11 de agosto de 2021

Qual é a reflexão que podemos fazer da casa sobre a rocha?


Nas palavras de conclusão do Sermão da Montanha, Jesus apresenta aos seus discípulos a seguinte parábola: "Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína " (Mt. 7 24-27).

Antes disso, Jesus também falou: "nem todo aquele que me diz: "Senhor, Senhor" entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus" (Mt.7, 21). A parábola parece servir para confirmar isto: não basta falar, é preciso fazer a vontade de Deus. Não adianta somente
rezar, é preciso viver a partir de sua Palavra. O Sermão da Montanha é como o resumo de toda a pregação de Cristo sobre o Reino dos Céus. E essa parábola, ao final, deixa claro que, fazendo o que ele apresenta neste Sermão, estaremos cumprindo a vontade de Deus, alimento da nossa vida (cf. Jo. 4,34).

Qual é a reflexão que podemos fazer da casa sobre a rocha?

Foto ilustrativa: Pliene by Getty Images

Vamos refletir sobre a casa e a rocha

O ponto central da parábola da casa sobre a rocha parece estar na Palavra, o Verbo, que é Deus, que estava no princípio, que fez todas as coisas e que rege a nossa vida. Palavra que se encarnou, que veio habitar em nosso meio, para que conheçamos de perto o Reino. É, portanto, sobre essa Palavra que devem se edificar nossas construções.

Diante disso, outra ideia que nos vem deste texto é a da construção. Quando pensamos em construir, vem automaticamente em nossa mente o que construir e em qual lugar. Mesmo quem não entende muito de obras sabe que nelas precisam haver um fundamento, uma base sólida, ou não se sustentará. Entendendo que a casa da história contada por Jesus é a nossa vida ou a nossa família, concluímos: Cristo é a base de tudo, o fundamento de qualquer coisa que pensarmos em erguer: trabalho, estudo, missão, relacionamento… Ele precisa estar na origem.

Uma terceira ideia que vem dessa parábola é a da rocha, fundamento de grandes edificações. Por várias vezes, Deus é citado na Bíblia como rocha, ou rochedo. É também a casa fortificada, abrigo seguro (Cf. II Sam. 22,3). Dessa forma, sábio e prudente é quem resolve construir a própria vida nesse fundamento. Essa casa servirá de refúgio para ele nos momentos da tribulação. O dono da casa pode se abandonar no Senhor, que não deixará a edificação ruir.

Como fazer de Cristo a rocha firme da nossa vida

É preciso que nossos projetos estejam baseados no projeto de Deus a nosso respeito: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem"(Sl. 126,1). Na prática, isso quer dizer que tudo o que desejarmos fazer, antes é preciso perguntar a Jesus se é o que Ele quer e como Ele quer. Caso
contrário, nossa declaração de Jesus como Senhor das nossas vidas é vã. Infelizmente, começamos com projetos que parecem muitos bons, cristãos, mas que, no fundo, são lindas articulações de nossas mentes. Não vêm de Deus. Entretanto, como os desejamos muito, esquecemos de perguntar ao Senhor, ou damos um jeito de achar que foi Ele quem nos pediu. Parece que os enxergamos como óbvios, mas, no fundo, são frutos de nossas invenções. Detectar a origem de nossos projetos é a primeira forma de colocar Jesus como o fundamento; depois, é interessante perguntarmos de que modo Ele quer que executemos aquilo.

Dessa maneira, o que fizermos irá em frente, pois contaremos com o auxílio do grande arquiteto que é Deus. E algo tão importante quanto perguntar ao Senhor é fazer o que Ele mandar. Não basta ouvir, é preciso fazer acontecer o que o Senhor pede, do jeito que Ele quer; sem isso, a construção nem chega a
acontecer.


Saindo das questões terrenas, essa parábola nos aponta para o Céu. Uma vida em Deus aqui constrói o nosso "lugar no Céu". Essa "vida em Deus" é baseada no que escutemos através da Igreja, da Comunidade, da nossa família ou quando estamos sós com Ele. É uma vida de obediência às suas leis já inscritas em nosso coração, apresentadas na pregação de Jesus. É essencial nos mantermos inabaláveis ao que nos pede o Senhor, mesmo que isso nos custe a vida, um emprego e tantas outras coisas; ou mesmo nas tribulações. Por pior que sejam as adversidades, sempre haverá um espaço de liberdade para optarmos por obedecer a Deus. O mesmo acontece nas coisas pequenas que parecem inofensivas e que ninguém nunca verá, apenas nós mesmos. Nelas, também precisamos permanecer fiéis, porque o Senhor nos vê. E uma casa construída desta forma ajudará na edificação de outras com o nosso testemunho de vida.

Sem ouvir a vontade de Deus no que fazemos, sem obedecermos ao que Ele nos pede, além de nos levar a sofrer com as inundações, ventos, enchentes e tempestades da vida, também não nos ajuda a nos construir para o Céu.



Elane Gomes

Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Professora de Língua Portuguesa, radialista e especialista em Comunicação e Cultura. Mestra em Comunicação e Cultura. Atualmente trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/qual-e-a-reflexao-que-podemos-fazer-da-casa-sobre-a-rocha/


9 de agosto de 2021

Você conhece Carlo Acutis, o santo blogueiro?


Oi, galera! Talvez você já conheça o Beato Carlo Acutis, também conhecido como "padroeiro da internet" ou "santo blogueiro", mas eu vou lhe contar um pouco mais sobre ele!

Para começar, eu vou citar uma frase de São João Paulo II: "A humanidade necessita imperiosamente do testemunho de jovens livres e valentes que se atrevam a caminhar contra a corrente e a proclamar com força e entusiasmo a própria fé em Deus, Senhor e Salvador."

Carlo Acutis foi um jovem que caminhou contra a corrente. Só que eu não estou aqui para esfregar na sua cara o quanto ele era incrível, mas sim para lembrá-lo do quanto você é!

Você conhece Carlo Acutis, o santo blogueiro?

Foto ilustrativa.

Quem era Carlo Acutis?

Só pra colocar você por dentro da história desse Beato, se liga nisso aqui:

Carlo Acutis era filho de pais italianos, mas nasceu na Inglaterra em 1992 (atualmente, ele teria 30 anos). Depois, ele se mudou para Itália com sua família. Ainda criança, tornou-se católico e MUITO devoto de Nossa Senhora. Sua mãe disse que ele rezava o rosário e ia à missa TODOS OS DIAS. Quando já era adolescente, ele criou um site onde compartilhava milagres relatados pela Igreja.

Esses são os fatos que você ouve por aí, para lhe dizer o quanto ele era santo. Mas Carlo saia pra uns "rolês" (nada de ruim!) com os amigos, praticava esportes, gostava de comer Nutella, jogava videogame, usava tênis e calça jeans, amava computadores e estudava ciência. Ele era um adolescente como a gente!

Talvez você já tenha pensado que para ser santo a gente tenha que viver em um mosteiro — na real, eu também já pensei assim. Mas Carlo Acutis nos provou o contrário, porque podemos ser santos autênticos (o que não significa que a gente pode fazer o que quiser, tá?)

"Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém" (1 Coríntios 6,12)

Como ser santo na modernidade?

Para ser santo na atualidade é preciso viver por Cristo, com Cristo e em Cristo, assim como Carlo fez! Mas não existe uma fórmula secreta de como você deve fazer isso, porque nós não somos iguais, e Deus nos deu talentos diferentes que devemos usar para glória d'Ele.

Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros, e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros. (Romanos 12,4-5)

Isso mesmo que você ouviu, ou melhor, leu! Somos membros de um corpo, mas o corpo precisa de membros diferentes em seus devidos lugares para funcionar direitinho. Ou seja, é preciso que você use dos seus talentos nesta geração em que o Senhor o colocou! Você tem uma missão!

Carlo Acutis gostava de computadores e evangelizou por meio de um site. E você? O que você curte? Já pensou? Então, é com muita alegria que eu lhe digo: Evangelize por meio disso!

Os cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade» (68). Todos são chamados à santidade: «Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5, 48) (Catecismo 2013)

Pois é, deixa eu lhe contar: A santidade é pra TODO MUNDO!


"Estou feliz em morrer"

Carlo Acutis não deixava para ser de Deus somente na missa ou no grupo de oração, ele evangelizava pela vida. De noite, ele saia pelas ruas de Milão e distribuía cobertores e refeições aos moradores de rua. Além disso, ele doava seu dinheiro para os necessitados da Obra de São Francisco.

Muita gente via Jesus nele, e aí eu me pergunto: será que as pessoas têm visto Jesus em mim pelas ações que eu pratico fora da Igreja? Nem sempre. Tudo o que Carlo Acutis fez, a gente pode fazer, ou melhor, Deus pode fazer por meio de nós se nos abrirmos a Ele.

Enfim, Carlo Acutis foi diagnosticado com Leucemia, e faleceu no dia 12 de outubro de 2006, com 15 anos.

Ah! Antes de morrer, ele disse assim: "Estou feliz em morrer, porque vivi minha vida sem perder nem mesmo um minuto dela com coisas que Deus não gosta." Será que nós podemos dizer o mesmo da nossa vida?

Aproveite que ainda dá tempo de tornar-se "um jovem livre e valente que vai contra a corrente" (até rimou), como São João Paulo II nos convida a ser.

E eu posso lhe dar a certeza de que Carlo não rezava o tempo todo, mas a vida dele era uma eterna oração.

E aí, quem quer ser o "santo/santa influencer ou Tiktoker" da nossa geração?

"A nossa meta deve ser o infinito, não o finito. O infinito é a nossa pátria. Desde sempre, o Céu nos espera." (Carlo Acutis)

Beatriz Valdez de Oliveira


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/santos/voce-conhece-carlo-acutis-o-santo-blogueiro/


6 de agosto de 2021

Qual a importância de os pais incentivarem os filhos a irem à catequese?


A Igreja ensina que "a catequese é uma educação da fé das crianças, dos jovens e adultos, que compreende especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com o fim de os iniciar na plenitude da vida cristã" (Catecismo n. 5). A Catequese é dada em torno de quatro pilares: o Credo, que é tudo o que cremos; os sacramentos da fé, que é a celebração do que cremos; a moral baseada nos Dez Mandamentos, que é como o cristão deve viver e se comportar; e a vida de oração do cristão, com base especialmente no Pai-Nosso.

Evidentemente, essa não é uma tarefa fácil de ser cumprida bem, e que não pode ficar somente a cargo da Igreja. Os pais cristãos que levam seus filhos para serem batizados na Igreja têm uma enorme responsabilidade na catequese deles, pois diz o nosso Catecismo: "Os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos na fé, na oração e em todas as virtudes. Eles têm o dever de prover, na medida do possível, as necessidades físicas e espirituais de seus filhos" (n.2252).

Qual-a-importância-de-os-pais-incentivarem-os-filhos-a-irem-à-catequese

Foto Ilustrativa: ThitareeSarmkasat by Getty Images

A catequese na vida dos filhos

Infelizmente, muitos pais cristãos deixam seus filhos sem essa formação espiritual, e muitos que levam seus filhos para a catequese da Primeira Comunhão não os acompanham devidamente nessa atividade espiritual fundamental para a vida deles. Muitos são os pais cristãos que não participam nem ajudam na catequese; às vezes, até dificultam-na, impedindo que seus filhos participem de todas as atividades programadas.

Outros não se interessam em acompanhar em casa o que a criança está aprendendo e vivendo na catequese. Esse tem sido um dos grandes problemas que os catequistas enfrentam. Muitos pais não comparecem às reuniões com os catequistas.

Uma criança só terá um bom desempenho na catequese se os pais tiverem junto com elas uma vivência religiosa, em casa e na Igreja. A educação, sobretudo, dá-se pelo exemplo. Uma criança que vê o pai e a mãe rezarem reza também e naturalmente. Uma criança que vai à Missa com seus pais aprende suavemente o bom hábito de ir à Missa aos domingos e dias santos. Por isso, é lamentável que os pais coloquem seus filhos na catequese, como se fosse apenas uma obrigação, mas sem terem uma vivência religiosa, sem os levarem à igreja. Essa criança dificilmente terá um bom aprendizado das coisas sagradas de Deus.

Educação religiosa

A Igreja ensina que é na família cristã o primeiro lugar da educação para a oração. Fundada sobre o sacramento do matrimônio, a família é "a Igreja doméstica" onde os filhos de Deus aprendem a orar e a perseverar na oração (cf.n. 2685).

A Igreja ensina que "a educação para a fé, por parte dos pais, deve começar desde a mais tenra infância. Ocorre já quando os membros da família se ajudam a crescer na fé pelo testemunho de uma vida cristã de acordo com o Evangelho. A catequese familiar precede, acompanha e enriquece as outras formas de ensinamento da fé. Os pais têm a missão de ensinar os filhos a orar e descobrir sua vocação de filhos de Deus" (Cat. n. 2226).


Outra providência que ajuda na catequese dos filhos é os pais escolherem para eles uma escola que corresponda às suas próprias convicções religiosas. Hoje, em algumas escolas, é ensinado às crianças algumas coisas que não estão de acordo com a fé da Igreja. Esse direito é fundamental. Os pais têm, enquanto possível, o dever de escolher as escolas que melhor possam ajudá-los em sua tarefa de educadores cristãos.

Pais e filhos devem rezar juntos

É fundamental também para o bom fruto da catequese e da educação religiosa dos filhos que os pais levem uma vida conjugal com espírito cristão, no amor e na fidelidade, criando um lar de paz e velando pela educação cristã dos filhos. Se, no lar, os pais não cultivam os valores cristãos, como a bondade, mansidão, amor, desprendimento, caridade, humildade, temperança, simplicidade etc., aquilo que o filho aprende na catequese não será sedimentado em sua vida. Uma educação adequada ensina a virtude, preserva ou cura do medo, do egoísmo e do orgulho. A educação da consciência da criança garante para ela a liberdade e gera a paz do coração.

Por tudo isso, o Catecismo da Igreja diz: "O papel dos pais na educação é tão importante, que é quase impossível substituí-los" (n. 2221); e isso vale, de modo especial, para a formação espiritual. Portanto, os pais que colocam seus filhos na catequese da Igreja precisam acompanhá-los, tanto no que estão vivendo e aprendendo, como complementar essa formação em casa, com bons exemplos, oração, meditação do Evangelho com eles e participação na vida da Igreja, sobretudo da Santa Missa.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/qual-a-importancia-de-os-pais-incentivarem-os-filhos-a-irem-a-catequese/


4 de agosto de 2021

O perdão deve ser declarado em todas as circunstâncias


O perdão não pode ser somente uma decisão interior guardada no fundo do coração; o perdão precisa ser exteriorizado. Perdão íntimo e interior são sementes de novas feridas. O perdão precisa ser verbalmente declarado. Assim como um juiz que precisa proclamar a sentença, a pessoa que decide perdoar deve declarar o perdão. Mais do que desejado e pensado, o perdão tem de ser declarado. O perdão exige uma palavra de proclamação. Nem que seja sozinha, no banheiro ou no automóvel, a pessoa, quando se decide pelo perdão, precisa falar em voz alta: "Eu perdoo!". E precisa falar num tom de voz que, ao menos ela mesma possa ouvir. E falar repetidas vezes.

O perdão deve ser declarado em todas as circunstâncias

Foto ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Perdão íntimo e interior são sementes para novas feridas. O perdão precisa ser verbalmente declarado

O perdão precisa ser gotejado no próprio ouvido. É do ouvido que chega ao coração.

O ideal seria poder proclamar o perdão para quem nos ofendeu, entretanto, nem sempre é possível. A pessoa pode não querer ouvir o perdão ou estar impossibilitada de fazê-lo como, por exemplo, se morar longe ou já tiver morta, porém, mais importante do que a pessoa ouvir é você falar.

O perdão é, em primeiro lugar, um gesto curador para nós mesmos. Portanto, declare o perdão. Fale sobre o perdão. Goteje perdão em seus próprios ouvidos por meio de palavras seguras e decisivas que revelem o desejo da vontade.

O poder da palavra

Nossa palavra tem o poder de ligar e desligar, unir e separar, concretizar nossos sonhos e anseios. A palavra é a grande arma para ferir e para curar o coração. O ser humano se constrói ou se destrói pela palavra. Um amor se constrói ou se destrói pela palavra dita na hora certa, calada na hora necessária.


O perdão deve ser declarado em todas as circunstâncias. Não interessa se a pessoa está perto ou longe, e nem interessa se ela deseja ou não ser perdoada. Pode ser que ela não queira ser perdoada e não peça perdão. Tudo bem! Sua decisão de perdoar tem de ser maior do que o pedido ou a omissão de quem provocou a ofensa. Muitas vezes, aquele que nos ofendeu não se sente culpado. Talvez tenha apenas reagido e se ache perfeitamente justificado. Há casos em que a pessoa que nos ofendeu sente-se injustiçada por ser considerada culpada. Claro que, nesse caso, essa pessoa não nos pedirá perdão. Não importa: é preciso perdoar e declarar o perdão. É preciso gotejar perdão no próprio coração.

Padre Léo, scj

(Trecho do extraído do livro "Gotas de cura interior")


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-perdao-deve-ser-declarado-em-todas-as-circunstancias/


2 de agosto de 2021

Como acontece o chamado de Deus?


A Igreja no Brasil tem o costume de dedicar o mês de agosto às vocações. Vocação é chamado, e ocorre no maravilhoso mistério do diálogo de Deus com cada pessoa, contando com os meios habituais para discernir o bem, assim como outros instrumentos inspirados pelo Espírito Santo. Estamos, sim, no horizonte da fé, em que acreditamos na graça de Deus, capaz de vir ao encontro de cada pessoa sem violentar a liberdade com a qual todos fomos criados.

É adequado considerar que a formação cristã começa com o ambiente de amor com o qual fomos gerados. Não existe "berço de ouro", mas regaço de amor dado por Deus, para que se desenvolva plenamente um chamado de filhos e filhas de Deus. O primeiro ato "catequético" ocorre quando um homem e uma mulher geram uma nova vida. Ali, mediado pelo relacionamento de amor, o raio de luz que é o amor de Deus interfere no ato conjugal humano, levando em conta que a fé nos leva a considerar que cada alma humana é criada diretamente por Deus (Cf. Pio XII, Encíclica Humani Generis, número 36). Não somos apenas um fenômeno físico-químico, mas pensados por Deus desde toda a eternidade para a felicidade e a plena realização. É claro que a experiência da fé cristã vivida com intensidade, no decorrer da vida de cada pessoa, pode e deve restaurar as eventuais falhas de amor com as quais pode ter acontecido a geração de uma vida! O mistério do amor de Deus ilumina os recantos de nossa vida, malgrado todas as lacunas descobertas em nossa história!

Como acontece o chamado de Deus

Foto Ilustrativa: Liderina by Getty Images

O chamado de Deus se manifesta nas famílias

O ambiente familiar, no qual nascem as pessoas, é o espaço privilegiado para identificar o chamado de Deus. Trata-se de descobrir que ninguém veio ao mundo por acaso, mas destinado a ser um dom de amor para os outros e receber tudo o que vem das outras pessoas com o mesmo amor. Os gestos com os quais os pais manifestam afeto e carinho aos filhos são canais por onde passa o próprio amor de Deus, fonte e raiz de todo chamado. E, pouco a pouco, começando pelo sorriso lindo das crianças, vai nascendo a reciprocidade ao amor que é oferecido. Este ambiente, talvez considerado demasiadamente idílico por muitos, é projeto de Deus para todos!

Nasce a pergunta sobre os que não tiveram experiências positivas de família, e vem logo à tona a resposta, que são os muitos exemplos de homens e mulheres que encontraram na infância e na adolescência a experiência positiva do amor em pessoas que adotaram, cuidaram, foram exemplos positivos e edificantes. Há muitos que descobriram praticamente sozinhos seu lugar na Igreja e na Sociedade. Se em muita gente podem ter crescido sentimento de revolta, muitos são os exemplos de verdadeiros heróis, na superação de traumas e sofrimentos, tornando-se referência para outros, indicando que onde não se achou amor, o remédio foi colocar amor, para encontrá-lo em abundância, recordando uma feliz expressão de São João da Cruz.

É ainda a família a grande escola e o espaço para o crescimento na capacidade de amar, pois todos somos chamados a encontrar nossa forma de nos doarmos. Isso é vocação! Sabemos que todo homem e toda mulher são uma obra-prima de Deus, seres únicos e irrepetíveis, criados por amor e lançados por amor na divina aventura da vida. Em família há de se desenvolver a capacidade de amar, a prontidão para o serviço e o autocontrole, que ajuda a pessoa a se purificar do egoísmo. Sem este exercício, o máximo que se conseguirá será a escolha de uma profissão, mas não a descoberta maravilhosa do plano de Deus. Quando uma pessoa alcançou certo equilíbrio, ao menos suficiente, e sabe sair do próprio egoísmo para doar-se, então é livre e se encontra nas condições normais para aceitar o chamado de Deus ao matrimônio ou à virgindade, castidade ou celibato. Sim, as duas formas de amar e de entregar a própria vida!

Como fazer um bom discernimento?

Para levar adiante o discernimento, faz-se necessário verificar os dons que as pessoas têm, suas capacidades e o desenvolvimento das mesmas desde a infância, mas sobretudo na adolescência e juventude. Faz-se então necessário que a família se abra aos espaços de socialização em suas respectivas comunidades e especialmente na vida de Igreja. Uma criança que passa pelo processo de iniciação cristã, vindo a receber os sacramentos a ela correspondentes, descobrindo a beleza da Palavra de Deus, a doutrina da Igreja e a graça da participação na Santa Missa terá abertas as possibilidades para fazer a pergunta sobre a vontade de Deus em sua vida, sobre vocação.


Em família e na Comunidade cristã sejam desenvolvidos os valores da retidão, da honestidade, sinceridade, assim como a prática das virtudes. E é fundamental que tal processo seja preventivo, como magistralmente entendeu São João Bosco, para antecipar-se à avalanche de contravalores existentes na sociedade. É bom que as famílias tomem consciência de que, encaminhando seus filhos à vida de Igreja, estão apenas e tão somente oferecendo o que existe de melhor, superando assim a ideia tão difundida quanto negativa de que seria necessário soltar os filhos para fazerem todo tipo de experiência. Com sabedoria e prudência, é necessário inclusive formar as novas gerações para um senso de limite, correspondente ao bem comum, às leis de Deus e, afinal de contas, à vocação para o amor e não para o egoísmo, que Deus plantou no coração humano.

O matrimônio é uma vocação que exige prontidão

Nos Evangelhos, existe uma forma de vocação, o chamado direto, feito por Jesus. Este pode e deve ser um caminho, graças a Deus presente também em nossas comunidades cristãs, quando alguém olha nos olhos de um jovem ou uma jovem e tem coragem para perguntar se alguma vez o chamado de Deus bateu às portas de seu coração! E os grupos, pastorais e movimentos de Igreja têm sido matriz para excelentes vocações ao matrimônio e para a consagração a Deus. Aliás, não é bom esquecer que o matrimônio exige, sim, vocação, prontidão para permitir que alguém entre na própria vida vinte e quatro horas por dia, a vida inteira! Dentre as realidades humanas, o matrimônio é sem dúvida a mais linda e a maior que Deus criou. Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou. É uma forma de consagrar-se a Deus!

Se vale chamar alguém para uma vocação na Igreja, vale mais apelar para o dono da messe, orando insistentemente a fim de que tenhamos casais operários da messe, religiosos e religiosas operários da messe, membros das novas comunidades que sejam mesmo operários, sacerdotes e diáconos verdadeiramente operários. Que Deus nos conceda ser um povo efetivo de trabalhadores em sua messe, abertos para os desafios do tempo presente, prontos a oferecer o melhor de nós mesmos para que cresça o Reino de Deus e sua Igreja.



Dom Alberto Taveira Corrêa

Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/como-acontece-o-chamado-de-deus/


30 de julho de 2021

Como lidar com as opiniões das pessoas a meu respeito?


Quanto mais entendermos nossas reações, tanto melhor poderemos lidar com elas quando passarmos por certas situações. Quando você ouve as pessoas falarem sobre você, qual sua primeira reação? Quais sentimentos surgem em você quando recebe uma crítica, por exemplo?

Ao falar sobre autoestima positiva, ressaltamos como é importante reconhecermos nossas qualidades e pontos fracos, saber bem quem somos, para que, ao ouvir um comentário a nosso respeito, possamos, de fato, amadurecer sobre as situações ocorridas.

Como lidar com as opiniões das pessoas a meu respeito

Foto Ilustrativa: by Getty Images / fizkes

Qual é a sua atitude quando as pessoas falam de você?

Ao ouvir uma crítica a nosso respeito, vale muito a pena pensar: "O que está envolvido naquela crítica?", "Existe alguma verdade naquilo?". Claro que existem pessoas que são especialistas em apenas criticar e, muitas vezes, não estão bem consigo, então disparam comentários a todo momento.

Se falam de mim, posso pensar: "Existe algum aprendizado nisso?". Falo isso especialmente quando um comentário nos irrita, quando nos tira a paz. Certamente, já vivemos essa situação. Por isso, a habilidade de conhecer-se é tão importante! Quanto mais entendermos nossas reações, tanto melhor poderemos lidar com elas quando passarmos por certas situações.

Muitas vezes, somos criticados desde pequenos. Quando isso ocorre, já temos certa sensibilidade ou nos tornamos muito inseguros; e qualquer coisa que se diga a nosso respeito já é motivo para um mal-estar e até mesmo certa dificuldade de questionar os motivos daquela crítica.

Esteja atento ao conteúdo do que lhe foi dito

A força do diálogo e a coragem de perguntar nos aproximam do outro e propiciam uma melhor compreensão das situações que são motivo de insegurança para nós. Imagine se você se sente mal com algo em sua aparência, no modo de falar ou de cuidar dos filhos, por exemplo, e você é alertado por alguém que o conhece. Isso pode lhe dar uma imensa dor de cabeça e preocupação!

Por um momento, deixe o sentimento de lado e observe o conteúdo do que lhe foi dito; a partir daí, entender os motivos será um pouco mais fácil.


Ao formar os filhos, como um ato de amor e cuidado, os pais devem ensiná-los a enfrentar as diferenças, a lidar com os amigos e com aqueles que podem não gostar deles, e claro, com as críticas. Às vezes, os pais protegem tanto os filhos, que não admitem que estes sejam apontados, e que se façam comentários sobre eles. Evita-se, isola-se, estimula-se a competição e não se prepara a criança para lidar com o mundo real.

Quando nos abrimos para ouvir o que o outro tem a falar a nosso respeito, ganhamos a oportunidade de olhar para nossa vida, excluir os fatos irreais e ter a grande chance de fazer diferente.



Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica pela USP – Universidade de São Paulo, atuando nas cidade de São Paulo  e Cachoeira Paulista. Neuropsicóloga e Psicóloga Organizacional, é colaboradora da Comunidade Canção Nova.



28 de julho de 2021

Realmente tenho que namorar ou posso estar sozinho?


É belíssimo o encontro, o relacionamento afetivo, o conhecimento, a possibilidade de ser melhor, porque encontramos uma pessoa para namorar. Aliás, nunca saímos os mesmos, seja lá que relacionamento for!

Então, pode ser monstruoso ver-se sozinho, como também pode ser um bom momento para estar com si mesmo e, mais ainda, estar com os outros, que, muitas vezes, não percebemos, e com Deus. Muitos, à espera de alguém para namorar, perdem a oportunidade de colher do tempo da "solidão" o valor do momento. A carência afetiva, uma imagem distorcida de si mesmo, sentimentos, visão das pessoas e do mundo podem dificultar à pessoa ver a possibilidade de amar e ser amada.

Realmente tenho que namorar ou posso estar sozinho

Foto Ilustrativa: stock-eye by Getty Images

Namorar não é solução de carência

A situação ainda pode se tornar mais complexa se a pessoa não sabe o que é e o que deseja construir. Perdida, sem direção, sem sentido, é uma vítima da vida e não se coloca em ação, caindo em um vazio existencial, pois a sua vida está toda pautada na possibilidade de ter alguém. O namorado se tornou ou pode se tornar, na cabeça da pessoa, a solução da sua carência, o que, na verdade, é uma mentira, visto que, mais cedo ou mais tarde, mesmo com alguém do lado, muitos se sentem sozinhos.

Resta-nos, então, ficarmos parados, olhando o tempo passar, e ainda reclamando da vida a oportunidade de viver? Tudo isso, com certeza, é muito complicado para aquele ou aquela que se vê sem alguém, principalmente se está vivendo ou percebendo-se com todas as características descritas acima. O mais importante é pensar que se o namoro é um tempo que deve ser vivido da melhor forma possível para que o casamento seja consequência desse tempo e possam-se colher os frutos deste primeiro encontro, então, nada como viver intensamente o tempo de não namorar, pois é, neste período, que experimentamos mais intensamente as amizades, os sorrisos, os projetos e a profissão.

Tudo isso pode trazer a oportunidade de um namoro realmente maduro

O que é um namoro maduro? É um namoro em que as pessoas são maduras, ou seja, já se percebem definidas, podem constatar seus sonhos, podem se conhecer melhor e estar abertas ao conhecimento do outro. Portanto, são dois caminhos. Primeiro: a pessoa para nesse tempo, estando só, e deixa-se envolver no sofrimento a ponto de não ver outra possibilidade, ou então escolhe fazer desse momento o melhor para a sua vida, encontrando-se com ela mesma e realizando o mais importante: propor-se a amar mais do que ser amada.


Existem tantos para serem amados! Os namoros assim serão uma belíssima e profunda consequência de um tempo profundo de encontro consigo mesmo e com os outros.

Ilusão? Não. Opção. Você pode ser melhor hoje. Não pare nos limites que, muitas vezes, a vida lhe impõe.


 


Diácono João Carlos e Maria Luiza

João Carlos Medeiros é membro do segundo elo Comunidade Canção Nova. Psicólogo clínico e familiar, Medeiros também é logoterapeuta, sexólogo e mestre em sexologia humana. Casado com Maria Luiza da Silva Medeiros que também é membro do segundo elo Comunidade Canção Nova, é psicóloga clínica e familiar. Ela é pós-graduada em psicoterapias cognitivas e em neuropsicologia. Autores do livro "Diagnóstico Familiar", pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/realmente-tenho-que-namorar-ou-posso-estar-sozinho/