11 de julho de 2022

O que é a fé? O que significa crer nos dias de hoje?


Ainda tem sentido a fé em um mundo onde a ciência ultrapassou horizontes que, há pouco tempo, eram impensáveis? Pode parecer que esse tipo de questionamento só possa surgir em uma pessoa incrédula, porém isso não é verdade. Atualmente, torna-se cada vez mais necessária uma "renovada educação para a fé, que inclua, sem dúvida, um conhecimento das suas verdades e dos acontecimentos da salvação; sobretudo, que nasça de um encontro verdadeiro com Deus em Jesus Cristo"¹.

Não obstante a grandeza das descobertas da ciência, hoje o homem não parece ter se tornado verdadeiramente mais livre, mais humano. Papa emérito Bento XVI nos ensina: "Temos necessidade não só do pão material, mas precisamos de amor, de significado e esperança, de um terreno sólido que nos ajude a ter um sentido autêntico também na crise, nas obscuridades, nas dificuldades e nos problemas cotidianos".

O que é a fé O que significa crer nos dias de hoje

Foto IIustrativa: by Getty Images /AaronAmat

A fé é algo além de um sentimento ou uma certeza

A fé, segundo ele, "oferece-nos precisamente isso: Um entregar-se confiante a um «Tu», que é Deus, o qual me confere uma certeza diversa, mas não menos sólida do que aquela que me deriva do cálculo exato ou da ciência. A fé não é simples assentimento intelectual do homem a verdades particulares sobre Deus; é um gesto mediante o qual me confio livremente a um Deus que é Pai e que me ama; é adesão a um «Tu» que me dá esperança e confiança".

A fé é algo além de um sentimento ou uma certeza; é uma experiência. Quando olhamos para Deus, podemos nos deparar com um "deus" tradicional, um ser poderoso, no qual aprendemos a crer, porque, normalmente, a maioria das pessoas ao nosso redor acreditam ou, podemos realmente olhar para o Senhor e saber que Ele existe não porque contam, mas porque o conhecemos e fazemos uma experiência pessoal com Ele.

Não que a tradição familiar e cultural da fé sejam algo ruim, mas essa "educação para a fé" deve nos direcionar também a um caminho que nos levará a uma profunda e verdadeira experiência com esse "Tu" que é Deus. Dessa relação, dia a dia, nasce a verdadeira conversão do coração e da mente.


Fé: caminho seguro para uma verdadeira conversão

Essa fé que a Igreja professa é o caminho seguro para uma verdadeira conversão de vida. O Papa João Paulo I, em uma das quatro catequeses que fez durante seu curto papado, definiu: "Eis o que é a fé: entregarmo-nos a Deus, mas transformando a própria vida". É esse o caminho que Deus quer trilhar conosco: uma relação pessoal e real com Ele, e uma transformação verdadeira das nossas vidas. Não há sincera experiência de fé se não houver uma concreta mudança na vida pessoal.

Uma experiência de fé que não atinge a minha forma de agir, pensar, sentir, relacionar-se, não pode ser considerada fé em Cristo. Fé é relacionar-se, e o relacionamento com Jesus atinge toda a nossa forma de estar e ser no mundo. A começar do nosso caráter, não existe relação com Deus que não nos leve a uma busca sincera para segui-lo e imitá-lo. Por isso, o próprio Jesus afirmou que "uma árvore se conhece pelo fruto" (Lc 6, 44). Um cristão é conhecido pelo amor.

Desconheceis que a bondade de Deus o convida à conversão?

Essa educação para a fé é um trajeto feito no pessoal. Não dá para pensar que Deus me ama como sou, e por isso não preciso mudar. É justamente esse amor de Deus, real e concreto, que nos impulsiona e nos incomoda a não continuarmos como somos, mas querer ser melhor para Deus e para o outro.

Em sua catequese sobre a fé, João Paulo I pediu que cada um de nós, toda a Igreja, rezasse a oração que ele costumava rezar: "Senhor, aceita-me como sou, com os meus defeitos, com as minhas faltas, mas faz que me torne como tu desejas".

Referências:

1 – PAPA BENTO XVI, AUDIÊNCIA GERAL, Praça de São Pedro, (24 de Outubro de 2012)


 


Paulo Pereira

José Paulo Neves Pereira nasceu em Nossa Senhora do Livramento (BA). Missionário da Comunidade Canção Nova, ele atua como gerente no setor de Conteúdo da TV Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-e-fe-o-que-significa-crer-nos-dias-de-hoje/


7 de julho de 2022

O casamento pode salvar o cônjuge do sentimento de solidão?


Hoje em dia, somos incentivados pela cultura e também pelos meios de comunicação que, para estarmos bem, precisamos fazer parte de alguma coisa ou de um grupo. Como se fosse um "sentimento de pertença", mas, por vezes, estamos com um grande sentimento de solidão.

As pessoas procuram aquelas que pensam mais ou menos igual, que tenham gostos e ideias semelhantes. Isso vai se tornando tão latente, que chegamos ao extremo de: se não fizer parte de algo, corre-se o risco de se sentir estranho, errado.

O casamento pode salvar o cônjuge do sentimento de solidão

Foto Ilustrativa: by Getty Images / FotoDuets

Senso comum

Algo semelhante se passa com o senso comum: já que tem um monte de gente que pensa igual, talvez seja porque aquilo é daquele jeito mesmo. Desse modo, por conta da quantidade de pessoas que aderiram a uma determinada ideia, nossa crítica começa a correr riscos de passividade, aceitando qualquer bobagem que é apresentada a nós. Essas coisas se irradiam de tal forma e nos levam a achar que, realmente, há algo de errado conosco. E se não nos adequamos, nos sentimos só. Tendemos a fugir desse tipo de solidão desesperadamente. Será que isso tem de ser assim mesmo?

Pertencendo a um grupo ou escolhendo muito bem as amizades, quem aqui nunca passou pela experiência de não ter sido compreendido? Preciso lhe dizer que não tem jeito, se você não passou por isso ainda (o que acho meio difícil), você vai passar e não serão poucas vezes na vida.

Cada um de nós é irrepetível! E nem mesmo entre gêmeos pode-se dizer que são iguais. Como seria possível não se sentir só, uma vez que você é único?

Mesmo que alguém passe pelos mesmos problemas que você, tenha tido uma criação semelhante ou até tenha os pensamentos muito iguais, de qualquer jeito vivemos mil e uma situações diferentes, que nos ensinaram determinadas coisas, e cada um de nós as absorveu e as compreendeu de uma determinada maneira.

Não tem jeito de se sentir igual ou compreendido. Ninguém viveu ou vive em você e como você. Uma hora ou outra, isso vai ser latente!


A solidão faz parte da nossa existência

Fugir da solidão seria igual a tentar fazer um buraco n'água, e como não tem jeito de conseguir isso, surgem os sentimentos de frustração consigo mesmo e com a vida.

Será que não tem gente depressiva por conta disso?

Chegamos então ao casamento. Imagino que, depois das explicações dadas, fica claro que o casamento não preenche esse vazio, não tampa esse buraco.

Apesar de haver uma complementaridade muito profunda entre um homem e uma mulher, algo feito por Deus, nós temos muito mais diferenças do que semelhanças. Aliás, é por isso que nos completamos uns aos outros, por sermos de sexo oposto.

Mesmo com a presença do amor dentro do casamento, essa "experiência de amor" é muito diferente do que em outro estado civil. É um ensaio, uma pequena amostra do que deve ser o amor de Deus por nós. Bem, na verdade, o casamento serve para isso mesmo: nele precisamos aprender a amar assim como Jesus nos ama.

É o famoso "dar a vida". Ali devemos aprender a amarmos e sermos amados. Entretanto, ainda que isso esteja fluindo a mil maravilhas, não deixa de ser somente um ensaio para algo maior.

Aspirações mais profundas do coração

Pense um pouco mais: quem foi o único que o acompanhou durante cada instante da sua vida, observou seus passos, as coisas que você sentiu, as decisões que você tomou, das coisas que você fugiu e daquelas que se interessou?

Esse Alguém é o único que sabe de tudo e é capaz de ajudá-lo. Esse será o Único que pode resolver esse "problema" da solidão. No entanto, estar a sós com Ele é a coisa mais rica e preenchedora das aspirações mais profundas do nosso coração. A solidão passa a ser uma riqueza, ela vem nos ensinar a ir ao encontro com a pessoa certa.

Como fazer, no entanto, para sentir-se acompanhado e preenchido por Deus?

Nosso Senhor nunca esteve longe de ninguém. Nunca! Somos nós que nos tornamos surdos e insensíveis à Sua Presença, à Sua Voz. Nossa primeira atitude deve ser a de viver sempre na graça de Deus, ou seja, após nos confessarmos com um padre, buscarmos não cometer mais nenhum pecado grave. Isso é inteiramente possível a qualquer pessoa.

Procure conhecer mais sobre o pecado e suas consequências. A Igreja Católica, nossa Mãe e Mestra, tem muito a nos ensinar sobre isso.

Estado de graça

Com o tempo, nessas condições de estado de graça, você começa a perceber essa presença constante na sua própria vida, principalmente a partir do momento em que se contempla e comunga a Sagrada Eucaristia, então essa sensação de solidão vai desaparecer. Na verdade, ela terá sido bendita, pois foi o provocador da busca de Deus.

Ainda que você se torne diferente dos demais, que pareça que ninguém lhe entende e que ninguém busca o mesmo que você; mesmo que não veja ninguém concordando com o caminho que você está trilhando, essa "solidão" se tornará querida, canal do amor d'Aquele único capaz de preenchê-lo.

Se você quiser, Nosso Deus pode lhe dar os amigos de que você precisa, o casamento perfeitamente harmonioso. Contudo, eles não serão mais a fonte da sua procura por plenitude.


 


Roger de Carvalho

Roger de Carvalho, natural de Brasília – DF, é membro da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Casado com Elisangela Brene e pai de dois filhos. É estudante de Teologia e Filosofia.
Autor do blog "Ad Veritaten".


Fonte: 


5 de julho de 2022

Qual é a verdade revelada por Deus? Ela existe?


Existe verdade, uma Verdade relevada por Deus ou ela é apenas algo pessoal, que cada um inventa e constrói?

Em um tempo de tanta confusão e desconstrução das identidades, no qual tanta informação e desinformação estão sendo lançadas sobre muitos(as), pergunto-me se a reflexão sobre a autoridade e a verdade dos argumentos e do que é dito tem sido realmente realizada.

Será que temos que acreditar em tudo o que ouvimos e em toda nova ideologia que aparece, ou existe uma verdade imutável na qual devemos alicerçar nossa vida, ainda que sejamos julgados por muitos como retrógrados e insensatos por causa disso?

É notório que crer e defender uma verdade imutável e eterna, que contradiz a busca de prazer e satisfação da maioria, não nos trará boa fama nem nos fará populares. Mas como certa vez disse Chesterton: "Cada geração é salva por um punhado de pessoas que tem a coragem de não serem atuais…" e que defendem a Verdade!

Qual é a verdade revelada por Deus Ela existe

Foto Ilustrativa: NiseriN by Getty Images / cancaonova.com

Em qual verdade você acredita?

De fato, crer na Verdade revelada não nos fará parecer muito atuais, mais somente a fidelidade a essa Verdade revelada por Deus nos poderá realmente libertar e salvar.

Na Bíblia, lemos em 2 Tm 4,3: "Porque virá tempo em que as pessoas já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo desejo de escutar novidades, buscarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas".


Jesus é a verdade

Creio firmemente que existe uma Verdade e que essa verdade se fez pessoa em Jesus. Não tenho medo nenhum de ser julgado como retrógrado e não atual por causa disso. Creio em tudo o que Jesus fez e ensinou, pois sei que Ele é Deus. Ele é a Verdade relevada por Deus Pai: Ele se fez humano, viveu, morreu e ressuscitou para nos mostrar que existe uma Verdade. Por isso não me sinto no direito de simplesmente afirmar que Ele está errado e que eu devo reinterpretar seus ensinamentos para agradar meus ouvidos e minha busca de satisfação pessoal. Não me sinto autorizado a contradizer tudo o que Ele ensinou somente para ter um prazer pessoal e uma felicidade que exclua Deus (e Seus ensinamentos) de minha vida.

Se não quisermos viver essa Verdade, sejamos honestos sobre isso, mas não chamemos a verdade de mentira, apenas para justificar nossas escolhas equivocadas.

Se existe uma Verdade e não a seguimos, caminhamos a passos largos para uma vida caótica e sem significado. E se sabemos que ela existe e não a defendemos, nós a corrompemos. Como afirmou o filósofo Cicero: "A verdade se corrompe tanto com a mentira quanto com o silêncio".

E para você, existe uma Verdade ou não? Deixe aqui nos comentários.



Padre Adriano Zandoná

Padre Adriano Zandoná é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em Filosofia e Teologia, tem seis livros publicados: Construindo a Felicidade, Curar-se para ser Feliz, Conquistando a Liberdade Interior, 7 Passos para Restaurar sua Família, A Cura da Alma Feminina e Como Controlar e Vencer a Ansiedade. Dois quais 2 foram traduzidos para o inglês. Gravou quatro CDs pela Gravadora Canção Nova. Apresenta o programa Para ser Feliz ao vivo pela TV Canção Nova (em rede nacional), todas as terças às 20h. É membro da Direção Artística da TV Canção Nova, em Cachoeira Paulista.

Twitter: @peadrianozcn
Facebook: PadreAdrianoZandonaOficial
Instagram: @padreadrianozandona


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/qual-e-a-verdade-revelada-por-deus-ela-existe/


1 de julho de 2022

Reconheça a verdadeira beleza


"O encanto é enganador e a beleza passageira" (Pr 31,30)

Ela não se deixa levar pelos padrões de beleza ditados pelo mundo, pois ela sabe que a verdadeira beleza vem do interior. Ela sabe que é muito mais importante ser uma mulher cheia de virtudes do que ter uma beleza "artificial". E porque é linda por dentro, essa beleza se externa e ela se cuida, ela se ama.

Conheça mulheres empoderadas pelo Espírito Santo

Deixo aqui verdadeiros exemplos de mulheres empoderadas pelo Senhor, que fizeram diferença neste mundo, e que o Papa Francisco, em sua exortação apostólica, citando-as, deixou para nós, mulheres, esse grande convite de nos deixarmos ser tocadas pelo Espírito Santo e também sermos santas com o nosso estilo, com a nossa feminilidade. "A propósito de tais formas distintas, quero assinalar que também o 'gênio feminino' se manifesta em estilos femininos de santidade, indispensáveis para refletir a santidade de Deus neste mundo.

Reconheça a verdadeira beleza

Foto Ilustrativa: Anastasiia Stiahailo by Getty Images / cancaonova.com

E precisamente em períodos nos quais as mulheres estiveram mais excluídas, o Espírito Santo suscitou santas, cujo fascínio provocou novos dinamismos espirituais e reformas importantes na Igreja. Podemos citar Santa Hildegarda de Bingen, Santa Brígida, Santa Catarina de Sena, Santa Teresa de Ávila ou Santa Teresa de Lisieux; mas interessa-me, sobretudo, lembrar tantas mulheres desconhecidas ou esquecidas que sustentaram e transformaram, cada uma a seu modo, famílias e comunidades com a força do seu testemunho." (Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate do Papa Francisco sobre o chamado à santidade no mundo contemporâneo)

Perceberam que é a santidade que faz a diferença de que o mundo necessita, e não o empoderamento, segundo os conceitos deste mundo?


Mude o mundo por meio da santidade

Se você percebe que muita coisa precisa ser mudada, é a santidade que consegue transformar as realidades. Veja a história de Madre Teresa, irmã Dulce, Santa Bakhita, mulheres extraordinárias que mudaram realidades.



Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). Membro da Comunidade Canção Nova, desde o ano de 2009, a missionária é graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido. Instagram: @regianecn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/reconheca-verdadeira-beleza/


29 de junho de 2022

Os passos para ir a um lugar deserto


Mar da Galileia, Mar de Tiberíades ou Lago de Genesaré… Um lugar significativo de tantos milagres e narrativas do Evangelho. Ao longo dessas margens, Jesus multiplicou os pães e peixes, acalmou a tempestade e também interpelou Pedro por três vezes: "Pedro, tu me amas?". Fato esse recordado no Santuário da Custódia da Terra Santa dedicado ao primado petrino.

Os passos para ir a um lugar deserto
Mar da Galileia. Foto: Arquivo pessoal.
greja do Primado de São Pedro. Foto: Arquivo pessoal.
greja do Primado de São Pedro. Foto: Arquivo pessoal.
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Uma região da Galileia em Israel, que leva peregrinos e visitantes de tantas nações ao recolhimento e oração, conforme descrito no Evangelho de Marcos:

"Os apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que haviam feito e ensinado. Ele disse-lhes: 'Vinde à parte, para algum lugar deserto e descansai um pouco'. Porque eram muitos os que iam e vinham e nem tinham tempo para comer. Partiram na barca para um lugar solitário, à parte. Mas viram-nos partir. Por isso, muitos deles perceberam para onde iam, e de todas as cidades acorreram a pé para o lugar aonde se dirigiam, e chegaram primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas" (Mc 6, 30-34).

Jesus identificou o cansaço dos discípulos, assim como o povo que parecia com ovelhas sem pastor. Os discípulos de Jesus, juntos a Ele, precisavam cuidar desse povo e dar-lhe o conforto e o consolo do coração de Deus. Um texto que ensina também aos servos de Deus dos tempos atuais que, antes, precisam silenciar, a fim de comunicarem ao outro o amor que experimentaram.

Como chegar a esse lugar deserto?

Num mundo atual de tantos barulhos, agitações e ocupações, o silêncio e o recolhimento tornam-se um grande desafio. Um silêncio que não significa ausência de palavras, mas um voltar-se para si, um controle das emoções e, sobretudo, um encontro com o Deus que habita cada coração humano.

Os passos para ir a um lugar deserto

Foto: Arquivo pessoal.

Conforme o convite de Jesus para que os discípulos fossem sozinhos a um lugar deserto para descansar, a primeira atitude deve ser a de responder a esse convite. Quando uma pessoa nos ama e quer a nossa companhia, ela nos escolhe! É assim que Cristo faz e nos chama. Um convite irrecusável.

O segundo passo desse deserto, seja diante do Sacrário, nos momentos de oração pessoal em casa, em locais retirados, é o de esvaziar o nosso coração e a nossa mente. Hoje, o que você traz no coração? Quais as angústias, preocupações e ansiedade? Ou quais as alegrias vividas?

O terceiro momento é o de colocar tudo isso sob o senhorio de Jesus. Ele é o Deus que tudo pode e nos acolhe em Seus braços. Ele sabe de tudo, sonda os nossos corações, mas é preciso verbalizar, colocar para fora o que sentimos, pensamos e sofremos. Trata-se de um diálogo: eu falo, Ele escuta. Depois, damos um bom tempo para o Senhor falar. Por fim, nos colocamos em atitude de escuta e contemplação a fim de colhermos d'Ele os direcionamentos, consolo, conforto e as inspirações.

A oração nos leva à nossa essência

Não dedicar-se ao silêncio e à vida interior é colocar em perigo a própria vida espiritual, ou seja, a nossa existência em Deus. Em um mundo utilitarista e frenético, em que muitos estão agitados até mesmo nos momentos de oração, "perder" tempo com a oração é voltar à nossa essência.


A oração nos leva a tocar em nossa filiação divina, ao conhecimento de Deus e de nós mesmos; nos conduz a contemplar o belo e o bom; restabelece as nossas forças até mesmo as físicas; nos impele a crescer nas virtudes e no amor a Deus e ao próximo.

Está na hora, portanto, de darmos este passo: tocar nessas águas profundas e contemplar o Senhor, por meio da oração!



Gracielle Reis

Gracielle Reis é missionária da Comunidade Canção Nova, sendo segundo elo, na missão de Portugal.

Carioca, jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF): Bacharel e Licenciada em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ): e pós-graduação em Logoterapia, pela Associação de Logoterapia Viktor Emil Frankl (ALVEF).

Atualmente, jornalista na TV Canção Nova, em Portugal.

Em trabalhos com mulheres e famílias, também é instrutora do Método de Ovulação Billings e Consultora de Imagem, Estilo e Coloração Pessoal.

E-mail: graciellereis@gmail.com

Instagram: @gracielledasilvareis [https://www.instagram.com/gracielledasilvareis/]

Facebook: Gracielle Reis


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/os-passos-para-ir-a-um-lugar-deserto/


27 de junho de 2022

Você sabe apreciar as riquezas que a chuva traz?


Sabe aqueles dias onde o céu, além de nublado, está escuro e com nuvens carregadas; e a natureza parece quieta, não se ouve o canto dos pássaros e, aliás, eles estão mais quietos? As árvores — que, por hora, estão silenciosas como que à espera de algo divino —, por um instante parecem sofrer com o agito dos ventos e a forte intensidade da chuva. O consolo está na esperança dos frutos que vêm após o temporal, eles sempre compensam os sacrifícios.

Lembro-me quando era criança: morava em um sítio e gostava muito de sair de casa, depois da chuva, só para ver as plantas limpinhas… Era a expressão que eu, na minha ingenuidade de criança, usava para explicar ao papai, meu encanto ao contemplar a resposta da natureza depois da chuva.

Na verdade, até hoje, gosto de repetir este ato, principalmente quando tenho a oportunidade de estar em sítios. Diga-se de passagem, o dia chuvoso traz suas riquezas; e como é gostoso pôr uma roupa quentinha e ficar na janela de casa, principalmente se for num fim de tarde, observando os pingos da chuva que caem como que trazendo vida e esperança; tudo se renova, já observaram? E quando, logo após a chuva, o sol aparece, tudo brilha, os pássaros voltam a cantar e a natureza festeja o novo tempo.

Você sabe apreciar as riquezas que a chuva traz

Foto llustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O nosso interior também tem dias de chuva

Imagine se isso não aconteceria com o nosso interior? A chuva, as nuvens carregadas e o vento, neste caso, representam as lutas e sofrimentos que enfrentamos inevitavelmente no dia a dia. É o inverno necessário para nossa sobrevivência.

E, quando somos coerentes, damos a mesma resposta da natureza. Os sofrimentos e desafios que enfrentamos tendem a nos revigorar, assim como a natureza é revigorada pela chuva e pelo vento.

É verdade que há dias nos quais, mesmo sem ter explicação, o que a gente mais deseja é ficar quieto e simplesmente existir, sem ter que explicar o porquê. Quando essa atitude, no entanto, está ligada a um sofrimento concreto, é preciso tirar o bem maior da situação.

Quem deseja crescer espiritualmente, precisa, antes de tudo, ter a coragem e a sinceridade de reconhecer um sofrimento como sofrimento, e não fugir dele como alguns infelizmente fazem, lançando-se nas drogas ou em outros vícios. Seria como estar na chuva e ignorar que está se molhando.


Ir M. Annette – Movimento de Schoenstatt, falando sobre o valor do sofrimento escreve: "Acontece com a alma humana o mesmo que acontece com o carvalho de poucos anos, ao enfrentar uma tempestade. O vendaval furioso açoita e sacode bruscamente os ramos e o tronco. Assim despertam-se as energias interiores da planta, que atuam, fortificando as raízes. Fazendo-as penetrar mais profundamente o solo, até que o tronco e a copa da árvore sejam capazes de resistir vitoriosamente a todos os vendavais. Igualmente as tormentas da alma tornam o homem mais profundo, espiritualmente mais forte e fecundo. Introduzem as raízes de sua alma mais profundamente em Deus. E Nele estando firmemente enraizado, não haverá poder algum nesse mundo que o possa abater ou atirar ao solo".

Encontre suas riquezas em dias nublados

Portanto, se sol está brilhando ou se o tempo está nublado em sua vida, o importante é ter a docilidade de viver bem o momento.

Houve uma época em que eu tentava entender o motivo do sofrimento, hoje, aprendi que devo perguntar para quê, pois é certo que ele traz um recado de Deus.

Não tenha medo de ficar quieto quando preciso for e observe bem que, depois da chuva, a natureza é lavada e torna-se mais colorida, mais bonita, assim é a sua alma, após superar um sofrimento. Viva melhor seus dias de chuva, eles trazem as suas riquezas.



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN.  De segunda a sexta-feira (exceto quinta-feira), está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 14h40 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/voce-sabe-apreciar-as-riquezas-que-a-chuva-traz/


24 de junho de 2022

O que as parábolas e os contos de fadas têm em comum?


Primeiramente, precisamos entender o significado da palavra "parábola" que vem do grego parabolé, cujo sentido é "comparação". O termo é usado em histórias para esclarecer uma determinada realidade.

Segundo Bruno Bettelheim, no seu livro 'A psicanálise dos contos de fadas', os contos de fadas podem contribuir para o desenvolvimento da criança, pois a linguagem estimula o inconsciente, a criatividade e desenvolve seu código de ética com valores nobres.

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Foto Ilustrativa: by Getty Images / evgenyatamanenko

Que mensagem as parábolas e os contos de fadas podem trazer às crianças?

As parábolas e os contos nos permitem desenvolver a imaginação, entrando no mundo do "faz de conta" para ilustrar um mundo real, cujo objetivo é propiciar uma reflexão em busca de um mundo melhor. A identificação com os personagens possibilita conclusões que afetam a formação do caráter, construindo direcionamentos para suas decisões presentes e futuras.

Jesus usava situações corriqueiras para criar parábolas que levavam as pessoas à percepção da "moral da história". O mesmo acontece com os contos de fadas, pois ambos permitem que você escute até o fim sem julgamento; portanto, a reflexão é menos contaminada de justificativas.

Jesus utilizava-se muito das parábolas para nos ensinar

Quando escutamos a parábola dos talentos, entendemos que Jesus está pedindo que cada um descubra seus dons e os use da melhor forma. A estória do "Patinho Feio" nos mostra alguém infeliz por achar que não tinha a beleza dos outros patos; porém, quando ele olha no lago e se compara com um bando de cisnes, descobre-se como um lindo cisne. Ou seja, descobriu quais eram seus verdadeiros talentos e foi ser feliz.

A parábola do filho pródigo nos mostra as consequências da desobediência de um filho e o amor fiel do pai, mas também relata sobre o filho obediente. Na estória do "Pinóquio", também podemos constatar uma vida cheia de erros e a punição do nariz crescendo, além dos sofrimentos que ele vivenciou. Isso ajuda as crianças a entender que decisões boas ou ruins têm consequências na sua vida, e que aprender com os erros dos outros é um processo menos doloroso.

Na parábola do fermento dos fariseus, Jesus faz uma crítica à hipocrisia desses judeus. No conto de Pinóquio, podemos ver suas mentiras se acumulando, como se tudo o que ficasse escondido não viesse, um dia, a ser revelado.


As parábolas tem uma inspiração parecida com os contos de fadas

A parábola do grão de mostarda se destaca por conta da mostarda ser uma semente tão pequena, mas capaz de se transformar em uma árvore frondosa. Muitas vezes, julgamos os outros pela aparência, assim como no conto da "Chapeuzinho Vermelho". Ela, mesmo conhecendo a avó, deixa-se enganar pelo disfarce do lobo. Para a criança, é importante separar o bem do mal, aprender a desenvolver a capacidade de saber que nem todos são aquilo que aparentam ser, porque isso ajuda na segurança e na formação da percepção infantil. Por outro lado, o conto "A Bela e a Fera" nos mostra que a aparência feia não significa, necessariamente, uma pessoa feia; além de mostrar que quando se investe tempo para conhecer as pessoas, pode-se descobrir pessoas lindas. Assim, as feras se transformam em príncipes.

Na parábola do bom samaritano, podemos ver que várias pessoas passaram pela estrada, viram um homem caído, mas nada fizeram. Até que, alguém com o coração especial, deixou de lado seu egoísmo para ajudar quem precisava. No conto "A Branca de Neve", podemos ver uma menina discriminada pela sua madrasta, a qual tem inveja da beleza da pequena princesa, por isso manda matá-la. No entanto, o coração do caçador não permite que ele faça tal maldade. Também os anões, ao terem sua casa invadida pela menina, aprenderam a partilhar tudo o que tinham com alguém que haviam conhecido naquele momento.

Ensinamentos deixados pelas parábolas

Podemos ver, na parábola do jovem rico, que Jesus lhe propõe um novo modo de vida a seguir. O jovem, então, vai embora, porque sentiu que não estava preparado para abrir mão do conforto nem do dinheiro. No conto "A Bela Adormecida", podemos ver que ela se fere na roca, que a faz adormecer até que o príncipe apareça. Assim também estava o jovem rico, que não estava amadurecido para acordar para a vida. Ele estava dormindo em berço esplêndido, mas não vivia plenamente.

É preciso ensinar às crianças a esperar pelo tempo certo, pois tudo aquilo que é vivido fora do tempo pode trazer cicatrizes que matam a esperança e a confiança nas pessoas.

Jesus conta parábolas para suscitar uma reflexão, permitindo que a pessoa entenda e busque o reino de Deus. Os contos não têm a mesma preocupação de Jesus, mas propicia um aprendizado sobre preconceito, inveja, autoconhecimento, mentira e amor, sentimentos que, se bem trabalhados, podem motivar as crianças a serem melhores do que são. O desenvolvimento de um caráter de gente do bem pode ser um terreno fértil para plantar a semente da Palavra de Deus.



Angela Abdo

Mestre em Ciências Contábeis pela Fucape, pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Gestão de Pessoas pela Faesa, graduada em Serviço Social pela Ufes e psicanalista. Consultora e Executiva na área de RH e empresa hospitalar. Foi coordenadora do grupo fundador do Movimento Mães que Oram pelos Filhos da Paróquia São Camilo de Lellis, em Vitória (ES) e do grupo de Amigos da Canção Nova de Vitória. Atualmente, é coordenadora nacional e internacional do Movimento Mães que Oram pelos Filhos. Escritora dos livros "La Salette, o grito de uma Mãe!" (2018), "Superação x Rejeição: Aprendendo a ser livre" (2017), "Ser Mulher À Luz da Bíblia: Porque Deus Pode Tudo!" (2016) e "Mães que Oram pelos Filhos" (2016). Participa do programa "Papo de Mãe que Ora", no canal Mães que Oram pelos Filhos Oficial, e do "Mães que Oram pelos Filhos", na Rádio América.  Autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/o-que-as-parabolas-e-os-contos-de-fadas-tem-em-comum/