7 de julho de 2021

O papel da cultura na formação da juventude


No artigo passado, terminamos com o relato da Edith sobre o afastamento de sua família quando começou a frequentar a universidade. Esse afastamento não se deu apenas com relação ao contato físico, pelo fato de passar a maior parte do dia nas salas de aula e nos grupos em que havia se inscrito, mas também ocorreu na dimensão psíquica: emocionalmente, a mãe e os irmãos passaram a contar menos para ela.

Sabemos que isso não aconteceu só com Edith, mas provavelmente todos nós já passamos por esse momento, ou passaremos, se ainda somos bem jovens. É algo que faz parte desse momento na formação de vida humana, quando se está buscando um maior autoconhecimento e autoafirmação dos próprios valores, para se preparar para a vida adulta, com maiores responsabilidades1. A família de Edith sabia respeitar as transformações que estavam acontecendo na filha caçula, e o que os deixava mais tranquilos era o fato de Edith e Erna estarem sempre juntas em suas novas experiências. Elas andavam com suas "almas-irmãs": Rose Guttman, Lilli Platau (com quem formavam o "trevo de quatro folhas") e Hans Biberstein, que depois se tornou o esposo de Erna.

A mãe de Edith conhecia bem as amizades das duas filhas, assim como as suas famílias, e sabia que compartilhavam de valores semelhantes aos seus. Ela assumia uma atitude muito construtiva: estava atenta e disponível, mas respeitava a necessidade dos filhos jovens de experimentarem uma maior autonomia, para serem capazes de descobrir a própria singularidade, a "nota pessoal" de cada um. Mas apesar de todos esses cuidados, sabe-se que os jovens, mesmo com o apoio atento dos pais, se tornam mais suscetíveis às influências do meio, especialmente da cultura em que estão inseridos. Edith relata um episódio em que relata a influência da cultura, tanto negativa quanto positiva, nesse momento de sua vida.

O papel da cultura na formação da juventude

Foto ilustrativa: Alessandro Biascioli by Getty Images

Uma crise de depressão durante a juventude

Edith Stein narra em seus escritos autobiográfico2 que, em 1912, teve uma crise de depressão ao ler o romance Helmut Harringa: Uma história de nossa época. Nesse romance, o irmão do herói se suicida e o protagonista principal cai em profunda depressão, da qual nada poderia tirá-lo, senão um hino composto por Lutero (salmo 46). Edith se identifica profundamente com o herói e ela também se deprime (EA, p. 268). Adoece em sua dimensão psíquica, que também influencia a sua dimensão corpórea, diminuindo a sua força vital e levando-a a experimentar uma profunda depressão ocasionada pela leitura de um romance. Ela adoeceu psiquicamente, e ao reconhecer esse seu adoecimento, se torna capaz de penetrar mais profundamente em sua dimensão interior e analisar-se de modo reflexivo, responsável e livre3.

Edith aprende com essa sua experiência, visto que a relata em seus escritos autobiográficos de 1933. Mas não só neles, pois quando se torna, entre 1928 e 1933, uma conferencista renomada, aborda esse tema da influência da cultura, especialmente da literatura, na formação dos jovens4. Desde abril de 1923, quando havia percebido que não conseguiria se tornar professora de filosofia em uma universidade por ser mulher, Edith passa a lecionar latim e literatura alemã no Colégio das irmãs dominicanas de Espira. Daí seu interesse pelas questões pedagógicas, que, para ela, não a distanciavam de sua formação filosófica fenomenológica. Veremos isso nos artigos seguintes.

Relato de Edith

Retomando o relato de Edith, ela explica o que aconteceu ao ler o romance de Harringa:

"Ele descrevia com as cores as mais nítidas a vida estudantil e seu
deserto de vínculos humanos, deserto este que inicia as pessoas
absurdamente no consumo de álcool e em outros descaminhos morais
daí resultantes. Aquilo me encheu de um desgosto tal, que não fiquei
bem por semanas. Perdera toda a confiança nos seres humanos que eu
cruzava a cada dia. Ia e vinha com a impressão de estar esmagada por
um peso enorme e não podia reencontrar a minha alegria" (EA, p. 269).

Interessante saber de que modo a sua depressão foi curada, pois esse fato nos mostra a influência, tanto negativa quanto positiva, da cultura5. Edith relata que foi curada da depressão, que tinha ocasionado um afastamento emocional até dos próprios amigos, quando ouviu, numa festa celebrada em sua cidade em honra do compositor Bach, uma cantata composta por ele a partir do mesmo hino de Lutero que curou o herói do romance. Ela readquire confiança em si mesma e no seu pequeno grupo de amigos.

"Foi então que o mal do século que eu sentia desapareceu de um só
golpe. Decerto é possível que o mundo seja mau, mas me dei conta de
que, se eu mesma e o pequeno grupo de amigos em quem eu podia
confiar empregássemos todas as nossas forças, então terminaríamos
com todos os "diabos"" (EA, p. 269).

O amor que Edith recebe de sua família e dos seus amigos falou mais forte. Lhe deu condições para enfrentar a própria depressão e voltar a acreditar na bondade, que também existe, junto com o mal, em todo ser humano.


Além disso, a postura de Edith nesse relato revela um outro elemento muito importante: apesar de sua origem judaica e mesmo vivenciando um período de forte agnosticismo, ela considera todas essas manifestações culturais, inclusive vinculadas à religião, como fazendo parte da cultura de um povo. Por isso, não podemos dizer que Edith vivenciou um "ateísmo", a partir de seus 14 anos, pois ela não considera a religião como um mal, combatendo-a. Ela apenas não reconhece nela um valor, uma justificação que pudesse ser universal, verdadeira. Assim, podemos chamá-la de "agnóstica", cuja palavra vem do grego: o prefixo "ag", significa "não", e "gnose" é "conhecimento". Se é agnóstico com relação a algo quando não se acredita em algo por não conseguir pensá-lo, conhecê-lo, compreendê-lo. Edith tinha conhecido, por meio de sua mãe, o Deus da tradição judaica, percebido como um Ser supremo e distante, que sequer pode ser nomeado. Coerente com o seu modo de ver o mundo, ela nega a existência desse Deus por não ser capaz de pensá-lo e reconhecê-lo enquanto tal. Acredito que, nesse estado, se encontram muitas pessoas com quem convivemos, e Edith pode nos ajudar, com sua vida e pensamento, a dialogar com eles e conduzi-los por um caminho mais verdadeiro e aberto, menos preconceituoso, com relação ao fenômeno religioso em geral.

Para conhecer mais sobre a vida de Edith Stein, entre no nosso site: http://edithstein.com.br.
Siga-nos em nossa página do Instagram: @edithstein.estudosintegradores

Em agosto estudaremos o fenômeno religioso em geral, em uma nova disciplina introdutória, para pessoas que não têm conhecimento prévio de filosofia e de fenomenologia. Se tiver interesse em conhecer nosso curso sobre Fenomenologia da Religião, entre em contato conosco pelo http://cursos.edithstein.com.br. Ou fale com a Michele pelo WhatsApp: (51) 99140-6725.

Referências:

1Adair Aparecida Sberga, em seu livro A formação da pessoa humana em Edith Stein: um percurso de conhecimento do núcleo interior. São Paulo: Paulus, 2014. (Coleção filosofia em questão), aborda esse tema e explicita como Edith refletiu e escreveu sobre esse processo de formação, que ela mesma vivenciou, de modo bem consciente, a partir de seus sete anos de idade.

2Edith Stein. Vida de uma família judia e outros escritos autobiográficos. Trad. Maria do Carmo Wollny e Renato Kirchner. Rev. Juvenal Savian Filho. São Paulo: Paulus, 2018. – Coleção Obras de Edith Stein. Esse texto será referido aqui por: EA (Escritos Autobiográficos),

3Se vivesse em nosso tempo, Edith Stein certamente refletiria sobre a influência das redes sociais na formação de nossas crianças e jovens. Pela internet, toda pessoa pode ter acesso imediato a qualquer tipo de informação, e por isso é preciso redobrar a atenção com relação a nossas crianças e jovens. Aprendemos com Edith que tudo que se passa no interior, da dimensão psíquica e nos sentimentos, acaba se manifestando na dimensão o corpo, como, por exemplo, uma diminuição da energia vital como um todo: do apetite, de horas de sono, do interesse pelas pessoas e coisas que se passam ao redor. Esse
tipo de atenção, podemos ter com nossos filhos, sobrinhos, netos, alunos etc., sem ter medo de estar sendo muito invasivos.

4Essas conferências de Edith Stein foram reunidas e publicadas em um livro chamado "A Mulher". Existe uma tradução brasileira: STEIN, Edith. A mulher – sua missão segundo a natureza e a graça. Trad. Alfred Keller. Bauru, SP: EDUSC, 1999. Nessas conferências Edith Stein não trata apenas de questões femininas, mas da formação dos jovens, em geral. Como em sua época a formação das mulheres era muito mais restrita, comparada a dos homens, ela enfatiza numa igualdade de condições para que todos possam se formar, sem deixar de respeitar a especificidade masculina e feminina, mas compreendendo que é apenas o indivíduo singular que deve ser formado, sempre em vistas do desenvolvimento de suas potencialidades própria, a sua "nota pessoas", como ela se refere. É realizando a própria essência, aquilo que se "sente" que se "deve ser", que as pessoas são capazes de se tornar indivíduos livres, responsáveis e felizes.

5Não podemos evitar que as crianças e jovens tenham contato com a cultura "liquida" que vivemos hoje em dia, mas podemos fortalecê-los e prepará-los para vive-la por meio dos vínculos afetivos com a família.



Maria Cecilia Isatto Parise

Maria Cecilia Isatto Parise. Casada há 30 anos e mãe de dois filhos. Mestra, pesquisadora, professora e conferencista em Edith Stein.
Site: edithstein.com.br
Instagram: Maria Cecilia Isatto Parise
Facebook: Chouette – Filosofia Comentada


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/o-papel-da-cultura-na-formacao-da-juventude/


5 de julho de 2021

Como não se abater pelas notícias e acontecimentos externos?


A notícia que tenho para dar a vocês é: dificilmente, você não irá se abater pelas notícias e acontecimentos externos. Sabe por quê? Porque estamos o tempo todo absorvendo e construindo cognições. Isso mesmo! Cognição é a capacidade que temos de assimilar o mundo, de colocar para dentro, de algum modo, o que experimentamos no mundo. Sendo assim, tudo o que você tem contato, gerará algo dentro de você, uma lembrança, uma ideia, um conceito… E, assim, vamos construindo conhecimento.

A única forma de nos privar deste relacionamento com as más notícias seria nos privando delas. O que, honestamente, para algumas pessoas, é extremamente necessário. Podemos pensar neste tempo de pandemia, por exemplo, muitas pessoas adoeceram devido ao intenso fluxo de informações trágicas, ruins que recebemos. E, nesses casos, onde a pessoa já estava em um quadro depressivo, ansioso ou desenvolveu algum deles devido à pandemia, a melhor opção seria se abster totalmente dos jornais, notícias, vídeos polêmicos ou grupos de conversa que só tratavam desse assunto. Essa exclusão seria uma medida de tratamento, em busca de uma saúde mental perdida.

Como não se abater pelas notícias e acontecimentos externos?

Foto ilustrativa: fizkes by Getty Images

Como lidar com as notícias ruins?

No entanto, para aqueles que não estão adoecidos, existe uma forma de se relacionar com tais notícias ruins. Sabe como? Aprendendo a olhar para os fatos de forma realista e aceitando as próprias limitações. Aqui podemos abrir inúmeras discussões, seja sobre até onde aceitar ou seja sobre saber que a vida acontece, mesmo contra a minha vontade, pois não tenho domínio de todas as coisas. Isto, sem falar da verdade, uma vez que verdade é verdade e pronto! Não existe um ponto de vista, as coisas são e pronto.


Por isso, jogar à luz da verdade nos orienta. Pois, diante dela, não restam dúvidas, apenas uma adaptação nossa para viver a verdade. E, uma vez que se depara com uma realidade trágica, dura, difícil, nos cabe racionalizar para não nos perdermos em nossas emoções desordenadas. Sim! Muitas vezes, o que dificulta a nossa relação com essa realidade dura é o deixar se envolver e olhar apenas para o que se sente e não para o que é. Separar o real do imaginário, a emoção da razão nos orientará e auxiliará a viver melhor a realidade, pois, por mais que se deseje, não vivemos em um conto de fadas, a vida não acontece em um "Era uma vez", mas na verdade que se apresenta diariamente diante dos teus olhos.



Aline Rodrigues

Aline Rodrigues é missionária da Comunidade Canção Nova, no modo segundo elo. É psicóloga desde 2005, com especializações na área clínica e empresarial e pós-graduada em Terapia Cognitiva Comportamental. Possui experiência profissional tanto em atendimento clínico, quanto empresarial e docência. Autora do livro "Conversando sobre ansiedade: aprenda a vencer os seus limites", pela Editora Canção Nova. Instagram: @alinerodrigues.ss


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/como-nao-se-abater-pelas-noticias-e-acontecimentos-externos/


2 de julho de 2021

Existe o verdadeiro amor?


Muitas vezes, nós nos esquecemos de algumas verdades que são básicas em nossa vida, por isso sofremos ou vivemos procurando a felicidade onde ela não existe. Uma destas verdades deveria estar bem clara em nosso coração: Deus é amor. Sim, Deus é amor e nos ama, nos quer felizes, nos quer realizados. Não nascemos para viver sofrendo ou viver com um mínimo de felicidade. NÃO! Nascemos para muito mais, nascemos para o céu, nascemos para amar e ser amados com o verdadeiro amor.

Podemos ter sofrimentos no nosso caminho, mas não nascemos para caminhar apenas sofrendo. Lembre-se: Tudo que é bom vem de Deus, e Ele é inacessível ao mal (Tia 1, 13-17). Quando nos lembramos desta verdade e a assumimos em nossa vida, passamos a dar o primeiro passo rumo à nossa realização pessoal.

Existe o verdadeiro amor

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A busca pelo verdadeiro amor têm levado muitos a se perder no meio do caminho

Infelizmente, a busca pelo verdadeiro amor têm levado muitos a se perder no meio do caminho e a dúvida passa a ser: Existe realmente o verdadeiro amor? Diante do questionamento, muitos se envolvem em relacionamentos nem sempre felizes, e as marcas da desilusão começam a abafar uma certeza que antes era real.

Em meio ao desespero, muitos casamentos são feitos com base não no verdadeiro amor, mas em diversos fatores como o medo da solidão, fuga da família, interesses físicos ou financeiros; chega-se ao ponto de muitas mulheres preferirem ser a outra para não ficarem sozinhas. Esta carência leva, inclusive, a envolvimentos entre pessoas do mesmo sexo ou práticas egoístas visando o prazer próprio ou até privando o direito à vida de alguém que acaba não podendo nascer. Os preciosos filhos de Deus estão sofrendo em função do imenso desejo de serem amados.

Tudo isso ocorre porque, atualmente, vemos um conceito totalmente errado do que seja o amor sendo difundido pela televisão, pelas músicas e redes sociais, pelos livros e comportamentos; enfim, tudo parece querer oferecer uma solução para o grande mal do século, que é a solidão.


O verdadeiro amor exige sacrifícios

Solução que sempre se apresenta de maneira fácil, simples, rápida e sem consequências. No entanto, basta olharmos em volta para perceber que o amor atualmente espalhado nos ares não está levando à felicidade, ao contrário, tem gerado sofrimento, desespero e, muitas vezes, até a morte.
Este é um amor deturpado, difundido através de uma verdadeira cultura da morte.

É por isso que a busca pelo verdadeiro amor exige sacrifícios, renúncias e muita força de vontade para viver valores como a castidade, a obediência, a paciência, a espera e a santidade. Valores tão menosprezados pelo mundo de hoje, mas tão necessários para vencer as tentações e realmente sermos felizes.

Não podemos nos esquecer de que o verdadeiro amor EXISTE e vem de Deus. Somente este poderá preencher todas as nossas carências. Só o amor de Deus nos poderá oferecer a paciência ou o consolo necessários à espera. Só o amor de Deus…

Marcos e Susy 


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/existe-o-verdadeiro-amor/


30 de junho de 2021

Rezar em línguas é avançar na fé


O remédio para a tentação de parar de rezar e para tantas outras questões é a fé. Se – e apenas "se" – permitirmos, os problemas e as dificuldades poderão abalar a nossa paz e ameaçar-nos com a sombra da derrota.

Pedras esperam por você durante todo o trajeto. Chute-as para fora do caminho se forem pequenas; sente-se sobre elas e espere, se forem grandes, até que se manifeste o auxílio divino e lhe sejam multiplicadas as forças da alma para removê-las.

A tentação não esqueceu você, nem cansou de arquitetar planos e de realizar investidas para o enganar, seduzir e destruir. Ela tenta vencê-lo pelo cansaço, colocando uma armadilha em cada esquina da sua vida. É importante parar um pouco, fazer os cálculos e verificar se você continua operante e em condições de travar combate. Note se há forças e armas corretas para lutar. Veja como está a sua .

Rezar em línguas é avançar na fé

Foto ilustrativa: Delmaine Donson by Getty Images

A importância de rezar em línguas

A fé é aquela carta na manga, a arma secreta guardada para o momento-chave. Ao utilizar esse trunfo no momento exato, qualquer um pode chegar à vitória. Basta querer. Não importa o tamanho do problema, nem a força do seu mal, desde que se tenha a coragem de expor o coração e mantê-lo no alto, bem acima da dúvida, diante dos olhos de Deus. É como rezamos na missa: "Corações ao alto!".

A fé pode mudar nossa vida em qualquer momento, já que o Senhor é poderoso para transformar  qualquer derrota na mais esperada vitória. A fé anula a força do inimigo. Quando o diabo encontra uma pessoa que crê, ele dá um passo para trás antes de bater em retirada.

Quem crê não recua: avança sempre, na certeza de que Deus está no controle de tudo. Rezar em línguas é avançar na fé. Se não acreditarmos que Deus nos ama e está agindo em nosso favor, se não acreditarmos que Jesus vive e derrama o seu Espírito Santo sobre nosso coração com todos os seus dons, será que teremos coragem de pronunciar esses gemidos inefáveis? A oração em línguas pode parecer loucura para os homens cultos deste mundo, mas é sabedoria para Deus.


O que são esses gemidos inefáveis?

"Considerei a aflição do meu povo […], ouvi os seus gemidos e desci para livrá-los" (At 7, 34).

Há momentos em que não conseguimos dizer com palavras o que sentimos. Quando a dor é muito grande ou a alegria é imensa, não encontramos um modo adequado de expressar o que se passa em nossa alma. Então, acabamos por chorar, cantar, gritar, rir, gemer, para o coração não explodir.

Deus sempre vê quando choramos e quando o coração se rasga num gemido. Ele se apressa em socorrer, porque não se compraz com nossa perda e nosso sofrimento. Deus não quer ver a nossa ruína: após a tempestade, ele manda a bonança; depois das lágrimas e dos gemidos, ele derrama a alegria (cf. Tb 3,22). Muitas vezes, as lágrimas são um verdadeiro dom de Deus, por se tratar de lágrimas de penitência, de contrição, de arrependimento. Às vezes, são lágrimas de uma emoção que demonstra profundo amor por Deus e pelos irmãos; nesse caso, são também uma linguagem que vai além das palavras e, nesse sentido, se parecem com o falar ou com o orar em línguas.

O dom de línguas nasceu com a Igreja e da promessa de Jesus: "Estes milagres acompanharão os que crerem […] falarão novas línguas" (Mc 16,17). Por volta do século IV, São João Crisóstomo pensava que certos carismas, apesar de terem sido úteis no começo da Igreja, já não eram necessários, razão pela qual haviam desaparecido. O fato, porém, é que os dons extraordinários do Espírito Santo, os carismas, nunca cessaram totalmente. Os testemunhos são raros, talvez por fazerem parte da oração íntima de muitos santos, mas eles existem.

Santa Teresa d'Ávila, quando escreve sobre a alma que recebe graças extraordinárias de Deus, afirma: "Dizem-se muitas palavras em louvor de Deus, sem ordem, e, se o próprio Senhor não as ordena, pelo menos o entendimento de nada vale aqui. Quisera a alma erguer a voz em louvores; esta que não cabe em si, num delicioso desassossego. […] Oh! Valha-me Deus, como fica uma alma quando está assim! Toda ela quisera ser línguas para louvar o Senhor. Diz mil desatinos santos […]" (Livro da Vida, cap. 16).

Se por um lado o nosso coração tem um gemido que Deus não deixa de ouvir, por outro o Espírito Santo tem os seus próprios gemidos com os quais intercede por nós. Aquele que falou ao coração dos profetas fala, hoje, ao nosso coração: "Porei minhas palavras em sua boca" (Dt 18,18). Se Deus é por nós, quem será contra nós?

Em nossa fraqueza, apenas gememos, mas gememos pelo poder de Deus. E o Senhor que nos ouve responde: "Por causa da aflição dos humildes e dos gemidos dos pobres, levantar-me-ei para lhes
dar a salvação que desejam" (Sl 11,6). Se você tem sofrido e confiado em Deus, uma coisa é certa: Ele
vai atender você!

Trecho extraído do livro "A oração em línguas", de Márcio Mendes



Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros publicados pela Editora Canção Nova, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/rezar-em-linguas-e-avancar-na-fe/


28 de junho de 2021

O cérebro pode nos enganar


Se fôssemos contar a história de nossa vida, muitos seriam os fatos relatados, mas nosso cérebro pode criar armadilhas e esconder cenas, principalmente diante de situações que nos fizeram sofrer. Se isso acontece, a realidade é distorcida e ficamos só com o que queremos ver.

O quanto nossas feridas podem bloquear memórias positivas do nosso cérebro? A resposta para essa pergunta é: podem bloquear muito e, em muitos casos, tudo.

Vários estudos da neurociência têm mostrado o quanto nossas dores emocionais e nossos traumas causam também modificações no funcionamento do nosso cérebro. São como feridas, o que nos faz compreender melhor o próprio significado da palavra trauma. Em grego, ela quer dizer exatamente isso: ferida.

O cérebro pode nos enganar

Foto ilustrativa: Prostock-Studio by Getty Images

Como o cérebro funciona

Em meu livro 'A cura dos sentimentos em mim e no mundo', explico que um trauma é uma experiência armazenada no cérebro de maneira inadequada, uma "forma errada da memória". Se pedirmos a um paciente que recorde de uma situação que o fez sofrer e, ao mesmo tempo, monitorarmos o funcionamento cerebral por meio de ressonância magnética funcional, observaremos que há maior atividade no hemisfério direito do cérebro; em contrapartida, parte do córtex pré-frontal fica sem ativação.

Considerando que o lado direito do cérebro é nosso cérebro emocional, e o córtex pré-frontal é o cérebro racional, poderíamos pensar que, diante de um trauma ou da lembrança de um trauma, ficamos "burros"; não pensamos, apenas sentimos.

Outros estudos sobre depressão, por exemplo, pontuam alterações no córtex orbitofrontal lateral, que atua no sistema de recompensa, gerando uma sensação de perda e decepção constante. Essa região também é responsável pelo senso de si mesmo, que interfere diretamente na autoestima – logo, uma pessoa, mesmo sendo muito bonita, não se vê assim. Esse é apenas um exemplo, a partir do qual podemos constatar que uma pessoa deprimida não vê a verdade sobre si mesma.

Imagine, então, o quanto o trauma pode cegar a visão que temos da pessoa que nos machucou! E se não somos  sequer capazes de enxergar a verdade sobre nós mesmos, tampouco veremos a verdade sobre o outro. Passamos a viver uma grande mentira, pois o cérebro traumatizado bloqueia as memórias positivas. Sim! O cérebro é capaz de esconder as memórias positivas e ficar "agarrado" apenas à memória traumática.

Diante da dor, você pode pensar que seu pai é um monstro, mas será que é essa a verdade? Como saber?

Nossa criança interior tem respostas

Gosto muito do filme de animação Divertida Mente (Inside out, 2015). Os responsáveis pelo roteiro entendem de emoção, de Psicologia e de como isso funciona no nosso  cérebro. Nesse filme, Riley, uma menina alegre de onze anos, enfrenta reviravoltas em sua vida quando sua família precisa deixar sua pequena cidade natal para viver em São Francisco. O roteiro do filme mostra, de uma forma lúdica, porém, muito assertiva, como nosso cérebro lida com as diferentes emoções. A personagem Alegria, que vive dentro do cérebro de Riley, tenta fazer de tudo para a menina reagir, mas a Raiva e, principalmente, a Tristeza aos poucos entram em ação no cérebro da menina. Na medida em que as emoções negativas ganham força, as lembranças positivas – representadas por esferas de memória – vão perdendo o brilho, desbotando e, por fim, se escondendo no fundo do cérebro.

É assim também na vida real. Temos a capacidade de esconder memórias positivas e potencializar somente as negativas. Assim, conseguimos "esquecer" de tudo o que era bom.

Por exemplo, digamos que você tenha um problema com seu pai ou com seu cônjuge. Se você está com raiva, ou magoado com a situação, quando olha para essa pessoa, enxerga apenas as memórias negativas, esquecendo-se, portanto, das passagens positivas. Passa-se, assim, a ver aquela pessoa pela metade, pois ninguém é só mau. E a verdade de sua história se transforma em uma mentira, pois foi contaminada pelas cenas negativas. Assim, você recorda apenas as coisas ruins que essa pessoa lhe fez, confundindo sua própria verdade e pensando que aquela pessoa é somente má. Nosso cérebro pode, muito facilmente, nos enganar.

Como conseguirei olhar para essa pessoa com amor novamente? Quando eu conseguir trazer de volta à superfície as memórias positivas que estavam bloqueadas no cérebro.


Relato

Lembro-me de um jovem que, na primeira sessão terapêutica, falava de seu pai com muita mágoa e raiva. Citou  várias cenas em que ele estava bêbado. Dizia que o pai era um fraco, que quem dava conta de tudo era a mãe, que ele fora ausente na criação dos filhos; enfim, um "zé-ninguém".

Leia, na carta que ele escreveu, as consequências desse relacionamento:

Andei por caminhos que não queria andar, caminhos que julgava serem corretos. Tentei preencher o vazio com vazio. Sou muito julgado pelas coisas que faço, pela maneira como vivo minha vida, por ser uma pessoa complicada, de difícil convivência, até mesmo o mau tratamento com as pessoas que mais amo…

Só que é muito difícil para as pessoas entenderem a minha pessoa, porque nunca ninguém se interessou em saber o que se passa em meu coração. Hoje, neste momento, resolvi colocar isso para fora. Sou uma pessoa que se sente muito solitária; mesmo  estando rodeado de pessoas, me sinto muito sozinho. Assim, me fechei em meu mundo. Queria cada vez mais me fechar nesse mundinho e não contar com ninguém pra nada, pois sinto que tudo é muito artificial.

Se teve uma pessoa que me entendia, que se preocupava comigo, era minha namorada, que acabou por terminar comigo. Era ela quem supria minhas necessidades e superava minhas expectativas… Nunca ninguém me perguntou se sofri com essa história, com essa separação. Quantas vezes me pegava sozinho, chorando a falta de um grande amor.

Às vezes acho que, para minha vida andar, dependo de alguma coisa que está guardada dentro de um cofre, mas a chave e o segredo foram enterrados junto com meu pai no dia em que ele morreu.

Mas eu tenho uma companheira que nunca se afastou de mim, e nem eu sei se seria capaz de me afastar dela. Ela me entende sem fazer nenhum esforço, faz-me sentir outra pessoa, me dá forças para  prosseguir, me deixa mais esperto em relação a tudo. Me sinto até mais inteligente quando estou com ela. E o melhor, ela nunca me questiona, nem me julga, nem me dá tapa na cara. Pena que não é sempre que ela pode estar comigo, pois há muita gente que a odeia. Acham que ela só me faz sofrer, mas pelo contrário: é ela que me  faz feliz, mesmo que de mentira. Minha companheira é a maconha.

Talvez, ao ler esse relato, possamos errar ao julgar o pai como culpado de tudo. Essa é a história que o filho conta, mas isso não significa que ela seja verdadeira. No meio de uma sessão, quando ele menos esperava, o cérebro dele, ao ser desbloqueado com o uso de técnicas, recordou-se de uma vez em que o pai, que havia bebido na noite anterior, acorda, vai à cozinha em direção ao filho – que na época tinha apenas dois anos de idade – e a mãe, com muita raiva, diz: "Que papelão! Que vergonha, o que você fez ontem…".

Nesse momento, em vez de aceitar o colo que seu pai queria dar, o menino se vira de costas para ele, rejeitando-o, e vai em direção ao colo da mãe.

Sentir-se inteiro

Esse jovem, ao recordar dessa cena, começa a chorar compulsivamente, reconhecendo que quem não amou naquele momento foi ele. O pai buscava amá-lo. Dali adiante, inúmeras lembranças positivas, antes "enterradas", vieram à tona. Havia muito mais lembranças positivas do que negativas. Esse pai era bom; porém, rejeitado por todos daquela família, morreu muito jovem e sozinho.

Foi muito sofrido para esse paciente ver a realidade, mas era a metade que lhe faltava para que pudesse sentir-se inteiro. Assim, não precisa mais das drogas para tapar o vazio. Ele passa a acolher todas as coisas positivas que vinham desse pai, e que antes ele rejeitava. Agora ele se sente inteiro, e não precisa mais das drogas para preencher a metade que lhe faltava.

E quanto à sua história de dor? É plenamente verdadeira?

Trecho extraído do livro "Vencendo Os Traumas que nos Prendem", de Adriana Potexki.



Adriana Potexki

Adriana Potexki é escritora e autora dos livros 'A cura dos sentimentos em mim e no mundo' e 'A cura dos sentimentos nos pequeninos'. Com formação em Psicologia, ela é terapeuta certificada pelo EMDR Institute, palestrante internacional e blogueira do site 'Sempre Família', do Grupo GRPCom. Autora do livro "Vencendo os traumas que nos prendem" , pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-cerebro-pode-nos-enganar/


25 de junho de 2021

Aprenda a reconhecer os pequenos milagres


Esses dias, deparei-me com a passagem do Evangelho de João, capítulo 11, que narra a Ressurreição de Lázaro, e fiquei encantada com o que ela despertou em mim. Diz a Palavra que Jesus era amigo de Lázaro e de suas irmãs Marta e Maria, mas, ao ser avisado da doença do amigo, demorou-se ainda dois dias no mesmo lugar em vez de ir socorrê-lo. Compreendi, nesse fato, que Jesus não se deixava levar pelos sentimentos, mas tinha como meta fazer a vontade do Pai, a qual, pelo visto, naquele momento, era que Ele continuasse pregando o Evangelho em Jerusalém por mais dois dias. Como a viagem até Betânia era longa, chegou à casa do amigo quatro dias depois de seu sepultamento. Aos olhos humanos, um quadro angustiante, não acha? Marta chorando de um lado, Maria do outro, e a casa cheia de judeus que tinham vindo apresentar condolências à família. Era uma situação tão crítica, que diz a Palavra: "Jesus pôs-se a chorar". Diga-se de passagem, é a única vez que a Bíblia narra o choro de Jesus.

Bom, mas aí vem o mais importante, como o próprio Jesus declarou: "… esta enfermidade tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o filho de Deus" (Jo 11,4).

Aprenda a reconhecer os pequenos milagres

Foto Ilustrativa: by Getty Images /zeynep boğoçlu

Realmente foi o que aconteceu: a morte e a ressurreição de Lázaro glorificou tanto a Deus, que despertou ainda mais a ira dos fariseus, que procuraram, a partir disso, matar não somente Jesus, mas também Lázaro, por causa do número de pessoas que, atraídos por sua vida nova, vinham ao seu encontro e acabavam seguindo seu Mestre e amigo. Imagina o quanto a amizade entre Jesus, Lázaro, Marta e Maria deve ter crescido depois desse fato! Foi, sem dúvida, um dos maiores milagres narrados na Bíblia.

Valorize os pequenos milagres da sua vida

Agora, uno minha reflexão à do padre Léo, quando ele nos chama a atenção, em seu livro 'Experienciai Milagres', para percebermos e valorizarmos os milagres que acontecem todos os dias, mas não os valorizamos; às vezes, nem os percebemos. É, realmente, oportuno nos perguntarmos: "Será que alguma coisa só é milagre quando vem precedida de uma desgraça? Será que só valorizamos a saúde depois que aparece a doença? Se andar depois de se ter ficado paralítico é um milagre, por que não consideramos um milagre o fato de podermos andar, pular e correr todos os dias?".

Parece que é até natural ao homem valorizar mais as coisas e as pessoas depois que as perde. Geralmente, os momentos de maior elogios e boa fama são concedidos às pessoas depois de sua morte. Isso não faz sentido. Uma simples flor dada com carinho em vida vale mais que grandes coroas de flores enviadas durante o velório.


Deus está presente

Com isso tudo, Deus me chama a atenção para eu valorizar, hoje, a vida que tenho, a saúde, o trabalho, as pessoas que, de uma forma ou outra, são parte de minha história. Costumo sempre dizer para as pessoas o que elas representam para mim, mas pretendo investir mais nisso!

Se você quiser, faça o mesmo. Não espere acontecer uma tragédia para perceber o milagre que está ao seu lado. Valorize cada ação, cada fato, cada pessoa. Valorize sua vida, pois ela é o maior milagre de Deus. E como Jesus disse a Lázaro, ouso dizer-lhe, hoje, em nome de Jesus: "Vem para fora!". Feliz vida nova!



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às sextas-feiras, está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 18h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/aprenda-a-reconhecer-os-pequenos-milagres/


23 de junho de 2021

A oração perpétua do coração


Caro leitor, um dos versículos mais inspiradores das Sagradas Escrituras pode ser encontrado no livro dos cânticos do rei Salomão (Cântico dos Cânticos). Eis a passagem: "Eu dormia, mas meu coração velava" (Ct 5,2).

Que versículo estupendo! Ele nos apresenta a grande alegria e vigilância que podem existir em um coração que ama apaixonadamente e que, por sua vez, aguarda expectante a presença do amado que se aproxima. Qualquer pequeno barulho na fechadura da porta, o mais ínfimo movimento no ponteiro do relógio que parece estar mais lento e, é claro, aquele especial e tão desejado perfume que se apresenta no ar antes mesmo da chegada do amado, despertam naquele que ama a mais solene expectativa. Somente um coração enamorado sabe o que isso significa.

A oração perpétua do coração

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O nosso coração é casa do Senhor

A linguagem é romantizada, porém, a mensagem é de uma agudeza impressionante! Neste maravilhoso cenário, o amor abrasado da amada pode ser comparado à nossa oração; a casa em que ela se encontra à espera do amado é o nosso coração; a amada somos cada um de nós, e o amado é o próprio Deus.

Santo Afonso Maria de Ligório na sua obra "A Verdadeira Esposa de Cristo" afirma que "o primeiro meio para amar a Jesus Cristo é a oração". Ela, segundo o santo, é a "ditosa fornalha em que a alma se abrasa do divino amor". Assim, quem não cessa de rezar jamais terá extinguida a chama do amor por Deus em seu interior. Ela será uma permanente companhia daquele que reza.

Você sabe reconhecer a voz de Deus?

A casa, como já foi mencionado, é o nosso coração. Do seu interior deve ressoar uma voz tranquila e perpétua. Essa voz jamais deve cessar. Quando o amado estiver passando pela casa, ele a ouvirá e, ao reconhecer a voz suave de sua amada, quererá entrar para vê-la.


Esta mesma voz, por outro lado, afugenta os ladrões porque denota a presença de alguém bem desperto dentro da casa. Um dos padres antigos já nos alertou que quando ladrões se aproximam de uma casa para arrombá-la e roubá-la, mas ouvem alguém falar do lado de dentro, não tentam entrar. Da mesma forma, quando nossos inimigos tentam invadir a alma e possuí-la, ficam à espreita, mas têm medo de entrar quando ouvem aquela prece que vem lá do seu interior. A prece denota presença, uma sublime presença.

A oração é o caminho

Quem reza sem cessar, ainda que o corpo passe pelo descanso e pelo sono, experimenta um coração em constante estado de vigília. Velar implica uma contínua lembrança de Deus em todo tempo e em qualquer situação. Lembrar-se de Deus ao longo do dia, em meio às tristezas e alegrias, torna-O perto, muito perto. Recordar-se de Deus também é oração e quem muito reza, muito ama; e quem muito ama jamais abandona a oração.

Sejamos, portanto, sempre vigilantes, e jamais deixemos morrer a prece interior, mesmo que silenciosa.

Deus abençoe você e até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/oracao-perpetua-coracao/