8 de dezembro de 2020

De Deus só espere coisas boas


Muitas vezes, acontecem situações desagradáveis na nossa vida, e logo precisamos de um culpado. E nessa de encontrar culpados, acabamos culpando Deus, questionando-O, ou melhor, murmurando: Por que Ele permitiu? Por que Ele não impediu que tal coisa acontecesse?

Só que a gente esquece de duas coisinhas. A primeira é que o Senhor nos deu o livre-arbítrio; então, as coisas que os seres humanos fazem não é culpa nem querer d'Ele, é o próprio homem que escolhe ter atitudes boas ou más.

E a segunda é que Deus não se agrada ao ver Seus filhos sofrerem. Então, o que nos acontece de ruim não é vontade d'Ele para nós. O Senhor, no Seu infinito amor, consegue aproveitar-se dessas situações para o nosso crescimento.

De Deus só espere coisas boas

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

É culpa de Deus?

Quando eu vivia um sofrimento, eu quase sempre culpava Deus, até que ouvi essa frase do Márcio Mendes, e tudo tomou outro sentido para mim: "Deus não se agrada ao ver Seus filhos sofrerem, mas Ele se alegra ao ver Seus filhos sofrendo com sabedoria". Ou seja, aproveite o que está vivendo e aprenda a ser uma pessoa melhor.

Do Senhor só espere coisas boas, pois tudo o que Ele faz é bom. "Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem" (Mt 7,11).


Então, peça coisas boas e espere as bênçãos de Deus para sua vida.



Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). Membro da Comunidade Canção Nova, desde o ano de 2009, a missionária é graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido. Instagram: @regianecn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/de-deus-so-espere-coisas-boas/

3 de dezembro de 2020

Mulher, do sexo frágil às conquistas heroicas


A mulher partiu para conquistar o direito de ser pessoa, a partir de uma condição inferiorizada, de opressão e discriminação. Porém, ela ainda está longe de receber seu verdadeiro valor. Nossa sociedade ainda sofre com uma mentalidade machista e retrógrada.

Pensamento esse que pode prejudicar todo o avanço do ser humano na direção de encontrar harmonia entre os sexos, desde os vários ambientes onde, antes, a presença maciça dos homens era comum, como nas empresas, escritórios e cargos de comando. Poderia prejudicar o avanço das mulheres, até mesmo na nossa casa, já que, também há uma participação mais ativa da mulher, pois ajuda a prover a manutenção do lar.

Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A mulher ainda está longe de receber seu verdadeiro valor

O homem tem instinto caçador e pode sentir-se ameaçado quando subordinado a uma mulher ou quando está sendo alcançado por ela, seja direta – em casa ou no trabalho; ou indiretamente – pelos meios sociais, mídia e indústria específicos ao público feminino. Eles podem sentir que sua supremacia está sendo perdida. Isso gera competição e comparação que em nada contribuem para que ambos os sexos alcancem realização de vida.

Cabe a cada um discernir suas características específicas e agir, como também buscar a felicidade a partir desses pontos, somando forças e buscando união. Trazer para perto aquele que é diferente resulta em completar, preencher, transbordar de plenitude o outro que era inteiro só em si.

Gostaria de dirigir-me mais especificamente às mulheres, dizendo-lhes que os traços mais belos do ser feminino estão na percepção, na sensibilidade e na capacidade de amar. Características próprias delas. A mulher lê nas entrelinhas dos fatos, devolvendo-os sob a ótica do amor muito mais facilmente. Eis os alicerces de tantas conquistas e as vias de outras futuras!

Mestra em amar

Conquiste seu espaço sendo feminina, seja mestra em amar. Que seus argumentos sejam em atitudes de amor, decida-se por amar da forma que lhe é própria. Família, marido, namorado, pai, chefe, companheiros de trabalho. Ensine aos homens, que hoje convivem com você, que o amor sempre vence.


Sua sensibilidade, percepção e carinho despertam a atenção dos homens, mostrando-lhes que as coisas podem ser realizadas de forma diferente. Acredite neles. Quando eles têm o incentivo de uma mulher vão mais longe. Mulheres possuem um sentido apurado em perceber o que há de bom nas pessoas.

Aprendendo com as mulheres da Sagrada Escritura

Na Sagrada Escritura, temos muitos exemplos de mulheres que lutaram e venceram; ensinaram e transformaram a vida dos homens pela docilidade vinda do amor.

Suzana, convicção de sua inocência e fidelidade a Deus e ao marido. Rute, não desamparou a sogra, Noemi, por isso conheceu aquele que tinha direito de resgatá-la e ser seu futuro esposo. Ester, rainha de Assuero, rei que foi induzido a exterminar o povo judeu. Essa personagem, por sua conduta agradável ao esposo, convenceu-o de que isso seria injusto.

Finalmente Maria, esposa de São José e Mãe de Jesus, exemplo de disponibilidade ao plano de Deus. Ela foi companheira, amiga, Mãe. Ela é nossa intercessora junto de Deus. Sua conduta foi determinante no plano de salvação para os homens . Ela é espelho para toda mulher.

Nós, homens, só temos a agradecer-lhes pelo que já aprendemos de vocês e por quanto ainda aprenderemos em lhes dar o que realmente lhes é de direito: serem femininas e amar.

Deus as abençoe.



Sandro Arquejada

Missionário da Comunidade Canção Nova, Sandro Arquejada é formado em Administração de Empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente, trabalha na Editora Canção Nova. Autor de livros pela Editora Canção Nova, ele já publicou três obras: "Maria, humana como nós"; "As cinco fases do namoro"; e "Terço dos Homens e a grande missão masculina".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/afetividade-feminina/mulher-do-sexo-fragil-as-conquistas-heroicas/

30 de novembro de 2020

Você tem coragem para seguir a vontade de Deus?


Já parou para pensar ou para se perguntar onde você quer chegar? Para se perguntar o que Deus espera de você? Ou, ultimamente, você tem se preocupado mais com a expectativa que as pessoas criam a seu respeito? Render-se à vontade de Deus nem sempre é fácil. Na verdade, não é fácil mesmo!

Afinal, Ele pede de nós uma disposição para entrarmos em lugares desconhecidos e nos faz descobrir em nós lugares ainda escuros, inabitados e, por vezes, deixados de lado.

Render-se à vontade de Deus nem sempre é fácil

Quando Deus nos convida a adentrarmos num processo de cura, de autoconhecimento ou conquista da liberdade interior, Ele não nos diz exatamente o que vai fazer. Pelo contrário, acho que diz da personalidade de Deus nos surpreender! Fato é que Ele respeita a nossa liberdade, não nos invade nem exige de nós um passo maior do que conseguimos dar. Por outro lado, não dá para passar a vida inteira fugindo do lugar para onde Ele quer nos levar.

Você tem coragem para seguir a vontade de Deus?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

O pontapé inicial pode se espalhar em várias situações e, às vezes, a situação que parece ser o principal motivo de tudo é só o fio condutor que nos leva a uma percepção mais universal de nós mesmos. Aqui, eu não estou dizendo que a principal situação não seja importante, pelo contrário, ela é, pois sem ela talvez nada do que estejamos vivendo tivesse iniciado. Muitas vezes, no entanto, para que a principal situação seja solucionada e vivida em plenitude, o olhar vai precisar ser mais periférico, precisaremos olhar para as coisas que acontecem ao nosso redor, colher o que está acontecendo em volta, onde Deus quer chegar com todo aquele movimento que nos prepara para algo.

Caminho de autoconhecimento

Não dá para ficar preso no que as pessoas ditam a nosso respeito; é preciso saber muito bem onde se quer chegar, e 'sei lá' é uma palavra que, definitivamente, não combina com esse caminho. "Mas eu não sei nem o que eu quero fazer depois de me formar no ensino médio…" Que bom que pensa assim, pois, pelo menos, já sabe que está perdido e precisa encontrar uma direção. Isso já é um bom começo! Deus, então, inicia um caminho de autoconhecimento com você.

Eu percebi que Deus não inicia nada se não tiver um objetivo muito concreto, uma finalidade muito acertada, um projeto de felicidade. Mesmo que, durante o processo, o sofrimento pareça sem fim, agoniante e sem solução, ali existe um plano de felicidade. Quando estamos no "olho do furacão" não percebemos nada. E isso é fato, traz medo, insegurança e até um certo desespero: parece que no "túnel" encontraremos de tudo, menos a tão falada luz lá no final.

Nisso tudo existe um movimento para colocar para fora o que, de fato, nós somos. É isso mesmo, pois, muitas vezes, nossas feridas e machucados escondem quem nós somos realmente. E essas feridas nos escondem até de nós mesmos; então, passamos uma vida inteira determinados pelas nossas reações, fechados em um círculo de ideias criadas a nosso respeito por nós e pelos outros, sem nos abrirmos à descoberta real de quem nós somos!

Deus só espera a disposição do nosso coração

Já ouviu aquela frase: "Ninguém dá o que não tem?". Se não nos temos em nossas mãos, não existe a menor possibilidade de nos entregarmos a nada, nem mesmo a Deus. Se não sabemos quem somos, não há a menor possibilidade de nos aventurarmos na descoberta do outro nem na descoberta do que queremos para a nossa vida. Deus, contudo, em Sua infinita bondade, não espera que estejamos prontos para iniciar um caminho. Ele só espera a disposição do nosso coração, só espera saber o quanto nós estamos dispostos a enfrentar para nos unirmos a Ele nesse complexo caminho de descoberta e encantamento de nós mesmos.

Fugir não é o melhor caminho nem a melhor escolha, mesmo que enfrentar seja doloroso e, por vezes, um caminho lento! Por outro lado, Deus respeita nossa liberdade e o quanto conseguimos suportar de todo esse processo que Ele quer fazer conosco.

Tem medo de saber quem você é? Tem medo de saber onde Deus quer lhe falar? Pode ser que seja porque o primeiro a rejeitar seja você mesmo! Não tenha medo de olhar para você e entender que, apesar de todos os seus limites e misérias, há um Deus que o ama. Ele pode levá-lo a uma profunda experiência com Ele por meio da sua disposição de coração.



Pedro Pinheiro

Pedro Pinheiro, 24 anos, é membro da Comunidade Canção Nova desde 2016. Atualmente, ele exerce sua missionariedade no setor de Eventos, como um dos vocalistas do Ministério Amor e Adoração. Pedro é apresentador do podcast "Fala Aí".
Instagram: @pedropinheirocn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/voce-tem-coragem-para-seguir-vontade-de-deus/

26 de novembro de 2020

É preciso ter liberdade sim, mas com responsabilidade


A liberdade é uma realidade ora idealizada, ora sonhada ou perseguida por muitos. Está na moda, hoje em dia, o querer ser livre, o querer fazer o que "der na telha", ou seja, eu faço o que eu quero; além de outros pensamentos supostamente revolucionários e de cunho ideológico.

Pela dita "liberdade", muitos fazem guerra, revoltam-se, rompem paradigmas sem se importar com as devidas consequências.

É preciso ter liberdade sim, mas com responsabilidade

Foto Ilustrativa: by Getty Images / Marcio Binow Da Silva

Reflita sobre o conceito de liberdade

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos diz que "a liberdade é o poder, baseado na razão e na vontade, de agir ou não agir, portanto, de praticar atos deliberados; e também "a liberdade torna o homem responsável por seus atos" (CIC 1731,1734).

Diante disso, concluímos que liberdade é um dom de Deus, é o poder que d'Ele recebemos para decidir aquilo que desejamos para nossa vida. Porém, é preciso compreender que o conceito dessa está intimamente ligado ao de responsabilidade. Não existe liberdade sem responsabilidade, pois, como está expresso no Catecismo, quanto mais o homem age livremente, tanto mais se torna responsável pelas consequências de seus atos.

Ser livre é compreender, com maturidade, que toda ação tem uma consequência, que pode ter conotação positiva ou negativa, de acordo com a escolha que fazemos. É infantilidade agir deliberadamente, sem assumir as consequências de seus atos.


É preciso responsabilidade com a vida

Há quem viva uma sexualidade aventureira e descompromissada, apenas buscando os prazeres do sexo, mas quando se depara com uma gravidez indesejada, decide-se pelo aborto, alegando não ser capaz de assumir a criança (consequência de seu ato). Contudo, lanço a seguinte pergunta: "Por que a pessoa não pensou nisso na hora da relação sexual? Se não tem condições de criar uma criança, por que a fez inconsequentemente? Há quem fume e não quer ter câncer no pulmão, ou  há quem coma demais e não quer engordar. Da mesma forma, há quem traia e não quer ser traído". No entanto, não se pode esquecer de que todo ato tem sua consequência; e mesmo se as pessoas tentarem nos poupar disso, um dia, a vida fará com que nos encontremos com tal realidade.

Há pais que prejudicam os filhos, porque não permitem que eles experienciem as consequências de seus erros, sendo que estes também têm seu fator formativo.

Precisamos ser justos o bastante para permitir que as consequências das ações aconteçam na vida de todos, a fim de que, assim, todos compreendam que escolher é viver ou morrer aos poucos, e que a dádiva da escolha e das supostas consequências não lhes pode ser tirada por ninguém.

Escolher é construir

Vive bem quem sabe decidir, quem sabe utilizar-se de sua liberdade com a devida responsabilidade.

Que a sabedoria nos ensine pela via das consequências a melhor escolha.

Deus abençoe a todos!



Padre Adriano Zandoná

Padre Adriano Zandoná é missionário da Comunidade Canção Nova. Formado em Filosofia e Teologia, tem seis livros publicados: Construindo a Felicidade, Curar-se para ser Feliz, Conquistando a Liberdade Interior, 7 Passos para Restaurar sua Família, A Cura da Alma Feminina e Como Controlar e Vencer a Ansiedade. Dois quais 2 foram traduzidos para o inglês. Gravou quatro CDs pela Gravadora Canção Nova. Apresenta o programa Para ser Feliz ao vivo pela TV Canção Nova (em rede nacional), todas as terças às 20h. É membro da Direção Artística da TV Canção Nova, em Cachoeira Paulista.

Twitter: @peadrianozcn
Facebook: PadreAdrianoZandonaOficial
Instagram: @padreadrianozandona


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/e-preciso-ter-liberdade-sim-mas-com-responsabilidade/

24 de novembro de 2020

Traga o contexto bíblico para a sua vida diária


É preciso que a leitura e a reflexão dos textos bíblicos gerem frutos na nossa vida. Para isso, devemos buscar a aplicação dos ensinamentos de Jesus Cristo cientes de que são épocas e sociedades diferentes, mas o caminho da salvação não mudou. Assim, uma vez compreendida em profundidade a lição, é hora da ação. São questões importantes: o que mudou da realidade social da época de Jesus para a qual vivo hoje? Qual ensinamento é preciso ser relembrado? Como posso transmitir essa lição? Para demonstrar a importância dessas reflexões, vamos analisar a passagem da purificação do templo, que de tão significante, é relatada pelos quatro evangelistas, mas até hoje gera muitas dúvidas e interpretações erradas.

A passagem da purificação do templo pode ser lida em Mt 21,12-17; Mc 11,15-19; Lc 19,45-48 e Jo 2,13-22. É narrado que Jesus expulsa do templo aqueles que ali vendiam e compravam, transformando aquele local de oração em um "antro de ladrões". Mateus e Marcos falam, especificamente, dos vendedores de pombas. João cita também ovelhas e bois. Esses animais são importantes, porque representam as oferendas que eram entregues nos templos. Lembremo-nos de Maria e José que cumpriram o rito de purificação ao apresentar no templo "um par de rolas ou dois pombinhos" (Lc 2,24), a oferenda dos pobres (Lv 12,8). Já para os que tinham melhores condições, a oferenda deveria ser de um cordeiro de um ano como holocausto e um pombinho ou uma rola como sacrifício (Lv 12,6).

Traga o contexto bíblico para a sua vida diária

Foto ilustrativa: andreswd by Getty Images

Os ensinamentos de Jesus e a nossa vida diária

Entende-se que aqueles vendedores e compradores que Jesus expulsou do templo estavam subvertendo o rito de purificação em um mercado de animais, pois quem não comprava ali não poderia cumprir com a lei. Além disso, havia o preceito de que não se apresentasse no templo "com as mãos vazias" (Ex 23,15). Assim, o que, de início, poderia servir para facilitar o cumprimento dos preceitos, corrompeu-se, conferindo às mercadorias um valor maior do que a fé e a oração. Daí a importância da ação de Jesus, que expulsou dali aqueles que maculavam o templo sagrado e impediam os fiéis de fazer suas orações sem que antes comprassem. Os preceitos então foram transformados pela tentação e ganância.

Com uma compreensão mais clara do contexto da passagem, é preciso trazer a lição para nossa realidade, o que faremos em dois pontos. Primeiro, o verdadeiro cristão não deve ir à igreja apenas para cumprimento do preceito. É importante participar da Santa Missa todos os domingos, mas é preciso observar para que seja uma participação sincera, e não uma presença superficial. Ir à missa, porque devo ir, enquanto trato com desprezo o irmão, falto com a caridade e não faço boas obras, é como desgastar a vida cristã com aparência mundana. Estejamos atentos: ir à missa, celebrar os sacramentos e participar de pastorais sem viver os ensinamentos de Cristo fora da Igreja é hipocrisia, mero cumprimento de preceitos, como daqueles que compravam sacrifícios para apresentar no templo e de lá foram expulsos.


O outro ponto: e os vendedores? A ganância corrompeu o que, de início, seria um ato que facilitaria a vida do irmão. Se antes os vendedores visavam facilitar o acesso daqueles que desejam prestar o sacrifício, acabaram por se tornar gananciosos exploradores. Eles impediam que os fiéis entrassem no templo sem comprar suas mercadorias, usando dos preceitos e da Sagrada Escritura para constranger e intimidar. Nos dias atuais, devemos nos atentar para que o mesmo não ocorra em nossas paróquias. Vivemos em um mundo capitalista, que impõe um valor a toda atividade, e assim também é com os templos religiosos, que devem arcar com os custos de suas atividades, "pois, a César o que é de César" (Mt 22,21). É importante, contudo, evitar excessos. No que pudermos ajudar na manutenção das paróquias, façamos por caridade e fé, mas não por imposição nem constrangimento. E aos que não têm mínimas condições, que seja concedida a gratuidade, em especial para a celebração dos sacramentos, que comumente têm uma taxa.

Comércio de artigos religiosos e atos de fé

Portanto, o comércio de Bíblias, terços e outros artigos religiosos não é o que causou a expulsão dos vendedores e compradores na purificação do templo, tampouco é um ato condenável por si só nos dias atuais. Na verdade, o que devemos nos atentar é para que o pagamento ou a compra não seja impedimento para realização de atos de fé, como participação nas missas, orações na igreja, atuação em pastorais e, especialmente, celebração de sacramentos. É inegável que as paróquias têm custos de manutenção e, aos que puderem auxiliar, surge a obrigação. Por outro lado, aqueles que vivem em condição de miséria, que não lhes seja privado também a fé.

Devemos vigiar para que nossas ações não sejam mero cumprimento superficial de preceitos e para que nossas paróquias não se tornem onerosas para os fiéis. Que nossas obras sejam boas e deem frutos. Que nossas paróquias sejam acolhedoras com os mais necessitados. Tenhamos no coração a lembrança de sempre buscar o Reino de Deus e o mais nos será acrescentado (Mt 6,33). Sejamos honestos em nossas ações e caridosos com os irmãos. Que todo o templo seja purificado e livre de superficialidade e hipocrisia. Que assim seja!

Referências:

BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.
BENTO XVI. Homilia durante a XXIII Jornada Mundial da Juventude. Vaticano, 16 mar. 2008.
FRANCISCO. Homilia. Roma, 7 mar. 2015.
FRANCISCO. Meditações Matutinas. 24 nov. 2017.



Luis Gustavo Conde

Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos. Palestrante focado na doutrina cristã. Advogado com atuação na área de Direito de Família e Direito Bancário. Tecnólogo em Gestão Empresarial. Professor de cursos técnicos-profissionalizantes.
Instagram: @luisguconde Contato: luisguconde@gmail.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/traga-o-contexto-biblico-para-a-sua-vida-diaria/

20 de novembro de 2020

Vivamos na esperança dos céus novos e da terra nova


Ao falar-se de céus novos e terra nova, a Igreja tem um papel fundamental para que os cristãos compreendam tal expressão, porque é Ela que será "consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de todas as coisas, e com o gênero humano também o mundo todo, que está intimamente ligado ao homem e por meio dele atinge sua finalidade, encontrará sua restauração definitiva em Cristo" (Lumen Gentium, n. 48).

A Igreja ensina que essa realidade não acontecerá sem grandes provações. Só então, todos os justos, desde Adão, em seguida Abel, o justo, até o último eleito, serão congregados junto do Pai na Igreja universal (Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 769). Portanto, "no fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Depois do Juízo Universal, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado" (CIC, 1042). Os detalhes de como acontecerão todas estas coisas não se sabe, mas a promessa do Senhor é que haverá transformação e renovação de todas as coisas.

Vivamos-na-esperança-dos-céus-novos-e-da-terra-nova

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Céus novos e terra nova: a consumação da Igreja na glória celeste

A Sagrada Escritura chama de céus novos e terra nova (Cf. 2Pd 3,13): a renovação misteriosa que há de transformar a humanidade e o mundo. É uma realização definitiva do projeto de Deus, como está em Efésios 1,10, que se reunirá sob um só chefe, Cristo, todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na terra (Cf. CIC, 1043).

Isso quer dizer que, neste universo novo, ou seja, a Jerusalém celeste, Deus terá sua morada entre os homens. Ele enxugará toda lágrima, pois nunca mais haverá morte, luto, clamor e dor, porque todas essas coisas antigas se foram (Cf. CIC, 1044).

Assim, diante desta promessa de céus novos e terra nova, que tem seu cume na nova criação em Jesus, podemos ter a certeza de que "os que estiverem unidos a Cristo, formarão a comunidade dos remidos, a cidade santa de Deus (Ap 21,2), "a Esposa do Cordeiro" (Ap 21,9). Essa não será mais ferida pelo pecado, pelas impurezas, pelo amor próprio, que destroem ou ferem a comunidade terrestre dos homens. A visão beatífica, na qual Deus se revelará de maneira inesgotável aos eleitos, será a fonte inexaurível de felicidade, de paz e de comunhão mútua" (CIC, 1045).

Então, o universo visível está destinado a ser transformado? Sim! Para que o próprio mundo, portanto restaurado em seu primeiro estado, esteja sem mais nenhum obstáculo, a serviço dos justos na participação em Cristo ressuscitado (Cf. CIC, 1047).


"Já" viver hoje o que "ainda" irá se consumar na eternidade

Como já vivermos hoje e nos prepararmos concretamente para todas essas promessas de céus novos e terra nova? Jesus Cristo nossa esperança já nos trouxe a redenção e salvação, entretanto, ainda esperamos a consumação dos últimos tempos na parusia. Nesta perspectiva, não só os seres humanos serão transformados, mas, da mesma forma, diz a Igreja que: "Deus prepara uma nova morada e nova terra. Nela reinará a justiça, e sua felicidade irá satisfazer e superar todos os desejos de paz que sobem aos corações dos homens" (CIC, 1048).

Com isso, na prática, cabe a cada um de nós vivermos este tempo de espera da melhor maneira possível, na expectativa da terra nova, que deve nos impulsionar ao desejo em aprimorar esta terra de agora. (Cf. CIC, 1049). Pois, enquanto esperamos os céus novos e terra nova, precisamos viver o amor, o perdão, a compreensão, a paz e a unidade, para que, junto ao progresso terrestre social e cultural também aconteça o progresso do Reino de Cristo.

O Catecismo, sintetiza, afirmando que é preciso propagar na terra os valores da dignidade humana, da humanidade fraterna e da liberdade, pois estes bons frutos da natureza e de nosso trabalho nós os encontraremos novamente limpos de toda impureza, iluminados e transfigurados quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal. Assim, Deus será tudo em todos na Vida Eterna (Cf. CIC, 1050).

Por fim, "desta grande esperança, a dos céus novos e da terra nova nos quais habitará a justiça, não temos penhor mais seguro, sinal mais manifesto do que a Eucaristia, pois, toda vez que é celebrado esse mistério, opera-se a obra da nossa redenção e nós partimos um mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto, não para a morte, mas para a vida eterna em Jesus Cristo" (CIC, 1405).



Márcio Leandro Fernandes

Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Márcio Leandro é também Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/vivamos-na-esperanca-dos-ceus-novos-e-da-terra-nova/

18 de novembro de 2020

Qual é a diferença da Missa diária para a Missa dominical?


Dizia o famoso orador romano Cícero que "a história é mestra da vida" (na obra De oratore, II, 9,36). Trata-se de uma sábia indicação que podemos aplicar também na questão relativa à Missa, celebrada no domingo ou nos dias da semana. Vamos, pois, à história da Missa, a partir dos dados do Novo Testamento e da primitiva história da Igreja.

O ponto de partida da nossa fé, como proclamamos no "Credo", é Jesus, que nos salva por meio de Sua morte-ressurreição. A fé dos discípulos, que tinha entrado em crise com a morte de Jesus, renasce e se fortalece com a Sua Ressurreição. E a Ressurreição de Jesus aconteceu no domingo. Desde o início, os cristãos celebraram sua fé na ressurreição por meio da Eucaristia, da Missa, exatamente no domingo, que os cristãos de origem judaica indicavam como "o primeiro dia da semana".

Qual é a diferença da Missa diária para a Missa dominical?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Quando foi a primeira Missa?

O primeiro nome da Missa foi "a fração do pão". Lemos, por exemplo, no livro dos Atos dos Apóstolos, escrito por São Lucas, que é testemunha desse fato, o seguinte: "No primeiro dia da semana, estávamos reunidos para a fração do pão" (Atos 20,7). Atenção: isso acontece durante a terceira viagem apostólica de São Paulo, no ano 58 depois de Cristo. Passaram-se apenas 28 anos da morte-ressurreição de Jesus: e os cristãos já tinham o hábito de celebrar a Eucaristia, a Missa, no domingo, que era "o primeiro dia da semana". Tal celebração, relatada no citado texto dos Atos, mostra que, substancialmente, os apóstolos seguiam o mesmo "esquema" da Missa de hoje: celebrada no domingo e dividida em duas partes, a saber, a liturgia da palavra (20,7) e a liturgia eucarística, com o "pão partido" (20,11).

Aliás, essa ligação entre Ressurreição e "primeiro dia da semana" se encontra, de maneira significativa, no capítulo 20 do Evangelho de João. "No primeiro dia da semana" (João 20,1) Jesus ressuscita e aparece a Maria Madalena. E "ao anoitecer desse dia" (João 20,19), Jesus aparece a dez discípulos: não doze, pois Judas havia se enforcado e Tomé estava ausente. Mas, "oito dias depois" (João 20,26), quer dizer, no domingo seguinte, Jesus Ressuscitado apareceu novamente, estando presente também Tomé.

Uma ligação entre Missa e domingo é encontrada também no fim da primeira carta aos Coríntios, dentro da iniciativa do apóstolo Paulo, que estava organizando uma coleta em favor dos pobres de Jerusalém. Ele, pois, escreve: "Todo primeiro dia da semana, cada um coloque de lado aquilo que consegue economizar" (1Coríntios, 16,2). Era o dia da Missa, na qual, desde então, já aparece a participação dos fiéis até com espórtulas em dinheiro para ajudar os pobres.

"Senhor" é o título de Jesus Ressuscitado, como lemos, por exemplo, na Carta aos Filipenses: "Para que toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor" (2,11). Mas, na língua latina, o termo "senhor" se traduz com a palavra "Dominus", de onde vem o termo português "domingo", quer dizer, dia do Senhor ressuscitado.

Essa palavra, "domingo", torna-se comum já na época apostólica, pois foi num dia de "domingo", dia do Senhor, que o apóstolo João recebeu as revelações relatadas no livro do Apocalipse (1,10).


A Eucaristia

Essa ligação entre domingo e Eucaristia é confirmada pelos testemunhos dos cristãos dos primeiros séculos. Santo Ignácio de Antioquia, que foi martirizado no começo do 2º século, assim escrevia na sua epístola aos Magnésios (9): "Não precisamos mais manter o sábado, como fazem os judeus. Deve, todo amigo de Cristo, observar o Dia do Senhor como festa, o dia da ressurreição, a rainha e comandante de todos os dias da semana. Foi nesse dia que a nossa vida renasceu e a vitória sobre a morte foi obtida em Cristo". E o mártir São Justino (metade do 2º século), na sua "Apologia" (I,67), fala da celebração eucarística que os primeiros cristãos comemoravam "no dia do sol", como era chamado o domingo no ambiente do Império Romano. Eis o que ele escreveu:

"No dia que se chama do sol [domingo], celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades e nos campos, e ali é lido, enquanto o tempo o permite, as recordações dos apóstolos ou os escritos dos profetas". E continua falando da homilia, da oração dos fiéis e da liturgia eucarística (consagração e comunhão).

Certamente, toda Eucaristia é importante, também aquela que não é celebrada no domingo, pois, como diz o apóstolo Paulo, "todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor até que Ele venha". (1Coríntios 11,26).

Não podemos, no entanto, esquecer que, no começo, a Missa era celebrada exatamente no domingo, para os cristãos manifestarem, juntos, sua fé na Ressurreição de Jesus. Esse é o ponto de partida da nossa fé cristã. Naturalmente, quem puder participar também nos dias da semana vai fortalecer sua comunhão com Jesus. Papa Francisco nos traz essa bela novidade: é o primeiro Papa que partilha, pelos meios de comunicação, a homilia que ele profere durante a Missa celebrada nos dias da semana.



Lino Rampazzo

Doutor em Teologia pela Pontificia Università Lateranense (Roma), Lino Rampazzo é professor e pesquisador no Programa de Mestrado em Direito do Centro Unisal – U.E. de Lorena (SP) – e coordenador do Curso de Teologia da Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/qual-e-a-diferenca-da-missa-diaria-para-a-missa-dominical/