21 de junho de 2021

A gente só precisa de coisas simples para ser feliz


Você já se deu conta de que só precisamos de coisas simples para ser feliz? Por muitas vezes, achamos que para sermos felizes precisamos que aconteçam coisas grandiosas, extraordinárias, que se realizem todos os nossos maiores sonhos. Mas tenho compreendido e aprendido que são coisas simples que têm a capacidade de trazer a felicidade para a nossa vida.

Um sorriso de uma criança ou um abraço de uma pessoa querida, um olhar de um amigo, a paz que vem na oração, uma gargalhada inesperada, a companhia de uma pessoa amada, a consciência tranquila, a alegria de ter feito o bem ao outro, o sol que aquece nosso rosto no inverno, o vento que refresca no verão, a beleza ou cheiro da rosa, uma mensagem de uma pessoa querida.

A gente só precisa de coisas simples para ser feliz

Foto Ilustrativa: by Getty Images / Dmytro Buianskyi

Precisamos treinar nosso olhar para sermos felizes?

São coisas tão simples, tão cotidianas, que é preciso treinar o olhar, o coração para ver a beleza dessas coisas simples, e não permitir que elas passem despercebidas na correria do nosso dia a dia.

Quando treinamos o nosso coração a ver o Belo, que é o próprio Deus, nas coisas simples, descobrimos que a felicidade está ao nosso lado sempre, que não precisamos correr atrás dela, só precisamos abrir nossos braços, olhos, coração e abraçá-la.




Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). Membro da Comunidade Canção Nova, desde o ano de 2009, a missionária é graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido. Instagram: @regianecn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/gente-precisa-de-coisas-simples-para-ser-feliz/


18 de junho de 2021

É preciso saber diferenciar liberdade de libertinagem


A maior aspiração do ser humano é a liberdade seguida de felicidade. E isso é consequência natural de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus (cf. Gen 1,26), para participar de sua vida bem-aventurada. Deus pôs em nós uma sede infinita, a fim de que somente n'Ele ela pudesse ser saciada.

Santo Agostinho (354-430), depois de buscar a felicidade nos prazeres do mundo, na retórica e oratória, no maniqueísmo e em tantas outras estripulias, somente saciou seu coração quando encontrou o Evangelho. Mais adiante, lamentou ter demorado tanto para ter descoberto a verdadeira fonte da felicidade: "Ó Jesus Cristo, amável Senhor, por que, em toda a minha vida amei, por que desejei outra coisa senão Vós?".

O Criador não quis para nós uma felicidade pequena, essa que se encontra entre as coisas do mundo: o prazer dos sentidos, o delírio das riquezas ou o fascínio do poder e do prestígio. Tudo isso é ilusão porque o que está abaixo de nós não pode satisfazer nossa alma. Isso é muito pouco para nós! Deus quis que a nossa felicidade fosse muito maior, quis que nossa felicidade fosse Ele próprio. Esse é um grande ato de amor do Pai para conosco. O Pai sempre quer o melhor para o filho.

É preciso saber diferenciar liberdade de libertinagem

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Liberdade ou libertinagem?

É preciso distinguir entre liberdade e libertinagem, entre ser livre e ser libertino. Liberdade, sem compromisso com a verdade e com a responsabilidade, torna-se libertinagem; e essa jamais poderá gerar felicidade, já que vai desembocar no pecado. E "o salário do pecado é a morte" (Rom 6,23).

Ser livre não é fazer tudo o que se quer. Não! Muitas vezes, isso é loucura. A verdade é o trilho da verdadeira liberdade, e essa, sem verdade, é loucura. Será liberdade assegurar que dois mais dois são cinco? Será liberdade desrespeitar o manual do seu aparelho de TV e, em vez de ligá-lo em uma tomada de 127 volts, como alerta o manual, você teimar em ligá-lo em outra de 220 volts?

Será liberdade, por exemplo, usar drogas para se sentir livre, mesmo destruindo a vida?

Da mesma forma, será liberdade usar o sexo sem o compromisso do casamento apenas por prazer, mesmo sabendo que ele poderá gerar uma gravidez despreparada, um aborto, um adultério? Não! Tudo isso não é liberdade, mas sim loucura!

A liberdade é alicerçada na responsabilidade

Liberdade não pode ser confundida com libertinagem. Posso dar socos no ar à vontade, mas sem atingir o nariz do meu irmão. Pregar a liberdade de expressão, sem respeitar os direitos dos outros, equivale à perversão intelectual e a volta à barbárie.

A liberdade de expressão não dá o direito a alguém de ofender ou ridicularizar o pai ou a mãe dos outros. Defender a liberdade absoluta de expressão é, muitas vezes, uma forma de corporativismo doentio, de uma mídia, às vezes, mal formada, sem princípios éticos, que mascara a truculência e o arbítrio, e se esconde atrás de uma interpretação maldosa da lei.

A liberdade, que faz a felicidade, é alicerçada na verdade e na responsabilidade. Fora disso é loucura, libertinagem, irresponsabilidade, é pecado que vai gerar a dor, sofrimento e lágrimas. Não queira experimentá-la. É muito melhor aprender com o erro dos outros. Abra os olhos e tenha coragem de ver!

Ser livre ou ser libertino?

Experimente, hoje, dar a um jovem tudo o que ele quiser: dinheiro à vontade, prazer até não poder mais, curtição de toda natureza, e você verá que a sua fome de felicidade continuará insaciada. Não fosse isso verdade, não teríamos tantos jovens de famílias ricas, mas delinquentes, envolvidos com drogas, crimes etc. Por outro lado, vá a um mosteiro e pergunte a um monge, que abdicou de todos os prazeres do corpo e do espírito, para abraçar somente a Deus, se lhe falta algo para ser feliz. A resposta será não! Nada lhe falta para ser feliz.


A liberdade só atinge a perfeição quando está ordenada para Deus, seu bem último. Quanto mais praticar o bem e a virtude, tanto mais livre a pessoa será. Enquanto as paixões nos dominarem, não seremos livres nem felizes. Enquanto o espírito do homem for escravo da sua carne e da sua sensibilidade, esse ainda não será livre, e ainda viverá se arrastando pela vida.

"Não vos conformeis com este mundo"

No tempo de Carnaval, parece que se oficializou a prática do pecado, a liberação de todo vício e de todos os mais baixos instintos. Pobre criatura humana ferida pelo pecado original! Mergulha na lama mais fétida, achando que sairá dela perfumada.

O pior de tudo é quando as autoridades constituídas, que deveriam primar pelo bom senso, pelo pudor, equilíbrio entre outros, agem ao contrário disso e fomentam a imoralidade e a depravação, distribuindo fartamente a camisinha e a pílula do dia seguinte, para que haja "sexo seguro".

O cristão que vive segundo a lei de Cristo sabe que tudo isso é mau e aumenta o sofrimento e a escravidão da pessoa; por isso, não compactua com essa situação.

"Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito" (Rm 12,2).



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/e-preciso-saber-diferenciar-liberdade-e-libertinagem/


16 de junho de 2021

A vocação nasce do encontro


Por que Saulo (Paulo) perseguia a Igreja? Pergunta que nos interroga, sensibiliza e abre uma grande lacuna. Por que Deus escolheu um perseguidor? Tanta gente boa! Contudo, vamos conhecer primeiro Saulo para podermos entender o porquê da pergunta. Saulo, natural de Tarso da Cilícia, filho da tribo de Benjamim, a mesma do rei David, era filho de comerciantes ricos, cidadão romano, ligado à seita dos fariseus, aluno do glorioso rabino Gamaliel, zeloso defensor da Torá. Ele era fariseu, filho de fariseu.

Israelita orgulhoso, alma de fogo e coração íntegro, ainda jovem, era conhecido apenas por seu nome judeu de Saulo. Impulsionado pelo entusiasmo impetuoso da mocidade, abrasado em ânsias de proselitismo próprio do judeu, julgou que tinha missão religiosa para cumprir: combater o Cristianismo até destruí-lo. Por considerá-lo uma traição ao Judaísmo, perseguia os seguidores de Cristo porque eles tinham abandonado a lei mosaica para seguir um tal de Jesus, sobre o qual um monte de fanáticos cristãos pregavam e diziam ter ressuscitado dos mortos.

Ele, como um bom judeu, intelectual e fiel à lei, precisava fazer alguma coisa para acabar com aqueles que estavam destruindo o Judaísmo. Quando Paulo se dirigia pelo caminho a Damasco, seu coração estava cheio de agressividade contra os cristãos, não porque fosse um homem mau, mas por ser fiel às tradições nas quais havia sido formado. Estava cheio de agressividade, pois se sentia ameaçado por essa nova fé que se opunha às suas tradições mais caras. Era pelo amor de Deus que perseguia os inovadores.

A vocação nasce do encontro

Foto llustrativa: Anastasiia Stiahailo by Getty Images

A experiência do encontro entre Paulo e Cristo

Um belo exemplo de experiência de Deus é a do Apóstolo Paulo. O que lhe acontece no caminho de Damasco foi certamente uma experiência de ponta, marcante e indelével. Esse foi um momento muito importante em sua vida. Mas ele esteve certamente também intensamente unido ao Cristo durante todos os anos seguintes de sua vida e não apenas nesse momento particular.

Essa experiência era para Paulo, unicamente para ele. Naquele momento, Jesus o queria, o Senhor se apossou da vida dele, mas sem tirar sua liberdade. Então, Paulo passou a pertencer unicamente a seu Senhor, pelo qual foi convocado. Agora, sua vida se resumia à obediência ao seu Senhor.

Deus foi absolutamente livre no chamado de Paulo, nada foi lhe imposto, sendo ele livre para dar uma resposta responsável ao Altíssimo. O Senhor, quando o chamou, pôs em seu coração a capacidade de resposta, não o amarrou nem o obrigou a nada, mas lhe deu condições de decidir e corresponder ao dom recebido. Deus abriu-se a Paulo em uma condição de diálogo, algo pessoal e íntimo.

O chamado é iniciativa do Pai e a resposta precisa ser livre

O apóstolo dos gentios passou por uma transformação histórica e interior, tornou-se uma nova criatura, porque Deus lhe concedeu o dom da fé e da esperança. Por intermédio de Cristo, ele recebeu de Deus a vida nova.

O chamado é uma pura iniciativa do Pai. Ele, quando vocaciona alguém, já tem um projeto para a vida de quem responde o 'sim', não como uma predestinação, mas como uma resposta de amor. Ninguém veio do ocaso, nem para ficar solto no mundo; todos viemos para livremente dar uma resposta ao projeto de Deus único e irrepetível. Dizer 'sim' é tornar-se um canal de graça para os outros e para o mundo. Nesse sentido, participamos do plano do Pai.


Seguimento de Cristo

O seguimento a Deus é apenas uma "gratidão" espiritual. Acima de tudo, foi Ele quem possibilitou ao homem participar da existência que pertence somente a Ele.

Seguir o Senhor deve ser a expressão máxima da alegria de todo ser humano; deve exalar o perfume de Cristo. Toda vocação deve tornar-se atraente, deve provocar nas pessoas um encontro com Deus, transformar o mundo e os corações.

Por isso, uma vez vivendo e experimentando o amor vocacional, o chamado de Deus não deve ser vivido de forma frustrante, deixando a vocação tornar-se velha; esta deve ser sempre nova, apresentar a cada dia a novidade do Espírito Santo. Os outros precisam ficar fascinados com o efeito da graça na vida de quem é consagrado ao Senhor. É preciso comunicar a vida para os homens que somente Cristo pode dar.


 


Padre Reinaldo Cazumbá

Sacerdote membro da Canção Nova, estudante de psicologia, atua no Instituto Teológico Bento XVI e também exerce a função de diretor espiritual dos futuros sacerdotes da comunidade. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/vida-religiosa/a-vocacao-nasce-do-encontro/


14 de junho de 2021

Você já parou e pensou que essa batalha não é sua?


Assistindo às Crônicas de Nárnia, uma fala de Aslam me chamou a atenção: "Esperem! Essa batalha é de Pedro!". Bem ali, naquela cena, pude compreender que na minha vida também acontece assim. Por mais que o Senhor me ame, existem batalhas, confrontos, lutas e situações que Ele não resolverá por mim. E, algumas vezes, Ele também ordenará àqueles que me são caros, próximos e me conhecem a ESPERAR. Esperar que eu responda, que eu reaja, que eu enfrente os monstros e as realidades que eu mesma criei.

Como é bom tocar nessa ação de Deus que, muitas vezes, passa pela passividade, pela espera, pela presença que simplesmente contempla a minha ação. Fruto de um amor infinito, que não me cobra, que me espera porque me ama! Mas, sobretudo, que acredita em mim, que sabe que eu sou capaz e, por isso, não me poupa.

Você-já-parou-e-pensou-que-essa-batalha-não-é-sua

Foto Ilustrativa: Chalabala by Getty Images

Lute e enfrente as suas batalhas diárias

Sim, muitas vezes, vi as exigências de Deus para comigo como um caminho rigoroso; hoje, compreendi que não é por dureza que Ele me submete, e sim pela largueza do Seu olhar que me enxerga como eu ainda não me vejo. "Essa batalha é de Pedro!", e essa batalha também é minha, porque o Senhor jamais fará por mim o que eu sou capaz de fazer; Ele não me infantiliza nem me quer paralisada!! Ele acredita em mim! Ele me encoraja, me lança, me leva para o meio do combate e me espera.


Sem luta não há vitória

Tudo isso porque me quer madura, livre e cada vez mais refletindo a imagem do "Homem Perfeito". Tenho aprendido que: sem luta não há vitória; sem confrontos é impossível tocar na superação, pois, sem medo ninguém se torna corajoso.

Hoje, o Senhor me dá a graça de entender que estou na arena da vida, diante de grandes confrontos nos quais só eu posso lutar. Ele não me abandona! Ele está comigo e espera meu tempo! E, por amor, me deixa lutar! Então, que eu lute, que eu não perca tempo; que eu não cresça em estatura, mas no abandono em Deus e na graça de ser eu mesma.



Marcela Cunha

Marcela Martins da Cunha, natural da Cidade de Edéia – GO, é missionária da Comunidade Canção Nova desde 2013. A missionária formou-se em Fisioterapia pela PUC – GO em 2004; é Mestra em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde pela UFG (Universidade Federal de Goiás), pós-graduada em Saúde da Família (UFG) e em Gestão da Comunicação pela Faculdade Canção Nova (FCN). Atualmente, atua na gestão do Posto Médico Padre Pio e na missão RVJ. Tem a escrita como uma forma de comunicar o Cristo vivo e vivido em sua vida.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/voce-ja-parou-e-pensou-que-essa-batalha-nao-e-sua/


11 de junho de 2021

A glória do Coração de Jesus


Provavelmente, você conheça algo sobre as aparições de Jesus à irmã Margarida Maria, proclamada santa pela Igreja, no dia 13 de maio de 1920, pelo papa Bento XV. Essas aparições aconteceram entre 1673 a 1675, no convento da Visitação da cidade de Paray-le-Monial, na França.

Há muito o que se dizer, mas gostaria de expor um dos aspectos revelados por Jesus à religiosa, que é conhecida como a "apóstola do Coração de Jesus". Ela nos conta o que aconteceu durante uma aparição na 1ª sexta-feira de 1674: "Uma vez, entre outras, quando estava o Santíssimo exposto, depois de ter-me sentido retirada de dentro de mim mesma, com um recolhimento muito grande de todos os meus sentidos e minhas potências. Jesus Cristo, meu doce Mestre, apareceu-me todo radiante de glória com as cinco chagas, brilhantes como cinco sóis. Sua sagrada humanidade lançava chamas de todos os lados, mas sobretudo de seu peito sagrado peito, que parecia uma fornalha. Abrindo-o, mostrou-me seu amantíssimo e amabilíssimo Coração, que era a fonte viva daquelas chamas. Foi então que Ele me revelou as maravilhas inexplicáveis de seu puro amor, e o excesso a que chegara em amar os homens, de quem não recebia senão ingratidões e friezas." Jesus lhe disse: "Se você acreditar, você verá o poder do meu coração!".

A glória do coração de Jesus

Foto ilustrativa: jemastock by Getty Images

O Sagrado Coração de Jesus

O Coração de Jesus é apresentado como um trono de chamas. Esta é a imagem de sua realeza. Assim como Jesus fez com Santa Margarida, Ele quer mostrar seu poder e sua glória a cada um de nós.

Ao falarmos de Jesus, utilizamos com frequência as palavras rei e glória. Todos os anos, na festa de Cristo Rei, temos uma explicação ou uma meditação sobre a realeza de Jesus. Mas e quanto à sua glória? Essa glória que está tão presente na Bíblia, em nossos cânticos, em nossa liturgia… Poucas são as homilias sobre esse assunto!

Ao celebrarmos o Natal, lemos esta passagem onde o anjo anuncia o nascimento do Menino Deus aos pastores: "Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles" (Lc 2,9). Em seguida: " uma multidão do exército celeste, louvava a Deus e dizia: Glória a Deus no alto dos céus" (Lc 2,14).

O que significa "glória"?

Na Bíblia, a palavra "glória" é a tradução para o português da palavra hebraica "kavod" e da palavra grega "doxa".

No hebraico, "kavod" significa "o peso": a glória de Deus é o "peso de Deus", isto é, a totalidade da "pessoa", seu peso na existência, sua importância e influência. É o brilho de sua força divina e real. Quando dizemos: "fulano é uma pessoa de peso!", não falamos dos seus quilos, mas de sua importância ou de sua influência.

Essa noção é bem diferente do termo grego "doxa", que significa "parecer", "julgar", "estimar". Uma palavra que nos grupos filosóficos antigos tinha o sentido de "opinião", ou seja, de um julgamento que podemos ter sobre as pessoas e sobre os eventos.

Contudo, quando o termo "doxa" começou a ser utilizado no Novo Testamento, ele perdeu seu valor antigo de "opinião" e ganhou um significado religioso completamente diferente, passando a designar a esplêndida majestade divina.


Esses dois termos, em duas línguas diferentes, se complementam em seus significados e nos ajudam a entender o que rezamos: a glória de Deus é uma forma de falar de sua presença tão importante em nosso meio, uma presença transformadora.

Em seus escritos, santa Margarida-Maria afirma que "[Jesus] deseja que, santificando-nos, o glorifiquemos".

Há um movimento descendente: a glória de Deus que se manifesta às criaturas… Mas há também um movimento ascendente: pois as criaturas dão glória a Deus! "Dar glória a Deus" é reconhecer que a Ele devemos honrar e dar graças acima de tudo. Glorificar ao Senhor significa também refletir, como um espelho, sua glória em nossa própria vida, por meio de nossas palavras e nosso comportamento. Dar glória a Deus é, portanto, sinônimo de conversão: a melhor maneira de glorificá-lo é desejar profundamente ser como Deus. É um caminho difícil, mas não impossível.

Devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Jesus encoraja Margarida-Maria e nos encoraja: "Não tenha medo, minha filha. Eu reinarei apesar dos meus inimigos e daqueles que desejam se opor a Mim". Para responder ao desejo do Coração de Jesus, a religiosa respondeu: "Para mim, basta que Ele reine."

Como santa Margarida-Maria, precisamos estar convencidos de que a devoção ao Coração de Jesus destrói o império de satanás e estabelece o reino do amor verdadeiro.

Oremos

"Senhor Jesus, Rei dos reis, com Santa Margarida-Maria, queremos dizer-Te mais uma vez: "reina em nós"! Abrimos as portas para que possas entrar em nossos corações e aí fazer tua morada. Coloca tua luz em nós, expulsa todas as trevas – manifesta tua glória! Que nossa vida te glorifique. Que o Império do Mal seja arruinado e que Teu reino de amor seja estabelecido e dure para sempre. Amém."

Viva o Coração de Jesus!



Padre André Favoretti

Natural de Vitória – ES, foi ordenado sacerdote dia 25/06/2017, na diocese de Fréjus-Toulon, onde atua como missionário. Antes de ser padre, concluiu uma licenciatura em Geografia (UFES), foi professor e fez uma pós-graduação em filosofia (UFOP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/devocao/a-gloria-do-coracao-de-jesus/


9 de junho de 2021

Pandemia e comportamento humano: há um antes e depois?


Após um ano de uma mudança intensa em nossas vidas com o início da pandemia, temos observado comportamentos dos mais variados no cotidiano. Do estresse continuado, passando pelos lutos ainda não elaborados, a mudança de vida radical para muitos, as perdas de várias naturezas e o isolamento social têm trazido fatores importantes e de grande impacto no comportamento humano.

Em países onde se inicia o desconfinamento, como em Portugal, que passou por regras mais rígidas e um fechamento por completo das cidades, observa-se em parte da população sinais e sintomas característicos da ansiedade, bem como medos acentuados e muitos destes sinais são advindos de um tempo que, para muitos, trouxe sofrimentos intensos. Isso também ocorre em várias partes do mundo. Conversando com pessoas que vivem em outros locais, muitos relatam angústia, medo e tristeza constante.

Pandemia e comportamento humano: há um antes e depois?

Foto ilustrativa: valentinrussanov by Getty Images

Os impactos da pandemia nas pessoas

Públicos distintos vivem quadros emocionais específicos. As mulheres têm apresentado um impacto psíquico significativo, uma vez que boa parte delas também carrega consigo a responsabilidade das aulas on-line, do trabalho, do sustento da casa, muitas vezes, e de uma série de condições sociais

Podemos pensar efetivamente que as pessoas mudaram ou mudarão após tudo isso? Será que existem reações momentâneas ou, de fato, este momento trará uma mudança de comportamento?

Estamos numa fase onde várias pesquisas acerca das reações e dos comportamentos na população têm sido realizadas, mas até o momento sabemos que os níveis de estresse pelas incertezas têm se mostrado cada vez mais presentes, bem como uma debilidade na saúde emocional, no aumento expressivo nos casos de depressão e ansiedade.

Além disso, fica mais evidente, infelizmente, o agravamento dos casos de violência doméstica das mais diversas naturezas. Dos lutos que ainda serão elaborados às perdas de várias naturezas, temos vivido adaptações a cada dia e, na verdade, temos mais dificuldade de adaptação ao novo, especialmente se este novo ocorrer com frequência.

Como tem vivido os dias de pandemia?

Refletindo sobre o tema, noto que esta expectativa sobre um novo comportamento das pessoas pode ser ampliado se pensarmos: como eu tenho visto a vida a partir da experiência vivida neste tempo de pandemia? Mais do que esperar que o mundo mude e as pessoas mudem, posso pensar: como eu tenho vivido? O que tenho valorizado ou deixado de valorizar?

Portanto, mais do que esperar novo modelo de vida e comportamento, podemos pensar nos seguintes pontos:

– Tenho valorizado a vida que tenho?

– Qual meu olhar frente a vida e a morte, uma vez que tocamos efetivamente na fragilidade da vida, ou seja, como é importante viver bem a cada tempo, visto que somos tão frágeis.


– Quais padrões de consumo eu tenho? Realmente preciso de tudo o que compro e guardo? Tenho acumulado desnecessariamente, comprado demais, acumulado dívidas sem necessidade?

– Vivo para trabalhar ou trabalho para viver? Como tenho conduzido minha vida profissional, o equilíbrio no trabalho e minhas escolhas? Tenho vivido bem meu trabalho, seja ele qual for?

– Como tenho conduzido meus relacionamentos familiares, profissionais, de amizade, de afeto? Tenho levado a vida com rancores e egoísmos excessivos?

– Como tenho alimentado minha vida intelectual? O que tenho consumido nas mídias, nas redes sociais, no aprendizado? Tenho usado boas fontes? Tenho me preocupado com meu desenvolvimento pessoal e profissional?

– Tenho lidado com a vida de forma realista ou ainda de forma imatura frente às dificuldades? Procuro soluções mágicas e fáceis ou tolero a busca por aquilo que realmente vai me ajudar?

– Penso realmente no coletivo ou tenho vivido uma vida egoísta e autocentrada, que não leva em conta o outro, o meio ambiente, as pessoas ao redor?

Avalia a sua postura frente a pandemia

Estes e outros pontos são formas de ver e rever nossa vida. Mais do que esperar que o outro tenha um novo comportamento e uma nova atitude, um bom começo é revermos as atitudes que eu temos frente a este momento de vida.

Diferente daquilo que muitos pensam, não podemos afirmar que a totalidade das pessoas adotará novas posturas, mas comece por você a pensar em como que poderá ter um novo comportamento frente à vida.



Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica pela USP – Universidade de São Paulo, atuando nas cidade de São Paulo  e Cachoeira Paulista. Neuropsicóloga e Psicóloga Organizacional, é colaboradora da Comunidade Canção Nova.



7 de junho de 2021

A fé nos coloca em ação


Existe em cada um de nós a capacidade de crer. Em nosso batismo, o Senhor não somente nos faz filhos, mas infunde em nós dons e virtudes que nos tornam capazes de viver como filhos. Dentre as virtudes com as quais o próprio Deus, como Pai bondoso, presenteia-nos está a fé. É ela que desperta em nós uma profunda inquietude e uma busca pela verdade que, dia a dia, encaminha-nos para o encontro com Cristo.

A fé nos propõe uma jornada, coloca-nos neste caminho de profunda união com Cristo. Contudo, a estrada é pessoal, construída a cada dia. A partir dela, somos convidados a dar passos em caminhos que ainda não foram trilhados. É assim que ela cresce, desenvolve-se, frutifica e forma em nós a criatura nova. Com ela somos convidados a começar, todos os dias, como um novo Kairos, um tempo de graça.

A fé nos coloca em ação

Foto ilustrativa: RyanJLane by Getty Images

A fé nos move a fazer o bem

A fé nos coloca em ação sempre: move-nos a fazer o bem e, assim, conduz-nos a Deus, o puro bem. O que, muitas vezes, esquecemos é que para adentrar nessa estrada não é suficiente conhecermos as nossas fraquezas, limites e impotência. Muito mais que isso, é preciso reconhecer o poder de Deus, sua força e seu amor que, todos os dias, nos salva, perdoa-nos, levanta-nos e ensina-nos a recomeçar. Muito mais do que saber quem somos, é preciso saber quem Ele é. É assim que compreendemos que Ele, verdade e puro bem, é também eterno amor que nunca nos deixa caminhar sozinhos e continua a nos conduzir. O que precisamos é tirar os nossos olhos de nós e voltar para Aquele que jamais deixou de nos olhar, e assim seguir o caminho na certeza de que Ele nos olha sempre.

Crescer na fé só é possível quando, reconhecendo nossa pequenez, somos capazes de deixar que a grandeza de Deus aconteça em nós. Somos convidados a trilhar o caminho de João Batista: "Que Ele cresça, e eu diminua!". E o que é diminuir senão render-nos a Deus e adorá-Lo, reconhecendo que tudo o que não podemos Ele é capaz de realizar. É assim que todas as realidades que vivemos são santificadas. Isso porque não estamos mais sós.


Seguimos acreditando que o Deus que habita em nós age em nós estando cada dia mais perto de ocupar o lugar que, desde sempre, pertenceu a Ele: o centro da nossa vida!



Marcela Cunha

Marcela Martins da Cunha, natural da Cidade de Edéia – GO, é missionária da Comunidade Canção Nova desde 2013. A missionária formou-se em Fisioterapia pela PUC – GO em 2004; é Mestra em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde pela UFG (Universidade Federal de Goiás), pós-graduada em Saúde da Família (UFG) e em Gestão da Comunicação pela Faculdade Canção Nova (FCN). Atualmente, atua na gestão do Posto Médico Padre Pio e na missão RVJ. Tem a escrita como uma forma de comunicar o Cristo vivo e vivido em sua vida.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/a-fe-nos-coloca-em-acao/