20 de julho de 2022

Quero aprender a orar. O que eu faço?

Quando manifesto o desejo de aprender a orar, presume-se que há um ato de vontade e uma predisposição para tal, isso é essencial para aprender a orar. Tendo por base o Catecismo da Igreja Católica, é preciso dar sentido ao que se almeja alcançar. Para tal, é importante recordar que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (cf.: Gn 1,27). O homem ocupa um lugar único na criação: é "à imagem de Deus"; na sua própria natureza, une o mundo espiritual e o mundo material; foi criado "homem e mulher"; Deus estabeleceu-o na sua amizade" (CIC 355). "Criados por Deus, e para Deus, é preciso estabelecer crescente comunhão e unidade com Ele, pois Ele é o princípio e o fim último da criação" (CIC 294).

O ato de orar é reconhecer a necessidade de manter o vínculo com a nossa origem, é restabelecer a nossa amizade com Deus. Isso é vital. "Desde o começo da sua existência, o homem é convidado a dialogar com Deus: pois se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele, e por amor, constantemente conservado" (CIC 27). Dialogar é uma forma de relacionar-se com alguém, de expressar-se. Então, orar é relacionar-se com Deus, ou seja, uma relação entre duas pessoas, uma humana e a outra divina.

Para orar é preciso ir ao encontro, é colocar-se na presença de Deus, estar aberto a Ele numa atitude de escuta para o que Ele vai nos falar: "O Senhor veio, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: 'Samuel! Samuel!'. E ele respondeu: 'Fala, que teu servo escuta'" (I Sm 3, 10). A iniciativa primeira é d'Ele. A oração é o encontro da sede de Deus com a nossa. "Deus tem sede de que nós tenhamos sede d'Ele"(CIC 2560).

A oração inicia-se quando nos colocamos totalmente disponível para o Senhor. Se temos dificuldade para escutar, essa verdade poderá ser a nossa primeira súplica: "Dá, pois, a teu servo, um coração que escuta" (I Rs 3, 9).

Quero aprender a orar. O que eu faço

Foto Ilustrativa: Liubomyr Vorona by GettyImages / cancaonova.com

Orar é um ato que vem do coração

"De onde procede a oração do homem? Seja qual for a linguagem da oração, os gestos e palavras, é o homem todo que ora. Mas para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito ou, com mais frequência, mais de mil vezes que brota do coração. É o coração que ora. Se ele estiver longe de Deus, a expressão da oração será vã" (CIC 2562).

É pela escuta que brota em nosso coração e do mais profundo da alma uma resposta a Deus de confiança, de louvor, de gratidão, de silêncio, de súplica, de angústias: "Até quando na minha alma experimentei aflições, tristeza no coração toda hora?" (Sl 13,3). Deus nos fala e respondemos a Ele de modo mais sincero e autêntico e estabelece-se um diálogo fecundo, com disposição de obedecê-Lo com a nossa vida.


O que são oração vocal, meditação e contemplação?

Na oração vocal, pela sua Palavra, Deus fala ao homem. É nas palavras, mentais ou vocais, que a nossa oração toma corpo. Ela é fundada na união do corpo e do espírito na natureza humana, associa o corpo à oração interior do coração. É importante recordar que, a Igreja convida os fiéis para uma oração regular: orações quotidianas, Liturgia das Horas, Eucaristia dominical, festas do ano litúrgico.

A meditação é uma busca orante em que se usa o pensamento, a imaginação, a emoção, o desejo e a confrontamos com a realidade da nossa vida. A contemplação é a expressão simples do mistério da oração. É um olhar de fé fixo em Jesus, uma escuta da Palavra de Deus, um amor silencioso. Então, o que fazer? Para orar é preciso querer, reservar um tempo, ir ao encontro de Deus com disposição total de escuta ativa do que Ele vai nos falar para obedecê-Lo.

Ouça a Deus!

Para os que desejam iniciar a vida de oração, comece pela escuta atenta e ativa durante a Santa Missa. As orações, canções,  Liturgia e palavra pós-comunhão são momentos fortes que nos favorecem à comunhão com Deus.
Para oração diária, comece reservando durante o dia pelo menos 15 minutos do seu tempo para colocar-se na presença de Deus, num lugar favorável para orar, longe dos barulhos externos, tal atitude é preciso para acalmar também os barulhos interiores.

Observe como você se encontra e segue a intuição do coração, se for preciso apresentar a Deus tudo que está no coração, faça-o com palavras espontâneas. Mas se ainda não consegue expressar o que vive, comece pelas orações da Igreja: jaculatórias; Ave-Maria; Pai-Nosso; ore a Palavra: os Salmos, o Magnificat etc., ou, apenas permaneça em silêncio, deixando apenas correr as lágrimas.

Porém, é preciso exercitar o silêncio para ouvir a Deus que nos fala; se precisar, peça a Ele o dom de ouvir. Tenha paciência! Orar exige decisão, disposição total, tempo, disciplina e, desse modo, vamos crescendo e amadurecendo na amizade e comunhão com Deus.

Referências:

Bíblia CNBB online – https://blog.cancaonova.com/metanoia/biblia-sagrada-edicao-cnbb/
Catecismo da Igreja Católica – http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s1c1_26-49_po.html



Nilza e Gilberto Maia

Nilza e Gilberto Maia são casados, jornalistas e missionários de dedicação integral na Comunidade Canção Nova.

Nilza é membro da comunidade desde 1999; e Gilberto, desde 2000. Nilza é graduada em Comunicação Social pela UFMT e pós-graduada em counseling pelo IATES/Curitiba. Gilberto também é counselor pelo IATES/Curitiba e graduado em Gestão Comercial.

Ambos atuaram em suas próprias paróquias nas pastorais, movimentos e ações sociais. O casal viveu em Portugal por sete anos, onde realizaram a missão diretamente no Santuário de Fátima, através de transmissões diárias, para a TV, da Eucaristia e da Oração do Rosário da Capelinha das Aparições.

O casal é autor dos livros publicados pela Editora Canção Nova. Atua também no apostolado como anunciadores da Palavra de Deus, e na formação e acompanhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/quero-aprender-a-orar-o-que-eu-faco/

18 de julho de 2022

É possível perdoar a partir do sofrimento e das injustiças?

Uma de nossas reações mais comuns diante do sofrimento é a busca de justificativas e culpados para tais situações.

Não é fácil lidar com a dor, mais difícil ainda é enfrentar perdas e injustiças. Qual o pai que, ao perder seu filho em um assassinato, não ficará revoltado? A dor humana é compreensível e não pode ser pormenorizada, porém, precisamos aprender a trabalhá-la em nós.

É possível perdoar a partir do sofrimento e das injustiças

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

É possível perdoar a partir do sofrimento e das injustiças?

Diante da injustiça, a mágoa e a revolta são consequências reais, contudo, a história nos revela que tais realidades são apenas consequências e não remédio.

A violência sempre gera somente mais violência, desencadeando assim um gradativo processo de disseminação do ódio, o qual nunca encontrará o seu final.

Mas como dar um fim a esse processo?

Para a violência se ausentar, é necessário que haja consciência de que um dos lados precisa ceder, perdoar.

Somos muito orgulhosos em consequência do pecado original enraizado em nós, e, por vezes, contemplamos as situações somente a partir do ângulo de nossas próprias razões. Nunca queremos dar o braço a torcer, e sempre queremos ter a razão, e, muitas vezes, a temos mesmo. Porém, "amar significa perder para ganhar", perdoar é superar a própria razão por uma realidade mais nobre.


Por mais injustiçados que já tenhamos sido, a atitude mais racional diante de tal situação é o perdão. A mágoa nos torna pequenos e empobrecidos, além de nos causar inúmeras enfermidades de acordo com muitos dados científicos.

O portador do ódio é sempre o mais prejudicado. Quando estamos magoados, pensamos na pessoa que nos causou essa mágoa durante 24 horas por dia, e acabamos por "aprisioná-la" dentro de nós. Aquele que alimenta o ódio enxerga somente a si mesmo, o seu sofrimento, fragmentando a própria existência e deixando de lado outras realidades essenciais.

Perdoar traz paz

Quem vive magoado não tem qualidade de vida, não tem paz. Perdoar é extinguir a trama de significações que o ódio produz em nós, e libertar-se para descobrir a beleza até mesmo na desventura.

Sei que em determinadas situações o perdão não é coisa fácil, porém, perdoar é questão de decisão e não de sentimento. A graça de Deus não nos desampara, ela está sempre pronta a auxiliar aqueles que querem verdadeiramente viver a reconciliação.

Não perca mais tempo, liberte-se da mágoa, porque existe muita vida para se viver, e muita alegria para se conquistar. Coragem!



Padre Adriano Zandoná

Padre Adriano Zandoná é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em Filosofia e Teologia, tem seis livros publicados: Construindo a Felicidade, Curar-se para ser Feliz, Conquistando a Liberdade Interior, 7 Passos para Restaurar sua Família, A Cura da Alma Feminina e Como Controlar e Vencer a Ansiedade. Dois quais 2 foram traduzidos para o inglês. Gravou quatro CDs pela Gravadora Canção Nova. Apresenta o programa Para ser Feliz ao vivo pela TV Canção Nova (em rede nacional), todas as terças às 20h. É membro da Direção Artística da TV Canção Nova, em Cachoeira Paulista.

Twitter: @peadrianozcn
Facebook: PadreAdrianoZandonaOficial
Instagram: @padreadrianozandona


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/e-possivel-perdoar-a-partir-do-sofrimento-e-das-injusticas/

15 de julho de 2022

Diante da crise de fé de um jovem, como podemos ajudá-lo?


Em algum momento, todos nós já atravessamos crises de fé e duvidamos da ação e da presença de Deus em nossa vida.

Esses sentimentos e essas crises vão criando um abismo dentro de nós, e em vez de, na crise, nos aproximarmos de Deus, vamos nos afastando cada vez mais d'Ele e deixando que, no fundo, a crise que nos faria crescer e nos levaria para junto d'Ele, na verdade, vai nos levando para um abismo sem saída.

Penso que todas as crises são boas e necessárias. Assim como existe a famosa crise da adolescência, também existem crises de fé, que possuem um único objetivo: tornar sua fé mais forte, mais firme e mais consciente.

Penso que as crises são supernormais, e por isso devemos olhar para elas com normalidade, com atenção, mas muito mais como uma oportunidade de crescimento.

Diante da crise de fé de um jovem Como podemos ajudá- lo

Foto ilustrativa: globalmoments by Getty Images

A juventude também é um tempo de crise

É próprio porém nos jovens que essas crises de fé sejam mais intensas e mais recorrentes devido à natureza "revolucionária e questionadora" que existe neles.

Penso que a primeira atitude a ter é de escuta atenta. Dom Bosco dizia: "Não basta amar os jovens, é preciso que eles saibam que são amados".

Nossas atitudes são capazes de revelar esse amor. Num momento de crise, é fundamental uma escuta atenta.

Depois de escutar o jovem e escutar tudo que povoa seu coração, podemos passar para a segunda etapa: o conselho. Antes de tudo, peçamos ao Espírito Santo que Ele non oriente e infunda em nos o dom do conselho.

Entre os muitos conselhos, penso que seria importante:

Procurar um diretor espiritual

"É o sacerdote encarregado de conduzir as almas até a perfeição cristã."


Investir na vida de oração

Diante de uma crise de fé, a tendência é largar tudo. Precisamos, então, que nossa vida de oração continue acesa.

"Quem reza se salva, quem não reza é condenado. Salvar-se sem rezar é dificílimo, até mesmo impossível, mas rezando, a salvação é certa e facilíssima. Se não orarmos, não temos desculpas, porque a graça de rezar é dada a todos. Se não nos salvarmos, a culpa será toda nossa, porque não teremos rezado." (Santo Afonso Maria de Ligório)

Inspirar-se na história de santos

"Nem sempre podemos ter junto de nós nosso padre espiritual, para nos ajudar com seus conselhos em todas as nossas ações, e especialmente em nossas dúvidas; mas a leitura supre tudo, fornece-nos as luzes necessárias e nos ensina como havemos de proceder para evitar as ciladas do demônio e do nosso amor próprio, e para nos conformarmos com a vontade de Deus." (Santo Afonso Maria de Ligório)

Madre Teresa, por exemplo, viveu uma aridez espiritual muito grande, e apenas após sua morte que foi revelado que ela viveu uma "grande noite escura". A leitura de sua história "Venha e seja minha luz" pode, de fato, ser uma grande ajuda.

Entre muitos outros santos que viveram grandes desafios de .

Como ajudar

O importante é escutar a necessidade do jovem e assim sugerir algo que possa "saciar" sua sede!

Convidá-lo a participar ativamente em encontros ou momentos de oração em sua paróquia. Mgr Jean-Claude Boulanger diz: "Um cristão sozinho é um cristão em perigo".

Diante dos questionamentos que o jovem tiver, procurar responder às questões, mas sempre se lembrando que a crise de fé é ultrapassada e vencida com fé!

"Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie." Efésios 2, 8-9

Uma grande graça em meio à crise é ter com quem dividir. Seja suporte, seja caminho, seja luz, mas não se esqueça de que você não é a solução, a solução é Cristo. E com Ele sim toda a crise é vencida, superada! Coragem!



Brigite Cortez

Brigite Cortez, natural de Portugal, é missionária na Comunidade Canção Nova onde atua na Casa de Missão da França.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/diante-da-crise-de-fe-de-um-jovem-como-podemos-ajuda-lo/


13 de julho de 2022

Aproxime-se do Senhor para viver um caminho de conversão e santidade

"Isto diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: melhorai vossa conduta e vossas obras, que eu vos farei habitar neste lugar" (Jr 7,3).

O Senhor disse ao seu povo, por intermédio de Jeremias, que se convertesse de seu mau caminho, que melhorasse sua conduta, pois muitos do povo, afastando-se de suas tradições e esquecendo-se da Lei dada a Moisés, estavam pecando contra a caridade, afastando-se de Deus e praticando a idolatria. Além disso, aumentavam as pessoas que praticavam a injustiça, a fraude, a mentira (cf. Jr 7,4-5).

Viva a sua conversão

Hoje, o Senhor também nos chama à conversão, à mudança de vida. Deus nos convida a olhar para o nosso interior e identificar quais as áreas que precisam ser tocadas por Ele, pois, sem a Sua ação, não somos capazes da verdadeira conversão. Precisamos nos colocar diante de Deus com muita coragem e assumir em nós as áreas que precisam de cura, restauração, mudança interior, mentalidade e conduta.

Aproxime-se do Senhor para viver um caminho de conversão e santidade

Foto Ilustrativa: cyano66/ by Getty Images / cancaonova.com

Deus nos quer para Si, caminhando pelas estradas da verdade e do amor, não por mero capricho de Sua parte. O Senhor nos quer para Si, trilhando no caminho da santidade, pois somente assim vamos habitar na morada que Ele nos prometeu. Esta vida é uma preparação para quando chegarmos à Terra Prometida, à salvação, à vida eterna junto d'Ele no Reino dos Céus.


Nesse caminho para chegar até o Pai não estamos sós, pois Ele está conosco no Filho, pelo Espírito Santo. Jesus Cristo se faz presente, de maneira singular, na Eucaristia, a qual é para nós sustento e remédio para as nossas fraquezas. Deus se faz presente em todo tempo e lugar, Ele está conosco e nos acompanha como a nuvem que acompanhava o povo de Deus enquanto caminhava pelo deserto.

A conversão acontece com a ajuda de Nossa Senhora

Deus se faz presente em nossa vida por meio dos anjos e santos, os quais são para nós um auxílio, principalmente em nossas fraquezas e tribulações. Dentre os santos, a Virgem Maria tem um papel fundamental, pois ela é a medianeira de todas as graças. Por meio dela recebemos a graça de Jesus Cristo, o Espírito de Deus em nossa vida. Por isso, em nosso processo de conversão, não há como perseverar sem o auxílio de Nossa Senhora.

A Virgem Maria é a mediadora entre nós e Jesus Cristo (cf. TVD 83), que está à direita do Pai intercedendo por nós. Por isso, ao nos aproximarmos da Virgem Santíssima, mais nos aproximamos do Senhor. Não tenhamos medo de invocar sempre a intercessão, o cuidado, o auxílio de Nossa Senhora em nossas necessidades. Peçamos a ela que nos conceda as graças necessárias para vencer nossas fraquezas e perseverar no Caminho que conduz à Terra Prometida (cf. Jr 7, 3), ao Reino dos Céus.



Padre Natalino Ueda

Natalino Ueda é brasileiro, católico, formado em Filosofia e Teologia.  É o autor do blog Todo de Maria, que tem como temas principais a devoção mariana e a consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/aproxime-se-do-senhor-para-viver-um-caminho-de-conversao-e-santidade/

11 de julho de 2022

O que é a fé? O que significa crer nos dias de hoje?


Ainda tem sentido a fé em um mundo onde a ciência ultrapassou horizontes que, há pouco tempo, eram impensáveis? Pode parecer que esse tipo de questionamento só possa surgir em uma pessoa incrédula, porém isso não é verdade. Atualmente, torna-se cada vez mais necessária uma "renovada educação para a fé, que inclua, sem dúvida, um conhecimento das suas verdades e dos acontecimentos da salvação; sobretudo, que nasça de um encontro verdadeiro com Deus em Jesus Cristo"¹.

Não obstante a grandeza das descobertas da ciência, hoje o homem não parece ter se tornado verdadeiramente mais livre, mais humano. Papa emérito Bento XVI nos ensina: "Temos necessidade não só do pão material, mas precisamos de amor, de significado e esperança, de um terreno sólido que nos ajude a ter um sentido autêntico também na crise, nas obscuridades, nas dificuldades e nos problemas cotidianos".

O que é a fé O que significa crer nos dias de hoje

Foto IIustrativa: by Getty Images /AaronAmat

A fé é algo além de um sentimento ou uma certeza

A fé, segundo ele, "oferece-nos precisamente isso: Um entregar-se confiante a um «Tu», que é Deus, o qual me confere uma certeza diversa, mas não menos sólida do que aquela que me deriva do cálculo exato ou da ciência. A fé não é simples assentimento intelectual do homem a verdades particulares sobre Deus; é um gesto mediante o qual me confio livremente a um Deus que é Pai e que me ama; é adesão a um «Tu» que me dá esperança e confiança".

A fé é algo além de um sentimento ou uma certeza; é uma experiência. Quando olhamos para Deus, podemos nos deparar com um "deus" tradicional, um ser poderoso, no qual aprendemos a crer, porque, normalmente, a maioria das pessoas ao nosso redor acreditam ou, podemos realmente olhar para o Senhor e saber que Ele existe não porque contam, mas porque o conhecemos e fazemos uma experiência pessoal com Ele.

Não que a tradição familiar e cultural da fé sejam algo ruim, mas essa "educação para a fé" deve nos direcionar também a um caminho que nos levará a uma profunda e verdadeira experiência com esse "Tu" que é Deus. Dessa relação, dia a dia, nasce a verdadeira conversão do coração e da mente.


Fé: caminho seguro para uma verdadeira conversão

Essa fé que a Igreja professa é o caminho seguro para uma verdadeira conversão de vida. O Papa João Paulo I, em uma das quatro catequeses que fez durante seu curto papado, definiu: "Eis o que é a fé: entregarmo-nos a Deus, mas transformando a própria vida". É esse o caminho que Deus quer trilhar conosco: uma relação pessoal e real com Ele, e uma transformação verdadeira das nossas vidas. Não há sincera experiência de fé se não houver uma concreta mudança na vida pessoal.

Uma experiência de fé que não atinge a minha forma de agir, pensar, sentir, relacionar-se, não pode ser considerada fé em Cristo. Fé é relacionar-se, e o relacionamento com Jesus atinge toda a nossa forma de estar e ser no mundo. A começar do nosso caráter, não existe relação com Deus que não nos leve a uma busca sincera para segui-lo e imitá-lo. Por isso, o próprio Jesus afirmou que "uma árvore se conhece pelo fruto" (Lc 6, 44). Um cristão é conhecido pelo amor.

Desconheceis que a bondade de Deus o convida à conversão?

Essa educação para a fé é um trajeto feito no pessoal. Não dá para pensar que Deus me ama como sou, e por isso não preciso mudar. É justamente esse amor de Deus, real e concreto, que nos impulsiona e nos incomoda a não continuarmos como somos, mas querer ser melhor para Deus e para o outro.

Em sua catequese sobre a fé, João Paulo I pediu que cada um de nós, toda a Igreja, rezasse a oração que ele costumava rezar: "Senhor, aceita-me como sou, com os meus defeitos, com as minhas faltas, mas faz que me torne como tu desejas".

Referências:

1 – PAPA BENTO XVI, AUDIÊNCIA GERAL, Praça de São Pedro, (24 de Outubro de 2012)


 


Paulo Pereira

José Paulo Neves Pereira nasceu em Nossa Senhora do Livramento (BA). Missionário da Comunidade Canção Nova, ele atua como gerente no setor de Conteúdo da TV Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-e-fe-o-que-significa-crer-nos-dias-de-hoje/


7 de julho de 2022

O casamento pode salvar o cônjuge do sentimento de solidão?


Hoje em dia, somos incentivados pela cultura e também pelos meios de comunicação que, para estarmos bem, precisamos fazer parte de alguma coisa ou de um grupo. Como se fosse um "sentimento de pertença", mas, por vezes, estamos com um grande sentimento de solidão.

As pessoas procuram aquelas que pensam mais ou menos igual, que tenham gostos e ideias semelhantes. Isso vai se tornando tão latente, que chegamos ao extremo de: se não fizer parte de algo, corre-se o risco de se sentir estranho, errado.

O casamento pode salvar o cônjuge do sentimento de solidão

Foto Ilustrativa: by Getty Images / FotoDuets

Senso comum

Algo semelhante se passa com o senso comum: já que tem um monte de gente que pensa igual, talvez seja porque aquilo é daquele jeito mesmo. Desse modo, por conta da quantidade de pessoas que aderiram a uma determinada ideia, nossa crítica começa a correr riscos de passividade, aceitando qualquer bobagem que é apresentada a nós. Essas coisas se irradiam de tal forma e nos levam a achar que, realmente, há algo de errado conosco. E se não nos adequamos, nos sentimos só. Tendemos a fugir desse tipo de solidão desesperadamente. Será que isso tem de ser assim mesmo?

Pertencendo a um grupo ou escolhendo muito bem as amizades, quem aqui nunca passou pela experiência de não ter sido compreendido? Preciso lhe dizer que não tem jeito, se você não passou por isso ainda (o que acho meio difícil), você vai passar e não serão poucas vezes na vida.

Cada um de nós é irrepetível! E nem mesmo entre gêmeos pode-se dizer que são iguais. Como seria possível não se sentir só, uma vez que você é único?

Mesmo que alguém passe pelos mesmos problemas que você, tenha tido uma criação semelhante ou até tenha os pensamentos muito iguais, de qualquer jeito vivemos mil e uma situações diferentes, que nos ensinaram determinadas coisas, e cada um de nós as absorveu e as compreendeu de uma determinada maneira.

Não tem jeito de se sentir igual ou compreendido. Ninguém viveu ou vive em você e como você. Uma hora ou outra, isso vai ser latente!


A solidão faz parte da nossa existência

Fugir da solidão seria igual a tentar fazer um buraco n'água, e como não tem jeito de conseguir isso, surgem os sentimentos de frustração consigo mesmo e com a vida.

Será que não tem gente depressiva por conta disso?

Chegamos então ao casamento. Imagino que, depois das explicações dadas, fica claro que o casamento não preenche esse vazio, não tampa esse buraco.

Apesar de haver uma complementaridade muito profunda entre um homem e uma mulher, algo feito por Deus, nós temos muito mais diferenças do que semelhanças. Aliás, é por isso que nos completamos uns aos outros, por sermos de sexo oposto.

Mesmo com a presença do amor dentro do casamento, essa "experiência de amor" é muito diferente do que em outro estado civil. É um ensaio, uma pequena amostra do que deve ser o amor de Deus por nós. Bem, na verdade, o casamento serve para isso mesmo: nele precisamos aprender a amar assim como Jesus nos ama.

É o famoso "dar a vida". Ali devemos aprender a amarmos e sermos amados. Entretanto, ainda que isso esteja fluindo a mil maravilhas, não deixa de ser somente um ensaio para algo maior.

Aspirações mais profundas do coração

Pense um pouco mais: quem foi o único que o acompanhou durante cada instante da sua vida, observou seus passos, as coisas que você sentiu, as decisões que você tomou, das coisas que você fugiu e daquelas que se interessou?

Esse Alguém é o único que sabe de tudo e é capaz de ajudá-lo. Esse será o Único que pode resolver esse "problema" da solidão. No entanto, estar a sós com Ele é a coisa mais rica e preenchedora das aspirações mais profundas do nosso coração. A solidão passa a ser uma riqueza, ela vem nos ensinar a ir ao encontro com a pessoa certa.

Como fazer, no entanto, para sentir-se acompanhado e preenchido por Deus?

Nosso Senhor nunca esteve longe de ninguém. Nunca! Somos nós que nos tornamos surdos e insensíveis à Sua Presença, à Sua Voz. Nossa primeira atitude deve ser a de viver sempre na graça de Deus, ou seja, após nos confessarmos com um padre, buscarmos não cometer mais nenhum pecado grave. Isso é inteiramente possível a qualquer pessoa.

Procure conhecer mais sobre o pecado e suas consequências. A Igreja Católica, nossa Mãe e Mestra, tem muito a nos ensinar sobre isso.

Estado de graça

Com o tempo, nessas condições de estado de graça, você começa a perceber essa presença constante na sua própria vida, principalmente a partir do momento em que se contempla e comunga a Sagrada Eucaristia, então essa sensação de solidão vai desaparecer. Na verdade, ela terá sido bendita, pois foi o provocador da busca de Deus.

Ainda que você se torne diferente dos demais, que pareça que ninguém lhe entende e que ninguém busca o mesmo que você; mesmo que não veja ninguém concordando com o caminho que você está trilhando, essa "solidão" se tornará querida, canal do amor d'Aquele único capaz de preenchê-lo.

Se você quiser, Nosso Deus pode lhe dar os amigos de que você precisa, o casamento perfeitamente harmonioso. Contudo, eles não serão mais a fonte da sua procura por plenitude.


 


Roger de Carvalho

Roger de Carvalho, natural de Brasília – DF, é membro da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Casado com Elisangela Brene e pai de dois filhos. É estudante de Teologia e Filosofia.
Autor do blog "Ad Veritaten".


Fonte: 


5 de julho de 2022

Qual é a verdade revelada por Deus? Ela existe?


Existe verdade, uma Verdade relevada por Deus ou ela é apenas algo pessoal, que cada um inventa e constrói?

Em um tempo de tanta confusão e desconstrução das identidades, no qual tanta informação e desinformação estão sendo lançadas sobre muitos(as), pergunto-me se a reflexão sobre a autoridade e a verdade dos argumentos e do que é dito tem sido realmente realizada.

Será que temos que acreditar em tudo o que ouvimos e em toda nova ideologia que aparece, ou existe uma verdade imutável na qual devemos alicerçar nossa vida, ainda que sejamos julgados por muitos como retrógrados e insensatos por causa disso?

É notório que crer e defender uma verdade imutável e eterna, que contradiz a busca de prazer e satisfação da maioria, não nos trará boa fama nem nos fará populares. Mas como certa vez disse Chesterton: "Cada geração é salva por um punhado de pessoas que tem a coragem de não serem atuais…" e que defendem a Verdade!

Qual é a verdade revelada por Deus Ela existe

Foto Ilustrativa: NiseriN by Getty Images / cancaonova.com

Em qual verdade você acredita?

De fato, crer na Verdade revelada não nos fará parecer muito atuais, mais somente a fidelidade a essa Verdade revelada por Deus nos poderá realmente libertar e salvar.

Na Bíblia, lemos em 2 Tm 4,3: "Porque virá tempo em que as pessoas já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo desejo de escutar novidades, buscarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas".


Jesus é a verdade

Creio firmemente que existe uma Verdade e que essa verdade se fez pessoa em Jesus. Não tenho medo nenhum de ser julgado como retrógrado e não atual por causa disso. Creio em tudo o que Jesus fez e ensinou, pois sei que Ele é Deus. Ele é a Verdade relevada por Deus Pai: Ele se fez humano, viveu, morreu e ressuscitou para nos mostrar que existe uma Verdade. Por isso não me sinto no direito de simplesmente afirmar que Ele está errado e que eu devo reinterpretar seus ensinamentos para agradar meus ouvidos e minha busca de satisfação pessoal. Não me sinto autorizado a contradizer tudo o que Ele ensinou somente para ter um prazer pessoal e uma felicidade que exclua Deus (e Seus ensinamentos) de minha vida.

Se não quisermos viver essa Verdade, sejamos honestos sobre isso, mas não chamemos a verdade de mentira, apenas para justificar nossas escolhas equivocadas.

Se existe uma Verdade e não a seguimos, caminhamos a passos largos para uma vida caótica e sem significado. E se sabemos que ela existe e não a defendemos, nós a corrompemos. Como afirmou o filósofo Cicero: "A verdade se corrompe tanto com a mentira quanto com o silêncio".

E para você, existe uma Verdade ou não? Deixe aqui nos comentários.



Padre Adriano Zandoná

Padre Adriano Zandoná é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em Filosofia e Teologia, tem seis livros publicados: Construindo a Felicidade, Curar-se para ser Feliz, Conquistando a Liberdade Interior, 7 Passos para Restaurar sua Família, A Cura da Alma Feminina e Como Controlar e Vencer a Ansiedade. Dois quais 2 foram traduzidos para o inglês. Gravou quatro CDs pela Gravadora Canção Nova. Apresenta o programa Para ser Feliz ao vivo pela TV Canção Nova (em rede nacional), todas as terças às 20h. É membro da Direção Artística da TV Canção Nova, em Cachoeira Paulista.

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Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/qual-e-a-verdade-revelada-por-deus-ela-existe/