10 de setembro de 2020

Como podemos produzir frutos agradáveis a Deus?


Uma rápida olhada no livro do Cântico dos Cânticos revela uma profusão de cores, aromas e sabores. Afinal, se, como vimos no artigo anterior, podemos comparar a nossa alma a um jardim fechado, o que mais produziria esse jardim ou horto? Flores, frutos e folhagens exuberantes! Belezas que levam a esposa-alma a dizer: "Como és belo amado meu, nosso leito é todo decorado por flores" (Ct 1,16).

De fato, se o jardim da alma que vive em estado de graça é verdadeiramente um lugar de repouso para Deus (Gn 3,8), não é por necessitar de um lugar assim que Ele proporciona meios da alma progredir em santidade. Santa Teresa D'Ávila, além de deixar claro que precisamos cultivar esse jardim, regando-o através dos diversos graus de oração, das mais simples às orações místicas, também é categórica ao dizer que este jardim ou Castelo Interior deve ser preparado para produzir obras:

"Para isto é a oração, filhas minhas; para isto serve este matrimônio espiritual: para que nasçam sempre obras, obras" (Santa Teresa de Jesus, Castelo Interior). Ou seja, o real objetivo da oração e da altíssima contemplação é o serviço à Igreja e ao próximo, a conquista de almas para Deus e a propagação do Reino de Cristo no mundo.

Como podemos produzir frutos agradáveis a Deus?

Foto ilustrativa: demaerre by Getty Images

Quais os frutos que seu jardim da alma tem cultivado?

Não se trabalha o jardim da alma ou se explora o Castelo Interior em busca de satisfação pessoal ou de um contato com Deus que se esgote em si mesmo, mas, em última instância, para o bem da Igreja e a salvação das almas. Também a Palavra de Deus é plena de passagens onde, ainda utilizando a metáfora do jardim, horto ou cultivo, demonstra a necessidade das obras exteriores, além da oração interior.

No Cântico, o esposo é um fruto doce (Ct 2,3), o jardim produz abundantemente, pois a figueira já dá seus figos e a vinha está em flor (Ct 2,13). A plenitude do jardim foi alcançada, ele é belo e produz frutos. Mas, em outras passagens, podemos entender a necessidade desta construção interior, podemos ver o jardim que ainda não cumpre o papel para o qual foi criado e como isso é grave.

No Evangelho segundo Lucas (13,7), o agricultor fica irado, pois sua figueira não produz figos. Há três anos procura seu fruto e não o encontra. O responsável pelo terreno pede um pouco mais de tempo, vai voltar a adubar e afofar o terreno em volta da figueira. Em outra parábola (Mt 21,33-43), o proprietário arrenda a vinha para os trabalhadores e espera receber parte dos frutos, mas, em vez disso, tem seus funcionários e o próprio filho morto traiçoeiramente.

Devemos produzir bons frutos para Deus

Considerando a vida espiritual, podemos entender que o agricultor ou proprietário é o próprio Deus, Autor da vida, Criador de cada alma. É a Ele que devemos prestar contas do que fazemos com tão grande dom: nossa própria existência. A orientação é simples: cultive sua alma, ela se tornará bela pelas virtudes, mas, sobretudo, deve produzir frutos ou obras que retornarão ao próprio Deus. Essa é nossa missão como corresponsáveis pela criação (Gn 2,15) que nos foi confiada.

Hugo de São Vitor, em um de seus sermões, reflete sobre o início do primeiro Salmo que diz sobre o homem que procura viver sob os mandamentos do Senhor: "ele é como a árvore plantada junto às águas correntes, dará fruto ao seu tempo e sua folhagem não murchará jamais" (Sl 1,3). Ele se pergunta: o que seriam essas águas, essa árvore e sua partes?

As águas são o próprio manancial do Espírito Santo que flui sem cessar sobre a vida espiritual que está estreitamente unida a Cristo, em Graça Santificante. É por isso que Santa Teresa desenvolveu seu raciocínio sobre a oração pessoal como "diversas formas de regar um jardim". Ela procura mostrar como acessar essa Água Viva que é o próprio Espírito, a única capaz de dar sustento e vitalidade para o jardim da alma.


Virtude de fé

Voltando a Hugo de São Vítor, a raiz da árvore é a virtude da fé. Ela é raiz, pois é origem e fundamento de todas as demais virtudes e a verdadeira raiz das boas obras. É através da fé que estamos "plantados" em Deus e, sem ela é impossível agradar ao Senhor (Hb 11,6). O tronco que se eleva para o alto é a virtude da esperança que nos faz focar nos bens celestes, tirando o olhar de tudo que passa e buscando aquilo que é eterno. Para buscar as coisas do alto (Cl 3,1) precisamos nos erguer para o alto e elevar-nos ao céu como faz o tronco da árvore.

Para Hugo, os ramos são a caridade que se eleva a Deus, mas também se estende aos lados pelo amor ao próximo. As folhas são as boas ações, pois como elas recobrem todo o entorno da árvore, os justos são como que cercados continuamente por boas obras. Por isso, a beleza de uma folhagem frondosa se compara à ação do cristão que busca a santidade. A boa fama que adquire é apropriadamente representada pelas flores que, por todo lado, espalham seu perfume. Esse perfume de santidade é relatado pelo Apóstolo Paulo quando compara os que vivem os mandamentos como portadores do bom odor de Cristo (2Cor 2,14-15).

Procuremos, pois, incansavelmente, essa água que dá vida e tudo plenifica para que irrigue o jardim de nossa alma, fortaleça a raiz da fé, faça crescer o tronco da esperança e multiplique os ramos da caridade que se levantarão e estenderão, produzindo as folhas das boas obras e espalhando o próprio perfume de Cristo por todos os lugares. Os frutos serão abundantes e produzirão até cem por um (Mt 13,23).

Já que vimos a beleza deste jardim da alma e a importância de que seja bem cuidado e produza frutos agradáveis a Deus, no próximo artigo vamos entender, com Santa Teresa D'Ávila, como podemos providenciar água para este jardim através da oração. Veremos o primeiro modo de se regar o jardim da nossa alma.



Flávio Crepaldi

Flavio Crepaldi é teólogo, casado e pai de três filhas. Além do bacharelado em Teologia, possui formação em Comunicação e especialização em Gestão, sendo colaborador da TV Canção Nova desde 2006. É o autor do livro "Santidade para todos: Descobrindo as Moradas Interiores", em que, de maneira prática e descomplicada, ele explica o caminho espiritual pela busca da santidade.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/como-podemos-produzir-frutos-agradaveis-a-deus/

8 de setembro de 2020

Sou um homem de pouca fé. O que fazer?

O que é a fé? Eu preciso dela? Eu a tenho? Como receber esse dom? Essas perguntas, muitas vezes, podem surgir no nosso interior e nos levar até mesmo a questionarmos a vida. Durante este artigo, iremos buscar respostas que nos ajudarão a crescer e entender esse dom maravilhoso e essencial na vida de todo cristão.

Você já foi perguntado sobre o que é a fé? Ela pode ser entendida de maneira geral como "uma virtude teologal que inclina a nossa inteligência, sob o influxo da vontade e da graça, a dar firme assentimento às verdades reveladas por causa da autoridade de Deus" (TANQUEREY, 2017, p. 593). Como visto, é antes de tudo um ato da inteligência, porque acontece em relação a uma verdade; além disso, necessita da nossa vontade, pois precisamos querer ter fé e crer em alguma verdade, convencendo-nos e, em seguida, assentindo, ou seja, concordando com aquela verdade revelada.

Além disso, a fé que aqui estamos tratando é de cunho sobrenatural, porque podemos até mesmo ter fé e acreditar em pessoas, em acontecimentos ou mesmo em situações. Aqui, no entanto, falamos de um dom sobrenatural, por isso necessita-se da intervenção de Deus por meio da Sua graça, a fim de iluminar a nossa inteligência para que consigamos ordenar a nossa vontade.

Sou um homem de pouca fé. O que fazer?

Foto ilustrativa: ImagineGolf by Getty Images

A fé também pode ser entendida em seu contexto bíblico. O Antigo Testamento nos diz que ela é a condição para a salvação do povo: "Crede em Yahweh vosso Deus e estareis seguros; credes em seus profetas e sereis bem sucedidos" (2Cr 20,20). E ainda: "Se não crerdes, não vos mantereis firmes" (Is 7,9). Percebe-se que, na compreensão do Antigo Testamento, a fé era fundamento para a salvação do povo, mas essa se dava na adesão à Palavra de Deus. Por outro lado, no Novo Testamento, a fé é professar o cristianismo, crer na Palavra proferida por Jesus Cristo e pelos apóstolos, ou seja, a fé neotestamentária é aderir a um testemunho que vem acompanhado de esperança. Por exemplo: "Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado" (Mc 16,16).

Eu preciso de fé?

A fé sendo entendida como a nossa adesão a uma verdade revelada e a esta a nossa adesão. Nota-se com isso o papel importantíssimo em nossa santificação. Isso porque, a fé faz-nos entrar em comunhão com o pensamento de Deus, unindo-nos de modo mais intimamente com Ele (TANQUEREY, 2017). Como falado anteriormente, ela é também entendida como necessidade para a salvação, é professada com um testemunho nas palavras de Cristo e com a Doutrina cristã.

O Catecismo da Igreja Católica nos orienta sobre a necessidade da fé, principalmente como lugar primeiro de manifestação dela sendo os lares e o seio de cada família, como nota-se: "É no seio da família que os pais são 'para os filhos, pela palavra e pelo exemplo, os primeiros mestres da fé. E favorecem a vocação própria a cada qual, especialmente a vocação sagrada'" (§1656). Com essa afirmação, a família é reconhecida e professada no Concílio
Vaticano II, como uma Igreja Doméstica. O Catecismo continua a ressaltar a necessidade da educação na fé: "A educação para a fé, por parte dos pais, deve começar desde a mais tenra infância. Ocorre já quando os membros da família se ajudam a crescer na fé pelo testemunho de uma vida cristã de acordo com o Evangelho" (§2226).

Cada cristão necessita da fé para que o seu processo de santificação aconteça e seja bem sucedido. O Concílio de Trento nos ensina a relação da justificação do homem com a fé e a salvação: "[…] que dizemos ser justificados pela fé, porque 'a fé é o princípio da salvação humana', o fundamento e a raiz de toda a justificação, 'sem a qual é impossível agradar a Deus' e chegar à comunhão dos seus filhos" (DS 1532). O homem se torna justo pela ação da graça de Deus e por meio da fé. Nisso encontra-se a necessidade desse dom para a salvação, pois nenhum homem entra no céu sem ser justo, ou seja, santo.

Logo, a fé é o elo que nos une a Deus e nos faz comungar de Seu pensamento e da Sua vida. Ela age como uma luz que ilumina a nossa inteligência, concedendo-nos a graça para também discernir as verdades e as coisas divinas. A fé vem para nos fazer aprofundar nas verdades católicas e põe frente aos nossos olhos a eterna recompensa, que é fruto de uma vida de fé (TANQUEREY, 2017). Tudo isso é expressado nos textos bíblicos: "A fé é a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem" (Hb 11,1); e ainda: "Penso, com efeito, que os sofrimento do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá revelar-se e nós" (Rm 8,18).


Como receber o dom da fé?

A fé como dom de Deus é graça dada. Com isso, são necessários a oração e os esforços pessoais. Todo cristão precisa crescer na fé ou até mesmo iniciar nesta vida. Por isso, o dom é dado a quem pedir, a quem implorar a Deus que o conceda tão maravilhoso dom, como explica o texto: "Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto; pois todo o que pede recebe; o que busca acha e ao que bate se lhe abrirá" (Mt 7,7-8). O maior desejo de Deus é a nossa salvação, sendo assim, Ele é o primeiro interessado em nos conceder as graças necessárias para que alcancemos a visão beatífica, cheguemos ao céu. Logo, precisamos pedir a Deus que nos dê esse dom, que nos faça crescer neste dom. E, com essa certeza, Deus irá nos dar tal dom necessário para a salvação.

Adolphe Tanquerey instrui o cristão de qual deve ser a sua atitude referente ao dom da fé: "Hão de, pois, orar para obterem a graça de conservar esse dom a respeito dos perigos que os cercam; […] Recitarão com humildade e firme convicção os atos de fé, dizendo com os Apóstolos: 'Aumenta em nós a fé' (Lc 17,5). Mas à oração, hão de ajuntar o estudo ou a leitura de livros apropriados, que os esclareçam e confirmem na fé" (TANQUEREY, 2017, p. 598). Então, a partir do que esse mestre na vida espiritual nos ensina, o cristão, antes de tudo, precisa pedir, rezar a Deus que Ele conceda e aumente o dom da fé. Mas também é necessário estudar bons livros, buscar leituras que contribuam o fortalecimento da fé. E sem medo de errar, indico a leitura da Bíblia, dos textos sagrados e os livros de espiritualidade, dos santos e doutores da Igreja. Outro conselho importantíssimo é fugir de leituras vãs e, acima de tudo, do pecado mortal.

Enfim, não há cristão de tal modo avançado na vida espiritual que não careça do dom da fé, de pedir ao Senhor que a aumente. Por isso, queridos leitores, diariamente, em nossas orações, entremos no lugar em que com Deus entramos em diálogo e imploremos que aumente em nós esse dom. E já coloquemos a fé que está em nós em ação, com a certeza de que Deus nos dará esse dom tão essencial para a nossa salvação. Que a Virgem Maria, mulher e exemplo de fé, auxilie-nos também no crescimento desse dom.

Referências:

BÍBLIA. Português. Tradução da Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. 2206p.
CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
DENZINGER, Hünermann. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. São Paulo: Paulinas & Loyola, 2007
TANQUEREY, Adolphe. Compêndio de Teologia Ascética e Mística. São Paulo: Cultor de Livros, 2017.



Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/sou-um-homem-de-pouca-fe-o-que-fazer/

4 de setembro de 2020

Como viver da Divina Providência em tempos difíceis?


Acredite e confie na Divina Providência nos momentos de dificuldade.

Lidar com a falta de recursos é algo de que, atualmente, não conseguimos escapar. Seja pela nossa própria realidade, pelas publicações na internet ou pelas conversas a nossa volta, a verdade é que, onde quer que estejamos, o assunto parece inevitável. E mesmo que tenhamos o desejo de nos manter otimistas, acabamos contaminados pelas lamentações. Com isso, inevitável também é o sentimento de medo e insegurança que a crise provoca. Por fim, vem a pergunta: "O que posso fazer diante dessa realidade? Será que existe uma saída?".

Foto Ilustrativa: by Getty Images / beerphotographer

Você sabe o que é a Divina Providência?

A boa notícia é que existe, sim, uma saída, e ela tem um nome: Divina Providência. Aliás, você sabe o que significa Divina Providência? Teologicamente, quer dizer o poder e a sabedoria suprema de Deus com a qual Ele governa todas as coisas e pessoas. Em outras palavras, é uma experiência de fé que nos desafia a fazermos o que está ao nosso alcance, mas, ao mesmo tempo, a nos abandonarmos totalmente nas mãos de Deus, deixando-nos conduzir por Ele em todos os aspectos, certos de que "uma vez que o amamos, tudo concorre para o nosso bem" (Romanos 8,28). Nesse sentido, viver da Divina Providência significa ainda aceitar a vontade de Deus, mesmo que ela seja contrária as nossas expectativas, até porque são as provas que vivemos que nos fazem valorizar o essencial. Basta lembrar, por exemplo, o quanto valorizamos a saúde após a doença, o trabalho depois do desemprego, e poderia citar tantas outras situações que vivemos na dor, mas que nos tornaram pessoas melhores após a superação. Perdas e ganhos fazem parte da arte de viver, o que não podemos é parar diante de desafios como a crise financeira por exemplo.

Vença a crise e não desanime

Madre Teresa, ao falar a esse respeito, ensina-nos que não podemos deixar que enferruje o ferro que existe em nós. "Quando não conseguir correr através dos anos, trote. Quando não conseguir trotar, caminhe. Quando não conseguir caminhar, use uma bengala. Mas nunca pare", diz ela com toda sabedoria própria de quem passou por este mundo fazendo sua parte, porém, confiando seguramente nos desígnios de Deus. Acredito que essa seja a receita ou, pelo menos, uma boa dica para quem deseja viver da Divina Providência em nossos dias, ou seja, fazer o que nos compete a cada instante – nem menos, porque seria negligência; nem mais, porque o que não está ao nosso alcance Deus não nos pede que façamos –, e confiar seguramente na ação divina, que pode até tardar de acordo com nossas expectativas, mas nunca falha, porque Ele é rico em generosidade.

Outro aspecto que considero importante, nesse sentido, é assumir a verdade. Não é fácil reconhecer que estamos vivendo um momento de crise, seja ela qual for, mas sem esse passo não tem como dar outros. A verdade dita do jeito certo sempre liberta. Portanto, se a crise material envolve a família, é fundamental que todos, independente da idade, saibam e colaborem com as mudanças que ela exige. Precisamos ter a coragem, por exemplo, de nos perguntarmos diante de algo que queremos: será que, realmente, preciso disso? Ao mesmo tempo, ajudarmos nossos filhos a repensarem também suas escolhas, lembrando que ninguém pode ter tudo que deseja neste mundo, e saber escolher hoje é condição fundamental para a felicidade futura.


Ser agradecido pelo que possui também é muito importante para experimentar a ação de Deus. Às vezes, focamos nossa atenção no que falta, mas nos esquecemos de agradecer o que já temos. Na verdade, deveríamos agradecer a Deus sempre, inclusive por aquilo que não recebemos, pois, se tivermos a paciência necessária, com o tempo, acabamos por perceber que o que tanto pedimos, na verdade, não seria o melhor para nós. Então, em todo caso, é preciso confiar, antes de tudo, no amor de Deus e agradecer. Até porque, as Sagradas Escrituras nos lembram que "se Deus cuida das aves do céu e dos lírios do campo, muito mais cuidará de nós que somos seus filhos" (Mateus 6,26).

E como é bom saber que temos um Pai que nos ama e está disposto a nos ajudar também em meio às provas que a vida oferece! Portanto, confiemos em Seu amor e deixemo-nos conduzir por Ele, pois a confiança é importante em todos os sentidos, e para viver da Divina Providência ela é fundamental.



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às sextas-feiras, está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 18h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/como-viver-da-divina-providencia-em-tempos-dificeis/

2 de setembro de 2020

Aprenda com a inocência de cada criança

"Neste momento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: 'Quem é o maior no Reino dos céus?'. Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: 'Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus'" (Mateus 18,1-3).

Por que não um jovem? Por que não um ancião? Jesus quis mostrar a Seus discípulos uma criança. Respondeu com um gesto, e a criança se tornou a mais eloquente resposta para a pergunta daqueles homens: "Quem é o maior no Reino dos céus? O maior é a criança! Ou todo aquele que procura ter os sentimentos dela".

Para ser o maior no Reino não basta ter a força e a garra próprias da juventude ou a sabedoria e a experiência de vida de quem traz cabelos brancos. É preciso ser criança de alma!

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

A inocência da criança é uma virtude

Confesso a você que tenho aprendido muito com meus filhos por meio da convivência diária com eles: aprendo a amar, servir, pedir perdão, voltar atrás e, principalmente, viver. E, vivendo, vou descobrindo que a vida é um constante aprendizado.

Tenho aprendido, nessa escola da vida, que uma das virtudes próprias das crianças é a tal da inocência. Inocência em falar a verdade, sem medo de se expor, sem se preocupar em agradar ou desagradar. Inocência que nos faz rir e chorar muitas vezes, que nos impulsiona a cobrir nossos filhos de beijos em vários momentos ou a dar-lhes aquele sermão. Inocência que nos faz ficar com "a pulga atrás da orelha" por causa daquela pergunta sem fácil resposta, ou cheios de orgulho, porque, finalmente, conseguimos bancar o "papai sabe-tudo", quando a nossa resposta conseguiu revelar o que até então lhes era misterioso.

A criança é inocente. Por isso, no Reino de Jesus, ela sempre será a maior, porque a inocência é própria de Deus. Ele é o inocente por excelência.

Um mundo carente

Infelizmente, há muito tempo, esse mundo não sabe mais o que é inocência. Recordo-me de que, anos atrás, o nosso país ficou horrorizado com a morte de um inocente de apenas seis anos, arrastado por sete quilômetros pelas ruas do Rio de Janeiro. Agora, no Reino dos Céus, encontra-se mais uma vítima de um mundo violento e que perdeu sua inocência faz tempo. Mas é por esse mundo desumano e que arrasta suas crianças inocentes pelo chão que Jesus morreu. Ele, o Supremo Inocente, derramou Seu Sangue por amor a cada um de nós.

Jesus (mais do que eu e você) acredita que essa sociedade pode voltar à sua inocência original. Por isso, ao terminar de ler essa reflexão, se você se encontrar com uma criança (quem sabe seu próprio filho) sorria e dê um forte abraço nesse pequeno inocente, na certeza de que você não abraça somente uma criança, mas também um sinal de Deus para este mundo: um sinal de esperança. Sim, isso mesmo: um sinal de esperança!

A criança é a maior no Reino dos céus e o maior sinal de que Deus ainda aposta neste mundo, pois, por intermédio da inocência de cada criança, que nos desconcerta e também nos edifica, somos lembrados por Deus de que, antes de um mundo assassino e sem piedade, existiu um mundo inocente em sua origem e repleto da grandeza d'Ele!

Observe e aprenda

Se hoje, por qualquer razão, você não consegue mais enxergar este "mundo paradisíaco" ao seu redor nem mesmo dentro de você, lembre-se de que Deus colocou, em seu caminho, esses "pequenos lembretes" de fralda, chupeta, dedo no nariz, pipas sendo empinadas, chutes na bola, corridas pelo parque, rostinhos lambuzados de chocolate e algodão-doce, sonos sossegados no colo da mãe. Enfim, crianças inocentes! São elas que nos lembram da inocência que tivemos um dia; e, hoje, somos chamados a buscá-la novamente. O primeiro passo é observá-las. Observar para aprender!

Ainda hoje, Jesus coloca seu sinal de inocência em nosso meio. Queira enxergar. Deseje observar e tente aprender.


É isso que eu tenho procurado fazer neste tempo. Sabe por quê? Porque eu não quero acreditar num mundo que arrasta nossos inocentes para a morte! Acredito, antes, num mundo que, mesmo tendo perdido sua inocência, aos olhos de Jesus nunca deixou de ser amado e querido por Ele.

Vamos rezar?

Reinflama em nós, Senhor, o desejo de aprender com a inocência das crianças! E ao aprender com elas, que queiramos ser contagiados pela certeza de que o Teu amor por este mundo é a verdadeira resposta, a grande esperança e a real solução para os conflitos de cada ser humano. Amém.


 


Alexandre Oliveira

Membro da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Alexandre é natural da cidade de Santos (SP). Casado, ele é pai de dois filhos. O missionário também é pregador, apresentador e produtor de conteúdo no canal 'Formação' do Portal Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/aprenda-com-a-inocencia-de-cada-crianca/

31 de agosto de 2020

Os aprendizes da vida e das vozes


Da vida todos somos aprendizes, pois a riqueza e o sentido do viver não permitem simplismos. Enquanto dom e tarefa, a vida é mistério. Por isso mesmo, não cabe nos limites de legislações, ultrapassa considerações políticas, não havendo abordagem confessional em que se encerre. Impossível esgotar-lhe o sentido, por mais completa que seja a narrativa. E o seu entendimento exige peregrinar às suas raízes, a seus sentidos, aos alicerces.

A vida é mistério, pelas profundezas de suas origens, e fonte, pela profundidade de sentido. Na sua maestria, Jesus a coloca como meta de sua missão ao dizer: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância", conferindo-lhe sacralidade e constituindo a misericórdia como o parâmetro mais alto de seu adequado tratamento. Assim, institui e eleva, para os que n'Ele creem, o valor incomparável da pessoa humana. A vida é, pois, dom que se estende para além das circunstâncias da existência terrena, porque consiste na participação da própria vida em Deus. E a sublimidade própria da vida de cada pessoa revela a grandeza e o valor precioso da vida de toda a humanidade.

DOM WALMOR

Foto Ilustrativa: by Getty Images / RichVintage

Aprendizes da vida

O evangelho da vida acena com a condição de aprendizes a todos os que têm a vida como dom e tarefa. Sua preciosidade se manifesta, de modo completo, na encarnação do filho de Deus, ao aceitar a morte na cruz pelo resgate de todos. Firma-se, assim, entre Deus e a humanidade, o compromisso inarredável de defender a vida de todas as ameaças, em todas as suas etapas. Compromisso que deve se fortalecer neste tempo de impressionante multiplicação e agravamento das ameaças à vida humana, a nações inteiras, particularmente aos indefesos e vulneráveis. São muitas as chagas expostas que atentam contra a vida, a exemplo da fome, da miséria, das epidemias, das guerras, de feridas com modalidades inéditas e inquietantes. Crescem as formas aviltantes de violências. Frutos de preconceitos e racismos, ferem particularmente os mais fragilizados e os excluídos, apontando a urgência de se rever as legislações no sentido de impedir que se chegue a absurdos ainda maiores. O panorama dos diferentes atentados à vida desafia a sociedade contemporânea a encontrar novas respostas e a confeccionar um tecido consistente, capaz de operar as mudanças necessárias nos vergonhosos cenários marcados pelos extermínios, pela eliminação de vidas.

O desafio é posicionar-se ante todos esses atentados, ante um contexto cultural que confere aos crimes contra a vida aspectos inéditos e iníquos. A partir das graves preocupações advindas da própria opinião pública, tenta-se justificar a liberdade individual de escolhas e procedimentos que atentam contra a sacralidade da vida. O desafio se torna ainda maior quando se constatam profundas alterações na maneira de considerar a vida, a vida de todos, e as relações entre as pessoas. Há, pois, nítido processo de afastamento dos princípios basilares, como causa de uma derrocada moral, dificultando o necessário retorno às fontes de inspiração e de clarividência em torno da sacralidade das vidas todas. E sem referências e princípios, as abordagens ocorrem no burburinho de vozes da turba. Compromete-se, assim, a qualidade do que se escolhe, do que se legisla, do que se sente, e as consequências são notórias: a vida passa a ser tratada por alas, por interesses, por disputas e até pelo oportunismo de se fazer reconhecido; por interesses político-partidários, além das razões extremistas e fundamentalistas – todas distanciadas do inegociável.

As exigências das vozes

As vozes se tornam opiniões próprias, de lugares hermenêuticos contaminados, com dificuldade de se perceber qual é o verdadeiro sentido, por não se saber retornar à fonte. Também por falta de traquejo de lidar com princípios, nota-se um silêncio sepulcral e omisso. Muitos não dizem nada por receio, porque se promovem em meio às vozes. Tudo se reduz a uma formulação prosaica. São muitas vozes e muitas contradições: a voz em defesa de algo ou de alguém é a voz que ao mesmo tempo pisa a honra e fere a dignidade do outro, com o descalabro interesseiro de anatematizar um e canonizar outro. Anatematiza quem parece ser uma voz diferente, desconhecendo sua compreensão e desconsiderando uma vida de feitos e comprometimentos. Canoniza até mesmo quem ainda é neófito, inexperiente, e apresenta argumentos equivocados.


Do mesmo modo que a fé se torna estéril, quando não consegue ser uma experiência de testemunho transformador, esterilidades se perpetram em vozes cujos sons não ecoam o que, cotidianamente, tem que se buscar na fonte-princípio. Os pitagóricos diziam que o princípio é a metade do todo. Se falta esta primeira metade, na tarefa de construção de um novo tecido social, cultural e político, com resultados efetivos sobre leis, costumes e estilos de vida, faltará a base para a segunda metade. Vozes serão muitas, como neste tempo de um coro dissonante, que exige dos aprendizes investimento em harmonias. E, assim, participem do coro dos lúcidos, cada vez mais, vozes coerentes e propositivas, capazes de imprimir as grandes mudanças neste tempo que precisa ser urgentemente novo para se promover e salvar vidas.



Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/os-aprendizes-da-vida-e-das-vozes/

28 de agosto de 2020

Se é para viver a espera, que tal esperançar?


Esse tempo não deve ser uma espera passiva, mas sim ativa; hoje, no entanto, quero ir além e falar sobre uma espera ativa, quero falar de uma espera esperançosa.

A Palavra de Deus diz: esperando esperei no Senhor. Parece redundante, mas não é… explico logo mais. Em outra passagem diz: esperando contra toda esperança, esperei no Senhor. Essa é mais forte ainda.

Se é para viver a espera, que tal esperançar?

Foto ilustrativa: damircudic by Getty Images

Qual o objetivo da sua espera?

Tudo isso para lhe dizer que não basta esperar fazendo algo, é preciso esperar esperando, ou melhor, esperar "esperançando". Esperar numa atitude de quem tem a esperança de que vai alcançar o objeto de sua espera.

Esperar contra toda esperança. O que você muito deseja, mas aos olhos humanos lhe parece impossível? É nisso que você precisa aumentar a sua esperança, que é maior do que a confiança de que Deus vai lhe dar aquilo que você quer, mas sim é a confiança de que Deus vai lhe dar o melhor.


É nisso que precisa estar sua esperança, que Deus fará muito mais do que você espera, porque Ele vai lhe dar o melhor.

Espere esperançando o melhor de Deus para sua vida, pois Ele é capaz de surpreendê-lo com coisas maiores e melhores.



Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). Membro da Comunidade Canção Nova, desde o ano de 2009, a missionária é graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/se-e-para-esperar-vamos-esperancar/

26 de agosto de 2020

Por que cometemos sempre os mesmos pecados?


O encontro pessoal com Cristo Ressuscitado provoca uma transformação em nosso interior. O amor de Deus é responsável pelo nascimento de homens e mulheres novos, gerados na água e no Espírito (cf. Jo 3,3-5). Nossas aspirações passam a ser de enveredar pelo caminho da santidade, procurar o arrependimento dos pecados, para não ofender o Senhor, que revelou o quanto nos ama.

A esperança renasce, uma força contagia e, principalmente, um novo conceito de si, a partir da dignidade de filho de Deus, abrange nossos corações. Porém, decorrido algum tempo, pode acontecer de voltarmos a cometer alguns pecados. Mesmo com luta e vigilância, acabamos por cair, vez ou outra, nos mesmos erros. São os chamados "pecados de estimação".

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O que esses pecados geram em nós

Temos a consciência e a inspiração de não pecar, então, por que nos percebemos fracos diante de certos impulsos? A primeira coisa a entender é que: o Senhor criou o homem todo no bem, para o bem e pelo bem. "E viu (Deus) que tudo era muito bom" (Gn 1,31). São Tomás de Aquino diz que "o homem, ao seguir qualquer desejo natural, tende à semelhança divina, pois todo bem naturalmente desejado é uma certa semelhança com a bondade divina". Ainda citando São Tomás de Aquino, ele diz: "O pecado é desviar-se da reta apropriação de um bem". O que leva o ser humano a pecar sempre será o desejo de alcançar o bem que nele foi constituído.

Pecamos quando usamos esses "bens", dons e talentos depositados em nós por Deus de forma incorreta. Esse anseio pelo bem nunca será extirpado e, ainda que a forma de buscar alcançá-lo seja errada, "o pecado tende a reproduzir-se e a reforçar-se, mas não consegue destruir o senso moral até a raiz" (Catecismo da Igreja Católica, n. 1865). O dom nunca morrerá, mesmo que o estejamos usando para o pecado. "Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis" (Rm 11,29).

Se todas as nossas faculdades humanas foram criadas para o bem, mas, por nossa livre iniciativa ou porque aprendemos as coisas de forma pecaminosa, nós ainda não conseguimos nos livrar de uma prática ruim, significa que estamos lidando com um traço da nossa personalidade criada para o bem; porém, durante a história pessoal, foi habituado na forma de pecado e não de virtude.

O demônio e as nossas fraquezas

Aí entra satanás, o autor do pecado com suas artimanhas. A tentação será maior em uma área do que em outra, pois o demônio conhece nossas fraquezas, ou melhor, conhece nossos traços e quer acabar com o que temos de melhor. Jesus, no deserto, foi tentado justamente em Sua mais sagrada particularidade, naquilo que só Ele é: "Se és Filho de Deus!" (Mt 4,3-6). De Jó, o demônio pediu contas de seu maior mérito: a fé (cf. Jó 1,21; 2,9-10).

Também, nossa maior luta será nas maiores características do nosso ser, no que diz respeito ao núcleo íntimo de cada um. É por isso que voltamos à prática do pecado, pois foi afetado um traço da sacra individualidade do ser, está selado em nós e não há como lançar fora o que somos. Exemplo disso: uma grande habilidade de comunicar-se, em vez de ser usufruída para levar a Boa Nova, pode estar sendo desenvolvida para a maledicência.

Se uma fraqueza persiste, há ali um forte traço da nossa humanidade. É um valioso dom, mas não o percebemos como riqueza, pois estamos lutando para sufocá-lo, já que está manifesto na forma de pecado. O homem que enterrou seu único talento, no fim perdeu-o, exatamente por não ter investido corretamente (cf. Mt 25, 14-30). O livro "Pecados e Virtudes Capitais", do professor Felipe Aquino, salienta que os erros e os bens capitais têm todos uma mesma raiz, apenas que um é inverso do outro.

O que devo fazer?

O que se deve fazer agora é direcionar essas forças para o bem, descobrindo em que ponto nos apropriamos, aprendemos ou canalizamos essa característica individual de forma errada e potencializá-la de maneira que venha à tona toda riqueza que o Altíssimo deu a cada um de nós.

Também, é essencial não lutarmos sozinhos! Tanto para detectar em que ponto da nossa vida o dom foi se inclinando para o pecado como para bem canalizá-lo será importante a ajuda de uma outra pessoa. Busque auxílio: biológico (se for patologia ou vício), psicológico e espiritual (alguém ministeriado).

Nessa descoberta, que é permeada pela luta, acima de tudo devemos ter paciência conosco. Sendo humanos, somos limitados e sempre conviveremos com nossas misérias, porém, não podemos nos render a elas. A busca da santidade não é atingir a perfeição, mas lutar contra nossas fraquezas. Nisso o ser humano avança, torna-se humanamente melhor e mais próximo de Deus.

É preciso lutar!

São Francisco de Sales ensinava: "Considerai os vossos defeitos com mais dó do que indignação, com mais humildade do que severidade, e conservai o coração cheio de um amor brando, sossegado e terno".

Caiu? Levante-se! Não se conforme com o pecado nem desanime. Você vai vencer! O Catecismo da Igreja Católica afirma, no número 943: "os leigos têm o poder de vencer o império do pecado em si mesmos e no mundo". Além de o Senhor dotar-nos com essa força interior, que é mais potente que nossas faltas, ainda podemos recorrer à Sua graça. "Mas Ele [Jesus] me disse: Basta-te a minha graça".


Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, necessidades, perseguições e no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. "Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte" (II Cor 12,9a-10).

A graça de Deus, também, se manifesta em nossa pobreza. Quando nos percebemos impotentes diante de um fato, só podemos recorrer à Misericórdia Divina que, neste mundo, manifesta-se por excelência no Sacramento da Confissão. Confessar-se será sempre a melhor via de libertação.

Deus o abençoe!



Sandro Arquejada

Missionário da Comunidade Canção Nova, Sandro Arquejada é formado em Administração de Empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente, trabalha na Editora Canção Nova. Autor de livros pela Editora Canção Nova, ele já publicou três obras: "Maria, humana como nós"; "As cinco fases do namoro"; e "Terço dos Homens e a grande missão masculina".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-e-libertacao/por-que-cometo-sempre-os-mesmos-pecados/