12 de agosto de 2022

O sacerdote e a evangelização por meio da internet

Foi nos Estados Unidos, no ano de 1969, que a internet nasceu. No início, tinha a função de interligar laboratórios de pesquisa. Desde então, a internet se expandiu. Hoje, ela alcança bilhões de pessoas em todo o mundo. Nesse gigantesco número de usuários, estão incluídos os católicos, que, diariamente, utilizam a rede mundial de computadores para pesquisas, informações, entretenimento e formação espiritual.

Sabemos, contudo, que nem sempre o uso da internet é maduro. São Paulo, ao escrever à comunidade dos Coríntios, alerta: "'Posso fazer tudo o que quero'. Sim, mas nem tudo me convém. 'Posso fazer tudo o que quero', mas não deixarei que nada me escravize (1 Cor 6,12)". Com o crescente uso da internet, torna-se cada vez mais necessário que busquemos ambientes seguros para não nos perdermos em um emaranhado de informações (muitas vezes, perigosas), que podem nos escravizar e afastar de Deus.

Nesse cenário virtual, entra em cena a pessoa (real) do padre. Papa emérito Bento XVI, em uma homilia, proferida no dia 7 de maio de 2006, assim se expressou sobre o sacerdote como Pastor de almas:

Créditos: shironosov by Getty Images/cancaonova.com

O padre e a tecnologia

"Um sacerdote, um pastor de almas, deve, em primeiro lugar, preocupar-se com aqueles que creem e vivem com a Igreja, que nela procuram o caminho da vida e que, por sua vez, como pedras vivas, constroem a Igreja e, assim, edificam e ao mesmo tempo sustentam também o sacerdote. Todavia, devemos também, sempre de novo, como diz o Senhor, sair "pelas estradas e caminhos (Lc 14,23)" para transmitir o convite de Deus ao seu banquete, também àquelas pessoas que, até então, nunca ouviram falar dele ou ainda não foram tocadas interiormente por ele".

No ministério de pastorear almas, a missão do sacerdote é sublime: conduzir a Nosso Senhor Jesus Cristo as ovelhas que pertencem, em primeiro lugar, ao Seu rebanho. Contudo, essa missão não se fecha em si mesma, mas se abre a todos, principalmente aos afastados, e até mesmo àqueles que nunca ouviram falar de Jesus Cristo.

O Espírito Santo é quem conduz

A internet é um vasto campo ainda a ser explorado de maneira eficaz e madura. O Espírito Santo sempre nos concede novos dons, alargando e ampliando os horizontes da evangelização. Ele é o protagonista da missão, assim nos recorda a carta encíclica Redemptoris Missio sobre a validade permanente do mandato missionário de São João Paulo II: "Verdadeiramente, o Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial: a Sua obra brilha esplendorosamente na missão ad gentes, como se vê na Igreja primitiva pela conversão de Cornélio (cf. At 10), pelas decisões acerca dos problemas surgidos (cf. At 15) e pela escolha dos territórios e povos (cf. At 16, 6 s).


O Espírito Santo age por meio dos Apóstolos, mas, ao mesmo tempo, opera nos ouvintes: "Pela Sua ação a Boa Nova ganha corpo nas consciências e nos corações humanos, expandindo-se na história. Em tudo isto, é o Espírito Santo que dá a vida" (RM,21).

O Espírito prepara

É o Espírito Santo quem conduz a missão, até mesmo quando ela ocorre nos territórios virtuais da internet. Antes que o missionário chegue ao coração das ovelhas, o Espírito Santo já está lá, preparando-o para acolher a mensagem evangelizadora. Ele age por meio de quem evangeliza e, ao mesmo tempo, naqueles que serão evangelizados.

A mesma carta encíclica diz: "O Espírito se manifesta, particularmente, na Igreja e nos seus membros, mas a Sua presença e ação são universais, sem limites de espaço ou tempo (RM 28)". A internet é um território sem fronteiras, e até mesmo podemos afirmar, com caminhos sempre novos a serem desvendados todos os dias. Por isso, a presença dos sacerdotes como pastores de almas, nesta imensa rede mundial de comunicação, é fundamental para que o anúncio do amor de Deus alcance muitos corações.

Internet e evangelização

São João Paulo II, em sua mensagem para a celebração do 36º Dia Mundial das Comunicações Sociais, afirma o valor da internet como espaço privilegiado para a evangelização: "A Internet pode oferecer magníficas oportunidades de evangelização, se for usada com competência e uma clara consciência das suas forças e debilidades. Sobretudo, oferecendo informações e suscitando o interesse, ela torna possível um encontro inicial com a mensagem cristã, de maneira especial entre os jovens que, cada vez mais, consideram o espaço cibernético como uma janela para o mundo.

Portanto, é importante que a comunidade cristã descubra formas muito especiais de ajudar aqueles que, pela primeira vez, entram em contato com a Internet, a passar do mundo virtual do espaço cibernético para o mundo real da comunidade cristã. Numa etapa seguinte, a Internet pode oferecer também o tipo de continuidade requerida pela evangelização. Especialmente numa cultura desprovida de fundamentos, a vida cristã exige a instrução e a catequese permanentes e este é, talvez, o campo em que a Internet pode oferecer uma ajuda excelente".

Sempre pronto para evangelizar

Neste espaço privilegiado de evangelização, que é a internet, o sacerdote é convidado a descobrir meios para que o anúncio de salvação alcance o coração de tantos quanto dela se utilizam para crescerem na vida espiritual. Como escrevia São João Maria Vianney (o Cura d'Ars): "O padre deve estar sempre pronto para responder às necessidades das almas".


 


Padre Flávio Sobreiro

Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é pároco da Paróquia São José, em Toledo (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). É autor de livros publicados pela Editora Canção Nova, além disso, desde 2011,  é colunista do Portal Canção Nova. Para saber mais sobre o sacerdote e acompanhar outras reflexões, acesse: @peflaviosobreirodacosta.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/o-sacerdote-e-evangelizacao-por-meio-da-internet/

10 de agosto de 2022

Ser pai, uma vocação de companheirismo


Certo dia, ao cair de bicicleta, meu filho de três anos cortou a boca e chorou. Eu o acolhi em um abraço, limpei a ferida e me sentei com ele no meu colo. Ele chorava, mas não havia muito mais que eu poderia fazer, além de acolhê-lo. Uma criança alegre, saudável e feliz brincava e, por um descuido, se machucou. Foi então que meu filho pegou minha mão e colocou na ferida, como se eu pudesse simplesmente fazer parar de doer. Mas eu não podia.

Que pai, diante do sofrimento do filho, nunca pediu a Deus que os trocasse de lugar? Que pai nunca orou: "Deus, me põe no lugar do meu filho com um sofrimento muito maior, se necessário for". Deus entende bem o que desejamos, porque, na condição de Pai misericordioso, viu seus filhos atormentados pelos sofrimentos do pecado e cumpriu esse desejo paterno: Deus se fez homem para Ele mesmo sofrer as dores dos nossos pecados [1].

Seja o melhor companheiro para o seu filho

O profeta Oséias fala sobre o carinho de Deus. A descrição do acolhimento do povo de Israel é assim: "Eu os atraí com laços de bondade, com cordas de amor. Fazia com eles como quem levante até seu rosto uma criança; para dar-lhes de comer, eu me abaixava até eles" [2]. Para demonstrar afeto e companheirismo, é muito comum essa imagem do pai que pega seu filho nos braços e o levanta na altura dos olhos. Esse gesto é uma forma de transmitir o sentimento de amor e acolhimento, de mostrar-se presente, companheiro e atencioso. São tantas outras as formas de nos apresentarmos como companheiros aos nossos filhos que, nesse aspecto, não podemos vacilar. Na companhia do filho, o pai deve expressar verdadeira confiança e disponibilidade para que a criança cresça na certeza de que não está só, não está abandonada, mas tem sempre alguém com quem contar.

Ser pai, uma vocação de companheirismo

Foto Ilustrativa: Liderina by GettyImages / cancaonova.com

O convite do pai ao filho deve ser o mesmo que Jesus faz para nós: "Vinde a mim, vós todos que estais cansados e oprimidos e eu vos darei descanso!" [3]. Essa é a vocação de companheirismo de um pai: cativar a verdadeira confiança do filho. Infelizmente, não nos cabe afastar de nossos filhos todo o sofrimento. Ninguém tem o direito de passar pela vida sem alguma dor. Essa dura realidade realça a tarefa do pai que acolhe o filho, que transmite confiança e a certeza de um descanso, de um amparo. Não é uma vocação que se cumpre apenas com palavras, e sim uma construção ao longo da vida, que se faz com dedicação e companheirismo suficientes para que, na escuridão, sejamos a luz que guia nossos filhos de volta ao lar.


Ser como Deus é

"Eis que estarei contigo até o fim dos tempos" [4] é a promessa de Jesus para nós. E eu estarei sempre com meu filho, essa é a minha vocação de companheirismo. Ainda que surja o medo de errar com ele, de não ser suficiente, de não o compreender, eu sei que, assim como Deus é amoroso e misericordioso comigo, eu serei amoroso e misericordioso com meu filho. Estou certo de que como creio na divina providência, me esforçarei para que meu filho acredite que sempre poderei socorrê-lo. Enquanto meu filho ainda é criança, cabe a ele me pedir autorização para tudo e, na maioria das vezes, apenas na minha companhia ele poderá fazer o que deseja.

Logo, ao tornar-se homem feito, essa autorização não será mais necessária. Quando esse dia chegar, tomara que minha companhia e meu conselho sejam para ele uma opção sincera. Eu quero ser para ele um conselheiro, mesmo quando ele for capaz de decidir por si só. Desejo ser para ele um verdadeiro amigo, além daqueles que a vida irá apresentá-lo. A vocação de companheirismo de um pai é isso: ser uma presença escolhida pela confiança do filho.

Deus viu que seus filhos estavam perdidos e sofriam as dores do pecado. Ele pôde se fazer carne e sofrer a condenação dos pecadores em nosso lugar. Eu não posso ocupar o lugar do meu filho para tomar-lhe os sofrimentos, mas posso transmitir a confiança de que Deus agirá em seu favor sempre que minhas limitações humanas não forem suficientes. É também por isso que eu me empenho na missão evangelizadora, para que a presença de Deus seja sempre constante nos corações das pessoas e que haja sempre alguém disposto a ser instrumento de Deus na vida do meu filho quando, eventualmente, eu não estiver lá.

Que Deus abençoe com sabedoria e ternura todos os pais. Que assim seja!

CITAÇÕES DO TEXTO BÍBLICO

[1] (1Pd 3, 18); [2] (Os 11, 4); [3] (Mt 11, 28); [4] (Mt 28, 20).

REFERÊNCIAS

BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.
FRANCISCO. Meditações matutinas na Santa Missa celebrada na Capela da Casa Santa Marta: Carícia de pai. Vaticano, 10 dez. 2015.
FRANCISCO. Audiência Geral. Vaticano, 19 jan. 2022.
FRANCISCO. Meditações matutinas na Santa Missa celebrada na Capela da Casa Santa Marta: Viver em casa sem se sentir em casa. Vaticano, 14 mar. 2020.



Luis Gustavo Conde

Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos; palestrante focado na doutrina cristã; advogado, tecnólogo e professor. Dúvidas e sugestões, fale comigo nas redes sociais: @luisguconde (Facebook, Twitter e Instagram). Agendamento de palestras e cursos: luisguconde@gmail.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/paternidade/ser-pai-uma-vocacao-de-companheirismo/


8 de agosto de 2022

O que nos afasta do amor a Deus?

O amor a Deus, ou virtude teologal da caridade, é o hábito que dá forma e estrutura todas as outras virtudes teologais e morais. De fato, vimos que: sem a fé não é possível surgir a esperança e que é essa quem gera a caridade, ou amor a Deus e ao próximo, por causa de Deus. No entanto, à medida que a caridade se desenvolve, ela gera uma fé mais madura e forte e também uma esperança mais profunda.

Santo Tomás de Aquino explica que a caridade gera uma fé e uma esperança informadas, ou seja, colocadas numa nova forma, num novo modelo que as modifica.

Se a caridade é a mais preciosa de todas as virtudes, como vimos no artigo anterior, ela também é a mais frágil. Assim, uma virtude da caridade madura "tudo suporta" (1Cor 13,7), mas ela pode ser minada, descontinuada e suprida rapidamente.

Créditos: ArtistGNDphotography by Getty Images/cancaonova.com

Hábito de caridade

Desse modo, para ser forte, a caridade é um hábito que precisa ser reforçado continuamente direcionando toda a nossa vida para Deus. Ela é a virtude que permite seguirmos os mais importantes mandamentos: "Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo" (Mt 22,37). Inversamente, não vivendo essa dinâmica em todas as situações, nós a estamos fragilizando.

Uma imperfeição, ou seja, não se portar ou fazer algo por total amor a Deus já é uma agressão à virtude da caridade. O que, diremos, então dos pecados? É da própria definição do pecado (erro, tropeço) ser uma falha. Essa falha é, em primeiro lugar, ao amor e reverência amorosa que devemos a Deus. Está na essência do pecado substituir a vontade e condução amorosa de Deus pela própria vontade do homem.

Nas grandes e pequenas coisas, o homem se torna deus de si mesmo, fazendo sua própria vontade. Vontade que contraria a lei ou o conselho de Deus. Dessa nova decisão, que, às vezes, também se torna um hábito, o grau de conhecimento sobre o que se está fazendo, da liberdade com que se faz e da perfeição da advertência sobre o estar fazendo é que diferencia os pecados mortais dos pecados veniais.


Pecados Veniais

Como o próprio nome revela, os pecados veniais abalam a capacidade de amar a Deus, pois, ao cometê-los, o ser humano, como que se autodesculpa ao pecar (vênia = licença). Embora menos graves, os pecados veniais ferem a caridade para com Deus e para com o próximo por causa de Deus.

Aquilo que verdadeiramente destrói a virtude da caridade são os pecados mortais. De qualquer natureza que seja, a violação provocada pelo pecado mortal é um grave atentado à virtude da caridade. Como este tipo de pecado acaba com a união com Deus, é verdadeiramente impossível manter a verdadeira virtude teologal da caridade.

Pecados Mortais

A consequência do pecado mortal é, desse modo, devastadora para as virtudes teologais. Além de destruir a caridade, desinforma a esperança e a , reduzindo-as ao estado de pré-aquisição da virtude da caridade.

Será necessário renascer pela graça e pelo perdão na confissão. A imagem de renascimento é, portanto, bem adequada. Trata-se de um começar de novo. Esse início repete a sequência dada, até aqui, nesta série Virtudes Teologais: Deus infunde uma fé incipiente (ou informada), que se desenvolve e provoca a esperança (também ainda informada). Essa esperança desenvolverá a caridade e a virtude da caridade dará forma ou informará a esperança e a fé.

Se as virtudes teologais são as principais virtudes do ser humano, como vimos anteriormente, percebe-se por que o pecado mortal é tão nocivo: ele quebra o vínculo com Deus, nossa possibilidade de salvação, e se volta constantemente à nossa vida num processo pecado-conversão contínuo, impede a aquisição e progresso nas virtudes.

No próximo artigo, veremos como é possível fazer com que a virtude da caridade cresça cada vez mais, trazendo consigo a própria santidade de vida.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/series/virtudes-teologais/o-que-nos-afasta-amor-deus/

5 de agosto de 2022

O poder da oração da mulher na família


O momento atual pede mulheres que, mesmo diante de um mundo hostil, encontrem tempo para ler a Palavra e obedecer-lhe, para exercitar a oração e o jejum, buscar sempre a Eucaristia em favor de sua família.

Muitas mulheres acreditam que tudo pode ser mudado pelo poder da oração, que nenhuma lágrima cai no chão antes de passar pelo trono da graça no Céu.

Mulheres que, apesar de terem o seu filho desenganado pelos médicos, prostraram-se e voltaram para casa com o seu bebê vivo e sadio; que se dobraram diante da perda de seu filho, mas continuaram intercedendo para que outros vivessem; que serviram incessantemente na sua casa, para que todos pudessem se manter unidos, para que a família não se perdesse e fosse evangelizada e evangelizasse ao seu redor.

Créditos: Mongkolchon Akesin by Getty Images/cancaonova.com

A família precisa aprender o que é fé, aprender a rezar, amar a Deus e as pessoas

Não sei seu nome nem sua história, mas sei que, se você aceitar o chamado de Deus a uma vida de santidade, a uma vida de discípula em constante formação e missão evangelizadora, com certeza Ele entrará na sua casa e na vida da sua família.

Professor Felipe Aquino diz: "Mãe, foste criada não só para dar a vida aos homens, muito mais do que isso, para semear o amor entre eles. Ser mãe é tão digno, que até o próprio Deus quis nascer de uma mãe". Ser mãe é uma vocação, o maior de todos os chamados que chega à vida de uma mulher e nos mostra que temos um ministério a ser exercido, o qual vai além da questão de ser mãe biológica ou jurídica. Esse chamado exige atitudes que caracterizam uma verdadeira mãe, mesmo para aquelas que, por questões profissionais, não conseguem ser mães de tempo integral.

Trabalho Feminino

Num mundo em que a jornada de trabalho feminino é grande e a destruição das famílias é arquitetada e executada com maestria, precisamos de mulheres que se coloquem na linha de frente, combatendo pelos seus, que derramem sua alma, contando para Deus sobre sua família e pedindo que Ele venha em socorro de todas as suas necessidades.

Como cristãs, essas mulheres são chamadas para o compromisso de catequistas, pois a família precisa aprender o que é a fé, aprender a rezar, amar a Deus e as pessoas. Quando nós colocamos os valores cristãos em nossa casa, formamos também o caráter de nossos familiares, semeando bondade e pureza no coração. É Deus dizendo: "Preparem os seus para poderem, um dia, desfrutar do Céu".


Seja a intercessora dos seus

Muitas vezes, perdemos tempo discutindo o tamanho dos problemas, desde os chamados menores como dinheiro, poder e vida profissional, até os problemas maiores como saúde, casamento, drogas, sexo e prisão. Não importa o tamanho do seu problema, todos precisam de alguém que ore por eles. Deus não se detém no tamanho do problema, porque para Ele nada é grande nem pequeno, pois Ele é o Deus do impossível. Por isso, a importância da sua disponibilidade para colocar-se como intercessora da causa do outro, principalmente de sua família.

Não sei qual é o seu problema, mas podemos aprender com histórias bíblicas de várias mulheres que se destacaram no ministério de ser intercessora, cada uma com seu chamado particular, mas também alguns que são comuns.

A Bíblia nos mostra exemplos de mulheres que mudaram a história da vida familiar, encontrando tempo para rezar por eles. Maria foi chamada a abrir mão de seus sonhos para participar do plano de salvação da humanidade e, mesmo sendo uma adolescente, respondeu ao convite de Deus.

Exemplos de mulheres de fé

No Antigo Testamento, uma mulher corajosa enfrentou as ordens do Faraó do Egito, escondendo seu filho para não ser morto e, depois, colocando-o num cesto para que a filha do inimigo o acolhesse e o preparasse sem saber para ser o libertador do povo de Deus da escravidão. Diante desses acontecimentos, essa criança, Moisés, teve sua irmã Mírian velando por ele; e, quando a filha do faraó o resgatou, ela estava ali para lhe propor uma ama judia. Ana esperou vários anos para poder engravidar de Samuel e se desprendeu deste filho tão querido, para que, depois, Deus o usasse como juiz, profeta para o povo hebreu.

Esses exemplos nos ensinam que, com Deus, essas mulheres fizeram a diferença. Quando a mulher coloca os joelhos no chão, muitas vitórias são proclamadas e as graças acontecem para a honra e glória de Deus Pai.

Você, mulher, que quer restaurar a sua vida, a de sua família, ore sempre, sem cessar. A oração é o motor que vai colocar a fé em movimento e impulsionar mudanças.



Angela Abdo

Mestre em Ciências Contábeis pela Fucape, pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Gestão de Pessoas pela Faesa, graduada em Serviço Social pela Ufes e psicanalista. Consultora e Executiva na área de RH e empresa hospitalar. Foi coordenadora do grupo fundador do Movimento Mães que Oram pelos Filhos da Paróquia São Camilo de Lellis, em Vitória (ES) e do grupo de Amigos da Canção Nova de Vitória. Atualmente, é coordenadora nacional e internacional do Movimento Mães que Oram pelos Filhos. Escritora dos livros "La Salette, o grito de uma Mãe!" (2018), "Superação x Rejeição: Aprendendo a ser livre" (2017), "Ser Mulher À Luz da Bíblia: Porque Deus Pode Tudo!" (2016) e "Mães que Oram pelos Filhos" (2016). Participa do programa "Papo de Mãe que Ora", no canal Mães que Oram pelos Filhos Oficial, e do "Mães que Oram pelos Filhos", na Rádio América.  Autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-poder-da-oracao-da-mulher-na-familia/


3 de agosto de 2022

Quanto tempo devo dedicar à minha família?

"Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu" (Ecl. 3,1). E sempre é tempo de amar. A forma como amamos as pessoas tem a ver com a qualidade do tempo que a elas dedicamos; e o que torna a nossa vida extraordinária é justamente o período que gastamos fazendo o bem aos outros. Portanto, é preciso tomar cuidado com toda a correria que nos leva a sair do projeto de sermos pessoas capazes de amar.

Não é novidade para ninguém que o ritmo de vida, a rotina corrida ou a falta de rotina têm atropelado muito as relações em família, a ponto de não termos mais tempo para amar e nos deixar amar. Vivemos relacionamentos "líquidos", superficiais, muitos deles até mediados pelas redes sociais! Sim, há pessoas que se relacionam, por meio do celular, com os da própria casa em boa parte do tempo.

Que as mídias sociais, muitas vezes, dificultam a profundidade das relações em família já sabemos, mas o que passa despercebido aos nossos olhos é que isso tem destruído o verdadeiro amor em casa, quando não damos aos nossos o tempo que lhes é devido; e ainda gastamos grande parte de nosso dia conectados em aparelhos, algumas vezes, com coisas pouco relevantes. Além disso, a tentativa de realizar mil tarefas ao mesmo tempo nos impede de refletir sobre qual delas são legitimamente importantes. Uma rotina de trabalho pesada — que adotamos, às vezes, por necessidade; outras, para adquirir algo que julgamos trazer felicidades —, também tem nos tirado da dedicação para o que deveria ter maior significado em nossa vida como o contato com o outro.

Quanto tempo devo dedicar à minha família

Foto Ilustrativa: fizkes by Getty Images / cancaonova.com

Qual tem sido a sua preocupação e prioridade?

Diante disso, precisamos entender que, se a experiência com as pessoas, principalmente com a nossa família, é algo que nos realiza no amor, essa deve ser a maior missão que temos a cumprir. O grande dilema que trazemos é que nos preocupamos mais com o complementar do que com o fundamental. O amor deixou de ser a base e ficou no segundo plano. Alguns se casam e têm filhos para amar e ser amado, porém, com o passar dos anos, isso vira um pequeno horário na agenda. O mesmo acontece na relação com os nossos pais ou irmãos, e assim por diante.

Pensar nessas questões é necessário, a fim de que refaçamos o nosso programa de vida, de modo que tudo esteja ordenado para o amor. Não me refiro a um amor de faz de conta, caricaturado, romântico ou idealizado; falo de doação, de entrega e sacrifícios pelo outro. Para começarmos essa reprogramação, reflitamos sobre alguns caminhos possíveis:

1. Dar tempo de qualidade. Mesmo em meio a uma agenda cheia, se dermos ao outro a atenção que precisa, já seremos um canal para a ação de Deus em sua vida. E não são sempre necessárias tarefas altamente elaboradas. O mais importante é presença, com a disposição de estar inteiro para a pessoa com quem se vive, ainda que por alguns minutos. É atenção como quem contempla o outro em toda a sua riqueza, de modo que se sinta querido e cuidado.


Pequenas ações

2. Antecipar-se em ajudar. É próprio do amor ver e agir antes de ser solicitado, por isso, não podemos improvisar. A caridade precisa estar no programa de todos os dias e se concretizar em ações: é uma ajuda oportuna, sem medir esforços, ou quando vamos ao supermercado e pensamos em levar algo que alguém de casa precisa ou que vai lhe fazer melhor, antes mesmo que ele peça. É como Nossa Senhora que, sem que Lhe fosse pedido, foi estar com Isabel, para ajudá-la na gestação (Cf. Lc. 1,39-40).

3. Rever a agenda. Se refizermos a nossa agenda ou se passarmos a ter uma, podemos colocar nela o tempo e o planejamento de coisas que podemos fazer em ou para a nossa família. Para os pais, o horário com os
filhos precisa estar agendado todos os dias.

Ser paciente também é amar

4. Ter paciência com o tempo do outros. Muitas vezes, queremos que nossos familiares — alguns deles idosos e crianças — façam tudo no nosso ritmo. Com a demora, perdemos a cabeça; e, algo que deveria ser prazeroso, se
torna penoso. Neste caso, a virtude da paciência é um bom sinônimo de caridade.

5. Colocar amor em tudo. Nossos gestos, palavras e atitudes precisam ser permeados disso, a fim de que o outro perceba que são amados. Em alguns casos, as preocupações nos fazem agir com dureza com os que partilham a vida conosco, e isso também atropela o amor.

Esse seria um início básico para viver a vida, tomando posse do nosso caráter de imagem e semelhança de Deus. Que Ele mesmo nos inspire a existir com mais significado e plenitude!



Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/quanto-tempo-devo-dedicar-a-minha-familia/

1 de agosto de 2022

É importante rezar antes de uma viagem?


Se você já passou por situações inusitadas durante viagens, certamente consegue responder essa pergunta. De fato, quando colocamos o pé na estrada, estamos sujeitos a tudo. Seja em uma viagem simples – como aquelas que fazemos no dia a dia para nos deslocar de um lugar a outro da cidade – ou naquelas longas, complexas e planejadas com antecedência. Em todas elas, estamos sujeitos a surpresas agradáveis ou não: problemas com bagagem, com a passagem ou o pagamento, atrasos, dificuldade com o meio de transporte utilizado ou com algum dos passageiros, acidentes, enfim, problemas de qualquer ordem. Mas também podemos nos deparar com situações muito boas: encontrar pessoas interessantes, descobrir lugares que não estavam previstos, conseguir novas oportunidades de emprego ou até conhecer alguém com quem nos casaremos um dia.

O que vai garantir o sucesso da nossa viagem é estarmos bem e em Deus para tomar as decisões certas e reconhecer quando as oportunidades estão sendo dadas a nós pelo próprio Senhor. No meio das situações que fogem ao nosso controle, podemos e precisamos experimentar a força da Providência Divina que conduz, com sabedoria, todas as coisas para o nosso bem.

A Palavra de Deus nos ensina a orar sem cessar e em qualquer situação, e isso inclui as nossas viagens:" Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é, a vosso respeito, a vontade de Deus em Jesus Cristo. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo: abraçai o que é bom. Guardai-vos de toda a espécie de mal" ( I Tes 5,17-22).

Créditos: by Getty Images / YakobchukOlena/cancaonova.com

Planejando a viagem

A vida de quem crê no Cristo é e precisa ser embasada na intimidade com Aquele que nos sustenta. Às vezes, rezamos quando estamos em uma situação difícil ou quando queremos alguma coisa, porém, precisamos orar também em nossos projetos para que sejam conduzidos à luz do Espírito Santo. A oração deveria fazer parte da nossa lista de preparação para uma viagem, seja ela de trabalho, lazer ou missão. Assim como planejamos a data, compramos passagem, fazemos programações ou arrumamos as malas, precisamos rezar para que tudo seja feito no Senhor.

Recordando!

Recordo-me de uma viagem que fiz com meu esposo a outro país. No planejamento, iríamos ficar em um determinado lugar e, quando nos colocamos a caminho usando o GPS, percebemos que estávamos indo para um local que não estava previsto. Eu fiquei assustada, porque era noite e já havíamos andado bastante por cidades com ruas estreitas e construções medievais. Parecia um filme. Neste momento, tentei ficar calma e não passar para o meu esposo o quanto estava preocupada para não o atrapalhar na condução do carro. Por outro lado, estava em Deus e sabia que, em algum momento, iríamos entender para onde estávamos indo e o que havia acontecido.

Lembro-me de que, antes de embarcar para esta viagem, providencialmente, encontramos um padre conhecido no voo, que nos abençoou e abençoou uma água que tomamos no caminho. Durante o trajeto, fomos rezando e colocando-nos diante de Deus. Não tenho dúvidas de que essa oração foi o que nos levou a permanecermos calmos, ainda que perdidos numa região distante e desconhecida.


Será que Deus quer que façamos determinada viagem?

Em outra passagem, a Palavra de Deus fala para colocarmos diante d'Ele os nossos projetos, e a viagem é um deles. "Põe tuas delícias no Senhor, e os desejos do teu coração ele atenderá. Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá (Sl. 37,3-5)." Outro ponto que precisamos lembrar é o de que é fundamental perguntarmos ao Senhor se ele quer que façamos uma determinada viagem. Seja ela simples ou não. Se nossa vida está realmente na vontade de Deus, tudo precisa passar por ele.

Talvez, o Senhor não queira, neste momento, essa viagem para você, e saber disso pode tirá-lo de situações difíceis. Quando o profeta Jonas fez uma viagem de barco para fugir de Deus e não ir profetizar em Nínive, foi jogado no mar e engolido por uma baleia. Deus não queria aquela viagem (cf. Livro de Jonas). Isso não quer dizer que se acontecer algo ruim em nossos trajetos, é porque o Senhor não o quer. Não é isso! O que digo é que é importante sabermos se Deus quer ou não que viajemos.

Vontade de Deus!

Às vezes, Deus quer que você vá e, mesmo assim, momentos de adversidade vão ocorrer. O demônio não quer que a vontade do Senhor se cumpra em nossa vida, então fará de tudo para impedir qualquer projeto que seja de Deus. Há um combate espiritual sobre o qual precisamos estar atentos e vigilantes.

Viajar, para alguns, pode ser um ato corriqueiro, sem muitas intercorrências, mas para outros pode definir uma vida inteira como a viagem do jovem Tobias para um lugar distante, a fim de recuperar o dinheiro que seu pai, Tobit, havia emprestado a um parente distante. Por causa da oração do pai, Tobit, e de sua futura esposa, Sara, Deus envia o Anjo Rafael para acompanhar Tobias durante a viagem. No trajeto, o jovem não só recupera o dinheiro como encontra Sara, casa-se com ela, liberta-a de uma maldição e aprende um remédio que trará a cura seu pai. É impressionante a Providência de Deus atuando em toda a viagem! (cf. Livro de Tobias)

Reze!

Assim como no livro de Tobias, tenho a certeza de que Deus envia pessoas (ou anjos) para nos ajudar, com sua Providência e nos conceder o que precisamos em nossos trajetos. Entretanto, para termos esta ação do Céu é mais do que importante a intimidade com Deus. Se o anjo acompanhou e agiu na história de Tobias, quanto mais não agirá na nossa, se nos prepararmos, em oração, para a viagem que planejamos fazer!

Acho que, agora, dá para responder se vale a pena ou não orar antes de viajar! Fica a aqui uma oração que sempre faço em meus trajetos: "São Rafael com Tobias, São Gabriel com Maria, São Miguel com todas as hierarquias, vai à nossa frente, e abri para nós estas vias."

Fique com Deus!



Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/e-importante-rezar-antes-de-uma-viagem/


29 de julho de 2022

A amizade é um dom do amor

"Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos,
pois o servo não sabe o que faz o seu senhor." (Jo 15,14-15)

O próprio Cristo ensina o que é a amizade: uma relação de proximidade entre as pessoas, em que uma conhece em profundidade a outra. O amigo não é um mero conhecido, pois Ele ama como Jesus amou.

A amizade é um dom do amor. Surge sem escolha e, muitas vezes, une pessoas completamente diferentes. Quem ama respeita, compreende e admira o que há de diferente e especial no outro. Amizade verdadeira não sufoca, não oprime, mas constrói, potencializa, engrandece. O verdadeiro amigo fala a verdade e também corrige quando é necessário.

Todos nós precisamos de amor puro uns dos outros. Fomos criados para amar e receber amor. Precisamos do amor puro dos amigos. Quem sobreviveria sem eles? Esses revelam o que há de melhor em nós. Quando ocorrem os sofrimentos, desafios e tensões da vida, o amigo nos oferece seu suporte e atenção. O amigo verdadeiro não alimenta nossas carências e paixões ilusórias, mas nos ajuda a olhar com serenidade e equilíbrio os momentos mais difíceis em nossas vidas. Chora junto e se alegra junto.

Créditos: Prostock-Studio by Getty Images/cancaonova.com

Deus nos oferece Sua amizade

O Senhor, nosso melhor amigo, chama-nos de amigos. Mesmo sendo Deus, torna-nos Seus amigos, oferece-nos a Sua amizade. O Senhor define a amizade de uma dupla forma. Não existem segredos entre amigos: Cristo nos diz tudo quando ouve o Pai, oferece-nos a Sua plena confiança, revela-nos o Seu rosto, o Seu coração; mostra-nos a Sua ternura por nós, o Seu amor apaixonado que vai até a loucura da cruz. Fez de nós amigos. E nós, como respondemos? O que Ele nos ensina é perdoar, acolher, compreender, dialogar com o nosso irmão e irmã, sobretudo quando algo não vai bem.


O segundo elemento, com que Jesus define a amizade, é a comunhão das vontades. "Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando", ressalta Jesus. Nós somente seremos amigos de Jesus se amarmos como Ele nos amou, se passarmos por este mundo fazendo o bem como Ele fez.

Nessa comunhão de vontade, realiza-se a nossa redenção: ser amigos de Jesus nos torna amigos de Deus. Se, muitas vezes, tornamo-nos parecidos com nossos amigos em ideias e comportamentos, mais ainda nos tornamos semelhantes a Cristo quando nos aproximamos d'Ele.

Quanto mais amamos Jesus, quanto mais O conhecemos, tanto mais cresce a nossa verdadeira liberdade, cresce a alegria e realização de sermos remidos, de sermos pessoas novas em Cristo.



Gracielle Reis

Gracielle Reis é missionária da Comunidade Canção Nova, sendo segundo elo, na missão de Portugal.

Carioca, jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF): Bacharel e Licenciada em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ): e pós-graduação em Logoterapia, pela Associação de Logoterapia Viktor Emil Frankl (ALVEF).

Atualmente, jornalista na TV Canção Nova, em Portugal.

Em trabalhos com mulheres e famílias, também é instrutora do Método de Ovulação Billings e Consultora de Imagem, Estilo e Coloração Pessoal.

E-mail: graciellereis@gmail.com

Instagram: @gracielledasilvareis [https://www.instagram.com/gracielledasilvareis/]

Facebook: Gracielle Reis


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/amizade-e-um-dom-amor/