28 de janeiro de 2022

O pecado da gula


Gula é comer além do necessário para se alimentar. Para alguns, o prazer de comer passou a ser um fim em si mesmo, mas isso é um erro. E se frustram quando a refeição não é suculenta e variada.

Escrevendo aos filipenses, São Paulo se refere àqueles cujo "deus é o ventre" (cf. Fl 3,19), isto é, o alimento. Se a Igreja nos aponta a gula como um vício capital, é porque ela gera outros males: preguiça, comodismo, paixões, doenças etc. Podemos comer e beber com moderação e gosto, mas não podemos fazer da comida um meio só de prazer, porque isso desvirtua a alimentação.

O pecado da gula

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A gula gera em nós outros males, por isso é um pecado capital que precisa ser combatido

Um corpo pesado debilita o espírito. Santo Agostinho dizia que temia não a impureza da comida, mas a do apetite. Ele escreve uma página sábia sobre isso: "Vós me ensinastes a ingerir os alimentos como se tratasse de remédios". Santa Catarina de Sena dizia que "o estômago cheio prejudica a mente". E Santo Ambrósio afirmava: "Aquele que submete o seu próprio corpo e governa sua alma, sem se deixar submergir pelas paixões, é seu próprio senhor: pode ser chamado rei, porque é capaz de reger a sua própria pessoa". E o líder pacifista indiano Gandhi afirmava que "a verdadeira felicidade é impossível sem verdadeira saúde, e a verdadeira saúde é impossível sem o rigoroso controle da gula. Todos os demais sentidos estarão, automaticamente, sujeitos ao controle quando a gula estiver sob controle".

Temperança: virtude para combater a gula

A virtude oposta à gula é a temperança: evitar todos os excessos no comer e no beber. Para destruir as raízes da gula é preciso submeter o corpo à mortificação. E esta haverá de ser sob a ação do Espírito Santo, nosso Santificador. São Paulo ensinou aos Gálatas e aos Romanos que somente o Espírito pode destruir em nós as paixões. "Conduzi-vos pelo Espírito Santo e não satisfareis o desejo da carne" (Gl 5,16). "Se viverdes segundo a carne, morrereis, mas se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis" (Rm 8,12). A ação poderosa do Espírito Santo, aliada à nossa vontade, vem em auxílio da nossa fraqueza e nos dá a graça de superar os vícios.


Como remédio contra a gula, a Igreja propõe também o jejum; não como um valor em si mesmo, mas como um instrumento para dominar a paixão. Mas Santa Catarina de Sena ensina que a mortificação deve ser feita de acordo com a necessidade e na exata medida das forças pessoais. Visto que não se pode impor a todos a mesma mortificação como uma norma rígida, já que nem todos são iguais.

Não é possível querer levar uma vida pura sem sacrifício. O corpo foi nos dado para servir e não para gozar; o prazer egoísta passa e deixa gosto de morte; o sacrifício gera a vida. Não foi à toa que Cristo jejuou quarenta dias, no deserto da Judeia, antes de enfrentar as ciladas terríveis do tentador, que queria afastá-Lo do caminho traçado por Deus para Ele seguir a fim de salvar a humanidade.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-pecado-da-gula/


26 de janeiro de 2022

Você sabe o que é o Catecismo da Igreja Católica?


São João Paulo II, quando Papa, promulgou, no dia 11 de outubro de 1992, o Catecismo da Igreja Católica. Em 25 de janeiro de 1985, o Papa João Paulo II convocou uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para tratar dos frutos do Concílio Vaticano II na vida da Igreja. Muitos bispos manifestaram o desejo da promulgação de um novo Catecismo.

Lembra o Papa João Paulo II: "O Catecismo da Igreja Católica é fruto de uma vastíssima colaboração. Foi elaborado em seis anos de intenso trabalho, conduzido num espírito de atenta abertura e com apaixonado ardor. Em 1986, confiei a uma comissão de doze cardeais e bispos, presidida pelo então senhor Cardeal Joseph Ratzinger, o encargo de preparar um projeto para o Catecismo requerido pelos padres do Sínodo. Uma comissão de redação composta por sete bispos diocesanos, peritos em teologia e em catequese, coadjuvou a comissão no seu trabalho".

As quatro partes do Catecismo da Igreja Católica

O Catecismo da Igreja Católica foi dividido em quatro partes, as quais estão ligadas entre si. Na primeira parte, é tratado o mistério cristão, que é o objeto da fé, com a Profissão da Fé. Na segunda parte, é celebrado e comunicado, nos atos litúrgicos, o que professamos com a Celebração do Mistério Cristão. Na terceira parte, está presente para iluminar e amparar os filhos de Deus no seu agir cristão com a vida em Cristo. Por último, na quarta parte, fundada a nossa oração, cuja expressão privilegiada é o "Pai-Nosso" e constitui o objeto da nossa súplica, do nosso louvor e da nossa intercessão, ou seja, o que de mais precisamos para o seguimento do Senhor: a oração cristã, que deve ser o alimento da nossa vida espiritual.

O que é o Catecismo da Igreja Católica?

Foto ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

Ensina o Papa João Paulo II que "a Liturgia é ela própria oração; a confissão da fé encontra o seu justo lugar na celebração do culto. A graça, fruto dos sacramentos, é a condição insubstituível do agir cristão, tal como a participação na liturgia da Igreja requer a fé. Se a fé não se desenvolve nas obras, essa está morta (cf. Tg 2,14-16) e não pode dar frutos de vida eterna.

Por isso, em 11 de outubro de 1992, o Papa João Paulo II, na Constituição Apostólica Fidei Depositum promulgou e publicou O Catecismo da Igreja Católica, redigido depois do Concílio Vaticano II. Esse Catecismo, transcorridos 30 anos do encerramento do Concílio Vaticano II, é apresentado como o coroamento das deliberações deste.

Por que é importante estudar o Catecismo da Igreja Católica?

Todos nós sabemos da importância de ler, reler, estudar e aprofundar o Catecismo da Igreja Católica. Ele contém o compêndio das verdades da fé católica, e, segundo o Papa João Paulo II, "a catequese encontrará, nesta genuína e sistemática apresentação da fé e da Doutrina Católica, uma via plenamente segura para apresentar, com renovado impulso, ao homem de hoje, a mensagem cristã em todas e em cada uma das suas partes.

Desse texto, cada agente de catequese poderá receber uma válida ajuda para mediar, no local, o único e perene depósito da fé, procurando conjugar contemporaneamente com a ajuda do Espírito Santo, a maravilhosa unidade do mistério cristão com a multiplicidade das exigências e das situações dos destinatários do seu anúncio. A inteira atividade catequética poderá conhecer um novo e difundido impulso junto do povo de Deus se souber usar e valorizar, de maneira adequada, este Catecismo pós-conciliar".


Em 28 de junho de 2005, o Papa Bento XVI, transcorridos os 20 anos da elaboração do Catecismo da Igreja Católica, pedido pela já aludida Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, promulga o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica.

Papa Bento XVI ensina, com a clarividência de quem foi o principal redator do Catecismo, que "o Compêndio, que agora apresento à Igreja universal, é uma síntese fiel e segura do Catecismo da Igreja Católica. Ele contém, de maneira concisa, todos os elementos essenciais e fundamentais da fé da Igreja, de forma a constituir, como desejara o meu predecessor, uma espécie de vademecum, que permita às pessoas, aos crentes e não crentes, abraçar, numa visão de conjunto, todo o panorama da fé católica. Ele espelha fielmente na estrutura, nos conteúdos e na linguagem o Catecismo da Igreja Católica, que encontrará, nesta síntese, uma ajuda e um estímulo para ser mais conhecido e aprofundado".

O Papa Bento XVI aludia, particularmente, que o compêndio, como o Catecismo, é um instrumento fundamental na nova evangelização: "Em primeiro lugar, confio esperançoso este Compêndio a toda a Igreja e a cada cristão para que, graças a ele, se encontre, neste terceiro milênio, novo impulso no renovado empenho de evangelização e de educação na fé, que deve caracterizar cada comunidade eclesial e cada crente em Cristo, em qualquer idade e nação. Mas este Compêndio, pela sua brevidade, clareza e integridade, dirige-se a todas as pessoas, que, num mundo caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas mensagens, desejam conhecer o caminho da vida, a verdade, confiada por Deus à Igreja do Seu Filho."

Os cristãos devem levar os ensinamentos do Catecismo a diante

O Catecismo é uma exposição da fé da Igreja e da Doutrina Católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja. O Catecismo é, sobretudo, um instrumento válido e legítimo da comunhão eclesial e serve como uma norma segura para o ensino da fé, do qual todos os batizados são convocados a transmitir às novas gerações.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/catequese-liturgica/voce-sabe-o-que-e-o-catecismo-da-igreja-catolica/


24 de janeiro de 2022

Por que chamamos a Virgem Maria de Nossa Senhora?


O título de Senhor e Senhora, desde os primeiros séculos do Cristianismo, era usado para os senhores de escravos, muito comum naquele tempo. Dentro desse contexto, a Virgem Maria disse ao anjo: "Eis aqui a escrava do Senhor" (Lc 1,38).

"Jesus é o Senhor", como disse São Paulo (Fl 2,11); é o Rei dos Reis; e Sua Mãe é Rainha por consequência. Por isso, a Igreja entendeu que deveria chamá-la de Senhora. Os súditos do Rei eram também servos da Rainha. Ora, se somos súditos de Jesus, o somos também de Maria. A Ladainha Lauretana chama a Virgem Maria de Rainha dos Anjos, Rainha dos Santos, Rainha dos Apóstolos, Rainha dos Mártires, Rainha dos Confessores, Rainha das Virgens, Rainha dos Profetas. Ora, toda Rainha é Senhora em seu reino.

Por que chamamos a Virgem Maria de Nossa Senhora

Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Nossa Senhora é agradável a Deus, aos anjos e aos homens

A Virgem Maria é aquela "cheia do Espírito Santo", como a saudou sua prima Santa Isabel, que em alta voz disse: "Bendita és tu entre as mulheres" (Lc 1,42). Ela é "a filha predileta de Deus", diz o Concílio Vaticano II (LG n. 53), "aquela que, na Santa Igreja, ocupa o lugar mais alto depois de Cristo e o mais perto de nós" (Lumen Gentium, n. 54).

São Bernardo, doutor da Igreja, o apaixonado cantor da Virgem Maria, no Sermão 47 diz: "Ave Maria, cheia de graça, porque é agradável a Deus, aos anjos e aos homens. Aos homens, por causa de sua fecundidade; aos anjos, por sua virgindade; a Deus por sua humildade. Ela mesma atesta que Deus olhou para ela porque viu sua humildade".

Ela é senhora!

São Tomas de Aquino afirmou: "A bem-aventurada Virgem Maria, pelo fato de ser Mãe de Deus, tem uma espécie de dignidade infinita por causa do bem infinito que é Deus". Ela é Senhora!

"A graça que adornou a Santíssima Virgem sobrepujou não só a de cada um em particular, mas a de todos os santos reunidos", afirma Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja. Por isso, ela cantou no Magnificat: "Desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo" (Lc 1,42). Ela é Senhora!

Maria é um "espelho especialíssimo de Deus", diz São Tomás de Aquino: "Os outros santos são exemplos de virtudes particulares: um foi humilde, outro casto, outro misericordioso, e assim nos são oferecidos como exemplos de uma virtude. Mas a bem-aventurada Virgem é exemplo de todas as virtudes", diz o santo.

São Bernardo e Santo Antônio, doutores da Igreja, afirmam que, "para ser eleita e destinada à dignidade de Mãe de Deus, devia a Santíssima Virgem possuir uma perfeição tão grande e consumada, que nela excedesse todas as outras criaturas". Ela é Nossa Senhora!

Eleita de Deus

"Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado" (Mt 23,12). Repetiu várias vezes o Senhor. Logo que Deus determinou fazer-se Homem para redimir o homem decaído e assim manifestar ao mundo Sua misericórdia infinita, certamente buscava entre todas as mulheres aquela que fosse a mais santa e humilde para ser Sua Mãe. Como diz o Livro dos Cânticos: "Há um sem número de virgens (a meu serviço), mas uma só é a minha pomba, a minha eleita" (Ct 6,8-9).


Foi por sua imensa humildade que Deus tanto exaltou Maria e a fez Sua Mãe, Rainha e Senhora nossa. E a própria Virgem diz no seu canto: "porque olhou para a humildade de sua serva" (Lc 1,48).

Foi essa "humildade" profunda e real que tanto encantou o coração de Deus e fez com que a elegesse a "bendita entre as mulheres", Sua Mãe, nossa Mãe e Senhora.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/por-que-chamamos-a-virgem-maria-de-nossa-senhora/ 


21 de janeiro de 2022

Deus deseja a salvação de todos


O projeto de Deus é a salvação de todos os homens. Essa afirmação nos é assegurada pelo Catecismo da Igreja Católica (CIC) quando, no número 851, além de esclarecer que a salvação é universal, também nos deixa entender que o meio para alcançar essa salvação é o conhecimento da verdade.

Conseguimos compreender isso quando, no primeiro livro de Timóteo 2,4, o apóstolo Paulo diz que: "Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade". Com essa passagem bíblica, podemos ter a certeza da vontade de Deus sobre a nossa vida. Deus deseja alcançar a humanidade inteira e conduzir todos os povos à salvação. Não tenha dúvida de que o Senhor quer a todos, caso contrário, Deus estaria fazendo acepção de pessoas, sendo que, sabemos que isso, Deus não faz.

Podemos nos perguntar: "Onde posso encontrar essa verdade?". Antes mesmo de sabermos onde encontrarmos essa verdade que nos salva, precisaremos saber "que verdade é essa?". Essa resposta encontraremos na boca de Jesus quando Ele diz: "Eu sou o caminho a verdade e a vida […]" (Jo 14,6).

Deus deseja a salvação de todos

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O projeto de Deus para o seu povo

Para entendermos a salvação do homem, faz-se necessário entendermos por quais meios isso acontece. A doutrina da Igreja atesta que, de forma sacramental, a Igreja é o instrumento de Redenção dos homens, a Igreja é o sacramento universal de salvação.

Encontramos na Bíblia duas passagens que apontam a nossa união íntima com Cristo, ao ponto de entendermos que, nós, somos Igreja como corpo místico de Cristo. Na parábola da videira está assim: "Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como Eu nele, esse dá muito fruto, pois sem Mim nada podeis fazer" (Jo 15, 5). Nessa passagem, Jesus já diz que precisamos estar ligados a Ele.

A outra passagem está em Jo 6, 56: "Quem se alimenta com a Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em mim, e Eu nele". Com essas passagens bíblicas, podemos ver, claramente, que não estamos apenas reunidos em torno de Cristo ou da sua Igreja, mas estamos inseridos n'Ele.

Inseridos em Cristo, como seus membros, somos alcançados pelos Seus efeitos e não menos pelo efeito da Sua morte na Cruz, que é a salvação de toda a humanidade. Os sacramentos e o Espírito Santo são os meios que nos tornam corpo místico de Cristo, como lemos no CIC 804: "A Igreja é o Corpo de Cristo. Pelo Espírito e pela ação deste nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, Cristo morto e ressuscitado constitui a comunidade dos crentes como seu corpo".

Cristo Salvador e salvação são anunciados pela Igreja

O Mistério Pascal é o centro da Boa Nova anunciado pela Igreja. E a Igreja unida a Cristo é, ao mesmo tempo, Santa e santificante. Dessa forma, entendemos que na Igreja está a salvação.

A Congregação para a Doutrina da Fé escreveu uma carta aos bispos falando sobre a salvação cristã, que diz: "O lugar onde recebemos a salvação trazida por Jesus é a Igreja, comunidade daqueles que, tendo sido incorporados à nova ordem de relações inaugurada por Cristo, podem receber a plenitude do Espírito de Cristo" (Cf. n.12). Nós, católicos, temos a graça de, na Igreja, recebermos os meios de santificação para as nossas vidas que são os sacramentos.

É por meio dos efeitos dos sacramentos que Deus quer santificar o seu povo, assim, concluímos, ao mesmo tempo, que Deus nos quer na Igreja, pois é nela que são administrados os sacramentos.

A nossa salvação não é autônoma, ninguém salva-se a si mesmo e nem mesmo alcança a salvação sozinho. Por essa razão, entendemos que nós como batizados e inseridos no corpo místico de Cristo, temos a missão de anunciar. Contudo, lembremos que não há anúncio sem fidelidade. A fidelidade dos batizados é condição para o anúncio, pois o testemunho credita o anúncio.


Comunicar a fé e a esperança em Cristo

Nós, que já experimentamos a salvação de Cristo em nossas vidas (ainda que não em plenitude) somos impulsionados por Cristo para evangelizar e levar a outros essa mesma experiência. São Paulo escrevendo aos romanos nos diz: "Pois é na esperança que fomos salvos […]" (8, 24). A esperança que nos salvou é ainda a esperança que aguardamos para vivê-la em plenitude. Quantas pessoas ainda estão perdidas, desorientadas e sem esperanças, porque não descobriram o motivo real da sua esperança.

Meus amigos, o motivo da nossa esperança é Cristo e Ele quis Se mostrar a nós. Deus, sabendo que somos como Tomé (precisamos ver para crer), desejou Se revelar e Se encarnou, desse modo, mostrou o Seu rosto na pessoa de Cristo. Contudo, a fé que nos leva a crer é dom dado por Deus, é graça do Espírito Santo. Não acreditaremos pelos nossos esforços humanos, o único esforço será o de pedir a Deus o dom da fé.

Eis a nossa missão: anunciar a esperança que Se encarnou e que por meio Dela todos somos salvos. Cristo tem uma força de atração que suscita a adesão do ser humano, realizando, assim, o encontro do homem com Deus, preenchendo o vazio existente no homem.

Por esse motivo, precisamos levar a Boa Nova da salvação àqueles que não ouviram falar de Cristo. Meus amigos, sejamos verdadeiros arautos da salvação de Deus, anunciadores do Seu Reino. E, assim, configurados a Cristo, também assumamos a sua missão: "Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido" (Lc 19,10).



Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/deus-deseja-salvacao-de-todos/


19 de janeiro de 2022

Entenda a relação entre o Antigo e o Novo Testamento


A Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a revelação divina nas Sagradas Escrituras, ensina-nos que Deus, inspirador e autor dos livros dos Testamentos, dispôs tão sabiamente sobre as coisas que o Novo Testamento está latente no Antigo e o Antigo está patente no Novo.

Isso indica que há uma relação viva entre o Antigo e o Novo Testamento. Também por isso, às vezes, encontramos na Bíblia palavras ou expressões que parecem estar soltas, sem sentido naquele texto. Nessa hora, é preciso entender que existe uma ligação entre os textos e ficar atentos ao campo semântico a que essas palavras e expressões talvez pertençam.

A relação entre o Antigo e o Novo Testamento - 1600x1200

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

Mas o que é campo semântico?

É um grupo de palavras que se relacionam entre si, pois se ligam pelo sentido que representam. Por exemplo, quando dizemos um grupo de palavras como: multa, semáforo, pedestres, saberemos que essas palavras fazem parte do campo semântico do trânsito, pois elas se relacionam e adquirem sentido.

A ligação entre os textos acontece porque muitas expressões, em uma dada cultura, possuem um sentido específico que, em geral, não são compreendidas por pessoas de outro meio cultural. Por exemplo: em Minas Gerais (MG), se você disser a palavra trem, um mineiro vai entender que essa palavra é utilizada para fazer referência a várias coisas e não só ao meio de transporte com locomotiva e vagões. Se um estrangeiro chega a Minas e não conhece a cultura local, dificilmente vai entender o uso amplo que essa palavra possui nessa região do Brasil.


Da mesma maneira acontece com os textos bíblicos que possuem essas chamadas tradições linguísticas. Algumas vezes, para entender uma passagem, precisamos recorrer a outro livro bíblico, a outro texto no qual teremos a explicação de alguma palavra, trecho ou expressão que não entendemos. Essa ligação entre os livros bíblicos faz com que o autor de um texto utilize um conhecimento prévio que já foi citado em outro livro e, por isso, a compreensão total de uma passagem depende de outra.

Como identificar e entender essas tradições e ligações literárias na Bíblia? Nossas traduções, em geral, dão-nos condições de encontrar essas passagens que se relacionam e explicam o texto que estamos lendo. Em algumas Bíblias, essas referências veem na lateral da página, em letras miúdas, indicando outras passagens bíblicas. Em outras traduções, essas referências estão na nota de rodapé.

Você pode consultar uma "Chave" ou "Concordância Bíblica". Esses são livros que apresentam determinadas palavras e em quais lugares elas aparecem na Palavra de Deus. Você pode adquirir essas obras ou, de maneira mais prática, conferir se no final de sua Bíblia existe uma espécie de glossário bíblico que, muitas vezes, trazem a palavra a ser explicada, juntamente com algumas passagens nas quais essa mesma palavra se encontra.

A unidade entre o Antigo e Novo Testamento

Para entendermos as Sagradas Escrituras, é necessário termos essa visão de unidade entre o Antigo e Novo Testamento. Sabendo disso, a Igreja orienta que nossas traduções nos deem esse aparato para melhor compreendermos a Bíblia.

Concluindo, completo a citação que abriu este artigo sobre a unidade de ambos os Testamentos, pois, apesar de Cristo ter alicerçado a Nova Aliança no seu sangue (cf. Lc 22,20; 1 Cor 11,25), os livros do Antigo Testamento, ao serem integralmente assumidos na pregação evangélica, adquirem e manifestam a sua plena significação no Novo Testamento (cf. Mt 5,17; Lc 24,27; Rm 16,25-26; 2 Cor 3,14-16) que, por sua vez, o iluminam e explicam.



Denis Duarte

Denis Duarte especialista em Bíblia e Cientista da Religião. Professor universitário, pesquisador e escritor. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.

Site: www.denisduarte.com
Instagram: @denisduarte_com
Facebook: facebook/aprofundamento


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/entenda-a-relacao-entre-o-antigo-e-o-novo-testamento/


17 de janeiro de 2022

As demoras de Deus e os efeitos da perseverança


Há momentos em que somos tentados a desistir de tudo. O trabalho não está bem, o casamento vai de mal a pior ou o namoro parece que acabou. Sofremos perseguições, calúnias, somos maltratados. Nosso grande esforço para fazer valer algo passa despercebido, sem a consideração de ninguém.

As lindas promessas de Deus, aquele plano de amor maravilhoso sobre o qual, um dia, ouvimos dizer e que era para nossa felicidade, não se faz presente nem em fragmentos. Não conseguimos vislumbrar nem mesmo a sombra de dias melhores vindouros. Quantas pessoas assim desistem até de viver?

As demoras de Deus e os efeitos da perseverança

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

"Sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus", exorta o livro do Eclesiástico

Talvez você até já tenha resolvido: "Vou abandonar tudo!"; mas uma voz, aquela mesma, suave, porém clara, que um dia encheu seu coração de alegria por meio das promessas e da esperança de que tudo seria diferente, continua ressoando sutil, e digamos, agora até incômoda, dizendo: "Não desista".

Essa é a hora de ser forte! A perseverança é necessária para que seus sonhos se construam. Perseverar forja em nós os moldes para nos habilitar e correspondermos ao plano que Deus quer nos abençoar. "Sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça" (Eclo 2,3).

Diante da caminhada, devemos nos perguntar: "Será que já estamos configurados, compatíveis com o que Deus tem para nós?".

Se o bem ainda não chegou, será necessário caminhar mais um pouquinho.

Um dos homens mais talentosos que a humanidade conheceu disse uma vez: "O gênio se compõe de 2% de talento e 98% de perseverantes aplicações ao trabalho" (Ludwing van Beethoven – compositor alemão).

Esperar as promessas de Deus

O Senhor conta conosco para dar pleno cumprimento de Suas obras e nesse processo também nós vamos sendo lapidados. Talvez, por isso, algumas coisas sejam tão demoradas. "A criação tem sua bondade e sua perfeição próprias, mas não saiu completamente acabada das mãos do Criador. Ela é criada 'em estado de caminhada' para uma perfeição última a ser atingida, para a qual Deus a destinou" (cf. Catecismo da Igreja Católica – art. nº. 302) e "Deus concede assim aos homens serem causas inteligentes e livres para completar sua obra da Criação, aperfeiçoar sua harmonia para o bem deles e de seus próximos" (cf. Catecismo da Igreja Católica – art. nº. 307).


Modelo de perseverança na Bíblia

Os grandes homens da Bíblia também foram muito provados na espera. José do Egito tinha dezessete anos quando foi vendido por seus irmãos (cf. Gn 37, 2), somente aos trinta é que sua vida melhorou um pouco como intendente do faraó (cf. Gn 41, 46), e só depois de sete anos de fartas colheitas e dois anos de escassez (cf. Gn 45, 6), é que ele reencontra o pai, Jacó. Ou seja, aos trinta e nove anos, após vinte e dois anos de aflições, (desconsiderado pelos irmãos, acusado injustamente de trair a confiança de Putifar por tentar ter relações sexuais com a esposa do ministro da casa do faraó, depois de ter sido escravo e preso) foi que ele alcançou sua consolação.

Davi foi ungido rei por Samuel e lutou com Golias quando ainda menino (cf. I Sm 17, 33), mas somente aos trinta anos é que realmente foi coroado, assumindo o trono. Durante todo esse tempo, ele foi perseguido por Saul, que tentava matá-lo.

Interessante que não imaginamos o tamanho da graça que há nas promessas do Senhor nem o que Ele pode fazer em uma alma que se deixa moldar e persevera até o fim.

As promessas de Deus são sempre maiores

Bento XVI disse: "Nunca fica desapontado quem se entrega a Deus, as promessas do Senhor são sempre maiores que as expectativas humanas", pois o Senhor também proclamou: "Mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos" (cf. Is 55, 9).

José, na sua fidelidade, não somente reencontra os seus, mas marca a história do seu povo, salvando todo o mundo da fome. Davi vai muito além de se tornar um monarca: é em seu governo que as doze tribos de Israel são unificadas e ele passa a simbolizar o protótipo de rei soberano e ideal, e também se torna ascendente do Filho de Deus, o Cristo.

Jesus nos alerta de que para alcançarmos o que almejamos, temos de perseverar: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (cf. Mt 7, 7). Na parábola do juiz injusto "e Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele?" (cf. Lc 18, 7).

Continue a plantar

Até mesmo as empresas, em seus inícios, precisam de capital de giro para sobreviver e perseverar, e só depois, tornarem-se lucrativas e autossustentáveis. Continue plantando, um dia, quando menos esperar, as sementes frutificarão, e pode ser no terreno em que menos se esperava.

Permita-se ser gerado naquilo que Deus tem para você. Não desista do seu casamento, dos seus dotes, não desista das pessoas, dos seus sonhos. Não desista de você nem de sua vida.

Que o Senhor lhe conceda toda têmpera necessária para o tempo que você está vivendo.

Deus o abençoe!



Sandro Arquejada

Missionário da Comunidade Canção Nova, Sandro Arquejada é formado em Administração de Empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente, trabalha na Editora Canção Nova. Autor de livros pela Editora Canção Nova, ele já publicou três obras: "Maria, humana como nós"; "As cinco fases do namoro"; e "Terço dos Homens e a grande missão masculina".


Fonhttps://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/as-demoras-de-deus-e-os-efeitos-da-perseveranca/te: 


14 de janeiro de 2022

Será que o tempo, realmente, cura todos os males?


Todos conhecemos as frases: "Com o tempo passa" e "Depois de casado sara". Até parece mesmo que esses chavões são consolos para quem está sofrendo. No entanto, o tempo não cura absolutamente nada. O tempo pode anestesiar um pouco a dor, mas os dias passam e a agonia continua. O tempo pode jogar o sofrimento para seu subconsciente ou inconsciente, fazendo-o crer que o problema foi superado.

Na realidade, o tempo não cura. Basta um acontecimento qualquer para, de repente, fazer a dor antiga voltar à superfície. Ainda que o tempo nada possa curar, Deus pode curar com o tempo. No poder do Espírito Santo, Deus pode curar o coração ferido, pode dar vida novamente a um casamento, pode livrar o sofredor de suas penas.

Será que o tempo, realmente, cura todos os males?

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A cura interior é a responsável pela cura total

É claro que, no pior momento da dor, é importante partilhá-lo com alguém de confiança. É importante também aceitar a ajuda oferecida por amigos, profissionais da saúde psíquica, moral e espiritual. Compreensão, consolo e apoio podem trazer alívio em momentos difíceis. E o mais importante é curar as raízes e as causas do sofrimento. E isso é possível pela cura interior, que acontece quando deixamos Deus agir em nós. Portanto, precisamos descobrir e tomar posse do infinito amor que Deus derramou e continua derramando sobre a humanidade.


Ore pela cura das suas feridas

As feridas da vida, que alteram nossa afetividade, não são os pecados, as culpas, nem as maldades espirituais; não são coisas que dependam muito de nossa vontade. A demasiada preocupação em sanar essas feridas pode consumir, "em nosso próprio eu", todas aquelas energias que poderíamos empregar na ajuda aos outros, em trabalhar bem, dentre outros.

A oração de cura interior tem por objetivo curar-nos e libertar-nos, para podermos amar melhor o próximo. A cura interior nos permite expressar melhor o amor. Faz com que nossas atitudes não prejudiquem os outros, faz com que nos sintamos melhor e, assim, apoiemos outras pessoas com o amor sadio, alegre e comunicativo.

Artigo extraído do livro – Seja feliz todos os dias – de Pe. Léo, scj



Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/sera-que-o-tempo-realmente-cura-todos-os-males/