12 de abril de 2021

Perdoar é mover-se em direção ao outro


"Portanto, quando estiveres levando a tua oferta ao altar e ali te lembrares que teu irmão tem algo contra ti, deixa a tua oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então, vai apresentar a tua oferenda" (Mt 5,23-24). Uma vez tomada a decisão de perdoar, na fé e pela fé, saímos de nós mesmos e nos movemos na direção do outro. Esse outro pode ser nós mesmos, Deus, ou, então, o meu próximo. Às vezes, diria até na maioria das vezes, os três direcionamentos do perdão são uma só realidade. Em qualquer uma delas, saímos de nós mesmos, deixamos nosso egocentrismo, quebramos nosso egoísmo.

É comum ouvirmos desculpas do tipo: "Só perdoo se ele vier pedir perdão"; "Que se humilhe, já que foi ele quem me feriu"; "Que o outro venha ao meu encontro, já que foi o culpado de nos afastarmos"; esses não são os pensamentos de Deus. Jesus é enfático no evangelho de Mateus quando manda ir reconciliar-se com o irmão que nos deve. Faz-se necessário externalizar sempre o perdão. É preciso que o outro saiba que você o perdoou.

Perdoar é mover-se em direção ao outro

Foto ilustrativa: Eva-Katalin by Getty Images

O importante é perdoar

No exercício da Cura Interior, há um efeito transformador quando você diz que perdoa. Você pode e deve fazê-lo, mesmo em relação a alguém falecido. Se a pessoa não está perto, e você não consegue fazê-lo pessoalmente, use tudo que estiver ao seu alcance. Vale telefonemas, cartas, e-mails e até mesmo as mídias sociais. Pessoalmente, declare esse perdão falando em voz alta ou em oração vocal. Uma oração maravilhosa de Cura Interior para declarar o perdão consiste em usar a imaginação, transportar-se para a cena onde o outro nos machucou, ofendeu, difamou, violentou e ali nos vermos dizendo que perdoamos aquele que nos feriu.

Aconselho sempre a levar consigo, em imaginação, a sua Comunidade Interior, ou seja, convidar Jesus, Maria, algum santo de sua estima, ou até mesmo alguém falecido que você ama, e com o auxílio deles dizer: "Eu perdoo você!". Essa oração é muito eficaz quando lidamos com feridas profundas da alma, traumas e violência na área afetiva e sexual.


Contudo, nada melhor no exercício do perdão do que desafiar-se e mover-se ao encontro do outro. Jesus exige que possamos ir ao encontro de quem está magoado conosco. Buscar aquele que nos ofendeu, mesmo que não tenhamos culpa de nada. Lembre-se, esta é a atitude de Jesus. No alto da cruz, Ele declarou o perdão. Moveu-se na direção de Seus algozes e externalizou o perdão, pedindo que o Pai os perdoasse. Como verdadeiros discípulos, façamos o mesmo.

Trecho extraído do livro "Perdoar sem limites", de padre Vicente, BTH.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/perdoar-e-mover-se-em-direcao-ao-outro/

8 de abril de 2021

Quais são os sinais de que Jesus voltará?


A palavra "escatologia", no grego scatom, significa "últimas", e está relacionada ao céu, ao inferno e ao purgatório. A Igreja, apoiada na Sagrada Escritura, diz que estamos de passagem nesta terra, porque fomos feitos para céus novos e uma terra nova.

Jesus está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso. Assim como Cristo ressuscitou, nós também vamos ressuscitar em Cristo. Nós cremos que, um dia, Ele há de julgar os vivos e os mortos. Jesus virá uma segunda vez, quando ressuscitaremos. As pessoas que morreram ressuscitarão, e todos nós teremos um corpo glorioso. Precisamos acreditar na Ressurreição, caso contrário, não seremos, de fato, católicos. São Paulo diz que se não acreditarmos nela a nossa fé será vã.

Quais são os sinais de que Jesus voltará?

Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Jesus não está parado

O Senhor virá julgar os vivos e os mortos. Quando pensamos que Jesus está sentado à direita de Deus, podemos acreditar que, talvez, Ele esteja parado. Mas não! Cristo está agindo. Diante de tanta injustiça, podemos pensar: "Parece que Jesus está de férias no céu!". Mas quando Ele voltar, toda a justiça de Deus será em plenitude. Tudo mudará.

Não sabemos ao certo quando o Senhor virá, mas passaremos por uma prova de fé quando Ele vier. E mesmo que Cristo não volte amanhã, muitos de nós poderemos ir até Ele. Por isso, o Evangelho chama-nos à conversão.

O Catecismo da Igreja Católica afirma: "Antes da vinda de Cristo, a Igreja deverá passar por uma prova final, que abalará a fé de numerosos crentes (639). A perseguição, que acompanha a sua peregrinação na terra (640), porá a descoberto o 'mistério da iniquidade', sob a forma duma impostura religiosa, que trará aos homens uma solução aparente para os seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A suprema impostura religiosa é a do anticristo, isto é, dum pseudomessianismo em que o homem glorifica a si mesmo, substituindo-se a Deus e ao Messias Encarnado (641). 676. Esta impostura anticristã já se esboça no mundo, sempre que se pretende realizar na história a esperança messiânica, que não pode consumar-se senão para além dela, através do juízo escatológico. A Igreja rejeitou esta falsificação do Reino futuro, mesmo na sua forma mitigada, sob o nome de milenarismo (642), e principalmente sob a forma política dum messianismo secularizado, 'intrinsecamente perverso' (643)."

O primeiro sinal

Mas já há muitos lugares onde as pessoas estão sendo perseguidas. Não quero ser o profeta do desespero, como alguns fazem, dizendo que Jesus virá tal dia e que o mundo vai acabar logo. Não! Ninguém sabe quando isso vai acontecer; só o Pai, como nos diz a Palavra. O primeiro sinal, no entanto, como nos diz o Catecismo, será a perseguição.

Já neste primeiro milênio, existem mais mártires do que no primeiro milênio do Cristianismo. Talvez, você nem sabia disso, porque essas notícias não aparecem nos jornais, mas há lugares onde os cristãos estão sendo dizimados. O Papa Francisco, em uma entrevista, emocionou-se ao dizer: "Hoje, há mais mártires que no primeiro século do Cristianismo".


Nós, no Brasil, não sofremos essa perseguição de açoites, mas sofremos a perseguição velada. Nós vivemos tempos tristes, quando até o coroinha questiona o Papa, a Igreja, a verdade da fé. Quando o Santo Padre fala alguma coisa, há pessoas que dizem: "Não, não é bem assim", mas elas estão lá, no domingo, professando o Credo. Hoje, pensamos que tudo é normal, porque fomos nos deixando contaminar pelas mídias.

O Berço do Cristianismo

Na própria Europa, berço do Cristianismo, houve uma perseguição nos locais onde havia crucifixo. Se você ler algumas leis brasileiras, perceberá que aqui não tem sido diferente. Quais sãos os sinais de que Jesus voltará?

Você sabia que, há alguns meses, na Bélgica, foi aprovada a eutanásia infantil? É um absurdo! Eu quero chamar a atenção de vocês para esses sinais dos tempos.

Outro ponto é o avanço da perseguição à Doutrina da Igreja, ao Cristianismo. Nós temos pessoas que dizem 'não' a Deus. A consequência disso é dizermos 'não' ao homem; por isso matar o idoso que está ali, no leito do hospital, sem condições financeiras, "é normal" para eles. Num ano, há mais de 50 milhões de abortos. Quando o demônio quer agir, ele vai na destruição do ser humano. Vivemos um tempo em que a sociedade tem colocado o ser humano sem nada de valia.

Você só poderá suportar essas provações que virão se estiver em uma comunidade, se estiver junto com outros que professam a mesma fé que você. É o que diz Bento XVI. É preciso que tenhamos claro isso diante de nós: Jesus voltará. Se Ele voltasse hoje, como estaria a sua fé?



Daniel Machado

Daniel Machado de Assis, natural de São Bernardo do Campo-SP, é membro da Canção Nova desde 2002. Psicólogo formado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, também estudou filosofia pelo Instituto Canção Nova. Atualmente é coordenador do Núcleo de Psicologia Canção Nova que tem por objetivo assessorar e auxiliar a formação dos membros desta instituição.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/quais-sao-os-sinais-de-que-jesus-voltara/

5 de abril de 2021

Páscoa: Jesus está vivo, e tudo muda!


A liturgia do domingo de Páscoa nos propõe um trecho maravilhoso do Evangelho de São João (20,1-9) que nos conta: "No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então, ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava…"

Provavelmente, você conhece essa piada de Páscoa: "Por que Jesus apareceu ressuscitado pela primeira vez às mulheres?". E, sorrindo, alguém responde: "Para que a notícia se espalhasse mais rapidamente!".

Páscoa: Jesus está vivo, e tudo muda!

Foto ilustrativa: D-Keine by Getty Images

A Páscoa representa a Boa Nova

Sabendo que muitos acusam a Igreja de misógina, é melhor evitar esse tipo de piada. Sobretudo, temos que a evitar, porque essa que é a Grande Notícia, a grande Boa Nova, razão de nossa fé cristã, é a missão de todos os cristãos: temos que dizer ao mundo que Cristo está vivo, que Ele venceu a morte e as trevas.

São Paulo nos diz que se Cristo não ressuscitou dos mortos, a nossa fé é vã (cf. 1 Cor 15,14). Devo acrescentar: se Ele não ressuscitou, todos podemos ficar em casa, fechar todas as igrejas, parar de orar e de exercer a caridade. Quanto a mim, pego minha mala e vou para casa, certo de que perdi meu tempo.

Mas não! Cristo ressuscitou! E já que Cristo está vivo, tudo muda, pois o encontro com Jesus Ressuscitado é transformador: Ele nos coloca de pé, faz-nos avançar e crescer na caridade. Ele nos torna "melhores": mais humanos, mais espirituais, mais fortes, mais corajosos, vitoriosos.

Encontro que transforma corações

Essa é a experiência de Maria Madalena, dos apóstolos e de bilhões de pessoas ao longo da história. Esse encontro não cessa de transformar os corações em todo o mundo.

Ao ler isso que escrevo, talvez algumas pessoas pensem que essa realidade é grandiosa demais e impossível. Ou que isso pode ser verdade, mas que é preciso já estar bem "avançado" na fé para fazer esse encontro com o Ressuscitado.

Se alguém se sente o pior e indigno de Jesus: bem-vindo! Ele veio para os pobres, para os enfermos e para os pecadores… Ou seja, para nós!


Oração

A grande oração que os convido a fazer no dia da Páscoa é seguinte: "Senhor, quebra cadeias!".

Quando ressuscitou, Jesus destruiu as portas da morte que mantinham a humanidade cativa nas trevas: nenhuma cadeia pôde resistir à sua luz poderosa!

Ainda hoje, vamos pedir a Ele que venha ao nosso encontro:

 – Senhor, quebra as cadeias do ódio: o diabo, o grande perdedor, semeia em nós a xenofobia, a intolerância e o racismo; inspira-nos o perdão e a amar até o fim.

– Senhor, quebra as cadeias da falta de confiança: diante das provações da vida, especialmente da traição, da doença e da velhice, a tristeza instala-se e pode cegar-nos. Sem esperança, aguardamos apenas o pior: sentimos que nossa vida nada mais é do que ansiedade e desconfiança dos outros e de Deus. Que Cristo ressuscitado nos dê esperança e gosto pela vida e pela Eternidade.

– Senhor, quebra as cadeias do medo: porque, num contexto de epidemia, guerras e ataques, no qual é nítido o aumento significativo da violência, o medo nos paralisa e nos impede de sermos testemunhas da Luz de Cristo: paramos de lutar pelo Bem e nos escondemos! Que o Senhor nos dê força e coragem.

Por tantas outras razões: "Senhor Jesus, ressuscitado e vitorioso, quebra as cadeias do mal!".

Feliz Páscoa. Feliz vida nova!



Padre André Favoretti

Natural de Vitória – ES, foi ordenado sacerdote dia 25/06/2017, na diocese de Fréjus-Toulon, onde atua como missionário. Antes de ser padre, concluiu uma licenciatura em Geografia (UFES), foi professor e fez uma pós-graduação em filosofia (UFOP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/pascoa/pascoa-jesus-esta-vivo-e-tudo-muda/

31 de março de 2021

Como retomar a vida de oração?


"A oração é o oxigênio da alma. Para mim, a oração é um impulso do coração, um olhar dirigido ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria." (Santa Teresinha do Menino Jesus)

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Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

A vida de oração alimenta a alma e pode ser retomada sempre

Precisamos orar, rezar, conversar com Deus sempre, como nos ensinou Jesus, que orava sem cessar, buscando ocasiões para entrar em profunda intimidade com o Pai. Rezemos com o que está em nosso coração, quer seja bom ou ruim, pois na oração nada se perde, tudo se transforma em matéria-prima para Deus realizar o milagre de que necessitamos. Tudo pode ser mudado pelo poder da oração.

Escolhamos, todos os dias, um horário para fazermos nossa oração pessoal ou oremos o dia todo, junto ao que estivermos fazendo; é a oração ao ritmo da vida. Isso nos coloca o tempo todo na presença do Senhor, alimento forte e substancioso. É necessário que essa prática seja fiel e perseverante, para se tornar normal e habitual em nossa vida, como alimentar-se todos os dia e várias vezes ao dia. A oração com a Palavra de Deus nos manterá de pé e reconheceremos melhor o Senhor e Sua promessa de salvação; Sua Palavra forma nossa mentalidade nos moldes do Reino de Deus.

Santa Missa

A Eucaristia é o alimento mais forte, pois comungamos o próprio Jesus, nossa vida. Muitas vezes, temos tempo para tudo, seja para o lazer, a conversa, a televisão, o passeio no shopping… Mas parar um pouquinho para repor as "energias" espirituais não damos muita importância. Por isso, existem pessoas morrendo no pecado e numa vida vazia, pois estão "anêmicas" de Deus, com anemia espiritual. Nessa hora, precisamos buscar a ajuda certa, como fez uma senhora que buscou, no Sacramento da Confissão, o diagnóstico e o remédio para ser curada e liberta do males da alma.


Cuidado com a anemia espiritual

Cuidemos para não buscarmos alimentos e remédios em falsas doutrinas. Eles são como um alimento falso, que não resolve; pode ser até um paliativo, que engana, mas não cura e pode levar à morte. Vamos perdendo energia e sangue sem perceber. Como nos diz São Paulo: "Enfim, fortalecei-vos no Senhor, no poder de sua força, revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do diabo. Pois nossa luta não é contra homens de carne e sangue, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos espalhados pelos ares. Por isso, protegei-vos com a armadura de Deus" (cf. Efésios 6,10-13). Nesse caso, o melhor é buscarmos direção espiritual, um sacerdote ou uma pessoa mais madura na fé de sua comunidade para nos ouvir e rezar por nós, pois alimento ou medicamento errado podem nos matar.

Sem disciplina não chegamos a lugar nenhum. Quer seja no trabalho, nos estudos e também na vida de oração, sem disciplina não encontraremos a santidade.

Portanto, o primeiro passo é começar a rezar, reconhecer que está com anemia espiritual e acreditar que, acima de tudo, Deus nos ama e espera de braços abertos na confissão, na Eucaristia, no grupo de oração, na partilha, na direção espiritual e no simples terço com Maria. "Deus me vê, não é indiferente à minha dor, Deus me entende, quer me envolver de amor".

Rezemos juntos

"Pai santo, Pai amado, livrai-me de toda doença espiritual, psicológica ou física, e derramai sobre mim o Vosso Espírito Santo, para encher-me de força e de vida, para me ensinar a rezar. Vem, Senhor, curai-me, libertai-me, pois eu quero viver. Dai-me o dom da fortaleza, para me libertar de toda tibieza, abatimento, sentimento de derrota e frieza espiritual. Quero vencer por meio da oração e do louvor. Amém."

Conte sempre com minhas orações.



Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: http://@peluizinho


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/como-retomar-a-vida-de-oracao/

29 de março de 2021

Cinco caminhos para chegar à face de Deus e compreendê-la

Quanto tempo eu tenho dedicado por dia à oração? Gastamos muitas horas com coisas banais, com afazeres sem fundamento, brincadeiras sem propósito, conversas levianas, horas e horas na televisão, na internet, no celular… E por que tão pouca oração? Santo Agostinho nos diz que a oração é a junção de dois sedentos. Precisamos ter sede de Deus, orar mais e mais, pois Deus é sedento para nos salvar, sem jamais desistir.

A  oração é o primeiro caminho de aproximação com Deus

Busquemos a intimidade com Deus! Além da oração pessoal, nós podemos exercitar a nossa intimidade com o Senhor através das práticas espirituais. Uma das práticas que nos coloca face a face com Ele é a adoração ao Santíssimo Sacramento. Quantas vezes você tem visitado Jesus no dia, talvez na semana? Jesus está no Sacrário, sempre a nos esperar; e ali, aos pés do Sacrário, face a face, nós podemos orar na certeza de que a graça acontece. Todos os santos gastavam horas e horas em adoração. O céu é feito pelos santos. Quer ser santo? Gaste a sua vida aos pés de Jesus, consuma-se por Ele. Quanto mais você adorar Deus, mais você sentirá a presença d'Ele no seu dia a dia.

Cinco caminhos para chegar à face de Deus e compreendê-la

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Segundo caminho: sacramentos

Assim como uma mãe usa um termômetro para medir a temperatura de seu filho, os sacramentos são o termômetro da nossa fé. Se estivermos em dia com a confissão, se participarmos da Santa Missa sem faltar, aos domingos, estamos no caminho do coração de Deus e veremos a Sua face.

Terceiro caminho: Palavra de Deus, Lectio Divina, Liturgia das Horas

Pela Palavra de Deus saberemos por onde andar. Ela é luz para nossa vida, e sem ela, nos perderemos. O GPS é um acessório que muitos motoristas usam para não se perderem em seus caminhos. Pois bem, o GPS que nos leva para o céu é a Palavra de Deus. Nós precisamos usar a Palavra de Deus sempre; ela tem a resposta para tudo aquilo que precisamos. Um cristão que não tem contato diário com a Palavra de Deus, que não faz a leitura orante da Palavra nem seu diário espiritual com a Palavra de Deus corre um grande risco de se perder e, ao invés de ir para o céu, pode ir para o inferno.

A Liturgia das Horas é usada por todos os consagrados. Quando descobri o poder dessa graça e o quanto ela nos faz caminhar na luz, na comunhão com a Igreja, com a visão profética de todas as necessidades dos irmãos que sofrem, eu comecei a rezá-la todos os dias, e isso ampliou em mim o desejo da santidade, da fidelidade e da vida missionária.

Quarto caminho: o Espírito Santo

Sem o Espírito Santo não fazemos nada de bom, conforme nos ensina a Beata Elena Guerra. Tudo o que fizermos sem o Espírito Santo, por melhor que seja, não tem valor algum. O Espírito Santo nos convence do pecado, e nos torna testemunhas de Deus.

O Espírito Santo é nossa vida. Desde o Antigo Testamento, é Ele quem norteia a vida do povo de Deus. O Espírito está em nós – somos templos vivos do Espírito Santo, somos Sacrários do Espírito Santo. O que estamos fazendo do nosso corpo?

Todas as manhãs, quando acordamos, precisamos gritar: "Bom dia, Espírito Santo, o que vamos fazer juntos hoje?". Em tudo que fizermos, durante o dia, precisamos convidar o Espírito Santo a estar conosco. Os primeiros cristãos afirmavam: "Nós e o Espírito Santo tomamos esta decisão".

Não podemos, à noite, fechar os nossos olhos sem pedir perdão ao Espírito Santo por tudo o que fizemos sem Ele, com o compromisso de que, ao acordarmos no dia seguinte, tudo o que fizermos tenha a Sua participação. Quer ser santo? Olhe para a vida dos santos. Todos eles tinham intimidade com o Espírito Santo. Precisamos ter a
certeza de que quem faz o santo é o Espírito Santo.


Quinto caminho: o irmão

O sacramento de Deus encarnado é o irmão. Tocar na carne de Deus implica tocar na carne do irmão. Não podemos imaginar a face de Deus no isolamento, fechados em nós mesmos.

Se quisermos caminhar em busca da face de Deus, precisamos caminhar em direção aos irmãos que sofrem, ser presença de Deus para eles, providência de Deus para eles, misericórdia de Deus para eles. Aqui, muitos se perdem, pois querem viver uma fé sem ter contato com o irmão, distantes da realidade do mundo, dos problemas, dos desafios a serem enfrentados.

Precisamos nos unir. Quanto mais juntos estivermos, mais em Deus estaremos. Foi o próprio Deus quem afirmou: "Onde dois, três ou mais estiverem reunidos, Eu estarei no meio deles" (Mt 18,20). O caminho da face de Deus é o caminho do encontro com o irmão.

Senhor, faz-me fiel na oração, nos sacramentos, na busca diária da Palavra, com frequência na adoração, sem faltar à Missa. Derrama sobre mim o teu Espírito, pois sem Ele eu não posso fazer nada de bom.

Que o teu Espírito Santo abata toda a fúria de Satanás que se instalou na minha vida, na minha família, nesta situação difícil que estou vivendo. Espírito Santo, não me deixe desviar do caminho da face de Deus; quero ser misericordioso, pois só assim sentirei a plenitude da misericórdia de Deus.

Vem, Espírito Santo, acende na minha alma o fogo da misericórdia e faz-me misericordioso. Precisamos ter muito claro em nossa vida qual a medida da misericórdia de Deus em nós, pois essa é a medida da nossa misericórdia com os irmãos, principalmente os mais próximos de Jesus.

Vivemos recentemente o ano Santo da Misericórdia, e o que de concreto mudou em nossa vida? O que de concreto mudou em nossa família? O que de concreto mudou em nosso ministério?

A misericórdia não pode ser um ato isolado; precisa ser constante, sempre, pois a medida da misericórdia de Deus para nossa vida é a medida da nossa misericórdia com o próximo.

É impossível viver na Luz sem amar o próximo. Em uma de suas cartas, São João afirma: "Quem diz que ama a Deus e odeia seu irmão é um mentiroso" (cf. 1Jo 4,20). Como podemos afirmar que amamos a Deus que não vemos, se não amamos o irmão que vemos?

Escrevi este capítulo numa missão na Itália, durante a qual fiquei hospedado na Comunidade São José, em Roma, com meus amigos Francesca e Cláudio, fundadores dessa comunidade.  A comunidade trabalha com os pobres das ruas de Roma, oferecendo-lhes abrigo, alimento, tratamentos médicos e formação religiosa – enfim, permitindo que vivam a dignidade de filhos de Deus. Eles me apresentaram Frei Fúlvio, que pediu para que eu orasse por uma senhora que passaria por uma cirurgia para retirar vários tumores.

Na mesma hora, senti o Senhor falando comigo: "Atenda este pedido! Seja fonte de misericórdia para esta minha filha enferma". Respondi ao Frei Fúlvio que ele poderia chamá-la ao telefone, para que eu orasse por ela.

Amar o próximo, principalmente os mais necessitados – pobres, abandonados, viúvas, enfermos, excluídos… – é isso que a Palavra de Deus nos pede. Orei por alguns minutos e, novamente, o Senhor falou: "Minha filha, tua fé te salvou hoje. Eu te curo, dissipando todos os seus tumores".

Glorificamos a Deus, na certeza da graça concedida. No dia seguinte, ela foi ao médico para fazer a cirurgia, mas ele a abriu e fechou imediatamente, pois não havia nenhum tumor. Todos os tumores haviam desaparecido, tal qual o Senhor prometera.

O irmão é sacramento de Deus, carne de Deus, habitação de Deus. Quanto mais próximos dos necessitados, mais próximos de Deus, mais próximos do Caminho, mais próximos da Verdade, mais próximos da Vida.

Trecho extraído do livro "Por Suas feridas fostes curados", de Ironi Suldaro


 


Ironi Spuldaro

Ironi Spuldaro é Membro do CAE (Comissão de Ação Evangelizadora) da diocese de Guarapuava. Membro do conselho diocesano, estadual e nacional da RCC (Renovação Carismática Católica) movimento do qual participa desde 1987. Ironi exerce o ministério de pregação em todo o Brasil e em outros países, como Argentina, Paraguai, Bolívia, Estados Unidos, Itália, Coréia do Sul, Inglaterra e Suiça. Fundador da Missão Há Poder de Deus, escritor e apresentador do Programa Há Poder de Deus.

Site: www.ironispuldaro.com.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/cinco-caminhos-para-chegar-a-face-de-deus-e-compreende-la/

26 de março de 2021

As cinco vias de penitência


Podemos viver uma vida intensa de oração e penitência sem mudar o ritmo de nossa vida, que precisa ser de oração constante, uma vida plena com o Senhor. Temos de pegar as coisas ordinárias do dia a dia e transformá-las em extraordinárias. São as pequenas coisas que fazemos que nos santificam. Não precisamos viver em um mosteiro nem ser um religioso para criarmos uma profunda intimidade com Deus.

As cinco vias de penitência

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

São João Crisóstomo nos apresenta cinco vias de penitência

São João Crisóstomo mostra que, na simplicidade de nossa vida, podemos viver a penitência. Assim ele nos apresenta cinco vias de penitência:

1ª) Reprovação do pecado

Todos os dias, precisamos renunciar ao pecado e a tudo o que nos leva a pecar. Precisamos buscar viver o PHN (Por Hoje Não vou mais pecar).

2ª) O perdão das faltas do próximo

Precisamos viver o amor e perdoar os nossos irmãos assim como Deus nos perdoa todos os dias. Precisamos viver o que diz a Palavra: 'Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do nosso pai que está nos céus' (Mt 5,44-45).

3ª) A oração

Viver uma vida de oração na simplicidade – em casa, no trabalho, na escola – é estar com a mente e o coração em Deus. "Com toda sorte de preces e súplicas, orai constantemente no Espírito" (Ef 6,18).

4ª) A Esmola

Temos de viver a caridade para com o seu próximo, tanto espiritual como material. 'Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita, de modo que tua esmola fique escondida. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa' (Mt 6,3-4).

5ª) A Humildade

A humildade eleva o homem a Deus. Reconheçamos que sem Ele não podemos nada, e que, por meio de nossa pequenez, Deus será exaltado. "Quanto mais fores grande, tanto mais é preciso que te humilhes, e encontrarás graça diante do Senhor" (Eclesiástico 2,18).

Seja santo!



Padre Reinaldo Cazumbá

Sacerdote membro da Canção Nova, estudante de psicologia, atua no Instituto Teológico Bento XVI e também exerce a função de diretor espiritual dos futuros sacerdotes da comunidade. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/cinco-vias-de-penitencia/

24 de março de 2021

Como eu posso fazer para ter uma vida unida a Deus?


"Eu quero ter uma vida unida a Deus, mas como faço isso?" É exatamente isso que vínhamos tratando, há duas semanas, nessa série de textos voltados para a meditação sobre o sacramento da confissão. Inclusive, nós não concluímos o assunto dos elementos da confissão. Escrevemos que há um modo de se libertar, de uma vez por todas, do pecado grave. Tem jeito! Só que existem alguns pontos cruciais que devem ser vividos com intensidade e sinceridade para dar certo. No texto anterior, nós já demos algumas chaves para isso, os "pulos do gato". Precisamos terminar esse assunto para seguir adiante.

Nós já tratamos, rapidamente, do exame de consciência, do arrependimento e do propósito para fazer uma boa confissão. Vale a pena dar uma olhada lá, porque colocamos alguns detalhes sobre essas ações cruciais para libertar-se do pecado grave gradativamente e em definitivo. São esclarecedores!

Como eu posso fazer para ter uma vida unida a Deus?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Reflita, passo a passo, como unir-se a Deus pelo sacramento da confissão

Agora vamos ao quarto passo: A acusação.

Contar os pecados ao sacerdote. É preciso ser específico na acusação das faltas e colocar, ao máximo, a quantidade de vezes que as cometeu. Não precisa contar a história nem os detalhes, basta dizer qual foi a falta e a quantidade de vezes. Se você não se confessa há muito tempo, precisa dar, pelo menos, uma ideia da quantidade de vezes que foi cometido o pecado. Por exemplo: "Passei tantos anos sem ir à missa dominical". Com relação à gravidade do pecado, isso sim é importante especificar ao máximo. Por exemplo: "Cometi adultério uma vez com uma mulher casada". Nesse caso, foram dois adultérios, o próprio e o que foi induzido à mulher casada. Outro exemplo: "Cometi um roubo, e nele houve assassinato ou violência".

Lembrando que você se encontra em um tribunal, onde o réu confessa os pecados; no entanto, será perdoado pelo juiz, na pessoa do sacerdote. Falamos disso no primeiro texto.

"Ah, mais vou me sentir envergonhado, constrangido…" Quando erramos com alguém, e pedimos perdão, o fazemos por quê? Justamente por ser uma pessoa cara a nós, e não quereríamos a ter ofendido. Essa humilhação é já parte do remédio contra o mal, pois é uma pedagogia de autocorreção nossa frente Àquele que deve ser o mais importante em nossa vida, e do qual não queremos nos afastar.

"Deus é misericórdia. Ele não precisa de nos humilhar assim". De fato, ele não precisa mesmo, somos nós que precisamos reconhecer que não somos iguais a Ele, mas sim criaturas limitadas e dependentes da Sua ajuda. Isso só se faz assumindo a humildade como virtude.


Penitência

O quinto passo trata-se da penitência: "A penitência que o confessor impõe deve ter em conta a situação pessoal do penitente e procurar o seu bem espiritual. Deve corresponder, quando possível, à gravidade e natureza dos pecados cometidos. Pode consistir na oração, num donativo, nas obras de misericórdia, no serviço do próximo, em privações voluntárias, sacrifícios e, sobretudo, na aceitação paciente da cruz que temos de levar. Tais penitências ajudam-nos a configurar-nos com Cristo, que, por Si só, expiou os nossos pecados uma vez por todas. Tais penitências fazem com que nos tornemos co-herdeiros de Cristo Ressuscitado, «uma vez que também sofremos com Ele» (Rm 8, 17)" (CIC 1460).

Por obrigação moral, é bom reparar o que for possível da falta cometida: devolver o que foi roubado, desfazer a calúnia proferida, indenizar por ferimentos etc.

A penitência, às vezes, pode parecer leve demais. Ela existe para nos fazer meditar no mal cometido, e nas suas consequências morais. No entanto, quem pagou o preço foi Cristo, com Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Não somos capazes de expiar nenhum pecado, nem mesmo o mais leve.

Absolvição

Por fim, a absolvição: Trata-se da oração, feita pelo sacerdote, de absolvição dos pecados confessados e dos esquecidos; não dos omitidos. Lembrando: se houver omissão de pecados, a confissão torna-se inválida. O nível da graça dada por Deus, no ato da absolvição, varia de pessoa para pessoa, pois depende do grau de devoção do penitente. A devoção não produz a graça, mas é como que o caminho para ela. Logo, a pessoa perceberá o seu efeito suavemente: firmeza de propósito, aumento da fé, força gradativa contra o pecado, aumento do horror pelo mal cometido. Vamos ficando mais fortes na luta contra o pecado.

Permanecendo em estado de graça, é possível, por meio da oração, e principalmente da Eucaristia, receber de Deus as virtudes infusas que nos ajudam a permanecer firmes na luta contra o pecado. Também vamos nos tornando pessoas melhores, realizadas, voltadas para as realidades mais essenciais que nos levam a uma união com Deus.

Temos de Deus a ajuda necessária para permanecer perto d'Ele.

Semana que vem, vamos tratar, brevemente, sobre o pecado, justamente para nos ajudar no exame de consciência.



Roger de Carvalho

Roger de Carvalho, natural de Brasília – DF, é membro da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Casado com Elisangela Brene e pai de dois filhos. É estudante de Teologia e Filosofia.
Autor do blog "Ad Veritaten".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/series/confissao/como-eu-posso-fazer-para-ter-uma-vida-unida-deus/