26 de abril de 2021

Deus ama a quem dá com alegria


"Deus ama a quem dá com alegria" (2Cor 9,7).

Como qualquer outro pai e mãe, Deus deseja ver seus filhos sempre bem dispostos, sempre felizes, sempre ressuscitados, apesar das dificuldades, aliás, se fôssemos santos, diríamos: exatamente por causa das dificuldades.

Evidentemente, não trata-se de uma alegria meramente humana, fruto do ter, do prazer e do poder, pois essa é uma alegria falsa e passageira, que deixa o coração mais vazio e amargurado do que antes, uma alegria que, não poucas vezes, é construída sobre a dor e a amargura dos outros. Todos os que têm idade e experiência sabem que, quanto mais se busca preencher a fome de felicidade, que todos sentimos, com essas alegrias, a frustração que daí nasce pode acabar se transformando em depressão incurável.

Deus ama a quem dá com alegria

Foto Ilustrativa: Halfpoint by Getty Images

A alegria que nasce do amor

A verdadeira alegria nasce da certeza de sermos amados por Deus sempre, a cada instante, não porque somos bons, mas porque Ele é bom. Aliás, Deus nada mais faz senão praticar o que Ele mesmo ensinou no Evangelho: "Se amais somente os que vos amam, que prêmio mereceis? Também os pecadores fazem isso. Se amais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Também os pagãos fazem isso" (Mt 5,46).

Se acreditamos que Deus é sempre e somente amor; se acreditamos que somos amados infinitamente por Ele, então, será natural exclamar, assim como São Paulo: "Estou cheio de consolo, transbordo de alegria em toda a espécie de tribulação" (2Cor 7,4). Por que? "Porque é ainda São Paulo quem nos lembra: "Sabemos que tudo concorre para o bem dos que amam a Deus" (Rm 8,28).

É aprofundando essa verdade que os verdadeiros cristãos, que são os santos, chegam a entender que a felicidade, muito mais do que das riquezas, dos prazeres, do bem-estar e do poder, brota da pobreza, da parcimônia, do equilíbrio e até mesmo do sofrimento, porque escreve Chiara Lubich é "somente passando pelo gelo da dor que se chega ao incêndio do amor".

Essa afirmação de Chiara me traz à memória o que dizia um santo frade capuchinho, quando eu, habituado a queixar-me das amarguras da vida, recorria a ele para buscar conforto e apoio: "Graças ao mistério pascal, as coisas vão bem quando vão mal". Não se trata de masoquismo ou, pior ainda, de sadismo; trata-se, pelo contrário, de uma lei da vida: para produzir fruto, o grão de trigo precisa ser enterrado e morrer. Se não quisermos passar por essa metamorfose, o grão, ou seja, eu e você acabaremos asfixiados pela solidão do egoísmo.

A alegria que nasce da doação

A verdadeira alegria nasce de nossa capacidade de doação: "Há mais felicidade em dar do que em receber" (At 20,35). Quem vive buscando ansiosamente tudo o que o satisfaz; quem nada quer senão acumular bens materiais, sem se importar com a situação dos outros; quem faz de seu corpo e de sua beleza o principal escopo da vida; quem pretende apenas subir e aparecer, mesmo que às custas dos demais, jamais será feliz, porque sempre pensará que ainda não alcançou suficiente. Aliás, cada momento de satisfação aumentará a fome de felicidade e, assim, o círculo vicioso nunca se fecha.


A conclusão só pode ser uma: deixar-se arrebatar pelo amor de Cristo. Então a vida será outra: "Quem nos separará do amor de Cristo: o sofrimento, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, os perigos, a espada? Não, pois em tudo isso somos mais do que vencedores, graças Àquele que nos amou" (Rm 8, 36-37).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/deus-ama-a-quem-da-com-alegria/

23 de abril de 2021

É possível provar a existência de Deus usando somente a razão?


A existência de Deus não é uma tese aceita por todas as pessoas. No mundo acadêmico, em especial no filosófico, esse é um dos temas mais debatidos. Se, para nós que temos fé não é um problema, para os não crentes o é. Dessa maneira, fica claro que: falar da existência de Deus não é tão simples como se pensa, embora seja possível constatá-la.

Você pode me perguntar: Elenildo, então é possível conhecer Deus sem os dados da fé? Conhecê-Lo apenas com a luz da razão? Para responder, recorrerei ao Compêndio da Igreja Católica, que afirma: "partindo da criação, ou seja, do mundo e da pessoa humana, o homem pode, simplesmente com a razão, conhecer, com certeza, Deus como origem e fim do universo e como sumo bem, verdade e beleza infinita" (Compêndio, n. 3).

Talvez, você tenha ficado surpreso com essa declaração do Compêndio em afirmar que o homem simplesmente com a razão pode conhecer Deus. Karl Rahner, teólogo católico, afirma que quem sinceramente busca a verdade entende que Deus é a melhor explicação para tudo que existe no mundo. Seja em relação às coisas materiais, isto é, que possui matéria, tais como: os planetas, as estrelas e a vida em geral. Como também aquilo que é imaterial, ou seja, coisas que existem sem conter matéria, isto é, que existem, mas não podemos ver ou tocar, mas que está aí e não podemos negar sua existência, tais como valores, inteligência humana, amor, perdão, essência das coisas etc.

É possível provar a existência de Deus usando somente a razão?

Foto ilustrativa: Liderina by Getty Images

Argumentos racionais sobre a existência de Deus

Em uma análise verdadeira da realidade, percebemos que existem mais argumentos que afirmam a existência de Deus do que os que O negam. Porém, vale ressaltar que nós católicos somos, muitas vezes, carentes de argumentos racionais sobre a existência de Deus. Sempre que conversamos com alguém que não tem fé, temos a tentação de falarmos de Deus a partir da fé. Quero dizer, a partir disso, da necessidade de investirmos também nos argumentos racionais. Precisamos dos argumentos racionais para defender nossa fé nos ambientes em que ela não é aceita. Mais ainda, para que a minha fé e a sua tenha mais razão de ser, ou seja, uma fé enraizada e não simplesmente superficial.

Quais são esses argumentos racionais? São aqueles que a nossa própria inteligência é capaz de compreender sem auxílio da fé. Santo Tomás de Aquino nomeia cinco argumentos, ou vias racionais, capazes de provar a existência de Deus.

Movimento

A primeira via é a do movimento. Diz Santo Tomás que tudo aquilo que se move é movido por outro, desse modo, é preciso admitir a existência de um movimento primeiro, logo este só pode ser Deus.

Causalidade

O segundo diz da causalidade. Não é possível que exista uma série infinita de causas. Existe uma primeira causa não-causada, que só pode ser Deus.

Contingência das coisas

A terceira diz da contingência das coisas. Diz Santo Tomás que as coisas existem e, em um determinado tempo, deixam de existir. Se assim fossem todas as coisas, o mundo deixaria de existir em dado momento. Com isso, entende-se que existe algo que sempre existiu e precisa existir para que as demais coisas continuem existindo.

Graus de perfeição

O quarto argumento refere-se aos graus de perfeição. Quando observamos detalhadamente, vemos a perfeição com que cada coisa no universo foi criada. Além do mais, constatamos que um ser é mais perfeito que o outro. Não resta dúvida ao dizer que uma pedra é menos complexa em entender que um animal, e um animal qualquer, menos complexo que um homem. Se existem diversos graus de perfeição, isso implica dizer que precisa existir o grau máximo de perfeição que só pode ser Deus.


Fim último das coisas

Por último, Tomás fala do fim último das coisas. Todas as coisas criadas foram feitas com uma finalidade própria. Ninguém nunca presenciou uma laranjeira que se confundiu e produziu manga. Todas as coisas estão ordenadas para determinado fim.

João Paulo II, na encíclica Fides et Ratio, logo na introdução, diz: "A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecê-Lo, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio".

Como ilustrado pelo Papa João Paulo II, precisamos da fé, porém ela sozinha não é suficiente. O que a Igreja ensina é voarmos com as duas asas. Só com a asa da fé cairemos no fideísmo. Unicamente com a razão cairemos no racionalismo. A saída está exatamente em voarmos com as duas asas, a da razão e a outra da fé. Somente assim alçaremos voo e contemplaremos a verdade.

Que o Senhor aumente a nossa fé e ilumine nossa razão, para melhor Lhe servirmos e O amarmos.



Padre Elenildo Pereira

Padre Elenildo Pereira é membro da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).  Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP) e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova. Atua no Departamento de TV da Canção Nova, no Santuário Pai das Misericórdias e Confessionários. Autor do livro "Ser humano, obra prima das mãos de Deus", pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/e-possivel-provar-a-existencia-de-deus-usando-somente-a-razao/

19 de abril de 2021

O bem verdadeiro coloca a vida em primeiro


«É totalmente falsa e ilusória a defesa que se faz dos direitos humanos – por exemplo, os direitos à saúde, à moradia, ao trabalho, à família e à cultura – se não se defende, com a mesma energia, o direito à vida como primeiro e capital direito, fundamento de todos os outros direitos da pessoa.»

Não nego que, ao deparar-me com essa afirmação do Papa João Paulo II, fiquei bastante preocupado. Por quê? Porque sempre pensei que o verdadeiro cristão é aquele que sabe dialogar com as diversas correntes de pensamento que compõem a sociedade e se dispõe a apoiar quaisquer iniciativas direcionadas ao bem-estar social, cultural e econômico dos povos, independentemente se elas são promovidas por esta ou aquela organização, este ou aquele partido político.

De fato, um famoso escritor latino gostava de repetir: «Nada do que é humano me é estranho». Da mesma forma, onde quer que haja uma necessidade a acudir, uma esperança a suscitar, uma mão a estender, um passo a dar, lá é o lugar do verdadeiro cristão. Mantendo sempre os olhos voltados para Deus, o cristão aprende a amar os irmãos começando pelos mais necessitados com o mesmo amor de Deus, um amor simultaneamente paterno e materno, afetivo e efetivo.

O bem verdadeiro coloca a vida em primeiro

Foto Ilustrativa: MmeEmil by Getty Images

A vida como bem primordial

Mas o que o João Paulo II quis dizer com essa afirmação? A meu ver, nada mais nada menos do que isto: o bem só é verdadeiro quando tomado em sua globalidade. Assim, de nada adianta buscar ou proporcionar o bem-estar social, cultural e econômico se, ao mesmo tempo, não se busca ou não se proporciona o bem integral da pessoa humana.

Esta é a diferença entre a ética católica e a ética promovida por numerosos organismos ou agremiações políticas. Graças à consciência sociopolítica que um número cada vez maior de pessoas está adquirindo, não são poucos os organismos e partidos às vezes, porém, mais na teoria do que na prática que defendem e promovem valores como a liberdade, a educação, o emprego, a moradia etc. Mas, enquanto eles param por ali, os cristãos fazem um passo a mais, e defendem e promovem também outros valores, que, muitas vezes, não são vistos como tais por esses mesmos organismos e partidos, como o respeito pela vida (em seu início e em seu término), a fidelidade matrimonial, o casamento heterossexual etc.


Os cristãos fazem essa opção, porque sabem que os valores culturais, sociais e econômicos de um povo são realmente tais se estão vinculados a outros valores, mais profundos e universais. Para os que sabem ver, todos os dias a história está a provar que, de nada adianta ter estudo, moradia, dinheiro, carro, fama etc., se, ao mesmo tempo, não houver outra riqueza, constituída por valores mais substanciais, normalmente oferecidas por uma religião bem entendida e melhor ainda praticada.

Por esses e outros motivos, compreende-se facilmente que não é fácil ser cristão.

Quase sempre, como já advertiu o próprio Jesus, ele será sinal de contradição. E ninguém gosta de ser esquecido, marginalizado ou perseguido. Sobretudo por pessoas com quem defendeu grandes batalhas.

Mas o Papa é incisivo: «É falso e ilusório defender alguns direitos e, ao mesmo tempo, esquecer ou desprezar outros direitos, tão ou mais importantes que os primeiros». Palavras estas que lembram outras, proferidas por Jesus: «Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, ou seja, ter moradia, carro, saúde, etc., se isso prejudicar a sua vida?».


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/bioetica/defesa-da-vida/o-bem-verdadeiro-coloca-a-vida-em-primeiro/

16 de abril de 2021

Como a vida em família nos faz pessoas melhores


A família é a nossa base, e os nossos primeiros aprendizados iniciam-se com os nossos pais e irmãos, na convivência familiar com os avós, tios, primos e qualquer outra pessoa que compõe a nossa família.

Quando vivemos o amor e o respeito em família, todos os seus membros crescem de uma maneira a levar esses sentimentos consigo ao longo da vida. Aprendemos a conviver uns com os outros, a resistir, perdoar, a sermos persistentes, pacientes, a chorar, consolar, enfim, a vida em família é uma constante formação pessoal. Ela enraíza em nós os conceitos de tradição, de moral, de costumes. Faz nascer os sentimentos, os pensamentos, e nos guia em nossas decisões.

É completamente errôneo o pensamento de que a família e a vida familiar nos formata de modo quadrado, encaixota-nos e faz-nos limitados, dentro de um conceito e jeito fechados e sem opiniões. É ao contrário disso.

Como a vida em família nos faz pessoas melhores

Foto ilustrativa: fizkes by Getty Images

A família nos faz crescer e entender o que é bom

A família não é só o "núcleo básico da sociedade", como até a ONU reconhece, mas em sua definição mais perfeita e feliz é a família que nos faz crescer, desperta-nos para o que é bom e justo, respeita as diferenças e ajuda o outro em seu crescimento pessoal.

O ambiente familiar saudável, aberto ao diálogo, que se alegra com as conquistas e descobertas de seus membros e que consola e reergue os que estão caídos, desanimados e decepcionados, não é utopia. Claro, não existe família perfeita, afinal, somos humanos, erramos, decepcionamos o outro, irritamo-nos e, muitas vezes, falamos o que não deveríamos.

É certo, no entanto, que não aprendemos a convivência familiar em cursos ou faculdade, apesar de haver terapias, grupos de ajuda etc. Verdadeiramente, aprendemos a vida familiar com o que acontece no dia a dia, nas conversas ao redor de uma mesa de refeição, no trabalho em equipe para fazer os serviços domésticos, na reorganização dos móveis da casa, brincando com os irmãos no quintal, dialogando sobre um assunto específico, pedindo desculpas e perdoando.


No abraço, no carinho, nos passeios, no respeitar o tempo do outro, na partilha das roupas, do bolo, do suco. A vida familiar é uma escola. Escola de vida. De vida em família. De convivência, renúncia, amor, respeito, partilha, sorrisos e lágrimas. Da escola tiramos grandes lições para uma vida inteira. Assim também da vida familiar. Ela nos forma e nos orienta para onde ir, o que e como fazer. Ensina-nos a viver em sociedade, a escutar um 'não', um 'espere sua vez'. Forma-nos como pessoas para a vida profissional, na reorganização dos sentimentos, nos relacionamentos futuros.

Como dissemos, ela é base, portanto, essa base precisa ser como uma árvore, forte, enraizada, nutrida; que sua sombra cubra e proteja, para que seus frutos sejam os melhores e mais saborosos.



Paulo Victor e Letícia Dias

Cirurgião-dentista de formação, Paulo Victor foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentador, locutor e radialista. Atualmente, ele mora em Campo Grande (MS). É empresário e casado com Letícia Dias.

Letícia Dias é Gerente de Conteúdo e estudante de Letras/Libras com foco na Educação Especial. Foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentadora de programas. Hoje, ela mantém uma agitada rotina familiar. Letícia tem um filho caçula que nasceu com Síndrome de Down, e isso a refaz todos os dias.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/como-a-vida-em-familia-nos-faz-pessoas-melhores/

14 de abril de 2021

Viramos escravos da própria carreira?


"Dinheiro? Não basta o termos para pagar o aluguel, a comida nem o cinema, porque queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas". No texto 'Felicidade Realista', de Martha Medeiros, encontra-se a frase citada acima, que traz um questionamento referente ao estilo de vida que adotamos e às metas que buscamos alcançar ao longo da carreira profissional.

O trabalho e o cotidiano rotineiro têm tirado os prazeres básicos que tanto almejamos, como ganhar o suficiente para pagar as despesas, poder nos divertirmos aos fins de semana e desfrutar momentos felizes com a família. O simples passou a ser pouco, buscamos o extraordinário e, por mais que o alcancemos, não nos damos conta e continuemos a buscar, buscar, buscar…

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Carreira conquistada e vida perdida?

Trata-se de um vazio infinito, fruto de uma saga que nunca vai se completar, já que nada nos satisfaz, e queremos sempre mais e mais. Para isso, trabalhamos mais, estressamo-nos mais, adoecemos mais e por aí vai. Dados mostram: cresce o número de pessoas que querem se curar dos efeitos drásticos causados pelo trabalho na mente e no corpo.

As empresas estabelecem estilos de vida ilusórios, que cegam seus colaboradores; assim, esses indivíduos esgotam as horas extras, perdem o lazer, deixam de lado os relacionamentos em troca de destaque, dinheiro e prestígio. Mas será que tudo isso vale a pena? O que é essencial para nossa vida?


Redescobrir o essencial nas coisas simples

Tenho a impressão de termos esquecido que para sermos completos nos basta cultivar as coisas simples, como um almoço com pessoas queridas, um reencontro inesperado, a lembrança que uma boa música nos traz. Deixamos de lado tudo isso para enfrentar, competir, lucrar e vencer. Uma vitória sem ganhadores ou como se alguém vencesse um campeonato, mas não fosse buscar o prêmio, porque não percebeu que era o campeão.

Volte-se para dentro de si e descubra o que realmente o eleva de forma consciente. A paz interior precisa ser contemplada. O tempo perdido não volta, porém, ainda é possível escrever uma nova história, mais feliz com quem amamos!



Ioná Piva

Atualmente é professora da Faculdade Canção Nova (Jornalismo e Rádio e Televisão). Mestre  em Comunicação Social pela  linha de pesquisa  Inovações Tecnológicas na Comunicação Contemporânea


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/viramos-escravos-da-propria-carreira/

12 de abril de 2021

Perdoar é mover-se em direção ao outro


"Portanto, quando estiveres levando a tua oferta ao altar e ali te lembrares que teu irmão tem algo contra ti, deixa a tua oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então, vai apresentar a tua oferenda" (Mt 5,23-24). Uma vez tomada a decisão de perdoar, na fé e pela fé, saímos de nós mesmos e nos movemos na direção do outro. Esse outro pode ser nós mesmos, Deus, ou, então, o meu próximo. Às vezes, diria até na maioria das vezes, os três direcionamentos do perdão são uma só realidade. Em qualquer uma delas, saímos de nós mesmos, deixamos nosso egocentrismo, quebramos nosso egoísmo.

É comum ouvirmos desculpas do tipo: "Só perdoo se ele vier pedir perdão"; "Que se humilhe, já que foi ele quem me feriu"; "Que o outro venha ao meu encontro, já que foi o culpado de nos afastarmos"; esses não são os pensamentos de Deus. Jesus é enfático no evangelho de Mateus quando manda ir reconciliar-se com o irmão que nos deve. Faz-se necessário externalizar sempre o perdão. É preciso que o outro saiba que você o perdoou.

Perdoar é mover-se em direção ao outro

Foto ilustrativa: Eva-Katalin by Getty Images

O importante é perdoar

No exercício da Cura Interior, há um efeito transformador quando você diz que perdoa. Você pode e deve fazê-lo, mesmo em relação a alguém falecido. Se a pessoa não está perto, e você não consegue fazê-lo pessoalmente, use tudo que estiver ao seu alcance. Vale telefonemas, cartas, e-mails e até mesmo as mídias sociais. Pessoalmente, declare esse perdão falando em voz alta ou em oração vocal. Uma oração maravilhosa de Cura Interior para declarar o perdão consiste em usar a imaginação, transportar-se para a cena onde o outro nos machucou, ofendeu, difamou, violentou e ali nos vermos dizendo que perdoamos aquele que nos feriu.

Aconselho sempre a levar consigo, em imaginação, a sua Comunidade Interior, ou seja, convidar Jesus, Maria, algum santo de sua estima, ou até mesmo alguém falecido que você ama, e com o auxílio deles dizer: "Eu perdoo você!". Essa oração é muito eficaz quando lidamos com feridas profundas da alma, traumas e violência na área afetiva e sexual.


Contudo, nada melhor no exercício do perdão do que desafiar-se e mover-se ao encontro do outro. Jesus exige que possamos ir ao encontro de quem está magoado conosco. Buscar aquele que nos ofendeu, mesmo que não tenhamos culpa de nada. Lembre-se, esta é a atitude de Jesus. No alto da cruz, Ele declarou o perdão. Moveu-se na direção de Seus algozes e externalizou o perdão, pedindo que o Pai os perdoasse. Como verdadeiros discípulos, façamos o mesmo.

Trecho extraído do livro "Perdoar sem limites", de padre Vicente, BTH.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/perdoar-e-mover-se-em-direcao-ao-outro/

8 de abril de 2021

Quais são os sinais de que Jesus voltará?


A palavra "escatologia", no grego scatom, significa "últimas", e está relacionada ao céu, ao inferno e ao purgatório. A Igreja, apoiada na Sagrada Escritura, diz que estamos de passagem nesta terra, porque fomos feitos para céus novos e uma terra nova.

Jesus está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso. Assim como Cristo ressuscitou, nós também vamos ressuscitar em Cristo. Nós cremos que, um dia, Ele há de julgar os vivos e os mortos. Jesus virá uma segunda vez, quando ressuscitaremos. As pessoas que morreram ressuscitarão, e todos nós teremos um corpo glorioso. Precisamos acreditar na Ressurreição, caso contrário, não seremos, de fato, católicos. São Paulo diz que se não acreditarmos nela a nossa fé será vã.

Quais são os sinais de que Jesus voltará?

Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Jesus não está parado

O Senhor virá julgar os vivos e os mortos. Quando pensamos que Jesus está sentado à direita de Deus, podemos acreditar que, talvez, Ele esteja parado. Mas não! Cristo está agindo. Diante de tanta injustiça, podemos pensar: "Parece que Jesus está de férias no céu!". Mas quando Ele voltar, toda a justiça de Deus será em plenitude. Tudo mudará.

Não sabemos ao certo quando o Senhor virá, mas passaremos por uma prova de fé quando Ele vier. E mesmo que Cristo não volte amanhã, muitos de nós poderemos ir até Ele. Por isso, o Evangelho chama-nos à conversão.

O Catecismo da Igreja Católica afirma: "Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes (639). A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na terra (640), porá a descoberto o 'mistério da iniquidade', sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura religiosa é a do anticristo, isto é, dum pseudomessianismo em que o homem glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado (641). 676. Esta impostura anticristã já se esboça no mundo, sempre que se pretende realizar na história a esperança messiânica, que não pode consumar-se senão para além dela, através do juízo escatológico. A Igreja rejeitou esta falsificação do Reino futuro, mesmo na sua forma mitigada, sob o nome de milenarismo (642), e principalmente sob a forma política dum messianismo secularizado, 'intrinsecamente perverso' (643)."

O primeiro sinal

Mas já há muitos lugares onde as pessoas estão sendo perseguidas. Não quero ser o profeta do desespero, como alguns fazem, dizendo que Jesus virá tal dia e que o mundo vai acabar logo. Não! Ninguém sabe quando isso vai acontecer; só o Pai, como nos diz a Palavra. O primeiro sinal, no entanto, como nos diz o Catecismo, será a perseguição.

Já neste primeiro milênio, existem mais mártires do que no primeiro milênio do Cristianismo. Talvez, você nem sabia disso, porque essas notícias não aparecem nos jornais, mas há lugares onde os cristãos estão sendo dizimados. O Papa Francisco, em uma entrevista, emocionou-se ao dizer: "Hoje, há mais mártires que no primeiro século do Cristianismo".


Nós, no Brasil, não sofremos essa perseguição de açoites, mas sofremos a perseguição velada. Nós vivemos tempos tristes, quando até o coroinha questiona o Papa, a Igreja, a verdade da fé. Quando o Santo Padre fala alguma coisa, há pessoas que dizem: "Não, não é bem assim", mas elas estão lá, no domingo, professando o Credo. Hoje, pensamos que tudo é normal, porque fomos nos deixando contaminar pelas mídias.

O Berço do Cristianismo

Na própria Europa, berço do Cristianismo, houve uma perseguição nos locais onde havia crucifixo. Se você ler algumas leis brasileiras, perceberá que aqui não tem sido diferente. Quais sãos os sinais de que Jesus voltará?

Você sabia que, há alguns meses, na Bélgica, foi aprovada a eutanásia infantil? É um absurdo! Eu quero chamar a atenção de vocês para esses sinais dos tempos.

Outro ponto é o avanço da perseguição à Doutrina da Igreja, ao Cristianismo. Nós temos pessoas que dizem 'não' a Deus. A consequência disso é dizermos 'não' ao homem; por isso matar o idoso que está ali, no leito do hospital, sem condições financeiras, "é normal" para eles. Num ano, há mais de 50 milhões de abortos. Quando o demônio quer agir, ele vai na destruição do ser humano. Vivemos um tempo em que a sociedade tem colocado o ser humano sem nada de valia.

Você só poderá suportar essas provações que virão se estiver em uma comunidade, se estiver junto com outros que professam a mesma fé que você. É o que diz Bento XVI. É preciso que tenhamos claro isso diante de nós: Jesus voltará. Se Ele voltasse hoje, como estaria a sua fé?



Daniel Machado

Daniel Machado de Assis, natural de São Bernardo do Campo-SP, é membro da Canção Nova desde 2002. Psicólogo formado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, também estudou filosofia pelo Instituto Canção Nova. Atualmente é coordenador do Núcleo de Psicologia Canção Nova que tem por objetivo assessorar e auxiliar a formação dos membros desta instituição.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/quais-sao-os-sinais-de-que-jesus-voltara/