23 de dezembro de 2022

Você sabe qual é verdadeiro sentido do Natal de Jesus?

No final do Tempo do Advento e na proximidade das festas natalinas, o verdadeiro sentido do Natal, da vinda de Jesus Cristo ao mundo, pode ficar obscurecido em meio a tantas coisas que podemos julgar importantes, mas na realidade não são. Neste tempo, é normal que nos preocupemos com a ceia de Natal, com os presentes, com a roupa que vestiremos e tantos outros detalhes que fazem parte das comemorações. No entanto, celebrar o Natal não é simplesmente festejar o aniversário de Jesus Cristo. Em festas de aniversário, normalmente a preparação se limita ao cuidado com o lugar da festa, as comidas, as bebidas, a lista de convidados e outros detalhes exteriores.

Mas celebrar o nascimento de Jesus Cristo, "Deus conosco", exige muito mais do que a simples preparação exterior. A este respeito, podemos até dizer que nos confassamos e fizemos atos de caridade, que neste tempo são práticas comuns. Estas nos ajudam a nos preparar para o Natal, mas não suficientes. O Menino Deus precisa ser acolhido e, para saber se estamos prontos para isso, podemos fazer a nós mesmos algumas perguntas: temos lugar para Deus em nossas vidas? Onde acolheremos o Senhor? Qual será a nossa atitude depois de acolher Jesus Cristo em nossas vidas? Responder a estas perguntas pode nos revelar qual é o verdadeiro sentido do Natal.

O verdadeiro anúncio é levar Jesus Cristo

Em Belém, ninguém quis acolher São José e a Virgem Maria, e com ela o Menino Deus. Neste fato, temos uma imagem da realidade espiritual de que, quando deixamos de acolher a Mãe, deixamos de acolher também o Filho. Como não havia outro lugar, a Santíssima Virgem "deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria". Esta hospedaria é a imagem dos corações ingratos, que acolhem qualquer tipo de pessoas, mas não tem lugar para Deus.

Crédito: Liliboas by Gettyimages/cancaonova.com

A este respeito, "Maria Santíssima disse a uma alma devota: Foi uma disposição divina que a mim e a meu Filho nos faltasse agasalho da parte dos homens, afim de que as almas cativadas pelo amor de Jesus se oferecessem a si próprias para o acolherem e o convidassem amorosamente a tomar morada em seus corações". Depois de dois mil anos, Jesus Cristo continua a vir e procurar um lugar para nascer. Entretanto, quantas vezes não somos nós mesmos que não temos lugar para Ele, por que amamos muito mais as criaturas do que o Criador? Por vezes, nossos corações são como uma péssima hospedaria, cheia de hóspedes das piores estirpes: egoístas, mentirosos, arrogantes, preguiçosos, amantes do prazer. Quantas vezes dizemos que não temos tempo para rezar, mas na correria do dia a dia temos tempo para tudo e para todos, menos para o Senhor do tempo?

Por estas e outras razões que nos venham ao pensamento nestas reflexões, este Natal é um convite para que preparemos o nosso interior e acolhamos o Menino Jesus, que fará morada Sua em nossos corações.

Ser alcançados pela presença de Deus

Jesus Cristo veio ao mundo, que "foi criado por ele e para ele", mas não foi acolhido pelos homens: "Veio para o que era seu e os seus não o receberam". Por isso, o Natal é sempre um convite para preparar os nossos corações para acolher o Menino Jesus, pois "a Verdade que salva a vida acende o coração de quem a recebe com um amor para com o próximo que move a liberdade a voltar a dar aquilo que se recebeu gratuitamente".

Esta é uma oportunidade que não devemos desprezar, já que "ser alcançados pela presença de Deus, que se faz próximo de nós no Natal, é um dom inestimável. Dom capaz de nos fazer 'viver no abraço universal dos amigos de Deus' naquela 'rede de amizade com Cristo, que une céu e terra', que alarga a liberdade humana para o seu cumprimento e que, se for vivida na sua verdade, floresce 'num amor gratuito e cheio de solicitude pelo bem de todos os homens'. Nada é mais belo, urgente e importante que voltar a dar gratuitamente aos homens o que recebemos gratuitamente de Deus!" Nada nos dispensa ou livra deste grave e fascinante compromisso. Dessa forma, "a alegria do Natal, que já conhecemos, enquanto nos enche de esperança, estimula-nos ao mesmo tempo a anunciar a todos a presença de Deus no meio de nós".


A Virgem Maria como modelo incomparável de evangelização

Neste anúncio, temos a Virgem Maria como modelo incomparável de evangelização, pois ela "comunicou ao mundo não uma ideia, mas Jesus, Verbo encarnado". Depois de receber o anúncio do Arcanjo São Gabriel e da realização do Mistério da Encarnação do Verbo, a Virgem de Nazaré partiu apressadamente para as montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou sua prima Santa Isabel. "Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo".

Em Santa Isabel e em seu filho São João Batista, ainda em seu ventre, se realiza o primeiro milagre de Jesus Cristo na ordem da graça. Ambos recebem o Espírito Santo através da simples saudação da Santíssima Virgem, pois ela levou o Menino Deus em seu seio à casa de São Zacarias e Santa Isabel. O Evangelho ainda não fora anunciado por Jesus Cristo, mas Ele, a Boa Nova em pessoa, estava no ventre de Maria. A Virgem Maria sempre leva seu Filho Jesus nos lábios e no coração, por isso sua ação foi tão eficaz.

Jesus Cristo está presente no meio de nós

Por isso, invoquemos Nossa Senhora com confiança, para que recebamos a graça de levar Jesus Cristo, o Salvador, aos homens do nosso tempo. Dessa forma, cada um de nós deve sentir a alegria de partilhar com os outros a Boa Nova do Filho de Deus: "de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna". Jesus Cristo está presente no meio de nós. Ele é o Emanuel, que significa Deus conosco. Jesus não é um Deus distante, mas está sempre presente em nossas vidas. Esta presença de Jesus Cristo é o motivo de nossa alegria, que nos impulsiona a anunciar esta Boa Nova, e o verdadeiro sentido do Natal.

O Natal e a expectativa da vinda gloriosa de Jesus Cristo

Portanto, o verdadeiro sentido do Natal é que Jesus Cristo veio ao mundo e permanece em nosso meio: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo". O Emanuel está e estará sempre presente, nos sacrários por toda a terra, na celebração dos Sacramentos, mas principalmente em nossos corações, até sua vinda definitiva no fim dos tempos.

Neste sentido, a preparação para o Natal se reveste de um caráter permanente, pois o Senhor Jesus está sempre conosco, mas ao mesmo tempo, a sua presença se renova através dos Sacramentos, especialmente na Liturgia. Além disso, devemos vigiar e orar, pois podemos perder a presença do Senhor por causa de nossos pecados e também por que não sabemos o dia nem a hora, se estamos ou não na iminência da segunda e definitiva vinda de Jesus Cristo.

Na expectativa da vinda gloriosa do Senhor, devemos preparar continuamente os nossos corações. No entanto, na segunda vinda do Senhor, não seremos mais nós que O acolheremos em nossos corações. Mas será o próprio Filho de Deus quem preparará um lugar para nós e nos acolherá: "Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo".

 A vinda do Menino Jesus ao mundo

Sendo assim, o Natal é tempo de alegria pela vinda do Menino Jesus ao mundo, mas também é o tempo propício para renovarmos o compromisso de nos prepararmos continuamente para a segunda vinda do Senhor. Pois são "felizes aqueles que lavam as suas vestes [e as alvejaram no sangue do Cordeiro] para ter direito à árvore da vida e poder entrar na cidade pelas portas. Isso posto, a partir deste Ano Santo da Misericórdia, acolhamos a misericórdia de Deus em nossas vidas e assumamos com determinação a nossa vida espiritual.

Por fim, acolhamos com amor a Virgem Maria em nossos corações, pois com ela acolheremos seu divino Filho, e vivamos com alegria a expectativa da vinda gloriosa do Salvador: "Vem, Senhor Jesus!"



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/voce-sabe-qual-e-verdadeiro-sentido-do-natal-de-jesus/

21 de dezembro de 2022

A Imaculada Conceição de Maria no Advento


No Advento eterno, antes da criação do mundo, a Imaculada Conceição de Maria já estava no desígnio amoroso de Deus para a humanidade. É significativo refletir sobre esta verdade, especialmente no Tempo do Advento e na proximidade da Solenidade da Imaculada Conceição. A este respeito, o Papa São João Paulo II nos ensina que existe um Advento primordial e eterno em Deus, que está se cumprindo na história da humanidade.

Este Advento eterno, que é o projeto de Deus para a humanidade, realiza-se em três fases na história da salvação. No primeiro Advento, tem início a Criação do mundo, que tem como centro e ápice o gênero humano, ainda em plena harmonia com o Criador. O segundo, começa com a queda de Adão e termina na primeira vinda de Jesus Cristo. O terceiro e último, tem início naquele que chamamos de Tempo da Igreja, que vivemos hoje e que culminará com a segunda e definitiva vinda do Senhor.

Desde o Advento primordial, Maria foi escolhida, predestinada, para ser a Mãe do Verbo Eterno. Em vista dessa suprema dignidade, foi também concedida a Mãe de Deus a maravilhosa graça da Imaculada Conceição. A graça da Imaculada, que celebramos com toda a Igreja no Tempo do Advento, diz respeito não somente a Santíssima Virgem, mas também à escolha de Deus a respeito de cada um de nós desde toda a eternidade.

A Imaculada Conceição no Advento primordial

Na carta aos Efésios, o apóstolo São Paulo nos dá uma belíssima imagem do Advento: "Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N'Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos". Esta não é ainda a imagem do Advento da vinda de Jesus Cristo, mas "trata-se daquele Advento eterno cujo início se encontra em Deus mesmo, 'antes da constituição do mundo', porque já a 'constituição do mundo' foi o primeiro passo da Vinda de Deus ao homem, o primeiro ato do Advento".

Créditos: by Getty Images / Sidney de Almeida/cancaonova.com

Neste primeiro Advento, todo o mundo visível foi criado para o homem como demonstra o livro do Gênesis. Mas "o início do Advento em Deus é o Seu eterno projeto de criação do mundo e do homem, projeto nascido do amor. Este amor se manifesta com a eterna opção do homem em Cristo, Verbo Encarnado". Em Cristo, fomos escolhidos por Deus, antes da constituição do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos.


"Neste eterno Advento está presente Maria. Entre todos os homens que o Pai escolheu em Cristo, Ela foi-o de modo particular e excepcional, porque foi escolhida em Cristo para ser Mãe de Cristo". E assim Ela, melhor do que qualquer outra pessoa entre os homens "predestinados pelo Pai" para a dignidade de filhos e filhas adotivos, foi predestinada de modo especialíssimo para fazer resplandecer a sua maravilhosa graça, que o Pai nos deu no Filho Bem-amado.

A Virgem Maria

A glória sublime da especialíssima graça de Deus é a Maternidade do Verbo eterno e, em consideração desta, a Mãe de Deus obteve em Cristo também a graça da Imaculada Conceição. Sendo assim, a Virgem Maria está presente naquele primeiro e eterno Advento da Palavra com a dignidade de Mãe de Deus e da sua Imaculada Conceição, segundo o desígnio de Amor do Pai na criação do mundo e no projeto de salvação da humanidade.



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/advento/imaculada-conceicao-de-maria-no-advento/


19 de dezembro de 2022

A Virgem Maria e a figura bíblica da Mulher

A Santíssima Virgem Maria está presente na Bíblia desde o Antigo Testamento, na figura da Mulher, da excelsa Filha de Sião.

A Bíblia e a Tradição da Igreja que, juntas, formam o único depósito da Revelação divina, mostram, de modo cada vez mais evidente, o papel da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo, na economia da salvação da humanidade. Hoje, sabemos que "os livros do Antigo Testamento descrevem a história da salvação, na qual se vai preparando lentamente a vinda de Cristo ao mundo".

Os livros do Velho Testamento, lidos na Igreja e interpretados à luz da Tradição viva, evidenciam a figura de uma "Mulher", a Mãe do Filho de Deus, especialmente, naquele que é chamado de "Protoevangelho": "Maria encontra-se já profeticamente delineada na promessa da vitória sobre a serpente (cf. Gn 3,15), feita aos primeiros pais caídos no pecado".

Créditos: Arquivo CN

A Mulher e a descendência que esmagará a cabeça da serpente

Na maldição da serpente, encontramos não somente a figura da Mulher, que representa a Virgem Maria, mas também seu Filho Jesus Cristo: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gn 3, 15). Os Padres da Igreja viram nesta passagem uma primeira promessa da encarnação do Verbo de Deus, da vinda do Salvador da humanidade, uma referência à descendência de Nossa Senhora, que esmagará a cabeça da serpente.

O Protoevangelho nos ajuda a compreender que o mistério da encarnação do Verbo de Deus, no seio da Virgem Maria, estava previsto desde o início: "Não houve na história um único instante sem Evangelho. No momento da queda começa também a promessa. Para os Padres [da Igreja], era também importante o fato de já nesse momento inicial o tema cristológico estar inseparavelmente ligado ao tema mariano". Dessa forma, vemos que a primeira promessa da vinda do Filho de Deus ao mundo, decifrável somente através de uma iluminação posterior, é uma promessa à mulher, através da Mulher, da Virgem Mãe de Deus.


A promessa da Virgem que conceberia o futuro Rei de Israel

Nossa Senhora é a Virgem, que conceberá e dará à luz um Filho, cujo nome será Emanuel, que significa Deus está conosco: "Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco" (Is 7,14). Maria Santíssima é aquela que gerará o futuro Rei do povo de Israel, que nascerá em Belém de Éfrata, conforme as palavras do profeta Miqueias:

"Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado. Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel. Ele se levantará para (os) apascentar, com o poder do Senhor, com a majestade do nome do Senhor, seu Deus. Os seus viverão em segurança, porque ele será exaltado até os confins da terra" (Mq 5, 1-3).

Na plenitude dos tempos (cf. Gl 4, 4), tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que Deus Todo-poderoso tinha dito através da profecia de Miqueias: "Eis que a virgem ficará grávida e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus conosco" (Mt 1, 22-23).

Septuaginta, versão da Bíblia hebraica na língua grega, traduziu o termo hebraico "alma", que significa "jovem", da passagem da profecia de Isaías (cf. Is 7,14), pelo grego "parthenos", que significa "virgem". A Sagrada Tradição assim traduziu, porque "essa é a compreensão de Mateus ao falar da origem singular do Filho de Deus humanado".

A Mulher e o cumprimento das promessas do Antigo Testamento

A Virgem de Nazaré é a excelsa Filha de Sião: "Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém!" (Sf 3, 14). Nela se realiza a promessa, se cumprem os tempos e se inaugura a nova economia da salvação, quando o Verbo de Deus recebeu de Nossa Senhora a natureza humana, a fim de, libertar o gênero humano do pecado através dos mistérios da Sua vida terrena.

Portanto, a Santíssima Virgem Maria se faz presente nas Sagradas Escrituras e no desígnio divino para a salvação da humanidade de modo único. Desde o momento da queda de Adão e Eva, nossos primeiros pais, a promessa do Senhor esteve presente (cf. Gn 3,15). O Messias, nosso Senhor Jesus Cristo, e a "Mulher", a Virgem Maria, estão presentes de modo inseparável na economia da salvação do gênero humano. As Sagradas Escrituras e a Tradição da Igreja atestam que em Nossa Senhora se realizaram as promessas do Antigo Testamento. Pois, o Espírito Santo desceu sobre a Virgem Santíssima e a força do Altíssimo a envolveu com sua sombra (cf. Lc 1, 35), e nela foi concebido Jesus Cristo, o Filho de Deus, prometido pelo Pai como Salvador da humanidade.



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/a-virgem-maria-e-a-figura-biblica-da-mulher/

14 de dezembro de 2022

Monsenhor Jonas Abib: Agora meus olhos Te viram!


Percebo que Deus nos quer levar a assumir e a viver aquilo que São Paulo expressa como experiência pessoal: "Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja" (Col 1,24).

Temos experimentado muitos sofrimentos: tanto cada um de nós pessoalmente como as nossas famílias. Temos experimentado o "completar na nossa carne o que falta às tribulações de Cristo". O que nos faltava certamente, e o Senhor nos quer ver assumindo agora, é o "alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós". É a alegria no sofrimento. É o acolher, de coração e com alegria, os sofrimentos que nos atingem. Nós sofremos por aqueles a quem amamos, para que a graça os atinja com os frutos da redenção de Cristo.

Papa Pio XII

Já o Papa Pio XII dizia, na sua encíclica sobre o Corpo Místico de Cristo, que a salvação de muitos depende e o verbo é este: depende – de sofrimentos, orações e sacrifícios, voluntariamente aceitos pelos outros membros do corpo de Cristo. O próprio Papa Pio XII nos mostra que isso é um mistério: não conseguimos compreender como e por que é assim. Mas a realidade é esta: a salvação de muitos depende das nossas orações e dos nossos sofrimentos voluntariamente acolhidos.


Assumimos com alegria

O próprio São Paulo vai nos dizer: "Sem derramamento de sangue não existe perdão" (Hb 9,22). O nosso suor, nossa lágrima e nosso próprio sangue são necessários para a salvação daqueles a quem amamos. Por isso, assumimos com alegria todo esse sofrimento. Somente pela adoração conseguimos viver essa experiência. Para mim, fica claro que assumir agora como "ministério" o levar a muitos a insondável riqueza da Misericórdia Divina implica sofrimentos e tribulações, sim, mas assumidos com alegria. O segredo e o desafio agora são: alegria no sofrimento.

Extraído do livro: "Agora meus olhos Te viram!"



Mons. Jonas Abib

Fundador da Comunidade Canção Nova e Presidente da Fundação João Paulo II. É autor de diversos livros, milhares de palestras em audio e vídeo, viajando o Brasil e o mundo em encontros de evangelização. Acesse: http://www.padrejonas.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/monsenhor-jonas-abib-agora-meus-olhos-te-viram/


12 de dezembro de 2022

Prepare seu coração para a segunda vinda de Cristo

Papa João Paulo II: "Não devemos esquecer que o "éschaton", isto é, o evento final, entendido de maneira cristã, não é só uma meta posta no futuro, mas uma realidade já iniciada com a vinda histórica de Cristo…

Sabemos, por outro lado, que as imagens apocalípticas do discurso escatológico [de Jesus, Mt 26, 64], a propósito do fim de todas as coisas, devem ser interpretadas na sua intensidade simbólica. Elas exprimem a precariedade do mundo e o soberano poder de Cristo, em cujas mãos está posto o destino da humanidade. A história caminha rumo à sua meta, mas Cristo não indicou qualquer prazo cronológico.

Aguardando a segunda vinda de Jesus

Ilusórias e desviantes são, portanto, as tentativas de previsão do fim do mundo. Cristo só nos assegurou que o fim não acontecerá antes que a Sua obra salvífica tenha alcançado uma dimensão universal através do anúncio do Evangelho: "Esta Boa Nova do Reino será proclamada em todo o mundo para dar testemunho diante de todos os povos. E então virá o fim" (Mt 24,14).

Jesus diz essas palavras aos discípulos preocupados por conhecer a data do fim do mundo. Eles teriam sido tentados a pensar numa data próxima. Jesus faz com que conheçam que muitos eventos e cataclismos devem acontecer antes e serão apenas "o princípio das dores" (Mc 13, 8). Portanto, como diz Paulo, toda a criação "geme e sofre nas dores do parto" aguardando com impaciência a revelação dos filhos de Deus (cf.Rom 8,19-20).


O Pai confiou a humanidade a Jesus

A obra evangelizadora do mundo comporta a profunda transformação das pessoas humanas sob a influência da graça de Cristo. Paulo indicou a finalidade da história no desígnio do Pai de "reunir sob a chefia de Cristo todas as coisas que há no Céu e na Terra" (Ef 1, 10). Cristo é o centro do universo que atrai todos a Si para lhes comunicar a abundância da graça e da vida eterna.

Para Jesus o Pai deu "o poder de julgar porque é o Filho do Homem" (Jo 5, 27). Se o juízo prevê obviamente a possibilidade da condenação, ele contudo é confiado Àquele que é "Filho do Homem", isto é, a uma pessoa plena de compreensão e solidária com a condição humana. Cristo é um juiz divino com um coração humano, um juiz que deseja dar a vida. Só o enraizamento obstinado no mal pode impedir-lhe fazer este dom, pelo qual Ele não hesitou enfrentar a morte" (L'Osservatore Romano, n.17 – 25/4/1998).



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/prepare-seu-coracao-para-a-segunda-vinda-de-cristo/

9 de dezembro de 2022

Deus se fez homem por meio da maternidade Divina de Maria

Ensina o Concílio Vaticano II: "Quis, porém, o Pai das misericórdias, que a Encarnação do Verbo fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de Seu Filho, para que, assim como contribuiu para a morte a mulher também contribuísse para a vida" (LG n. 56).

A solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja do Ocidente. Desde os primeiros séculos, surgiram heresias que perturbaram a vida da Igreja e ameaçaram a "sã doutrina". Dentre elas, uma surgiu com Nestório, patriarca de Constantinopla, no século V, que lançava a dúvida: "Porventura, pode Deus ter uma mãe? Nesse caso não podemos negar a mitologia grega, que atribui uma mãe aos deuses!".

Entretanto, reunida no Concílio de Éfeso, no ano 431, a Igreja proclamou solenemente uma das verdades mais queridas ao povo cristão: "Maria é verdadeiramente Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus". Assim, estava debelada para sempre a perigosa heresia que queria ver em Jesus duas pessoas, uma divina e outra humana, sendo Maria apenas Mãe desta última. Não, disse o Concílio de Éfeso. Maria é "Theotókos" (Theo = Deus, Tokos = Mãe)! Mãe de Deus.

O verbo encarnado e nascido da Virgem

São Cirilo de Alexandria (†442), presente nesse Concílio, havia replicado a Nestório: "Dir-se-á: a Virgem é a mãe da divindade? Ao que responderemos: o Verbo vivo subsiste, é gerado pela própria substância de Deus Pai, existe desde toda a eternidade… Mas ele se encarnou no tempo e por isso pode-se dizer que nasceu da mulher".

Deus se fez homem por meio da maternidade Divina de Maria

Foto Ilustrativa: alexhstock by GettyImages / cancaonova.com

Jesus, Filho de Deus, é Filho de Maria. Seu corpo é todo feito do corpo de Maria. Como Jesus não foi gerado pelo sêmen de um homem, biologicamente tudo lhe veio de Sua Mãe. Por isso, dizia Santo Agostinho: "A carne de Jesus é a carne de Maria" (Maria Medianeira,pg. 16).

Falando da maternidade divina de Maria, assim se expressa São Pedro Damião (1007-1072), bispo e doutor da Igreja:

"Esta matéria extraordinária nos tira até a capacidade de falar. Que língua poderá explicar, que inteligência não ficaria parada de espanto se começasse a pensar que o "Criador nasce da criatura, o artesão vem de seu artefato, que o seio de uma jovem virgem tenha gerado Aquele que pode conter todo o universo?" E ainda: "Ó Virgem admiravelmente fecunda que, num novo e inédito milagre, recolhe no seio Aquele que é sem medida, gera o eterno e dá à luz o que foi gerado antes dos séculos" (MM, p. 36).

A salvação acontece por meio de Maria

Diz o Papa João Paulo II, na Encíclica "A Dignidade da Mulher":
"Isto nos mostra que no ponto chave da história da salvação se dá um acontecimento capital em que entra a figura de uma mulher… Precisamente essa mulher está presente no evento salvífico central que decide da plenitude dos tempos; esse evento se realiza nela e por meio dela" (n. 3).

Por isso, "Maria é a que mais cooperou com a obra da Redenção dos homens", disse João Paulo II. É desse sublime e exclusivo privilégio de ser "Theotókos" que derivam todos os outros títulos que Maria recebe de seus filhos.


A Encarnação é o maior acontecimento de todos os tempos. Deus se fez homem, sem deixar de ser Deus, e isso se fez por meio de Maria.

A Santíssima Virgem

São Luiz de Montfort ensina: "Deus, sem precisar, porque se basta a Si mesmo, quis começar e acabar suas maiores obras, por meio da Santíssima Virgem" (Tratado da verdadeira devoção (Tvd), n. 16).

"Porque o mundo era indigno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, diz Santo Agostinho, Ele o deu a Maria a fim de que O mundo recebesse por meio dela" (Tvd, n. 16). Deus Filho, ensina S. Luiz, "comunicou à sua Mãe tudo o que adquiriu, por sua vida e morte: seus méritos infinitos e suas virtudes admiráveis" (Tvd, n. 16).

São Cirilo de Alexandria argumentava: "As mães, apesar de não gerarem a alma, são ditas, mãe do homem inteiro e não genitoras do corpo humano apenas" (TM, p. 20).

A Jesus por Maria

No Concílio de Éfeso (431), com cerca de duzentos bispos de todas as partes, pesaram as declarações de São Cipriano, Santo Ambrósio, São Basílio, para a tomada da decisão. Foi definida a unidade da pessoa de Jesus e a maternidade divina de Maria. E essa definição foi confirmada, no ano 451, pelo Concílio de Calcedônia e, depois, ainda pelo segundo Concílio de Constantinopla.

O Papa S. Pio X, na encíclica "Ad diem Illum", disse: "Querendo a divina Providência que o Homem-Deus nos viesse por Maria, em cujo seio, por obra do Divino Espírito Santo, Ele quis repousar, resta-nos só a ventura de receber Jesus Cristo das mãos de Maria… Ela é, pois, nossa melhor Guia, nossa melhor Mestra para o conhecimento de Jesus Cristo… Por isso, Ela é quem mais eficazmente pode unir os homens a Jesus Cristo… Só se encontra o Menino com Maria, Sua Mãe" (VtMM, p. 85). E, com este mesmo pensamento, a Igreja tornou célebre esta máxima: "Ad Jesum per Mariam" – A Jesus por Maria.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/deus-se-fez-homem-por-meio-da-maternidade-divina-de-maria/

7 de dezembro de 2022

Como preparar uma novena de Natal em família?


Uma boa festa precisa ser preparada com antecedência, não é mesmo? Imaginemos um casamento: com quanto tempo os noivos se preparam, organizam coisas, fazem contatos, orçamentos, colocam ideias no papel, procuram casa, enxoval e tudo mais?

O Natal é uma das maiores festas cristãs, porque, ao celebrarmos o Nascimento de Jesus, comemoramos a sua encarnação, o fato de Deus ter assumido a nossa natureza humana, e com isso nos eleva à dignidade de filhos, resgata a nossa imagem e semelhança, salva-nos. Portanto, para além dos presentes, ceias, enfeites, existe algo bem mais profundo a ser vivido na festa do Natal. Sendo assim, a preparação para adentrarmos neste mistério precisa ser bem feita.

Neste tempo de Advento, a Igreja nos assiste com uma série de elementos que podem ajudar e nos colocar no sentido real desta festividade. Além da liturgia própria e de toda a simbologia natalina que nos convida a uma meditação, somos chamados a fazer a novena de Natal. Esta é uma prática importante neste tempo preparatório, e não deve ser feita somente nas paróquias ou por iniciativa dos grupos, mas precisa ser uma ação também nas famílias. Abaixo, pensamos em algumas dicas para aproveitarmos bem essa atividade própria do Advento, que é a Novena.

Novena de Natal em família

1. Marque a data do período em que irá fazer a novena em sua casa

Geralmente, as novenas começam no dia 15 ou 16 de dezembro, a depender de como as famílias se organizam para o encerramento, que pode ser no dia 23 ou dia 24, já fazendo parte da Vigília.

2. Motive os participantes

É importante que toda a família se envolva com a novena, por isso avise antes, fale sobre a importância deste momento de oração em família, pense em atividades para cada um durante a oração.

3. Prepare o subsídio

Todos os anos, a Igreja no Brasil disponibiliza um livreto com a novena e que já vem com divisões dos momentos. Se quiser se valer deste material, leia antes, prepare as músicas, veja o que cada pessoa pode fazer e distribua as tarefas. Se optar por outro material, as observações são as mesmas. É importante começar sempre invocando o Espírito Santo para inspirar todo o momento, escolher cantos natalinos ou músicas que digam respeito a esse tempo de Advento. Em qualquer hipótese, é importante ter um subsídio com leituras e meditações próprias. Veja em sua paróquia ou grupo do qual participa, o importante é entender que este é um momento também de evangelização e experiência com o Senhor. Por isso o conteúdo a ser trabalhado é essencial.

4. Não faça a novena sozinho(a)

Inclua as crianças, os adolescentes, jovens e idosos , pois eles sempre podem exercer funções importantes nestes momentos, mesmo que ainda não estejam engajados na Igreja. Essa, inclusive, é uma boa oportunidade de despertar a fé na família.

5. Prepare o ambiente e o momento adequado

Escolha um local apropriado. Alguns fazem a novena à medida em que vão montando o presépio e ou a árvore de Natal, outros já se reúnem ao redor do Presépio montado. Tudo isso é muito bom e já nos coloca no clima natalino. A importância de um horário marcado é para ajudar cada um a se organizar nas tarefas do dia e poder estar presente.

6. Prepare-se antes

Lembre-se: é um momento de evangelização. Além de garantir que todas as ações anteriores sejam feitas, é imprescindível que aquele que estará à frente da novena prepare-se espiritualmente. Faça uma boa confissão antes do período da novena e, a cada dia, as meditações, a fim de ser um instrumento eficaz nas mãos do Senhor, lembrando-se de que a graça passa antes por você.


7. Motive ações concretas a partir das reflexões diárias

Se a novena é um tempo forte dentro deste período de Advento, ela precisa nos levar à mudança de atitudes; e assim como toda a oração, ela quer nos chamar à conversão. Às vezes, os subsídios já nos propõem ações para por em prática que valem a pena serem observadas, mas é preciso estar atento a cada meditação da novena, porque, através delas, o Espírito certamente irá nos inspirar outras coisas, em vista de uma mudança de vida.

Por fim, vivamos estes dias com vigilância, alegria e esperança, porque é isso que o Natal quer trazer a nós. Essas são apenas algumas dicas que compartilho com você após viver a Novena de Natal em família ao longo desses anos. Com certeza, deve haver outras. Partilhe depois conosco como foi a sua experiência de novena. Sem dúvidas, será enriquecedor para nós. Boa novena e, desde já, um Feliz e Santo Natal!



Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/natal/como-preparar-uma-novena-de-natal-em-familia/