21 de maio de 2020

A caridade ardente de Maria

Maria é a serva do Senhor, um humilde instrumento nas mãos de Deus. E tudo aquilo que Ela é, ela é por causa dos méritos do seu Filho e Senhor Nosso. No coração da Virgem Maria ardia, de forma tão extraordinária, a caridade, que era fruto da sua fé e da sua esperança. O coração de Maria era tomado pela Palavra de Deus, nele não existia espaço para nada que não fosse Deus, era um coração indiviso, puro, cheio de amor. Maria era vazia de si, mas cheia de Deus e do Seu amor.

O amor é essencialmente a vida de Deus, por isso Maria, como qualquer outra criatura, participa da vida d'Ele, mas ela o fez de forma mais excelente e mais perfeita. Essa vida de Deus ardia no coração da jovem de Nazaré, que, em tudo, amou o seu Deus. Por amá-Lo acima de tudo, seu coração era transbordante de amor; e, diante do anúncio do Anjo, partiu às pressas para a pequena cidade da Judeia, chamada Ein-Karen, para servir, para ajudar sua prima.

Ambrósio de Milão nos diz que "ela foi guiada pelo júbilo de ver cumprida a promessa, levada pela vontade de prestar um serviço, movida pelo impulso interior da sua alegria. A graça do Espírito Santo ignora a lentidão". O amor de Deus nos leva a sairmos de nós mesmos e irmos em direção ao outro, principalmente daqueles que mais precisam de nossa ajuda. Maria, por amar, parte, não se importa com os incômodos da viagem nem consigo mesma, o amor a interpela.

A caridade ardente de Maria

Foto ilustrativa: PongMoji by Getty Images

O amor é a essência de Deus, e por ser a essência d'Ele, arde no coração daqueles que O amam acima de tudo e que buscam, diante de todas as coisas, fazer Sua santa vontade.

Maria, ajude-nos a ser caridade!

O coração de Maria é um eterno exaltar a grandeza de Deus! Ela está na paz perfeita, nada nem ninguém pode impedir que ela entoe o seu Magnificat. Só quem ama, verdadeiramente, a Deus oferece sua vida como dom, como oferta; e ao perceber o quanto Ele realizou em sua vida, reconhece: nada é meu, tudo foi Ele quem realizou em mim.

Senhora Nossa, abrasada de Amor Vivo, faz arder, em nosso coração, aquela caridade que incendiava seu coração. Fazei, Mãe, que também nós nos doemos com tudo o que temos e somos ao verdadeiro Amor, aquele Amor que não conhece orgulho nem mediocridade. Que sejamos caridade!

O amor não é sentimento. Para nós cristãos, o amor é uma pessoa viva, o Amor se encarnou, fez-se pessoa e veio habitar no nosso meio. O Amor armou Sua tenda em meio a nós: O amor é Cristo, Ele é o verdadeiro e o único amor. Maria é a tenda deste amor, ela é a casa, é a morada do Mistério! No coração dela, não existiam só sentimentos de amor, mas existia o próprio Amor. Não era, simplesmente, alguém que tinha atitudes amorosas, mas que tinha o Amor como seu tudo, o Amor era seu Filho. Só quem amava tanto Deus poderia colaborar com Ele gerando o Amor. Maria amou Deus como Deus mesmo nos tinha ordenado, com todo o coração, com toda a sua alma, com todas as suas forças. Ela viveu tão fielmente em tudo o "Shema Israel", tão importante para seu povo e para si.


Vazia de Si e cheia de amor

A vida de Maria foi toda ela um eterno fazer a vontade de Deus e em ser amor, nunca se queixou dos seus sofrimentos, nunca lhe pareceu demasiado grande qualquer sacrifício que a providência lhe permitia, e nunca deixou de fazer, com amor e prontidão, nada do que a vontade de Deus lhe pedia. Era vazia de Si e cheia de amor. Ela prefere, antes de tudo, o amor d'Ele, um amor de predileção. E o Pai, ao olhar para a Filha de Sião, encanta-se, encanta-se com a obra que Ele tinha feito. Deus viu que, em Maria, era tudo bom, belo e humilde. Deus, por causa dos méritos de Cristo, preservou Maria de todo pecado. No coração dela, ardia amor, e tudo o que realizava era amor em atitudes concretas. Nas bodas de Caná, é atenta quando o vinho falta. Ela não tem nada a ver com aquilo, mas ela se preocupa, é atenta.

Vemos, na Virgem Maria, uma caridade pronta, ou seja, uma caridade que não espera nem se intimida, mas é pronta na execução, por isso vai até seu Filho e intercede. E o milagre acontece. O amor ardia de forma tão intensa em Maria, que ela não pede nada para si, preocupa-se com seus filhos, pois ela é: "Vida, doçura e esperança nossa…"

Devemos ser a presença de Maria no mundo

Ao olharmos para as virtudes de Nossa Senhora, deve arder, em nosso coração, o desejo de as imitar. Mais do que sermos apenas meros devotos dela, devemos imitar sua vida, sua humildade, seu amor perfeito, sua caridade pronta, pois, às vezes, percebemos muita gente querendo ver Nossa Senhora, querendo conversar com ela, mas não vemos essas pessoas querendo imitar as suas virtudes, o seu amor, a sua caridade e o seu silêncio. Quem ama Nossa Senhora busca ser virtuoso, busca parecer-se com ela. Como nos ensina a Igreja, ela é nosso modelo!

Recordo-me da serva de Deus Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares. Uma vez, Chiara, em oração, conversando com Jesus, diz e, ao mesmo tempo, pergunta: "Senhor, Tu fostes para o Pai, mas permaneceste conosco na Eucaristia. Por que Tu também não fizeste um meio de deixar também Tua Mãe conosco?". Lá, no fundo do coração de Chiara, Jesus responde: "Eu quero que você seja a continuação da minha Mãe na Terra. Viva a vida dela, seja minha Mãe".

Com isso, Jesus nos diz que cada um de nós deve ser a presença de Maria no mundo, imitar sua vida, suas virtudes. Portanto, vivendo assim, agradaremos a Deus, pois Maria foi agradável a Deus em tudo. Nela, está tudo que somos chamados a ser, ela é modelo escatológico de quem um dia seremos, pois ela é o modelo perfeito de alguém que viveu o Amor. Ela é ícone do Belo Amor!



José Dimas

José Dimas da Silva é seminarista e candidato às Ordens Sacras da Comunidade Canção Nova. Natural de Gravatá (PE) e graduando do curso de Filosofia (licenciatura) pela Faculdade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). Atua na liturgia durante os eventos e é produtor de conteúdo para este canal formativo.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/nossa-senhora/devocao-nossa-senhora/a-caridade-ardente-de-maria/

18 de maio de 2020

O caminho para o perdão

Começo com o seguinte questionamento: "Existe alguém preso dentro de você? Existe alguém que você algemou e deixou cativo? Já fez do seu coração um cemitério?". Pois bem, todos nós, em algumas situações,já  fomos confrontados com a palavra perdão, mas, muitas vezes, ou melhor, na maioria das vezes, chegou num contexto em que eu me considerava "justa", " possuidora da razão" e vítima, pois eu que fui ofendida e magoada!

Como perdoar quando nosso coração foi tão ferido e magoado? Como "liberar" alguém que causou tantos estragos dentro de nós? E como "soltar" alguém se a atitude, gesto ou palavra dele não deixou mais meu coração como antes? Então, como ser capaz de perdoar?

Na Sua palavra, Jesus diz: "à medida com que usardes para medir sereis medidos"; e Ele ainda diz: "amai os vossos inimigos". Que tarefa tão árdua essa que Jesus nos pede. Que gesto tão louco para o qual Ele nos chama?

O caminho para o perdão

Foto ilustrativa: Natalija Grigel by Getty Images

O perdão está ao alcance de todos

Só entra pelo caminho do perdão quem um dia errou, falhou e soube ser perdoado: só faz esse caminho quem sabe o que é ser perdoado. Muitas vezes, nos colocamos na posição de juízes e, por vezes, mergulhados em nossas feridas e traumas, o perdão se torna algo longínquo e inalcançável.

O primeiro passo para perdoar é reconhecer-se falho; reconhecer-se necessitado de misericórdia e de perdão. Normalmente, os orgulhosos não conseguem abrir os corações deles para o perdão, pois estão fechados em si mesmos e olhando somente seu umbigo, porque pensam que tudo que fazem é bom e certo. Então, o primeiro passo é a humildade.

Depois de ter reconhecido que também erro, também falho e também machuco, eu preciso olhar de frente quem me machucou, ou seja, tirar tudo que ele fez, as feridas que abriu no meu coração e, com maturidade, olhar os estragos que ficaram dentro de mim. Talvez, você não consiga mais ser o mesmo depois dessa ferida causada; pode ser que você pense que o perdão é inútil, mas Jesus nos ensinou o caminho… Coragem!


Libere!

O segundo passo é, então, liberar; é falar para si mesmo a verdade. É ser verdadeiro consigo e reconhecer que chega um momento em que é preciso virar a página e abrir a janela para que possa entrar o novo. Aí chega a hora em que abro as algemas e solto quem estava cativo dentro de mim! O perdão é, antes de tudo, uma decisão: eu preciso querer ir no cativeiro, olhar quem me feriu e dizer-lhe: "Você pode ir; eu te perdoo". O perdão liberta e solta não só quem errou como também quem deu o perdão.

A alma que não perdoa fica pesada, triste e enxerga a vida preto e branco. Perdoar não é instantâneo ou feito com o toque de mágica; o perdão é uma atitude que se atualiza, pois, constantemente, precisamos estar perdoando a alguém e precisamos abrir as algemas para deixar livre quem nos machucou.

Existe alguém em quem você pensou enquanto lia? E você já pensou que, talvez, exista alguém que pensou em você? Ninguém é tão bom que não tenha que ser perdoado. Então, perdoe, libere e solte. Peça perdão. Libere… Solte! Tenha a coragem de percorrer este caminho exigente mas tão libertador que é o caminho do perdão. Imite a Jesus! Peça a graça d'Ele e você conseguirá caminhar.



Brigite Cortez

Brigite Cortez, natural de Portugal, é missionária na Comunidade Canção Nova onde atua na Casa de Missão da França.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/o-caminho-para-o-perdao/

15 de maio de 2020

Qual a importância de perdoar?

Paz e unção, caríssimo leitor! Você viu que o título deste artigo é uma pergunta: "Qual a importância de perdoar?". Sendo assim, entendamos que se trata de algo propositivo, aliás, essa é uma das mais fortes marcas do nosso Deus: Ele propõe, não impõe. O que você vai ler, nas próximas linhas, evidentemente, está baseado na proposição inspirada pelo Espírito Santo. Você aceita? Então, prossigamos!

Com certeza, certas perguntas, que já lhe fizeram ao longo da vida, foram desafiadoras, e não vou espantar-me se você me disser que algumas delas não conseguiu responder, pois, o silêncio foi imperante ou, quem sabe, um tímido "não sei" foi o máximo que conseguiram de você. Todavia, existem perguntas que são feitas não para o constranger, pelo contrário, são feitas para encorajá-lo. Qual a importância de perdoar?

Qual a importância de perdoar?

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

É preciso perdoar

Essa é, sem dúvida nenhuma, uma pergunta que se faz necessária para lhe dar coragem. Há pouco tempo, ouvi uma pregação do monsenhor Jonas Abib, e, num determinado momento, ladeado de muita autoridade espiritual, ele disse: "Precisamos perdoar porque é preciso perdoar".

Confesso a você que, até agora, não encontrei definição melhor para esse tema, uma frase óbvia, mas carregada de verdade, sem rodeios, direto ao ponto, porque Deus é explícito, caro irmão leitor, e não deixa dúvidas em Seu modo de ensinar. Lembra do que Jesus respondeu sobre quantas vezes devemos perdoar? Ele foi incisivo: "setenta vezes sete", ou seja, sempre.

Ninguém habita no Céu com manchas; lá, só habita a pureza. Com isso, Ele não estava dizendo que a necessidade de perdoar sempre encontraria em nós acesso fácil e rápido. O Senhor compreende nossa lentidão, mas, do mesmo modo, está observando se há em nós esforço em progredir nessa virtude ou se estamos aguardando uma espécie de "sucção instantânea" das nossas mágoas e ressentimos acumulados. Se é essa sua expectativa, esqueça, pois, isso não vai acontecer, perdoar é uma via que contempla busca e empenho pessoal com a marca da graça divina.

Propósito de eternidade

O sucesso em conseguir perdoar não está, em primeiro grau, na sua relação com a pessoa a ser perdoada, mas na sua relação com o Senhor. É isso que define o seu propósito de eternidade, pois, se é o Céu o seu grande fim, o perdão precisa ser liberado antes de chegar lá, porque ninguém habita no Céu com manchas. Que manchas? Ressentimento, mágoa, vida dupla, intrigas, orgulho, discórdias. Lá, só habita a pureza, e é esse o tempo que o Bom Deus lhe deu para vivenciar a pureza.

Quando você compreende a beleza em recomeçar, o poder de perdoar ganha força e sentido dentro de você. "Quando, ao Senhor, agrada a conduta de alguém, Ele o reconcilia até mesmo com seus inimigos" (Provérbios 16,7).


Viu só? A sua relação com Ele é o "carro-chefe" nesse processo! Ou melhor, em tudo que nos acontece a premissa é o seu relacionamento com Deus. No fundo, o que muda nossa vida não é o que sentimos, o que ouvimos nem o que fizeram conosco, mas o que decidimos em Deus.

A importância em perdoar está entrelaçada muito mais no que você quer que aconteça daqui para frente do que sobre o que aconteceu lá atrás. Com isso, não estou dizendo que você prosseguirá sem as marcas e lembranças do que o atingiu, talvez até de forma inesperada, não posso mentir, as marcas ficam, mas com o perdão doado, a dor é dissolvida, você prossegue desacompanhado do que não santifica, apto para novos tempos e novas histórias.

O que ensinam os santos?

Sempre aprendemos com quem já está lá no Céu, pois, a vida dos santos é uma fonte inspiradora para os que almejam plenitude em Deus. Veja o que ensina São Gregório de Nissa, bispo e Doutor da Igreja:

"Se o coração de um homem foi purificado de toda propensão carnal e de toda insubordinação, tal homem verá em sua própria beleza a natureza Divina. Isto está por certo ao nosso alcance: tendes dentro de vós mesmos o paradigma pelo qual aprendeis o Divino, pois o que vos criou, ao mesmo tempo, vos dotou com esta qualidade maravilhosa. Aí imprimiu Deus a semelhança das glórias de sua própria natureza, assim como quem molda da cera a escultura. Todavia, o mal que foi derramado na natureza, esta natureza que traz a imagem divina, tornou inútil para vós este feito maravilhoso que sob máscaras vis se oculta. Se, portanto, purificais vossa vida da imundície, que tal qual emplastro se vos apega ao corpo, a beleza divina em vós outra vez fulgirá."

Vai por mim, perdoar sai mais barato!

Fogo na alma!



Evandro Nunes

Membro da Renovação Carismática Católica na Diocese de Santo Amaro (SP), Evandro Nunes tem se dedicado à vida missionária desde 2010, exercendo o Ministério da Pregação em todo o Brasil e no exterior. Casado, Nunes também é autor dos livros "Do Céu para você" e "Se Tu queres Senhor, eu quero", ambos lançados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/cura-interior/qual-a-importancia-de-perdoar/

12 de maio de 2020

Quarentena: oportunidade para um reajuste interior

A vida é uma escola em que só com humildade, docilidade e mansidão se chega onde se deve. Muitos estacionam em períodos em que se sentem mais confortáveis e acabam por não ver o que está diante dos olhos, outros ainda passam a vida toda em cima de uma disciplina da vida e não consegue ver a grade curricular completa. Claro que é uma metáfora, não vamos conseguir olhar o todo, é impossível sermos oniscientes, isso cabe a Deus. O fato é que conseguimos olhar ao nosso redor e, por vezes, precisaremos reajustar o nosso olhar e mudarmos as nossas estruturas para nos adaptarmos ao mundo.

Por exemplo, nesta quarentena que iniciou-se quase que no mesmo tempo do período quaresmal, quantas vezes eu olhei para minha rotina e consegui enxergar novidades? Estou lhe dizendo para olhar sua vida e reajustar o foco. A novidade que está diante de nós é tão bonita e porta tanta beleza na simplicidade que acabamos nos acostumamos. Como é belo olhar a vida de alguém que não vê as situações difíceis como apenas uma dificuldade ou um obstáculo intransponível. A nossa adaptação, nosso reajuste nos faz crescer. E quando transformamos tudo em oração, aí sim podemos amadurecer ainda mais.

Quarentena: oportunidade para um reajuste interior

Foto ilustrativa: lovelyday12 by Getty Images

O reajuste proporciona sabedoria

Lembra daquela frase: aproveite os limões que a vida te dá. Pois bem, é isso mesmo. Se não fosse pela necessidade, não teríamos inventado a luz, o telefone etc. O que, de fato, nos inquieta também suscita criatividade e flexibilidade. A idade da pedra passou; impérios imensos ruíram; passamos por diversas pestes, guerras, tudo passa… O que permanece dentro de você quando "tudo passa" é a sabedoria adquirida pelos "reajustes" que você fez.


Vamos a algo ainda mais profundo: autotranscedência. A palavra é um pouco complicada para explicar, mas podemos discorrer que é a capacidade que o homem tem de estar voltado para algo que está além de si mesmo. É preciso reajustar para que você veja o que não está vendo. Mais uma vez e isso é – de certa forma inevitável – precisamos olhar para nós mesmos e fazer aquela revisão. Olhar como quem olha as peças de um relógio, pois, se uma peça precisa de mais óleo ou de uma troca, significa que o relógio não está funcionando bem ou, ainda, não está em pleno funcionamento. Observe o seu e coloque no papel seu ritmo semanal, seu itinerário; amplie sua visão e queira enxergar em você o que está fora do lugar.

É hora de encerrar o que se começou, de dar mais um passo rumo aos sonhos, de enxergar o que não se vê ou o que não se quer ver. Olhar além do horizonte e para si mesmo, porque temos a oportunidade de inaugurar novos tempos, de viver tendo a ciência de que reajustes são possíveis graças à capacidade humana de se reinventar e de querer viver bem. A sabedoria está no ar.



Guilherme Razuk

Guilherme Henrique de Lima Razuk é candidato às ordens sacras na Comunidade Canção Nova. Graduando do curso de Filosofia (licenciatura) pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), ele atua na liturgia durantes os eventos realizados pela comunidade católica. Razuk é produtor de conteúdo de algumas categorias deste canal formativo.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/quarentena-oportunidade-para-um-reajuste-interior/

8 de maio de 2020

A influência da mãe na vida dos filhos é eterna

Os filhos são o dom mais magnífico do matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos próprios pais. A maternidade é a vocação original da mulher, um chamado de Deus que algumas escutam, outras não.

A maternidade traz obrigações, pois a influência de uma mãe na mente e no coração dos filhos é muito grande, seja para o bem ou para o mal, e repercutirá nos relacionamentos  desses pelo resto da vida. Autoridade emocional bem trabalhada gera crianças seguras e amadas. Já crianças que não têm laços afetivos bem trabalhados têm tendência a comportamentos destrutivos e infratores na tentativa de reorganizar o caos interior.

A influência da mãe na formação da autoimagem positiva

Junto com o cuidado físico ocorre a transmissão de hábitos e valores e, também, das formas de ver o mundo, incluindo conceitos e preconceitos. O relacionamento íntimo entre mãe e filho ajuda na formação da autoimagem positiva que o acompanhará na vida conjugal, profissional e social. A falta desse relacionamento também impacta a vida de seus rebentos, gerando uma autoestima baixa, com comportamentos de prepotência ou submissão diante de outras pessoas.

A-influência-da-mãe-na-vida-dos-filhos-é-eterna (1)

Foto Ilustrativa: evgenyatamanenko by Getty Imagens

Normalmente, as crianças são mais impactadas pelas atitudes maternas do que paternas, devido ao tempo que ficam com a mãe, também porque elas são responsáveis pela disciplina e pela função de moldar comportamentos determinantes na vida adulta dos filhos. A influência de uma mãe é como o fermento na massa, estende-se para toda a sua posteridade, pois esses filhos acabam repassando para os filhos deles o que aprenderam no seu lar.

Conflitos e os traumas não trabalhados têm gerado legados ruins

Hoje em dia, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, temos visto mães sobrecarregadas com jornadas cansativas, famílias destruídas, problemas com filhos sofridos e desajustados. Eles anseiam dedicação exclusiva. Por um lado, as mulheres têm sentimento de culpa; por outro, os filhos se sentem negligenciados ou cuidados de uma forma inadequada. Por falta de tempo ou cansaço, as mães abusam de práticas negativas (excesso de presentes, gritos etc.) no lugar de práticas construtivas (elogios, acompanhamento escolar , amizades etc.). Os conflitos e os traumas não trabalhados têm gerado legados ruins na educação dos filhos, e essa herança acompanhará as gerações, porque os laços afetivos entre mães e filhos são fundamentais para a construção de um caráter saudável e comportamentos emocionais e sociais adequados.


Autoridade emocional e espiritual

A mãe não pode se esquecer de que, além da sua autoridade emocional, existe a espiritual, uma "arma" que deve ser usada a favor dos filhos, pois Deus, que ordenou todas as coisas, concedeu aos pais influência sobre sua prole, portanto, pai e mãe podem, conscientes ou inconscientemente, abençoar ou amaldiçoar a vida atual e futura de seus filhos, pois a fonte da autoridade não está na pessoa, mas na função parental.

Crianças sem limite tem consequências desastrosas

Nesta reflexão, podemos constatar que as pessoas possuem várias diferenças entre si, seja na condição social, escolar, profissional e outras, mas têm em comum o fato de que o amor ou a rejeição na infância impactam a personalidade delas. Portanto, devemos amar na medida certa, pois criança que não têm limite também sofre consequências desastrosas.

Pais, é possível amar e corrigir sem culpa. Inevitavelmente, os filhos passarão por frustrações que a vida lhes proporcionará. Entender e trabalhar as limitações e as impossibilidades é um grande passo para prepará-los para situações de difícil aceitação; isso faz parte do ciclo de amadurecimento emocional tanto da mãe quanto do filho.



Ângela Abdo

Mestre em Ciências Contábeis pela Fucape, pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Gestão de Pessoas pela Faesa, graduada em Serviço Social pela Ufes e psicanalista. Consultora e Executiva na área de RH e empresa hospitalar. Foi coordenadora do grupo fundador do Movimento Mães que Oram pelos Filhos da Paróquia São Camilo de Lellis, em Vitória (ES) e do grupo de Amigos da Canção Nova de Vitória. Atualmente, é coordenadora nacional e internacional do Movimento Mães que Oram pelos Filhos. Escritora dos livros "La Salette, o grito de uma Mãe!" (2018), "Superação x Rejeição: Aprendendo a ser livre" (2017), "Ser Mulher À Luz da Bíblia: Porque Deus Pode Tudo!" (2016) e "Mães que Oram pelos Filhos" (2016). Participa do programa "Papo de Mãe que Ora", no canal Mães que Oram pelos Filhos Oficial, e do "Mães que Oram pelos Filhos", na Rádio América.  Autora de livros publicados pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/familia/pais-e-filhos/a-influencia-da-mae-na-vida-dos-filhos-e-eterna/

6 de maio de 2020

As consequências da preguiça no ambiente de trabalho

Amanhã é o dia em que os preguiçosos trabalham, os perversos reformam suas vidas e os pecadores se arrependem." (Edward Young)

Um mau trabalhador é um mau cristão; um mau trabalhador é também um marido e pai que deixa a desejar. Por causa da preguiça a necessidade pode bater à porta dos casais.

As consequências da preguiça no ambiente de trabalho

Creditos: by Getty Images / LumiNola

Após o pecado ter entrado na nossa história, Deus impôs ao homem "a lei severa e redentora do trabalho", como disse o Papa Paulo VI.

"Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado" (Gn 3,19).

Isso faz parte da vida do casal e da família. Se o casal não levar a sério o trabalho, dentro e fora de casa, a vida conjugal não irá bem. Além de faltar o necessário para a família, ainda o mau hábito poderá se instalar em casa, pois, como sabemos, "mente vazia é oficina do diabo".


O mal da preguiça

Muitas discussões acontecem no lar, porque algo que deveria ser feito é deixado para depois, por preguiça, e acaba não sendo feito. Alguém disse que "as tarefas adiadas com alegria são depois feitas com lágrimas".

Todo trabalho é uma continuação da atividade criadora que Deus incumbiu o casal humano a cumprir. A glória do homem consiste em concluir o que o Senhor propositadamente apenas começou. Ele entregou este mundo nas mãos do primeiro casal, para que eles o construíssem com o trabalho.

Deus derrama Sua graça sobre aquele que trabalha com diligência, e o trabalho é a sentinela da virtude. Já o preguiçoso trabalha dobrado. Se com humildade oferecemos ao Altíssimo o nosso trabalho, este adquire um valor eterno. Assim, o temporal se transforma em eterno.

Viver sem trabalhar

A preguiça joga por terra toda essa riqueza. Querer viver sem trabalhar é como desejar a própria maldição nesta vida. São Paulo disse aos tessalonicenses: "Procurai viver com serenidade, trabalhando com vossas mãos, como vô-lo temos recomendado. É assim que vivereis honrosamente em presença dos de fora e não sereis pesados a ninguém" (1 Ts 4,11-12).

O Talmud dos judeus diz: "Não ensinar o filho a trabalhar é como ensiná-lo a roubar". Trabalhando, como homem, Jesus tornou sagrado o trabalho humano e fez dele fonte de santificação.

Por isso, o lema de vida de São Bento de Nurcia, nos mosteiros, era: "Ora et Labora!" (Reza e Trabalha!). Um operário displicente é um mau cristão. Da mesma forma, um professor cristão e relapso é um contratestemunho cristão.

O pecado da omissão é fruto da preguiça

É por preguiça que os pais, muitas vezes, não educam bem os filhos. É por preguiça de algumas mulheres que o trabalho doméstico é, às vezes, malfeito, prejudicando seus filhos, seu esposo e a alegria do lar. É por preguiça de muitos maridos que a casa fica com as lâmpadas queimadas, o chuveiro estragado, a torneira vazando e a esposa reclamando. É por preguiça que o trabalhador faz o seu serviço de maneira desleixada, prejudicando os outros que dependem dele.

Há um provérbio chinês que afirma: "Não é a erva daninha que mata a planta, mas a preguiça do agricultor".

Como é triste ver a mulher se queixar do marido, que não arruma o que está estragado em casa! Como é triste ver o marido reclamar da esposa, que não cuida direito do lar, das crianças, da roupa.

O trabalho é uma grande terapia que Deus nos deu depois de o pecado entrar no mundo. O Senhor determinou que o homem ganhasse o pão de cada dia "com o suor do seu rosto"; não como castigo, mas como correção.

Qualquer que seja o trabalho, sendo honesto, ele é belo aos olhos de Deus, porque com ele você está cooperando com o Senhor na obra da criação.



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/vocacao/profissao/as-consequencias-da-preguica-no-ambiente-de-trabalho/

4 de maio de 2020

Como devemos lidar com o sentimento de saudade

"Só se tem saudades do que é bom, se chorei de saudades não foi por fraqueza, foi porque amei."

Canções como essa, de diácono Nelsinho Corrêa, e tantas outras que conhecemos, além de poemas e versos que foram inspirados em corações saudosos ao longo dos anos, tentam exprimir esse sentimento tão nobre que mereceu até mesmo uma data em nosso calendário.

De origem latina, "saudade" é fruto da transformação da palavra solidão, que, no latim, seria solitatem. Com o passar dos anos, a mudança dos tempos e a variação da pronúncia sofrida pela influência das diversas raças, o resultado é a nossa saudade, sentimento tão familiar que até dispensa tradução.

Foto Ilustrativa: by Getty Images / fizkes

Quem já abriu o coração ao amor sabe bem o seu significado. Talvez, uma mistura de alegria e dor. Alegria por ter vivido algo bom e dor por estar privado dessa alegria no momento presente. Mas será que é só isso?

A saudade marca nossa história

Na verdade, é muito mais. Pesquisadores afirmam que saudade é uma das palavras mais difíceis de traduzir em praticamente todas as línguas. E quando se fala da nossa saudade, em termos brasileiros, é ainda mais complicado, porque ela está ligada a muitos fatores, inclusive à cultura, que tem por si só uma explosão de sentidos. O fato é que a saudade não está ligada somente às pessoas, mas também a lugares, tempos, situações, cheiros, sabores e tantas outras coisas que marcam nossa história.

A saudade traz boas recordações

Quem não se recorda, por exemplo, dos amigos da infância, das brincadeiras, dos passeios da escola, dos primeiros acenos do amor? São recordações que nos transportam de um tempo a outro em segundos, e isso é fruto da saudade. Esse sentimento, que tem sentido próprio para cada um, é traduzido no dicionário como "uma sensação de incompletude, ligada à privação de pessoas, lugares, experiências, prazeres já vividos e vistos, que ainda são um bem desejável". Digamos que é algo ligado ao amor, ao afeto ou coisa assim, que é bom, mas, às vezes, "amarga que nem jiló", como afirma o grande compositor nordestino Luiz Gonzaga em uma de suas famosas canções.

O interessante é que, na mesma música, ele relata também que aprendeu a lidar com a saudade de um jeito diferente: "…mas ninguém pode dizer que me viu triste a chorar, saudade o meu remédio é cantar". Aí está uma via que muitos artistas seguiram, deixando, ao longo dos anos, um arsenal de poesias e versos como herança: transformar o sentimento em arte, conduzi-lo à gratidão. E gratidão é a palavra que vem a minha mente quando penso em saudade.


A gratidão na saudade

Como "só sentimos saudades do que é bom", em vez de pararmos na dor, por que não agradecer?

Sim, agradecer por aquilo que nos fez bem. Por exemplo: eu tenho saudades do meu pai, que já partiu para a eternidade, mas sempre que me recordo dele, e a gratidão por ter tido um pai tão bom é maior que o sentimento de vazio que sua morte deixou. Então, sinto saudades sim, e muita! Mas sou grata, e isso me faz seguir em frente de coração aberto ao amor e à vida.

Penso que reconhecer as coisas boas que já recebemos, e mais ainda, relembrar com gratidão as pessoas que Deus nos permitiu conhecer, cativar e amar, seja uma boa dica para celebrar a saudade. E como "relembrar é, de certa forma, reviver", relembremos momentos bons da nossa história, pessoas queridas que fazem parte dela e expressemos nosso amor deixando o coração falar pelos meios que estão ao nosso alcance. E porque só se tem saudades do que é bom – e de coisas boas só faz sentido lembrar com gratidão –, sejamos gratos também pela saudade!



Dijanira Silva

Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às sextas-feiras, está à frente do programa "Florescer", que apresenta às 18h30 na TV Canção Nova. É colunista desde 2000 do portal cancaonova.com. Também é autora do livro "Por onde andam seus sonhos? Descubra e volte a sonhar" pela Editora Canção Nova.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/como-devemos-lidar-com-o-sentimento-de-saudade/