29 de agosto de 2022

Avós são pais duas vezes!

São Joaquim e Santa Ana são os avós de Jesus, pais de Maria Santíssima. Ela é filha única do casal. Ana era estéril e os dois já estavam em idade avançada; no tempo em que eles viveram, era considerada uma maldição o casal que não tinha filhos, era até mesmo rejeitado pela sociedade. Isso os fazia sofrer muito.

Assim aconteceu com muitos casais. Por exemplo: os pais de Samuel; Zacarias e Isabel – pais de João Batista –, e outros. Joaquim e Ana viviam essa dura realidade. Ana clamou, com muitas lágrimas, pedindo a Deus um filho, pedindo que Deus tirasse da vida deles esse opróbrio. Joaquim também clamava ao Senhor, e Deus concedeu a eles essa graça de serem pais. Deus ouviu as orações do casal e os presenteou com uma filha, a qual recebeu o nome de Maria, que veio a ser a esposa de José, o pai adotivo de Jesus e Seu educador.

É importante refletir sobre este papel tão importante na vida dos netos. Ser avô é uma dádiva de Deus tão importante quanto a dádiva dos pais. Uma grande responsabilidade na vida dos avós.

Créditos: Sanja Radin by Getty Images / cancaonova.com

Ser avô é uma dádiva de Deus

Dizem que o avô estraga a educação dos netos, mas vejo que isso acontece apenas com uma minoria. Os avós já experimentaram, na vida, muitas situações difíceis, momentos de dor que só com a graça de Deus conseguiram vencer.

Os avós tratam seus netos com uma doçura diferente do afeto dos pais. Não é dizer que os avós educaram seus filhos com certa dureza e, hoje, trata diferente os seus netos. Ao contrário, como os avós, hoje, têm muito mais experiência do que então, eles já perceberam que a maioria dos pais poderia educar seus filhos de uma maneira diferenciada; percebem que o amor, o carinho e o diálogo são mais fortes do que certa correção agressiva, que não traz efeitos benéficos na vida dos netos.


O carinho, o diálogo e, principalmente, o amor fazem a diferença! Os benefícios são superiores a todos os tipos de métodos que já foram aplicados na educação.

Os avós são pais duas vezes

O papel dos avós na família vai muito mais além do carinho dado aos netos. A presença dos avós torna-se um suporte afetivo e, às vezes, financeiro dos pais e filhos. É aí que podemos dizer: os avós são pais duas vezes.

A vovó é chamada também de "segunda mãe". Às vezes, elas estão do lado e até à frente da educação dos netos com experiência e sabedoria que vão se acumulando ao longo dos anos. Com certeza, este é um sentimento lindo: estar vivenciando assim os frutos de seu fruto, ou melhor, dando vida às gerações. Digo com muita humildade: nós trazemos uma carga bem grande de riquezas que, com o tempo, fomos acumulando.

Os avós são dotados de sabedoria

Ser avós é muito significativo, pois é reconhecer o valor da sabedoria adquirida, o valor da experiência de vida que foi se acumulando com o tempo. Essa escola de vida se aprende no convívio com as pessoas, com o doar-se inteiramente sem vacilar e em contato com a natureza, que vai nos moldando a cada dia assim. Os avós estão carregados de sabedoria, que foram aprendendo com essa estrada da vida, e hoje é direcionada aos netos.

Aos nossos avós, com todo carinho e amor, queremos dizer: vocês são muito importantes para nós, agradecemos de todo coração.

Obrigado, querida vovó. Obrigado, querido vovô!

São Joaquim e Santa Ana, roguem a Deus por nós!

Equipe Colunista do Formação


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/avos-pais-duas-vezes/

26 de agosto de 2022

Tenha uma vida com sentido e vivida com significado

Uma vida com sentido, diferentemente do que muitas pessoas pensam, não é uma vida cheia de prazeres, e sim vivida com significado. Quando realizamos valores, colocamos sentido em nossa vida.

Viktor Frankl, o precursor da Logoterapia, avalia três categorias de sentido, na forma de criações, vivências e atitudes. Ao inventarmos, criarmos ou realizarmos algo, como um projeto profissional, um livro, um estudo, entre outros, estamos concretizando um valor criador. O trabalho que realizamos, quando o fazemos em prol do bem, ajudando os outros e a humanidade, enche a nossa existência de sentido. Isso traz a certeza de termos contribuído com aquilo que temos de melhor para o bem de outros. Dessa forma, nós nos sentimos realizados e felizes.

Quando amamos e dedicamos nossa vida às pessoas, para as quais este amor é destinado, ou quando nos dedicamos a uma causa como a evangelização, a luta pela vida ou mesmo a preservação da natureza, realizamos os valores vivenciais.

Foto Ilustrativa: by Getty Images / Brenda Sangi Arruda / cancaonova.com

Transforme os sentidos em valores essenciais

Também podemos realizar os valores de atitude, um dos mais nobres, pois, quando não podemos mudar algo ao nosso redor ou nas pessoas que nos cercam, podemos mudar nossa atitude frente à situação. Podemos responder de forma positiva, subjugando-nos ou enfrentando com a cabeça erguida e um sorriso no rosto. Isso é fazer com que o momento difícil se torne fonte de crescimento pessoal e espiritual.

A todo o momento, há valores a serem vividos: grandes e pequenos; em sua maioria, pequenos, mas que tornam nossa vida repleta de significado e cheia de sentido.


Tenha atitude

Se você sente que ainda não encontrou o sentido de sua vida, comece a observar ao seu redor e ver o quanto o mundo e as pessoas precisam de você; o quanto só você pode fazer. E se não há nada a fazer, sua atitude pode ser diferente e especial.

Realizamos valores quando nos voltamos para fora, quando ajudamos os outros, e isso podemos fazer mesmo que imobilizados: rezando e intercedendo pelas pessoas e pelas causas que lutam pela vida e sua dignidade.

Por mais simples que seja a sua vida, há uma missão a ser cumprida; ao realizá-la, você encontrará o sentido da sua vida. E essa missão só você pode realizar.



Mara S. Martins Lourenço

Psicóloga e Membro da Comunidade de Aliança Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/tenha-uma-vida-com-sentido-e-vivida-com-significado/

24 de agosto de 2022

Descubra que nem toda solidão é má


Em todo caso, é importante considerar que nem toda solidão é má, que deve ser curada ou reprimida, pois existem diversos tipos de solidão; alguns são benéficos e até mesmo necessários em nossa vida.

Para discernir isso, você deve se questionar a respeito da raiz da sua solidão, a fonte de onde ela emerge. Por exemplo, será que, mesmo sem perceber, você não está afastando as pessoas da sua vida por existir algo em seu comportamento que precisa ser trabalhado e curado? Às vezes, a solidão é consequência das nossas escolhas desordenadas justamente porque estamos sendo conduzidas por feridas e não por nossas livres escolhas.

Por outro lado, se mesmo em meio a muitas pessoas você continua se sentindo como "um peixe fora d'água", não será porque está inserida em ambientes que não condizem com seus princípios de vida? Pode ser que você esteja forçando um estilo de vida que não tem nada a ver com o projeto de felicidade que Deus sonhou para você, com seus princípios familiares e até mesmo com seus sonhos, por isso você não consegue se "encaixar" nessa realidade. Ou, ainda, você pode observar se à sua volta existem pessoas solitárias que você pode acolher sendo presença e apoio, e, no entanto, está olhando só para si mesma.

Aqui vale lembrar que o amor que nos cura e nos realiza como pessoa é o amor que doamos, e não o amor que recebemos. Por último, mas não menos importante, você deve analisar se sua luta contra a solidão não é uma fuga da sua verdade.

Descubra que nem toda solidão é má

Foto Ilustrativa: by Getty Images / SrdjanPav / cancaonova.com

Enfrente o desconhecido

A nossa verdade está no centro do nosso ser, e precisamos desbravar várias barreiras até chegarmos a ela. Ou seja, ela é o nosso "desconhecido", e isso em muitos casos nos assusta, da mesma maneira que o medo de ficarmos sozinhas no escuro e o medo de monstros nos assustavam quando éramos crianças, por exemplo. No fundo, era o medo do desconhecido que nos assustava, e, em muitos casos, é o que continua nos assustando como adultas, pois temos medo, ainda que de maneira inconsciente, do nosso "desconhecido" interior. Assim sendo, como a solidão é a porta para adentrar nesse território inexplorado, acabamos criando mecanismos de defesa para fugir dela, como mergulhar no trabalho frenético sem pausas para viver de verdade ou curtir "baladas" sem fim. Lançamo-nos na busca desenfreada por dinheiro, diversão e sucesso, tudo isso tendo como raiz o medo de enfrentar a si mesma.


Para quem não quer enfrentar o seu mundo interior, fugir da porta de entrada para ele, que neste caso é a solidão, parece ser a melhor escolha, só que não! Pois é na solidão ordenada, esse espaço sagrado onde Deus habita e nos convida a visitar, que conhecemos nossas forças e fraquezas enquanto nos questionamos e encontramos respostas que nos fazem crescer em maturidade e qualidade de vida; por isso é importante estar atenta e, antes de fugir da solidão a qualquer custo ou classificá-la imediatamente como "coisa do inimigo", é importante conhecer sua raiz e aprender a lidar com ela.

O autoconhecimento da solidão

Como eu já disse, existe a solidão que faz parte do plano espiritual, e nós podemos superá-la nos relacionando com Deus de maneira mais profunda, mas também existe a solidão que faz parte de nossa essência, como explica Santo Agostinho: "Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti".7 Podemos encará-la como oportunidade de crescimento espiritual, pois nos proporciona um "mergulho na alma", onde nos deparamos com características talvez indesejáveis (é verdade), mas também encontramos dons e tesouros escondidos que só Deus, no silêncio da nossa quietude, poderia nos revelar.

"Deus encontra Seu povo no deserto, nas solidões repletas de urros selvagens. Ele o envolve, o instrui, vela sobre ele como a pupila de Seus olhos." (Dt 32,10).

Não tema mergulhar no seu interior! É nele que Deus revela quem você é com amor, e isso faz toda a diferença, pois justamente esse amor incondicional de Deus nos cura da falta de aceitação de nossos limites e nos dá forças para seguir em frente com a certeza de que temos com quem contar. Aquele que é Perfeito nos ama com nossas imperfeições e não nos abandona quando vacilamos! Reconciliados com nossa verdade, ganhamos a paz, e assim Deus preenche o vazio de nosso interior e nos ajuda vencer a solidão ao lembrar que não estamos sozinhas.

Trecho extraído do livro "Você não está sozinha", de Dijanira Silva



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN.  De segunda a sexta-feira (exceto quinta-feira), está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 14h40 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/descubra-que-nem-toda-solidao-e-ma/


22 de agosto de 2022

Vocação, escolha amorosa de Deus


Os milagres de Deus acontecem no cotidiano, como aquele grão de mostarda que, lançado na terra, cresce sem que o semeador perceba. O trabalho é lançar a semente. Qualquer que seja a nossa vocação, ela só será permeada da contemplação destes milagres, se tivermos sempre a disposição de lançarmos as sementes.

Ao longo deste crescimento da semente, há longa espera consigo mesmo, com os outros, a espera da ação de Deus. Mas é uma espera marcada pela fecundidade, quando regada pelo temor de Deus e pela certeza de Sua ação redentora. Expectativa e contemplação do milagre. Uma espera ativa, de sacrifício, de oferta, de transformação, que vence as paralisias, os retrocessos, que é marcada pelos avanços, pela superação, pela ação de graças na fé, mesmo nas noites escuras porque é o Senhor que a fecunda e a faz crescer.

Vocação, escolha amorosa de Deus

Foto Ilustrativa: Maria Korneeva by Getty Images / cancaonova.com

Seja um semeador

No meio disso tudo está Aquele que chama. O importante não é propriamente o caminho, mas no caminho estar com Aquele que nos faz caminhar. Ninguém é melhor ou pior do que ninguém, todos temos limitações e realidades a crescer na vivência da nossa vocação. O importante, o essencial, o que vale a pena é perceber que uma vida entregue a Deus é fecunda, se for regada pela constante lembrança do Seu amor que é derramado, que chama cada um de maneira única e escolhe a cada um de maneira única. Todos são chamados a semear!


O Senhor não precisaria de nós para mostrar o Seu amor e Suas obras, mas Ele quer precisar. É também um milagre de Deus promover transformações em instrumentos tão insuficientes e frágeis e através deles.

Desafios sempre existirão, mas peçamos ao Senhor a graça de permanecermos firmes e fiéis à nossa vocação. Ele, o Senhor, caminha conosco! Ele é o próprio caminho!



Tarciana Barreto

Natural de Aracaju (SE), Tarciana Matos Barreto é membro da Comunidade Canção Nova há 20 anos. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, a missionária é formada também em Teologia pela Faculdade Dehoniana de Taubaté e mestra em Direito Canônico pelo Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro. Palestrante de cursos de catequese, formação e espiritualidade, ela também escreve artigos para o Portal Canção Nova e para o site do Santuário do Pai das Misericórdias. Na Canção Nova, ela já participou de vários programas da TV, além de pregar em encontros de evangelização. Tarciana é apaixonada pelo estudo da Palavra de Deus, da Doutrina da Igreja, da formação humana, espiritual e catequética.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/vida-religiosa/vocacao-escolha-amorosa-de-deus/


19 de agosto de 2022

Como é a vida de quem escolhe a vocação do celibato?


"O seu celibato é uma graça para a comunidade: por ele, o Senhor libera, de maneira singular, o coração da pessoa; por ele, ela pode abrir-se ao amor de Deus e aos irmãos todos sem divisão alguma; por ele, ela pode dedicar-se de maneira muito mais livre aos vários trabalhos e atividades apostólicas nos mais diversos lugares e situações." (Estatuto Semente, art. 109).

Logo que ingressei na Comunidade Canção Nova, no ano 2000, Deus começou por meio das pessoas a mexer comigo, dizendo que eu tinha um "jeitinho" de celibatária. Eu só ouvia e ficava quieta, mas dentro de mim eu não aceitava. Recordo-me que, em 2003, em uma jornada espiritual, o Senhor falou muito forte comigo sobre ser celibatária, mas não dei continuidade. Por várias outras vezes, Deus me fazia experimentar algo que fizesse ressoar dentro de mim a vida celibatária, mas eu sempre desviava desse foco. Eu não tinha dentro de mim a clareza sobre o meu estado de vida e também não buscava mergulhar nesta descoberta, porque, no fundo, eu sabia no que poderia dar.

Assumir a vocação

Em 2011, sentindo um profundo incômodo de não ter ainda definido dentro de mim o meu estado de vida, decidi dar passos para essa definição. Foi então que, por meio da direção espiritual, do acompanhamento formativo da comunidade, na busca por meio das leituras, encontro sobre estado de vida e pregações, consegui mergulhar neste discernimento e tocar na minha verdade e no chamado especial de Deus em minha vida. Fiz a leitura de minha vida e percebi que Deus me separou desde sempre. Deus me preservou, me livrou da morte, me colocou em uma família que soube me conduzir para Ele e me apresentou o Carisma Canção Nova.

Como é a vida de quem escolhe a vocação do celibato

Foto Ilustrativa: Patricio Nahuelhual by GettyImages / cancaonova.com

Em 2013, toquei em minha história, percebendo a voz de Deus que, delicadamente, sinalizava este estado de vida desde sempre. Em 2014, no dia de São José Operário, nas palavras do Frei Josué Pereira, meu primeiro compromisso temporário foi marcado por um "tom" de entrega total, pura e fiel. O segundo compromisso, em 2015, no Dia do Imaculado Coração de Maria, pelas palavras do padre Fabrício Andrade, foi marcado pela experiência
de saber aparecer e desaparecer no momento certo, sendo uma árvore de ponta cabeça que tem as raízes no céu e os frutos na terra.

Castidade, obediência e pobreza

Em 2016, no dia de São João Batista, o meu terceiro compromisso foi marcado pelas palavras do padre Arlon Cristian, que fez a junção das três datas e concluiu dizendo: "São José casto, Nossa Senhora obediente e São João Batista pobre". Algo que que falou muito ao meu coração na vivência do celibato em minha vida, pois a mão providente do Senhor conduziu todas as coisas.


No ano de 2017, em um domingo, 'Dia do Senhor", nas palavras do padre Fabrício Andrade, meu Definitivo  Celibato foi marcado pela importância em que o celibatário tem de ser 'porta', não qualquer porta, mas sim a porta que leva as pessoas ao encontro com Jesus. Isso tudo tornou-se o fio condutor para este tempo que me ajuda a mergulhar de forma especial também na maternidade espiritual, no ser intercessora, na intimidade com Deus e no ocupar-me com os interesses do Senhor. Sobretudo, continuo mergulhando nesta vivência, pois há muito a ser desbravado. Tenho ainda mais clareza que o Celibato é a "memória das origens e a Profecia da eternidade". Esse itinerário em minha história celibatária me faz viver, hoje, uma entrega total e indivisa ao Senhor, que transborda na missão que Ele me chama a cada tempo no Carisma Canção Nova.

A vida celibatária é uma graça que, assumida, gera alegria no coração; e a coerência de vida provoca um transbordamento que contagia os irmãos. Na Comunidade Canção Nova, tomamos como modelo a figura de João Batista, em que encontramos uma existência que foi toda permeada pela alegria de uma consagração de vida. Por tudo que ele sinaliza no Carisma, sobretudo no celibato, enxergamos as características necessárias para que, de
fato, sejamos "um farol que aponta para Deus, alguém que vai ao encontro dos irmãos, que sai de si a fim de levar esperança, alegria e confiança, apontando sempre para o centro que é Jesus"(N.D 1505 pág.367).

Celibato como testemunho

Com a vivência coerente do nosso estado de vida, expressada por uma vida de oração cada vez mais encarnada, pela busca de aprofundar no amadurecimento humano, com uma vida ascética e testemunhal para sermos "um sinal visível da feliz expectativa da vinda do Senhor". Pode-se destacar ainda o que nos diz Antonio-Luis Crespo Prieto: "celibatário pelo Reino de Deus é o batizado que tem na sua vida a experiência profunda de Jesus Ressuscitado. Isso converte-o em evangelizador e testemunha. A consagração do seu celibato ao Reino é o seu testemunho". (CRESPO PIETRO, Antonio-Luis. Celibato pelo reino de Deus: Formação e vivência. Lisboa: Paulus, 1996)

À luz da ressurreição, vamos sendo educados para viver a cruz de cada dia com amor, enfrentando sofrimentos, ora para nossa própria purificação e conversão, ora pela salvação dos pecadores do mundo inteiro. E, com a Virgem Maria, o modelo mais elevado de vida celibatária, encontraremos sempre a inspiração para permanecermos fiéis até o fim.

Priscila Graziela Bergamini Almeida
Núcleo dos Celibatário da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/celibato/como-e-a-vida-de-quem-escolhe-a-vocacao-do-celibato/


17 de agosto de 2022

Dom Bosco, educai-nos para a santidade


Dom Bosco nasceu em Becchi, no Piemonte, Itália, a 16 de agosto de 1815. Era filho de uma humilde família de camponeses. Órfão de pai aos dois anos, viveu sua mocidade e fez os primeiros estudos no meio de inumeráveis trabalhos e dificuldades. Desde os mais tenros anos sentiu-se impelido para o apostolado entre os companheiros. Sua mãe, que era analfabeta, mas rica de sabedoria cristã, com a palavra e com o exemplo animava-o no seu desejo de crescer virtuoso aos olhos de Deus e dos homens.

Mesmo diante de todas as dificuldades, João Bosco nunca desistiu. Durante um tempo foi obrigado a mendigar para manter os estudos. Prestou toda a espécie de serviços. Foi costureiro, sapateiro, ferreiro, carpinteiro e, ainda nos tempos livres, estudava música.

Foto Ilustrativa: Bruno Marques / cancaonova.com

Dom Bosco se destaca na história como o grande santo mestre e pai da juventude

Queria vivamente ser sacerdote. Dizia: "Quando crescer quero ser sacerdote para tomar conta dos meninos. Os meninos são bons; se há meninos maus é porque não há quem cuide deles". A Divina Providência atendeu os seus anseios. Em 1835 entrou para o seminário de Chieri.

Ordenado sacerdote a 5 de junho de 1841, principiou logo a dar provas do seu zelo apostólico, sob a direção de São José Cafasso, seu confessor. No dia 8 de dezembro desse mesmo ano, iniciou o seu apostolado juvenil em Turim, catequizando um humilde rapaz de nome Bartolomeu Garelli. Começava assim a obra dos Oratórios Festivos, destinada, em tempos difíceis, a preservar da ignorância religiosa e da corrupção, especialmente os filhos do povo.

Em 1846 estabeleceu-se definitivamente em Valdocco, bairro de Turim, onde fundou o Oratório de São Francisco de Sales. Ao Oratório juntou uma escola profissional, depois um ginásio, um internato etc. Em 1855 deu o nome de salesianos aos seus colaboradores. Em 1859 fundou com os seus jovens salesianos a Sociedade ou Congregação Salesiana.

Com a ajuda de Santa Maria Domingas Mazzarello, fundou em 1872 o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora para a educação da juventude feminina. Em 1875 enviou a primeira turma de seus missionários para a América do Sul.

Foi ele quem mandou os salesianos para fundar o Colégio Santa Rosa em Niterói, primeira casa salesiana do Brasil, e o Liceu Coração de Jesus em São Paulo (onde nos anos de 2000 a 2003 se instalou a produtora da TV Canção Nova). Criou ainda a Associação dos Cooperadores Salesianos. Prodígio da Providência Divina, a Obra de Dom Bosco é toda ela um poema de fé e caridade. Consumido pelo trabalho, fechou o ciclo de sua vida terrena aos 72 anos de idade, a 31 de janeiro de 1888, deixando a Congregação Religiosa Salesiana espalhada por diversos países da Europa e da América.

Se em vida foi honrado e admirado, muito mais o foi depois da morte. O seu nome de taumaturgo, de renovador do Sistema Preventivo na educação da juventude, de defensor intrépido da Igreja Católica e de apóstolo da Virgem Auxiliadora se espalhou pelo mundo inteiro e ganhou o coração dos povos. Pio XI, que o conheceu e gozou da sua amizade, canonizou-o na Páscoa de 1934.

Apesar dos anos que separam os dias de hoje do tempo em que viveu Dom Bosco, seu amor pelos jovens, sua dedicação e sua herança pedagógica vêm sendo transmitidos por homens e mulheres no mundo inteiro.

Dom Bosco e sua devoção a Nossa Senhora Auxiliadora

Hoje Dom Bosco se destaca na história como o grande santo mestre e pai da juventude.
Embora tenha feito repercutir pelo mundo o seu carisma e o sistema preventivo de salesiano, que é baseado na razão, na religião e na bondade, Dom Bosco permaneceu durante toda a sua vida em Turim, na Itália. Dedicou-se como ninguém pelo bem-estar de muitos jovens, na maioria órfãos, que vinham do campo para a cidade em busca de emprego e acabavam sendo explorados por empregadores interessados em mão-de-obra barata ou na rua passando fome e convivendo com o crime.

Com atitudes audaciosas, pontuadas por diversas inovações, Dom Bosco revolucionou no seu tempo o modelo de ser padre, sempre contando com o apoio e a proteção de Nossa Senhora Auxiliadora. Aliás, o sacerdote sempre considerou como essencial na educação dos jovens a devoção à Maria.


Dom Bosco, exemplo para os mais jovens

Dom Bosco ficou muito famoso pelas frases que usava com os meninos do oratório e com os padres e irmãs que o ajudavam. Embora tenham sido criadas no século passado, essas frases, ainda hoje, são atuais e ricas de sabedoria. Elas demonstram o imenso carinho que Dom Bosco tinha pelos jovens.

Entre alguns exemplos:
"Basta que sejam jovens para que eu vos ame"
"Prometi a Deus que até meu último suspiro seria para os jovens"
"O que somos é presente de Deus; no que nos transformamos é o nosso presente a Ele" "Ganhai o coração dos jovens por meio do amor"
"A música dos jovens se escuta com o coração, não com os ouvidos".

São João Bosco, educai-nos para a santidade.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/dom-bosco-educai-nos-para-santidade/


15 de agosto de 2022

Sejamos fiéis na tribulação e confiantes na esperança de Jesus


É a virtude da esperança que nos leva a buscar a Deus sem cessar e sem trocá-lo por nada nesta vida. "É no silêncio e na esperança, que reside a vossa força" (Is 30,15).

O profeta Jeremias exalta esta virtude, dizendo: "Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; é como a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca da umidade, por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde, não sofre míngua em tempo de seca e nunca deixa de dar frutos" (Jer 17,7-8).

É a esperança em Deus que faz a diferença dos que creem: "Ó Senhor, Deus poderoso do universo, feliz quem põe em vós sua esperança!" (Sl 83,13); por isso, São Paulo diz que: "A esperança não decepciona" (Rm 5,5).

Créditos: kieferpix by Getty Images/cancaonova.com

A esperança não nos deixa desanimar, mesmo em meio às aflições e tribulações da vida. Santo Agostinho recomendava: "De nada desesperes enquanto estás vivo. Nada estará perdido enquanto estivermos em busca". Quanto maior a esperança, tanto maior a união com Deus. Nossa esperança não pode ser incerta, pois ela se apoia nas promessas divinas, São Paulo disse: "Na esperança é que fomos salvos" (Rom 8,24). Nessa certeza, São Pedro pedia a seus filhos: "estai preparados para dizer aos outros a razão da nossa esperança" (1 Pe 3,15).

A tribulação vencida na fé e na esperança

Mas a nossa grande esperança é a vida eterna em Deus. São Tomás de Aquino dizia que: "A esperança cristã é a espera certa da felicidade eterna". São Paulo disse aos filipenses: "Nós somos cidadãos do Céu! É de lá que, também, esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará nosso corpo miserável, para que seja conforme o Seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de submeter a si toda a criatura" (Fil 3, 20-21).

São Paulo mostra que é vazia toda esperança colocada apenas nas realizações terrenas: "Se é para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, nós somos – de todos os homens – os mais dignos de compaixão" (1 Cor 15,19). A esperança do Céu e da sua glória fazia o apóstolo dizer: "Os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, o que Deus tem preparado para aqueles que o amam" (1 Cor 2,9).

O paciente Jó recomendava: "Crescer na confiança enfrentando as tribulações" (Jó 1,20). Com esperança, as tribulações da vida nos ajudam a crescer na confiança em Deus e nos fortalecem espiritualmente.

Esperança e Fé!

São Paulo mostra os frutos da tribulação vencida na fé e na esperança: "Nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade; e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana" (Rom 5,3-5).

O Apóstolo diz que Deus nos conforta em nossas aflições para que nós também possamos consolar os que sofrem ao nosso lado: "Bendito seja Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, pela consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!" (1 Cor 1,3-4)


Deus está conosco em nossas tribulações

São Pedro recomenda: "Lançai sobre Deus todas as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé" (1 Pe 5,7s). Mas São Paulo nos conforta: "O Deus da paz em breve não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés" (Rom 16,20).

E São Pedro diz que com perseverança venceremos as tribulações na paciência: "O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará" (1 Pe 5,7-10).

Não podemos desanimar. A Carta aos hebreus nos diz: "Meu justo viverá da fé. Porém, se ele desfalecer, meu coração já não se agradará dele (Hab 2,3s). Não somos, absolutamente, de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé, para nossa salvação!" (Heb 10,39).

São Paulo mostra que jamais Deus nos abandona no meio das tribulações: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?. Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou" (Rom 8,35-39).

A Providência divina tudo controla; nada escapa de Seus olhos: "Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois!" (Mt 10,30-31). Sabemos que "o salário do pecado é a morte" (Rom 6,23), o sofrimento e as tribulações não são castigos de Deus. Mas Deus transformou o sofrimento em matéria prima de salvação com a Paixão de Cristo. "A morte foi tragada pela vitória (Is 25,8). "Onde está, ó morte, a tua vitória?" (1 Cor 15,55-56).

A oração nos faz vencer

O que nos dá forças para vencer as tribulações é a oração. Na verdade, ela é a mais potente das ações. Ela é a nossa força e a fraqueza de Deus, dizem os santos. É preciso rezar sempre: "orai sem cessar!" (1 Ts 5,17), e rezar com o coração; uma oração que seja humilde, fervorosa e perseverante, sem desanimar. A oração nos dá a consciência da nossa fraqueza. Gandhi, que não era cristão disse: "a oração salvou-me a vida".

A oração é a força da alma e da vontade; ela faz os santos. Alguém disse que "o homem só é grande de joelhos".

É próprio do homem rezar, não dos animais. Tudo pode ser mudado pela oração. Ela é a respiração do espírito e a condição para entender as coisas sobrenaturais. O grande microbiologista da Sorbone, Dr. Louis de Pasteur, dizia: "saio mais humano da oração".

Sem a oração não temos forças!

É com a força da oração que conseguimos arrancar os vícios do jardim de nossa alma e plantar as virtudes. Com ela vencemos a tristeza e aliviamos o sofrimento. Sem oração é impossível caminhar na e fazer a vontade de Deus.

O Senhor Jesus nos manda "orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo". A oração é para a alma o que o ar é para o corpo. Uma alma que não reza é uma alma que não respira; não tem vida. Ninguém pode servir a Deus sem muita oração, pela simples razão de que é Ele, e somente Ele, que realiza todas as coisas; nós somos apenas seus instrumentos. "Sem Mim nada podeis" (Jo 15,5). "Tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado" (Mc 11,24).

São Paulo recomenda com insistência: "Orai em todo o tempo" (Ef 6,18), "perseverai na oração" (Col 4,2), "orai sempre e em todo o lugar" (1 Tim 2,8). "Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, petições, ações de graças por todos os homens (…)" (1 Tim 2,1).

Certa vez, o Papa Paulo VI disse: "A Igreja é a sociedade dos homens que oram. Seu principal objetivo é ensinar a rezar".


 


Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/sejamos-fieis-na-tribulacao-e-confiantes-na-esperanca-de-jesus/