9 de junho de 2021

Pandemia e comportamento humano: há um antes e depois?


Após um ano de uma mudança intensa em nossas vidas com o início da pandemia, temos observado comportamentos dos mais variados no cotidiano. Do estresse continuado, passando pelos lutos ainda não elaborados, a mudança de vida radical para muitos, as perdas de várias naturezas e o isolamento social têm trazido fatores importantes e de grande impacto no comportamento humano.

Em países onde se inicia o desconfinamento, como em Portugal, que passou por regras mais rígidas e um fechamento por completo das cidades, observa-se em parte da população sinais e sintomas característicos da ansiedade, bem como medos acentuados e muitos destes sinais são advindos de um tempo que, para muitos, trouxe sofrimentos intensos. Isso também ocorre em várias partes do mundo. Conversando com pessoas que vivem em outros locais, muitos relatam angústia, medo e tristeza constante.

Pandemia e comportamento humano: há um antes e depois?

Foto ilustrativa: valentinrussanov by Getty Images

Os impactos da pandemia nas pessoas

Públicos distintos vivem quadros emocionais específicos. As mulheres têm apresentado um impacto psíquico significativo, uma vez que boa parte delas também carrega consigo a responsabilidade das aulas on-line, do trabalho, do sustento da casa, muitas vezes, e de uma série de condições sociais

Podemos pensar efetivamente que as pessoas mudaram ou mudarão após tudo isso? Será que existem reações momentâneas ou, de fato, este momento trará uma mudança de comportamento?

Estamos numa fase onde várias pesquisas acerca das reações e dos comportamentos na população têm sido realizadas, mas até o momento sabemos que os níveis de estresse pelas incertezas têm se mostrado cada vez mais presentes, bem como uma debilidade na saúde emocional, no aumento expressivo nos casos de depressão e ansiedade.

Além disso, fica mais evidente, infelizmente, o agravamento dos casos de violência doméstica das mais diversas naturezas. Dos lutos que ainda serão elaborados às perdas de várias naturezas, temos vivido adaptações a cada dia e, na verdade, temos mais dificuldade de adaptação ao novo, especialmente se este novo ocorrer com frequência.

Como tem vivido os dias de pandemia?

Refletindo sobre o tema, noto que esta expectativa sobre um novo comportamento das pessoas pode ser ampliado se pensarmos: como eu tenho visto a vida a partir da experiência vivida neste tempo de pandemia? Mais do que esperar que o mundo mude e as pessoas mudem, posso pensar: como eu tenho vivido? O que tenho valorizado ou deixado de valorizar?

Portanto, mais do que esperar novo modelo de vida e comportamento, podemos pensar nos seguintes pontos:

– Tenho valorizado a vida que tenho?

– Qual meu olhar frente a vida e a morte, uma vez que tocamos efetivamente na fragilidade da vida, ou seja, como é importante viver bem a cada tempo, visto que somos tão frágeis.


– Quais padrões de consumo eu tenho? Realmente preciso de tudo o que compro e guardo? Tenho acumulado desnecessariamente, comprado demais, acumulado dívidas sem necessidade?

– Vivo para trabalhar ou trabalho para viver? Como tenho conduzido minha vida profissional, o equilíbrio no trabalho e minhas escolhas? Tenho vivido bem meu trabalho, seja ele qual for?

– Como tenho conduzido meus relacionamentos familiares, profissionais, de amizade, de afeto? Tenho levado a vida com rancores e egoísmos excessivos?

– Como tenho alimentado minha vida intelectual? O que tenho consumido nas mídias, nas redes sociais, no aprendizado? Tenho usado boas fontes? Tenho me preocupado com meu desenvolvimento pessoal e profissional?

– Tenho lidado com a vida de forma realista ou ainda de forma imatura frente às dificuldades? Procuro soluções mágicas e fáceis ou tolero a busca por aquilo que realmente vai me ajudar?

– Penso realmente no coletivo ou tenho vivido uma vida egoísta e autocentrada, que não leva em conta o outro, o meio ambiente, as pessoas ao redor?

Avalia a sua postura frente a pandemia

Estes e outros pontos são formas de ver e rever nossa vida. Mais do que esperar que o outro tenha um novo comportamento e uma nova atitude, um bom começo é revermos as atitudes que eu temos frente a este momento de vida.

Diferente daquilo que muitos pensam, não podemos afirmar que a totalidade das pessoas adotará novas posturas, mas comece por você a pensar em como que poderá ter um novo comportamento frente à vida.



Elaine Ribeiro dos Santos

Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica pela USP – Universidade de São Paulo, atuando nas cidade de São Paulo  e Cachoeira Paulista. Neuropsicóloga e Psicóloga Organizacional, é colaboradora da Comunidade Canção Nova.



7 de junho de 2021

A fé nos coloca em ação


Existe em cada um de nós a capacidade de crer. Em nosso batismo, o Senhor não somente nos faz filhos, mas infunde em nós dons e virtudes que nos tornam capazes de viver como filhos. Dentre as virtudes com as quais o próprio Deus, como Pai bondoso, presenteia-nos está a fé. É ela que desperta em nós uma profunda inquietude e uma busca pela verdade que, dia a dia, encaminha-nos para o encontro com Cristo.

A fé nos propõe uma jornada, coloca-nos neste caminho de profunda união com Cristo. Contudo, a estrada é pessoal, construída a cada dia. A partir dela, somos convidados a dar passos em caminhos que ainda não foram trilhados. É assim que ela cresce, desenvolve-se, frutifica e forma em nós a criatura nova. Com ela somos convidados a começar, todos os dias, como um novo Kairos, um tempo de graça.

A fé nos coloca em ação

Foto ilustrativa: RyanJLane by Getty Images

A fé nos move a fazer o bem

A fé nos coloca em ação sempre: move-nos a fazer o bem e, assim, conduz-nos a Deus, o puro bem. O que, muitas vezes, esquecemos é que para adentrar nessa estrada não é suficiente conhecermos as nossas fraquezas, limites e impotência. Muito mais que isso, é preciso reconhecer o poder de Deus, sua força e seu amor que, todos os dias, nos salva, perdoa-nos, levanta-nos e ensina-nos a recomeçar. Muito mais do que saber quem somos, é preciso saber quem Ele é. É assim que compreendemos que Ele, verdade e puro bem, é também eterno amor que nunca nos deixa caminhar sozinhos e continua a nos conduzir. O que precisamos é tirar os nossos olhos de nós e voltar para Aquele que jamais deixou de nos olhar, e assim seguir o caminho na certeza de que Ele nos olha sempre.

Crescer na fé só é possível quando, reconhecendo nossa pequenez, somos capazes de deixar que a grandeza de Deus aconteça em nós. Somos convidados a trilhar o caminho de João Batista: "Que Ele cresça, e eu diminua!". E o que é diminuir senão render-nos a Deus e adorá-Lo, reconhecendo que tudo o que não podemos Ele é capaz de realizar. É assim que todas as realidades que vivemos são santificadas. Isso porque não estamos mais sós.


Seguimos acreditando que o Deus que habita em nós age em nós estando cada dia mais perto de ocupar o lugar que, desde sempre, pertenceu a Ele: o centro da nossa vida!



Marcela Cunha

Marcela Martins da Cunha, natural da Cidade de Edéia – GO, é missionária da Comunidade Canção Nova desde 2013. A missionária formou-se em Fisioterapia pela PUC – GO em 2004; é Mestra em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde pela UFG (Universidade Federal de Goiás), pós-graduada em Saúde da Família (UFG) e em Gestão da Comunicação pela Faculdade Canção Nova (FCN). Atualmente, atua na gestão do Posto Médico Padre Pio e na missão RVJ. Tem a escrita como uma forma de comunicar o Cristo vivo e vivido em sua vida.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/a-fe-nos-coloca-em-acao/


2 de junho de 2021

Sonhos e planos de Deus para uma mulher


Sempre ouvi dizer que quem sonha muito fica cada vez mais inteligente por alargar sua alma com criatividade e esperança. Os sonhos são muito significativos, não somente no processo de autoconhecimento do ser humano, por carregarem símbolos importantes para o entendimento do nosso processo de amadurecimento, como também por ser esse lugar tão importante da alma, onde projetamos a vida bem acordados, regando cada um desses sonhos com esforço, dedicação e muito suor.

É preciso esperança e alegria para sonhar! Uma alma triste não sonha, pois os sonhos nos obrigam a avaliar a vida, a projetar os passos e também a fazer perguntas importantes a nós mesmos, perguntas que são fruto da certeza de que tudo pode ser ainda melhor. Quem sonha não se conforma, mas se transforma.

Como mulher, não sei se tenho sonhado "certo", nem sequer sei se existe uma "fórmula de êxito" para sonhar bem. Algumas mulheres que conheço, por medo do fracasso, nem sequer se atrevem a imaginar uma vida melhor. Já não sonham. Elas se conformam e seguem a vida assim, tornando-se feias e amargas. A feiura é decorrente da falta de brilho no olhar. E o segredo do bem sonhar não é o êxito em si, mas a transformação da alma que está a caminho de uma promessa.

Sonhos e planos de Deus para uma mulher

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

"Se os sonhos de uma mulher dependem de dinheiro, é porque são muito baratos"

O que consigo perceber, nos passos do meu caminhar, é que sonhar me aproxima muito de Deus e me faz ser movida pela esperança. Sonhar também me faz correr riscos que, sem Deus e sozinha, jamais teria a coragem de os enfrentar. Sonhar é bom, mas sonhar com Deus me faz muito mais forte! Sonhar com Deus faz toda a diferença! Implica docilidade aos sinais da vida e, ao mesmo tempo, o assumir real e concreto de todas as habilidades que conquistei na vida e que me foram dadas e abençoadas por Deus.

Quem sonha acordado não economiza esforço, e seu alimento principal é a fidelidade, pois os sonhos dignos de um coração de mulher não se realizam da noite para o dia. Os sonhos de uma mulher de fé são como um castelo a ser construído com cada pedra que ela encontra em sua caminhada. Nesse processo, nenhuma pedra pode ser desperdiçada. Nenhum sofrimento é vão quando decidimos perseguir um sonho vivido com Deus. Uma estrada sem obstáculos é como uma comida sem tempero, um rosto sem sorriso, uma estrada sem caminhantes.

Providência divina

Em alguns momentos, reconheço, com humildade, que vejo pedras no meu caminho, mas algumas delas fui eu mesma que as coloquei ao minar meus sonhos pela desesperança, pela murmuração e pela falta de fé e disciplina. Em outros momentos, as pedras que encontro fazem parte das circunstâncias da minha vida, e nelas a Providência Divina também se revela. Nos "nãos" que recebo, leio os sinais da vontade de Deus. É preciso docilidade na negação e também resiliência pelo tempo que for preciso, até que chegue o momento certo de cada coisa. E quando esse momento chega, nada segura a mão poderosa de Deus no destino esperançoso de uma mulher orante. Se ela ora, ela entende isso claramente e aceita tudo, pois sabe que ali o Senhor se revelou e a direcionou em seus sonhos mais secretos, ainda que demorem a se concretizar.

Meus sonhos de mulher têm asas, e vejo que muitos deles estão se realizando. Já não estão instalados nas coisas a conquistar, nos projetos a serem desenvolvidos, nos lugares a conhecer, mas no meu jeito de viver e na mulher que desejo ser a cada dia. Os sonhos que povoam meu coração de mulher são específicos, raros, únicos. Já dizia um grande amigo que "se os sonhos de uma mulher dependem de dinheiro, é porque são muito baratos", porque o maior deles é interior: ser uma mulher nova e que se conquista a si mesma a cada dia!

Coragem de sonhar

Por isso pergunto a você, diante das pedras do seu caminho ou das montanhas que você ainda tem de enfrentar: quais são os sonhos mais nobres que poderiam povoar o seu coração de mulher?

Ter coragem de sonhar e documentar os meus sonhos, assumi-los e lutar por eles, é o convite que ouço em meu interior feminino. Esse é o sonho da minha vida: ser uma mulher melhor a cada minuto que se passa.


Olhar adiante

Não tenha medo de ser ridicularizada por ser uma mulher sonhadora ou mesmo por ter um grande projeto na vida. Guarde essa frase de Santa Teresa em seu coração feminino: "Deus me faz desejar tudo o que Ele sempre quis me dar". Faça como a Palavra de Deus nos convida em Habacuc 2: olhe adiante, tenha uma visão do seu futuro, assuma o seu presente e perdoe a si mesma e a tantos pelo seu passado; escreva cada um dos seus sonhos, os mais secretos do seu coração, da sua alma feminina e documente-os! Não tenha medo da sua idade, das suas circunstâncias ou mesmo do seu pouco tempo. Apenas acredite que Deus a vê e Ele mesmo a convida. Espere e, se demorar, não desista!

Quando uma mulher sonha sozinha, ela pode ser muito decepcionada. Ao passo que, ao orar e sonhar com Deus, ela será muito surpreendida, pois ela será movida por uma esperança cega. Quando uma mulher, realmente, confia em Deus, ela está sendo preparada para ouvir tanto um "sim" como um "não". E seja numa resposta positiva ou seja negativa diante de um sonho documentado com esperança, ela será feliz por confiar sua vida inteiramente a Deus.

Sonhando, uma mulher de fé é movida pela esperança; e sendo movida pela esperança, ela fica muito mais bonita, pois essa é a verdadeira beleza: ter uma alma cheia de esperança que se esparrama pelo rosto.



Ziza Fernandes

Ziza é cantora, compositora, musicoterapeuta, professora e mosaicista. Estudou piano por 12 anos no Conservatório Santa Cecília, Maringá – PR, aperfeiçoando-se com o professor Paulo Giovanini, na Universidade Estadual de Maringá.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/series/coracao-de-mulher/sonhos-e-planos-de-deus-para-uma-mulher/


31 de maio de 2021

Não consigo vencer meus pecados, o que fazer?


Existe uma passagem muito significativa do Evangelho de São João que coloca cada um de nós diante de uma verdade tão crua e, ao mesmo tempo, tão libertadora, que nenhum de nós deveria ser displicente com relação a ela: Qui sine peccato est vestrum, primus in illam lapidem mittat ("Aquele de vós que estiver sem pecado seja o primeiro a lançar uma pedra" (Jo 8,7)).

Oliver Clemente, um teólogo do oriente, certa vez afirmou: "Ávido de infinito, mas não menos ignorante dele, o homem se ama e se odeia infinitamente. Ele se pretende soberano e se descobre escravo". Em outras palavras, existe uma luta incessante no interior do homem que busca o infinito, o céu, a beleza. Porém, este mesmo homem percebe-se preso num cativeiro de difícil soltura. Assim, quanto mais ele se debate, tanto mais ele se machuca, sangra e, por fim, desiste. Esta é a realidade de qualquer ser humano.

Não consigo vencer meus pecados, o que fazer

Foto Ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Colocando a questão de maneira mais direta, todos nós precisamos travar grandes enfrentamentos contra o pecado todos os dias. Cada um tem a sua luta particular. Quem de nós nunca experimentou o cansaço depois de ter lutado tanto, e mesmo assim perdido a batalha para o pecado? Às vezes, é penoso reconhecer esta realidade, mas aquele que deseja muito a santidade precisará também experimentar o amargor da derrota, porém, o mais importante vem agora: quem busca a santidade deve aprender a levantar-se, seja qual for o tamanho do tombo.

Você sabe reconhecer seus pecados?

Uma vez abatido, duas coisas são fundamentais. A primeira delas é não se comparar, em hipótese alguma, repito, em hipótese alguma, com ninguém. Nem com aqueles que julgamos mais pecadores, porque correríamos o risco de afrouxar a autorreprimenda justa da nossa consciência diante do mal cometido, nem nos comparar com aqueles que julgamos mais santos. Neste segundo caso, poderíamos anular as parcas forças que ainda possuímos. Portanto, este não é o momento de comparações, mas de reconhecimento sincero da fraqueza e do mal cometido.

Dito isso, como vencer aqueles pecados crônicos que, de tão entranhados em nós, julgamos por vezes incorrigíveis? Por mais que possa parecer estranho o que vou dizer agora, creio que a resposta seja: "deixe de preocuparse com este seu pecado como se ele fosse seu baal". Atenção, não se preocupar não significa relaxar a consciência e continuar pecando indiscriminadamente. Isto seria um mal ainda maior, um suicídio espiritual.


Tire o foco do pecado

No século VI, lá no deserto de Gaza, havia um grande e sábio ancião chamado Barsanulfo, e o seu jovem discípulo Doroteu. Este último, por sua vez, era constantemente atormentado por um grave pecado e, mesmo tendo feito tudo o que estava ao seu alcance para superá-lo, não havia logrado êxito. Certa vez, aflito e desanimado com esta situação, Doroteu procura o seu mestre para apresentar o seu caso. Barsanulfo, o mestre, disse a ele que não mais se preocupasse com isso, e pediu que ele reforçasse sua relação com Cristo pelo exercício da humildade, da caridade, da prece confiante e do humilde exercício ao próximo.

Então, o discípulo parou de gastar em vão suas energias com a preocupação do pecado e começou a colocar em prática tudo o que seu mestre havia lhe indicado. Assim, o coração do discípulo se transformou, e com ele, pouco a pouco, toda a sua vida. Uma vida de intimidade com Deus faz reavivar, em cada pessoa, o homem interior e, naturalmente, acontece um despertar de consciência. Onde Deus entra, o pecado naturalmente se afugenta. À medida que Deus vai entrando em nossa vida e nós vamos experimentando a vida d'Ele, a morte do pecado vai se enfraquecendo. Em outras palavras, retire o foco do pecado e coloque o foco em Deus.

Busque Deus

Isto não se dá, porém, numa esfera meramente psicológica. É preciso descer para o domínio da práxis, ou seja, a primeira etapa da vida espiritual é a prática. O esforço humano, portanto, deve ser empregado neste ponto. Para ficar mais claro, o esforço humano deve ser investido no cultivo de uma vida espiritual que se alcança por meio da vivência diária de tudo o que o mestre Barsanulfo nos ensinou acima. Em matéria de vida espiritual, não existe fórmula mágica nem romantismos.

Para finalizar, deixo esse pensamento como matéria de reflexão: quem está apenas fugindo do pecado está fazendo pouco, muito pouco, quase nada. Quem está buscando verdadeiramente a Deus está fazendo muito.

Deus abençoe você e até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/nao-consigo-vencer-meus-pecados-o-que-fazer/

28 de maio de 2021

O que é e como identificar a ansiedade?


Você sabia que a ansiedade é um transtorno psicológico que traz diferentes manifestações? Para esclarecer algumas coisas sobre esse problema, convido você a refletir um pouco mais.

Inicialmente, é interessante saber o porquê da ansiedade ser uma doença. Todo ser humano possui ansiedade. No entanto, apenas uma parcela desenvolve o transtorno. A experiência vivida por um ansioso é a de um medo fortíssimo diante de uma situação. Ter medo de determinadas situações é normal, isto é, se elas forem reais! A grande questão está aqui: o ansioso vive intensamente o medo de algo que ainda está por vir, podendo, muitas vezes, nem acontecer conforme imaginava. É o famoso sofrer por antecipação.

O que é e como identificar a ansiedade

Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com

É possível controlar a ansiedade e viver sem os sintomas que ela gera

Por que o ansioso tem tantas reações físicas como tonteira, visão borrada, nó na garganta, frio na barriga, formigamento, fadiga, palpitações, boca seca, mãos frias e úmidas, tremores, cabeça leve e pernas moles? Essas reações físicas existem no homem desde os primatas. Quando se encontrava diante de uma situação de ameaça real, seu corpo reagia instantaneamente para se defender.

Um exemplo: o homem saía para caçar e ficava frente a frente com um leão; percebia, então, que poderia se tornar a refeição dele. Todo seu corpo reagia para lhe dar condições de fugir ou lutar e, isso incluía a palpitação, que é o acelerar o coração para bombear mais sangue e, assim, ter condições de correr. Já as mãos ficam frias, porque o corpo entende que não precisa de tanto sangue nas extremidades, e desse modo, diminui a vascularização para concentrar maior volume sanguíneo onde precisa, e assim por diante.

Nosso corpo é inteligente e reage conforme nossa necessidade. Tais reações são, no fundo, uma defesa do nosso organismo. A questão toda é que, para os ansiosos, essa defesa é acionada sem necessidade, porque não há perigo real. O que provoca o desconforto, então, são os momentos vividos na expectativa de um perigo imaginário.

Real X Imaginário

Algo que ajudaria muito a diminuir o processo de ansiedade é diferenciar o real do imaginário. O que não é tão fácil, porque, se tem tanta força de ameaça, é porque o imaginário, no fundo, é bem real para o ansioso.

Outro fator importante que precisamos saber é que a ansiedade não vem sozinha. Na verdade, ela possui diversas formas de se apresentar. A pessoa pode ter pânico, agorafobia (medo de multidões), TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizado), fobias específicas, fobia social, ansiedade de separação, mutismo seletivo. Qualquer um desses transtornos são formas diferentes de manifestação da ansiedade. Sendo assim, é um dos transtornos mentais que apresenta maior predominância na população. É comum que, em alguma fase da vida do ser humano, ele apresente um desses transtornos, principalmente as mulheres.


O que fazer diante dessa situação? Já tentou não valorizar seus pensamentos, os quais, normalmente, são trágicos, assim como não focar nas suas reações físicas? Sei que não é fácil, mas não custa nada tentar. Descubra-se e busque fazer coisas que gerem prazer, para não dar vazão a possíveis circunstâncias ansiogênicas.

Acalme-se e aceite a sua ansiedade. Contemple as coisas boas da vida. Reaja às circunstâncias como se não estivesse ansioso. Verifique se seus pensamentos são reais e viva com leveza, sem medo.



Aline Rodrigues

Aline Rodrigues é missionária da Comunidade Canção Nova, no modo segundo elo. É psicóloga desde 2005, com especializações na área clínica e empresarial e pós-graduada em Terapia Cognitiva Comportamental. Possui experiência profissional tanto em atendimento clínico, quanto empresarial e docência. Autora do livro "Conversando sobre ansiedade: aprenda a vencer os seus limites", pela Editora Canção Nova. Instagram: @alinerodrigues.ss


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-que-e-como-identificar-ansiedade/

26 de maio de 2021

Minha vocação e o chamado de Deus


O Espírito Santo conduziu-me, em preparação a este mês, à releitura da Exortação Apostólica do Santo Padre sobre 'Os fiéis leigos', sua vocação e missão na Igreja e no mundo. Ao ler, eu agradeci a Deus por me chamar a contribuir com a implantação do Seu Reino.

O Santo Padre nos traz a imagem dos trabalhadores da vinha de que fala São Mateus: "O Reino dos céus é semelhante a um proprietário, que saiu muito cedo, a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e mandou-os para a vinha."(Mt 20,1-2)

A vinha, diz-nos Jesus, é o mundo inteiro, que deve ser transformado, segundo o plano de Deus, em ordem ao advento definitivo do Seu Reino. "Ao sair pelas nove horas da manhã, viu outros que estavam ociosos, e disse-lhes: Ide, vós também, à minha vinha"(Mt 20,3-4). Este convite – "ide vós também, à minha vinha" –, dirige-se a todo homem que vem a este mundo.

Minha vocação e o chamado de Deus

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Vocação: cada um tem a sua e precisa descobri-la para não se frustrar

O Divino "proprietário" chama os trabalhadores para a sua vinha nas várias horas do dia: alguns ao amanhecer; outros, às nove da manhã; outros ainda por volta do meio dia e das três da tarde; os últimos, cerca das cinco. Os trabalhadores são chamados para a vinha em horas diferentes, como a querer significar que à santidade de vida, um é chamado durante a infância, outro na juventude, outro como adulto e outro até na velhice.

Nos nossos dias, o Pai suscita, na Igreja, uma renovada efusão do Espírito de Pentecostes, que nos leva a ouvirmos a voz do Senhor: "Ide vós também", a chamada não se refere apenas aos pastores, aos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, mas se estende a todos os fiéis leigos.


Recordando como se deu em minha vida o chamado

Quando criança, a minha relação com Deus vinha especialmente por parte de meus pais, nas orações realizadas em família. Lembro-me de que, quando íamos visitar minhas irmãs no internato, das Irmãs da Providência, eu ficava encantada com as freiras! Ao entrarmos na Igreja, sentia uma atração pelo altar.

Na adolescência, no tempo da Quaresma, especialmente durante as celebrações de Semana Santa, eu sentia o meu coração como uma brasa viva de amor por Jesus. Mas somente na juventude é que se deu o meu encontro pessoal com o Senhor.

No desejo de fazer da minha vida um instrumento útil aos mais carentes, doentes e abandonados, como assistente social, eu não imaginava que Deus ia me chamar como trabalhadora para a Sua vinha e enviar-me a trabalhar, no anúncio do Evangelho que salva, nos meios de Comunicação Social.

Como nos diz no livro: "Nossa resposta ao amor" (Ed. Loyola): "A vocação é um sim irrepetível de Deus e um sim irrepetível de quem é chamado". Dei o meu 'sim', cheia de desejo de fazer somente o que Deus quer na minha realidade de mulher: "Já que em nossos dias, as mulheres tomam cada vez mais parte ativa em toda vida da sociedade, reveste-se de grande importância uma mais larga participação sua nos vários campos do apostolado da Igreja" (Vaticano II).

Dessa forma, assumo e rezo: 'Maria, Virgem corajosa, inspira-nos força de ânimo e confiança em Deus, para que saibamos vencer todos os obstáculos que encontramos no cumprimento da nossa missão. Ensina-nos a tratar as realidades do mundo com vivo sentido de responsabilidade cristã e na alegre esperança da vinda do Reino de Deus, dos novos céus e da nova terra. Amém!"

Luzia Santiago
Cofundadora da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/testemunhos/minha-vocacao-e-o-chamado-de-deus/

24 de maio de 2021

O fruto não cai longe da árvore


Compaixão. Generosidade. Empatia. Honestidade. Paciência. Respeito.

São essas e outras tantas virtudes que queremos deixar como ensinamento quando o assunto é a criação de filhos. É um desafio muito grande transmitir valores éticos e morais em meio a tantas ofertas vindas de rede social, internet, sociedade e pessoas que pensam diferente, e que acabam influenciando os princípios ensinados pela família.

Afinal, o que é uma virtude? Segundo o dicionário, a definição de virtude é: boa conduta em conformidade com o correto, aceitável ou esperado, segundo a religião, a moral e a ética. O que segue os preceitos do bem, de normas morais.

O fruto não cai longe da árvore

Foto Ilustrativa: SolStock by Getty Images

O bom fruto é consequência de uma formação sólida

Passar aos filhos o que acreditamos ser bom, saudável e certo é muito mais do que passar ensinamentos; é transmitir o que vai gerar boa convivência e felicidade, comportamentos que não sejam ofensivos às pessoas e principalmente a Deus.

Então, para que as crianças tornem-se pessoas de bem, é essencial que tenham uma formação sólida diária, baseada e voltada para o desenvolvimento do caráter, da fé e das habilidades socioemocionais.

Uma coisa é certa: Não funciona a imposição nem a obrigação. O que funciona é o diálogo e a vivência.

Deixar algo como exemplo é mais que falar ou ensinar, é viver, experimentar e mostrar, com a vida, que a vivência das virtudes  faz de nós pessoas de bem, íntegras, capazes de influenciar e educar o outro para que seja como nós.

O fruto não cai longe da árvore

Pois é.
O fruto não cai muito longe da árvore.
Se quisermos ensinar, temos, antes, que aprender.
Se quisermos que façam, temos, antes, que fazer.

A árvore, antes de crescer e tornar-se o que é, era apenas um fruto que cresceu ou uma muda que brotou.


E assim sua árvore há de dar bons frutos!



Paulo Victor e Letícia Dias

Cirurgião-dentista de formação, Paulo Victor foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentador, locutor e radialista. Atualmente, ele mora em Campo Grande (MS). É empresário e casado com Letícia Dias.

Letícia Dias é Gerente de Conteúdo e estudante de Letras/Libras com foco na Educação Especial. Foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentadora de programas. Hoje, ela mantém uma agitada rotina familiar. Letícia tem um filho caçula que nasceu com Síndrome de Down, e isso a refaz todos os dias.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/educacao-de-filhos/o-fruto-nao-cai-longe-da-arvore/