podendo participar dos Alcoólicos Anônimos, buscar uma boa Casa de Recuperação, como as de Bethânia, fundadas por padre Léo etc.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/por-que-o-alcoolismo-e-pecado/


23 de dezembro de 2022

Você sabe qual é verdadeiro sentido do Natal de Jesus?

No final do Tempo do Advento e na proximidade das festas natalinas, o verdadeiro sentido do Natal, da vinda de Jesus Cristo ao mundo, pode ficar obscurecido em meio a tantas coisas que podemos julgar importantes, mas na realidade não são. Neste tempo, é normal que nos preocupemos com a ceia de Natal, com os presentes, com a roupa que vestiremos e tantos outros detalhes que fazem parte das comemorações. No entanto, celebrar o Natal não é simplesmente festejar o aniversário de Jesus Cristo. Em festas de aniversário, normalmente a preparação se limita ao cuidado com o lugar da festa, as comidas, as bebidas, a lista de convidados e outros detalhes exteriores.

Mas celebrar o nascimento de Jesus Cristo, "Deus conosco", exige muito mais do que a simples preparação exterior. A este respeito, podemos até dizer que nos confassamos e fizemos atos de caridade, que neste tempo são práticas comuns. Estas nos ajudam a nos preparar para o Natal, mas não suficientes. O Menino Deus precisa ser acolhido e, para saber se estamos prontos para isso, podemos fazer a nós mesmos algumas perguntas: temos lugar para Deus em nossas vidas? Onde acolheremos o Senhor? Qual será a nossa atitude depois de acolher Jesus Cristo em nossas vidas? Responder a estas perguntas pode nos revelar qual é o verdadeiro sentido do Natal.

O verdadeiro anúncio é levar Jesus Cristo

Em Belém, ninguém quis acolher São José e a Virgem Maria, e com ela o Menino Deus. Neste fato, temos uma imagem da realidade espiritual de que, quando deixamos de acolher a Mãe, deixamos de acolher também o Filho. Como não havia outro lugar, a Santíssima Virgem "deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria". Esta hospedaria é a imagem dos corações ingratos, que acolhem qualquer tipo de pessoas, mas não tem lugar para Deus.

Crédito: Liliboas by Gettyimages/cancaonova.com

A este respeito, "Maria Santíssima disse a uma alma devota: Foi uma disposição divina que a mim e a meu Filho nos faltasse agasalho da parte dos homens, afim de que as almas cativadas pelo amor de Jesus se oferecessem a si próprias para o acolherem e o convidassem amorosamente a tomar morada em seus corações". Depois de dois mil anos, Jesus Cristo continua a vir e procurar um lugar para nascer. Entretanto, quantas vezes não somos nós mesmos que não temos lugar para Ele, por que amamos muito mais as criaturas do que o Criador? Por vezes, nossos corações são como uma péssima hospedaria, cheia de hóspedes das piores estirpes: egoístas, mentirosos, arrogantes, preguiçosos, amantes do prazer. Quantas vezes dizemos que não temos tempo para rezar, mas na correria do dia a dia temos tempo para tudo e para todos, menos para o Senhor do tempo?

Por estas e outras razões que nos venham ao pensamento nestas reflexões, este Natal é um convite para que preparemos o nosso interior e acolhamos o Menino Jesus, que fará morada Sua em nossos corações.

Ser alcançados pela presença de Deus

Jesus Cristo veio ao mundo, que "foi criado por ele e para ele", mas não foi acolhido pelos homens: "Veio para o que era seu e os seus não o receberam". Por isso, o Natal é sempre um convite para preparar os nossos corações para acolher o Menino Jesus, pois "a Verdade que salva a vida acende o coração de quem a recebe com um amor para com o próximo que move a liberdade a voltar a dar aquilo que se recebeu gratuitamente".

Esta é uma oportunidade que não devemos desprezar, já que "ser alcançados pela presença de Deus, que se faz próximo de nós no Natal, é um dom inestimável. Dom capaz de nos fazer 'viver no abraço universal dos amigos de Deus' naquela 'rede de amizade com Cristo, que une céu e terra', que alarga a liberdade humana para o seu cumprimento e que, se for vivida na sua verdade, floresce 'num amor gratuito e cheio de solicitude pelo bem de todos os homens'. Nada é mais belo, urgente e importante que voltar a dar gratuitamente aos homens o que recebemos gratuitamente de Deus!" Nada nos dispensa ou livra deste grave e fascinante compromisso. Dessa forma, "a alegria do Natal, que já conhecemos, enquanto nos enche de esperança, estimula-nos ao mesmo tempo a anunciar a todos a presença de Deus no meio de nós".


A Virgem Maria como modelo incomparável de evangelização

Neste anúncio, temos a Virgem Maria como modelo incomparável de evangelização, pois ela "comunicou ao mundo não uma ideia, mas Jesus, Verbo encarnado". Depois de receber o anúncio do Arcanjo São Gabriel e da realização do Mistério da Encarnação do Verbo, a Virgem de Nazaré partiu apressadamente para as montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou sua prima Santa Isabel. "Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo".

Em Santa Isabel e em seu filho São João Batista, ainda em seu ventre, se realiza o primeiro milagre de Jesus Cristo na ordem da graça. Ambos recebem o Espírito Santo através da simples saudação da Santíssima Virgem, pois ela levou o Menino Deus em seu seio à casa de São Zacarias e Santa Isabel. O Evangelho ainda não fora anunciado por Jesus Cristo, mas Ele, a Boa Nova em pessoa, estava no ventre de Maria. A Virgem Maria sempre leva seu Filho Jesus nos lábios e no coração, por isso sua ação foi tão eficaz.

Jesus Cristo está presente no meio de nós

Por isso, invoquemos Nossa Senhora com confiança, para que recebamos a graça de levar Jesus Cristo, o Salvador, aos homens do nosso tempo. Dessa forma, cada um de nós deve sentir a alegria de partilhar com os outros a Boa Nova do Filho de Deus: "de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna". Jesus Cristo está presente no meio de nós. Ele é o Emanuel, que significa Deus conosco. Jesus não é um Deus distante, mas está sempre presente em nossas vidas. Esta presença de Jesus Cristo é o motivo de nossa alegria, que nos impulsiona a anunciar esta Boa Nova, e o verdadeiro sentido do Natal.

O Natal e a expectativa da vinda gloriosa de Jesus Cristo

Portanto, o verdadeiro sentido do Natal é que Jesus Cristo veio ao mundo e permanece em nosso meio: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo". O Emanuel está e estará sempre presente, nos sacrários por toda a terra, na celebração dos Sacramentos, mas principalmente em nossos corações, até sua vinda definitiva no fim dos tempos.

Neste sentido, a preparação para o Natal se reveste de um caráter permanente, pois o Senhor Jesus está sempre conosco, mas ao mesmo tempo, a sua presença se renova através dos Sacramentos, especialmente na Liturgia. Além disso, devemos vigiar e orar, pois podemos perder a presença do Senhor por causa de nossos pecados e também por que não sabemos o dia nem a hora, se estamos ou não na iminência da segunda e definitiva vinda de Jesus Cristo.

Na expectativa da vinda gloriosa do Senhor, devemos preparar continuamente os nossos corações. No entanto, na segunda vinda do Senhor, não seremos mais nós que O acolheremos em nossos corações. Mas será o próprio Filho de Deus quem preparará um lugar para nós e nos acolherá: "Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo".

 A vinda do Menino Jesus ao mundo

Sendo assim, o Natal é tempo de alegria pela vinda do Menino Jesus ao mundo, mas também é o tempo propício para renovarmos o compromisso de nos prepararmos continuamente para a segunda vinda do Senhor. Pois são "felizes aqueles que lavam as suas vestes [e as alvejaram no sangue do Cordeiro] para ter direito à árvore da vida e poder entrar na cidade pelas portas. Isso posto, a partir deste Ano Santo da Misericórdia, acolhamos a misericórdia de Deus em nossas vidas e assumamos com determinação a nossa vida espiritual.

Por fim, acolhamos com amor a Virgem Maria em nossos corações, pois com ela acolheremos seu divino Filho, e vivamos com alegria a expectativa da vinda gloriosa do Salvador: "Vem, Senhor Jesus!"



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/voce-sabe-qual-e-verdadeiro-sentido-do-natal-de-jesus/

21 de dezembro de 2022

A Imaculada Conceição de Maria no Advento


No Advento eterno, antes da criação do mundo, a Imaculada Conceição de Maria já estava no desígnio amoroso de Deus para a humanidade. É significativo refletir sobre esta verdade, especialmente no Tempo do Advento e na proximidade da Solenidade da Imaculada Conceição. A este respeito, o Papa São João Paulo II nos ensina que existe um Advento primordial e eterno em Deus, que está se cumprindo na história da humanidade.

Este Advento eterno, que é o projeto de Deus para a humanidade, realiza-se em três fases na história da salvação. No primeiro Advento, tem início a Criação do mundo, que tem como centro e ápice o gênero humano, ainda em plena harmonia com o Criador. O segundo, começa com a queda de Adão e termina na primeira vinda de Jesus Cristo. O terceiro e último, tem início naquele que chamamos de Tempo da Igreja, que vivemos hoje e que culminará com a segunda e definitiva vinda do Senhor.

Desde o Advento primordial, Maria foi escolhida, predestinada, para ser a Mãe do Verbo Eterno. Em vista dessa suprema dignidade, foi também concedida a Mãe de Deus a maravilhosa graça da Imaculada Conceição. A graça da Imaculada, que celebramos com toda a Igreja no Tempo do Advento, diz respeito não somente a Santíssima Virgem, mas também à escolha de Deus a respeito de cada um de nós desde toda a eternidade.

A Imaculada Conceição no Advento primordial

Na carta aos Efésios, o apóstolo São Paulo nos dá uma belíssima imagem do Advento: "Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N'Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos". Esta não é ainda a imagem do Advento da vinda de Jesus Cristo, mas "trata-se daquele Advento eterno cujo início se encontra em Deus mesmo, 'antes da constituição do mundo', porque já a 'constituição do mundo' foi o primeiro passo da Vinda de Deus ao homem, o primeiro ato do Advento".

Créditos: by Getty Images / Sidney de Almeida/cancaonova.com

Neste primeiro Advento, todo o mundo visível foi criado para o homem como demonstra o livro do Gênesis. Mas "o início do Advento em Deus é o Seu eterno projeto de criação do mundo e do homem, projeto nascido do amor. Este amor se manifesta com a eterna opção do homem em Cristo, Verbo Encarnado". Em Cristo, fomos escolhidos por Deus, antes da constituição do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos.


"Neste eterno Advento está presente Maria. Entre todos os homens que o Pai escolheu em Cristo, Ela foi-o de modo particular e excepcional, porque foi escolhida em Cristo para ser Mãe de Cristo". E assim Ela, melhor do que qualquer outra pessoa entre os homens "predestinados pelo Pai" para a dignidade de filhos e filhas adotivos, foi predestinada de modo especialíssimo para fazer resplandecer a sua maravilhosa graça, que o Pai nos deu no Filho Bem-amado.

A Virgem Maria

A glória sublime da especialíssima graça de Deus é a Maternidade do Verbo eterno e, em consideração desta, a Mãe de Deus obteve em Cristo também a graça da Imaculada Conceição. Sendo assim, a Virgem Maria está presente naquele primeiro e eterno Advento da Palavra com a dignidade de Mãe de Deus e da sua Imaculada Conceição, segundo o desígnio de Amor do Pai na criação do mundo e no projeto de salvação da humanidade.



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/imaculada-conceicao-de-maria-no-advento/


19 de dezembro de 2022

A Virgem Maria e a figura bíblica da Mulher

A Santíssima Virgem Maria está presente na Bíblia desde o Antigo Testamento, na figura da Mulher, da excelsa Filha de Sião.

A Bíblia e a Tradição da Igreja que, juntas, formam o único depósito da Revelação divina, mostram, de modo cada vez mais evidente, o papel da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo, na economia da salvação da humanidade. Hoje, sabemos que "os livros do Antigo Testamento descrevem a história da salvação, na qual se vai preparando lentamente a vinda de Cristo ao mundo".

Os livros do Velho Testamento, lidos na Igreja e interpretados à luz da Tradição viva, evidenciam a figura de uma "Mulher", a Mãe do Filho de Deus, especialmente, naquele que é chamado de "Protoevangelho": "Maria encontra-se já profeticamente delineada na promessa da vitória sobre a serpente (cf. Gn 3,15), feita aos primeiros pais caídos no pecado".

Créditos: Arquivo CN

A Mulher e a descendência que esmagará a cabeça da serpente

Na maldição da serpente, encontramos não somente a figura da Mulher, que representa a Virgem Maria, mas também seu Filho Jesus Cristo: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3, 15). Os Padres da Igreja viram nesta passagem uma primeira promessa da encarnação do Verbo de Deus, da vinda do Salvador da humanidade, uma referência à descendência de Nossa Senhora, que esmagará a cabeça da serpente.

O Protoevangelho nos ajuda a compreender que o mistério da encarnação do Verbo de Deus, no seio da Virgem Maria, estava previsto desde o início: "Não houve na história um único instante sem Evangelho. No momento da queda começa também a promessa. Para os Padres [da Igreja], era também importante o fato de já nesse momento inicial o tema cristológico estar inseparavelmente ligado ao tema mariano". Dessa forma, vemos que a primeira promessa da vinda do Filho de Deus ao mundo, decifrável somente através de uma iluminação posterior, é uma promessa à mulher, através da Mulher, da Virgem Mãe de Deus.


A promessa da Virgem que conceberia o futuro Rei de Israel

Nossa Senhora é a Virgem, que conceberá e dará à luz um Filho, cujo nome será Emanuel, que significa Deus está conosco: "Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco" (Is 7,14). Maria Santíssima é aquela que gerará o futuro Rei do povo de Israel, que nascerá em Belém de Éfrata, conforme as palavras do profeta Miqueias:

"Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado. Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel. Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele será exaltado até os confins da terra" (Mq 5, 1-3).

Na plenitude dos tempos (cf. Gl 4, 4), tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que Deus Todo-poderoso tinha dito através da profecia de Miqueias: "Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus conosco" (Mt 1, 22-23).

Septuaginta, versão da Bíblia hebraica na língua grega, traduziu o termo hebraico "alma", que significa "jovem", da passagem da profecia de Isaías (cf. Is 7,14), pelo grego "parthenos", que significa "virgem". A Sagrada Tradição assim traduziu, porque "essa é a compreensão de Mateus ao falar da origem singular do Filho de Deus humanado".

A Mulher e o cumprimento das promessas do Antigo Testamento

A Virgem de Nazaré é a excelsa Filha de Sião: "Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém!" (Sf 3, 14). Nela se realiza a promessa, se cumprem os tempos e se inaugura a nova economia da salvação, quando o Verbo de Deus recebeu de Nossa Senhora a natureza humana, a fim de, libertar o gênero humano do pecado através dos mistérios da Sua vida terrena.

Portanto, a Santíssima Virgem Maria se faz presente nas Sagradas Escrituras e no desígnio divino para a salvação da humanidade de modo único. Desde o momento da queda de Adão e Eva, nossos primeiros pais, a promessa do Senhor esteve presente (cf. Gn 3,15). O Messias, nosso Senhor Jesus Cristo, e a "Mulher", a Virgem Maria, estão presentes de modo inseparável na economia da salvação do gênero humano. As Sagradas Escrituras e a Tradição da Igreja atestam que em Nossa Senhora se realizaram as promessas do Antigo Testamento. Pois, o Espírito Santo desceu sobre a Virgem Santíssima e a força do Altíssimo a envolveu com sua sombra (cf. Lc 1, 35), e nela foi concebido Jesus Cristo, o Filho de Deus, prometido pelo Pai como Salvador da humanidade.



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/a-virgem-maria-e-a-figura-biblica-da-mulher/

14 de dezembro de 2022

Monsenhor Jonas Abib: Agora meus olhos Te viram!


Percebo que Deus nos quer levar a assumir e a viver aquilo que São Paulo expressa como experiência pessoal: "Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja" (Col 1,24).

Temos experimentado muitos sofrimentos: tanto cada um de nós pessoalmente como as nossas famílias. Temos experimentado o "completar na nossa carne o que falta às tribulações de Cristo". O que nos faltava certamente, e o Senhor nos quer ver assumindo agora, é o "alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós". É a alegria no sofrimento. É o acolher, de coração e com alegria, os sofrimentos que nos atingem. Nós sofremos por aqueles a quem amamos, para que a graça os atinja com os frutos da redenção de Cristo.

Papa Pio XII

Já o Papa Pio XII dizia, na sua encíclica sobre o Corpo Místico de Cristo, que a salvação de muitos depende e o verbo é este: depende – de sofrimentos, orações e sacrifícios, voluntariamente aceitos pelos outros membros do corpo de Cristo. O próprio Papa Pio XII nos mostra que isso é um mistério: não conseguimos compreender como e por que é assim. Mas a realidade é esta: a salvação de muitos depende das nossas orações e dos nossos sofrimentos voluntariamente acolhidos.


Assumimos com alegria

O próprio São Paulo vai nos dizer: "Sem derramamento de sangue não existe perdão" (Hb 9,22). O nosso suor, nossa lágrima e nosso próprio sangue são necessários para a salvação daqueles a quem amamos. Por isso, assumimos com alegria todo esse sofrimento. Somente pela adoração conseguimos viver essa experiência. Para mim, fica claro que assumir agora como "ministério" o levar a muitos a insondável riqueza da Misericórdia Divina implica sofrimentos e tribulações, sim, mas assumidos com alegria. O segredo e o desafio agora são: alegria no sofrimento.

Extraído do livro: "Agora meus olhos Te viram!"



Mons. Jonas Abib

Fundador da Comunidade Canção Nova e Presidente da Fundação João Paulo II. É autor de diversos livros, milhares de palestras em audio e vídeo, viajando o Brasil e o mundo em encontros de evangelização. Acesse: http://www.padrejonas.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/monsenhor-jonas-abib-agora-meus-olhos-te-viram/


12 de dezembro de 2022

Prepare seu coração para a segunda vinda de Cristo

Papa João Paulo II: "Não devemos esquecer que o "éschaton", isto é, o evento final, entendido de maneira cristã, não é só uma meta posta no futuro, mas uma realidade já iniciada com a vinda histórica de Cristo…

Sabemos, por outro lado, que as imagens apocalípticas do discurso escatológico [de Jesus, Mt 26, 64], a propósito do fim de todas as coisas, devem ser interpretadas na sua intensidade simbólica. Elas exprimem a precariedade do mundo e o soberano poder de Cristo, em cujas mãos está posto o destino da humanidade. A história caminha rumo à sua meta, mas Cristo não indicou qualquer prazo cronológico.

Aguardando a segunda vinda de Jesus

Ilusórias e desviantes são, portanto, as tentativas de previsão do fim do mundo. Cristo só nos assegurou que o fim não acontecerá antes que a Sua obra salvífica tenha alcançado uma dimensão universal através do anúncio do Evangelho: "Esta Boa Nova do Reino será proclamada em todo o mundo para dar testemunho diante de todos os povos. E então virá o fim" (Mt 24,14).

Jesus diz essas palavras aos discípulos preocupados por conhecer a data do fim do mundo. Eles teriam sido tentados a pensar numa data próxima. Jesus faz com que conheçam que muitos eventos e cataclismos devem acontecer antes e serão apenas "o princípio das dores" (Mc 13, 8). Portanto, como diz Paulo, toda a criação "geme e sofre nas dores do parto" aguardando com impaciência a revelação dos filhos de Deus (cf.Rom 8,19-20).


O Pai confiou a humanidade a Jesus

A obra evangelizadora do mundo comporta a profunda transformação das pessoas humanas sob a influência da graça de Cristo. Paulo indicou a finalidade da história no desígnio do Pai de "reunir sob a chefia de Cristo todas as coisas que há no Céu e na Terra" (Ef 1, 10). Cristo é o centro do universo que atrai todos a Si para lhes comunicar a abundância da graça e da vida eterna.

Para Jesus o Pai deu "o poder de julgar porque é o Filho do Homem" (Jo 5, 27). Se o juízo prevê obviamente a possibilidade da condenação, ele contudo é confiado Àquele que é "Filho do Homem", isto é, a uma pessoa plena de compreensão e solidária com a condição humana. Cristo é um juiz divino com um coração humano, um juiz que deseja dar a vida. Só o enraizamento obstinado no mal pode impedir-lhe fazer este dom, pelo qual Ele não hesitou enfrentar a morte" (L'Osservatore Romano, n.17 – 25/4/1998).



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/prepare-seu-coracao-para-a-segunda-vinda-de-cristo/

9 de dezembro de 2022

Deus se fez homem por meio da maternidade Divina de Maria

Ensina o Concílio Vaticano II: "Quis, porém, o Pai das misericórdias, que a Encarnação do Verbo fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de Seu Filho, para que, assim como contribuiu para a morte a mulher também contribuísse para a vida" (LG n. 56).

A solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja do Ocidente. Desde os primeiros séculos, surgiram heresias que perturbaram a vida da Igreja e ameaçaram a "sã doutrina". Dentre elas, uma surgiu com Nestório, patriarca de Constantinopla, no século V, que lançava a dúvida: "Porventura, pode Deus ter uma mãe? Nesse caso não podemos negar a mitologia grega, que atribui uma mãe aos deuses!".

Entretanto, reunida no Concílio de Éfeso, no ano 431, a Igreja proclamou solenemente uma das verdades mais queridas ao povo cristão: "Maria é verdadeiramente Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus". Assim, estava debelada para sempre a perigosa heresia que queria ver em Jesus duas pessoas, uma divina e outra humana, sendo Maria apenas Mãe desta última. Não, disse o Concílio de Éfeso. Maria é "Theotókos" (Theo = Deus, Tokos = Mãe)! Mãe de Deus.

O verbo encarnado e nascido da Virgem

São Cirilo de Alexandria (†442), presente nesse Concílio, havia replicado a Nestório: "Dir-se-á: a Virgem é a mãe da divindade? Ao que responderemos: o Verbo vivo subsiste, é gerado pela própria substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade… Mas ele se encarnou no tempo e por isso pode-se dizer que nasceu da mulher".

Deus se fez homem por meio da maternidade Divina de Maria

Foto Ilustrativa: alexhstock by GettyImages / cancaonova.com

Jesus, Filho de Deus, é Filho de Maria. Seu corpo é todo feito do corpo de Maria. Como Jesus não foi gerado pelo sêmen de um homem, biologicamente tudo lhe veio de Sua Mãe. Por isso, dizia Santo Agostinho: "A carne de Jesus é a carne de Maria" (Maria Medianeira,pg. 16).

Falando da maternidade divina de Maria, assim se expressa São Pedro Damião (1007-1072), bispo e doutor da Igreja:

"Esta matéria extraordinária nos tira até a capacidade de falar. Que língua poderá explicar, que inteligência não ficaria parada de espanto se começasse a pensar que o "Criador nasce da criatura, o artesão vem de seu artefato, que o seio de uma jovem virgem tenha gerado Aquele que pode conter todo o universo?" E ainda: "Ó Virgem admiravelmente fecunda que, num novo e inédito milagre, recolhe no seio Aquele que é sem medida, gera o eterno e dá à luz o que foi gerado antes dos séculos" (MM, p. 36).

A salvação acontece por meio de Maria

Diz o Papa João Paulo II, na Encíclica "A Dignidade da Mulher":
"Isto nos mostra que no ponto chave da história da salvação se dá um acontecimento capital em que entra a figura de uma mulher… Precisamente essa mulher está presente no evento salvífico central que decide da plenitude dos tempos; esse evento se realiza nela e por meio dela" (n. 3).

Por isso, "Maria é a que mais cooperou com a obra da Redenção dos homens", disse João Paulo II. É desse sublime e exclusivo privilégio de ser "Theotókos" que derivam todos os outros títulos que Maria recebe de seus filhos.


A Encarnação é o maior acontecimento de todos os tempos. Deus se fez homem, sem deixar de ser Deus, e isso se fez por meio de Maria.

A Santíssima Virgem

São Luiz de Montfort ensina: "Deus, sem precisar, porque se basta a Si mesmo, quis começar e acabar suas maiores obras, por meio da Santíssima Virgem" (Tratado da verdadeira devoção (Tvd), n. 16).

"Porque o mundo era indigno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, diz Santo Agostinho, Ele o deu a Maria a fim de que O mundo recebesse por meio dela" (Tvd, n. 16). Deus Filho, ensina S. Luiz, "comunicou à sua Mãe tudo o que adquiriu, por sua vida e morte: seus méritos infinitos e suas virtudes admiráveis" (Tvd, n. 16).

São Cirilo de Alexandria argumentava: "As mães, apesar de não gerarem a alma, são ditas, mãe do homem inteiro e não genitoras do corpo humano apenas" (TM, p. 20).

A Jesus por Maria

No Concílio de Éfeso (431), com cerca de duzentos bispos de todas as partes, pesaram as declarações de São Cipriano, Santo Ambrósio, São Basílio, para a tomada da decisão. Foi definida a unidade da pessoa de Jesus e a maternidade divina de Maria. E essa definição foi confirmada, no ano 451, pelo Concílio de Calcedônia e, depois, ainda pelo segundo Concílio de Constantinopla.

O Papa S. Pio X, na encíclica "Ad diem Illum", disse: "Querendo a divina Providência que o Homem-Deus nos viesse por Maria, em cujo seio, por obra do Divino Espírito Santo, Ele quis repousar, resta-nos só a ventura de receber Jesus Cristo das mãos de Maria… Ela é, pois, nossa melhor Guia, nossa melhor Mestra para o conhecimento de Jesus Cristo… Por isso, Ela é quem mais eficazmente pode unir os homens a Jesus Cristo… Só se encontra o Menino com Maria, Sua Mãe" (VtMM, p. 85). E, com este mesmo pensamento, a Igreja tornou célebre esta máxima: "Ad Jesum per Mariam" – A Jesus por Maria.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/deus-se-fez-homem-por-meio-da-maternidade-divina-de-maria/