24 de novembro de 2020

Traga o contexto bíblico para a sua vida diária


É preciso que a leitura e a reflexão dos textos bíblicos gerem frutos na nossa vida. Para isso, devemos buscar a aplicação dos ensinamentos de Jesus Cristo cientes de que são épocas e sociedades diferentes, mas o caminho da salvação não mudou. Assim, uma vez compreendida em profundidade a lição, é hora da ação. São questões importantes: o que mudou da realidade social da época de Jesus para a qual vivo hoje? Qual ensinamento é preciso ser relembrado? Como posso transmitir essa lição? Para demonstrar a importância dessas reflexões, vamos analisar a passagem da purificação do templo, que de tão significante, é relatada pelos quatro evangelistas, mas até hoje gera muitas dúvidas e interpretações erradas.

A passagem da purificação do templo pode ser lida em Mt 21,12-17; Mc 11,15-19; Lc 19,45-48 e Jo 2,13-22. É narrado que Jesus expulsa do templo aqueles que ali vendiam e compravam, transformando aquele local de oração em um "antro de ladrões". Mateus e Marcos falam, especificamente, dos vendedores de pombas. João cita também ovelhas e bois. Esses animais são importantes, porque representam as oferendas que eram entregues nos templos. Lembremo-nos de Maria e José que cumpriram o rito de purificação ao apresentar no templo "um par de rolas ou dois pombinhos" (Lc 2,24), a oferenda dos pobres (Lv 12,8). Já para os que tinham melhores condições, a oferenda deveria ser de um cordeiro de um ano como holocausto e um pombinho ou uma rola como sacrifício (Lv 12,6).

Traga o contexto bíblico para a sua vida diária

Foto ilustrativa: andreswd by Getty Images

Os ensinamentos de Jesus e a nossa vida diária

Entende-se que aqueles vendedores e compradores que Jesus expulsou do templo estavam subvertendo o rito de purificação em um mercado de animais, pois quem não comprava ali não poderia cumprir com a lei. Além disso, havia o preceito de que não se apresentasse no templo "com as mãos vazias" (Ex 23,15). Assim, o que, de início, poderia servir para facilitar o cumprimento dos preceitos, corrompeu-se, conferindo às mercadorias um valor maior do que a fé e a oração. Daí a importância da ação de Jesus, que expulsou dali aqueles que maculavam o templo sagrado e impediam os fiéis de fazer suas orações sem que antes comprassem. Os preceitos então foram transformados pela tentação e ganância.

Com uma compreensão mais clara do contexto da passagem, é preciso trazer a lição para nossa realidade, o que faremos em dois pontos. Primeiro, o verdadeiro cristão não deve ir à igreja apenas para cumprimento do preceito. É importante participar da Santa Missa todos os domingos, mas é preciso observar para que seja uma participação sincera, e não uma presença superficial. Ir à missa, porque devo ir, enquanto trato com desprezo o irmão, falto com a caridade e não faço boas obras, é como desgastar a vida cristã com aparência mundana. Estejamos atentos: ir à missa, celebrar os sacramentos e participar de pastorais sem viver os ensinamentos de Cristo fora da Igreja é hipocrisia, mero cumprimento de preceitos, como daqueles que compravam sacrifícios para apresentar no templo e de lá foram expulsos.


O outro ponto: e os vendedores? A ganância corrompeu o que, de início, seria um ato que facilitaria a vida do irmão. Se antes os vendedores visavam facilitar o acesso daqueles que desejam prestar o sacrifício, acabaram por se tornar gananciosos exploradores. Eles impediam que os fiéis entrassem no templo sem comprar suas mercadorias, usando dos preceitos e da Sagrada Escritura para constranger e intimidar. Nos dias atuais, devemos nos atentar para que o mesmo não ocorra em nossas paróquias. Vivemos em um mundo capitalista, que impõe um valor a toda atividade, e assim também é com os templos religiosos, que devem arcar com os custos de suas atividades, "pois, a César o que é de César" (Mt 22,21). É importante, contudo, evitar excessos. No que pudermos ajudar na manutenção das paróquias, façamos por caridade e fé, mas não por imposição nem constrangimento. E aos que não têm mínimas condições, que seja concedida a gratuidade, em especial para a celebração dos sacramentos, que comumente têm uma taxa.

Comércio de artigos religiosos e atos de fé

Portanto, o comércio de Bíblias, terços e outros artigos religiosos não é o que causou a expulsão dos vendedores e compradores na purificação do templo, tampouco é um ato condenável por si só nos dias atuais. Na verdade, o que devemos nos atentar é para que o pagamento ou a compra não seja impedimento para realização de atos de fé, como participação nas missas, orações na igreja, atuação em pastorais e, especialmente, celebração de sacramentos. É inegável que as paróquias têm custos de manutenção e, aos que puderem auxiliar, surge a obrigação. Por outro lado, aqueles que vivem em condição de miséria, que não lhes seja privado também a fé.

Devemos vigiar para que nossas ações não sejam mero cumprimento superficial de preceitos e para que nossas paróquias não se tornem onerosas para os fiéis. Que nossas obras sejam boas e deem frutos. Que nossas paróquias sejam acolhedoras com os mais necessitados. Tenhamos no coração a lembrança de sempre buscar o Reino de Deus e o mais nos será acrescentado (Mt 6,33). Sejamos honestos em nossas ações e caridosos com os irmãos. Que todo o templo seja purificado e livre de superficialidade e hipocrisia. Que assim seja!

Referências:

BÍBLIA SAGRADA. Tradução da CNBB, 18 ed. Editora Canção Nova.
BENTO XVI. Homilia durante a XXIII Jornada Mundial da Juventude. Vaticano, 16 mar. 2008.
FRANCISCO. Homilia. Roma, 7 mar. 2015.
FRANCISCO. Meditações Matutinas. 24 nov. 2017.



Luis Gustavo Conde

Catequista atuante na evangelização de jovens e adultos. Palestrante focado na doutrina cristã. Advogado com atuação na área de Direito de Família e Direito Bancário. Tecnólogo em Gestão Empresarial. Professor de cursos técnicos-profissionalizantes.
Instagram: @luisguconde Contato: luisguconde@gmail.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/traga-o-contexto-biblico-para-a-sua-vida-diaria/

20 de novembro de 2020

Vivamos na esperança dos céus novos e da terra nova


Ao falar-se de céus novos e terra nova, a Igreja tem um papel fundamental para que os cristãos compreendam tal expressão, porque é Ela que será "consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de todas as coisas, e com o gênero humano também o mundo todo, que está intimamente ligado ao homem e por meio dele atinge sua finalidade, encontrará sua restauração definitiva em Cristo" (Lumen Gentium, n. 48).

A Igreja ensina que essa realidade não acontecerá sem grandes provações. Só então, todos os justos, desde Adão, em seguida Abel, o justo, até o último eleito, serão congregados junto do Pai na Igreja universal (Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 769). Portanto, "no fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Depois do Juízo Universal, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado" (CIC, 1042). Os detalhes de como acontecerão todas estas coisas não se sabe, mas a promessa do Senhor é que haverá transformação e renovação de todas as coisas.

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Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Céus novos e terra nova: a consumação da Igreja na glória celeste

A Sagrada Escritura chama de céus novos e terra nova (Cf. 2Pd 3,13): a renovação misteriosa que há de transformar a humanidade e o mundo. É uma realização definitiva do projeto de Deus, como está em Efésios 1,10, que se reunirá sob um só chefe, Cristo, todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na terra (Cf. CIC, 1043).

Isso quer dizer que, neste universo novo, ou seja, a Jerusalém celeste, Deus terá sua morada entre os homens. Ele enxugará toda lágrima, pois nunca mais haverá morte, luto, clamor e dor, porque todas essas coisas antigas se foram (Cf. CIC, 1044).

Assim, diante desta promessa de céus novos e terra nova, que tem seu cume na nova criação em Jesus, podemos ter a certeza de que "os que estiverem unidos a Cristo, formarão a comunidade dos remidos, a cidade santa de Deus (Ap 21,2), "a Esposa do Cordeiro" (Ap 21,9). Essa não será mais ferida pelo pecado, pelas impurezas, pelo amor próprio, que destroem ou ferem a comunidade terrestre dos homens. A visão beatífica, na qual Deus se revelará de maneira inesgotável aos eleitos, será a fonte inexaurível de felicidade, de paz e de comunhão mútua" (CIC, 1045).

Então, o universo visível está destinado a ser transformado? Sim! Para que o próprio mundo, portanto restaurado em seu primeiro estado, esteja sem mais nenhum obstáculo, a serviço dos justos na participação em Cristo ressuscitado (Cf. CIC, 1047).


"Já" viver hoje o que "ainda" irá se consumar na eternidade

Como já vivermos hoje e nos prepararmos concretamente para todas essas promessas de céus novos e terra nova? Jesus Cristo nossa esperança já nos trouxe a redenção e salvação, entretanto, ainda esperamos a consumação dos últimos tempos na parusia. Nesta perspectiva, não só os seres humanos serão transformados, mas, da mesma forma, diz a Igreja que: "Deus prepara uma nova morada e nova terra. Nela reinará a justiça, e sua felicidade irá satisfazer e superar todos os desejos de paz que sobem aos corações dos homens" (CIC, 1048).

Com isso, na prática, cabe a cada um de nós vivermos este tempo de espera da melhor maneira possível, na expectativa da terra nova, que deve nos impulsionar ao desejo em aprimorar esta terra de agora. (Cf. CIC, 1049). Pois, enquanto esperamos os céus novos e terra nova, precisamos viver o amor, o perdão, a compreensão, a paz e a unidade, para que, junto ao progresso terrestre social e cultural também aconteça o progresso do Reino de Cristo.

O Catecismo, sintetiza, afirmando que é preciso propagar na terra os valores da dignidade humana, da humanidade fraterna e da liberdade, pois estes bons frutos da natureza e de nosso trabalho nós os encontraremos novamente limpos de toda impureza, iluminados e transfigurados quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal. Assim, Deus será tudo em todos na Vida Eterna (Cf. CIC, 1050).

Por fim, "desta grande esperança, a dos céus novos e da terra nova nos quais habitará a justiça, não temos penhor mais seguro, sinal mais manifesto do que a Eucaristia, pois, toda vez que é celebrado esse mistério, opera-se a obra da nossa redenção e nós partimos um mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto, não para a morte, mas para a vida eterna em Jesus Cristo" (CIC, 1405).



Márcio Leandro Fernandes

Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Márcio Leandro é também Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/vivamos-na-esperanca-dos-ceus-novos-e-da-terra-nova/

18 de novembro de 2020

Qual é a diferença da Missa diária para a Missa dominical?


Dizia o famoso orador romano Cícero que "a história é mestra da vida" (na obra De oratore, II, 9,36). Trata-se de uma sábia indicação que podemos aplicar também na questão relativa à Missa, celebrada no domingo ou nos dias da semana. Vamos, pois, à história da Missa, a partir dos dados do Novo Testamento e da primitiva história da Igreja.

O ponto de partida da nossa fé, como proclamamos no "Credo", é Jesus, que nos salva por meio de Sua morte-ressurreição. A fé dos discípulos, que tinha entrado em crise com a morte de Jesus, renasce e se fortalece com a Sua Ressurreição. E a Ressurreição de Jesus aconteceu no domingo. Desde o início, os cristãos celebraram sua fé na ressurreição por meio da Eucaristia, da Missa, exatamente no domingo, que os cristãos de origem judaica indicavam como "o primeiro dia da semana".

Qual é a diferença da Missa diária para a Missa dominical?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Quando foi a primeira Missa?

O primeiro nome da Missa foi "a fração do pão". Lemos, por exemplo, no livro dos Atos dos Apóstolos, escrito por São Lucas, que é testemunha desse fato, o seguinte: "No primeiro dia da semana, estávamos reunidos para a fração do pão" (Atos 20,7). Atenção: isso acontece durante a terceira viagem apostólica de São Paulo, no ano 58 depois de Cristo. Passaram-se apenas 28 anos da morte-ressurreição de Jesus: e os cristãos já tinham o hábito de celebrar a Eucaristia, a Missa, no domingo, que era "o primeiro dia da semana". Tal celebração, relatada no citado texto dos Atos, mostra que, substancialmente, os apóstolos seguiam o mesmo "esquema" da Missa de hoje: celebrada no domingo e dividida em duas partes, a saber, a liturgia da palavra (20,7) e a liturgia eucarística, com o "pão partido" (20,11).

Aliás, essa ligação entre Ressurreição e "primeiro dia da semana" se encontra, de maneira significativa, no capítulo 20 do Evangelho de João. "No primeiro dia da semana" (João 20,1) Jesus ressuscita e aparece a Maria Madalena. E "ao anoitecer desse dia" (João 20,19), Jesus aparece a dez discípulos: não doze, pois Judas havia se enforcado e Tomé estava ausente. Mas, "oito dias depois" (João 20,26), quer dizer, no domingo seguinte, Jesus Ressuscitado apareceu novamente, estando presente também Tomé.

Uma ligação entre Missa e domingo é encontrada também no fim da primeira carta aos Coríntios, dentro da iniciativa do apóstolo Paulo, que estava organizando uma coleta em favor dos pobres de Jerusalém. Ele, pois, escreve: "Todo primeiro dia da semana, cada um coloque de lado aquilo que consegue economizar" (1Coríntios, 16,2). Era o dia da Missa, na qual, desde então, já aparece a participação dos fiéis até com espórtulas em dinheiro para ajudar os pobres.

"Senhor" é o título de Jesus Ressuscitado, como lemos, por exemplo, na Carta aos Filipenses: "Para que toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor" (2,11). Mas, na língua latina, o termo "senhor" se traduz com a palavra "Dominus", de onde vem o termo português "domingo", quer dizer, dia do Senhor ressuscitado.

Essa palavra, "domingo", torna-se comum já na época apostólica, pois foi num dia de "domingo", dia do Senhor, que o apóstolo João recebeu as revelações relatadas no livro do Apocalipse (1,10).


A Eucaristia

Essa ligação entre domingo e Eucaristia é confirmada pelos testemunhos dos cristãos dos primeiros séculos. Santo Ignácio de Antioquia, que foi martirizado no começo do 2º século, assim escrevia na sua epístola aos Magnésios (9): "Não precisamos mais manter o sábado, como fazem os judeus. Deve, todo amigo de Cristo, observar o Dia do Senhor como festa, o dia da ressurreição, a rainha e comandante de todos os dias da semana. Foi nesse dia que a nossa vida renasceu e a vitória sobre a morte foi obtida em Cristo". E o mártir São Justino (metade do 2º século), na sua "Apologia" (I,67), fala da celebração eucarística que os primeiros cristãos comemoravam "no dia do sol", como era chamado o domingo no ambiente do Império Romano. Eis o que ele escreveu:

"No dia que se chama do sol [domingo], celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades e nos campos, e ali é lido, enquanto o tempo o permite, as recordações dos apóstolos ou os escritos dos profetas". E continua falando da homilia, da oração dos fiéis e da liturgia eucarística (consagração e comunhão).

Certamente, toda Eucaristia é importante, também aquela que não é celebrada no domingo, pois, como diz o apóstolo Paulo, "todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor até que Ele venha". (1Coríntios 11,26).

Não podemos, no entanto, esquecer que, no começo, a Missa era celebrada exatamente no domingo, para os cristãos manifestarem, juntos, sua fé na Ressurreição de Jesus. Esse é o ponto de partida da nossa fé cristã. Naturalmente, quem puder participar também nos dias da semana vai fortalecer sua comunhão com Jesus. Papa Francisco nos traz essa bela novidade: é o primeiro Papa que partilha, pelos meios de comunicação, a homilia que ele profere durante a Missa celebrada nos dias da semana.



Lino Rampazzo

Doutor em Teologia pela Pontificia Università Lateranense (Roma), Lino Rampazzo é professor e pesquisador no Programa de Mestrado em Direito do Centro Unisal – U.E. de Lorena (SP) – e coordenador do Curso de Teologia da Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/qual-e-a-diferenca-da-missa-diaria-para-a-missa-dominical/

16 de novembro de 2020

É possível prosseguir quando os caminhos não são fáceis?


Muitas vezes, os caminhos que escolhemos não se apresentam tão fáceis como imaginávamos que seriam; e o desejo de desistir vem logo tomar conta do nosso coração e sentimento.

Nada é fácil nesta vida, e dificuldades nós as encontraremos sempre, independente das escolhas que fizermos. Se tudo é difícil, o que fazer então? Seguir em frente, não parar, não estacionar nem ficar naquela de quem não sabe se casa ou se compra uma bicicleta, pois as indecisões e os arrependimentos nos paralisam e nos impedem de atingirmos a nossa meta.

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Os caminhos difíceis nos forjam maturidade

Por isso, mesmo que estejamos vivendo situações complicadas, não podemos ficar parados. Temos de nos levantar e seguir em frente. Não dá para voltar, pois o que deixamos, com certeza, já mudou; aliás, nós já mudamos. Estamos numa constante transformação, e como diz o ditado: "Ninguém se banha no mesmo rio duas vezes". É realmente isso que acontece, pois aquelas águas nas quais a pessoa se banhou, já passaram, já são outras águas, e assim também somos nós: a cada dia que vivemos coisas novas, vamos sendo transformados por elas.

Não existe segurança no passado, só podemos aprender com ele. Os sofrimentos servem para nos fazer crescer. Se soubermos aprender com ele, será para nós um grande mestre, e cresceremos muito como pessoa. Então, mesmo sofrendo, não podemos ficar estacionados. Temos que prosseguir.


Decida-se e siga em frente

Peçamos a ajuda de Deus para nos mostrar quais são os passos, em qual direção precisamos ir, e sigamos. "O importante é prosseguir decididamente" (Filipenses 3,16). Somente prosseguindo vamos saber as graças e bênçãos que Deus tem para nós lá na frente. Abraão não sabia o que aconteceria com ele quando Deus pediu para ele sair de sua terra e ir para outro lugar. Se Abraão não tivesse tido a coragem de partir, mesmo não sabendo o que Ele iria encontrar, ele não seria o Pai da fé. Por isso eu lhe digo: se continuarmos estacionados, nunca saberemos o que Deus tem para nossa vida.

Não percamos tempo! Tomemos a decisão de seguir em frente.



Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). Membro da Comunidade Canção Nova, desde o ano de 2009, a missionária é graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido. Instagram: @regianecn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/e-possivel-prosseguir-quando-os-caminhos-nao-sao-faceis/

13 de novembro de 2020

Mais do que nunca, é preciso entender que só nos resta o hoje


Sei que nada sei. Essa frase atribuída ao filósofo grego Sócrates pode resumir boa parte do ano de 2020. Todos nós tínhamos planos e sonhos, expectativas e planejamentos que foram interrompidos devido à pandemia de coronavírus. O mundo todo se voltou para essa nova síndrome respiratória com causas, efeitos e consequências ainda controversas e em observação por parte da comunidade científica, que tem buscado uma vacina para que, aos poucos, o cotidiano volte ao normal.

Inclusive, o termo "novo normal" foi popularizado para representar esse momento em que utensílios de proteção individual, antes restritos ao cotidiano dos profissionais de saúde, como a máscara facial e o álcool gel, fazem parte das necessidades básicas das pessoas.

A pandemia trouxe à tona a fragilidade do homem que se crê invencível e controlador de sua vida. Boa parte das pessoas tinha, até então, uma falsa sensação de poder absoluto sobre a própria vida, organizada em planilhas, agendas, planejamento conforme suas economias, alimentos, lazer e descanso. Na verdade, nada disso é suficiente para se garantir uma vida em paz.

Mais do que nunca é preciso entender que só nos resta o hoje

Foto ilustrativa: Anastasiia Makarevich by Getty Images

Nós só podemos escolher o hoje

Bastou um novo vírus microscópico para que a humanidade percebesse a sua fragilidade e insignificância. Por mais que se tenha avançado no conhecimento científico e tecnológico, o ser humano é finito, tem inteligência limitada e precisa reconhecer esses limites.

Nós só temos duas certezas em nosso cotidiano: o agora e a hora de nossa morte, como bem rezamos na Ave-Maria. Todo o resto é poeira, é imaginação, e é impossível de ser previsto e garantido.

Durante o isolamento social, muitas famílias se redescobriram: esposos, filhos e pais passaram a conviver muito mais tempo, e puderam exercitar as virtudes como a tolerância, o perdão, a reconciliação, a humildade. Talvez, antes disso, nunca tenhamos parado para pensar em como é difícil suportar os da nossa família, pois a rotina atribulada nos permitia que cada um tivesse suas fugas, mas, durante o isolamento, não houve escolha.

Tivemos que nos confrontar conosco mesmos. Quantos de nós vivíamos de saída em saída, de barulho em barulho, de casa em casa de amigos, de bar em bar, fugindo de nossas fragilidades, da nossa solidão e dos nossos defeitos! Escondendo-nos em uma rotina bastante agitada para que não nos debruçássemos sobre a nossa própria personalidade.

Isolados, muitos perderam o rumo, perderam o emprego, e famílias se desfizeram. Outros conseguiram fazer da crise alguma oportunidade de emprego e renda, nos diferentes setores que se abriram, tal como a educação on-line, os fornecedores de equipamentos de saúde e também os serviços delivery, para citar alguns exemplos. Muitos de nós estão ainda em busca do sentido desse tempo. Outros ainda conseguiram se encontrar como família, sem falsas ilusões, e se instalar na realidade cotidiana dando um passo para melhorar a própria vida e de quem está ao seu redor.


Reflexão

Chegado o fim do ano, é importante que cada pessoa e cada família possa refletir sobre esse tempo e seus aprendizados, e muitos podem ser os elementos norteadores da sua análise, mas eu sugiro que você comece respondendo o seguinte:

Em que você deposita sua esperança?

Qual a sua fonte de alegria, de paz, seu motivo para acordar todos os dias de manhã disposto a enfrentar um novo dia de vida?

Enquanto depositarmos esperanças naquilo que passa, nos prazeres e aparentes seguranças deste mundo, nos governos cujas decisões independem de nós, ficaremos sempre à deriva, cada vez que uma nova realidade que foge do nosso controle nos aparecer – e elas são muitas, e estão todos os dias à nossa frente. Por mais que tenhamos mecanismos para tentar trazer segurança, a verdade é que nossa vida, saúde e segurança não dependem exclusivamente de nós e de nossas escolhas.

Quem vive uma vida sobrenatural, certo de que estamos neste mundo apenas de passagem, tem mais condição de enxergar que a pandemia só escancarou nossa fragilidade. Observe seu cotidiano como um grande milagre, não como sorte, fruto do acaso ou apenas sucessão de um dia após o outro.

Eu não sei como você está hoje, mas sei que se você observar, todos os dias, tudo que de bom e ruim aconteceu para você, e meditar sobre as suas atitudes em cada uma das situações, conseguirá ter mais presença e personalidade na sua vida. E finalizo concordando com Sócrates: a vida irrefletida não vale a pena ser vivida.



Mariella Silva de Oliveira Costa

Além de professora, pesquisadora e jornalista, é Doutora com pós-doutorado em Saúde Coletiva (UnB), Mestra em Tocoginecologia (Unicamp), especialista em Jornalismo Científico (Unicamp) e graduada em Comunicação Social (UFV). Servidora pública federal e idealizadora de muitasmarias.com
Instagram : @marielladeoliveiracostawww.youtube.com/mariellaoficial


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/mais-do-que-nunca-e-preciso-entender-que-so-nos-resta-o-hoje/

10 de novembro de 2020

A virtude da pureza divina de Nossa Senhora


Ao falarmos sobre a virtude da pureza, é importante sabermos o que ela é. Com base no conceito de pureza,  compreendemos que "a pureza é a qualidade do que é puro (aquele ou aquilo que está livre e isento de qualquer mistura de outra coisa, que não inclui nenhuma condição, exceção ou restrição nem prazo, ou que está isento de imperfeições morais)… E por outro lado, diz respeito à virgindade e à castidade. Uma mulher pura, por conseguinte, é aquela que nunca teve experiências sexuais".

Na filosofia, seu conceito tem foco na vida do ser humano. Nós cristãos ficaremos com o conceito da pureza espiritual, em que cada pessoa busca a Deus verdadeiramente, ou seja, de todo coração, e consequentemente busca o bem do outro sem interesses pessoais (cf. I Cor 13,5). Desse modo, coloca os seus dons e talentos a serviço de Deus e dos outros sem esperar nada em troca.

Considerando o conceito filosófico, a pessoa que age dessa maneira tem uma pureza de espírito, e isso demonstra que não é egoísta. A vivência da pureza espiritual requer a busca de santidade com Deus, que, consequentemente, se estende em comunhão com os seres humanos, portanto, os prazeres do mundo não podem mais fazer parte da vida pura e santa.

A virtude da pureza divina de Nossa Senhora

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Nossa Senhora, em vista do projeto da salvação da humanidade, é concebida por graça de Deus sem pecado original, ou seja, Maria nasceu e permaneceu em estado de pureza divina, pois no seu ventre conceberia Deus feito homem.

A pureza de Deus e o ventre de Maria

A pureza de Maria é total, e como criatura humana não foi poupada na sua humanidade, ou seja, viveu o processo natural das provações e tentações terrenas, porém, em nenhuma delas cedeu ao pecado, e levou uma vida santa.
A Sua pureza nasce no coração, que para nós cristãos simboliza o centro ou núcleo do nosso ser; dele originam as nossas boas ou más ações: "O coração é a morada onde estou, onde habito (e segundo a expressão semítica ou bíblica, onde eu «desço»). É o nosso centro oculto, inapreensível, quer para a nossa razão quer para a dos outros: só o Espírito de Deus é que o pode sondar e conhecer. E o lugar da decisão, no mais profundo das nossas tendências psíquicas, é a sede da verdade, onde escolhemos a vida ou a morte." (CIC 2563)

Maria, durante toda a sua vida, viveu de fé, uma fé pura e genuína que lhe proporcionou uma comunhão plena com a vontade de Deus. Essa pureza de fé é inata ao seu coração, e por isso é bem-aventurada diante de Deus: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus" (cf. Mt 5,8). Maria não somente vê a Deus com os olhos da fé, como também faz experiências sobrenaturais, e uma delas foi receber a visita do Anjo Gabriel, um mensageiro divino; e de modo determinante, em seu ventre puro e santo, o próprio Deus fez morada e habita no meio de nós.


Esforço interior e graça de Deus

Precisamos viver a virtude da pureza do coração na vida terrena para vermos Deus face a face na eternidade. Desse modo, exercitamos a visão espiritual, pois vemos em toda a criação o que é de Deus, e damos sentido divino ao que vivemos. Com a pureza de coração, banimos o homem mundano em nós e damos lugar ao homem espiritual, a estatura e maturidade de Cristo. (cf. Ef 4,13). Isso exige esforço interior, é um processo profundo que deve contar com a graça de Deus, na certeza de colher bons frutos.

É da pureza do coração que adestramos os nossos afetos e desejos, sendo vigilantes numa vida de oração, com disposição e determinação em levar uma vida santa: "O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio" (cf. Lc 6,45).

Vivendo a pureza do coração conseguiremos guardar a nossa castidade, os desejos incontroláveis da carne, desapegando das coisas encantadoras e atrativas do mundo. Maria, em toda a sua vida, teve Deus como o primeiro em seu coração. Imitando a sua pureza divina, o homem alcançará o céu onde contemplará a face de Deus. Em Fátima, Nossa Senhora nos alerta de que os pecados contra a impureza são os que mais levam as almas para o inferno, pois são os mais frequentes.

Pureza na prática

De modo prático, empenhemo-nos numa vida santa, exercitando pensar em Deus diante das impurezas nos pensamentos, palavras e ações. Desviemos o nosso olhar do que nos leva a pecar, sem os fixar no corpo do outro com malícia nem alimentando os desejos carnais que nos fazem pecar contra a pureza, pois eles são os espelhos da alma.

Procuremos contemplar o Senhor na Adoração, que nos purifica e santifica. Jejuar também é uma forma eficaz de viver a castidade, fugir das ocasiões que nos levam a pecar, pois somos frágeis e pecadores, e lembremo-nos sempre de ter uma vida de constante oração, aproveitando todas as situações da vida para rezar e, de modo particular, contar com a ajuda da Mãe do Céu através da reza do terço, pois "É a Virgem Maria, esse ser luminoso, todo puro da pureza de Deus, que me tomará pela mão para me introduzir no céu" (Santa Elizabete da Trindade).



Nilza e Gilberto Maia

Nilza e Gilberto Maia são casados, jornalistas e missionários de dedicação integral na Comunidade Canção Nova.

Nilza é membro da comunidade desde 1999; e Gilberto, desde 2000. Nilza é graduada em Comunicação Social pela UFMT e pós-graduada em counseling pelo IATES/Curitiba. Gilberto também é counselor pelo IATES/Curitiba e graduado em Gestão Comercial.

Ambos atuaram em suas próprias paróquias nas pastorais, movimentos e ações sociais. O casal viveu em Portugal por sete anos, onde realizaram a missão diretamente no Santuário de Fátima, através de transmissões diárias, para a TV, da Eucaristia e da Oração do Rosário da Capelinha das Aparições.

O casal é autor dos livros publicados pela Editora Canção Nova. Atua também no apostolado como anunciadores da Palavra de Deus, e na formação e acompanhamento de casais.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/virtude-da-pureza-divina-de-nossa-senhora/

6 de novembro de 2020

As três fases para formação de uma boa amizade


Reflita sobre as fases da amizade, as quais nos ajudarão a compreender melhor esse relacionamento. A amizade é uma construção, por isso existem três fases para sua formação:

1. Primeira fase: Iniciação;
2. Segunda fase: Manutenção;
3. Em alguns casos, há uma terceira fase: Dissolução.

-Conheça-as-três-fases-para-formação-de-uma-boa-amizade-

Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

A amizade é um processo contínuo e dividido em fases

A amizade tem um início que corresponde aos primeiros encontros, os quais são entendidos como um tempo para o conhecimento do outro. Esse período inicial é de suma importância, pois, é aqui que a confiança se inicia e, aos poucos, o envolvimento se torna mais profundo. Muitas pessoas não conseguem se aproximar de uma outra por dificuldades pessoais, como uma introversão excessiva ou mesmo uma baixa autoestima, que o faz acreditar que nenhuma outra pessoa poderia o escolher como amigo.

Esses comportamentos podem dificultar a fase inicial, uma vez que a pessoa não se aproxima de outra para estabelecer os primeiros laços. Nessa fase, é importante permitir que o outro nos conheça para então o relacionamento amadurecer e avançar para a manutenção da amizade, que é a próxima fase.


Cultivar a amizade diariamente

Para manter uma amizade é preciso cultivá-la, cuidar dela diariamente. Esse período é chamado de manutenção. Nessa fase, é importante disponibilizar o mínimo de tempo para conversas, diálogos, trocas de experiências, partilhas, carinhos, demonstrações de amor, ajuda concreta etc., porque quem ama oferece tempo. É fundamental empenho contínuo e cuidados que amadureçam o relacionamento. Esse tempo pode ser muito longo, como anos, décadas ou mesmo toda a vida. Os níveis de atenção ou negligência para o relacionamento são fatores que determinam se a relação se aprofundará ou caminhará em direção à fase de dissolução, ou seja, o fim da amizade.

Como dissemos anteriormente, existem amizades que duram uma vida inteira. Nesses relacionamentos, os amigos são verdadeiros, demonstram afeto e respeito, estão sempre atentos às necessidades do outro e dispostos a ajudá-los, consideram o amigo como alguém importante em sua vida.

Existe ainda a dissolução. Essa fase pode ser o resultado da falta de atenção para com o outro, falta de interesse pela vida do amigo, falta de respeito com as diferenças, quando os amigos traem um acordo de sigilo ou mesmo quando um dos membros morre. No entanto, a morte não tem significado de término da amizade; na maioria dos casos, um amigo normalmente não morre para o outro, pois ele passa a existir vividamente na memória.

A amizade, portanto, é um processo contínuo que depende dos envolvidos para crescer, amadurecer, durar a vida toda ou diminuir até a extinção.



Diácono João Carlos e Maria Luiza

João Carlos Medeiros é membro do segundo elo Comunidade Canção Nova. Psicólogo clínico e familiar, Medeiros também é logoterapeuta, sexólogo e mestre em sexologia humana. Casado com Maria Luiza da Silva Medeiros que também é membro do segundo elo Comunidade Canção Nova, é psicóloga clínica e familiar. Ela é pós-graduada em psicoterapias cognitivas e em neuropsicologia. Autores do livro "Diagnóstico Familiar", pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/as-tres-fases-para-formacao-de-uma-boa-amizade/