5 de novembro de 2021

O celular pode desconectar o meu relacionamento?


– Amor, você ouviu o que eu disse?
– Anh?
– O que você acha sobre isso?
– Uhun…
– Uhun o que, amor? Você entendeu?
– Peraí amor, só preciso responder umas mensagens aqui.

WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat são parte das inúmeras ferramentas que possibilitam encontros virtuais entre as pessoas por meio do celular. Elas facilitam muito a vida, são usadas até no trabalho, atualizam-nos sobre o cotidiano de quem não vemos todo dia, reaproxima quem passou pela nossa infância, quem tem as mesmas necessidades que nós, enfim, muitas possibilidades de relação aparecem nessa vida conectada. Contudo, em que medida temos nos refugiado nessas conexões virtuais e nos desligado das pessoas que convivem conosco?

A realidade sem wi-fi nem sempre é tão maravilhosa e deslumbrante como as pessoas postam freneticamente nessas mídias sociais virtuais, mas é a realidade na qual se vive e é onde Deus nos plantou para que florescêssemos. E não é justo que nós negligenciemos nossos relacionamentos com quem está ao nosso lado, à espera da resposta no "zapzap", do comentário naquela foto ou forjando um cenário para o próximo selfie.

Você vive no mundo "real" ou "virtual"?

Quer estragar um momento romântico, divertido e espontâneo? Pare tudo o que está fazendo e prepare a cena para a foto, montada para que apareçam no melhor ângulo. E repita isso várias vezes, a cada paisagem. Lá se foram minutos preciosos da viagem, do almoço e do passeio. Do que a gente estava falando mesmo? Nem importa, afinal, a foto já teve dezenas de curtidas! Ou ignore completamente quem está à sua volta, porque, afinal, você precisa se manifestar, agora, na internet, sobre esse tema que está todo mundo comentando, e comentar também, nem que seja um KKKKK, mesmo que discorde da situação, só para se mostrar engajado.

O-celular-pode-desconectar-o-meu-relacionamento

Foto Ilustrativa: Obradovic by Getty Images/ cancaonova.com

Eu não sou contra tecnologia, de jeito nenhum, sou casada com um esposo que trabalha nessa área, e lá em casa a gente está em todas essas redes e muito mais, mas me preocupa a dose diária de virtualidade que a vida vem adquirindo. Quando se percebe, é muito natural deixar as pessoas falando sozinhas enquanto você fita a tela do celular. "Desculpa! Pode repetir? Eu não estava prestando atenção…".


Será que não estamos preterindo quem está ao nosso lado em busca de um ativismo virtual? Há famílias na qual todos os membros se comunicam pelo WhatsApp. Bacana, desde que isso não substitua a convivência fraterna dessas pessoas, o carinho mútuo, o amor, o afeto, o cuidado e também o compartilhamento, ao vivo, de tristezas, dores e dificuldades. Para provocar uma guerra, basta esquecer o carregador do celular.

Minha gente, vivemos bem sem isso, não é? Não precisamos nos fazer escravos do mundo conectado!

Fique um tempo sem celular

Eu já fiz um teste e recomendo: passe um dia completamente desconectado. Inicialmente, parecerá uma tortura, mas, ao fim do dia, você perceberá o quanto pôde cuidar das pessoas e das situações que estavam ao seu lado no dia a dia. Depois, teste ficar dois ou três dias, talvez até uma semana, longe das redes virtuais. Você verá como seu tempo foi empregado em observar e agir na realidade mais próxima a você.

Ao dar um tempo nesse ambiente conectado, você voltará a ele com mais senso crítico, menos afetado pelas opiniões extremadas, e poderá dosar mais o seu tempo on-line, para que tenha também tempo de qualidade desconectado. Já percebeu como os nossos sentimentos ficam mais aflorados e acalorados na internet? Nós nos sentimos até mais corajosos para nos manifestar, dizer o que bem queremos e entender os demais a nossa maneira, levando tudo ao pé da letra e a ferro e fogo, combatendo as opiniões contrárias como se estivéssemos em guerra, como se não houvesse amanhã e, muitas vezes, magoando quem está dentro e fora do mundo virtual.

Estar on-line não é problema, o problema é o exagero que nos faz escravos da conexão virtual, negligenciando nossos relacionamentos.

Se estiver difícil vencer essa escravidão em casa, desligue a internet e pratique a frase que um restaurante divulgou bastante nas redes sociais: "Não temos wi-fi. Conversem entre vocês".


Mariella Silva de Oliveira Costa

Além de professora, pesquisadora e jornalista, é Doutora com pós-doutorado em Saúde Coletiva (UnB), Mestra em Tocoginecologia (Unicamp), especialista em Jornalismo Científico (Unicamp) e graduada em Comunicação Social (UFV). Servidora pública federal e idealizadora de muitasmarias.com
Instagram : @marielladeoliveiracostawww.youtube.com/mariellaoficial


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-celular-pode-desconectar-o-meu-relacionamento/


3 de novembro de 2021

É conveniente para um cristão consultar horóscopo?


A astrologia pretende definir a vida humana a partir da posição ocupada pelos astros no dia do nascimento da pessoa. A astrologia e o horóscopo são cultivados desde remotas épocas antes de Cristo, ou seja, desde a civilização dos caldeus da Mesopotâmia, por volta de 2500 a.C. Nessa época, os estudiosos pouco sabiam a respeito do sistema solar e dos astros em geral.

É conveniente para um cristão consultar horóscopo?

Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

O cristão pode consultar horóscopo?

Segundo o grande mestre D. Estevão Bettencourt, tal "ciência" é falsa por diversos motivos:

1 – Baseia-se na cosmologia geocêntrica de Ptolomeu; conta sete planetas apenas, entre os quais é enumerado o Sol;
2 – A existência das casas do horóscopo ou dos compartimentos do zodíaco é algo de totalmente arbitrário e irreal;
3 – Os astros existentes no cosmo são quase inumeráveis; conhece-se interferências deles no espaço que outrora se ignorava. É notório também o fato de que os astros modificam incessantemente a sua posição no espaço. Por que, então, a astrologia leva em conta a influência de uma constelação apenas?;
4 – A astrologia incute uma mentalidade fatalista e alienante, que deve ser combatida, pois não corresponde aos genuínos conceitos de Deus e do homem. Registram-se erros flagrantes de astrólogos. (Revista PR, Nº 266 – Ano 1983 – Pág. 49).

O que dizem os estudos

Uma pesquisa realizada nos EUA mostra que seguir os horóscopos "pode fazer mal à saúde mental". O estudo foi publicado na revista "Journal of Consumer Research" e descobriu que pessoas que leem o horóscopo diariamente são mais propensas a um comportamento impulsivo ou a serem mais tolerantes com seus "desvios" quando a previsão do zodíaco é negativa. Cientistas das universidades Johns Hopkins e da Carolina do Norte recrutaram 188 indivíduos, que leram um horóscopo desfavorável.

Os resultados mostraram que para as pessoas que acreditam que podem mudar o seu destino, um horóscopo desfavorável aumentou a probabilidade delas caírem em alguma "tentação". "Acreditava-se que, para uma pessoa que julga poder mudar o seu destino, o horóscopo deveria fazê-la tentar modificar alguma coisa em seu futuro", disseram os autores da pesquisa. No entanto, viu-se o oposto: aqueles que acreditam no horóscopo, quando veem que a previsão é negativa, acabam cedendo às suas "tentações", levando-os a um comportamento impulsivo e, eventualmente, irresponsável.
(Fonte: O Globo)

Prova do erro

Uma prova do erro da astrologia é a desigualdade de sortes de crianças nascidas no mesmo lugar e no mesmo instante, até mesmo dos gêmeos. Veja, por exemplo, o caso de Esaú e Jacó (Gen 25). Se os astros regem a vida dos homens, como não a regem uniformemente nos casos citados? Quem conhece os gêmeos sabem muito bem disso.

Santo Agostinho, já no século IV, combatia veementemente as superstições e a astrologia. No seu livro 'A doutrina cristã' escreve: "Todo homem livre vai consultar os tais astrólogos, paga-lhes para sair escravo de Marte, de Vênus ou quiçá de outros astros".


O cristão deve repudiar

Querer predizer os costumes, os atos e os eventos baseando-se sobre esse tipo de observação é grande erro e desvario. O cristão deve repudiar e fugir completamente das artes dessa superstição malsã e nociva, baseada sobre maléfico acordo entre homens e demônios. Essas artes não são notoriamente instituídas para o amor de Deus e do próximo; fundamentam-se no desejo privado dos bens temporais e arruínam assim o coração.

Em doutrinas desse gênero, portanto, deve-se temer e evitar a sociedade com os demônios que, juntamente com seu príncipe, o diabo, não buscam outra coisa senão fechar e obstruir a estrada de nosso retorno a Deus."

"Os astrólogos dizem: a causa inevitável do pecado vem do céu; Saturno e Marte são os responsáveis. Assim isentam o homem de toda falta e atribuem as culpas ao Criador, àquele que rege os céus e os astros" (Confissões I, IV, c. 3).

Cuidado para não prestar culto que não seja a Deus

"Um astrólogo não pode ter o privilégio de se enganar sempre", dizia o sarcástico Voltaire.

"O interesse pelo horóscopo como também por Tarô, I Ching, Numerologia, Cabala, jogo de búzios, cartas etc. é alimentado por mentalidade que se pode dizer "mágica". Quem se entrega à prática de tais processos de adivinhação, de certo modo, acredita estar subordinado às forças cegas e misteriosas; o cliente de tais instâncias se amedronta e dobra diante de poderes fictícios, o que não é cristão." (D. Estevão)

São Tomás de Aquino, em sua obra "Exposição do Credo", afirma que o demônio quer ser adorado, por isso, se esconde atrás dos ídolos. E São Paulo diz que "as coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam aos demônios e não a Deus" (1 Cor 10,21). Então, é preciso cuidado para não prestar um culto que não seja a Deus.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/e-conveniente-para-um-cristao-consultar-horoscopo/


1 de novembro de 2021

Você sabe o segredo para superar os traumas da morte?


Diante do mistério da morte, especialmente a partir da dor da perda de um ente querido, sempre vem à tona o questionamento acerca da vontade de Deus. O argumento é muito simples: se tudo que acontece é com o consentimento de Deus, por que Ele não impede a morte de alguém? Se até nosso cabelo está contado, se, na oração do Pai-Nosso, aprendemos a rezar: "Seja feita a Vossa vontade", por que a morte não é a vontade de Deus? Por que Ele não protege um filho cuja mãe reza tanto por sua proteção, mesmo sabendo da imprudência dele? Se Deus é tão bom, por que não impede a morte de uma pessoa? Por que permite o sofrimento? É pecado revoltar-se contra Deus?

Tente responder, serenamente, a cada uma dessas perguntas. Esse é um segredo para a cura dos traumas de morte. A própria notícia a respeito do falecimento de alguém pode ser uma fonte permanente de traumas, além das dificuldades relacionadas com a morte: solidão, saudade, aceitação, sentimento de perda, ausência, medo de morrer, sofrimento.

Muitas vezes, pela dor da perda e pela dificuldade de aceitação, a pessoa cria mecanismos psicológicos como tentativa de defesa. Conforme a intensidade da relação com o falecido, chega-se a sentir, quase que fisicamente, a presença da pessoa. Na verdade, isso é uma projeção do inconsciente. A pessoa morta jamais entrará em contato com o mundo dos vivos. A morte cria-lhe uma barreira eterna. A única comunhão possível é da parte dos vivos.

Você sabe o segredo para superar os traumas da morte

Texto Ilustrativa: by Getty Images / PeopleImages / cancaonova.com

Devemos rezar pelos mortos

Sentir a presença de quem já morreu é uma tentativa do inconsciente de amenizar a dor da perda e, também, de resolver problemas que não foram resolvidos em vida. Essa sensação é infantil e muito perigosa, já que ajuda a criar falsas doutrinas sobre a morte e sobre a vida eterna.

Só existe uma coisa que podemos fazer pelos nossos falecidos: oração! E essa pode ser pessoal, comunitária, litúrgica, na igreja ou no cemitério. Fora isso, qualquer coisa que se fale é "inspiração encardida", que precisa ser eliminada. A oração ajuda os vivos e os mortos. A certeza da vida eterna nos torna mais responsáveis pela consequência de todos os nossos atos. A fruta caída do pé da árvore morre, mas deixa sua semente. Assim acontece conosco.


A sociedade capitalista do Ocidente tenta negar não só a morte, mas tudo que possa lembrar nossa situação de finitude e fraqueza. A ideia falsa da eterna juventude, os ideais dos progressos científicos, a acumulação dos bens e o apelo ao consumismo são tentativas de negar o que todo mundo sabe. O presente perpétuo e imediato é sonho estragado que nasce no coração de todos aqueles que não assumem a morte como uma amiga, que nos revela quem verdadeiramente somos. Conforme se vive, morre-se.

Segundo a fé cristã, a morte não é o fim, e sim o novo começo; é o encontro definitivo com Deus e a entrada numa dimensão plena junto a Ele. O cristão jamais pode falar de morte sem falar em ressurreição. Todos seremos ressuscitados por Deus, do mesmo jeito como Ele ressuscitou Jesus.

Texto extraído do livro: Cura dos Traumas da Morte

Padre Léo, scj


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/voce-sabe-o-segredo-para-superar-os-traumas-da-morte/


29 de outubro de 2021

Como podemos entender Cristo na hóstia consagrada?


Em todo ser há um conjunto de coisas que podem mudar, como o tamanho, a cor, o peso, o sabor etc., e um substrato permanente que, conservando-se sempre o mesmo, caracteriza o ser, que não muda. Esse substrato é chamado substância, essência ou natureza do ser. Em qualquer pedaço de pão há coisas mutáveis: cor, tamanho, gosto, sabor, posição, sem que a substância que as sustenta mude. Essa substância ninguém vê, mas é uma realidade. Assim, há homens de cores diferentes, feições diferentes etc., mas todos possuem uma mesma substância: uma alma humana imortal, que se nota pelas suas faculdades, as quais os animais não têm: inteligência, liberdade, vontade, consciência, psique entre outros.

Quando as palavras da consagração são pronunciadas sobre o pão, a substância deste muda ou se converte totalmente em substância do Corpo humano de Jesus (donde o nome "transubstanciação"), ficando, porém, os acidentes externos (aparências) do pão (gosto, cor, cheiro, sabor, tamanho etc.); sendo assim, sem mudar de aparência, o pão consagrado já não é pão, mas é substancialmente o Corpo de Cristo. O mesmo se dá com o vinho. Ao serem pronunciadas sobre ele as palavras da consagração, sua substância se converte no Sangue do Senhor, pelo poder da intervenção da Onipotência Divina.

Como podemos entender Cristo na hóstia consagrada

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

A fé explica como o pão se torna o Corpo e o Sangue de Cristo

Isso explica como o Corpo de Cristo pode estar simultaneamente presente em diversas hóstias consagradas e em vários lugares ao mesmo tempo. Jesus não está presente na Eucaristia segundo as suas aparências, como o tamanho ou a localização no espaço. Uma vez que os fragmentos de pão se multiplicam com a sua localização própria no espaço; assim onde quer que haja um pedaço de pão consagrado, pode estar, de fato, o Corpo Eucarístico de Cristo.

Uma comparação: quando você olha para um espelho, aí você vê a imagem do seu rosto inteiro. Se quebrá-lo em duas ou mais partes, a sua imagem não se quebrará com o espelho, mas continuará uma imagem inteira em cada pedaço.

É preciso, então, entender que a presença de Cristo Eucarístico pode se multiplicar, sem que o Corpo do Senhor se multiplique. Isso faz com que a presença do Cristo Eucarístico possa multiplicar (sem que o Corpo d'Ele se multiplique) se forem multiplicados os fragmentos de pão consagrados nos mais diversos lugares da Terra. Não há bilocação nem multilocação do Corpo de Cristo.

O Corpo de Cristo, sob os acidentes do pão, não tem extensão nem quantidade próprias; assim não se pode dizer que a tal fragmento da hóstia corresponda tal parte do Corpo de Cristo. Quando o pão consagrado é partido, só se parte a quantidade do pão, não o Corpo de Jesus.

Corpo de Cristo

Assim muitas hóstias e muitos fragmentos de hóstia não constituem muitos Cristos – o que seria absurdo, mas muitas "presenças" de um só e mesmo Cristo. Analogamente, a multiplicação dos espelhos não multiplica o objeto original, mas multiplica a presença desse objeto; também a multiplicação dos ouvintes de uma sinfonia não multiplica essa sinfonia, mas apenas a presença desta.

Por essas razões, quando se deteriora o Pão Eucarístico por efeito do tempo, da digestão ou de um outro agente corruptor, o que se estraga são apenas os acidentes do pão: quantidade, cor, figura entre outros; nesse caso, o Corpo de Cristo deixa de estar presente sob os Véus Eucarísticos, isso porque Nosso Senhor Jesus Cristo quis, nas espécies ou nas aparências de pão e vinho, garantir a Sua presença sacramental, e não nas de algum outro corpo.


A Eucaristia

A católica ensina uma conversão total e absoluta da substância do pão no Corpo de Cristo; o Concílio de Trento rejeitou a doutrina de Lutero, que admitia a "empanação" de Cristo: empanação, segundo a qual permaneceriam a substância do pão e a do vinho junto com a do Corpo e a do Sangue de Cristo. O pão continuaria a ser realmente pão (e não apenas segundo as aparências); o vinho continuaria a ser realmente vinho (e não apenas segundo as aparências), de tal sorte que o Corpo de Cristo estaria como que revestido de pão e vinho. Para o Concílio de Trento e, para a fé católica, esse tipo de presença de Cristo na Eucaristia é insuficiente; é preciso dizer que o pão e o vinho, em sua realidade íntima (substância), deixam de ser pão e vinho para se tornarem a realidade mesma do Corpo e do Sangue de Cristo.

Assim como, na criação, acontece o surgimento de todo o ser, também na Eucaristia há a conversão de todo o ser. Essa "conversão de todo o ser" é "conversão de toda a substância" ou "transubstanciação".

Transubstanciação

Assim como só Deus pode criar (tirar um ser do nada), só Deus pode "transubstanciar"; ambas as atividade supõem um poder infinito que só o Senhor tem.

Para entender um pouco melhor o milagre da transubstanciação, podemos dizer ainda o seguinte: no milagre da multiplicação dos pães, Jesus mudou apenas a espécie do pão (no caso a quantidade), mas não mudou a sua natureza, continuou sendo pão. Quando Ele fez o milagre das Bodas de Caná, mudou a natureza da água (passou a ser vinho) e mudou também a sua espécie (cor, sabor etc); no milagre da Transubstanciação, o Senhor muda apenas a natureza do pão e do vinho (passam a ser seu Corpo e Sangue) sem mudar a espécie (cor, sabor, cheiro, tamanho etc.). Tudo por amor a nós!

Ele, o Rei do universo, faz-se pequeno, humilde, indefeso, nas espécies sagradas do pão e do vinho, para ser nosso alimento, companheiro, modelo, exemplo, força e consolação.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/como-podemos-entender-cristo-na-hostia-consagrada/


27 de outubro de 2021

Estar solteiro é sinal de uma vocação mal sucedida?


"Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho." Esse trecho da música de Tom Jobim apresenta uma verdade: o amor é um sentimento essencial para a vida de cada pessoa e está atrelado à felicidade. Quem ama e é amado tem o coração satisfeito e passa pela vida de maneira plena, pois se ocupa em cuidar e ser cuidado por alguém, e sente prazer em doar e receber afeto.

A solidão é a consequência da falta, ou seja, falta amor próprio, falta amor pelos outros, falta amor pela vida e por suas próprias conquistas, sua casa, seus amigos. Estar sozinho pode ser uma opção ou a consequência de uma vida vazia. E quando falo sozinho, não me restrinjo só à falta de um parceiro para a vida, como a ausência de se formar par com alguém. Não! Eu acredito que, para encontrar alguém para caminhar na vida, a sua vida não deve ser solitária. Só encontra um parceiro quem antes teve um encontro com si mesmo e tem amor próprio, amor pelos outros, amor pela sua família, amigos para amar, amor a Deus, enfim, amor pela vida.

Muitos relacionamentos começam mal e terminam de maneira horrorosa, porque um dos dois ou ambos não tinha plena convicção sobre o valor que deve ter a vida antes dessa pessoa nova aparecer. É até engraçado a pessoa querer um namorado, mas não dar valor nenhum ao pai, à mãe ou ao responsável que cuidou ou cuida dela ainda. Até parece que alguém vai querer namorar quem não valoriza seus amigos, sua casa, seu trabalho ou seus estudos.

Estar-solteiro-é-sinal-de-uma-vocação-mal-sucedida

Foto Ilustrativa: AndreyPopov by Getty Images/cancaonova.com

Para encontrar o parceiro é preciso amar-se primeiro

Aliás, para ficar uma noite só, para passar o tempo até encontrar algo melhor, tem muita gente por aí procurando, mesmo quem não tem amor próprio, para apenas curtir e depois jogar fora.

Se você busca formar uma família com alguém, precisa primeiro valorizar a família que tem. Aproveitar os momentos com seus amigos, ser uma pessoa bacana, informada, fazer boas leituras para aprimorar sua inteligência, estar aberto a conhecer novos lugares, enfim, ter amor e valorizar a sua vida de solteiro.

Gente chata adora comentar que a vida vai ser melhor quando encontrar alguém. Cai na real! Ninguém quer namorar quem não se valoriza nem valoriza os que estão ao seu redor. Então, antes de se considerar o patinho feio da turma, com o discurso "ninguém me ama, ninguém me quer, quem eu quero não me quer", melhore-se!


Ampliando o sentido da canção que citei no início do texto – "é impossível ser feliz sozinho" –, não significa a impossibilidade de ser feliz sem se casar ou namorar, mas a impossibilidade de ser feliz isolado, sem família, sem amigos, importando-se só com o próprio umbigo. Conheço muita gente que está pleno e feliz, sem namorado ou marido (esposa), que não casou por opção e tem a vocação como leigo solteiro plenamente feliz, vivendo plenamente o amor nas outras dimensões, para além do afeto de casal.

 Nem todos têm vocação para o matrimônio

Deus é infinitamente sábio e sabe exatamente qual o melhor plano para Suas criaturas. Como já citei em um texto anteriormente, nem todas as pessoas têm a vocação para o matrimônio. Se você tem dúvidas sobre a sua vocação, não seja "Maria vai com as outras", que fica sofrendo, porque é o único solteiro da turma.

Eu o aconselho a buscar formação sobre a vocação de leiga solteira. Existe muito material bacana na internet e, talvez, na sua paróquia. Busque, na sua oração pessoal sincera, na direção espiritual, as respostas para as suas dúvidas, e saia de perto de quem só cobra de você um namorado ou marido para chamar de seu!



Mariella Silva de Oliveira Costa

Além de professora, pesquisadora e jornalista, é Doutora com pós-doutorado em Saúde Coletiva (UnB), Mestra em Tocoginecologia (Unicamp), especialista em Jornalismo Científico (Unicamp) e graduada em Comunicação Social (UFV). Servidora pública federal e idealizadora de muitasmarias.com
Instagram : @marielladeoliveiracostawww.youtube.com/mariellaoficial


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/matrimonio/estar-solteiro-e-sinal-de-uma-vocacao-mal-sucedida/


25 de outubro de 2021

Você é bom!


Sempre falo isso para um dos meus irmãos, e me divirto com as reações dele, quase sempre atrapalhadas, tentando explicar que não é bom, que agiu dessa forma por tal motivo; e finalmente parece sentir-se aliviado quando encerra o assunto dizendo que só Deus é bom.

Observo que quase ninguém acolhe essa afirmativa com naturalidade, inclusive eu. Em geral, ficamos meio sem jeito e rapidamente encontramos um meio de, com palavras ou gestos, desviarmos a atenção para outro ponto. Mas por que agimos assim?

Talvez seja por medo de nos vermos dominados pelo orgulho ou ainda por causa de feridas causadas por palavras duras ou verdades ditas de forma errada. Lembro-me de uma situação que vivi: desde criança, recebi muitos elogios, e sempre os acolhia com naturalidade, eram até uma forma de incentivo no meu empenho para ser íntegra e não decepcionar aqueles que me amavam e acreditavam em mim, a partir de meus pais.

Você é bom!

Foto ilustrativa: Capuski by Getty Images

"Você não é boa"

Até que um dia ouvi de alguém muito querido que eu não era boa, que as pessoas me admiravam só porque não me conheciam o bastante, mas que, na verdade, eu era muito ruim! Claro que foi terrível ouvir isso, mas o pior é que eu acreditei, pois vinha de alguém que eu amava. Quando as palavras vêm de alguém que amamos, têm muito mais peso em nossa vida. Aos poucos, fui me convencendo de que eu não era boa. Até que um dia, um dos meus irmãos me fez perceber que estava tudo errado! Daí, eu comecei um processo de cura interior que continua, mas já consigo acolher que sou boa, não por mérito meu, mas porque Aquele que me fez à Sua Imagem e Semelhança é bom e habita em meu ser.

Outra barreira que nos impede de acolher a afirmativa "você é bom" é que pagamos um preço alto pelo exercício da bondade. Torna-se alvo de observação e, às vezes, de crítica. Hoje, os valores parecem trocados, e quase todos seguem sem saber para onde ir. Dá a impressão de que a moda manda, pois o importante é estar fashion, agindo como a maioria age, independente se está certo ou errado. Claro que ter uma postura diferente chama a atenção, incomoda. Porém, não podemos temer o "ser diferente"! Somos escolhidos de Deus não por merecimento nosso, mas graças a Sua misericórdia, e isso já nos faz muito diferentes.

Sou movido pelo Amor

É certo que, na essência, todo homem é bom, pois foi feito à imagem e semelhança do Sumo Bem. Assumir isso não deve ser um peso, é questão de retomar a essência, é assumir a missão do verdadeiro cristão. Se levarmos isso a sério, chegaremos ao ponto que chegou o filosofo Raimundo Lullus, quando, certa vez, lhe perguntaram a quem pertencia, de onde vinha e para onde ia, e ele respondeu: "Pertenço ao Amor; saí do Amor e foi o Amor quem me conduziu até aqui. Sou movido pelo Amor!". Que possamos, hoje, trocar as palavras de Raimundo pelas nossas, e afirmarmos: "Pertenço ao Sumo Bem, saí do seio da bondade, foi ela que me conduziu até aqui. Sou movido pela bondade!".


Que o Senhor nos dê Sua graça. É somente n'Ele que espero!



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às sextas-feiras, está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 18h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/voce-e-bom/


22 de outubro de 2021

A Eucaristia é o pão da vida que sustenta a fé da igreja


No Evangelho (Jo 6,24-35), depois do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus apresenta-Se como o "Pão da Vida". Entusiasmado com o milagre, o povo procura por Ele. Vê-se que o povo não entendeu o sentido daquele gesto. Quando viram que não conseguiam encontrar Cristo nem os Seus discípulos, subiram às barcas e foram a Cafarnaum.

Quando o encontraram novamente, Jesus lhes disse: "Em verdade, em verdade, Eu vos digo: 'estais Me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos'" (Jo 6,26). Comenta Santo Agostinho: "Buscais-me por motivos da carne, não do espírito. Quantos há que procuram Jesus, guiados unicamente pelos seus interesses materiais! Só se pode procurar Jesus por Jesus".

A Eucaristia é o alimento da vida eterna

Com uma valentia admirável, com um amor sem limites, Jesus expõe o dom inefável da Sagrada Eucaristia, dada a nós como alimento. Pouco importa se, ao terminar a revelação, muitos dos que O seguiram com fervor acabem O abandonando. O Senhor não recua: "'Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará'. Mas eles perguntaram: 'Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?' Jesus respondeu-lhes: 'A obra de Deus é que acrediteis naquele que Ele enviou'" (Jo 6,27-29).

Apesar de muitos presentes terem visto o prodígio do dia anterior, disseram-Lhe: "Que milagre fazes Tu, para que possamos ver e crer em Ti? Nossos pais comeram o Maná no deserto como está na Escritura: 'Deu-Lhes a comer o Pão do Céu'" (Jo 6,30-31).

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O cristão e a igreja vivem do verdadeiro alimento que é Jesus 

Jesus Cristo é o verdadeiro alimento que nos transforma e nos dá forças para realizarmos a nossa vocação cristã. Exorta vivamente o beato João Paulo II: "Só mediante a Eucaristia é possível viver as virtudes heroicas do Cristianismo: a caridade até o perdão dos inimigos, até o amor pelos que nos fazem sofrer, até a doação da própria vida pelo próximo; a castidade em qualquer idade e situação de vida; a paciência, especialmente na dor e quando estranhamos o silêncio de Deus nos dramas da história ou da nossa existência. Por isso, sede sempre almas eucarísticas para poderdes ser cristãos autênticos".

A igreja vive da Eucaristia. O concílio Vaticano II afirmou que o sacrifício eucarístico é "fonte e centro de toda a vida cristã" (LG, 11). Com efeito, "na Santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o Pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo" (PO, 5).

A Igreja vive de Jesus Eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, mistério de luz. Sempre que a Igreja a celebra, os fiéis podem, de certo modo, reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús: "Abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-no" (Lc 24,31).


Referindo-se à Eucaristia, ensinava São Josemaría Escrivá: "O maior louco que já houve e haverá é Ele (Jesus). É possível maior loucura do que entregar-se como Ele se entrega e àqueles a quem se entrega? Porque, na verdade, já teria sido loucura ficar como um Menino indefeso; mas, nesse caso, até mesmo muitos malvados se enterneceriam, sem atrever-se a maltratá-Lo. Achou que era pouco: Quis aniquilar-se mais e dar-se mais. E fez-se comida, fez-se Pão. Divino Louco! Como é que te tratam os homens?… E eu mesmo?" (Forja, 824).

Da Eucaristia brotam todas as graças e todos os frutos de vida eterna – para cada alma e para a humanidade –, porque, neste sacramento, "está contido todo o bem espiritual da Igreja" (PO, 5).

Quando nos aproximamos da mesa da Comunhão, podemos dizer: "Senhor, espero em Ti; adoro-Te, amo-Te, aumenta-me a fé. Sê o apoio da minha debilidade, Tu, que ficaste na Eucaristia, inerme, para remediar a fraqueza das criaturas" (Forja, 832).  Façamos nosso (no bom sentido) o pedido do povo citado no Evangelho: "Senhor, dá-nos sempre desse pão" (Jo 6,34).

Rezemos pelos padres! Rezemos ao Senhor para que continue enviando sacerdotes para a Igreja. Que Ele continue abençoando e plenificando a vida de todos os sacerdotes.

Monsenhor José Maria Pereira