26 de março de 2020

Faça da sua casa uma casa de oração

Não há como negar, estamos vivendo um tempo difícil, o inimigo é invisível e corremos o risco de nos desesperamos frente às provas que a humanidade está vivendo. No entanto, é importante termos uma certeza: não estamos sozinhos!

Intercessão da Virgem Maria

São João Paulo II, em sua carta encíclica Redemptoris Mater nos diz: "A Virgem Maria está, constantemente, presente na caminhada de fé do povo de Deus" (n. 35). Essa presença de Nossa Senhora, como Mãe que nos direciona para Cristo, é real e concreta. Ela viveu com fidelidade sua missão, foi fiel ao seu 'sim', ao seu fiat (faça-se) , e não desviou o olhar da vontade de Deus em sua vida, mesmo nos tempos de adversidades.

Faça da sua casa uma casa de oração

Foto ilustrativa: ThitareeSarmkasat by Getty images

O que a humanidade vive, neste tempo, precisa nos alicerçar ainda mais em nossa fé, num olhar atento para o céu: "Elevo os meus olhos para os montes: de onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra" (Salmos 121,1).

E para o alto a Mãe da Humanidade nos aponta. Sim, Nossa Senhora é feliz (bem-aventurada), porque acreditou, porque caminhou na estrada com fé, sem vacilar. Ao olhar a Virgem Santa Mãe de Deus aos pés na cruz, podemos aprender com ela a confiar.

Em Fátima, aos pequenos pastores do Aljustrel, a Virgem mais brilhante que o sol disse, em nosso idioma, na aparição de 13 de junho de 1917: "E tu, sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus" (In Memórias da Ir. Lúcia p 175).

Eis a voz que deve ecoar em nossos corações. Não estamos sozinhos, essa mão materna está segurando a nossa. Sim, ela pode nos tocar, pois nada pode deter seu amor de Mãe, essa presença amorosa que tem acompanhado o mundo em tempos difíceis de guerras, de pestes, de frieza, indiferença… Essa presença amorosa nos ensina que Cristo é a luz nos tempos de escuridão, e que não há estrada que o Filho de Deus não possa iluminar.


Oração do terço em família

Vamos, então, fazer da nossa casa uma casa de oração? Crie um ambiente oracional, acenda uma vela, coloque uma imagem de Nossa Senhora. Ambiente pronto? Pegue o terço nas mãos e reúna os que estão com você (só os da sua casa, obedecendo os direcionamentos para este tempo). Rezem o terço, contemplem os mistérios, deixem este lar ser visitado pelo Amor, pelo consolo e pela esperança.

Você, talvez, não saiba contemplar os mistérios (nós os apresentaremos aqui), mas não deixe de fazer da sua casa uma casa de oração. Ah! Motive seus amigos, vizinhos e quem está longe de você neste tempo; use as redes sociais, os meios que estão a sua disposição, e firme, em seu coração, esta certeza: "O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus", pois a minha casa é uma casa de oração.

Cristiane Henrique, missionária  da Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/faca-da-sua-casa-uma-casa-de-oracao/

Tempo de penitências e orações

Estamos na Quaresma, quarenta dias em que a Igreja nos pede uma dedicação especial ao jejum, esmola e oração, como remédios contra os nossos pecados. É tempo de conversão, é o tempo favorável, é o tempo da salvação, e da graça de Deus que não podemos deixar passar em vão.

É tempo de oração. Sem oração é impossível caminhar na fé e fazer a vontade de Deus. Ela é a nossa força; por ela os santos chegaram à santidade; e sem ela ninguém experimentará a glória e o poder de Deus. O Senhor Jesus nos manda "orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo" (Lc 18,1), e São Paulo nos recomenda: "Orar sem cessar" (I Tess
5,17).

A oração é para a alma o que o ar é para o corpo. Uma alma que não reza é uma alma que não respira; não tem vida. Ninguém pode servir a Deus sem muita oração, pela simples razão de que é Ele, e somente Ele, que realiza todas as coisas; Ele nos capacita, nós somos apenas seus instrumentos. Quanto mais comungamos com Ele pela oração, mais nos tornamos um instrumento útil em suas santas mãos.

Tempo de penitências e orações

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

É uma grande ilusão querer fazer algo por Deus, e para Deus, sem antes muito rezar. Essa é a maior tentação que sofremos: rezar pouco, não rezar ou rezar mal. Jesus é muito claro sobre tudo isto: "Sem Mim nada podeis" (Jo 15,5).

É tempo de conversão!

A oração pode mudar todas as coisas; pois, o próprio Anjo Gabriel disse à Maria: "Para Deus nada é impossível" (Lc 1,37). "Tudo é possível ao que crê" (Mc 9,23), nos garantiu o Senhor. E mais, "pedi e vos será dado" (Lc 11,9), "Tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado" (Mc 11,24).

São Paulo recomenda com insistência: "Orai em todo o tempo" (Ef 6,18), "perseverai na oração" (Col 4,2), "orai sempre e em todo o lugar" (1 Tim 2,8). "Antes de tudo recomendo que se façam súplicas, orações, petições, ações de graças por todos os homens…" (1 Tim 2,1).

Nesta Quaresma, como todos vemos, o efeito dessa pandemia do Coronavírus nos remete a uma Quaresma especial, já que todos estamos em quarentena, em nossas casas. O trabalho profissional foi suspenso para a maioria das pessoas. Então, temos mais tempo para rezar em nossas casas, não só como tempo de Quaresma, mas também para que Deus tenha compaixão de nós e nos livre logo desta tormenta.

E, por si só, este tempo já será um tempo de penitência de muitas formas, variando de pequenos sacrifícios de termos de ficar em casa sem sair, até mesmo a internação e até morte pela infecção do vírus. Então, nossa penitência, em qualquer grau que seja, deve ser a de oferecer a Deus o nosso sofrimento e o de nossos entes queridos para a salvação nossa e do mundo, com resignação e amor a Deus.


Dica de penitência para esta Quaresma

São Paulo disse: "Completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo pelo seu corpo que é a Igreja" (Col 1,24). E ele pede na Carta aos romanos: "Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito" (Rom 12,2-3).

Essa, então, será a nossa melhor penitência nesta Quaresma, oferecer a Deus o nosso sacrifício como um culto espiritual. São Francisco de Sales, doutor da Igreja do século XVII, dizia que a melhor penitência não é a que escolhemos para fazer, mas a perfeita aceitação do sofrimento que Deus permite que nos atinja. É o médico que deve prescrever o remédio e não o paciente. Sabemos que Deus não é o autor do mal, mas Ele pode permitir – em sua sabedoria e bondade – que o sofrimento nos atinja para nossa purificação, para o exercício das virtudes: pureza, paciência, desprendimento, caridade, temperança, bondade, mansidão… E para a salvação nossa e da humanidade.

Monsenhor Ascânio Brandão, em seu inspirado livro "Breviário da Confiança" (Ed. Cléofas), diz que, Deus, muitas vezes, precisa "ferir o corpo para salvar a alma". Tenhamos fé e confiança em Deus!



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/tempo-de-penitencias-e-oracoes/

20 de março de 2020

Não somos super-heróis, somos humanos!

Fiz questão de conversar com você sobre um assunto muito importante, mas que, muitas vezes, é esquecido: somos seres humanos. Você é ser humano, não é anjo, super-homem nem supermulher.

Muitos acham que para serem aceitos ou reconhecidos, precisam, de certa forma, negar sua humanidade, assumindo uma caricatura de "super", de "herói". Você sabia que o ser humano é a obra-prima, a pupila dos olhos de Deus? Não somos pouca coisa, por isso, não precisamos assumir outra realidade.

O que é ser humano?

Ser humano é ser amor, afinal, Deus é amor. Como filhos d'Ele, só podemos ser amor também. Ser humano é assumir nossas qualidades, que não são poucas, e nossas limitações também. É saber que temos fraquezas, mas que as podemos superar pela graça de Deus. É dizer 'sim', a cada dia, ao desafio de Deus, de sermos plenamente homens e mulheres sarados, curados, livres a ponto de optarmos pelo bem.

Não somos super-heróis, somos humanos!

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Os seres humanos possuem a capacidade de amar

Muitas teorias afirmam que a racionalidade distingue o ser humano dos outros animais. Eu diria que sim, mas não só. Na ótica cristã o que mais nos distingue é a capacidade de amar a Deus e amar ao próximo.

O  que vem a ser amor no contexto bíblico? Tomemos a Palavra de Deus em 1 Coríntios 13,4-7: "O amor é paciente, é benfazejo, não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho, não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo".


Acredito que, com esses versículos, deu para percebermos um pouco do que é o amor. Mas cá entre nós, quem conseguir viver esse amor é ou não mais do que super-herói? Esse é o seu chamado, esse é o chamado de cada cristão. Que possamos, com toda alegria, abraçarmos a esse chamado de Deus, sabendo que o amor é um dom gratuito que nos é dado se o pedirmos. Deus abençoe nosso bom propósito!

Padre Clóvis A. Melo
Comunidade Canção Nova


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/nao-somos-super-herois-somos-humanos/

18 de março de 2020

Não permita que seu casamento se afunde!

No casamento, a dor de muitas mulheres é não ter um marido formado pelo Espírito Santo, confiante na Palavra, homem de oração, fiel a Deus.

É tempo de resgatar seu casamento

Talvez, as situações que elas atravessam são tão difíceis, justamente por não terem um marido santo. É hora de empenhar-se, de lutar, sofrer, de orar com fervor. É tempo de resgatar seu lar, seu marido, seu casamento. Que São José a ajude e a faça semelhante a Maria. Creio que, para muitas mulheres falta essa entrega, pois querem o esposo em Deus mas o seguram…

É certo que, todo homem é bastante independente. A cabeça tem de ser independente! O coração é diferente, está preso dentro do tórax e bem defendido! Mas a cabeça tem de ficar fora, ser autônoma. O homem é a cabeça; a mulher é o coração. Cada um no seu lugar. Ciúmes não resolve. Deixe seu marido livre para Deus. É a melhor maneira de garanti-lo para si.

Seu casamento não pode afundar

Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

Os homens precisam de coração. Graças a Deus, as mulheres, que são o coração, têm "batido" bem. Sim, felizmente são elas que têm sustentado tanto os homens como também as famílias. Mas é preciso que a cabeça esteja unida ao coração, desempenhando a função que lhe cabe.

Com razão, o anjo disse a Maria: "Ave Cheia de Graça!". E Isabel disse a ela: "Bendita és tu entre as mulheres!". Não resta dúvida de que ela foi "bendita entre as mulheres". Mas Deus colocou José para ser a cabeça de Maria, e respeitou esta hierarquia, confiando-lhe Suas ordens. O canal da graça, da bênção, da santidade para Maria era José.

O segredo é a oração

Este é o segredo para você, mulher: querer o seu marido cada vez mais santo. Para isso, pedir, rezar, suplicar, jejuar. Quanto mais ele for santo, mais ele será canal para você ser de Deus. O Pai não a quer santa sozinha; você precisa do seu marido e ele precisa de você. Deus quer marido e mulher caminhando juntos para a santidade.

Há dois tipos de caiaque: um é o individual, no qual uma pessoa sobe, segura os remos e vai remando… O outro é o caiaque duplo. Neste, não dá para ir sozinho: ele foi fabricado para duas pessoas. A distribuição de forças e de peso no caiaque é para duas pessoas e, sendo assim, não adianta apenas um esmerar-se no remo e deixar que o outro "se vire".

No caiaque duplo, a sincronia dos remos é o mais importante. Não adianta um remar bem e o outro mal. Se um rema e o outro não rema, se um rema rápido e o outro rema devagar, o caiaque afunda. Esse "jogo de forças" sem sincronia faz com que o caiaque vá para o fundo.

O matrimônio é um caiaque de dois. Se Deus chamou você para o matrimônio, não há outro jeito: é preciso remar em sincronia. É preciso que homem e mulher andem em sintonia. É preciso aprender. E, muitas vezes, vai ser preciso ensinar. Um ensina o outro. Mas é preciso que os dois aprendam, pois é o único jeito de levar em frente o caiaque do casamento.


Se você, mulher, já está mais adiante no processo da santificação, saiba que não adianta sair na frente, como na "Corrida de São Silvestre". Sua vocação é andar no caiaque duplo. É ter sincronia, é ensinar o marido a remar junto.

Sua função é preparar seu companheiro, para que ele também aprenda e entre no ritmo. Você precisa começar com seu marido bem devagarinho, treinando bastante, até que ele se habitue e vocês adquiram sincronismo.

No casamento, a santidade, o caminho para Deus é conquistado a dois

Homens, é hora de deixar de covardia! Remem com suas mulheres, pois elas já remaram demais sozinhas. O barco afundou porque vocês, infelizmente, não tinham assumido suas responsabilidades.

Não basta dizer: "Minha esposa já vai à Igreja, reza, comunga, conta os pecados dela e os meus para o padre. Eu já nem preciso me confessar". Isto é desculpa! É preciso que você também assuma seu caminho de santidade. Não há outro jeito!

Maria foi tão santa porque José foi muito santo. E, ao mesmo tempo, (aí está o bonito), José foi tão santo porque Maria foi muito santa.

Monsenhor Jonas Abib


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/casamento/nao-permita-que-seu-casamento-se-afunde/

16 de março de 2020

Suas mentiras se tornaram suas verdades?

Você conhece alguém ou se encontra nessa situação em que as mentiras se tornaram verdades por começar a acreditar nelas?

Aquelas mentiras, simples e inofensivas, que inicialmente eram criadas para não se sentir humilhado ou para sair de uma situação constrangedora, agora já se tornou tão grande, que até você acredita nela. Mesmo sabendo que é mentira! Infelizmente, esse quadro tem crescido muito em nosso meio.

As mentiras, geralmente, não começam grandes

Algumas pessoas começam, desde pequenas, a contar histórias mirabolantes de sua vida; porém, irreais, com o único objetivo de passar por aquele momento em que se sente inferior. Normalmente, isso acontece com pessoas que apresentam quadros depressivos, de baixa autoestima, baixa autoimagem, complexo de inferioridade por não possuir nenhum atributo físico, status ou material, que desejaria naquele momento e não o têm.

Suas mentiras se tornaram suas verdades?

Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Vou dar um exemplo para ficar claro. Você se encontra com um amigo, hoje, e pergunta como ele vai. Logo, ele responde: "Cheguei ontem de Paris. Você acredita que minha bagagem foi extraviada e eu tive de comprar algumas roupas lá? Não tinha nada para vestir até que minha bagagem chegasse. Foi um constrangimento! Mas nada que atrapalhasse a beleza da cidade luz!". Ao fim de todo o discurso, você fica embasbacado com tamanha história contada, pois havia visto essa mesma pessoa, de longe, há dois dias, no shopping da cidade. Então, fica na dúvida se, realmente, você o viu há dois dias, se ele confundiu a data de desembarque ou se, realmente, inventou toda essa história. Até que você se lembra que essa não é a primeira vez que passa por essa situação com ela, e que já houve outras histórias.

O que é mentira de mitômanos?

A mentira dos mitômanos difere dos mentirosos compulsivos e demais classificações dessa área, e a mesma não tem intenção de prejudicar o outro. A mentira é mesmo na intenção de não se sentir inferior, de exibir algo que não tem e gostaria de ter; gostaria de ser e não é. Daí, podem surgir novas histórias como casamentos que não existem ou um determinado curso que não fazem; até sai, todos as noites, falando que está indo para faculdade, mas, na verdade, a pessoa faz outra coisa e sustenta toda essa história por vergonha daquilo que realmente é.

Contar mentiras, muitas vezes, leva a pessoa a criar uma vida fantasiosa

A mitomania, normalmente, se desenvolve por não tolerarem seus reais limites e frustrações, o que, consequentemente, os obriga a criar uma história fantasiosa suportável. Tal comportamento é semelhante ao das crianças; nesse caso, podemos comparar que em adultos temos um quadro de pessoas emocionalmente imaturas. Existe uma outra possibilidade também bem comum, que são os casos das pessoas que acreditam que o mundo só aceita aqueles que possuem algum valor, por isso criam seus valores para serem aceitos.

A grande dificuldade para as pessoas que desenvolvem essa patologia, ou seja, a mentira/mitomania, é que para ele se torna algo habitual, contam histórias criadas, inventadas, para se safarem de situações e sentirem bem. E à medida que não descobrem suas "falsas verdades", continuam criando novas, pois percebem que essa é a melhor saída. Para eles, enfrentar a verdade é duro e sofrível.


O grande prejuízo dessa patologia é a desconstrução dos relacionamentos devido à falta de confiança, pois percebem o comportamento incoerente e não suportam viver no mar de mentiras e ilusões criadas por essa pessoa.

As formas de tratamento, atualmente, são psicoterapia e, se necessário, acompanhamento com psiquiatra. No entanto, o melhor suporte é o da família, pois, normalmente, não se reconhece a doença e, assim, raramente se chega ao consultório de psicologia para tratamento.



Aline Rodrigues

Aline Rodrigues é missionária da Comunidade Canção Nova, no modo segundo elo. É psicóloga desde 2005, com especializações na área clínica e empresarial e pós-graduada em Terapia Cognitiva Comportamental. Possui experiência profissional tanto em atendimento clínico, quanto empresarial e docência.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/suas-mentiras-se-tornaram-suas-verdades/

13 de março de 2020

O trabalho vale mais que a nossa qualidade de vida?

Tanto no trabalho quanto na vida, nunca se correu tanto como nos dias de hoje

"De fato, que se aproveita ao ser humano de todo o seu trabalho, e da aflição do coração com a qual labutou debaixo do sol? Todos os seus dias são dores, e sua ocupação sofrimento. Nem de noite repousa o seu coração, e também isso é vaidade" (Eclesiastes 2,22-23).

Diga a verdade: quantas vezes você já se questionou sobre a utilidade da nossa vida? Quantas pessoas se sentem deprimidas por se acharem inúteis! Nunca se trabalhou tanto, nunca se correu tanto. Tantas coisas para resolver, ruas lotadas de gente (que tem emprego, trabalho, ocupação etc.) e que não são satisfeitas, porque, mesmo assim, se acham inúteis. Perguntam-se: "Qual a finalidade de tudo isso se vou morrer?".

O trabalho vale mais que a nossa qualidade de vida?

Foto ilustrativa: AndreyPopov by Getty Images

Existe ainda o caso dos que se submetem às piores condições (de saúde e até de dignidade!) para ter um "trabalho". Mas a vida vale mais que o trabalho?

Será que você é ativista?

No fundo, todos os questionamentos anteriores têm uma resposta aparentemente simples: perda da visão de Deus e queda no ativismo. Mesmo Jesus, que cheio de ocupações estava indo às pressas ressuscitar a filha de Jairo (Mc 5,21s), parou no meio da confusão e percebeu: "Alguém me tocou?". Na atividade, na confusão do dia a dia, Ele não perdeu Seus objetivos (salvar cada um!) e também não se deixou levar pela agitação cotidiana.


Caímos em três pecados básicos:

1 – Sempre tenho algo para fazer. Nunca paro!
2 – O que faço nunca é suficiente. Sempre falta algo.
3 – Isso causa uma certa opressão; perco metas e reclamo da vida.

É como um cão, que tenta morder o rabo dando voltas em si mesmo. Ele corre, corre, corre, mas nunca alcança seu objetivo. Precisamos acabar com esse círculo vicioso do ativismo.

Na casa de minha avó Gioconda (Percioli, buona gente de Montealto!), quando acabávamos de traçar aquele "bifão" apimentado com polenta, algumas pessoas (muito solícitas!) corriam para a cozinha e já se dispunham a lavar as louças, passar pano, limpar o fogão. Aí, a doce velhinha ficava uma fera! E dizia para todos: "Parem! Calma! A louça não vai fugir. Vamos conversar. Sentem-se aí! Isso também é almoço!".

Mangia che te fa bene, peró parli anche! (Coma, que lhe faz bem, mas também fale!) Ela tinha razão.

Ali, geravam-se relacionamentos, aprendia-se a conversar (você sabia que precisamos aprender a conversar?), e o tão famoso (nossa, como eu evitei usar esta palavra!) estresse vai todo embora no convívio e no bate-papo.

Como vencer o ativismo

1 – Ação de resposta (Tiago 4,15): "Se o Senhor quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo", ou seja, sair do 'se Deus quiser' passivo como quem apenas vai levando a vida.

Existem algumas pessoas que pensam que a finalidade, o fim da nossa vida, é o louvor, quando, na realidade, o louvor não é o fim apenas, mas o meio, a maneira de viver, o como viver. Lembra-se daquelas pessoas tristes na rua? Imagine se todas soubessem louvar, porque o meio de vida delas é o louvor? Essa é a tal ação de resposta. Tudo o que faço deve ser um meio de glorificar a Deus. Em vez de ser o fim de minha vida, é o meu meio e o modo de viver: o louvor. 'Na verdade, tudo é d'Ele, por Ele e para Ele. A Ele a glória para sempre. Amém!' (Romanos 11,36)

2 – A paz de resposta: paz inquieta é o Sabath-Shalom dos Judeus! É tomar uma atitude de paz, praticar atos de paz, mas não ser passivo, não sentar no sofá em paz e esperar o que Deus vai fazer. É tomar uma atitude.

Deus abençoe você, e que a finalidade de sua vida se cumpra no louvor.

Seja feliz!



Paulo Victor e Letícia Dias

Cirurgião-dentista de formação, Paulo Victor foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentador, locutor e radialista. Atualmente, ele mora em Campo Grande (MS). É empresário e casado com Letícia Dias.

Letícia Dias é Gerente de Conteúdo e estudante de Letras/Libras com foco na Educação Especial. Foi membro da Comunidade Canção Nova como apresentadora de programas. Hoje, ela mantém uma agitada rotina familiar. Letícia tem um filho caçula que nasceu com Síndrome de Down, e isso a refaz todos os dias.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/atualidade/comportamento/o-trabalho-vale-mais-que-nossa-qualidade-de-vida/

11 de março de 2020

Pode alguém ser cristão sem crer na ressurreição?

Para que alguém possa ser verdadeiramente cristão é necessário aderir ao modelo de vida deixado por Cristo. Pois, toda a vida d'Ele foi apresentando um novo entendimento sobre o seguimento de não apenas uma religião ou um obedecer de leis, e sim uma mudança de comportamento. Com isso, qualquer pessoa que se diga cristão, deve crer em todo o mistério revelado por Cristo. O cristianismo tem como marco fundante o mistério Pascal, ou seja, a morte e a ressurreição de Cristo. É a ressurreição quem traz uma nova concepção sobre Deus para o povo. Aqueles que aderem à maneira de viver de Cristo são reconhecidos como cristãos, porque o cristão é chamado a ser um 'outro Cristo'. Enganam-se aqueles que acreditam que o cristianismo seja apenas o que veem na sua conjectura e não na sua estrutura, no seu alicerce. O cristão está fundamentado em Cristo, pois não se reconhece cristão nas estruturas, na instituição ou até mesmo nos pecados daquele que é cristão.

Não é para pessoas, coisas ou instituições que precisamos olhar com a finalidade de buscar o que é ser cristão, e sim para o próprio Cristo. Dessa forma, o teólogo, Antônio Royo Marin, escreve que "é impossível compreender e, até mesmo, vislumbrar em que consiste a verdadeira essência da vida crista e o que seja o constitutivo íntimo da nossa própria perfeição e santidade sem ter em conta, como fundamento, todo o maravilhoso plano divino de nossa adoção que se dá em Jesus Cristo".

Podemos entender, também, o mistério do ser cristão nas palavras de São Paulo: "Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus; […] pois morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus" (Cl 3,1.3).

Pode alguém ser cristão sem crer na ressurreição?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A essência da vida cristã

O cristão fora de Cristo é um ser irreal, um ser "inexistente", afirma Royo Marin. Caros leitores, nenhum valor ou pouco se vale o que é realizado sem Cristo, mesmo que isso sejam suas orações, suas práticas de piedade, sacrifícios e sofrimentos. Pelo contrário, tem valor santificador quando estão ligados a Cristo. Sem Cristo estamos mortos, não como a morte narrada acima por São Paulo, estamos mortos no pecado.

A força do cristão se dá porque ele está intimamente ligado a Cristo. Jesus quando fala da parábola da videira e do mandamento do amor, Ele deixa claro que, "enquanto estivermos ligados a Ele, daremos frutos". O Pai, como um agricultor, limpa para que dê mais fruto. E Jesus ainda afirma que: "sem Mim, nada podeis fazer" (Jo 15,5). Nossa possível vida de cristão é vã sem Cristo.

Ainda pode-se afirmar que: a essência desta vida consiste também na nossa incorporação a Cristo. Esse é o ponto central da vida cristã, afirma Royo Marin. O processo de desenvolvimento da vida cristã, ou seja, o processo de santificação, consistirá essencialmente em aumentar infinitamente essa incorporação a Cristo, até que possamos dizer como o apóstolo Paulo: "Já não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20).

No livro "Jesus Cristo e a vida cristã", Royo Marin deixa três fórmulas breves que constituem a essência da vida cristã: a primeira é "Ser outro Cristo, ou se quisermos, ser Cristo outra vez"; a segunda é "Ser por graça o que Cristo foi por natureza"; e, a terceira é "Ser por Cristo uma nova humanidade na qual n'Ele renova todo o seu mistério". Percebemos que o cristão precisa reproduzir a Cristo, Sua obra e o Seu ser.

O mistério da Ressurreição

 A ressurreição é afirmada pelo magistério infalível da Santa Igreja Católica, além de, também, ser um dogma professado por todo cristão. Assim, torna-se inseparável a fé na ressurreição do ser cristão. Como dogma de fé, podemos perceber algumas afirmações a respeito da ressurreição.

O livro de segundo Macabeus assim traz: "Estando quase a expirar, falou: 'Tu, ó malvado, nos tira da vida presente. Mas o rei do universo nos fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis'" (2 Mc 7,9). Essa passagem relata o martírio daqueles que morreram na fidelidade a Deus e a sua fé lhes dá a certeza da ressurreição.


O Evangelho de São João também relata sobre a ressurreição: "Não fiqueis admirados com isso, pois vem a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão. Aqueles que fizeram o bem, ressuscitarão para a vida; e aqueles que fizeram o mal, ressuscitarão para a condenação" (Jo 5,28-29). Esse trecho deixa claro que, a ressurreição acontecerá para todos, para os que foram bons e para os que foram maus. O Evangelho afirma ainda: "Quem se alimenta com a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6,54). Essas são palavras do próprio Jesus, dignas de fé.

Profissão de fé

Deixo ainda o que o Sagrado Magistério ensina sobre a ressurreição. O próprio credo apostólico professa: "creio na ressurreição da carne". Bento XII também escreveu que: "Nós definimos (…) que, no dia do julgamento, todos os homens comparecerão perante o tribunal de Cristo com seus próprios corpos para dar conta de seus próprios atos". Por fim, Tomás de Aquino, tomando a palavra de São Paulo aos Coríntios, vai dizer que a ressurreição se dará "em um abrir e fechar dos olhos" (cf. 1 Cor 15,52).

Por isso, caro leitor, o cristão é aquele que segue os passos de Cristo, então, sua vida deve configurar-se à vida de Cristo. Assim, fizeram os mártires, muitos deles assemelhando-se a Cristo até mesmo na morte. E, desse modo, o cristão deve agir: aderir aos mistérios de Cristo, o que inclui a ressurreição. Ser cristão é morrer com Cristo para que, por Ele, seja ressuscitado.



Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/pode-alguem-ser-cristao-sem-crer-na-ressurreicao/