11 de março de 2020

Pode alguém ser cristão sem crer na ressurreição?

Para que alguém possa ser verdadeiramente cristão é necessário aderir ao modelo de vida deixado por Cristo. Pois, toda a vida d'Ele foi apresentando um novo entendimento sobre o seguimento de não apenas uma religião ou um obedecer de leis, e sim uma mudança de comportamento. Com isso, qualquer pessoa que se diga cristão, deve crer em todo o mistério revelado por Cristo. O cristianismo tem como marco fundante o mistério Pascal, ou seja, a morte e a ressurreição de Cristo. É a ressurreição quem traz uma nova concepção sobre Deus para o povo. Aqueles que aderem à maneira de viver de Cristo são reconhecidos como cristãos, porque o cristão é chamado a ser um 'outro Cristo'. Enganam-se aqueles que acreditam que o cristianismo seja apenas o que veem na sua conjectura e não na sua estrutura, no seu alicerce. O cristão está fundamentado em Cristo, pois não se reconhece cristão nas estruturas, na instituição ou até mesmo nos pecados daquele que é cristão.

Não é para pessoas, coisas ou instituições que precisamos olhar com a finalidade de buscar o que é ser cristão, e sim para o próprio Cristo. Dessa forma, o teólogo, Antônio Royo Marin, escreve que "é impossível compreender e, até mesmo, vislumbrar em que consiste a verdadeira essência da vida crista e o que seja o constitutivo íntimo da nossa própria perfeição e santidade sem ter em conta, como fundamento, todo o maravilhoso plano divino de nossa adoção que se dá em Jesus Cristo".

Podemos entender, também, o mistério do ser cristão nas palavras de São Paulo: "Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus; […] pois morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus" (Cl 3,1.3).

Pode alguém ser cristão sem crer na ressurreição?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A essência da vida cristã

O cristão fora de Cristo é um ser irreal, um ser "inexistente", afirma Royo Marin. Caros leitores, nenhum valor ou pouco se vale o que é realizado sem Cristo, mesmo que isso sejam suas orações, suas práticas de piedade, sacrifícios e sofrimentos. Pelo contrário, tem valor santificador quando estão ligados a Cristo. Sem Cristo estamos mortos, não como a morte narrada acima por São Paulo, estamos mortos no pecado.

A força do cristão se dá porque ele está intimamente ligado a Cristo. Jesus quando fala da parábola da videira e do mandamento do amor, Ele deixa claro que, "enquanto estivermos ligados a Ele, daremos frutos". O Pai, como um agricultor, limpa para que dê mais fruto. E Jesus ainda afirma que: "sem Mim, nada podeis fazer" (Jo 15,5). Nossa possível vida de cristão é vã sem Cristo.

Ainda pode-se afirmar que: a essência desta vida consiste também na nossa incorporação a Cristo. Esse é o ponto central da vida cristã, afirma Royo Marin. O processo de desenvolvimento da vida cristã, ou seja, o processo de santificação, consistirá essencialmente em aumentar infinitamente essa incorporação a Cristo, até que possamos dizer como o apóstolo Paulo: "Já não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20).

No livro "Jesus Cristo e a vida cristã", Royo Marin deixa três fórmulas breves que constituem a essência da vida cristã: a primeira é "Ser outro Cristo, ou se quisermos, ser Cristo outra vez"; a segunda é "Ser por graça o que Cristo foi por natureza"; e, a terceira é "Ser por Cristo uma nova humanidade na qual n'Ele renova todo o seu mistério". Percebemos que o cristão precisa reproduzir a Cristo, Sua obra e o Seu ser.

O mistério da Ressurreição

 A ressurreição é afirmada pelo magistério infalível da Santa Igreja Católica, além de, também, ser um dogma professado por todo cristão. Assim, torna-se inseparável a fé na ressurreição do ser cristão. Como dogma de fé, podemos perceber algumas afirmações a respeito da ressurreição.

O livro de segundo Macabeus assim traz: "Estando quase a expirar, falou: 'Tu, ó malvado, nos tira da vida presente. Mas o rei do universo nos fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis'" (2 Mc 7,9). Essa passagem relata o martírio daqueles que morreram na fidelidade a Deus e a sua fé lhes dá a certeza da ressurreição.


O Evangelho de São João também relata sobre a ressurreição: "Não fiqueis admirados com isso, pois vem a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão. Aqueles que fizeram o bem, ressuscitarão para a vida; e aqueles que fizeram o mal, ressuscitarão para a condenação" (Jo 5,28-29). Esse trecho deixa claro que, a ressurreição acontecerá para todos, para os que foram bons e para os que foram maus. O Evangelho afirma ainda: "Quem se alimenta com a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6,54). Essas são palavras do próprio Jesus, dignas de fé.

Profissão de fé

Deixo ainda o que o Sagrado Magistério ensina sobre a ressurreição. O próprio credo apostólico professa: "creio na ressurreição da carne". Bento XII também escreveu que: "Nós definimos (…) que, no dia do julgamento, todos os homens comparecerão perante o tribunal de Cristo com seus próprios corpos para dar conta de seus próprios atos". Por fim, Tomás de Aquino, tomando a palavra de São Paulo aos Coríntios, vai dizer que a ressurreição se dará "em um abrir e fechar dos olhos" (cf. 1 Cor 15,52).

Por isso, caro leitor, o cristão é aquele que segue os passos de Cristo, então, sua vida deve configurar-se à vida de Cristo. Assim, fizeram os mártires, muitos deles assemelhando-se a Cristo até mesmo na morte. E, desse modo, o cristão deve agir: aderir aos mistérios de Cristo, o que inclui a ressurreição. Ser cristão é morrer com Cristo para que, por Ele, seja ressuscitado.



Fábio Nunes

Francisco Fábio Nunes
Natural de Fortaleza (CE), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP), Fábio Nunes é também Bacharelando em Teologia pela Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP) . Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário do Pai das Misericórdias e nos Confessionários.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/pode-alguem-ser-cristao-sem-crer-na-ressurreicao/

9 de março de 2020

O que sentimos diante da dor e do sofrimento?

Diante da dor, o homem se torna vulnerável, perde o controle das suas emoções, tem reações absurdas, foge; o mais valente se torna impotente. A sua natureza se defende desse sentimento como se fosse um inimigo, defende-se com todas as armas da maior das dores: a morte. A natureza humana, até no último suspiro, grita pela vida, pela existência, pela eternidade, pelo gozo eterno.

O homem perde o raciocínio quando sente dor. Ele não consegue trabalhar, calcular, compor, escutar; parece que tudo, todas as suas capacidades, estão voltadas para a dor. Se formos analisar, poderíamos até dizer que ela é sinônimo de derrota, fracasso.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Jesus Cristo, humano, porém totalmente Divino, quis fugir dela, mas o encontro com a dor foi inevitável, até ela se tornar Sua companheira de missão. Jesus, o Homem perfeito, conseguiu administrar as Suas emoções, Sua razão e natureza; conseguiu, no cume desse sentimento mau, perdoar o pecador e consolar os que choravam pelo Seu sofrimento. Recusou o fel e o vinagre, que eram como anestésico; não desprezou Judas, embora este O tivesse traído; investiu em Pedro, mesmo sabendo que ele iria negá-Lo. Não gritou, não correu do suplício.

Você sente dor? E o que faz diante do sofrimento?

Sentiu dor física do flagelo, dor moral da nudez e emocional da zombaria; a dor da traição, da injustiça, do abandono, da alma e do espírito, que não sentiu a presença do Pai; enfim, do grande mistério humano: a chegada da morte. Jesus conseguiu ver além, olhou a causa da salvação, ultrapassou os limites do humano, não porque era Divino, mas porque assumiu o seu principal objetivo: a missão de salvar.

Comecei a perceber que, quando estamos doentes, para nos curar é preciso tomar remédios amargos, às vezes injeção e, se a doença for grave, é preciso até mesmo de uma cirurgia com uma dolorosa recuperação. As pessoas que têm câncer lutam, mesmo sabendo que, diante da medicina, essa doença é incurável. Fazem quimioterapia, radioterapia, tomam remédios fortíssimos, passam por cirurgia para retira-lo e, muitas vezes, o tratamento é muito mais doloroso que a própria enfermidade. Poderíamos dizer que médicos malvados que machucam trazem dor somente como uma ponte para chegar à salvação, a cura é a fé; é a esperança de ser salvo que faz essas pessoas ultrapassarem essa barreira.

Por toda dor que Jesus passou, hoje, como cristãos, unimo-nos a Ele para transcendê-la para a salvação e conversão, tornando-nos, assim, mais humanos e sensíveis, podendo gerar amor e gerar a vida eterna.


A dor pode ser um caminho de salvação

Esse pesar é uma ponte para a morte. Não se pode entrar na vida eterna senão por meio dela, mas com olhos na promessa de eternidade podemos abraçá-la para contemplar Deus. Não tenha medo de sentir dor. Jesus passou por ela e não usou drogas. Ele ficou lúcido! Muitas pessoas usam drogas para fugir desse mau sentimento. Jesus vai ajudá-lo a passar por ele. A dor é somente uma ponte que salva.

Olhando para a minha vida, eu posso dizer: eis os tantos sofrimentos que me salvaram, olhe para sua vida e diga: "Eis o sofrimento que vai me salvar, mesmo que eu não compreenda, eis o elo que me leva à eternidade: a dor".

Junto com você, eu quero afirmar que a dor salva (cura). Passe por essa ponte com alegria, com os olhos e a vida voltados para a salvação. Jesus é o Homem doloroso, mas muito mais homem da salvação. Ele estará com você.

Jesus, eu confio em Vós!

Érika Andrade


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/o-que-sentimos-diante-da-dor-e-do-sofrimento/

5 de março de 2020

Quais as partes de uma oração?

Vimos, no artigo anterior, que rezar é uma necessidade para a alma tão grande quanto é necessário para o corpo respirar ou se alimentar. Engana-se, tremendamente, quem acredita que pode se manter espiritualmente saudável e perseverante na fé sem se dedicar à oração, tanto como, uma pessoa que tem uma doença silenciosa em evolução acredita que goza de perfeita saúde.

Como é a alma quem contém o corpo, e como, além disso, a alma sobrevive sem o corpo, não o contrário, Santo Tomás dizia que "bem sabe viver aquele que sabe rezar bem". E se já vimos em outro artigo quais são as quatro condições para que a oração seja sempre atendida por Deus, cabem aqui outras perguntas: Quais as partes que devem compor minhas orações? Existe um roteiro para uma oração completa?

Antes de responder essas perguntas, preciso deixar claro que não se trata de buscar moldes para engessar a oração. Nem tampouco motivos para se penitenciar por não haver feito uma oração "perfeita", muito menos se ensoberbecer por "ter feito tudo certinho". O objetivo dessas reflexões sobre a oração é que, aprofundando o verdadeiro sentido do que é rezar, do como rezar e buscando compreender os que os santos e doutores orientaram sobre o assunto, possamos crescer em intimidade com Deus (o grande sentido da oração) e nos entregar, cada vez melhor, a essa obra que, como vimos, é a maior e a melhor que podemos realizar para (e com) Deus.

Quais as partes de uma oração?

Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

A oração é uniforme?

O monge João Cassiano, ao entrevistar os padres do deserto, no século V, em busca de orientações espirituais, ouviu da boca do Abade Isaac que "as orações se modificam a todo instante, segundo o grau de pureza a que cada alma ascende e segundo a natureza da disposição em que cada uma se encontra. (…) Por isso, é absolutamente certo que a ninguém é possível fazer sempre orações uniformes: rezamos de um modo quando estamos alegres; de outro, quando somos oprimidos pelo peso da tristeza ou do desespero; de outro, quando nos sentimos fortes com os êxitos espirituais; de outro, quando estamos deprimidos pela violência das tentações; de outro, quando pedimos o perdão dos pecados; de outro quando pedimos a aquisição de uma graça ou de alguma virtude ou mesmo a extinção de qualquer vício; de outro…" E segue mostrando as múltiplas situações que afetam a nossa oração.

É claro que mesmo algo tão vivo quanto a oração pode ser estudado e pedagogicamente descrito. Foi isso que fez Santo Tomás de Aquino em dois momentos. Primeiro, determinando que, para o ato de rezar, são necessários três requisitos:

  1. Aquele que reza se aproxima de Deus! A oração é um ato de intimidade como vimos no primeiro artigo desta série. Mais para frente, nos artigos futuros, discutiremos a qualidade desta aproximação: Deus me ouve se estou distraído? E se estou em pecado? Isso porque existem maneiras e maneiras de se aproximar de alguém e de ser digno, ou não, de estar em sua presença.
  2. Que se faça um pedido! Embora ainda não tenhamos tratado, neste artigo, de qual é o melhor pedido para se fazer quando se reza, é interessante notar que Santo Tomás se preocupada em nomear, especificamente, cada tipo de pedido. Assim, se peço algo determinado, sabendo, exatamente, o que quero, esse pedido é uma postulação. Se não é determinado, mas um pedido de ajuda ou socorro a Deus em geral, é uma súplica, e, finalmente, chama-se insinuação quando procuro narrar algo que provoque ou ocasione uma reação por parte de Deus. Neste caso, o melhor exemplo é a mensagem que Cristo recebe sobre seu amigo Lázaro de Bethânia: "Senhor, aquele que tu amas está doente" (Jo 11,3).
  3. Que se dê razões para o pedido! Essas razões, segundo Santo Tomás, muito além das justificativas que conhecemos para o que pedimos, têm duas formas essenciais: Da parte de Deus, ou, melhor dizendo, qual a razão para pedir a Deus? E a razão só pode ser Sua santidade e misericórdia sem limites, retratados em trechos primorosos da Bíblia como: "Senhor, a quem iríamos nós? Só tu tens palavras de vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus" (Jo 6,68-69). A razão da parte do ser humano é a ação de graças pela qual reconhecemos que tudo está sob a tutela e providência de Deus. Em outras palavras, a razão por que rezo é porque sei que serei ouvido e minha alma se rejubila com isso.

Partes internas da oração

Em um segundo momento, Santo Tomás trata das partes internas da oração e, para isso, recorre à autoridade de São Paulo Apóstolo que diz a Timóteo: "Recomendo-te, pois, antes de tudo, que se façam obsecrações, promessas, súplicas e ações de graças" (1Tm 2,1). Assim como os padres do deserto, nas conferências de João Cassiano, e Santo Agostinho, o doutor angélico também entende que São Paulo nomeia quatro partes distintas na oração: obsecrações, promessas, súplicas e ações de graças! Não se trata de redundância de palavras, mas de ações distintas e complementares.

Faço uma ressalva que uma consulta a diversas traduções da Bíblia resulta em alguns nomes similares para os três primeiros como súplicas, orações e intercessões. Por isso, vamos utilizar as palavras em paralelo para não perder as proposições originais do Abade Isaac (através de João Cassiano) e de Santo Tomás de Aquino.

Primeira parte

A primeira parte da oração deveria ser dedicada à obsecração ou súplica. Obsecrar é implorar a Deus ou fazer uma petição de socorro pelos pecados cometidos, quer passados, quer presentes. Como vimos acima, súplica tem essa mesma conotação de pedido de socorro, mas sendo genérica, não reflete bem o que é esse implorar perdão a Deus pelos pecados cometidos que a palavra obsecração traz tão claramente. Segundo o apóstolo, os santos padres e o doutor da Igreja, deveríamos começar nossa oração pedindo a Deus misericórdia, porque somos pecadores.

Segunda parte

A segunda parte será uma promessa ou oração como trazem algumas traduções. Promessa, porque, logo depois de reconhecermo-nos pecadores, precisamos prometer abandonar o pecado e fazer um voto de servir a Deus. Prometer abandonar tudo que, no mundo, nos afasta de Deus e nos impede de viver em sua intimidade e avançar nas virtudes. Neste sentido, é que o Salmo (115,14) diz: "Cumprirei os meus votos ao Senhor" e Eclesiastes (5,3) recomenda: "Quando fizeres um voto a Deus, cumpre-o sem demora!". Neste caso, Santo Tomás lembra que podemos chamar oração tanto as quatro partes juntas quanto somente esta parte. No caso desse trecho, oração seria somente a elevação da mente a Deus. Considero, no entanto, a tradução dos santos padres por promessa mais completa para um entendimento integral e exclui a duplicidade do termo oração.


Terceira parte

A terceira parte, súplicas ou intercessões, é o momento onde pedimos também pelos outros. Mais à frente, o próprio São Paulo irá reforçar isso orientando que a oração seja "por todos os homens, pelos reis e por todos os constituídos de autoridade" (1Tim 2,1b-2). Esse é um detalhe importante, frequentemente negligenciado: somos um corpo, não somos sozinhos. Estamos unidos a Cristo e aos irmãos, somos Igreja. Quanto mais nos santificamos, mais a Igreja se santifica. Também quanto mais a Igreja se santifica, maiores são as graças sobre nós. Os santos reforçaram isso com argumentos bem simples sobre a oração dominical: não rezamos Pai meu, mas Pai Nosso! Pedimos o pão nosso, que não nos deixe cair em tentação. Por isso, as duas traduções se complementam: é, sim, súplica, mas é também intercessão, pois não é somente por quem reza que se suplica, é por todo o corpo místico da Igreja.

Finalizando a oração, em sua quarta parte, temos as ações de graças! É preciso agradecer a Deus todos os dons recebidos quando rezamos. Reconhecer os benefícios atuais e passados, agradecer pelas promessas futuras com alegria e dilatação do coração. Segundo Santo Tomás, citando a oração de coleta na liturgia da Missa, "damos graças aos benefícios recebidos, porque 'dando graças pelos benefícios recebidos, merecemos receber ainda maiores'".

Crescimento espiritual

Essas quatro partes da oração são retomadas em outro texto do próprio São Paulo (Fl 4,6) onde ele diz: "Mas em toda a promessa e obsecração apresentai a Deus os vossos pedidos com ação de graças" ou, na mesma passagem, em outra tradução: "Apresentai a Deus os vossos pedidos, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças".

Enriquece também a nossa compreensão da vida espiritual a observação do Abade Isaac a João Cassiano: essa trajetória das quatro partes da oração também acaba representando fielmente as fases do crescimento espiritual. A perspicácia do padre do deserto vê que os principiantes passam a maior parte do tempo em sua oração implorando a Deus para vencer seus pecados. Os espinhos das tentações e os vícios, ou suas lembranças, estão por demais presentes em sua vida.

Aqueles que já avançaram um pouco na vida espiritual, já começaram a desenvolver as virtudes com solidez e começam a progredir. Esses, naturalmente, acabam se detendo mais na segunda parte da oração: a promessa, os votos ou a busca das virtudes. Os que já estão avançados, são aqueles que não mais são atormentados pelos pecados no presente e, por isso, relembram brevemente os do passado, já tem virtudes sólidas e, desse modo, já cumprem os que se propõe e respeitam os votos que fizeram e, assim, têm determinação para pedir também pelos outros, detendo-se mais na terceira parte da oração. Por último, os que já têm o coração apaziguados e purificados pela contemplação de Deus enxergam, claramente, os benefícios constantemente recebidos e, assim, vivem em ação de graças, passando por todas as partes da oração num ato contínuo de agradecimento.

Sintetizando, poderíamos dizer que uma oração completa, segundo São Paulo e Santo Tomás de Aquino, seria aquela que, consciente de nossos pecados, desejando vencê-los e fazendo planos e promessas de mudanças a Deus, suplicamos por nós e pelos outros enquanto já agradecemos os benefícios recebidos, na certeza de que eles se multiplicarão pelas misericórdias do Senhor.

Na próxima semana, refletiremos se, como vimos que a oração é um ato de intimidade com Deus, é realmente adequado rezar também para os santos? Até lá, o que você pensa sobre essa questão?



Flávio Crepaldi

Flavio Crepaldi é casado e pai de 3 filhas. Especialista em Gestão Estratégica de Negócios, graduado em Produção Publicitária e com formação em Artes Cênicas. É colaborador na TV Canção Nova desde 2006 e atualmente cursa uma nova graduação em Teologia com ênfase em Doutrina Católica.


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/vida-de-oracao/quais-as-partes-de-uma-oracao/

3 de março de 2020

Jesus é a plenitude da nossa missão

A Igreja compreende-se como imagem viva da Trindade santa, povo de Deus, corpo de Cristo, templo do Espírito Santo. Nela, todos agem coordenadamente para o objetivo comum da evangelização e da missão. Inserida na história e atenta à realidade, mantendo sua identidade e vocação missionária, ela procura discernir nos desafios os sinais dos tempos.

A missão é uma resposta ao plano do Pai que determinou a forma de realizar a salvação. É a continuação da missão do Filho que chama todos os homens para participarem das novas promessas e da nova herança. É a colaboração com o Espírito Santo, com cuja luz e força o povo de Deus pode realizar a sua missão. Somente nessa perspectiva trinitária, podemos conhecer como a Igreja é por sua natureza missionária, pois, toma sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, segundo o propósito de Deus Pai (Ad Gentes, 2).

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

"Deus amou tanto o mundo que deu Seu Filho único para que todo aquele que n'Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou seu filho para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele" (Jo 3,16-17). Deus enviou Seu Filho na nossa carne para restabelecer a paz na humanidade e formar comunhão com Ele. Deus mesmo realiza pessoalmente sua missão de Pai dentro da história humana. É uma missão nova e superior a do Antigo Testamento. Por isso, fala-se de plenitude dos tempos: o tempo em que Deus envia o seu Filho missionário.

Em Jesus encontramos a origem da missão

No Filho Jesus há a plenitude da missão. Aos discípulos Jesus deu outro mandato: que esperassem ser revestidos da força do Alto: "recebereis a força do Espírito Santo e sereis minhas testemunhas até os confins do mundo" (At 1 ,8). Somente depois da descida do Espírito Santo, em Pentecostes, os apóstolos saem para todas as partes do mundo (Evangelii Nustiandi, 75).

Sem o Espírito Santo, a colaboração do homem na obra missionária nada vale. "As técnicas de evangelização são boas. Porém, nem as mais aperfeiçoadas poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. Sem Ele, a dialética mais convincente nada consegue sobre o espírito dos homens. Sem Ele, os esquemas mais bem estruturados sobre bases sociológicas ou psicológicas revelam-se depressa desprovido de todo valor". Assim, o Espírito Santo impõe um dinamismo à missão em todos os tempos no mundo. Os missionários nada podem fazer sem a sua assistência e inspiração. E o Espírito Santo suscita comunidades que se põem à disposição da Igreja para realizar-lhe a obra missionária.

Todos nós, religiosos, missionários e leigos comprometidos com a mesma missão do Verbo sentimos a necessidade de algo mais profundo que nos dê força para manter viva a missão no dia a dia. Essa força interior é a espiritualidade que configura nosso estilo de vida, que marca a qualidade nos nossos relacionamentos e que dá alegria e criatividade aos nossos compromissos missionários. A raiz da nossa espiritualidade missionária é a comunhão na Trindade que nos faz pessoas que sabem construir comunidades e viver na comunhão. A vida em comunidade é o nosso testemunho eloquente do mistério da Trindade como comunidade, origem, modelo e consumação de cada comunidade humana.

O Espírito Santo nos conduz

Com a convicção de que o Espírito Santo é o dinamizador da missão, há um desafio urgente para todos nós: de cultivar pessoalmente e como comunidade uma atitude de discernimento permanente. Nesse processo de escuta do Espírito, redescobrimos a necessidade de um discernimento permanente na missão. Cremos que a comunidade é o contexto ideal para o discernimento. Essa atitude implica uma abertura crítica à realidade e uma contemplação em oração à luz da Palavra para poder discernir os passos de Deus na história.

A prática construtiva da missão da Igreja se expressa hoje como diálogo profético. Entrar em diálogo implica uma capacidade de relacionar-se com os outros, de ir ao encontro dos demais e de escutar ativamente. A prática missionária de Jesus nos ensina como Ele foi uma pessoa de diálogo com todos, rompendo quaisquer preconceitos e barreiras sociais, religiosas e culturais.

Hoje somos chamados a nos dirigir, em espírito de diálogo, às pessoas que procuram a fé, às pessoas que vivem na situação de pobreza e exclusão, às pessoas de outras culturas, de diferentes tradições e de ideologias seculares.


Reconheça a presença de Cristo

Esse espírito de diálogo se faz a partir da nossa fé, que nos capacita a reconhecer sinais da presença de Cristo e a ação do Espírito em tudo. Ele nos desafia a empenhar-nos em conversão continua, tornando-nos cada vez mais, pessoas abertas aos outros e comprometidas com a causa do Reino. O diálogo é uma atitude de solidariedade, respeito e amor que deve permear todas as nossas atividades. Sua prática se concretiza pelo diálogo da vida, pelo diálogo da ação comum por justiça e paz, pelo diálogo da experiência religiosa e pelo diálogo de intercâmbio intelectual.

Cada missionário é chamado a unir a ação à contemplação, o encontro com Deus ao encontro com os irmãos e irmãs. Compreender que quem sabe ver o necessitado com os olhos de Jesus está sempre contemplando a Deus. "Cada vez que o fizestes a um desses, meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes" (Mt 25,40).

Abrir para o amor de Deus, dentro de sua realidade de criatura limitada e frágil. Essa capacidade de amar é dom de Deus. Recusar a se fechar no próprio egoísmo e confiar em Deus que nos acolhe e nos ama, apesar dos nossos pecados. Sentir amado e acolhido por Deus e se abrir para o amor aos irmãos e irmãs de diferentes rostos. Numa sociedade que divide e exclui, compreender que o missionário deve incluir e construir comunidades onde haja o diálogo.

Os valores espirituais

Dentro desse campo, estamos sempre em formação: de início, recebemos os valores espirituais de nossos pais ou pessoas próximas, mas, com o decorrer do tempo, buscamos descobrir os novos valores, o que o Espírito tem a nos dizer. E, para que isso possa acontecer, precisamos, cada vez mais, de uma atitude e de uma prática de diálogo em que não interessa a verdade que cada um possa ter alcançado ou descoberto, mas a Verdade que buscamos. O diálogo parte, pois, do respeito pelo nosso interlocutor; no diálogo, o primeiro passo não é falar, mas ouvir e com respeito. Mais ainda, no diálogo estamos sempre dispostos a crescer porque sabemos de antemão que não temos a Verdade.

Com isso, temos, ao mesmo tempo, em nossas comunidades, uma tarefa missionária. Não vamos simplesmente ao encontro de uma religião, mas ao encontro do que o Espírito nos fala; e isso acontece também na comunidade. E o cristão de hoje sabe que a missão não é somente uma mensagem para um outro, mas também para ele; é uma chuva que deve fazer seu efeito também em sua terra. Todos estamos recebendo a cada momento os desafios do evangelho. A terra é terra de missão. Por outro lado, essa descoberta da Boa Nova lança uma luz para o mundo em que vivemos.

Os lugares que precisam dela podem estar entre povos distantes, num bairro da cidade, no quarteirão ao lado de nossa casa e até pode ser o colega que está junto a mim. Onde quer que um ser humano se pergunte pelo sentido da vida, ali está um lugar de anúncio; ali está falando o Espírito.

Como dizíamos acima, as pessoas estão carentes de espiritualidade, e nem todas as expressões de espiritualidades nos levam ao Deus da vida; muitas são simples ilusões e soluções passageiras para as circunstâncias da vida.

Por isso, uma comunidade terá como princípio, uma espiritualidade sólida que brota de uma reflexão sobre a Palavra e de uma escuta do Espírito. Será que, não está aqui o centro de nossa missão? Sermos portadores da Palavra, não de uma palavra qualquer, mas daquela que decide a existência. E, até mais, daquela que faz com a que a existência passe a ser no Plano de Deus como num paraíso. É uma missão que traz dentro de si um sonho, o Reino.

Eduardo Rocha Quintella
Fraternidade S.J. Da Cruz – O.C.D.S – BH.

29 de fevereiro de 2020

Como deve ser nossa relação com nossos amigos?

"Não abandones um velho amigo, pois o novo não o valerá. Vinho novo, amigo novo; é quando envelhece que o beberás com gosto." (Eclo 9,14-15). "Não é na prosperidade que se reconhece um amigo. Na prosperidade, até os inimigos são amigos, mas, na adversidade, até os amigos se afastam" (Eclo 12,8). Repreende o amigo quando precisar. "Não te envergonhes de saudar um amigo, nem se esconda de sua presença, e se me acontecer algum mal por isso, eu o suportarei." (Eclo 22,31). "Quem revela o segredo de um amigo perde a sua confiança" (27,17). "O amigo distrai-se com seu amigo nas suas alegrias" (Eclo 37,4). "O amigo compartilha da desventura do seu amigo… não te esqueças de teu amigo nos teus pensamentos…"

Esses trechos bíblicos foram tirados do livro do Eclesiástico, e diz bem o que é ser amigo. É a palavra de Deus, que embora tenha sido escrita por homens, teve inspiração divina. Eis aqui alguns itens importantes para que haja uma verdadeira amizade:

O amor ao amigo tem que ser incondicional, ou seja, não faça nada esperando algo em troca, se assim o fizer, poderá sofrer, pois nem sempre o amigo dará o retorno que espera. Às vezes, é melhor nem dizer que ama – os gestos, muitas vezes, dizem muito mais, pois, muitas vezes, quando se diz demais, pode ser que não seja real aquilo que tanto fala. Não fuja do seu amigo quando ele mais precisar. Se lhe parecer que ele esteja mal, reze com ele, seja sempre presente.

Como deve ser nossa relação com nossos amigos?

Foto ilustrativa: franckreporter by Getty Images

Seja sempre transparente com seu amigo. Se ele fez algo errado, repreenda-o; se o magoou, converse com ele a respeito. Há muitas vezes em que o amigo não quer estar próximo. Respeite-o. Retire-se se for necessário. Nunca se canse de ter gestos concretos com seu amigo, mesmo que ele não lhe dê retorno – você estará fazendo a sua parte.

Assuma seu amigo perante as pessoas. Nunca se envergonhe dele, isso se, realmente, ele for importante para você. Quando estiver ouvindo seu amigo, nunca o deixe falando sozinho. Nunca prometa alguma coisa ao seu amigo quando não tiver como cumprir essa promessa. Nunca marque um compromisso com seu amigo só para agradar-lhe, pois, se faltar no compromisso, será ainda pior do que se tivesse dito que não poderia ir. Faça ao seu amigo o que gostaria que fizesse por você.

Minha experiência com amigos

A minha experiência de amizade é traumatizante e, ao mesmo tempo, gratificante. Eu sempre achei que nunca fui um bom amigo e nunca serei, tendo em vista os retornos que tive nas minhas amizades. Agora, o que sempre fiz, em tudo na minha vida, foi ser verdadeiro, transparente, procurando ser próximo, amando de verdade. Nunca me envergonhei de ser amigo de verdade, porque os primeiros amigos que tive na minha vida formam a minha família, e ela foi quem me ensinou o que disse antes.

A partir disso, sempre me disseram que sou um bom amigo. Eu preciso acreditar mais nas pessoas. Eu aconselho que ninguém fique sem ter um amigo, pois ele nos ajuda a crescer, dando-nos também muita alegria. Inclusive, Jesus teve os Seus amigos, assim também nós podemos tê-los. Não seja, no entanto, como aqueles que foram com Jesus no monte e acabaram dormindo quando Ele mais precisava deles. Eu disse que tive uma experiência traumatizante por ser inexperiente nessa área, acabei me machucando bastante.

Contudo, tive experiências gratificantes também porque pude aprender muito com alguns de meus amigos. Por poder ajudar, saber que sou confiável, é que hoje posso contar com muitos que gostam de mim e me querem bem. Enfim, tenho mais a agradecer aos meus amigos do que a murmurar. Seja amigo e não tenha medo do que possam dizer, seja amigo apenas.

Minha intimidade com Deus

Minha intimidade com Deus não tem algo de extraordinário, é uma relação simples de filho para com o pai. E nessa relação, vejo que quem mais procura é Deus, que vem atrás de mim. Não porque eu seja alguém especial ou muito importante para Ele, mas porque Deus sabe que eu sou muito racional, então, por me amar demais, não me abandona. Ele zela por mim com muito cuidado e amor; e minha forma de falar com Ele, também é de um filho que não esconde nada de seu pai.


Deus sabe tudo de mim. Parece uma piada, mas é que tem muita gente achando que Deus sabe o conhece, e não é transparente com Ele, ficando na autossuficiência. Nessa relação com o Senhor, quanto mais nos reconhecermos pecadores, assim como reconheço que sou, reconhecendo que não somos perfeitos, mais Deus estará próximo de nós e em nós. Aí, estaremos mostrando nossa dependência d'Ele, principalmente da Sua graça, sem a qual nem seríamos capazes de O amar por causa dos nossos pecados.

Eu me defino como um filho dependente d'Ele, que O ama e, por isso, busca fazer Sua vontade. Que morre se ficar sem Ele, e gosta de ser transparente com Ele. Que ama testemunhá-Lo e se considero feliz por ser zelado por Ele. O que posso querer mais? Só se fosse um filho muito ingrato. A Deus tenho que agradecer sempre, por tudo!

Padre Cleidimar Moreira


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/relacionamento/amizade/como-deve-ser-nossa-relacao-com-nossos-amigos/

26 de fevereiro de 2020

Vale a pena amar até mesmo quando sofremos por isso?

Um dia, alguém me disse que o amor, para ser amor, tinha que doer. Não acreditei muito nisso, mas hoje percebo que é verdade, pois amar é morrer, a cada dia, para as nossas vontades, é buscar sempre o último lugar, é querer antes a felicidade do outro que a nossa. Tudo isso é muito doloroso, pois dentro de nós há um desejo de sermos reconhecidos pelo que fazemos, um desejo de sermos retribuídos da mesma forma.

O verdadeiro amor é gratuito, não pede nada em troca, é silencioso, discreto e exigente. Alguns dizem que o amor é um verbo; outros, que é um sentimento; uns, que é uma decisão, mas o que mais me chamou à atenção foi ouvir que ele é um comportamento, pois se alguém me magoa ou me decepciona, vou continuar amando-o, pois o amor dentro de mim é maior que essa frustração. Isso não é ser falso, é ser verdadeiro, pois se fosse um sentimento, na primeira decepção deixaríamos de amar.

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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Por que o amor dói?

O amor dói, porque exige esse comportamento de sempre esperar, sempre acreditar e descobrir jardins em meio a desertos de tantos corações. Corações feridos por causa de um mundo que prega o amor fútil, de conveniência, de prazer, e que vai formando, hoje, pessoas cada vez mais insensíveis, com medo de amar, pois já sofreram muito com esse "tal de amor", vivido de forma incoerente, que escraviza e oprime, ilude e até mata.

Jesus soube viver de forma tão humana quanto divina esse "amor-comportamento". Na verdade, foi Ele quem nos deixou o caminho livre para vivê-lo. Ele sim amou verdadeiramente até doer, sofreu, porque nos amou incondicionalmente.


Aliás, o amar e o sofrer andam lado a lado, pois o amor não nos impede de sofrer, assim como o sofrimento também não nos impede de amar. Mesmo que doa, você deve continuar amando. Interessante que o amor "doa", visto que essa palavra tem um duplo sentido: doa de "doer" e de "doar". Faça de sua forma de amar a alegria para os outros, e você verá que essa dor de amor é algo sublime e simples.

Bom, a decisão é sua para levar essa novidade tão antiga a esse mundo tão carente do amor verdadeiro. Se até hoje não amamos, talvez seja porque não tenhamos sido amados. Dê o primeiro passo e ame, pois o amor que cura é o amor que damos aos demais. Então, você perceberá que vale a pena amar, mesmo doendo.

Deus abençoe você!



Adriano Gonçalves

Mineiro de Contagem (MG), Adriano Gonçalves dos Santos é membro da Comunidade Canção Nova. Formado em filosofia e Psicologia. Atuou na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Hoje atua no Núcleo de Psicologia que faz parte da Formação Geral da Canção Nova. É autor dos seguintes livros: "Santos de Calça Jeans", "Nasci pra Dar Certo!", "Quero um Amor Maior" e " Agora e Para Sempre: como viver o amor verdadeiro".


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/afetividade-e-sexualidade/vale-pena-amar-ate-mesmo-quando-sofremos-por-isso/

17 de fevereiro de 2020

Oração nos momentos de angústia

"Meu Senhor, minha alma está perturbada;  a angústia, o medo e o pânico tomam conta de mim. Sei que isso acontece por causa da minha falta de fé, da falta de abandono nas Tuas mãos santas e de não confiar totalmente no Teu poder infinito. Perdoa-me, Senhor, e aumenta a minha fé. Não olhes para a minha miséria e para o meu egocentrismo.

Eu sei que estou apavorado porque teimo e insisto, por minha miséria, em ficar contando apenas com as minhas forças humanas miseráveis, com os meus métodos e meus recursos. Perdoa-me, Senhor, e salva-me, ó meu Deus. Dá-me a graça da fé, Senhor; dá-me a graça de confiar no Senhor sem medidas, sem olhar para o perigo, mas olhar somente para Ti, Senhor; socorre-me, ó Deus.

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Foto Ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

Sinto-me só, abandonado, e não há quem possa me ajudar, a não ser o Senhor. Abandono-me em Tuas mãos, Senhor, nelas eu coloco as rédeas da minha vida, a direção do meu caminhar e deixo os resultados nas Tuas mãos. Eu creio em Vós, Senhor, mas aumenta a minha fé. Eu sei que o Senhor ressuscitado caminha ao meu lado, mas assim mesmo eu ainda temo, porque não consigo abandonar-me inteiramente em Tuas mãos. Socorre a minha fraqueza, Senhor.

Esta oração foi feita por uma pessoa que estava em grande angústia

Meu Senhor, sei que, para Vós, não há 'beco sem saída', não há problema sem solução. Sei que o Senhor pode fazer jorrar água da pedra, e sei que pode transformar água em vinho e pedras em pães. Sei que o Senhor dá ordens aos ventos e ao mar, sei que nenhum passarinho cai por terra sem a Vossa vontade, e que os fios de meus cabelos estão todos contados (Mt 10,29-30). Eu sei, Senhor, que cuidas das aves do céu e dos lírios dos campos, que não semeiam nem ceifam, e o Senhor lhes dá o alimento e as vestes, que valem muito menos do que nós. Eu sei de tudo isso, Senhor, mas a minha fé é fraca. Perdoa-me, cura-me e aumenta a minha , Senhor! Eu não desisto de procurar-Te e de alcançar uma fé firme.

Em Teu nome, levanto a minha cabeça, Senhor, e expulso o medo e a angústia de minha alma. Em Teu Nome, Senhor, eu não temerei mal nenhum, porque sei que o Senhor é o meu Pastor e nada me faltará. Eu sei que o Senhor é protetor da minha vida; eu nada temerei.

Eu aceito tudo, Senhor, aceito tudo! Eu sou todo Teu, e tudo o que sou e que tenho Te pertence, meu Deus. Não quero estar apegado a nada, e sei que o Tu estás me libertando de todas essas amarras que me prendem a este mundo. O Senhor me quer livre, desapegado e despojado de tudo. Agora, entendo um pouco mais o que o Senhor está fazendo em mim, com esse sofrimento que esmaga a minha alma.


Da provação colhemos frutos

Sei que tudo concorre para o bem dos que Te amam, Senhor (Rm 8,28), e eu Te amo. Sou miserável pecador, mas Te amo. Então, sei que tudo que o Senhor permitir que me aconteça será para o meu bem, ainda no fogo desta provação o Senhor está me moldando, está me lapidando, está me salvando e mudando para melhor. Sei que é no cadinho do fogo do sofrimento que o Senhor purifica as almas. Daí-me a graça de suportar tudo Senhor, na fé, com paciência, resignação, dando-Te sempre graças. Sei que amanhã eu colherei os frutos de toda essa provação. Bendito sejas, Senhor!

Sei que o Senhor ressuscitado caminha a meu lado, eu seguro em Tuas mãos, lanço-me nos Teus braços. Sei que o Senhor cuida de mim. Diante de cada problema, quero Te perguntar: "Como vamos resolver isso, Senhor?". Eu não sei, mas o Senhor sabe. Dá-me Teu Santo Espírito, dá-me Tua sabedoria e força. Vem, Espírito Santo, ocupa a minha mente e o meu coração. Quero ser Teu, ó Divino Espírito Santo, quero ser renovado em Ti, na fé e no amor de Deus.

Não permito, Senhor, que a tristeza tome conta de mim. Quero alegrar-me sempre, porque o Senhor está perto (Fil 4,4s). Em Teu nome, eu lanço fora toda a tristeza de minha alma e toda preocupação. Em Teu nome, não permito que minha alma seja sufocada e minha vida esmagada e estragada pela tristeza.

Nunca perca a fé

Não quero mais ficar olhando para a tempestade que me assusta, Senhor, e me enfraquece a fé; quero apenas olhar para o Senhor, com olhar fixo e confiante, no meio da tormenta e da dúvida. Não me deixe ser engolido pelo medo da tempestade. Ainda que eu tenha de atravessar o vale da morte, não temerei, pois o Senhor vai comigo.

Sei que o Senhor sempre estará comigo para me livrar de todos perigos.

Levanta-se, Deus, pela intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, São Miguel Arcanjo e todas as milícias celestes. Que sejam dispersos todos os seus inimigos e fujam de Tua face todos os que Vos odeiam. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém."



Felipe Aquino

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos", na Rádio apresenta o programa "No Coração da Igreja". Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino


Fonte: https://formacao.cancaonova.com/espiritualidade/oracao/oracao-nos-momentos-de-angustia/