2 de setembro de 2020

Aprenda com a inocência de cada criança

"Neste momento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: 'Quem é o maior no Reino dos céus?'. Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: 'Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus'" (Mateus 18,1-3).

Por que não um jovem? Por que não um ancião? Jesus quis mostrar a Seus discípulos uma criança. Respondeu com um gesto, e a criança se tornou a mais eloquente resposta para a pergunta daqueles homens: "Quem é o maior no Reino dos céus? O maior é a criança! Ou todo aquele que procura ter os sentimentos dela".

Para ser o maior no Reino não basta ter a força e a garra próprias da juventude ou a sabedoria e a experiência de vida de quem traz cabelos brancos. É preciso ser criança de alma!

Foto Ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

A inocência da criança é uma virtude

Confesso a você que tenho aprendido muito com meus filhos por meio da convivência diária com eles: aprendo a amar, servir, pedir perdão, voltar atrás e, principalmente, viver. E, vivendo, vou descobrindo que a vida é um constante aprendizado.

Tenho aprendido, nessa escola da vida, que uma das virtudes próprias das crianças é a tal da inocência. Inocência em falar a verdade, sem medo de se expor, sem se preocupar em agradar ou desagradar. Inocência que nos faz rir e chorar muitas vezes, que nos impulsiona a cobrir nossos filhos de beijos em vários momentos ou a dar-lhes aquele sermão. Inocência que nos faz ficar com "a pulga atrás da orelha" por causa daquela pergunta sem fácil resposta, ou cheios de orgulho, porque, finalmente, conseguimos bancar o "papai sabe-tudo", quando a nossa resposta conseguiu revelar o que até então lhes era misterioso.

A criança é inocente. Por isso, no Reino de Jesus, ela sempre será a maior, porque a inocência é própria de Deus. Ele é o inocente por excelência.

Um mundo carente

Infelizmente, há muito tempo, esse mundo não sabe mais o que é inocência. Recordo-me de que, anos atrás, o nosso país ficou horrorizado com a morte de um inocente de apenas seis anos, arrastado por sete quilômetros pelas ruas do Rio de Janeiro. Agora, no Reino dos Céus, encontra-se mais uma vítima de um mundo violento e que perdeu sua inocência faz tempo. Mas é por esse mundo desumano e que arrasta suas crianças inocentes pelo chão que Jesus morreu. Ele, o Supremo Inocente, derramou Seu Sangue por amor a cada um de nós.

Jesus (mais do que eu e você) acredita que essa sociedade pode voltar à sua inocência original. Por isso, ao terminar de ler essa reflexão, se você se encontrar com uma criança (quem sabe seu próprio filho) sorria e dê um forte abraço nesse pequeno inocente, na certeza de que você não abraça somente uma criança, mas também um sinal de Deus para este mundo: um sinal de esperança. Sim, isso mesmo: um sinal de esperança!

A criança é a maior no Reino dos céus e o maior sinal de que Deus ainda aposta neste mundo, pois, por intermédio da inocência de cada criança, que nos desconcerta e também nos edifica, somos lembrados por Deus de que, antes de um mundo assassino e sem piedade, existiu um mundo inocente em sua origem e repleto da grandeza d'Ele!

Observe e aprenda

Se hoje, por qualquer razão, você não consegue mais enxergar este "mundo paradisíaco" ao seu redor nem mesmo dentro de você, lembre-se de que Deus colocou, em seu caminho, esses "pequenos lembretes" de fralda, chupeta, dedo no nariz, pipas sendo empinadas, chutes na bola, corridas pelo parque, rostinhos lambuzados de chocolate e algodão-doce, sonos sossegados no colo da mãe. Enfim, crianças inocentes! São elas que nos lembram da inocência que tivemos um dia; e, hoje, somos chamados a buscá-la novamente. O primeiro passo é observá-las. Observar para aprender!

Ainda hoje, Jesus coloca seu sinal de inocência em nosso meio. Queira enxergar. Deseje observar e tente aprender.


É isso que eu tenho procurado fazer neste tempo. Sabe por quê? Porque eu não quero acreditar num mundo que arrasta nossos inocentes para a morte! Acredito, antes, num mundo que, mesmo tendo perdido sua inocência, aos olhos de Jesus nunca deixou de ser amado e querido por Ele.

Vamos rezar?

Reinflama em nós, Senhor, o desejo de aprender com a inocência das crianças! E ao aprender com elas, que queiramos ser contagiados pela certeza de que o Teu amor por este mundo é a verdadeira resposta, a grande esperança e a real solução para os conflitos de cada ser humano. Amém.


 


Alexandre Oliveira

Membro da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Alexandre é natural da cidade de Santos (SP). Casado, ele é pai de dois filhos. O missionário também é pregador, apresentador e produtor de conteúdo no canal 'Formação' do Portal Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/aprenda-com-a-inocencia-de-cada-crianca/

31 de agosto de 2020

Os aprendizes da vida e das vozes


Da vida todos somos aprendizes, pois a riqueza e o sentido do viver não permitem simplismos. Enquanto dom e tarefa, a vida é mistério. Por isso mesmo, não cabe nos limites de legislações, ultrapassa considerações políticas, não havendo abordagem confessional em que se encerre. Impossível esgotar-lhe o sentido, por mais completa que seja a narrativa. E o seu entendimento exige peregrinar às suas raízes, a seus sentidos, aos alicerces.

A vida é mistério, pelas profundezas de suas origens, e fonte, pela profundidade de sentido. Na sua maestria, Jesus a coloca como meta de sua missão ao dizer: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância", conferindo-lhe sacralidade e constituindo a misericórdia como o parâmetro mais alto de seu adequado tratamento. Assim, institui e eleva, para os que n'Ele creem, o valor incomparável da pessoa humana. A vida é, pois, dom que se estende para além das circunstâncias da existência terrena, porque consiste na participação da própria vida em Deus. E a sublimidade própria da vida de cada pessoa revela a grandeza e o valor precioso da vida de toda a humanidade.

DOM WALMOR

Foto Ilustrativa: by Getty Images / RichVintage

Aprendizes da vida

O evangelho da vida acena com a condição de aprendizes a todos os que têm a vida como dom e tarefa. Sua preciosidade se manifesta, de modo completo, na encarnação do filho de Deus, ao aceitar a morte na cruz pelo resgate de todos. Firma-se, assim, entre Deus e a humanidade, o compromisso inarredável de defender a vida de todas as ameaças, em todas as suas etapas. Compromisso que deve se fortalecer neste tempo de impressionante multiplicação e agravamento das ameaças à vida humana, a nações inteiras, particularmente aos indefesos e vulneráveis. São muitas as chagas expostas que atentam contra a vida, a exemplo da fome, da miséria, das epidemias, das guerras, de feridas com modalidades inéditas e inquietantes. Crescem as formas aviltantes de violências. Frutos de preconceitos e racismos, ferem particularmente os mais fragilizados e os excluídos, apontando a urgência de se rever as legislações no sentido de impedir que se chegue a absurdos ainda maiores. O panorama dos diferentes atentados à vida desafia a sociedade contemporânea a encontrar novas respostas e a confeccionar um tecido consistente, capaz de operar as mudanças necessárias nos vergonhosos cenários marcados pelos extermínios, pela eliminação de vidas.

O desafio é posicionar-se ante todos esses atentados, ante um contexto cultural que confere aos crimes contra a vida aspectos inéditos e iníquos. A partir das graves preocupações advindas da própria opinião pública, tenta-se justificar a liberdade individual de escolhas e procedimentos que atentam contra a sacralidade da vida. O desafio se torna ainda maior quando se constatam profundas alterações na maneira de considerar a vida, a vida de todos, e as relações entre as pessoas. Há, pois, nítido processo de afastamento dos princípios basilares, como causa de uma derrocada moral, dificultando o necessário retorno às fontes de inspiração e de clarividência em torno da sacralidade das vidas todas. E sem referências e princípios, as abordagens ocorrem no burburinho de vozes da turba. Compromete-se, assim, a qualidade do que se escolhe, do que se legisla, do que se sente, e as consequências são notórias: a vida passa a ser tratada por alas, por interesses, por disputas e até pelo oportunismo de se fazer reconhecido; por interesses político-partidários, além das razões extremistas e fundamentalistas – todas distanciadas do inegociável.

As exigências das vozes

As vozes se tornam opiniões próprias, de lugares hermenêuticos contaminados, com dificuldade de se perceber qual é o verdadeiro sentido, por não se saber retornar à fonte. Também por falta de traquejo de lidar com princípios, nota-se um silêncio sepulcral e omisso. Muitos não dizem nada por receio, porque se promovem em meio às vozes. Tudo se reduz a uma formulação prosaica. São muitas vozes e muitas contradições: a voz em defesa de algo ou de alguém é a voz que ao mesmo tempo pisa a honra e fere a dignidade do outro, com o descalabro interesseiro de anatematizar um e canonizar outro. Anatematiza quem parece ser uma voz diferente, desconhecendo sua compreensão e desconsiderando uma vida de feitos e comprometimentos. Canoniza até mesmo quem ainda é neófito, inexperiente, e apresenta argumentos equivocados.


Do mesmo modo que a fé se torna estéril, quando não consegue ser uma experiência de testemunho transformador, esterilidades se perpetram em vozes cujos sons não ecoam o que, cotidianamente, tem que se buscar na fonte-princípio. Os pitagóricos diziam que o princípio é a metade do todo. Se falta esta primeira metade, na tarefa de construção de um novo tecido social, cultural e político, com resultados efetivos sobre leis, costumes e estilos de vida, faltará a base para a segunda metade. Vozes serão muitas, como neste tempo de um coro dissonante, que exige dos aprendizes investimento em harmonias. E, assim, participem do coro dos lúcidos, cada vez mais, vozes coerentes e propositivas, capazes de imprimir as grandes mudanças neste tempo que precisa ser urgentemente novo para se promover e salvar vidas.



Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Atual membro da Congregação para a Doutrina da Fé e da Congregação para as Igrejas Orientais. No Brasil, é bispo referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental. http://www.arquidiocesebh.org.br


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/os-aprendizes-da-vida-e-das-vozes/

28 de agosto de 2020

Se é para viver a espera, que tal esperançar?


Esse tempo não deve ser uma espera passiva, mas sim ativa; hoje, no entanto, quero ir além e falar sobre uma espera ativa, quero falar de uma espera esperançosa.

A Palavra de Deus diz: esperando esperei no Senhor. Parece redundante, mas não é… explico logo mais. Em outra passagem diz: esperando contra toda esperança, esperei no Senhor. Essa é mais forte ainda.

Se é para viver a espera, que tal esperançar?

Foto ilustrativa: damircudic by Getty Images

Qual o objetivo da sua espera?

Tudo isso para lhe dizer que não basta esperar fazendo algo, é preciso esperar esperando, ou melhor, esperar "esperançando". Esperar numa atitude de quem tem a esperança de que vai alcançar o objeto de sua espera.

Esperar contra toda esperança. O que você muito deseja, mas aos olhos humanos lhe parece impossível? É nisso que você precisa aumentar a sua esperança, que é maior do que a confiança de que Deus vai lhe dar aquilo que você quer, mas sim é a confiança de que Deus vai lhe dar o melhor.


É nisso que precisa estar sua esperança, que Deus fará muito mais do que você espera, porque Ele vai lhe dar o melhor.

Espere esperançando o melhor de Deus para sua vida, pois Ele é capaz de surpreendê-lo com coisas maiores e melhores.



Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). Membro da Comunidade Canção Nova, desde o ano de 2009, a missionária é graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/se-e-para-esperar-vamos-esperancar/

26 de agosto de 2020

Por que cometemos sempre os mesmos pecados?


O encontro pessoal com Cristo Ressuscitado provoca uma transformação em nosso interior. O amor de Deus é responsável pelo nascimento de homens e mulheres novos, gerados na água e no Espírito (cf. Jo 3,3-5). Nossas aspirações passam a ser de enveredar pelo caminho da santidade, procurar o arrependimento dos pecados, para não ofender o Senhor, que revelou o quanto nos ama.

A esperança renasce, uma força contagia e, principalmente, um novo conceito de si, a partir da dignidade de filho de Deus, abrange nossos corações. Porém, decorrido algum tempo, pode acontecer de voltarmos a cometer alguns pecados. Mesmo com luta e vigilância, acabamos por cair, vez ou outra, nos mesmos erros. São os chamados "pecados de estimação".

Foto Ilustrativa: by Getty Images / torwai

O que esses pecados geram em nós

Temos a consciência e a inspiração de não pecar, então, por que nos percebemos fracos diante de certos impulsos? A primeira coisa a entender é que: o Senhor criou o homem todo no bem, para o bem e pelo bem. "E viu (Deus) que tudo era muito bom" (Gn 1,31). São Tomás de Aquino diz que "o homem, ao seguir qualquer desejo natural, tende à semelhança divina, pois todo bem naturalmente desejado é uma certa semelhança com a bondade divina". Ainda citando São Tomás de Aquino, ele diz: "O pecado é desviar-se da reta apropriação de um bem". O que leva o ser humano a pecar sempre será o desejo de alcançar o bem que nele foi constituído.

Pecamos quando usamos esses "bens", dons e talentos depositados em nós por Deus de forma incorreta. Esse anseio pelo bem nunca será extirpado e, ainda que a forma de buscar alcançá-lo seja errada, "o pecado tende a reproduzir-se e a reforçar-se, mas não consegue destruir o senso moral até a raiz" (Catecismo da Igreja Católica, n. 1865). O dom nunca morrerá, mesmo que o estejamos usando para o pecado. "Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis" (Rm 11,29).

Se todas as nossas faculdades humanas foram criadas para o bem, mas, por nossa livre iniciativa ou porque aprendemos as coisas de forma pecaminosa, nós ainda não conseguimos nos livrar de uma prática ruim, significa que estamos lidando com um traço da nossa personalidade criada para o bem; porém, durante a história pessoal, foi habituado na forma de pecado e não de virtude.

O demônio e as nossas fraquezas

Aí entra satanás, o autor do pecado com suas artimanhas. A tentação será maior em uma área do que em outra, pois o demônio conhece nossas fraquezas, ou melhor, conhece nossos traços e quer acabar com o que temos de melhor. Jesus, no deserto, foi tentado justamente em Sua mais sagrada particularidade, naquilo que só Ele é: "Se és Filho de Deus!" (Mt 4,3-6). De Jó, o demônio pediu contas de seu maior mérito: a fé (cf. Jó 1,21; 2,9-10).

Também, nossa maior luta será nas maiores características do nosso ser, no que diz respeito ao núcleo íntimo de cada um. É por isso que voltamos à prática do pecado, pois foi afetado um traço da sacra individualidade do ser, está selado em nós e não há como lançar fora o que somos. Exemplo disso: uma grande habilidade de comunicar-se, em vez de ser usufruída para levar a Boa Nova, pode estar sendo desenvolvida para a maledicência.

Se uma fraqueza persiste, há ali um forte traço da nossa humanidade. É um valioso dom, mas não o percebemos como riqueza, pois estamos lutando para sufocá-lo, já que está manifesto na forma de pecado. O homem que enterrou seu único talento, no fim perdeu-o, exatamente por não ter investido corretamente (cf. Mt 25, 14-30). O livro "Pecados e Virtudes Capitais", do professor Felipe Aquino, salienta que os erros e os bens capitais têm todos uma mesma raiz, apenas que um é inverso do outro.

O que devo fazer?

O que se deve fazer agora é direcionar essas forças para o bem, descobrindo em que ponto nos apropriamos, aprendemos ou canalizamos essa característica individual de forma errada e potencializá-la de maneira que venha à tona toda riqueza que o Altíssimo deu a cada um de nós.

Também, é essencial não lutarmos sozinhos! Tanto para detectar em que ponto da nossa vida o dom foi se inclinando para o pecado como para bem canalizá-lo será importante a ajuda de uma outra pessoa. Busque auxílio: biológico (se for patologia ou vício), psicológico e espiritual (alguém ministeriado).

Nessa descoberta, que é permeada pela luta, acima de tudo devemos ter paciência conosco. Sendo humanos, somos limitados e sempre conviveremos com nossas misérias, porém, não podemos nos render a elas. A busca da santidade não é atingir a perfeição, mas lutar contra nossas fraquezas. Nisso o ser humano avança, torna-se humanamente melhor e mais próximo de Deus.

É preciso lutar!

São Francisco de Sales ensinava: "Considerai os vossos defeitos com mais dó do que indignação, com mais humildade do que severidade, e conservai o coração cheio de um amor brando, sossegado e terno".

Caiu? Levante-se! Não se conforme com o pecado nem desanime. Você vai vencer! O Catecismo da Igreja Católica afirma, no número 943: "os leigos têm o poder de vencer o império do pecado em si mesmos e no mundo". Além de o Senhor dotar-nos com essa força interior, que é mais potente que nossas faltas, ainda podemos recorrer à Sua graça. "Mas Ele [Jesus] me disse: Basta-te a minha graça".


Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, necessidades, perseguições e no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. "Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte" (II Cor 12,9a-10).

A graça de Deus, também, se manifesta em nossa pobreza. Quando nos percebemos impotentes diante de um fato, só podemos recorrer à Misericórdia Divina que, neste mundo, manifesta-se por excelência no Sacramento da Confissão. Confessar-se será sempre a melhor via de libertação.

Deus o abençoe!



Sandro Arquejada

Missionário da Comunidade Canção Nova, Sandro Arquejada é formado em Administração de Empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente, trabalha na Editora Canção Nova. Autor de livros pela Editora Canção Nova, ele já publicou três obras: "Maria, humana como nós"; "As cinco fases do namoro"; e "Terço dos Homens e a grande missão masculina".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-e-libertacao/por-que-cometo-sempre-os-mesmos-pecados/

24 de agosto de 2020

Vocação: como saber se é Deus me chamando?


Há diferentes vocações, mas é um mesmo e único Deus que chama a todos. O chamado é sempre particular, pessoal e intransferível; ou seja, ninguém ouve por você o chamado que Ele te fez. Você ouve Deus falando, das mais infinitas e criativas formas, mas sempre de um jeito que você "ouvinte" entenda, ou Ele não chamou. Deus é simples, Ele não gosta de complicar as coisas.

Às vezes, o Senhor se utiliza de uma pessoa ou outra para chamar a sua atenção, pois quer falar com você, mas Ele falará com você e não para essa pessoa. Entendeu? A vocação é sempre um exercício de correspondência, Deus chama; eu escuto e respondo; Ele envia, assim como Samuel: "O Senhor chamou a Samuel, e disse ele: Eis-me aqui!" (1 Samuel 3, 4).

Vocação: como saber se é Deus me chamando?

Foto ilustrativa: Delmaine Donson by Getty Images

A revelação da vontade do Senhor em relação a nós se dará no decorrer desse processo de correspondência. É na intimidade com o Ele, ou seja, tornando-me cada vez mais amigo d'Ele é que as coisas se tornam mais claras. No início, Samuel precisava da ajuda de Eli para entender que era Deus quem o chamava, mas, à medida que ele mesmo foi buscando essa intimidade, mais alto e claro ouvia o Senhor.

Seja amigo de Deus

Aqui, quero chamar a atenção para a importância de um diretor espiritual nesse processo de discernimento. Mas lembre-se de: ser amigo de Deus é o primeiro passo para quem quer discernir bem uma vocação. E será sempre o "toque de caixa" dessa vocação, quanto mais íntimo d'Ele eu for, mais eu corresponderei com alegria a esse chamado e mais fácil será obedecer à voz de Deus que, na mesma proporção da nossa correspondência, nos pede mais e mais e nos confia missões cada vez maiores.


É interessante que possa parecer tensa essa relação com Deus, então, é aí é que está o segredo. Quando é o Senhor quem chama e livremente vamos respondendo a esse chamado e  nos tornamos amigos d'Ele, vamos sendo tomados por uma paz e uma alegria que autentica esse chamado e chancela a nossa decisão. O medo não cabe nessa relação de amizade com o Senhor e, pouco a pouco, vai ficando menor e mais distante.

Portanto, paz e alegria serão os nossos companheiros no discernimento vocacional e em nossa vocação, pois também serão eles que, nas horas difíceis e nubladas, nos indicarão o caminho certo.

"A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus" (Evangelli Gaudium n.1).

Deus abençoe e bom discernimento!



Carla Picolotto

Carla Picolotto, é natural de São José das Missões-Rio Grande do Sul membro da Canção Nova desde 2009. Passou pelas missões do Rio de Janeiro- RJ, Fortaleza- CE, além de Cachoeira Paulista-SP e Lavrinhas-SP atua hoje na missão de Queluz- SP na Equipe de Formação do Discipulado, que corresponde ao segundo ano do período de Averiguação de ingresso das novas vocações à Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/vocacao-como-saber-se-e-deus-me-chamando/

20 de agosto de 2020

Será que devo recomeçar ou desistir?

Em algumas situações de nossa vida, é necessário parar, rezar e fazer os cálculos, nos perguntando qual é a melhor escolha: desistir ou recomeçar. Recomeçar é sempre bom porque vem depois do verbo esperançar. Pois, se você acha que vale a pena recomeçar é porque, certamente, acredita que, dessa vez, poderá dar certo.

Mas antes é necessário realmente se questionar: "De fato, vale a pena tentar novamente?". Existem situações que a vida já nos mostrou que uma mudança não vai acontecer. Então, por que continuar insistindo? É melhor você parar e pegar a força que usa para tais situações dar certo e realocá-la em outra coisa.

Será que devo recomeçar ou desistir?

Foto ilustrativa: Tamara Dragovic by Getty Images

Recomeçar ou desistir depende de você

Porém, se após rezar e fazer os cálculos você perceber que vale a pena recomeçar, não tenha medo, recomece. Encha seu coração de alegria, de esperança, de força… E recomece! Seja um estudo, um relacionamento, sua vida de intimidade com Deus… Apenas recomece.


Recomeçar existe para situações que ainda não se acabaram, mas que, por vezes, foram deixadas de lado ou até mesmo ficaram desgastadas com o tempo, contudo, é possível retomar e dar a elas o sabor de novidade. O bom de recomeçar é porque você já aprendeu com as coisas que deram certas e erradas. Então, a sua chance de acertar agora são bem maiores. Recomeçar ou desistir depende de você e do discernimento de cada situação.

Eu rezo para que você saiba quais são as situações que precisa desistir como também as que precisa recomeçar. E para as que precisa recomeçar, desejo a você a força e a sabedoria. Você merece ser feliz!



Regiane Calixto

Regiane Calixto é natural de Caxambu (MG). Membro da Comunidade Canção Nova, desde o ano de 2009, a missionária é graduada em Ciência da Computação e pós-graduada em Gestão de Veículos de Comunicação. Encontrou na tecnologia e na comunicação um grande meio para levar às pessoas o Evangelho vivo e vivido.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/sera-que-devo-recomecar-ou-desistir/

17 de agosto de 2020

Diga-me quem “segues” e eu te direi quem és!


Em 1972, diante de toda perseguição e crise em que a Igreja vivia após o Concílio Vaticano II, São Paulo VI declarou que "de alguma fenda a fumaça de satanás entrou no templo de Deus", e seguiu explicando: "Há dúvida, incerteza, problemática, inquietação, insatisfação, confronto… Não confiamos mais na Igreja; confiamos no primeiro profeta profano que vem falar conosco de algum jornal ou de algum movimento social para persegui-lo e perguntar se ele tem a fórmula da vida real"1. São Paulo VI denunciava uma crise de referencial. A Igreja que, desde o dia em que "nasceu do lado aberto de Cristo"2 foi mãe para a humanidade, agora, era deixada de lado, era abandonada, era desprezada por pagãos e pelos seus próprios filhos.

Diga-me quem

Foto ilustrativa: pkanchana by Getty Images

Hoje não é diferente. Também estamos em um tempo em que buscamos referenciais, mas, se esses forem buscados em lugares errados, seremos muito mais manipulados do que conduzidos à Verdade, como sempre foi o papel de Cristo e de sua Igreja.

Qual é a sua referência?

O mundo atual carece de referência e qualquer nova oportunidade pode tornar-se um bem ou um mal. O cuidado com os meios se encontra em quem tem domínio de si e não em quem segue "qualquer vento de doutrina" (Ef 4, 14), em quem acredita na mentira mais esfarrapada e sem fundamento que lhe contem. É preciso urgentemente voltar a desenvolver no coração do filho de Deus, que nasceu nas águas do batismo, o domínio nas paixões e o discernimento. Atualmente, qualquer um que tenha um perfil nas redes sociais pode encontrar nelas um referencial, um "digital influencer", e isso não é em tudo ruim, o perigo se encontra em fazer das nossas referencias os nossos ídolos, o nosso "Baal" do mundo moderno. E, na era digital, qualquer pessoa pode se tornar um falso messias!


A grande referência de quem é cristão deve ser a Doutrina da Igreja! Tudo deve ser passado pelo crivo da fé; e tudo que a extrapola ou a abandona pode ser um perigo grande demais para quem não tem maturidade de enfrentar. A Igreja com a sua Doutrina sempre foi a "Lumen Gentium"3, a luz dos povos, e hoje não pode ser diferente.

A quem você está seguindo? Quem te conduz? Para onde te conduz?

Referências:

1 Homilia do dia 29 de junho de 1972.
2 Enciclica Haurietis Aquas, nº 39.
3 Documento do Concílio Vaticano II sobre a Igreja.

Renné Santos de Sena Viana


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/dize-me-quem-segues-e-eu-te-direi-quem-es/