17 de maio de 2021

Sobrenaturalizar todas as nossas ações é se santificar


Quando pensamos nos santos da nossa Igreja, normalmente vêm à nossa mente imagens espetaculares de prodígios, milagres, profecias, êxtases místicos, martírios dramáticos. Santo Antônio, que pregou tão inspiradamente que até os peixes pularam do mar para ouvi-lo; São Pio de Pietrelcina, que recebeu os estigmas de Jesus; São Dionísio de Paris, que depois de decapitado segurou a sua própria cabeça e andou por vários metros até cair; Santa Teresa d'Ávila, com suas indescritíveis experiências místicas; Santa Catarina de Siena, simples e analfabeta, mas que ditava cartas que influenciaram reis e até fizeram o Papa voltar de Avignon para Roma.

"Eu não sou assim", podemos ser levados a pensar.

"Só dá para ser santo quem é escolhido por Deus para fazer coisas assim, minha vida é muito 'sem graça', 'simples', não dá para sonhar com algo elevado como a santidade".

Ledo engano!

Sobrenaturalizar todas as nossas ações é se santificar

Foto Ilustrativa: FG Tradeby/ Getty Images

Sobrenaturalizar o simples de cada dia

A maioria absoluta dos santos tiveram uma vida repleta de momentos comuns, rotina repetitiva e simples, na qual eles encontraram as ocasiões para buscarem a santidade. São João Maria Vianney foi pároco por quase quarenta anos da pequena aldeia de Ars. Nesse tempo, ele cuidou da paróquia, celebrou missa, ouviu confissões e rezou. Santa Dulce dos Pobres passou quase cinquenta anos cuidando dos pobres e dos doentes, sem que nada de aparentemente extraordinário acontecesse. Santa Teresinha do Menino Jesus é hoje uma das santas mais populares da Igreja, mas sua vida foi simples e ordinária dentro do convento carmelita.

Quantas vezes terá o então sacerdote João Maria Vianney varrido o chão rústico da sua igreja? Ou quantas vezes Irmã Dulce ajudou a trocar a fralda geriátrica de um idoso internado ou quantas vezes limpou o chão cheio de vômito aos pés da cama de um doente? Quantas vezes Santa Teresinha rezava enquanto lavava as panelas, arrumava seu quarto, cuidava do jardim ou seja lá qual fossem as obrigações de uma irmã carmelita do fim do século XIX?

Ao falar de santidade, dificilmente pensamos em uma pia cheia de pratos sujos, uma pilha de roupas para passar, um trabalho repetitivo, como ser caixa de supermercado ou motorista de ônibus, ou uma casa totalmente bagunçada para limpar e organizar. Certa vez, Santa Teresa d'Ávila estava preparando ovos para a refeição das monjas quando entrou em êxtase, com a frigideira na mão. Ao voltar a si, ela disse às suas filhas: "em meio às panelas também anda o Senhor". O que nos ensina Santa Teresa com esse episódio? O que São Paulo já havia nos advertido: "Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Cor 10,31).

O homem se santifica no amor que coloca nas ações ordinárias

É no específico da sua vida que você encontrará as oportunidades diárias para a sua santificação. "A conclusão que se impõe", nos ensina o padre Adolphe Tanquerey, "é a necessidade de santificar todas as nossas ações, ainda as mais comuns". Sua rotina é cuidar de uma casa, dar banho nos filhos pequenos, cozinhar? Esse é o lugar privilegiado para a sua santificação. Você trabalha como cobrador de ônibus, professor, pedreiro, caixa de supermercado? É nesse lugar que você pode ser santo. Como? Santificando cada ação, sobrenaturalizando os seus atos. O que isso significa? Que tudo que você fizer, faça por amor a Deus. E como você pode fazer isso? Consagrando cada ação, cada gesto, cada palavra, cada ato a Deus. Está cansado de dirigir o ônibus o dia inteiro e lidar com gente mal-educada?

Reze a cada minuto, dizendo: "Senhor, vou ser amável, vou ser educado, vou aguentar esse trabalho por amor a ti, só por amor a ti! Vou dirigir com atenção, com calma, respeitando as leis não porque meu patrão mereça, não porque os passageiros mereçam, mas por amor a ti, somente por amor a ti". A rotina da sua casa é pesada? Você não aguenta mais cuidar de criança, lavar banheiro, fazer comida? Reze a cada minuto, dizendo a Deus que é por amor a Ele que você vai sorrir, por amor a Ele que você vai ser agradável, por amor a Ele que você vai dar o melhor e cozinhar a melhor comida, lavar o melhor banheiro.

Dê um sentido sobrenatural à todas as coisas

Não se trata de dizer isso uma vez, ao acabar de ler esse texto, e depois esquecer, mas sobrenaturalizar cada ato, ou seja, dar um sentido sobrenatural para cada coisa que você fizer. Se meu filho pequeno derrubou a comida no chão logo depois de eu limpar a casa, não vou murmurar, chorar ou gritar de raiva. Vou dizer a Deus: "Senhor, essa é mais uma oportunidade de eu crescer no amor. Por amor a ti, só por amor a ti vou limpar o chão e não vou despejar a minha raiva no meu filho pequeno, que nem sabe o que faz. Vou me manter silenciosa como Jesus diante de seus acusadores. Por amor a ti eu faço isso, Senhor, só por amor a ti".

O mal está em desperdiçarmos todo esse terreno de santificação que é a nossa vida ordinária. No seu Compêndio de Teologia Ascética e Mística, o padre Adolphe Tanquerey nos dá uma lição fantástica:


A perseverança nas pequenas coisas é heroísmo

"Pode-se, pois, dizer com toda a verdade que não há meio mais eficaz, mais prático, mais ao alcance de todos, para se santificar uma alma, do que sobrenaturalizar cada uma das ações; este meio basta por si só para nos elevar em pouco tempo a um alto grau de santidade".

Não espere por grandes acontecimentos para buscar a santidade. Não dê desculpas de que sua vida é puxada demais para se preocupar em ser santo ou que você tem preocupações demais. Viva o hoje, viva a sua realidade. Continue fazendo exatamente as mesmas coisas, mas mude o porquê. Mude a motivação e você encontrará sentido para tudo. Não é por obrigação, não é por dinheiro, não é pelo salário ou para receber elogios. É por amor a Deus. Antes de fazer qualquer coisa, recolha-se um momento, nos ensina Tanquerey.

Renuncie a toda intenção natural ou má (intenção natural é toda aquela que não é ruim, mas não é centralizada em Deus, como o seu próprio bem, o bem do outro, obter sucesso etc.). Ofereça a ação por Cristo, por amor a Ele. Tornar isso um hábito fortalece a nossa abnegação, nossa humildade e o nosso amor por Nosso Senhor Jesus Cristo. Por fim, siga o conselho de São Josemaria Escrivá: "Fazei tudo por amor. Assim não há coisas pequenas, tudo é grande. A perseverança nas pequenas coisas, por amor, é heroísmo".



José Leonardo Nascimento

José Leonardo Ribeiro Nascimento é casado, pai de quatro filhos e membro do segundo elo da Comunidade Canção Nova desde 2007. Natural de Paripiranga (BA), cursou Ciências Contábeis na Universidade Federal de Sergipe e fez pós-graduação em economia por meio do Minerva Program, na George Washington University, nos Estados Unidos. Trabalha, há 18 anos, como Auditor Federal na Controladoria-Geral da União em Aracaju (SE). Ele e sua esposa trabalham, há muitos anos, com a evangelização de casais e de famílias, coordenando grupos e pregando em retiros e encontros.
Instagram: @leonardonascimentocn | Facebook: @leonardonascimentocn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/sobrenaturalizar-todas-as-nossas-acoes-e-se-santificar/

14 de maio de 2021

Oito dicas para corrigir uma pessoa


Com algumas pessoas, pode ser que uma abordagem direta funcione melhor. Os passos a seguir podem ajudá-lo a ser mais objetivo e eficaz sem ser ofensivo.

Oito dicas para corrigir uma pessoa

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Como corrigir uma pessoa sem ofendê-la nem desanimá-la

1. Escute primeiro

Não comece a dar lições de moral ou a criticar as atitudes de alguém sem antes lhe perguntar por que agiu de tal maneira. Verifique se ele tem noção das consequências de suas atitudes. Deixe que se explique e, até mesmo, se desculpe. Você pode se surpreender com o que vai ouvir.

2. Aconselhe de maneira a encorajar; nunca a desanimar

Comece levantando a autoestima da pessoa, ajude-a a perceber o que ela tem de bom. Fale de suas qualidades e de seus acertos. Ponha em destaque o que ela fez de positivo. Depois, ajude-a a detectar o erro, corrija-a e aconselhe-a. Então, reafirme a sua confiança na capacidade que ela tem de agir bem. Encoraje-a.

3. Ofereça apoio

Esclareça suas intenções. Diga o quanto a estima, o quanto deseja vê-la acertar e que, justamente por isso, está ali para apoiá-la a agir bem.

4. Não force nem fique insistindo para que siga seus conselhos

Permita que a pessoa se decida a fazer o que é certo porque está convencida disso, não porque se sentiu apanhada em flagrante e agora não tem outro recurso senão agir de outro modo. As pessoas amadurecem e se tornam melhores quando são persuadidas a abandonar o erro, mas ficam ressentidas e se tornam obstinadas quando agem por constrangimento.

5. Se a pessoa mostrar abertura, ajude-a a encontrar a solução

Não assuma ares de mestre ou de salvador da pátria. Isso coloca os outros na defensiva. Seja simples e humilde ao dar sua opinião e ajude o outro a encontrar uma saída. Reconheça que já errou e também precisou ser ajudado. Se possível, use exemplos do que foi feito em outras ocasiões para resolver um problema semelhante. Assim que a pessoa descobrir uma solução viável, mostre sua aprovação e incentive-a a agir o quanto antes.


6. Seja discreto

Ninguém gosta de ver a própria incompetência, os erros ou as maldades apontados publicamente. As pessoas se sentem julgadas quando são corrigidas diante de outras pessoas. Portanto, converse em particular e ponha o acento mais na solução do que no problema.

7. Peça um feedback

Deixe que o outro faça uma avaliação daquele momento de diálogo e diga como se sentiu com a conversa, o que entendeu do que ouviu, o que pretende fazer a partir de então e como está se sentindo em relação a você. É a sua chance de eliminar qualquer mal-entendido.

8. Crie entusiasmo

Entusiasmar é inspirar o desejo de viver bem. As pessoas passam por períodos da vida em que se sentem desacreditadas, perdidas, desanimadas e inseguras. Elas não têm o entusiasmo necessário para romper os sentimentos que as prendem e as impedem de fazer todo o bem que poderiam e gostariam de realizar. Então, valorize, elogie, incentive, faça festa e vibre cada vez que um amigo seu aceitar um conselho e se dispuser a mudar, a corrigir um vício, a se tornar um ser humano melhor.



Márcio Mendes

Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros publicados pela Editora Canção Nova, dentre eles '30 minutos para mudar o seu dia', um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/oito-dicas-como-corrigir-uma-pessoa/

12 de maio de 2021

O ressentimento começa através de pequenas coisas


"Vós purificastes vossas almas obedecendo à verdade para praticardes um amor fraterno, sem hipocrisia. Amai-vos uns aos outros de coração puro, com constância, vós que fostes novamente gerados por uma semente não corruptível, mas incorruptível, pela palavra de Deus viva e permanente" (1Pd 1,22).

A conclusão dessa passagem vemos em 1Pd 2,1: "Rejeitai, portanto, toda a maldade e toda a astúcia, toda a forma de hipocrisia, inveja e maledicência".

Foto Ilustrativa: Jorge Ribeiro/cancaonova.com

O ressentimento começa nas pequenas coisas, nas decepções insignificantes

São Paulo disse à comunidade de Efésios: "Estais encolerizados? Não pequeis, não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis oportunidade alguma ao diabo" (Ef 4,26-27).

Isso significa que não existe nenhuma pessoa viva, aqui na Terra, que não passe pela experiência de ter um momento de ressentimento e irritação; e o encardido se aproveita disso para tentar nos mandar para o inferno. O que nós temos de fazer é não darmos entrada a ele.

O ressentimento começa nas pequenas coisas, de decepções insignificantes; então, fazemos "tempestade em copo d'água" e transformamos aquilo que era um ressentimento bobo em ira ou ódio. O passo para isso acontecer é remoermos, ressentirmos tudo, ou seja, sentimos tudo novamente, relembrarmos os fatos. Cada vez que fazemos isso, o ódio aumenta. Mas como poderemos lutar contra isso?

Passos contra o ressentimento

O primeiro passo é compreender sempre a atitude daquele que nos ofende, pois nunca sabemos o que ele passou durante o dia. O segundo passo é não ficarmos comentando com as outras pessoas o que passou durante o mal entendido, pois isso ajuda a aumentar nosso ressentimento, criando um círculo vicioso. Você já viu aquelas pessoas que, onde vão, contam a mesma história para todos, sempre se fazendo de vítima, de coitado? Isso acontece  quando tocamos no assunto com a pessoa errada. Sentiu vontade de falar, procure um padre e confesse-se com ele.

Quando você não ama uma pessoa, é o passo para não amar duas, três, quatro e assim por diante. Você briga com a vizinha, já é um passo para ficar de mal com o marido dela, com a avó. Até mesmo o cantor que essa pessoa gosta você passa a detestar.


Tudo isso ocorre pelo desamor que existe entre nós, e as pessoas que mais sofrem são as que não amam. O desamor não é somente não gostar da pessoa, ter ressentimento por ela, pois amar é dar-se sem esperar nada em troca. Quando, no entanto, não amamos, apenas investimos para que possa receber também; e quando não somos correspondidos, começamos a gerar antipatias.

A pessoa que não ama não consegue chegar à cura interior, e quem não passou pela experiência da cura interior não ama, isso vira um círculo vicioso de pecado, de ressentimento e decepção, e tudo isso vai se transformar em ódio.

Necessário é nos purificarmos para praticar um amor verdadeiro, um amor gratuito, somente assim conseguiremos ficar longe do ressentimento.

Formação Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-ressentimento-comeca-atraves-de-pequenas-coisas/

10 de maio de 2021

Na maternidade, revela-se o mistério da mulher


O assunto deste artigo corresponde à catequese que São João Paulo II proferiu, em 1980, sobre a Teologia do Corpo. Após 35 anos, suas palavras permanecem como ecos de amor e ternura, revelando-nos o sentido profundo da feminilidade. O que é ser mulher? Quais são as características e os comportamentos próprios da mulher? De maneira bem abrangente, mas certeira, podemos dizer que ela se manifesta por meio de seu ser feminino. Vamos mais fundo? Tendo a mesma humanidade que o homem, a mulher pode fazer as mesmas coisas que ele enquanto ser humano: pensar, rir, correr, tocar música, dar aulas, fazer cálculos, discutir política, cozinhar etc. Certo? Entretanto, a feminilidade é a forma como a mulher se expressa no mundo, a maneira própria de ela cumprir todas as tarefas, fazendo com que sua marca própria deixe rastros de beleza e cuidados. Não há comparação, mas complementariedade com o masculino. Quando comparamos, sempre há perdas, pois é necessário que saia um vencedor e, fatalmente, um perdedor. Ao contrário, quando se complementa, a humanidade inteira ganha.

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A maternidade tem uma plenitude ampla, que se revela no mistério que a mulher possui

Ao olharmos para o corpo da mulher, vemos um ser que foi sonhado por Deus para receber a vida e cuidar dela. O ventre acolhe e deixa crescer o embrião frágil, que já é um ser humano completo, único e irrepetível para o mundo. Após o nascimento, a mulher vai amamentar durante as primeiras fases de desenvolvimento desse bebê tão dependente, tão necessitado dos cuidados da mãe para sobreviver. Não há ser no mundo que não tenha uma mãe, e isso diz muito sobre a forma como dependemos dessa figura materna para sermos pessoas saudáveis. Entretanto, mesmo que você, hoje, não tenha uma mãe, sua necessidade de maternidade permanece aí, no mais íntimo do seu ser. Temos, assim, a possibilidade de encontrar traços da mãe que todos precisamos nas mulheres da nossa vida, havendo laço parental ou não. Uma dica para saborear a maternidade que podemos encontrar no mundo: o amor é o componente fundamental da identidade da mulher, ou seja, ela não conseguirá atingir sua plenitude enquanto não souber amar.

Amor feminino

O amor feminino se manifesta, fundamentalmente, no cuidar, que pode ser de filhos gerados no ventre ou no coração, de irmãos de sangue ou de comunidade, de cômodos da casa ou do escritórios. Amar é cuidar das feridas do corpo e da alma, de pequenos gestos que vão aliviar uma dor e fazer com que outros se sintam simplesmente cuidados. Eis o amor feminino manifestado em atitudes. Sabe aquele "toque feminino" que todos gostamos de apreciar? É isso! Aquela sensação inexplicável que temos, muitas vezes, ao adentrar numa casa perfumada ou no terreno quente de um coração de mãe. Temos sede desses cuidados que toda e qualquer mulher pode ofertar aos que se aproximam dela. São João Paulo II nos lembra que, em Gênesis, ao ver a mulher pela primeira vez, Adão entendeu, profundamente, o significado do próprio corpo. A mulher tem essa missão ainda hoje: auxiliar a humanidade a compreender os significados mais essenciais da existência humana, os quais, fatalmente, a levará a conhecer mais o próprio Deus. Com sua presença, Eva chama o homem para fora e o ajuda a fazer a transição do reconhecer-se na solidão (original) para reconhecer-se na comunhão. Esse novo conhecimento é que gera a vida.

Chamada a gerar vidas novas

Fica evidente assim que toda mulher é chamada a dar à luz os seres humanos, seus irmãos. Se a colaboração do homem está na parceria com Deus para fecundar e gerar toda a humanidade, a cooperação da mulher está no cuidado e na manutenção da vida gerada. Se hoje temos fome e sede de uma humanidade renovada na sua essência, que aparece desordenada pela falta de amor, a mulher é convidada a ser essa ministra do cuidado, da beleza da maternidade que gera vida nova.




Milena Carbonari

Palestrante em empresas, escolas e comunidades, a psicóloga Milena Carbonari é pós-graduanda em Educação e Terapia Sexual e terapeuta de EMDR (tratamento de traumas e fobias). Contato: psicologa@milenacarbonari.com. br

5 de maio de 2021

Jesus Cristo é o nosso melhor exemplo de humildade


Israel, na sua história feita de longos exílios, frequentemente fazia a experiência de total impotência diante de acontecimentos que nenhuma força humana poderia ter mudado. E, assim, adquiria a humildade, ou seja, uma atitude de total dependência e plena confiança em Deus. E, justamente na sua condição de povo humilde e pobre, muitas vezes, Israel encontrava refúgio e acolhida somente n'Aquele que havia feito uma eterna aliança com o seu povo.

Além disso, na perspectiva messiânica, o esperado é um rei humilde que entra em Sião cavalgando um jumentinho, porque o Deus de Israel é, sobretudo, o "Deus dos humildes". Uma vez que todas as expectativas se cumpriram em Jesus, é da sua vida e dos seus ensinamentos que poderemos colher a verdadeira humildade, aquela que torna a nossa oração agradável ao Senhor. "A prece dos humildes atravessa as nuvens" (Eclo 35,17).

Jesus Cristo é o nosso melhor exemplo de humildade

Foto Ilustrativa: PeteWill by Getty Images

A vida de Jesus é uma perfeita lição de humildade

A vida de Jesus é uma perfeita lição de humildade. Ele, embora sendo Deus, primeiro se fez homem no seio da Virgem Maria, depois se fez pão na Eucaristia e, enfim, se fez "nada" sobre a Cruz. Ele dissera: "Sede meus discípulos, porque sou manso e humilde de coração" (Mt 11,29)e, depois, no lava-pés, ele que era o Mestre, se abaixou para fazer o mais humilde dos serviços, também, propôs como modelo as crianças e entrou em Jerusalém montado num jumento. E, no final, se deixou crucificar, anulando-se no corpo e na alma, para conquistar-nos o Paraíso.

Ele não fazia outra coisa senão revelar-nos o seu relacionamento com o Pai; revelar o modo de amar da Trindade que é um mútuo "fazer-se nada" por amor; revelar uma eterna doação de um ao outro. Jesus derrama sobre a humanidade o amor trinitário que alcança o seu auge, justamente, no ato de doar-se de maneira completa na Sua Paixão e Morte na Cruz. Deus mostra, assim, a sua potência na fraqueza. O seu amor é daqueles que elevam o mundo porque se põe no último lugar, no degrau mais ínfimo da criação.

É realmente humilde quem, seguindo o exemplo de Jesus, sabe fazer-se nada por amor aos outros; quem se coloca diante de Deus numa atitude de completa disponibilidade à Sua vontade; quem está vazio de si mesmo a ponto de deixar que seja Jesus a vivê-lo. E, então, a sua oração será atendida, porque, quando pronunciar a palavra "Abbá-Pai", não é mais ele mesmo quem reza e sua oração obtém aquilo que pede, pois essa palavra foi colocada em seus lábios pelo Espírito Santo.

A prece dos humildes atravessa as nuvens (Eclo 35,17)

O ponto culminante da vida de Jesus foi o momento em que Ele "dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas Àquele que tinha poder de salvá-Lo da morte. E foi atendido, por causa de Sua entrega a Deus" (Hb 5,7-8), ou seja, por causa da Sua oração inspirada na total obediência à vontade do Pai, devido ao seu pleno abandono n'Ele.


Eis a oração que atravessa as nuvens e atinge o coração de Deus: a prece de um filho que se levanta da sua miséria para lançar-se confiante nos braços do Pai.

Chiara Lubich – Fundadora do Movimento Focolares


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/jesus-cristo-e-o-nosso-melhor-exemplo-de-humildade/

3 de maio de 2021

O que realmente significa ser um profeta?


"Eu te consagrei; eu faço de ti um profeta para as nações" (Jr 1,5b).

O próprio Deus é quem nos chama a sermos profetas. O chamado é divino, mas a resposta é humana. Deus nos confia a missão de profetizarmos às nações, mas também nos dá a liberdade de aceitarmos ou não esse chamado. Se o aceitarmos, e deveríamos aceitá-lo, precisamos entender o que realmente significa ser um profeta.

O que realmente significa ser um profeta?

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Muitos acreditam que profecia é uma espécie de enigma e que profeta é aquele que adivinha as coisas

Infelizmente, a maioria das pessoas, tem uma imagem deturpada do que realmente é a profecia e, consequentemente, do sujeito que a transmite. Muitos acreditam que profecia é uma espécie de enigma; que profeta é aquele que adivinha as coisas, que tem visões sobre o futuro, algo parecido com cartomantes, videntes e outros que dizem por aí que descobrem coisas relacionadas ao futuro. O profeta e a verdadeira profecia não são nada disso.

Há um tempo, apareceu até novela para confundir ainda mais a cabeça das pessoas. A trama mostrava uma pessoa com um "dom especial" que, na verdade, a transforma num desses adivinhos, uma pessoa que tem visões de fatos que ainda irão acontecer.

Aí temos dois problemas principais: o primeiro é que, dessa maneira, só os que nascem com esse tal "dom especial" é que podem profetizar, e isso contradiz o que a Igreja nos ensina quando nos instrui que todos nós, batizados, participamos do múnus (da função) profético de Cristo, através do qual devemos evangelizar pela vida e também pela palavra. No batismo, Deus mesmo nos faz profetas.

Profecia não é adivinhação

O outro problema é a respeito do conteúdo da profecia. Profecia não é adivinhação, e sim uma forma de se educar para o futuro, de descobrir caminhos para o futuro. Isso é tão verdade que os profetas são, antes de tudo, intérpretes da história do povo. A profecia acaba sendo uma releitura da vida do povo. O profeta parte do presente, volta ao passado, a fim de projetar o futuro.

Exemplo disso são os livros proféticos da Bíblia que nos mostram os profetas nas várias situações de dificuldade enfrentadas pelo povo de Deus. Esses profetas sempre faziam referências ao passado, especialmente ao evento da libertação do povo, ao Êxodo, para que, a partir dali, fizessem essa releitura da história, analisassem o momento presente e educassem o povo rumo ao futuro desejado por Deus.


Faça a experiência. Quando estiver num momento de crise, faça um retrospecto da sua história desde o momento que você considere fundamental para sua vida. Faça a releitura desse momento até a atualidade (momento de crise), e você conseguirá perceber muitos dos motivos que geraram as dificuldades do presente, além disso, conseguirá vislumbrar alguma direção por onde seguir.

São estas as duas coisas que precisamos entender: primeiro, profecia não é para meia dúzia de pessoas consideradas especiais, pois, no batismo, Deus nos consagrou e fez de nós profetas. Segundo: A profecia não é uma adivinhação, e sim inspiração de Deus que, nos momentos difíceis, nos ensina a relermos a história e, dessa maneira, projetar o futuro.

Que cada um de nós assuma a missão profética e ajudemos mutuamente a descobrirmos os caminhos que Deus deseja para o nosso futuro, para a nossa felicidade.

Artigo extraído do livro "A experiência de ouvir e transmitir a voz de Deus" de Denis Duarte.



Denis Duarte

Denis Duarte especialista em Bíblia e Cientista da Religião. Professor universitário, pesquisador e escritor. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.

Site: www.denisduarte.com
Instagram: @denisduarte_com
Facebook: facebook/aprofundamento


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/o-que-realmente-significa-ser-um-profeta/

30 de abril de 2021

A água benta e seu sentido na vida cristã


A água, como fórmula química H2O, é elemento fundamental para a vida humana. Desde os primórdios até os dias de hoje, o homem necessita e depende do uso diário da água para sua subsistência.

Nas Sagradas Escrituras, a água é considerada símbolo de purificação (cf. Sal 51,4; Jo 13,8) e de vida (cf. Jo 3,5; Gal 3,27). Como dom de Deus, a água é instrumento vital, imprescindível para a sobrevivência e, portanto, um direito de todos (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 484).

A água benta e seu sentido na vida cristã

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A importância da água para a vida humana, seja física e espiritual

Contudo, a água, quando abençoada, passa a ter um sentido também espiritual. No Ritual Romano da celebração das bênçãos, no número 1090, diz que, com a bênção da água, recordamos Cristo, que é a Água Viva, e o sacramento do batismo, que nos fez renascer pela água e pelo Espírito Santo. Por isso, sempre que formos aspergidos com essa água ou nos benzermos com ela, ao entrar na igreja ou dentro das nossas casas, demos graças a Deus pelo seu dom inestimável e imploremos o Seu auxílio para que, na nossa vida, sejamos fiéis.

A água benta não é uma espécie de mágica ou superstição para quem a utiliza, pelo contrário, ela é uma eficaz forma de se chegar às realidades espirituais, por meio de sinais sensíveis e visíveis, que, no caso da água benta, se denomina como sacramental.

Água benta é um sacramental

O que é um sacramental? "A santa mãe Igreja instituiu os sacramentais, que são sinais sagrados pelos quais, à imitação dos sacramentos, são significados efeitos principalmente espirituais, obtidos pela impetração da Igreja. Pelos sacramentais, os homens se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos e são santificadas as diversas circunstâncias da vida" (Catecismo da Igreja Católica, n.1667)

Assim, o ministro ordenado, seja um padre ou diácono, ao abençoar a água, conforme prescreve a Santa Igreja Católica, obtém-se um sacramental, que possui grande eficácia para as pessoas nas diversas realidades da vida. Essa água benta também pode ser usada para a aspersão nos vários ritos que a Igreja celebra para a santificação do povo.

Com isso, "os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos; mas, pela oração da Igreja, preparam para receber a graça e dispõem para cooperar com ela" (CIC 1670).


O sentido da água benta

O sentido da água benta, portanto, não é uma representação imaginária, mas sim um sinal concreto e efetivo utilizado com fé e piedade pelo povo de Deus.

Para os católicos, "segundo um costume muito antigo, a água é um dos símbolos que a Igreja usa com frequência para abençoar os fiéis. A água ritualmente benzida evoca nos fiéis o mistério de Cristo, que é para nós a plenitude da bênção divina. Ele próprio Se apresentou como água viva e instituiu para nós o batismo, sacramento da água, como sinal de bênção salvadora" (Ritual Romano – Celebração das bênçãos, n.1085).

Na Introdução Geral do Missal Romano, número 51, quando se trata do ato penitencial, a água benta tem um determinado sentido, quando se afirma que "ao domingo, principalmente no tempo pascal, em vez do costumado ato penitencial, pode fazer-se, por vezes, a bênção e a aspersão da água em memória do batismo", ou seja, a água benta tem ação importante na Liturgia da Igreja.

Um outro aspecto é que, na maioria das bênçãos sobre pessoas, casas e objetos, é feita a seguinte oração: "Esta água nos recorde o nosso batismo em Cristo, que nos remiu com a Sua Morte e Ressurreição". É realizada uma oração que nos une a Jesus, o centro da vida do cristão; após essa oração, pode acontecer a aspersão com a água benta sobre a pessoa ou objeto abençoado.

A água benta é um sacramental, que, conforme a Igreja, pode-se ingerir, persignar, aspergir a si e aos outros, a objetos e lugares. Ela é uma graça que traz muitos benefícios para o corpo e para a alma daqueles que, com fé e devoção, a utilizam para o bem próprio e comum.



Padre Márcio Leandro Fernandes

Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Márcio Leandro é também Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP). Atua no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/catequese-liturgica/agua-benta-e-seu-sentido-na-vida-crista/