14 de agosto de 2020

Não pecar contra a castidade!


Talvez a castidade seja o mandamento mais desobedecido em nossos dias. Mais do que nos demais, nesse campo a Lei de Deus é vista como mera repressão sexual a ser abolida com a máxima urgência. "Chega de tabus religiosos!", dizem. Para os que querem ser fiéis a Jesus Cristo, e querem ser de fato felizes, o mandamento continuará sempre de pé, pois é eterno.

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Não fira a castidade

O triste espetáculo dos motéis, dos telefones eróticos, das novelas sensuais, dos filmes pornôs, da camisinha etc., atestam a decadência de uma civilização que, ousadamente, suprimiu a Lei sagrada de Deus. Calca aos pés o sagrado e afronta loucamente o Criador.

Já no Antigo Testamento, o Senhor dizia a Seu povo: "Não cometerás adultério" (Dt 5,18). E Jesus leva o preceito à perfeição: "Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração" (cf. Mt 5,27-28). O Mestre é radical nesse ponto, mas, ao mesmo tempo que é intransigente com o pecado, ama o pecador. À mulher adúltera, a ser apedrejada, Ele diz: "Vai e não peques mais".

O nosso mundo moderno quer, a todo custo, adaptar o Evangelho aos seus prazeres. Ao que São Paulo responde: "Não vos conformeis com este mundo, mas reformai-vos pela renovação do vosso espírito" (cf. Rm 12,2).

As desordens humanas

Não é verdade que aqueles que profanam o próprio corpo, indefinidamente, acabam numa morte triste? É interessante como São Paulo insiste nesse ponto. Também sobre o homossexualismo, hoje tão defendido por muitos, a condenação da Bíblia e da Igreja é expressa: "Não te deitarás com um homem como se fosse uma mulher: isso é uma abominação" (cf. Lv 18,22). "Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometeram uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa" (cf. Lv 20,13).

São palavras claras, pelas quais Deus classifica a prática do homossexualismo como uma abominação.

Na Carta aos Romanos, São Paulo mostra a gravidade desse comportamento desordenado: "Conhecendo Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças […] Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações e à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos […], as suas mulheres mudaram o uso natural em outro que é contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam de desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida a seu desvario" (cf. Rm 1,21-27).

Deus ama o pecador, mas abomina o pecado

Quando, em 1994, no "Ano da Família", o Parlamento Europeu, tristemente, reconheceu a validade jurídica dos matrimônios entre homossexuais, até admitindo a adoção de crianças por eles, o Papa João Paulo II tomou posição imediata: "Não é moralmente admissível a aprovação jurídica da prática homossexual. Ser compreensivos para com quem peca, e para com quem não é capaz de libertar-se desta tendência, não significa abdicar das exigências da norma moral… Não há dúvida de que estamos diante de uma grande e terrível tentação" (20/02/94).

O Catecismo da Igreja também é claro nos pontos que ofendem a castidade: Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Gn 19,1-20; I Tm 1,10), a tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural (nº 2357).

Também com referência à masturbação, defendida por muitos como algo normal, ensina a Igreja: "Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmam sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseco e gravemente desordenado" (nº 2352).

Enfim, diz o Catecismo: "Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade" (idem).

A luta contra as impurezas

Sabemos que não é fácil a luta contra as misérias da carne, e é preciso ter caridade, respeito e compaixão pelos que sofrem desses males. É preciso lembrar-lhes que só Cristo pode dar força e libertação. Lembra-nos o apóstolo que: "Tudo posso naquele que me dá forças" (Fl 4,13).

Importa não desanimar na luta em busca da pureza. Sempre lutar, com a graça de Deus, até que o espírito submeta a matéria. São Pedro nos diz: "Depois que tiverdes padecido um pouco, [Deus] vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará" (I Pd 5,10).

Muitas vezes, pode nos parecer que a luta contra as paixões da carne sejam sem fim, ou que a vitória seja impossível. De fato, com a nossa fraqueza jamais podemos vencê-las, mas, como disse Santo Agostinho, que experimentou tão bem este combate: O que é impossível à natureza, é possível à graça.


Somente com os auxílios da graça de Deus é que podemos vencer as misérias da nossa carne. Daí a importância de uma continua vigilância sobre nós mesmos, ao mesmo tempo em que vivemos uma profunda e perseverante vida de oração e de participação nos Sacramentos da Reconciliação (Confissão) e Eucaristia. Nesses Sacramentos, Jesus nos lava com o seu próprio Sangue redentor, alimenta-nos e cura a alma, a fim de que sejamos fortes contra as tentações. Nossa Mãe Maria é a Rainha da pureza e está sempre pronta a nos auxiliar nesta luta árdua. Precisamos recorrer a ela e nos colocarmos continuamente debaixo de sua proteção materna.

A luta contra as impurezas é da maior importância, não só para cada um de nós, mas, principalmente, porque cada batizado é membro de Cristo (cf. I Cor 12,27). É preciso estarmos cientes de que, quando nos sujamos, sujamos também o Corpo de Cristo; aí está toda a gravidade da luxúria. Cada um de nós é parte do Corpo de Cristo, que é a Igreja; logo, o nosso pecado afeta toda a Igreja. Eis porque nos confessamos com um ministro seu, também, para nos reconciliarmos com ela.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/castidade/nao-pecar-contra-a-castidade/

12 de agosto de 2020

Ofensas e humilhações: combustível para mais ofensas e humilhações


Costuma-se dizer que uma pessoa só revela aquilo que ela verdadeiramente é quando se exige dela uma resposta imediata diante de uma situação repentina. Não sei se isso é totalmente verdadeiro, porém, é inegável que a zona de conforto que todos nós gostamos tanto e na qual nos refugiamos é também uma região em que se manifestam apenas as nossas aparências. Nela, o 'verdadeiro eu' permanece num cochilo "hibernaz".

Por vezes, o sossego duradouro do 'verdadeiro eu' é incomodado. Geralmente, esse inconveniente é causado por aquilo que ouvimos, vemos, pensamos, presenciamos, em suma, pelo que se nos apresenta, principalmente, de supetão. Caso me fosse pedido um exemplo concreto, eu logo responderia o mais recente: o tal vídeo que  "tsunamizou" a internet essa semana. Quem não assistiu, afinal, ao vídeo daquele rapaz que trabalha com entregas de alimento sendo recebido com exasperação por um outro que fizera a tal encomenda?

Não pretendo fazer nenhum comentário diretamente sobre o vídeo, muitos já o fizeram. Que cada um analise para si a justeza (ou não) dessa repercussão acalorada. A bem da verdade, confesso, não consegui até hoje assistir ao vídeo do início ao fim. Meu propósito é tecer alguns breves comentários sobre a repercussão do caso nas redes sociais.

Ofensas e humilhações: combustível para mais ofensas e humilhações

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Jesus quebrou o ciclo das ofensas e das humilhações

Alguém parou para pensar, ao menos por um minuto, no conteúdo dessa repercussão? Merecida ou imerecidamente, a pessoa que humilhou foi fortemente repreendida com mais humilhações. Situação que se assemelha, de certo modo, a uma reprimenda de uma mãe que, aos berros enlouquecedores, pede para o filho parar de gritar. Não teria essa situação algo de esquizofrênico? Eis o ciclo do mal e da ignorância sendo fomentado com mais mal e mais ignorância.

A título de exemplo, que bem se poderia tirar comparando a uma caixa d'água aquele que, no vídeo, provocou a humilhação? Pelas redes sociais, o infeliz ainda ganhou rosto de demônio, feições suínas, corpo de personagens jocosos do cinema, sem contar os intermináveis xingamentos desmedidos que nem cabe retomar. Com isso, não estou defendendo nem deixando de defender ninguém.

A propósito, o Mateus – aquele do Evangelho – possuía uma profissão que lhe trazia enormes somas de dinheiro, ou seja, era coletor de impostos. Embora fosse rico, aquele homem, o Mateus do Evangelho, foi desprezado. Considerado por todos como um aproveitador, certamente Mateus seria alvo de muitos memes caso estivesse nos nossos tempos. Assim como os fariseus daquele tempo não o perdoaram, os do nosso tempo, provavelmente, também não o faria. O fato importante é que Jesus, mesmo sabendo quem ele era, quis jantar em sua casa.


Ser cristão, caro internauta, realmente é um grande desafio. Jesus quebrou o ciclo das ofensas e das humilhações. Em Jesus, o mal que Mateus fazia não foi usado de combustível para fomentar mais ofensas e humilhações. Jesus quebrou o ciclo do mal com o amor, desarmou o gatilho do mal. Aliás, Ele é especialista em fazer essas coisas. A mansidão do nazareno trouxe outra perspectiva para o caso do Mateus do Evangelho. O antídoto para a vozearia e o
burburinho ensurdecedor causado pela vontade de vingança havia sido apresentado por Jesus. Os fariseus, infelizmente, não o souberam usar.

Colocando novamente em evidência o caso específico do vídeo que citei acima, atrevo-me a perguntar a todos que, de alguma forma, reagiram ao caso: "Você foi capaz de quebrar o ciclo de vingança e de ofensa, assim como nos ensinou Jesus?". Não sei qual será a resposta que sua consciência lhe dará. Sei, porém, a resposta que a minha consciência me dá, a saber, um vergonhoso "não". Preciso me converter!

Desse caso tirei um aprendizado: não quero deixar escapar dos meus pensamentos que até mesmo o rico Mateus, aquele do Evangelho, recebeu o perdão e a misericórdia de Deus. Viver o cristianismo, realmente, não é fácil.

Deus abençoe você e até a próxima!



Gleidson Carvalho

Gleidson de Souza Carvalho é natural de Valença (RJ), mas viveu parte de sua vida em Piraúba (MG). Hoje, ele é missionário da Comunidade Canção Nova, candidato às ordens sacras, licenciado em Filosofia e bacharelando em Teologia, ambos pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP). Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, na Liturgia do Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários. Apresenta, com os demais seminaristas, o "Terço em Família" pela Rádio Canção Nova AM. (Instagram: @cngleidson)


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/sociedade/ofensas-e-humilhacoes-combustivel-para-mais-ofensas-e-humilhacoes/

10 de agosto de 2020

O poder do diálogo no matrimônio


A última encíclica do Santo Padre, o Papa emérito Bento XVI, "Caritas in Veritate", de 29 de junho de 2009, apresenta uma proposta de vida, na qual as pessoas devem viver a verdade. E essa verdade deverá ser procurada, expressada e encontrada na caridade; e toda caridade precisa ser compreendida, avaliada e praticada à luz da verdade. O Papa usa a expressão "ágape" para falar de caridade e "logos" para dizer da verdade. E afirma que: da verdade (logos) sai a palavra "dia-logos" – diálogo, comunicação, comunhão. A comunhão é o fruto do diálogo.

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Foto Ilustrativa: itakayuki by Getty Images

O diálogo é fundamental no matrimônio

No matrimônio, o diálogo entre os cônjuges é a fonte para que o amor se alimente, cresça e frutifique em obras na própria vida do casal e também frutos de transformação da sociedade. A base do diálogo é e será sempre a verdade, mas a forma de se dizer a verdade precisa ser a caridade, com respeito a outra pessoa. Vemos muitos casais em crises conjugais por causa da falta de diálogo, por não expressarem livremente a sua opinião, causando sempre a depressão no outro, que se sente sufocado por viver a partir da verdade do cônjuge, sem poder se dizer. Por isso, o diálogo é fundamental no matrimônio.

O que seria, então, o diálogo? Arrisco afirmar que a base é a escuta e não o falar. Para aprender a dialogar com os outros é preciso aprender a ouvi-lo sem qualquer preconceito, sem querer corrigi-lo ou interferir em sua fala. Toda pessoa precisa ser ouvida, precisa ter alguém que a escute e dê atenção às suas aspirações, sofrimentos, anseios diários. Enfim, todos precisamos que alguém nos acolha com amor e nos escute por um momento do dia. Acho esse o ponto essencial no diálogo: um fala e o outro escuta, depois, o outro fala e o primeiro escuta. O fruto do diálogo deverá ser o consenso, uma opinião comum.


Quando tudo isso não acontece as pessoas acabam se fechando e não se comunicando com quem ama, porque esse não soube ouvi-la ou, então, interpretou a sua fala de forma errônea, distorcendo aquilo que ouviu e reagindo de forma agressiva ou indiferente.

O diálogo deve ser pautado na verdade

O centro do diálogo é a busca da verdade, e a verdade é Jesus Cristo. N'Ele podemos encontrar o ponto de unidade para o diálogo, por isso, a importância do casal rezar juntos. Quem reza junto consegue conversar e dialogar de forma madura e sempre com respeito. Podemos até discordar da opinião dos outros, mas é sempre bom separar o fato da pessoa. Separe e preserve sempre a pessoa; discuta opiniões. Toda discussão tem de ter como base o amor.

A verdade dita sem amor torna-se agressiva e não produz o efeito de ajuda para a melhora do outro. Se aprendermos a viver o diálogo pela verdade, mas ajustado ao amor de Deus, poderemos ser mais felizes no nosso matrimônio.

Deus o abençoe!


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/matrimonio/o-poder-do-dialogo-no-matrimonio/

7 de agosto de 2020

Por que o "Evangelho de Judas" não faz parte da Bíblia?


A toda hora, surgem notícias sobre os evangelhos apócrifos. A tradução do Evangelho de Judas, que na verdade já era conhecido de Santo Irineu, por volta do ano 180, nada traz de novo para a Igreja.

Excluídos da Bíblia

Os apócrifos são livros do Antigo e do Novo Testamento que a Igreja rejeitou por não serem inspirados pelo Espírito Santo, e assim não os colocou na Bíblia. A Igreja definiu o cânon da Bíblia (índice) desde o ano 200 com o Cânon de Muratori e outros concílios como o de Cartago III e IV.

Foto Ilustrativa: by Getty / Sergio Yoneda

 

Os apócrifos foram excluídos da Bíblia por serem fantasiosos sobre a pessoa de Jesus e outros personagens bíblicos, ou por possuírem heresias, especialmente os evangelhos gnósticos. Esses foram encontrados numa caverna da cidade egípcia de Nag Hammadi em 1945. Alguns levam os nomes dos apóstolos e outros personagens bíblicos, mas não foram escritos por eles.

Livros apócrifos no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, temos os seguintes apócrifos: Jubileus; A Vida de Adão e Eva; 1 Henoque; 2 Henoque; Apocalipse de Abraão; Testamento de Abraão; Testamento de Isaac; Testamento de Jacó; Escada de Jacó; José e Asenet; Testamento dos Doze Patriarcas; Assunção de Moisés; Testamento de Jó; Salmos de Salomão; Odes de Salomão; Testamento de Salomão; Apocalipse de Elias; Ascensão de Isaías; Paralipômenos de Jeremias; Apocalipse Siríaco de Baruc; Apocalipse de Sofonias; Apocalipse de Esdras; Apocalipse de Sedrac; 3 Esdras; 4 Esdras; Sibilinos; Pseudo-Filon; 3 Macabeus; 4 Macabeus; Salmos 151-155; Oração de Manasses; Carta de Aristeu; As Dezoito Bênçãos; Ahigar; Vida dos Profetas; Recabitas.

Livros apócrifos no Novo Testamento

Os apócrifos do Novo Testamento são: Evangelho segundo os Hebreus (gnóstico) – fim do séc I.; Proto-Evangelho de Tiago (História do nascimento de Maria); Evangelho do Pseudo Tomé; O Evangelho de Pedro (gnóstico) – meados do séc II.; O Evangelho de Nicodemos; Evangelho dos Ebionitas ou dos Doze Apóstolos – meados do séc II; Evangelho segundo os Egípcios – meados do séc II; Evangelho de André – séc II/III; Evangelho de Filipe – séc II/III; Evangelho de Bartolomeu – séc II/III; Evangelho de Barnabé – séc II/III; O Evangelho de Judas (gnóstico).

Outros Assuntos: O drama de Pilatos; A morte e Assunção de Maria; A Paixão de Jesus; Descida de Jesus aos Infernos; Declaração de José de Arimateia; História de José o carpinteiro. Atos: Atos de Pedro; Atos de Paulo; Atos de André; Atos de João; Atos de Tomé; Atos de Felipe; Atos de Tadeu. Epístolas: Epístolas de Barnabé; Terceira Epístola aos Coríntios – séc II dC; Epístola aos Laodicenses – fim do séc II dC; Carta dos Apóstolos – 180 dC; Correspondência entre Sêneca e São Paulo – séc IV dC. Apocalipses: Apocalipse de Pedro – meados do século II; Apocalipse de Paulo – 380 dC; Sibila Cristã – século III.


Isso mostra que a Igreja foi muito criteriosa na seleção dos livros que formariam a Bíblia, isto é, revelados, Palavra de Deus. Por meio de sua tradição, interpretada pelo Magistério, a Igreja nos deu a Bíblia como a temos hoje. Portanto, sem a autoridade da Igreja ela não pode ser interpretada, pois não existiria a Bíblia como a temos hoje.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/biblia/estudo-biblico/por-que-o-evangelho-de-judas-nao-faz-parte-da-biblia/

5 de agosto de 2020

É preciso mudar de vida

São João Maria Vianney, o cura D'Ars, tinha um carisma muito especial no Sacramento da Confissão; ele era um grande confessor.

Conta-se que: uma senhora, que se confessava com ele, todas as vezes dizia o mesmo pecado: falava mal das pessoas. Ele a aconselhava, lhe dava penitência e absolvição. Mas como ela voltou a confessar tantas vezes o mesmo pecado, um dia, ele lhe deu uma penitência especial: "Hoje, a senhora pegará uma galinha viva e sairá pela cidade depenando-a e jogando as penas pela cidade".

A mulher ficou envergonhada, mas como era penitência, fez o que o padre lhe pediu. Todos acharam muito estranha a atitude dela, andando pela cidade e depenando a galinha, muitos pensaram que ela havia enlouquecido.

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Depois que terminou, ela voltou à casa de São João Maria Vianney e mostrou-lhe a galinha depenada. Ele, então, lhe disse: "Ótimo, a senhora fez a primeira parte da penitência. A segunda é a seguinte: volte e reúna todas as penas".

Para mudar de vida, é preciso mudar as atitudes

É impossível juntar as penas! E ainda mais recolocá-las. Depois que você falou mal de alguém, e até o difamou, não dá mais para reconstruir a imagem dessa pessoa. Mesmo que o irmão tenha errado, ele é "santo" porque pertence ao Senhor, foi Ele quem o escolheu. Santo quer dizer "escolhido". Não duvide: o Senhor escolheu um por um dos nossos irmãos. Eles são santos, são intocáveis; não pertencem a nós: pertencem ao Senhor. Não somos seus juízes: o juiz deles é unicamente o Senhor. A nós cabe somente a misericórdia. Jesus os resgatou ao preço do sangue d'Ele.

O Espírito Santo é perdão

Depois que você "jogou pelos ares" a eleição do irmão, não dá mais para ajuntar as "penas". Temos, infelizmente, agido dessa maneira na Igreja, na comunidade, em nosso grupo de oração. Esse, porém, não é o procedimento coerente de pessoas que têm o Espírito Santo, que receberam os dons e foram batizadas n'Ele.

É preciso mudar de vida. Não pode se dizer batizado no Espírito quem procede assim, porque o Espírito Santo de Deus é amor. Ele é misericórdia e perdão.

Todos nós temos falhas e defeitos; mas não se pode jogar no lixo a honra, o nome, o chamado, a eleição e a escolha do irmão. Não se pode fixar o olhar somente nos erros e defeitos dele. Ainda mais quando esse irmão é nosso companheiro de caminhada, companheiro de batalha. Estamos no mesmo combate; na mesma "tropa de elite"… E não estamos prontos. Todos estamos em fase de "treinamento". O Senhor está nos "adestrando" para sermos seus valentes guerreiros.


Temos de mudar nossa vida para que possamos dar à Igreja a contribuição de que ela precisa. (…) "Não tenhais nenhuma dívida para com quem quer que seja, a não ser a de vos amardes uns aos outros; pois aquele que ama o seu próximo cumpriu plenamente a lei" (Rm 13:8).



Mons. Jonas Abib

Fundador da Comunidade Canção Nova e Presidente da Fundação João Paulo II. É autor de diversos livros, milhares de palestras em audio e vídeo, viajando o Brasil e o mundo em encontros de evangelização. Acesse: http://www.padrejonas.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/e-preciso-mudar-de-vida/

3 de agosto de 2020

Temos muitas diferenças e está tudo bem!

É bastante comum, numa conversa entre namorados, noivos ou casados, que o tema das diferenças entre em cena. Via de regra, alguém diz, referindo-se ao seu parceiro: "Nós somos muito diferentes, você nem imagina!" A verdade é que imaginamos sim. Todos nós, casados, noivos ou namorados, sabemos bem o quanto somos diferentes da pessoa que escolhemos para viver até o fim da nossa vida. O que ocorre é que muitos casais, especialmente namorados, prestam atenção apenas a uma dimensão da diferença, aquela que mais chama a atenção no exterior: o  temperamento. "Nossa, fulano e eu somos muito diferentes! Eu sou totalmente sanguínea, ele é melancólico. É um desafio, mas a gente acaba se entendendo." Os temperamentos, contudo, são apenas uma pequena parte daquilo que forma uma pessoa em sua inteireza. De início, pode parecer que eles definem o seu namorado ou definem as  diferenças no seu namoro, mas há muito mais que isso.

Quem já tem muitos anos de casado tem atrás de si diversas histórias, um sem número de pequenos embates e desafios com seu cônjuge. Se for alguém que busca a Deus, essa pessoa certamente soube tirar de cada embate e desafio um aprendizado. Uma lição importante nesse sentido é: todas as diferenças importam, mesmo as menores. Ao longo da vida conjugal, pequenas coisas vão se repetir muitas vezes diariamente por muitos anos. No namoro, você pode olhar para seu namorado ou namorada e dizer: "Ele é um pouco bagunçado, mas isso eu tiro de letra." Ou: "Pela manhã, ela sempre está de mau humor, só melhora depois das dez, mas isso é fichinha perto do amor que tenho por ela."

Temos muitas diferenças e está tudo bem!

Foto ilustrativa: PeopleImages by Getty Images

Sim, no namoro, situações assim podem parecer insignificantes, mas se você só gosta das coisas muito bem organizadas e todos os dias vê seu marido deixando a toalha de qualquer jeito no banheiro ou a caixa de remédios fora do lugar, isso vai gerando tensão entre vocês, e essa "pequena" diferença passa a ter bem mais relevância. A mesma coisa acontece se você já acorda a mil por hora, animado, cheio de energia, querendo sair ou participar da missa aos domingos às sete da manhã, por exemplo, e sua esposa acorda sempre de cara fechada e nunca topa fazer nenhum programa logo cedo.


As diferenças, mesmo que pequenas, contam?

Toda diferença conta e, tendo você percebido ou não, você e seu(ua) namorado(a) são bastante diferentes. Examine-se além dos seus temperamentos. Pense na educação e nos costumes que cada um de vocês recebeu da família. Pode ser que um tenha vindo de uma família mais abastada, outro de uma família mais simples. Ou ainda um veio de uma
família bem estruturada, outro não conheceu o pai ou a mãe… Um pode ter recebido uma educação mais rígida nos costumes, outro viveu solto, sem rédeas, enfim, há muitas combinações possíveis que podem explicar diferenças significativas entre vocês só olhando para a família. Mas não para por aí. Pense também na questão cultural, que pode ser afetada por tanta coisa: a) a região onde nasceram – se um é do Nordeste e o outro é do Sul, por exemplo, quanta diferença cultural cada um traz na bagagem! b) o porte da cidade – se um cresceu numa grande capital, como São Paulo, Recife ou Belo Horizonte, e o outro cresceu na zona rural de uma pequena cidade do interior, que diferença de mundos! c) o acesso à educação que cada um teve – se um tem nível superior e é alguém que sempre valorizou os estudos e o outro teve uma vida mais distante do mundo acadêmico, por exemplo. Você poderia continuar a sua investigação em diversas direções e continuaria a encontrar contextos que evidenciariam a existência de diferenças entre vocês: gostos adquiridos, sejam culinários, políticos, de lazer; história pessoal de vida – de um lado, alguém que viveu vícios, pecados ou que sofreu muitas desilusões amorosas, e do outro lado alguém com uma vida vivida no recato, longe do mundo.

Sim, temos muitas diferenças, mas está tudo bem! Como católicos, somos todos convidados a buscarmos Deus, perseguirmos uma vida de santidade. Por conta disso, devemos olhar essas diferenças como oportunidades para crescermos no amor a Deus e no amor pelo outro. Quando o casal vive em sintonia com Deus, o próprio Espírito Santo vai ensinando, de maneira bem lenta, natural, ao longo dos anos, por meio da própria vida, onde cada um terá que ceder, precisará mudar, onde fica o limite do outro. Naquele exemplo da esposa que acorda de mau humor, pode ser que seja muito difícil para ela superar isso e acordar todos os dias bem, mas ela consegue dar um passo de amor ao decidir participar da missa dos domingos pela manhã, e o esposo, compreendendo a luta de sua esposa, aceita esse passo com alegria. No caso do marido desorganizado, muito possivelmente o passo terá que ser duplo: ele se converte e ordena a própria vida, mas a esposa também tolerará mais as limitações dele, que nem sempre conseguirá alcançar o nível de organização dela.

Diante de tudo isso, olhe para o seu relacionamento e dê um passo além no conhecimento de si próprio e do outro. Essa é uma aventura na qual vale muito a pena embarcar. São sementes plantadas no namoro e no noivado que renderão belos frutos se você chegar a se casar com essa pessoa.



José Leonardo Nascimento

José Leonardo Ribeiro Nascimento é casado, pai de quatro filhos e membro do segundo elo da Comunidade Canção Nova desde 2007. Natural de Paripiranga (BA), cursou Ciências Contábeis na Universidade Federal de Sergipe e fez pós-graduação em economia por meio do Minerva Program, na George Washington University, nos Estados Unidos. Trabalha, há 18 anos, como Auditor Federal na Controladoria-Geral da União em Aracaju (SE). Ele e sua esposa trabalham, há muitos anos, com a evangelização de casais e de famílias, coordenando grupos e pregando em retiros e encontros.
Instagram: @leonardonascimentocn | Facebook: @leonardonascimentocn


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/namoro/formacao-para-namorados-e-noivos-temos-muitas-diferencas-e-esta-tudo-bem/

29 de julho de 2020

Como podemos encontrar a verdadeira felicidade?

Podemos passar pelos momentos de dor e sofrimento sem perder a alegria e a felicidade. O ser humano vive uma contínua busca pela felicidade, entretanto, como encontra-la é o que todos se perguntam. Victor Frankl é um psiquiatra vienense, judeu, fundador da Logoterapia, uma abordagem psicológica que se concentra no sentido da existência humana, bem como na busca da pessoa por esse sentido. Ele afirma que: felicidade não é algo que deve ser buscado ou perseguido, porque ela é uma consequência da realização do sentido da vida. Para Frankl, não se visa à felicidade, pois ela, por si mesma, não acontece.

Ele acredita que o caminho concreto para a realização do ser humano e, consequentemente, a felicidade está na autotranscendência. O que deve ser visado é uma tarefa, uma causa ou uma pessoa, e quanto mais alguém se esquece de querer ser feliz dedicando-se a uma causa ou a outras pessoas, mais essa pessoa poderá ser feliz. A nossa existência sempre se refere a algo ou a alguém e não a ela mesma. Isso significa que precisamos ter um objetivo a ser alcançado na nossa vida e uma causa pela qual podemos sair de nós mesmos e ir além de nós.

Foto Ilustrativa: by Getty Images / evgenyatamanenko

Ir além de si é caminho para a felicidade

Para o fundador da Logoterapia, o homem só se torna homem e é completamente ele mesmo quando fica absorvido pela dedicação a uma tarefa, quando se esquece de si mesmo no serviço a uma causa ou no amor a uma outra pessoa. Ou seja, somente quando o ser humano transcende a si mesmo, indo além de si próprio, é que se torna verdadeiramente homem e encontra o sentido de sua vida. Dessa forma, torna-se possível encontrar finalmente a tão sonhada felicidade.

Você pode estar pensando assim: e quando nos encontramos envolvidos em situações que não escolhemos, seja ela uma doença, dificuldades financeiras e tantas outras que nos prendem? Como sair de situações assim e ir além de nós mesmos? Como não buscar a felicidade se o que enfrentamos é dor, sofrimento e dificuldade? Frankl também nos ensina que não somos livres de nossas limitações, mas temos liberdade para nos posicionar diante delas.


Somos livres "para" algo e não "de" algo. Somos livres independentemente da situação a qual vivemos e enfrentamos; livres para dar uma resposta diferente e não ficar presos em nossas próprias limitações, indo além de nós mesmos, dedicando-nos para uma causa ou alguém. Isso não quer dizer que devamos fugir das situações, e sim enfrentá-las e não ficarmos presos nelas.

O segredo dos santos

Podemos ver o exemplo dos santos; aliás, não será esse o segredo deles? Vejamos Madre Teresa de Calcutá: nasceu numa família católica albanesa na qual nada lhe faltava. O pai faleceu quando ela tinha 9 anos; e, a partir daí, a situação financeira da família mudou drasticamente. Ao completar 18 anos, saiu de sua casa para o convento e nunca mais pôde rever a família por questões políticas.

Mas ela não parou nisso, na saudade, nos problemas familiares, na proibição de voltar para a sua terra natal e rever a mãe e irmãos. Com 17 anos de vida religiosa, sentiu o chamado de Deus para se entregar ao serviço dos pobres, vivendo com eles. Enfrentou inúmeras dificuldades e perseguições. No entanto, não parou nelas. E alguém pode dizer que ela não era feliz ou realizada?

Um outro exemplo é José Antonio Meléndez Rodríguez, conhecido como Tony Meléndez. Ele nasceu na Nicarágua com uma deformidade física: sem os dois braços. Porém, sua limitação não o parou. Hoje, ele é músico consagrado nos Estados Unidos, toca guitarra com os pés, é cantor e compositor. No ano de 1987, teve a oportunidade de tocar e cantar para milhares de jovens na presença do saudoso Papa João Paulo II, em Los Angeles. É casado e pai de dois filhos adotados, músico consagrado, feliz e realizado em sua vida pessoal e profissional.

Podemos passar pelos momentos de dor e sofrimento sem perder a alegria e a felicidade. Porque a verdadeira alegria, a verdadeira felicidade acontece quando vamos ao encontro do outro, quando nos gastamos por uma causa, por alguém que amamos e, principalmente, quando nos gastamos para Deus, servindo-O.



Manuela Melo

Neuropsicóloga e Psicóloga Clínica, Manuela Melo cursou MBA em Gestão de Pessoas. Membro da Comunidade Canção Nova por 20 anos, hoje a psicóloga atua em Recife e Surubim, ambas cidades do Estado de Pernambuco, onde ela reside atualmente. Contato: manuelamelocn@gmail.com


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/como-podemos-encontrar-verdadeira-felicidade/