5 de março de 2021

Não há nada pior do que o pecado


O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos mostra toda a gravidade do pecado: "Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro" (§ 1488). São palavras fortíssimas, pois mostram que não há nada pior do que o pecado. Por outro lado, o Catecismo afirma que ele é uma realidade: "O pecado está presente na história dos homens: seria inútil tentar ignorá-lo ou dar a esta realidade obscura outros nomes" (CIC, §386).

Deus disse a Santa Catarina de Sena, em "O Diálogo": "O pecado priva o homem de Mim, Sumo Bem, ao tirar-lhe a graça". São Paulo, numa frase lapidar, explica toda a hediondez do erro e razão de todos os sofrimentos deste mundo: "O salário do pecado é a morte" (Rom 6,23). Tudo o que há de mal na história do homem e do mundo é consequência dessa falha que "começou" com Adão. "Por meio de um só homem, o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, e, assim, a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rom 5,12). O Catecismo ensina que: "A morte corporal, à qual o homem teria sido subtraído, se não tivesse pecado (GS,18), é assim o último inimigo do homem a ser vencido" (1Cor 15, 26).

Não há nada pior do que o pecado

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Escravos do pecado

Santo Agostinho dizia que: "É desígnio de Deus que toda alma desregrada seja para si mesma o seu castigo", e acrescentava: "O homem se faz réu do pecado no mesmo momento em que decide cometê-lo." Sintetizava tudo dizendo que "pecar é destruir o próprio ser e caminhar para o nada". Ele dizia de si mesmo nas confissões: "Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso precipitava-me na dor, na confusão e no erro".

Toda a razão de ser da Encarnação do Verbo foi para destruir, na Sua carne, a escravidão do pecado. "Como imperou o pecado na morte, assim também, imperou a graça por meio da justiça, para a vida eterna, através de Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rom 5,21).

O demônio escraviza a humanidade com a corrente do pecado, mas Jesus vem exatamente para quebrá-la. São João deixa bem claro na sua carta: "Sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados" (1Jo 3,5). "Para isto é que o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo" (1 Jo 3,8). Essa "obra do diabo" é exatamente o pecado, que nos separa da intimidade e da comunhão com Deus e nos rouba a vida bem-aventurada.

Liberdade

Com a Sua Morte e Ressurreição triunfante, Jesus nos libertou das cadeias do pecado e, por Sua graça, podemos agora viver uma nova vida. É o que São Paulo nos ensina na Carta aos Colossenses: "Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus" (Col 3,1). Aos romanos ele garante: "Já não pesa mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte" (Rom 8,1).

Aos gálatas o apóstolo diz: "É para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão" (Gal 5,1). A vitória contra o pecado custou a vida do Cordeiro de Deus. São João Batista, o precursor, aquele que foi encarregado por Deus para apresentar ao mundo o Seu Filho, podia fazê-lo de muitas formas: "Ele é o Filho de Deus", ou, "Ele é o esperado das nações", como diziam; ou ainda: "Ele é o Santo de Israel", ou quem sabe: "Eis aqui o mais belo dos filhos dos homens", etc.; mas em vez de usar essas expressões que designavam o Messias que haveria de vir, João preferiu dizer: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29).

O perigo do erro

Aqueles que querem dar outro sentido à vida de Jesus, que não o d'Aquele que "tira o pecado do mundo", esvaziam a Sua Pessoa, a Sua missão e a missão da Igreja. A partir daí, a fé é esvaziada e toda a "sã doutrina" (1Tm4,6) é pervertida. Eis o perigo da "teologia da libertação" que exigiu a intervenção direta da Santa Sé e do próprio Papa João Paulo II, pois, na sua essência, esta "teologia" substitui o Cristo Redentor do pecado por um Cristo apenas libertador dos males sociais e terrenos, reinterpreta o Evangelho e o Cristianismo dentro de uma exegese e de uma hermenêutica, que não é aceita pelo Magistério da Igreja.

Assim, como a missão de Cristo foi a de libertar o homem da culpa, a missão da Igreja, que é o Seu Corpo místico e Sua continuação na história, é também, a de libertar a humanidade do pecado e levá-la à santificação. Fora disso, a Igreja se esvazia e não cumpre a missão dada pelo Senhor. "Jesus" quer dizer, em hebraico, "Deus salva". Salva dos pecados e da morte. Na anunciação, o anjo disse a Maria: "[…] lhe porás o nome de Jesus" (Lc 1,31).


A José, o mesmo anjo disse: "Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mt 1,21). A salvação se dá pelo perdão dos pecados; e já que "só Deus pode perdoar os pecados" (Mc 2, 7), Ele enviou o Seu Filho para salvar o Seu povo dos pecados. "Foi Ele quem nos amou e nos enviou Seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados" (1Jo 4,10). "Este apareceu para tirar os pecados"(1Jo 3,5).

Misericórdia divina

Tudo isso mostra que a grande missão de Jesus era, de fato, "tirar o pecado do mundo", e Ele não teve dúvida de chegar até a morte trágica para tal fato. Agora, Vivo e Ressuscitado, Vencedor do pecado e da morte, pelo ministério da Igreja, dá o perdão a todos os homens. Jesus disse aos apóstolos na Última Ceia: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (Jo 14,15). Guardar os mandamentos é a prova do amor por Jesus. Quem obedece aos Seus mandamentos, foge do pecado.

O grande São Basílio Magno (329-379), bispo e doutor da Igreja, ensina em seus escritos, que há três formas de amar a Deus: a primeira é como o mercenário, que espera a retribuição; a segunda é como escravo que obedece, por medo do chicote, o castigo de Deus; e o terceiro é o amor filial, daquele que obedece, porque, de fato, ama o Pai. É assim que devemos amar o Senhor; e a melhor forma de amá-Lo é repudiando todo mal.

Os Dez Mandamentos são a salvaguarda contra o pecado. Por isso, o primeiro compromisso de quem almeja a santidade deve ser o compromisso de viver, na íntegra, os mandamentos. Diante da gravidade do pecado, o autor da Carta aos Hebreus chega a dizer aos cristãos: "Ainda não resististes até ao sangue na luta contra o pecado" (Hb 12,4). Nesta luta, justifica-se chegar até ao sangue, se for preciso, como Jesus o fez.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/nao-ha-nada-pior-do-que-o-pecado/

3 de março de 2021

Tornar-se cristão é um processo diário


Na Tradição da Igreja, o Tempo Quaresmal é o momento forte para a administração dos sacramentos, o tempo de acolher os novos filhos para a Igreja. O processo de transformação não é possível ser realizado em breve momento, e sim por um caminho de conversão que deve ser percorrido passo a passo. Com a convicção de que esse caminho de renovação não acontece de uma só vez, mas abrange toda a vida do homem em um processo contínuo de ano após ano que devemos percorrer sempre.

A Quaresma quer conservar presente esse processo que, para se chegar a Deus, é preciso passar por um processo sempre novo de transformação e mudança de vida. Assim, a palavra mais forte que nos acompanha, neste Tempo Quaresmal, é uma busca sincera de conversão, a metanoia que reorienta todo o nosso ser em direção a Deus.

Tornar-se cristão é um processo diário

Foto ilustrativa: artisteer by Getty Images

Tornar-se cristão diariamente e voltar para Deus

Nesse sentido, a Igreja abraça o Tempo Quaresmal como o tempo de purificação, de tornar-se cristão, a oportunidade do homem voltar-se do mau caminho em direção a Deus, como o próprio Senhor afirma em Sua Palavra: "Pela minha vida, diz o Senhor, não quero a morte do pecador, mas que mude de conduta" (Ez 33, 11). Mas é preciso tomar consciência de que o se tornar cristão é um processo diário, de ir a Cristo, renunciar a si mesmo, tomar sua cruz e segui-Lo (cf. Mc 8, 34).

Por isso, esse tempo é marcado pelo jejum, abstinência e esmola, para lutarmos contra as tentações, unindo-nos a Cristo, que enfrentou a tentação no deserto durante quarenta dias. Um tempo realmente favorável para abandonar o "homem velho" e nascer um "homem novo".

O próprio Cristo precisou passar pelo deserto, deixando-se ser tentado pelo diabo para mostrar que n'Ele fomos tentados e n'Ele vencemos o demônio. Ninguém pode vencer sem ter combatido; nem combater se não tiver inimigo e tentações.


Por isso, o apelo da Igreja ao jejum, pois, por meio dele, é que nos libertamos de nós mesmos, nos libertamos para Deus, tornando-nos livres para os outros e para a oração e do domínio das paixões desordenadas.

No prefácio da Quaresma, a Igreja usa a expressão: Jejunio mentem elevas – que significa "Pelo jejum elevais os vossos sentimentos". Os quarenta dias que a Igreja nos proporciona, por intermédio da renúncia, para que encontremos uma vida nova.



Padre Reinaldo Cazumbá

Sacerdote membro da Canção Nova, estudante de psicologia, atua no Instituto Teológico Bento XVI e também exerce a função de diretor espiritual dos futuros sacerdotes da comunidade. Autor de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/tornar-se-cristao-e-um-processo-diario/

1 de março de 2021

Quaresma é tempo de oração, jejum e esmola


Eis o tempo de conversão. Eis o dia da salvação. Ao Pai voltemos, juntos andemos, eis o tempo de conversão. Mais um ano o Senhor nos concede a graça de vivermos este tempo forte de conversão, que é a Quaresma. Tempo favorável ao arrependimento e ao retorno à casa paterna. Tempo de fazermos a experiência do amor de Deus manifestado em Jesus Cristo. Alguns passos somos chamados a dar neste tempo de reflexão e de mudança de vida, e a Igreja nos indica três: a oração, o jejum e a esmola.

Quaresma é tempo de oração, jejum e esmola

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Quaresma, tempo de voltar-se para Deus e existem 3 vias que podem nos auxiliar

A Oração

De Deus nós viemos e para Ele voltaremos. Necessitamos, cada vez mais, de nos colocarmos na presença d'Ele e mantermos nosso contato de intimidade. Deus nos convida a uma vida de entrega, e em Jesus Ele se revela como um Pai amoroso que quer, cada vez mais, a presença de Seus filhos e filhas. A Quaresma é o tempo favorável à oração, pois só vivendo uma vida de oração vamos compreende a vontade de Deus para nossa vida, e assim, amar a vontade d'Ele.

O Jejum

O jejum nos lembra a nossa fragilidade humana. Somos pó, e pelo pecado, a semente da rebeldia entrou no coração da humanidade. O jejum nos ajudará a trazermos cativos nas mãos de Deus nossas más inclinações. Pelo jejum, Jesus, repleto do Espírito Santo, venceu as tentações do diabo e, assim, realizou a vontade do Pai.


A Esmola

Estamos acostumados a dar para os outros aquilo que nos sobra. Esmola no Brasil se tornou algo a ser dado nas feiras livres. A esmola quaresmal é totalmente diferente, ela é o fruto do nosso jejum, da nossa abstinência quaresmal.

Seguindo esses passos, abrindo-nos à ação do Espírito Santo, estaremos vivendo uma verdadeira Quaresma, voltando, assim, para a casa do Pai e experimentado o Seu abraço amoroso.

A paz de Jesus!

Equipe de Colunistas do Formação


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/quaresma-e-tempo-de-oracao-jejum-e-esmola/

26 de fevereiro de 2021

Quaresma, tempo de vencer as tentações e o diabo


Antigamente, a Quaresma era o período durante o qual – por meio da penitência e da provação – os catecúmenos*  preparavam-se para receber o batismo na noite de Páscoa. A Liturgia sempre coloca Jesus no Evangelho do Primeiro Domingo da Quaresma vencendo as tentações do demônio (cf. Mt 4,1-11). O Nosso Senhor e Mestre não só vence como também nos dá as dicas para vencermos o nosso inimigo e as tentações pequenas e grandes que enfrentamos todos os dias.

O objetivo desta reflexão de hoje será avaliar a nossa defesa e aumentar as nossas resistências diante das tentações e celebrar a vitória com o Senhor Jesus.

Quaresma, tempo de vencer as tentações e o diabo

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

A Quaresma é um tempo privilegiado para voltarmos ao Senhor

O Senhor derrotou o maligno, por meio da docilidade ao Espírito Santo, pois, "no deserto, Ele era guiado pelo Espírito". Da Palavra: "A Escritura diz: 'Não só de pão vive o homem'". Da Oração: "Terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus". Do Jejum: "Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome". Pela Adoração: "Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás". Exercendo Sua autoridade, que vinha de uma vida coerente e santa. Isso fica bem claro na leitura deste Evangelho.

De maneira semelhante, como o antigo povo de Israel partiu durante 40 anos pelo deserto para ingressar na Terra Prometida, a Igreja, o novo povo de Deus, prepara-se durante 40 dias para celebrar a Páscoa do Senhor. Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste nem depressivo. Trata-se de um período especial de purificação e renovação da vida cristã, para que possamos participar com maior plenitude e gozo do mistério pascal do Senhor.

Jesus Cristo, ao dar início à caminhada do novo povo de Deus, dirige-se ao deserto como lugar de encontro com o Pai, lugar de recolhimento, onde Ele se revela, onde escuta Sua Palavra. Diferente do antigo povo da Aliança, que sucumbe à tentação, revolta-se, tem saudade "das cebolas do Egito", onde eles tinham o que comer, mas eram escravos, o Senhor vence a tentação, vence o demônio pela oração, pelo jejum, pela Palavra e obediência ao Pai.

Tempo de intensificar seu caminho de conversão

A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Esse caminho supõe cooperar com a graça, para dar morte ao "homem velho" que atua em nós. Trata-se de romper com o pecado que habita em nosso coração, afastar-nos de tudo aquilo que nos separa do plano de Deus, e, por conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.

No pórtico da Quaresma, encontramos Jesus tentado pelo diabo. A Bíblia tem vários nomes para esse personagem, mas em todos subjaz a mesma incumbência da sua missão: o que separa, o que arranca; diabo, dia-bolus: o que divide. O demônio – no meio do mundo que o ignora e o torna frívolo – está mais presente do que nunca: nos medos, nos dramas, nas mentiras e nos vazios do homem pós-moderno, aparentemente descontraído, brincalhão e divertido.

Com Jesus, como com todos nós, o diabo procurará fazer uma única tentação, ainda que com diversos matizes: romper a comunhão com Deus Pai. Para este fim, todos os meios serão aptos, desde citar a própria Bíblia até fantasiar-se de anjo da luz. As três tentações de Jesus são um exemplo muito atual: da sua fome, converta as pedras em pão; das suas aspirações, torne-se dono de tudo; da sua condição de filho de Deus, coloque a sua proteção à prova. Em outras palavras: o dia-bolus buscará conduzir o Senhor por um caminho no qual Deus ou é tido como banal e supérfluo ou como inútil e nocivo.


Prescindir de Deus, porque reduzimos nossas necessidades a um pão que nós mesmos podemos fabricar, como se fosse nossa própria mágica (1ª tentação). Prescindir de Deus modificando Seu plano sobre nós, incluindo aspirações de domínio que não têm a ver com a missão que Ele confiou a nós (2ª tentação). Prescindir de Deus banalizando Sua providência, fazendo dela um capricho ou uma diversão (3ª tentação).

Isso torna-se atual, se formos traduzindo com nomes e cores quais são as tentações reais (!) que nos separam – cada um de nós e todos juntos – de Deus e, portanto, dos outros também. A tentação do "deus-ter" (em todas as suas manifestações de preocupação pelo dinheiro, pela acumulação de bens, pelas "devoções" a loterias e jogos, pelo consumismo). A tentação do "deus-poder" (com todo o leque de pretensões de ascensão, que confundem o serviço aos demais com o servir-se dos demais, para os próprios interesses e controles). A tentação do "deus-prazer" (com tantas, tão infelizes e, sobretudo, tão desumanizadoras formas de praticar o hedonismo, tentando censurar inutilmente nossa limitação e finitude).

Quem duvida de que existem mil diabos, que nos encantam e seduzem a partir da chantagem das suas condições e, apresentando-nos tudo como fácil e atrativo, e que nos separam de Deus, dos demais e de nós mesmos?

Jesus venceu o diabo! A Quaresma é um tempo privilegiado para voltarmos ao Senhor, unindo novamente tudo o que o tentador separou. Jejuando 40 dias no deserto, Cristo consagrou a abstinência quaresmal. Desarmando as ciladas do antigo inimigo, ensinou-nos a vencer o fermento da maldade. Celebrando agora o mistério pascal, nós nos preparamos para a Páscoa definitiva (Prefácio do 1° Domingo da Quaresma).

Oremos: "Ó Deus, que nos alimentastes com este pão que nutre a fé, incentiva a esperança e fortalece a caridade, dai-nos desejar o Cristo, pão vivo e verdadeiro, e viver de toda Palavra que sai de vossa boca para vencer ao pecado, a nós mesmos e ao diabo. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém."

Minha bênção fraterna.



Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: http://@peluizinho


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/quaresma-tempo-de-vencer-as-tentacoes-e-o-diabo/

24 de fevereiro de 2021

O conceito de ser uma família em Deus


Deus demonstra a importância da família quando Ele cria o homem e, logo em seguida, a mulher, pois não era bom que ficasse só. A família é uma instituição sagrada criada por Deus, com a missão de povoar a terra e com um significado de unidade social selada pelo seu poder criador divino, fazendo da família a instituição humana mais antiga. Em Genesis 1, 28, Deus abençoa o casal dizendo "sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submete-a". Entretanto, a sagrada escritura deixa claro que a base dessa instituição é o matrimônio, que frutifica com o nascimento dos filhos.

O significado de família aparece na Palavra com termos hebraicos e gregos, traduzidos com diferentes palavras família, parentes, clã, lar, entre outras, por vezes voltadas para os grupos familiares ou para grupos maiores com
membros de uma mesma etnia ou de uma mesma fé. Quando um indivíduo pertence a uma paróquia, movimento ou pastoral, ele pode criar vínculos de uma família espiritual. Deus também reconhece Israel como uma família, não unida por laços de sangue, mas por valores, princípios e a crença num mesmo Deus.

Após a criação da primeira família, a bíblia nos diz que, quando adulto o homem deve deixar seus pais e, com a sua esposa, formar uma família. "Enfim, cada um de vós também ame a sua esposa como a si mesmo, e que a esposa tenha respeito pelo marido".

O conceito de ser uma família em Deus

Foto ilustrativa: Andréia Britta/cancaonova.com

A base familiar na época de Abraão

A bíblia nos fala também da família de Abraão, que recebe a bênção que é transmitida a todas as famílias do mundo. O núcleo essencial das famílias bíblicas era constituído por pais e filhos, entretanto, na maioria das vezes, era
estendida aos parentes de diferentes graus, assim como pessoas próximas sem laços de sangue, tais como concubina e amigos. Em famílias com alto poder aquisitivo, os servos também eram considerados parte da família.

A história do patriarca Jacó nos mostra que as famílias bíblicas eram numerosas, porque filhos eram considerados presentes de Deus. E quem não gosta de ganhar muitos presentes? Possuíam uma estrutura bem definida, os
homens tinham um papel de líder social e espiritual, que deveria ser exercida com amor; a mulher obedecia ao marido e cuidava do lar e dos filhos; os primogênitos tinham um lugar especial nas famílias, pois eram preparados para sucessão do pai e a responsabilidade de conduzir toda a família. Nessa condução, o livro dos Provérbios 22, 6 noz diz: "Ensina o adolescente quanto ao caminho a seguir; e ele não se desviará, mesmo quando envelhecer".

A Bíblia nos ensina que os cônjuges no matrimônio devem obedecer aos princípios divinos, que a união em uma só carne é indissolúvel e a missão de gerarem e educarem os filhos para Deus. O Salmo 112 nos diz: "Feliz aquele que teme o Senhor e que muito se compraz em seus mandamentos". Entretanto, desde o início da criação, observamos que o pecado entrou no mundo, quebrando esses princípios divinos e deformando as famílias com poligamia, traições, autoridade tirânica e abandono das responsabilidades com a família.


Servir ao Senhor

Hoje não deveria ser diferente, o casal não deveria assumir o matrimônio como se fosse algo passageiro e sem consequências; o homem precisa assumir a liderança de seu lar e não abandonar as esposas e os filhos, aumentando o número de mulheres que são arrimo de famílias. As mulheres precisam devolver a autoridade aos maridos e descobrir a beleza de ser amada e cuidada. O livro de Josué, no capítulo 24, 15, nos mostra a sua decisão diante de Deus, compromete-se pessoalmente e por sua família, quando diz: "Contudo, se vos desagrada servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir, se aos deuses a quem vossos pais serviram do outro lado do rio aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor". Os pais precisam orientar nos preceitos do Senhor e não serem fonte de ira para os seus filhos, esses precisam obedecer, honrar e
respeitar os pais.

A Bíblia contém instruções práticas para a vida familiar cotidiana, para quem quer seguir o Senhor e guiar as famílias no caminho percorrido por Ele. Começando pela família de Nazaré, Deus escolheu nascer numa família e
mostrar com o Seu exemplo como deve ser a nossa família. José se submetia à vontade de Deus Pai, Maria dizia "sim" para o plano divino e seguia as orientações de seu marido e guardava tudo no coração, e Jesus respeitava e honrava os seus pais. Exemplo claro vimos no templo, quando foi encontrado cuidando das coisas do Deus Pai, em Lucas 2, 51: "Jesus, desceu, então com seus pais para Nazaré e era-lhes submissos", portanto, Ele volta na obediência com seus pais terrestre.

Jesus, na sua vida terrestre, fez o primeiro milagre num casamento, em que, segundo João 1,11: "(…) manifestou a sua gloria e seus discípulos creram nele". Ele sempre nos convida à santidade no matrimônio, mostra a importância de cuidar e valorizar a família e viver os princípios divinos como casal e com os filhos. Toda vez que o ser humano teima em desobedecer e pecar, ele gera sofrimento para si e para o núcleo familiar. É preciso assumir a bênção de Deus transmitida por Abraão; o conceito de filhos como presente do Senhor assim como foi para Jacó; e beber o "vinho novo "como busca de santidade, que restaura as famílias tão sofridas e cansadas porque perderam o conceito do que é ser uma família em Deus.



Ângela Abdo

Mestre em Ciências Contábeis pela Fucape, pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Gestão de Pessoas pela Faesa, graduada em Serviço Social pela Ufes e psicanalista. Consultora e Executiva na área de RH e empresa hospitalar. Foi coordenadora do grupo fundador do Movimento Mães que Oram pelos Filhos da Paróquia São Camilo de Lellis, em Vitória (ES) e do grupo de Amigos da Canção Nova de Vitória. Atualmente, é coordenadora nacional e internacional do Movimento Mães que Oram pelos Filhos. Escritora dos livros "La Salette, o grito de uma Mãe!" (2018), "Superação x Rejeição: Aprendendo a ser livre" (2017), "Ser Mulher À Luz da Bíblia: Porque Deus Pode Tudo!" (2016) e "Mães que Oram pelos Filhos" (2016). Participa do programa "Papo de Mãe que Ora", no canal Mães que Oram pelos Filhos Oficial, e do "Mães que Oram pelos Filhos", na Rádio América.  Autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/o-que-biblia-nos-ensina-sobre-familia-qual-e-o-seu-significado-2/

22 de fevereiro de 2021

Conheça os exercícios quaresmais de conversão


A liturgia que abre o tempo da Quaresma manda proclamar o Evangelho em que o Nosso Senhor Jesus fala da esmola, da oração e do jejum, os quais nos conduzem a um caminho de conversão.

Toda nossa vida torna-se um sacrifício espiritual que apresentamos continuamente ao Pai, em união com o sacrifício de Jesus sofredor e pobre; a fim de que, por Ele, com Ele e n'Ele, seja o Pai em tudo louvado e glorificado. Por isso, a Quaresma é um caminho bíblico, pastoral, litúrgico e existencial para cada cristão pessoalmente e para a comunidade cristã em geral, que começa com as cinzas e conclui com a noite da luz, a noite do fogo, a noite santa da Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Refletiremos sobre os rumos de nossa espiritualidade até a Páscoa de Nosso Senhor Jesus, ou seja, a vida nova que Ele tem para nós, os exercícios quaresmais de conversão. A liturgia da Quarta-feira de Cinzas, que abre o Tempo da Quaresma, manda proclamar o Evangelho em que Nosso Senhor fala da esmola, da oração e do jejum, conforme Mateus 6,1-8.16-18.

Solidariedade

Foto: Motortion by GettyImages

Exercícios Quaresmais de conversão

Oração: A oração é a expressão máxima de nossa fé. Não podemos pensar nela como algo que parte somente de nós, pois, quando o homem se põe em oração, a iniciativa é de Deus que atingiu, com a Sua graça, o coração desse homem. Toda a nossa vida deveria ser uma oração, ou seja, uma comunicação com o divino em nós.

Jejum: Jejuar é abster-se de um pouco de comida ou bebida, é estabelecer o correto relacionamento do homem com a natureza criada. A atitude de liberdade e respeito diante do alimento torna-se símbolo de sua liberdade e respeito para com tudo quanto o envolve e o possa escravizar: bens materiais, qualidades, opiniões, ideias, pessoas, apegos e assim por diante. Jejuar significa fazer espaço em si.

Esmola ou caridade: O que significa esmola? Dar esmola significa dar de graça, dar sem interesse de receber de volta, sem egoísmo, sem pedir recompensa, mas em atitude de compaixão. Nisso, o homem imita o próprio Deus, no mistério da criação, e imita a Jesus Cristo, no mistério da redenção.

Celebrar a Eucaristia no tempo da Quaresma significa percorrer com Cristo o itinerário da provação que cabe à Igreja e a todos os homens; é assumir mais decididamente a obediência filial ao Pai, e o dom de si aos irmãos que constituem o sacrifício espiritual. Assim, renovando os compromissos do nosso batismo, na noite pascal, poderemos "passar" para a vida nova de Jesus, Senhor ressuscitado para a glória do Pai na unidade do Espírito.


Para celebrar bem este tempo

1. O Tempo da Quaresma, que é esse tempo de conversão, se estende da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, inclusive, essa Missa vespertina dá início, nos livros litúrgicos, ao Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, o qual tem seu cume na Vigília Pascal e termina com as vésperas do Domingo da Ressurreição. A semana que precede a Páscoa toma o nome de Semana Santa. Ela começa com o Domingo de Ramos.

2. Os domingos desse tempo de conversão chamam-se de 1°, 2°, 3°, 4° e 5° Domingo da Quaresma. O 6° domingo toma o nome de "Domingo de Ramos e da Paixão". Esse dia tem a precedência sobre as festas do Senhor e sobre qualquer solenidade.

3. As solenidades de São José, esposo de Nossa Senhora (19 de março) e da Anunciação do Senhor (25 de março), como outras possíveis solenidades dos calendários particulares, antecipam sua celebração para o sábado, caso coincidam com esses domingos.

4. A liturgia da Quarta-feira de Cinzas abre o tempo da Quaresma. Não se cantam o "Glória" nem o "Credo" nessa Missa.

5. Aos domingos da Quaresma, não se canta o hino Glória; faz-se, porém, sempre a Profissão de Fé e o Creio. Depois da segunda leitura, não se canta o Aleluia; o versículo, antes do Evangelho, é acompanhado de uma aclamação a Cristo Senhor. Omite-se o  Aleluia  também nos outros cantos da Missa.

6. A cor litúrgica do Tempo da Quaresma é a roxa; para o 4° domingo (Laetare – Alegria) é permitido o uso da cor rosa. No Domingo de Ramos e na Sexta-feira Santa, a cor das vestes litúrgicas e do celebrante é a vermelha, por tratar-se da Paixão do Senhor.

7. Sugestão: em oração, colha de Deus uma penitência ou mortificação pessoal que você possa viver neste tempo de retiro. Por exemplo: deixar algo de que gosta muito de fazer ou de comer, falar menos, diminuir o barulho ao seu redor, assistir menos à televisão, reconciliar-se com as pessoas e situações, fazer um bom exame de consciência e confessar-se. Nos dias de jejum: oferecer a quem não tem o que você iria comer e beber.



Padre Luizinho

Padre Luizinho, natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 22 de dezembro de 2000, cujo lema sacerdotal é "Tudo posso naquele que me dá força". Twitter: @peluizinho



18 de fevereiro de 2021

O que fere e destrói os relacionamentos na família?


A família tem sido alvo de perniciosas ideologias. Os valores não estão sendo vividos e a Palavra de Deus não está sendo observada e praticada, ou seja, a Verdade está sendo relativizada. O relativismo resultou no descrédito dos valores morais, enfraquecimento da família e aumento da infidelidade conjugal. Em nome do "eu tenho o direito de ser feliz", muitos divórcios aconteceram como solução para as uniões em crise.

A infidelidade tem destruído muitos relacionamentos familiares. Quando o adultério é a causa de separação, não são somente os cônjuges os afetados. Os filhos saem profundamente marcados e a traição adquire a força de uma espada que atravessa a alma e fere de modo bem profundo. Tenho visto o grande percentual de crianças e jovens feridos, inseguros, com sentimento de culpa e depressivos que presenciaram a dor da infidelidade dos pais e a separação. Muitos filhos, por não superarem esse trauma, não desejam constituir famílias, não acreditam mais na beleza do casamento e nas pessoas. E o que percebo como uma das causas principais para a infidelidade e algo bem comum entre os casais é a indiferença, propiciada pela rotina diária. O casal vai se afastando um do outro e, pior, vão se afastando das coisas de Deus e não há mais interesse pelas coisas do céu.

O que fere e destrói os relacionamentos na família?

Foto ilustrativa: Prostock-Studio by Getty Images

Deus tem que ser presente na família

Quando não alimentamos a intimidade com Deus pela vida de oração, a busca do conhecimento da Palavra, o forte comprometimento com a Igreja e devoção à Virgem Maria, a pessoa humana começa a ser ferida pelo pecado. E a razão humana ferida em sua capacidade de conhecer a verdade, fica sujeita às trevas do erro, deixando a pessoa centrada em si mesma e escrava das suas paixões desordenadas e sem forças para vencer a tentação da infidelidade. Quantos casais infiéis que se deixaram levar pelo mundo! E quando falo "mundo" é tudo aquilo que compete ao "mundanismo", ou seja, quando se vive num sistema contrário à vontade de Deus. Contudo, Deus em sua Palavra nos orientou: "Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai" (1 Jo,2,15).

E até chegar a concretizar a infidelidade, o casal percebe que não foi capaz de encarar os fatos e os problemas não resolvidos, além de não buscar a solução e aproveitar os momentos de crise para crescimento e amadurecimento. Claro que esposo e esposa nunca deverão culpar o outro, mas se não forem capazes de reconhecerem que precisam de ajuda, a infidelidade logo baterá em suas portas. Quantos casais são infiéis por falta de maturidade emocional e porque não sabem lidar com as emoções. O imaturo só sabe querer receber do outro a satisfação de suas carências e o amor, para ele, pode ter o significado de saciar o desejo sexual e pronto.

Pecado da mentira no relacionamento familiar

Outro pecado que fere e destrói os relacionamentos é a mentira. "Por isso, renunciai à mentira. Fale cada um a seu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros" (Ef 4,25). Os relacionamentos familiares que são construídos na verdade são duradouros. Ao contrário, quando existe a mentira também existe a briga. O casal já não é capaz de confiar no outro causando profunda mágoa. Sendo assim, os casais precisam ter a coragem de romper com o pecado da mentira, falar somente a verdade, viver na luz de Deus e ter como princípio de vida partilhar a verdade de modo muito transparente.

Brevemente, tocaremos numa palavrinha bem chata, que se chama "orgulho". O orgulho é a causa de muitas feridas nos relacionamentos familiares, pois a pessoa orgulhosa é de difícil convivência, sempre a última palavra é dela e veste a camisa do ̈eu estou sempre com a razão ̈. Ela também é bastante limitada para aceitar qualquer tipo de correção, por menor que seja, e não é capaz de assumir os seus erros e, de maneira alguma, pede perdão.

O orgulho  e o egoísmo não podem dominar

O orgulhoso não aceita o fato de que precisa mudar e, no ambiente familiar, se um membro não está disposto a sempre melhorar, acontecerão sempre conflitos que ferirão os corações, principalmente, devido a discussões que nunca serão resolvidas. Assim, para que aconteça a harmonia familiar é preciso a graça da humildade. Meditemos, portanto, nesse versículo da Palavra de Deus: "Nada façais por espírito de partido e vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos" (Fl 2,3). E se não nos dispusermos a vivenciar essa Palavra, seremos dominados pelo espírito do orgulho, não saberemos nunca "perder" para o outro e sempre desejaremos nos impor sobre todas as coisas, precisando, a todo momento, de ser o centro das atenções.

Outra causa das ruínas familiares é o egoísmo. Uma pessoa egoísta é aquela que só pensa em si e dificilmente experimentará a alegria da partilha e de ter relações profundas e edificantes. Aquele que pensa somente em seus interesses, aos poucos, afastará as pessoas do seu convívio. Para nos relacionarmos bem no ambiente familiar será necessária certa dose de altruísmo e disposição para acolher os interesses dos outros, "morrendo", de certo modo, para nós mesmos. Do contrário, nenhuma família subsistirá.


O diálogo é o caminho de todo relacionamento

A falta de diálogo é motivo também para ruir os relacionamentos. Ele acaba por desenvolver o afastamento uns dos outros. Mas lembre-se sempre que dialogar não é somente falar, mas também aprender a escutar de modo afetivo e acolhedor. Através do diálogo abrimos a possibilidade de melhorarmos os relacionamentos. Assim, nós conhecemos e nos damos a conhecer, participando da vida do outro, sempre com a intenção de melhorar o convívio e para o bem comum.

Outra erva daninha nos relacionamentos familiares é a inveja. Quantos casais acabam, por não valorizar aquilo que têm, começam a olhar para a vida de outros casais e acham por bem que deveriam ter aquilo que outros possuem. Que tristeza quando isso acontece! Quantos casais brigam em razão até mesmo a profissão do outro, invejando sua vida e status conquistado. E é pela inveja que as pessoas se acham no direito de matar outras em seus corações, sendo este sentimento a pior causa de todo o tipo de morte. Foi por causa dela que ocorreu o primeiro fratricídio na história da salvação. Foi por inveja que Caim matou Abel, por este ter agradado a Deus com a sua oferta. Foi também por causa da inveja que José foi vendido aos mercadores pelos irmãos. A inveja é o pecado diabólico por excelência, dizia Santo Agostinho.

O ditado popular ̈a inveja mata ̈ é uma frase verdadeira. Não matamos as pessoas com armas, mas as matamos em nossos corações. Eliminamos com a nossa língua, com comentários maldosos sobre os outros ou com o nosso olhar de desprezo e descaso. Fiquemos atentos às nossas atitudes e saibamos discernir quando a inveja chega aos nossos lares. A inveja é como as duas faces de uma moeda: tem o poder de matar os outros e também a nós mesmos. E, assim, precisamos exterminá-la de modo concreto.

Oração

"Senhor, pelo poder do teu sangue precioso, cura e liberta os nossos relacionamentos e toca o nosso coração ferido pela divisão, pela infidelidade, pelo amor próprio e apego às coisas do mundo.

Cura as nossas emoções e as dores causadas pelas ofensas, libertando-nos do vício da mentira, do orgulho, do egoísmo e da inveja.

Dai-nos a graça de não sermos indiferentes à nossa família. Que as nossas famílias sejam repletas do poder do teu Espírito Santo.

Banha-nos, Senhor, com a força do alto para que as nossas famílias sejam santas, restauradas e renovadas no amor."

Trecho extraído do livro "A cura dos relacionamentos familiares" dos missionários da Comunidade Canção Nova, Ricardo Luciana Ida


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/o-que-fere-e-destroi-os-relacionamentos-na-familia/