5 de abril de 2021

Páscoa: Jesus está vivo, e tudo muda!


A liturgia do domingo de Páscoa nos propõe um trecho maravilhoso do Evangelho de São João (20,1-9) que nos conta: "No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Então, ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava…"

Provavelmente, você conhece essa piada de Páscoa: "Por que Jesus apareceu ressuscitado pela primeira vez às mulheres?". E, sorrindo, alguém responde: "Para que a notícia se espalhasse mais rapidamente!".

Páscoa: Jesus está vivo, e tudo muda!

Foto ilustrativa: D-Keine by Getty Images

A Páscoa representa a Boa Nova

Sabendo que muitos acusam a Igreja de misógina, é melhor evitar esse tipo de piada. Sobretudo, temos que a evitar, porque essa que é a Grande Notícia, a grande Boa Nova, razão de nossa fé cristã, é a missão de todos os cristãos: temos que dizer ao mundo que Cristo está vivo, que Ele venceu a morte e as trevas.

São Paulo nos diz que se Cristo não ressuscitou dos mortos, a nossa fé é vã (cf. 1 Cor 15,14). Devo acrescentar: se Ele não ressuscitou, todos podemos ficar em casa, fechar todas as igrejas, parar de orar e de exercer a caridade. Quanto a mim, pego minha mala e vou para casa, certo de que perdi meu tempo.

Mas não! Cristo ressuscitou! E já que Cristo está vivo, tudo muda, pois o encontro com Jesus Ressuscitado é transformador: Ele nos coloca de pé, faz-nos avançar e crescer na caridade. Ele nos torna "melhores": mais humanos, mais espirituais, mais fortes, mais corajosos, vitoriosos.

Encontro que transforma corações

Essa é a experiência de Maria Madalena, dos apóstolos e de bilhões de pessoas ao longo da história. Esse encontro não cessa de transformar os corações em todo o mundo.

Ao ler isso que escrevo, talvez algumas pessoas pensem que essa realidade é grandiosa demais e impossível. Ou que isso pode ser verdade, mas que é preciso já estar bem "avançado" na fé para fazer esse encontro com o Ressuscitado.

Se alguém se sente o pior e indigno de Jesus: bem-vindo! Ele veio para os pobres, para os enfermos e para os pecadores… Ou seja, para nós!


Oração

A grande oração que os convido a fazer no dia da Páscoa é seguinte: "Senhor, quebra cadeias!".

Quando ressuscitou, Jesus destruiu as portas da morte que mantinham a humanidade cativa nas trevas: nenhuma cadeia pôde resistir à sua luz poderosa!

Ainda hoje, vamos pedir a Ele que venha ao nosso encontro:

 – Senhor, quebra as cadeias do ódio: o diabo, o grande perdedor, semeia em nós a xenofobia, a intolerância e o racismo; inspira-nos o perdão e a amar até o fim.

– Senhor, quebra as cadeias da falta de confiança: diante das provações da vida, especialmente da traição, da doença e da velhice, a tristeza instala-se e pode cegar-nos. Sem esperança, aguardamos apenas o pior: sentimos que nossa vida nada mais é do que ansiedade e desconfiança dos outros e de Deus. Que Cristo ressuscitado nos dê esperança e gosto pela vida e pela Eternidade.

– Senhor, quebra as cadeias do medo: porque, num contexto de epidemia, guerras e ataques, no qual é nítido o aumento significativo da violência, o medo nos paralisa e nos impede de sermos testemunhas da Luz de Cristo: paramos de lutar pelo Bem e nos escondemos! Que o Senhor nos dê força e coragem.

Por tantas outras razões: "Senhor Jesus, ressuscitado e vitorioso, quebra as cadeias do mal!".

Feliz Páscoa. Feliz vida nova!



Padre André Favoretti

Natural de Vitória – ES, foi ordenado sacerdote dia 25/06/2017, na diocese de Fréjus-Toulon, onde atua como missionário. Antes de ser padre, concluiu uma licenciatura em Geografia (UFES), foi professor e fez uma pós-graduação em filosofia (UFOP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/pascoa/pascoa-jesus-esta-vivo-e-tudo-muda/

31 de março de 2021

Como retomar a vida de oração?


"A oração é o oxigênio da alma. Para mim, a oração é um impulso do coração, um olhar dirigido ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria." (Santa Teresinha do Menino Jesus)

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Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

A vida de oração alimenta a alma e pode ser retomada sempre

Precisamos orar, rezar, conversar com Deus sempre, como nos ensinou Jesus, que orava sem cessar, buscando ocasiões para entrar em profunda intimidade com o Pai. Rezemos com o que está em nosso coração, quer seja bom ou ruim, pois na oração nada se perde, tudo se transforma em matéria-prima para Deus realizar o milagre de que necessitamos. Tudo pode ser mudado pelo poder da oração.

Escolhamos, todos os dias, um horário para fazermos nossa oração pessoal ou oremos o dia todo, junto ao que estivermos fazendo; é a oração ao ritmo da vida. Isso nos coloca o tempo todo na presença do Senhor, alimento forte e substancioso. É necessário que essa prática seja fiel e perseverante, para se tornar normal e habitual em nossa vida, como alimentar-se todos os dia e várias vezes ao dia. A oração com a Palavra de Deus nos manterá de pé e reconheceremos melhor o Senhor e Sua promessa de salvação; Sua Palavra forma nossa mentalidade nos moldes do Reino de Deus.

Santa Missa

A Eucaristia é o alimento mais forte, pois comungamos o próprio Jesus, nossa vida. Muitas vezes, temos tempo para tudo, seja para o lazer, a conversa, a televisão, o passeio no shopping… Mas parar um pouquinho para repor as "energias" espirituais não damos muita importância. Por isso, existem pessoas morrendo no pecado e numa vida vazia, pois estão "anêmicas" de Deus, com anemia espiritual. Nessa hora, precisamos buscar a ajuda certa, como fez uma senhora que buscou, no Sacramento da Confissão, o diagnóstico e o remédio para ser curada e liberta do males da alma.


Cuidado com a anemia espiritual

Cuidemos para não buscarmos alimentos e remédios em falsas doutrinas. Eles são como um alimento falso, que não resolve; pode ser até um paliativo, que engana, mas não cura e pode levar à morte. Vamos perdendo energia e sangue sem perceber. Como nos diz São Paulo: "Enfim, fortalecei-vos no Senhor, no poder de sua força, revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do diabo. Pois nossa luta não é contra homens de carne e sangue, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos espalhados pelos ares. Por isso, protegei-vos com a armadura de Deus" (cf. Efésios 6,10-13). Nesse caso, o melhor é buscarmos direção espiritual, um sacerdote ou uma pessoa mais madura na fé de sua comunidade para nos ouvir e rezar por nós, pois alimento ou medicamento errado podem nos matar.

Sem disciplina não chegamos a lugar nenhum. Quer seja no trabalho, nos estudos e também na vida de oração, sem disciplina não encontraremos a santidade.

Portanto, o primeiro passo é começar a rezar, reconhecer que está com anemia espiritual e acreditar que, acima de tudo, Deus nos ama e espera de braços abertos na confissão, na Eucaristia, no grupo de oração, na partilha, na direção espiritual e no simples terço com Maria. "Deus me vê, não é indiferente à minha dor, Deus me entende, quer me envolver de amor".

Rezemos juntos

"Pai santo, Pai amado, livrai-me de toda doença espiritual, psicológica ou física, e derramai sobre mim o Vosso Espírito Santo, para encher-me de força e de vida, para me ensinar a rezar. Vem, Senhor, curai-me, libertai-me, pois eu quero viver. Dai-me o dom da fortaleza, para me libertar de toda tibieza, abatimento, sentimento de derrota e frieza espiritual. Quero vencer por meio da oração e do louvor. Amém."

Conte sempre com minhas orações.



Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: http://@peluizinho


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/como-retomar-a-vida-de-oracao/

29 de março de 2021

Cinco caminhos para chegar à face de Deus e compreendê-la

Quanto tempo eu tenho dedicado por dia à oração? Gastamos muitas horas com coisas banais, com afazeres sem fundamento, brincadeiras sem propósito, conversas levianas, horas e horas na televisão, na internet, no celular… E por que tão pouca oração? Santo Agostinho nos diz que a oração é a junção de dois sedentos. Precisamos ter sede de Deus, orar mais e mais, pois Deus é sedento para nos salvar, sem jamais desistir.

A  oração é o primeiro caminho de aproximação com Deus

Busquemos a intimidade com Deus! Além da oração pessoal, nós podemos exercitar a nossa intimidade com o Senhor através das práticas espirituais. Uma das práticas que nos coloca face a face com Ele é a adoração ao Santíssimo Sacramento. Quantas vezes você tem visitado Jesus no dia, talvez na semana? Jesus está no Sacrário, sempre a nos esperar; e ali, aos pés do Sacrário, face a face, nós podemos orar na certeza de que a graça acontece. Todos os santos gastavam horas e horas em adoração. O céu é feito pelos santos. Quer ser santo? Gaste a sua vida aos pés de Jesus, consuma-se por Ele. Quanto mais você adorar Deus, mais você sentirá a presença d'Ele no seu dia a dia.

Cinco caminhos para chegar à face de Deus e compreendê-la

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Segundo caminho: sacramentos

Assim como uma mãe usa um termômetro para medir a temperatura de seu filho, os sacramentos são o termômetro da nossa fé. Se estivermos em dia com a confissão, se participarmos da Santa Missa sem faltar, aos domingos, estamos no caminho do coração de Deus e veremos a Sua face.

Terceiro caminho: Palavra de Deus, Lectio Divina, Liturgia das Horas

Pela Palavra de Deus saberemos por onde andar. Ela é luz para nossa vida, e sem ela, nos perderemos. O GPS é um acessório que muitos motoristas usam para não se perderem em seus caminhos. Pois bem, o GPS que nos leva para o céu é a Palavra de Deus. Nós precisamos usar a Palavra de Deus sempre; ela tem a resposta para tudo aquilo que precisamos. Um cristão que não tem contato diário com a Palavra de Deus, que não faz a leitura orante da Palavra nem seu diário espiritual com a Palavra de Deus corre um grande risco de se perder e, ao invés de ir para o céu, pode ir para o inferno.

A Liturgia das Horas é usada por todos os consagrados. Quando descobri o poder dessa graça e o quanto ela nos faz caminhar na luz, na comunhão com a Igreja, com a visão profética de todas as necessidades dos irmãos que sofrem, eu comecei a rezá-la todos os dias, e isso ampliou em mim o desejo da santidade, da fidelidade e da vida missionária.

Quarto caminho: o Espírito Santo

Sem o Espírito Santo não fazemos nada de bom, conforme nos ensina a Beata Elena Guerra. Tudo o que fizermos sem o Espírito Santo, por melhor que seja, não tem valor algum. O Espírito Santo nos convence do pecado, e nos torna testemunhas de Deus.

O Espírito Santo é nossa vida. Desde o Antigo Testamento, é Ele quem norteia a vida do povo de Deus. O Espírito está em nós – somos templos vivos do Espírito Santo, somos Sacrários do Espírito Santo. O que estamos fazendo do nosso corpo?

Todas as manhãs, quando acordamos, precisamos gritar: "Bom dia, Espírito Santo, o que vamos fazer juntos hoje?". Em tudo que fizermos, durante o dia, precisamos convidar o Espírito Santo a estar conosco. Os primeiros cristãos afirmavam: "Nós e o Espírito Santo tomamos esta decisão".

Não podemos, à noite, fechar os nossos olhos sem pedir perdão ao Espírito Santo por tudo o que fizemos sem Ele, com o compromisso de que, ao acordarmos no dia seguinte, tudo o que fizermos tenha a Sua participação. Quer ser santo? Olhe para a vida dos santos. Todos eles tinham intimidade com o Espírito Santo. Precisamos ter a
certeza de que quem faz o santo é o Espírito Santo.


Quinto caminho: o irmão

O sacramento de Deus encarnado é o irmão. Tocar na carne de Deus implica tocar na carne do irmão. Não podemos imaginar a face de Deus no isolamento, fechados em nós mesmos.

Se quisermos caminhar em busca da face de Deus, precisamos caminhar em direção aos irmãos que sofrem, ser presença de Deus para eles, providência de Deus para eles, misericórdia de Deus para eles. Aqui, muitos se perdem, pois querem viver uma fé sem ter contato com o irmão, distantes da realidade do mundo, dos problemas, dos desafios a serem enfrentados.

Precisamos nos unir. Quanto mais juntos estivermos, mais em Deus estaremos. Foi o próprio Deus quem afirmou: "Onde dois, três ou mais estiverem reunidos, Eu estarei no meio deles" (Mt 18,20). O caminho da face de Deus é o caminho do encontro com o irmão.

Senhor, faz-me fiel na oração, nos sacramentos, na busca diária da Palavra, com frequência na adoração, sem faltar à Missa. Derrama sobre mim o teu Espírito, pois sem Ele eu não posso fazer nada de bom.

Que o teu Espírito Santo abata toda a fúria de Satanás que se instalou na minha vida, na minha família, nesta situação difícil que estou vivendo. Espírito Santo, não me deixe desviar do caminho da face de Deus; quero ser misericordioso, pois só assim sentirei a plenitude da misericórdia de Deus.

Vem, Espírito Santo, acende na minha alma o fogo da misericórdia e faz-me misericordioso. Precisamos ter muito claro em nossa vida qual a medida da misericórdia de Deus em nós, pois essa é a medida da nossa misericórdia com os irmãos, principalmente os mais próximos de Jesus.

Vivemos recentemente o ano Santo da Misericórdia, e o que de concreto mudou em nossa vida? O que de concreto mudou em nossa família? O que de concreto mudou em nosso ministério?

A misericórdia não pode ser um ato isolado; precisa ser constante, sempre, pois a medida da misericórdia de Deus para nossa vida é a medida da nossa misericórdia com o próximo.

É impossível viver na Luz sem amar o próximo. Em uma de suas cartas, São João afirma: "Quem diz que ama a Deus e odeia seu irmão é um mentiroso" (cf. 1Jo 4,20). Como podemos afirmar que amamos a Deus que não vemos, se não amamos o irmão que vemos?

Escrevi este capítulo numa missão na Itália, durante a qual fiquei hospedado na Comunidade São José, em Roma, com meus amigos Francesca e Cláudio, fundadores dessa comunidade.  A comunidade trabalha com os pobres das ruas de Roma, oferecendo-lhes abrigo, alimento, tratamentos médicos e formação religiosa – enfim, permitindo que vivam a dignidade de filhos de Deus. Eles me apresentaram Frei Fúlvio, que pediu para que eu orasse por uma senhora que passaria por uma cirurgia para retirar vários tumores.

Na mesma hora, senti o Senhor falando comigo: "Atenda este pedido! Seja fonte de misericórdia para esta minha filha enferma". Respondi ao Frei Fúlvio que ele poderia chamá-la ao telefone, para que eu orasse por ela.

Amar o próximo, principalmente os mais necessitados – pobres, abandonados, viúvas, enfermos, excluídos… – é isso que a Palavra de Deus nos pede. Orei por alguns minutos e, novamente, o Senhor falou: "Minha filha, tua fé te salvou hoje. Eu te curo, dissipando todos os seus tumores".

Glorificamos a Deus, na certeza da graça concedida. No dia seguinte, ela foi ao médico para fazer a cirurgia, mas ele a abriu e fechou imediatamente, pois não havia nenhum tumor. Todos os tumores haviam desaparecido, tal qual o Senhor prometera.

O irmão é sacramento de Deus, carne de Deus, habitação de Deus. Quanto mais próximos dos necessitados, mais próximos de Deus, mais próximos do Caminho, mais próximos da Verdade, mais próximos da Vida.

Trecho extraído do livro "Por Suas feridas fostes curados", de Ironi Suldaro


 


Ironi Spuldaro

Ironi Spuldaro é Membro do CAE (Comissão de Ação Evangelizadora) da diocese de Guarapuava. Membro do conselho diocesano, estadual e nacional da RCC (Renovação Carismática Católica) movimento do qual participa desde 1987. Ironi exerce o ministério de pregação em todo o Brasil e em outros países, como Argentina, Paraguai, Bolívia, Estados Unidos, Itália, Coréia do Sul, Inglaterra e Suiça. Fundador da Missão Há Poder de Deus, escritor e apresentador do Programa Há Poder de Deus.

Site: www.ironispuldaro.com.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/cinco-caminhos-para-chegar-a-face-de-deus-e-compreende-la/

26 de março de 2021

As cinco vias de penitência


Podemos viver uma vida intensa de oração e penitência sem mudar o ritmo de nossa vida, que precisa ser de oração constante, uma vida plena com o Senhor. Temos de pegar as coisas ordinárias do dia a dia e transformá-las em extraordinárias. São as pequenas coisas que fazemos que nos santificam. Não precisamos viver em um mosteiro nem ser um religioso para criarmos uma profunda intimidade com Deus.

As cinco vias de penitência

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

São João Crisóstomo nos apresenta cinco vias de penitência

São João Crisóstomo mostra que, na simplicidade de nossa vida, podemos viver a penitência. Assim ele nos apresenta cinco vias de penitência:

1ª) Reprovação do pecado

Todos os dias, precisamos renunciar ao pecado e a tudo o que nos leva a pecar. Precisamos buscar viver o PHN (Por Hoje Não vou mais pecar).

2ª) O perdão das faltas do próximo

Precisamos viver o amor e perdoar os nossos irmãos assim como Deus nos perdoa todos os dias. Precisamos viver o que diz a Palavra: 'Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do nosso pai que está nos céus' (Mt 5,44-45).

3ª) A oração

Viver uma vida de oração na simplicidade – em casa, no trabalho, na escola – é estar com a mente e o coração em Deus. "Com toda sorte de preces e súplicas, orai constantemente no Espírito" (Ef 6,18).

4ª) A Esmola

Temos de viver a caridade para com o seu próximo, tanto espiritual como material. 'Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita, de modo que tua esmola fique escondida. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa' (Mt 6,3-4).

5ª) A Humildade

A humildade eleva o homem a Deus. Reconheçamos que sem Ele não podemos nada, e que, por meio de nossa pequenez, Deus será exaltado. "Quanto mais fores grande, tanto mais é preciso que te humilhes, e encontrarás graça diante do Senhor" (Eclesiástico 2,18).

Seja santo!



Padre Reinaldo Cazumbá

Sacerdote membro da Canção Nova, estudante de psicologia, atua no Instituto Teológico Bento XVI e também exerce a função de diretor espiritual dos futuros sacerdotes da comunidade. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/cinco-vias-de-penitencia/

24 de março de 2021

Como eu posso fazer para ter uma vida unida a Deus?


"Eu quero ter uma vida unida a Deus, mas como faço isso?" É exatamente isso que vínhamos tratando, há duas semanas, nessa série de textos voltados para a meditação sobre o sacramento da confissão. Inclusive, nós não concluímos o assunto dos elementos da confissão. Escrevemos que há um modo de se libertar, de uma vez por todas, do pecado grave. Tem jeito! Só que existem alguns pontos cruciais que devem ser vividos com intensidade e sinceridade para dar certo. No texto anterior, nós já demos algumas chaves para isso, os "pulos do gato". Precisamos terminar esse assunto para seguir adiante.

Nós já tratamos, rapidamente, do exame de consciência, do arrependimento e do propósito para fazer uma boa confissão. Vale a pena dar uma olhada lá, porque colocamos alguns detalhes sobre essas ações cruciais para libertar-se do pecado grave gradativamente e em definitivo. São esclarecedores!

Como eu posso fazer para ter uma vida unida a Deus?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Reflita, passo a passo, como unir-se a Deus pelo sacramento da confissão

Agora vamos ao quarto passo: A acusação.

Contar os pecados ao sacerdote. É preciso ser específico na acusação das faltas e colocar, ao máximo, a quantidade de vezes que as cometeu. Não precisa contar a história nem os detalhes, basta dizer qual foi a falta e a quantidade de vezes. Se você não se confessa há muito tempo, precisa dar, pelo menos, uma ideia da quantidade de vezes que foi cometido o pecado. Por exemplo: "Passei tantos anos sem ir à missa dominical". Com relação à gravidade do pecado, isso sim é importante especificar ao máximo. Por exemplo: "Cometi adultério uma vez com uma mulher casada". Nesse caso, foram dois adultérios, o próprio e o que foi induzido à mulher casada. Outro exemplo: "Cometi um roubo, e nele houve assassinato ou violência".

Lembrando que você se encontra em um tribunal, onde o réu confessa os pecados; no entanto, será perdoado pelo juiz, na pessoa do sacerdote. Falamos disso no primeiro texto.

"Ah, mais vou me sentir envergonhado, constrangido…" Quando erramos com alguém, e pedimos perdão, o fazemos por quê? Justamente por ser uma pessoa cara a nós, e não quereríamos a ter ofendido. Essa humilhação é já parte do remédio contra o mal, pois é uma pedagogia de autocorreção nossa frente Àquele que deve ser o mais importante em nossa vida, e do qual não queremos nos afastar.

"Deus é misericórdia. Ele não precisa de nos humilhar assim". De fato, ele não precisa mesmo, somos nós que precisamos reconhecer que não somos iguais a Ele, mas sim criaturas limitadas e dependentes da Sua ajuda. Isso só se faz assumindo a humildade como virtude.


Penitência

O quinto passo trata-se da penitência: "A penitência que o confessor impõe deve ter em conta a situação pessoal do penitente e procurar o seu bem espiritual. Deve corresponder, quando possível, à gravidade e natureza dos pecados cometidos. Pode consistir na oração, num donativo, nas obras de misericórdia, no serviço do próximo, em privações voluntárias, sacrifícios e, sobretudo, na aceitação paciente da cruz que temos de levar. Tais penitências ajudam-nos a configurar-nos com Cristo, que, por Si só, expiou os nossos pecados uma vez por todas. Tais penitências fazem com que nos tornemos co-herdeiros de Cristo Ressuscitado, «uma vez que também sofremos com Ele» (Rm 8, 17)" (CIC 1460).

Por obrigação moral, é bom reparar o que for possível da falta cometida: devolver o que foi roubado, desfazer a calúnia proferida, indenizar por ferimentos etc.

A penitência, às vezes, pode parecer leve demais. Ela existe para nos fazer meditar no mal cometido, e nas suas consequências morais. No entanto, quem pagou o preço foi Cristo, com Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Não somos capazes de expiar nenhum pecado, nem mesmo o mais leve.

Absolvição

Por fim, a absolvição: Trata-se da oração, feita pelo sacerdote, de absolvição dos pecados confessados e dos esquecidos; não dos omitidos. Lembrando: se houver omissão de pecados, a confissão torna-se inválida. O nível da graça dada por Deus, no ato da absolvição, varia de pessoa para pessoa, pois depende do grau de devoção do penitente. A devoção não produz a graça, mas é como que o caminho para ela. Logo, a pessoa perceberá o seu efeito suavemente: firmeza de propósito, aumento da fé, força gradativa contra o pecado, aumento do horror pelo mal cometido. Vamos ficando mais fortes na luta contra o pecado.

Permanecendo em estado de graça, é possível, por meio da oração, e principalmente da Eucaristia, receber de Deus as virtudes infusas que nos ajudam a permanecer firmes na luta contra o pecado. Também vamos nos tornando pessoas melhores, realizadas, voltadas para as realidades mais essenciais que nos levam a uma união com Deus.

Temos de Deus a ajuda necessária para permanecer perto d'Ele.

Semana que vem, vamos tratar, brevemente, sobre o pecado, justamente para nos ajudar no exame de consciência.



Roger de Carvalho

Roger de Carvalho, natural de Brasília – DF, é membro da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Casado com Elisangela Brene e pai de dois filhos. É estudante de Teologia e Filosofia.
Autor do blog "Ad Veritaten".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/series/confissao/como-eu-posso-fazer-para-ter-uma-vida-unida-deus/

22 de março de 2021

Como posso construir boas amizades ao longo da vida?


E se eu perguntasse a você: "O que é amizade?", você saberia me responder? É dessa forma que iniciamos o nosso processo de descoberta de como construir boas amizades, e para isso vamos entendê-la.

Muitas vezes, aquilo que mais falamos é o que menos sabemos de verdade. Por isso, vamos entender a amizade para depois compreendermos qual o caminho para a construção de boas amizades.

Como posso construir boas amizades ao longo da vida

Foto Ilustrativa: by Getty Images / ViewApart

O que é amizade? Como ter boas amizades?

Aristóteles, um dos maiores filósofos gregos, que viveu cerca de 300 anos antes de Cristo, diz que a amizade é uma virtude ou implica uma virtude. E ele continua dizendo que a amizade é necessária à vida. "Porque sem amigos ninguém escolheria viver, ainda que possuísse todos os outros bens". Sim, meus amigos leitores, a amizade, como disse Aristóteles, é necessária à vida. Seria infértil e vazia a nossa vida se não tivéssemos amigos com quem partilhar as alegrias e tristezas próprias do dia a dia. Continua ainda Aristóteles: "A amizade também ajuda os jovens a afastar-se do erro, e aos mais velhos, atendendo-lhes às necessidades e suprindo as atividades que declinam por efeito dos anos. Aos que estão no vigor da idade, ela estimula a prática de nobres ações, pois na companhia de amigos – 'dois que andam juntos' – os homens são mais capazes tanto de agir como de pensar". Para encerrar o pensamento de Aristóteles sobre amizade, ele diz que a amizade é uma alma em dois corpos.

Já para São Tomás de Aquino, santo e doutor da Igreja, a amizade está diretamente relacionada ao comportamento que precisamos ter em relação aos outros. E é também reconhecida como uma virtude. "Ora, é preciso que as relações entre homens se ordenem harmoniosamente num convívio comum, tanto em ações quanto em palavras, ou seja, é necessário que cada um se comporte com relação aos outros de maneira conveniente." E essa virtude se chama amizade ou afabilidade.

Agostinho de Hipona, outra grande homem de Deus na história da Igreja, fala sobre a amizade a partir da experiência que ele teve com um amigo na qual narra desta forma: "Conheci um amigo, a quem amei em demasia por ser meu companheiro de estudos, de minha idade, e por estarmos ambos na flor da juventude. Juntos fomos criados quando crianças, juntos íamos à escola, juntos havíamos brincado. Mas nessa época não era amigo tão íntimo como o foi depois, embora também não o fosse tanto quanto o exige a verdadeira amizade, uma vez que esta só existe entre os que unem por meio da caridade, derramada em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado". A amizade para Agostinho tem como elo a caridade que nos é dada pelo Espírito de Deus. Ele ainda completa: "Ama-se de tal modo os amigos que a consciência se julga culpada se não é capaz de amar aquele que ama, ou se não procura retribuir o amor com amor, e apenas procura na pessoa do amigo o sinal exterior da sua benevolência". O bispo de Hipona, com essa sentença, alerta sobre o perigo de uma amizade interesseira.

A construção de boas amizades

Depois da contribuição de grandes homens para nos ajudar a entender o que é amizade, vamos agora para o maior Homem que existiu e que nos ensina como construir verdadeiras amizades. Sim, é com Jesus Cristo que daremos passos na compreensão de amizades verdadeiras.

Os nossos amigos são aqueles que nos conhecem de fato. Como falou Lawrence: "O meu nome é pertença dos meus amigos". A amizade permite que o outro adentre na vida do amigo, fazendo com que conheça os sonhos, as alegrias, as dores e também as tristezas. E com isso, além da amizade, surge a virtude da caridade, fazendo com que somente aquele que nos ama é que sabe quem realmente nós somos. O amigo é aquele que deposita constantemente em nós uma centelha de esperança, nem tanto por ele saber o que pode acontecer no futuro, mas pela certeza de que independente do que aconteça, ele estará ao nosso lado.


A verdadeira amizade é fundada na caridade, como disse Agostinho, e essa caridade só pode ser nos dada pelo Espírito Santo, que é derramado em nossos corações. Somente quem me ama pode me trair. Durante a vida pública de Jesus, muitos quiseram prendê-lo, mas ninguém conseguiu pôr a mão nele; apenas um amigo pode traí-lo. Mesmo com a traição, Jesus estava disposto a perdoá-lo, estava desejoso que Judas se arrependesse e voltasse para dentro da amizade, para esse espaço seguro. A verdadeira amizade deve ter sempre à disposição perdoar, dar o passo na direção do outro.

A palavra amigo pode ser entendida na definição de Kristianson: "Nunca se está realmente só quando se tem um amigo. Um amigo ouve o que tu dizes e tenta compreender o que não sabes dizer". O amigo consegue entender o que está em nosso coração, muitas vezes quando nem conseguimos expressar. A amizade exige tempo, o conhecimento do coração exige dedicação, paciência e, acima de tudo, respeito pelo sagrado, que é o coração do outro.

Continuando a narrativa da traição, o evangelista escreve o seguinte: "Ao cair da tarde, ele pôs-se à mesa com os Doze e, enquanto comiam, disse-lhes: 'Em verdade vos digo que um de vós me entregará'" (Mt 26,20). Com esse versículo, notamos que era noite. Assim acontece na amizade, quando não jogamos luzes no relacionamento, não conseguimos perceber com nitidez o que acontece, e erramos, traímos e machucamos aquele que amamos.

Tenha bons amigos ao longo da vida

O caminho de uma amizade é longo e exigente. Que tenhamos a coragem de nos lançar em verdadeiras amizades, que são baseadas na caridade, e que nos levam sempre para Deus. Como disse Tomás de Aquino, o amigo é aquele que quer as mesmas coisas e rejeita as mesmas coisas. Você só é amigo das pessoas que estão indo na mesma direção e têm os mesmos valores que você.

O livro do Eclesiástico (6,14-16) ensina o que é um amigo: "Amigo fiel é poderoso refúgio, quem o descobriu descobriu um tesouro. Amigo fiel não tem preço, é imponderável o seu valor. Amigo fiel é bálsamo vital, e os que temem o Senhor o encontrarão". Meus amigos leitores, o temor do Senhor é o caminho para uma amizade verdadeira.

Referências bibliográficas: 

[1] ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991, L. VIII, 1. 

[2] Ibid.

[3] AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. Trad. Aldo Vannucchi et al. 2 ed. São Paulo, 2010. v. VI. Texto bilíngue: latim-português.

[4] AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Paulus, 1984, L. IV, c. IV.

[5] AGOSTINHO, 1984, L. IV, c. IV.

[6] MENDONÇA, José Tolentino. Nenhum caminho será longo: para uma teologia da amizade. 5. ed. Prior Velho: Paulinas, 2012, p. 186.

[7] Ibid., p. 191



Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/como-posso-construir-boas-amizades-ao-longo-da-vida/

19 de março de 2021

Será que os santos atendem nossas orações?


Reflita: só Deus pode atender as nossas orações

Nessa sexta-feira, 3 de fevereiro, a Igreja celebra São Brás. Para continuarmos as reflexões sobre a oração, eu o questiono: Por que oramos aos santos? Essa oração tem eficácia? Nossos pedidos são atendidos por eles? Se os santos foram homens ou mulheres como nós, quais "poderes" eles teriam para atender nossa súplica? Se podemos pedir diretamente para Deus, por que "gastar tempo" pedindo para alguém que não seja Ele?

Mais uma vez, quem nos ajuda nessa reflexão é São Tomás de Aquino, por meio da Suma Teológica escrita por ele, para trazer à luz questões sobre a natureza de Deus, a natureza de Jesus e também algumas questões morais.

Os santos atendem nossas orações

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Reflexão de São Tomás de Aquino

Para esses questionamentos, São Tomás é muito claro em nos apontar a resposta: "De dois modos fazemos oração a alguém: para que esse mesmo a defira ou para que obtenha de outrem o que queremos". Ou seja, no primeiro caso, o único que pode aceitar, conceder o que você pede é Deus. Portanto, é conveniente que você ore ao Senhor, pois é Ele e somente Ele quem vai deferir o seu pedido. É Ele quem tem todos os poderes (por ser Deus, onipotente) para conceder-lhe o que você pede.

São Tomás vai além ao dizer que podemos pedir a alguém que interceda junto Àquele que pode nos conceder. Fazendo uma comparação simples, muitas vezes, quando éramos crianças e queríamos receber alguma coisa que somente o pai podia nos dar, íamos até nossas mães. Por mais que elas não pudessem dar o que estávamos pedindo, sabíamos que elas intercederiam por nós junto a nossos pais. Ou ainda, dentro de uma empresa hierárquica, você deve falar primeiramente com o seu chefe imediato para solicitar alguma coisa. Por mais que ele não possa lhe conceder, é ele quem pode falar com a diretoria para conseguir o que você quer. Você, humildemente, apresenta o seu pedido ao seu chefe, que o leva adiante e pede à diretoria em seu nome.


Súplica aos santos

Essas pequenas comparações podem ilustrar a realidade da oração aos santos. Ao apresentarmos nossas súplicas aos santos, não estamos pedindo para eles "resolverem" o que queremos, mas solicitando que eles intercedam junto de Deus por nós.


Por mais que os santos tenham sido homens ou mulheres como nós, eles têm o mérito de fazer parte da morada celeste e ver Deus face a face. A Igreja acredita e propaga, por meio da vida dos santos, que eles estão com Deus e têm livre acesso a Ele. Pelos méritos próprios de uma vida santa vivida aqui na Terra, eles chegaram ao Céu. Se a Igreja canoniza um santo, é porque ela atesta que essa pessoa está no Céu. Como sabemos, o Céu é a morada de Deus.

Devoção aos santos

Os santos, portanto, além de mostrarem com sua vida e com seu testemunho que é possível viver uma vida repleta de Deus, ainda nos ajudam, intercedendo por nós junto do Pai.

Tenho dois santos de devoção: Dom Bosco e Santa Teresinha do Menino Jesus, além do Beato Pier Giorgio Frassati. Ao olhar para a vida deles, espelho-me e encorajo-me a viver uma vida de santidade. Mas ainda sei que, se em alguma situação eu pedir a intercessão deles, poderão me ajudar do Céu, ao lado de Deus, onde também residem.

Qual é o seu santo de devoção? A quais "amigos do Céu" você tem pedido ajuda? Não nos esqueçamos deles, pois, com seu auxílio, chegaremos também ao Céu.


Guilherme Zapparoli

Guilherme Zapparoli. Formado em Ciências Biológicas e pós-graduando em Bioética.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/sera-que-os-santos-atendem-nossas-oracoes/